COMPETÊNCIAS PARA A RELAÇÃO ENSINO-APRENDIZAGEM Maria do Carmo Teixeira Costa* Resumo: Ao longo dos últimos anos, poucos temas têm causado tanto impacto como o da Gestão de Competências. Atualmente, grande ênfase vem sendo dada, tanto à estrutura organizacional quanto ao desenvolvimento da capacidade para o desempenho. A abordagem da competência técnica é fundamental ao desenvolvimento da pessoa humana. Passando do nível estratégico da formação de competências organizacionais para o nível da formação das competências do indivíduo, destacam-se além das competências técnicas, as competências sociais e as competências relacionadas à compreensão do desempenho, da realização do trabalho e seus objetivos. A importância da competência de organizar e dirigir situações de aprendizagem se prende ao nível cognitivo para as realizações e alcance de objetivos. Quanto mais estiver organizado o conteúdo, em face ao conhecimento prévio do indivíduo, mais significativa é a sua aprendizagem. Buscouse, o aporte teórico em literatura da área da educação, notadamente em Perrenoud (2000), que indica dez competências essenciais para o domínio da relação ensinoaprendizagem. Foi aplicado questionário aberto, para detectar variável envolvendo as competências necessárias ao processo ensino-aprendizagem, a fim de relacionar a convergência ou divergência entre as respostas, a partir do ensino ministrado e da aprendizagem auferida, no que se refere ao entendimento sobre a competência docente. Listou-se sob temáticas a convergência dos relatos, para promover a compilação dos mais constantes. Em seu conjunto, a pesquisa expressa um grau elevado de consenso entre os participantes. Os estudantes participantes da amostra não mediram esforços e se posicionou espontaneamente, de forma a melhor identificar a competência, face ao desempenho do docente. Desta forma verificou-se que muitas variáveis são necessárias para legitimar as competências para a relação ensino-aprendizagem. A questão da competência não é, portanto, um fim em si, nem uma imposição do mundo profissional, entendem-se, também, as competências como forma de se postar atentamente aos anseios da sociedade, para servi-la da melhor forma. Palavras-chave: Competências, Competência docente, Gestão da competência. * Professora do Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos da Faculdade Infortium de Tecnologia (FIT), ministrando neste 1º semestre de 2013, a disciplina Psicologia das Organizações. CONTEXTUALIZAÇÃO Ao longo dos últimos anos, poucos temas têm causado tanto impacto como o da Gestão de Competências. Seu significado alcança repercussões e constitui objeto de análise, tanto no ambiente acadêmico quanto no cotidiano organizacional. Considerado como complexo para se caracterizar, o conceito de Gestão de Competências tem sofrido fortes transformações ao longo do tempo. Concepções voltadas tanto para a área de formação acadêmica quanto para o desempenho das organizações, no mundo contemporâneo, tendem a ser associadas à trajetória evolutiva da Gestão de Pessoas. Na verdade, a Gestão de Competências transcende a própria essência da pessoa, da organização ou da nação. Atua como um termo polissêmico abrangendo diferentes instâncias de compreensão: em termos da pessoa (as competências individuais), das organizações (escala de diferenciais) e dos países (relevância dos sistemas educacionais, de saúde e dos investimentos na formação de competências). Atualmente, grande ênfase vem sendo dada, tanto à estrutura organizacional quanto ao desenvolvimento de ações para a melhoria do desempenho. O que se verifica nas organizações é certa ampliação da exigência de formação acadêmica especializada. Na área da formação individual de competências, o campo ficou restrito ao conhecimento incorporado através de experiências e vivências pessoais, passando, paulatinamente, a ocupar lugar de preocupação para os responsáveis pela área de Gestão de Pessoas, tendo em vista a escolha de estratégias de gestão empresarial. Em seu nascedouro, a competência estava associada a uma linguagem própria da área da justiça, referindo-se à capacidade que uma determinada pessoa ou entidade tem para julgar, tomar decisão, indicar ou mesmo prestar orientação, enfim, de emitir a sentença. A partir de então, o termo passou a designar um reconhecimento pessoal, uma questão de mérito. Daí os ditos populares “Quem não tem competência que não se estabeleça”, ou “fulano é competente”, ou ainda, “a competência tem o seu lugar”. Em face ao crescente aumento da exigência de competências múltiplas, o termo passou a indicar uma qualidade superior na realização de determinado trabalho, um padrão excelente de desempenho. REFERENCIANDO O ESTUDO Vários autores, na tentativa de sintetizar o conceito de competência, envolvem palavras como habilidades, conhecimentos, características pessoais, principalmente, as que determinam alto desempenho e performance otimizada nas realizações. Outros autores conceituam competência não apenas como um conjunto de qualificações que o indivíduo possui, mas também pela forma de se colocar em prática o que se sabe, ou seja, mobilizar e aplicar tais qualificações em um contexto específico. Segundo Fleury e Fleury (2001, p.184), em estudo para recuperar o debate teórico a respeito da noção de competência, explicitaram os vários níveis de compreensão e esclareceram: Competência é uma palavra do senso comum, utilizada para designar uma pessoa qualificada para realizar alguma coisa. O seu oposto, ou o seu antônimo, não implica apenas a negação desta capacidade, mas guarda um sentimento pejorativo, depreciativo. Chega mesmo a sinalizar que a pessoa se encontra ou se encontrará brevemente marginalizada dos circuitos de trabalho e de reconhecimento social. Zarifian (2001), ao definir competência, indica a necessidade de o indivíduo assumir responsabilidades frente às situações complexas de trabalho, e ao exercício sistemático de reflexão sobre suas realizações, permitindo-se ousar na lida com eventos inéditos, surpreendentes e de natureza singular. Fleury e Fleury (2000) definem competência como uma palavra utilizada para designar a pessoa qualificada para realizar algo. Moscovici (2010) destaca, diante da abordagem das relações interpessoais, a necessidade de aliar a elas a competência técnica, ambas sendo fundamentais ao desenvolvimento da pessoa humana. Considerando um repertório de atitudes, que possibilitam adaptação veloz ao ambiente instável, Sparrow e Bognanno (1994) mencionam a orientação para a inovação e aprendizagem permanente, como marca profunda do fortalecimento da competência, assim como atitudes identificadas como relevantes para obtenção de alto desempenho em um trabalho específico ao longo de uma carreira profissional ou no contexto de uma estratégia corporativa. Definindo competência como um “conjunto de conhecimentos, habilidades, tecnologias, sistemas físicos, gerenciais e valores que geram um diferencial competitivo para a organização” Nisembaum (2000, p. 62) afirma que competências essenciais para as organizações “são aquelas que atribuem vantagem competitiva, agregando valor ao produto, e são difíceis de ser imitadas pela concorrência”. Este autor distribui as competências em básica e essencial. A básica indica os pré- requisitos necessários para a empresa ser eficaz e a essencial indica as condições necessárias para o reconhecimento, pelo cliente, da vantagem competitiva apresentada pela empresa. Enfim, a competência não se limita a um estoque de conhecimentos teóricos e empíricos do qual o indivíduo é portador, mas, segundo Zarifian (2001, p. 47) “a competência é a inteligência prática de situações que se apóiam sobre conhecimentos acumulados e os transformam”. Passando do nível estratégico da formação de competências organizacionais para o nível da formação das competências do indivíduo, Zarifian (2001, p. 93), categoriza: √ Competências técnicas profissionais: competências específicas para certa operação, ocupação ou tarefa, como por exemplo: desenho técnico, conhecimento do produto, finanças; √ Competências sociais: competências necessárias para interagir com as pessoas, como por exemplo: comunicação, negociação, mobilização para mudança, sensibilidade cultural, trabalho em equipe; √ Competências de negócio: competências relacionadas à compreensão do negócio, seus objetivos, clientes e competidores; ex: conhecimento do mercado, orientação para o cliente. Utilizando os conhecimentos, habilidades e atitudes, Durand (1989), construiu um conceito de competência, envolvendo não só questões técnicas, mas também a cognição necessária à consecução de determinado objetivo. Por competência Perrenoud (2000, p. 15) indica a “capacidade de mobilizar diversos recursos cognitivos para enfrentar um tipo de situação”. O autor complementa o conceito esclarecendo que as competências não são em si saberes ou atitudes, mas são construídas e envolvem operações mentais complexas, referindo-se à determinada situação. Ele introduz em seu texto sobre as competências para ensinar, uma solicitação aos professores, conclamando-os a aceitarem os desafios e refletirem, para modernizar e democratizar sua prática educativa. Sugere, àqueles docentes que gostam de inovações e renovações, a observarem novo roteiro, agregando valores tecnológicos, elaborando a partir de um inventário de competências, as que contribuem para a transformação da sua prática. COMPETÊNCIA DOCENTE Perrenoud, (2000, p. 20) especifica as dez competências de referência conforme os itens a seguir: 1. Organizar e dirigir situações de aprendizagem; 2. Administrar a progressão das aprendizagens 3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação 4. Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho 5. Trabalhar em equipe 6. Participar da administração da escola 7. Informar e envolver os pais 8. Utilizar novas tecnologias 9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão 10. Administrar sua própria formação contínua Compreender as oportunidades que facilitam a aprendizagem e conhecer a forma como cada aluno aprende, tornam-se fontes de recursos desta primeira competência instruída por Perrenoud (2000). Ele aposta no envolvimento constante do professor para organizar e dirigir situações de aprendizagem. Demonstra o respeito, considerando os vários alunos em sala-de-aula, todos, sem exceção com sua maneira própria de aprender determinado conteúdo, assimilar conceitos, repetir o que aprendeu, com o apoio do docente. A aprendizagem se dá a partir da forma como cada um percebe suas experiências, o que quer, o que ouve e o que faz, como relaciona a novidade ao saber antigo, como presta atenção ao que está sendo ministrado, enfim como sua disposição (vontade) se prepara para aprender. As ações de professores mais dirigidas aos alunos, ao seu processo de conhecimento e aprendizagem, tratarão resultados mais profícuos do que aqueles alcançados a partir da obrigação de realizar determinada tarefa, e fazer os exercícios especificados. Não que estas situações não promovam a aprendizagem, mas por que em sua maioria demonstram que o professor não se envolveu com o aluno, só com a sua tarefa de ministrar aula e cobrar o que foi passado. Para promover situações de aprendizagem torna-se necessário imaginar e criar outros tipos de saberes, que encarnam pedagogia e didáticas inovadoras, menos maçantes, prestando sentido ao que o estudante pode fazer utilizando-se de seus recursos intelectuais e de suas aprendizagens anteriores. As pesquisas auxiliam muito na obtenção de novos conhecimentos ou mesmo na lembrança e na associação de conceitos. Essa ação educativa voltada para a aprendizagem é muito importante, por que indica o respeito ao desenvolvimento e amadurecimento do estudante e o apoio incondicional, pois o só o aluno sabe do que ele é capaz. Organizar e dirigir situações acolhedoras, diferenciadas, dinâmicas e agradáveis trará efeitos positivos à aprendizagem. Atividades inteligentes como as que requerem pesquisa e resolução de problemas, leituras e análise de casos, são do agrado dos alunos e interessantes, na medida em que o professor, conhecendo os conteúdos a serem ensinados, saiba relacioná-los aos objetivos e ambos à situação de aprendizagem. É fundamental para a constatação desta primeira competência que o professor se dedique a elaborar um planejamento didático, e previamente reflita sobre as atividades e as situações de aprendizagem e se prepare para atuar sobre o conhecimento demonstrado pelos alunos, a partir de perguntas, espaços para relatos, como um exercício de tentar compreender suas raízes. A aula fica muito rica quando o professor atua a partir das representações dos alunos, ampliando o conhecimento demonstrado sem se fechar nele, mas aproveitando-se para introduzir os conteúdos pertinentes, a fim de transformar a compreensão apresentada inicialmente pelo aluno. Da mesma forma, o professor pode aproveitar a oportunidade de um erro ou obstáculo para promover situações de aprendizagem, posicionando-se em parceria com o aluno para contornar a situação inadequada, orientando e criando ações e seqüências didáticas, sem se impor. Atuar com expectativa de envolver a turma em atividade interessante, depende do desempenho conjunto de amplo repertório de situações, considerando sempre momentos curtos para a aprendizagem, através de experimentos a serem realizados com a participação de todos, a fim de que os estudantes possam construir, eles próprios a compreensão da teoria. A importância da competência de organizar e dirigir situações de aprendizagem se prende ao nível cognitivo para as realizações e alcance de objetivos. Ao descobrir o que é essencial para a aprendizagem do aluno, o professor adquire o domínio sobre o que é indispensável e a partir de então passa a ter elementos para fazer questionamentos, propor tarefas mais complexas, com o intuito de acompanhar o conhecimento adquirido a partir do estudo. O importante a destacar é que, a partir do domínio dos conteúdos e com as habilidades voltadas para a criação de situações organizadas e dirigidas de aprendizagem, o professor desenvolve atividades com a turma, a partir das experiências coletivas, aproveitando ocasiões, partindo dos interesses dos alunos, mas, sem necessariamente, passar por uma exposição metódica. Para o ser humano mais fácil compreender as idéias mais gerais primeiro para depois compreender os detalhes e especificidades (PIAGET, 1969). Essa ordem corresponde à seqüência natural de aquisição de conhecimento pelos seres humanos quando se defrontam com algo não familiar ou ignorado, corresponde à maneira pela qual o conhecimento é representado, organizado e guardado no sistema cognitivo humano. Quanto mais está organizado o conteúdo, em face ao conhecimento prévio do indivíduo, mais significativa é a sua aprendizagem. Logo, a aprendizagem significativa se dá quando os estudantes passam por um processo que os torna capaz de traduzir seu aprendizado, dar um sentido coerente e reproduzi-lo, a partir de associações e discriminações, em outras situações. Para que se efetive o processo ensino-aprendizagem faz-se necessária a adoção de procedimentos e estratégias intencionalmente organizadas. Através desta metodologia acredita-se que os estudantes possam aprender a pensar criticamente, a desenvolver a capacidade de reconhecer a realidade e a se preparar, como cidadãos, para uma transformadora ação da prática social. A METODOLOGIA DA PESQUISA A metodologia utilizada na pesquisa envolveu a leitura e releitura de bibliografias especializadas, servindo de base para a reflexão sobre algumas indefinições sobre o conceito de competência. Buscou-se, também, o aporte teórico em literatura da área da educação, notadamente em Perrenoud (2000), autor renomado que indica dez (novas) competências essenciais para o domínio da relação ensino-aprendizagem, visando aprofundar o conhecimento docente. Aproximava-se o fim das aulas do segundo semestre de 2012, à época antes da Avaliação de Aprendizagem 3, quando foi realizada a aplicação do questionário aberto, solicitando respostas que viessem a detectar variáveis envolvendo as competências necessárias ao ensino. Foi solicitado que os estudantes relacionassem a convergência ou divergência entre a sua expectativa de resultado, a partir do ensino ministrado e da aprendizagem julgada auferida, no que se refere ao entendimento sobre a competência docente. Foi formulada a seguinte questão: Como você avalia seu resultado considerando as aulas ministradas na disciplina? O objetivo foi o de analisar a competência do docente, responsável pela disciplina, quanto à capacidade de transmitir conteúdo e apresentar condições ótimas para a organização e direção das situações de aprendizagem. Obtidas as respostas, com 100% de aproveitamento, tratou-se de fazer sua leitura a fim de buscar um elemento comum, capaz de categorizar o discurso livre dos alunos. Listou-se a convergência dos relatos, para promover a compilação dos temas mais constantes, sobressaindo: As atividades desenvolvidas para o ensino; A postura do professor; Sua didática; A utilização dos recursos instrucionais; Disponibilidade do docente e a Utilização de bibliografias. O quadro a seguir apresenta a freqüência das categorias eleitas, compatíveis com as dez competências indicadas por Perrenoud (2000), com relação ao número de vezes que o tema emerge no relato dos alunos: Quadro 1 - Dados relevantes dos relatos dos estudantes CATEGORIA FREQÜÊNCIA Atividades desenvolvidas 3 Postura profissional 6 Didática 7 Recursos instrucionais 6 Disponibilidade 4 Utilização de bibliografias 5 Fonte: Dados da Pesquisa – 2º Semestre/2012. Desta forma, o discurso dos estudantes foi organizado para proporcionar a análise qualitativa dos dados, em face à freqüência com que os temas categorizados se apresentaram, convergindo o sentimento para o lado positivo. Chamou a atenção o fato de todas as respostas confirmarem as competências indicadas por Perrenoud (2000), considerando os aspectos positivos da atuação docente, sendo que nenhuma das respostas mencionou desempenho insatisfatório. Apresentou-se com freqüência significativa, a competência didática e a de utilização dos recursos instrucionais, em cujas repostas os alunos mencionaram a coerência entre as atividades e o recurso instrucional utilizado, promovendo facilidades para a aprendizagem em sala-de-aula. Também se destacou no discurso a postura do professor, indicando relacionamento respeitoso, seguido pelo item de utilização de bibliografias, revelando a satisfação pelo fomento à pesquisa, e indicação de literatura para respaldar informações técnicas de conteúdo curricular. Observa-se nas temáticas das dez competências referenciadas por Perrecoud (2000) que as cinco primeiras têm envolvimento direto com as relações da administração e da didática em sala-de-aula. Infere-se a partir de então que a Gestão de Competências aplicada na instituição de ensino, campo da pesquisa, fortalece o conhecimento aprofundado de determinada disciplina, os conteúdos a serem ensinados e traduz os objetivos de aprendizagem a partir das representações dos alunos. Indica que o docente administra situaçôes-problema, ajustando-as ao nível e às possibilidades dos estudantes, numa uma visão longitudinal e subjacente às atividades de aprendizagem definidas pelos objetivos do ensino. Demonstra que houve a administração da heterogeneidade no âmbito da turma, sendo fornecido apoio integrado, possibilitando a construção da cooperação entre os estudantes. A aplicação do trabalho em equipe fica claro, dentre as metodologias de ensino, possibilitando aos estudantes analisar em conjunto situações complexas, práticas e problemas profissionais A AMOSTRA A amostra foi constituída por dezessete estudantes do turno noturno, matriculados no terceiro período de um curso superior de tecnologia em gestão, em Instituição de Ensino Superior (IES) de Belo Horizonte, no segundo semestre de 2012. A turma é bastante heterogênea, a começar pelas idades, cargos que ocupam os estudantes e a disponibilidade de tempo para o estudo, capacidade de leitura e argumentação. Há estudantes com muita dificuldade de interpretação e compreensão dos conteúdos, embora sejam profissionais reconhecidos nas empresas em que atuam. De forma geral percebe-se que os alunos e alunas se empenham e aplicam seus conhecimentos práticos, respondendo positivamente às solicitações de leitura, prazos e afazeres. Eles gostam de ser estimulados e sempre esperam vencer os desafios, colocados para a turma. Sabe-se tratar de trabalhadores ocupantes de cargos administrativos, com mais de três anos no mercado de trabalho. A média de idade situa-se entre os 24/28 anos, sendo que, nesta amostra, só cinco alunos estão com menos de 24 anos e três acima de 40 anos. Os estudantes, em sua maioria são solteiros. O sexo feminino, confirmando as estatísticas, apresenta-se em maior número: dez alunas. O ramo de negócio em que os estudantes da amostra atuam é muito diversificado, e a grande maioria está na área da prestação de serviços, desde loja de autopeças, passando pelo telemarketing, até o fornecimento de transporte urbano. A PESQUISA Em seu conjunto, a pesquisa expressa um grau elevado de consenso entre os participantes, notadamente quanto à indicação de competências referentes à condução da aprendizagem, à evolução dos conceitos e a progressão da apresentação dos conteúdos, à indicação e utilização de bibliografias voltada para o alcance dos objetivos propostos, à metodologia e à didática envolvendo a participação e integração de todos, sem prejuízo de divergências quanto às opiniões pontuais, justas e necessárias. O grupo de estudantes participantes da amostra não mediu esforços e se posicionou espontaneamente, a fim de qualificar o professor da disciplina eleita, de forma a melhor identificar a competência analisada, em face ao desempenho pessoal e da turma. Ilustra-se essa participação voluntária com o destaque à participação de um respondente, que reiniciou os estudos após vinte anos de paralisação: “Não esperava encontrar professores com o nível que nos foi apresentado, estou bastante empolgado com as aulas ministradas, as atividades programadas e a forma como a matéria é passada”. Outro aluno apresentou a seguinte resposta: “A matéria foi passada no tempo certo, não houve correria e o fato de pesquisarmos em revistas e apresentarmos trabalhos em grupo foi um dos fatos onde, para mim, teve um rendimento maior”. Outro ainda, assim se expressou: “A matéria é o carro-chefe do curso, pois exige várias competências juntas”. Foram unânimes os comentários sobre a forma de envolver os alunos em suas aprendizagens e na apresentação de trabalhos, seja de forma individual ou em grupo. A utilização de recursos instrucionais modernos também mereceu referências, visto que faz parte da apresentação, a identificação do meio de divulgação: “Começou um pouco complicado, muitas novidades, mas com o decorrer do curso me ajustei e comecei a entender bem a matéria, ele vinha de maneira progressiva. Os trabalhos ajudaram muito nesse desenvolvimento, foram fundamentais, nada melhor que aprender com a prática, foi assim que eu aprendi a utilizar os vários equipamentos usados para lançar a matéria em sala de aula”. Chama a atenção o carinho com que os alunos fazem referência à Instituição em que estudam, mesmo se tratando de pessoas com perfil mais amadurecido. O envolvimento da IES, na vida estudantil, é feito de forma a proporcionar toda a comodidade possível, por se tratar de pessoas ainda não completamente adaptadas às transformações causadas pelo retorno aos estudos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Formar recursos humanos em nível de graduação, aliado à finalidade de alavancar o desenvolvimento social, intelectual, cultural e econômico é tarefa árdua e depende do estabelecimento de competências que devem ser progressivamente revistas e avaliadas. Portanto, uma boa avaliação das competências cumpre dois fins primordiais: O primeiro é o de legitimar, aos olhos da sociedade, o papel especial que é conferido formação em nível superior; O segundo está voltado para a garantia da melhor qualidade e confiabilidade para a apresentação dos resultados, de forma a atender necessidades outras da sociedade, e responder ao interesse de futuros profissionais. A gestão da competência não é, portanto, um fim em si mesmo e nem uma imposição, apenas para atendimento ao mercado formal de trabalho. Entende-se, também, com relação às dez competências analisadas, o fato de a IES se postar, paralelamente aos anseios da sociedade, para servi-la da melhor forma, destacar-se com um diferencial educativo que atende aos anseios dos estudantes, nela matriculados. O processo de desenvolvimento pessoal e profissional, no qual educador e educando interagem, agrega valor a um sistema peculiar de gestão acadêmica da competência, cujo objetivo, principal, é acompanhar constantemente as relações pedagógicas e as relações professor-aluno. O avanço do potencial, buscando ampliar a qualidade e competência, predomina, na filosofia da organização e na atividade docente, com a utilização de processos ensino-aprendizagem inovadores, aliados às dez competências para ensinar. O resultado da pesquisa demonstrou que as expectativas dos estudantes mostram-se compatíveis com os planos da IES, e a forma de transmitir conhecimentos se mostra consistente, destacando, nessa área um grande diferencial competitivo. O reconhecimento dos estudantes está expresso nos relatos, pois a IES tem facilitado a inclusão de pessoas, cuja carreira já está construída, mas que retornam às salas de aula para a realização de novos sonhos em face à pósmodernidade. REFERÊNCIAS DURAND, J.C. Arte, privilégio e distinção. São Paulo: Perspectiva, 1989. FLEURY, Maria Tereza Leme ; FLEURY, Afonso. Construindo o Conceito de Competência. Revista de Administração Contemporânea, Edição Especial, 2001. p. 183-196. FLEURY, A. ; FLEURY, M. T. Estratégias empresariais e formação de competências: um quebra cabeça caleidoscópio da indústria brasileira. São Paulo: Atlas, 2000. MOSCOVICI, Fela. Equipes dão certo. 13. ed. São Paulo: Ed. José Olympio, 2010. NISEMBAUM, H. América do Sul. 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