Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.4, n.2, p.149-155, 2002
149
CONSERVAÇÃO DE FOLHAS DE COUVE MINIMAMENTE PROCESSADAS
Marcelo Augusto Gutierrez Carnelossi1, Ebenézer de Oliveira Silva2,
Rodrigo da Silveira Campos3, Nilda de Fátima Ferreira Soares4,
Valéria de Paula Rodrigues Minim5, Rolf Puschmann6
RESUMO
O presente trabalho investigou o efeito da temperatura e do tipo de embalagem na conservação póscolheita de folhas de couve (Brassica oleracea cv. acephala) minimamente processadas. Folhas
minimamente processadas foram armazenadas em dois tipos de embalagens de poliolefina
multicamada com diferentes permeabilidades a O2 e CO2 e em caixas PET. As embalagens, contendo
200g de produto, foram armazenadas a 1, 5 e 10 1oC durante 15 dias. Couve armazenada a 5 C em
embalagem com alta permeabilidade, manteve a qualidade por até 10 dias, com base na retenção dos
teores de clorofila, carotenóides e vitamina C, apresentando, também, elevada aceitabilidade sensorial.
Nos produtos armazenados em embalagens com baixa permeabilidade, a 1 e 5 C, os teores de clorofila
total, carotenóides e se mantiveram constantes até o 5° dia de armazenamento. No entanto, o teor de
vitamina C, decresceu com o tempo de armazenamento, observando-se maiores níveis sob embalagens
com baixa permeabilidade. No entanto, a 10 C, o teor de clorofila total e vitamina C reduziram-se
consideravelmente, em todos os tratamentos, e no décimo dia o produto se apresentava deteriorado.
Palavras chaves: Brassica oleracea cv acephala, processamento mínimo, embalagem, pós-colheita
CONSERVATION OF MINIMALLY PROCESSED KALE LEAVES
ABSTRACT
The present work investigated the effect of the temperature and the packing type on the post harvest
conservation of minimally processed kale leaves (Brassica oleracea cv. acephala). Minimally
processed kale leaves were stored in two types polyolefin multilayer packing, which had different
permeability to O2 and CO2 and PET boxes. Those Packings, which contained 200g of product, were
stored for 15 days at 1, 5 and 10±1oC. Kale stored at 5°C in high permeability pack, maintained the
quality for 10 days, according to the measured chlorophyll loss, carotenoids and vitamin C contents,
presenting also, high sensorial acceptability. The products that were stored in low packing
permeability at 1 and 5°C had the total chlorophyll and carotenoids constant until the 5th day of
storage. However, the vitamin C, decreased with storage time, and larger levels under low
permeability packing were observed. Total chlorophyll and vitamin C was reduced considerably for
10°C, for all treatments, and the product presented itself deteriorated at the tenth day.
Keywords: Brassica oleracea cv acephala, minimum processing, packing, post harvest
___________________________________
1
Bolsista DCR, Doutor do Departamento de Engenharia Química da UFS, Av Marechal Rondon s/n, Cidade Universitária, CEP 49100-000, São
Cristovão, SE Tel. (79)-232 2420/ 212 6686, e-mail: [email protected]
1
Pesquisador, Doutor da Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza CE, e-mail:[email protected]
1
Bolsista de PIBIC do Departamento de Biologia Vegetal, DBV/UFV, CEP36571-000, Viçosa-MG, e-mail: [email protected]
1
Professora, Ph D do Departamento de Tecnologia de Alimentos, DTA/UFV,CEP36571-000, Viçosa-MG., e-mail: [email protected]
1
Professora Doutora do Departamento de Tecnologia de Alimentos, DTA/UFV, CEP36571-000, Viçosa-MG, e-mail: [email protected]
1
Professor, Ph D do Departamento de Biologia Vegetal, DBV/UFV,CEP36571-000, Viçosa-MG, e-mail:[email protected]
150
Conservação de folhas de couve minimamente processadas, Carnelossi et al.
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, tem-se verificado um
grande interesse na produção de frutos e hortaliças,
minimamente processados, devido as acentuadas
mudanças no estilo de vida das pessoas, o qual
diminuiu o tempo disponível para preparo de frutas
e vegetais, tanto em nível familiar, como nos
restaurantes de comidas rápidas e hotéis (Beaulieu
et al., 1997). Outro fator importante, para o
aumento na produção de alimentos minimamente
processados foi a tendência crescente de obtenção,
pelos consumidores, de alimentos saudáveis,
frescos e de alta qualidade. No Brasil, diversos são
os produtos potencialmente utilizáveis, como
minimamente processados, destacando-se o
repolho, a taioba, a serralha e a couve. Essa última
é altamente consumida pela população brasileira, o
que viabiliza seu uso, como minimamente
processado.
O processamento mínimo é definido como
qualquer alteração física, em frutos ou hortaliças,
mas que mantém o estado fresco desses produtos
(International Fresh Cut Produce Association IFPA, 1999). O processamento mínimo inclui
operações de seleção, lavagem, classificação, corte
(fatiamento),
sanitização,
centrifugação,
embalagem e refrigeração, realizadas de modo a
obter-se um produto comestível fresco e que não
necessite de subseqüente preparo (Rolle & Chism,
1987; Howard & Griffin, 1993). Entretanto, o
processamento mínimo causa injúrias, induzindo
respostas fisiológicas e bioquímicas acentuadas,
em relação àquelas observadas em produtos
intactos, diminuindo a sua conservação póscolheita.
O armazenamento adequado de produtos
minimamente processados é um dos pontos críticos
para o sucesso do processamento mínimo
(Schlimme & Rooney, 1994). A utilização de
embalagens e de temperaturas adequadas pode
manter um produto livre de microrganismos
patogênicos, com maior manutenção da sua
qualidade e uma maior vida de prateleira. Nesse
sentido, as embalagens atuam como um veículo
protetor, minimizando a perda de água do produto,
característica
acentuada
nos
produtos
minimamente processados. As embalagens atuam,
também, na redução da taxa respiratória do
produto, durante o seu armazenamento,
proporcionando uma adequada atmosfera para
maior conservação e manutenção da qualidade dos
produtos minimamente processados, bem como,
facilitando o transporte, a manipulação e a venda
deles. Assim sendo, a utilização de embalagens
tem sido uma prática indispensável para o
armazenamento e a proteção dos produtos
minimamente processados (Schlimme & Rooney,
1994).
O tipo de embalagem a ser utilizada para
armazenamento de produtos minimamente
processados depende de vários fatores, como por
exemplo, a permeabilidade das embalagens a
gases, o tipo de produto e a sua taxa respiratória, a
temperatura de armazenamento, dentre outras.
Todas essas características, em conjunto, quando
adequadas, permitem um maior tempo de vida de
prateleira dos produtos minimamente processados
(Schlimme & Rooney, 1994).
De acordo com Schlimme & Rooney
(1994), dentre as funções das embalagens incluemse, ainda, proteção contra danos mecânicos,
durante
a
manipulação,
preservação
ou
retardamento da decomposição química e
manutenção
da integridade do produto,
proporcionando uma aceitável aparência, cor e
textura e nenhum ou níveis aceitáveis de
contaminação do material.
O presente trabalho teve por finalidade
investigar o efeito de três diferentes tipos da
embalagens e da temperatura na conservação póscolheita de folhas de couve minimamente
processadas.
MATERIAL E MÉTODOS
Plantas de couve (Brassica oleracea cv.
acephala) foram cultivadas continuamente na horta
da Universidade Federal de Viçosa, MG. As folhas
foram colhidas com aproximadamente 35 a 40 cm
de comprimento (Medina, 1991), imediatamente
levadas ao laboratório, colocadas em bandejas com
o pecíolo imerso em água e armazenadas por 4 a 8
horas em câmara fria a 6
1 C até o seu
processamento.
O Processamento mínimo constituiu-se das
etapas de seleção, padronização e lavagem,
fatiamento, sanitização, enxagüe, centrifugação,
embalagem e armazenamento. Todas as etapas
foram realizadas em laboratório refrigerado com
temperaturas em torno de 18 2 C. As folhas de
couve foram lavadas com água corrente e retiradas
a nervura central. O corte foi realizado com auxílio
de um processador industrial para vegetais
(Skymsem), equipado com lâmina para corte de
1mm, gerando fatias de couve com espessuras de
1-3 mm. Na sanitização, o produto cortado foi
imerso em água resfriada a 5 C com gelo,
contendo 200 mg/L de cloro ativo, por 10 minutos
(Simons & Sanguansri, 1997). A seguir, foi feito
um enxagüe em água resfriada a 5 C, que continha
3 mg/L de cloro ativo, para retirada do excesso de
sanitizante. A couve minimamente processada foi
centrifugada por 10 minutos, utilizando-se uma
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.4, n.2, p.149-155, 2002
Conservação de folhas de couve minimamente processadas, Carnelossi et al.
centrífuga doméstica (Arno) de pequeno porte,
com velocidade constante equivalente a 800 x g.
As características das embalagens utilizadas
para o armazenamento de folhas de couve
minimamente processadas são apresentadas no
Quadro 1.
Em cada embalagem foram colocados 200 g
de folhas de couve minimamente processadas e
seladas a quente, com o auxílio de uma seladora
comercial (modelo AP450, Tec Mac).
As amostras embaladas foram armazenadas
em expositores verticais com circulação de ar
(Metalfrio), a temperaturas de 1, 5 e10 C, por até
15 dias. Durante o período de armazenamento
foram retiradas amostras, a cada 5 dias, para
determinação dos teores de clorofila e
carotenóides, sólidos solúveis ( Brix), vitamina C
e realizada análise sensorial.
Os teores de clorofila e de carotenóides
foram avaliados pelo método proposto por
151
Lichtenthaler (1987) modificado por Carnelossi
(2000).
O teor de sólidos solúveis totais ( Brix) foi
determinado com o auxílio de um refratômetro de
Abbé.
Os teores de vitamina C foram determinados
de acordo com a metodologia proposta pela
American Official Analysis of Chemistry (AOAC,
39.051), com adaptações (Carnelossi, 2000).
Foi avaliada a aceitabilidade sensorial da
couve minimamente processada, em diferentes
tipos de embalagens e temperaturas, durante o
armazenamento. Os testes de análise sensorial
foram realizados no Laboratório de Análise
Sensorial do Departamento de Tecnologia de
Alimentos da UFV, utilizando-se grupos de 30
provadores não treinados, por sessão. As análises
foram realizadas, sob iluminação natural, em
cabines individuais, para avaliar a aparência visual.
Para cada provador foram oferecidas amostras de
30g de couve minimamente processada.
Quadro 1 - Características das embalagens utilizadas para armazenamento de folhas de couve minimamente
processadas
Tipo
Poliolefina
Multicamadas2
Polietileno
Tereftalato
(PET) 3
Característica
Baixa permeabilidade
Permeabilidade1, 25 C
(cm3 m-2 dia-1)
O2
CO2
6000 - 8000
18000 - 24000
Alta permeabilidade
Caixa PET com tampa
(g.m-2.dia-1)
H2O
0,90 - 1,10
16500
32000
5,0
-
-
-
1- Fornecida pelo fabricante, Cryovac
2-Dimensões: 18x22cm de largura e comprimento, respectivamente
3-Dimensões: 12x20x8cm de largura, comprimento e altura, respectivamente
Os provadores preencheram uma ficha
individual de avaliação para cada amostra. Foi
utilizada uma Escala Hedônica de nove pontos
para as avaliações, sendo os extremos o valor 1,
atribuído ao termo hedônico "desgostei
extremamente", e o valor 9, atribuído ao termo
"gostei extremamente"
O delineamento experimental utilizado foi
inteiramente casualizado, com três repetições para
cada tratamento. Os dados foram expressos como
médias. Teste de Scott-Knott, a 5% de
probabilidade, foi aplicado para detecção de
diferenças de médias entre os tratamentos. Para a
análise sensorial, os resultados foram avaliados por
meio de análise de variância. As análises
estatísticas foram realizadas com o auxílio do
programa de computação SAEG 5, Central de
Processamento de Dados UFV.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verificou-se, nos produtos armazenados em
embalagens de baixa permeabilidade, a 1 e 5 C,
que os teores de clorofila total (Figura 1) e
carotenóides (Figura 2) se mantiveram constantes,
durante todo o período de armazenamento. A
10 C, os teores de clorofila, em embalagens de
baixa
permeabilidade,
reduziram-se
em
aproximadamente 23% até o décimo dia, quando o
produto foi descartado por estar deteriorado e com
sinais visíveis de senescência.
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Conservação de folhas de couve minimamente processadas, Carnelossi et al.
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Baixa permeabilidade
1C
5C
10 C
Carot. (mg.g-1MF)
-1
Clorofila (mg.g MF)
0,6
0,3
Baixa permeabilidade
0,4
0,9
0,3
0,2
1C
5C
0,1
10C
0
0
5
10
0
15
Dias de armazenamento
0
5
10
15
Dias de armazenamento
Alta permeabilidade
0,3
-1
Carot. (mg.g MF)
-1
Clorofila (mg.g MF)
0,4
Alta permeabilidade
0,9
0,6
1C
5C
0,3
10 C
0,2
1C
5C
0,1
10C
0
0
0
5
10
0
15
Caixa
15
0,3
-1
0,6
10
Caixa
0,4
Carot. (mg.g MF)
-1
Clorofila (mg.g MF)
0,9
5
Dias de armazenamento
Dias de armazenamento
1C
5C
10 C
0,3
0
0,2
1C
5C
10C
0,1
0
0
5
10
15
Dias de Armazenamento
0
5
10
15
Dias de armazenamento
Figura 1 - Teores de clorofila total em couve mini- Figura 2 - Teores de carotenóides em couve minimamente processada, em embalagens de
mamente processada, em embalagens de
poliolefina multicamada e caixa PET,
poliolefina multicamada e caixa PET,
durante armazenamento a 1, 5 e 10 1 C.
durante armazenamento a 1, 5 e 10 1 C.
As barras representam o erro padrão da
As barras representam o erro padrão da
média.
média.
No material armazenado, em embalagem
com alta permeabilidade, ou em caixas PET
mantidas a 1 C, os teores de clorofila (Figura 1) e
carotenóides (Figura 2) permaneceram constantes,
durante todo o período experimental. A 10 C,
acentuada redução foi observada, após o quinto dia
de armazenamento, antecipando a perda de
clorofila, em relação ao produto armazenado a
5 C. Isso ocorre devido ao efeito da baixa
temperatura sobre a diminuição do metabolismo do
produto e, conseqüentemente, no controle de
processos degradativos e sobre a senescência dele,
como preconizado por Heaton & Marangoni
(1996).
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.4, n.2, p.149-155, 2002
Conservação de folhas de couve minimamente processadas, Carnelossi et al.
Verificou-se
ainda,
que
produtos
armazenados em caixas PET ressecaram,
consideravelmente, a partir do quinto dia de
armazenamento. Isso ocorreu porque a umidade
relativa nos expositores foi muito baixa (70-80%)
para produtos minimamente processados. O corte
favorece a perda de água dos tecidos devido à
maior exposição desses tecidos à baixa umidade
relativa do ambiente (Brecht, 1995). A perda de
água em tecidos cortados aumenta entre três e dez
vezes, dependendo do tipo de órgão ou corte
(Brecht, 1995). O ressecamento de produtos
minimamente processados é bastante crítico para a
manutenção de sua qualidade e aparência visual,
limitando seu valor de mercado. Dessa forma, não
é recomendável o armazenamento de couve
minimamente processada no tipo de caixas PET
utilizadas.
Baixa permeabilidade
8
4
1C
Vit. C (mg.100g-1MF)
Sól. Soluveis ( oBrix)
Baixa permeabilidade
300
1C
5C
10 C
12
153
5C
200
10 C
100
0
0
0
5
10
Dias de armazenamento
15
0
5
10
Dias de armazenamento
15
Alta permeabilidade
Alta permeabilidade
1C
12
5C
10 C
8
4
1C
Vit. C (mg.100g-1MF)
Sól. Solúveis ( oBrix)
300
5C
200
10 C
100
0
0
0
5
10
Dias de armazenamento
0
15
Caixa
5
10
Dias de armazenamento
Caixa
300
1C
5C
10 C
4
1C
5C
10 C
0
Vit. C (mg.100g-1MF)
o
Sól. Solúveis ( Brix)
12
8
15
200
100
0
0
5
10
Dias de Armazenamento
15
0
5
10
Dias de armazenamento
15
Figura 3 - Teores de sólidos solúveis ( Brix) em Figura 4 - Teores de vitamina C em couve
minimamente processada, em embalacouve minimamente processada, em
gens de poliolefina multicamada e
embalagens de poliolefina multicamacaixa PET, durante armazenamento a
da e caixa PET, durante armazena1, 5 e 10 1 C. As barras representam
mento a 1, 5 e 10 1 C. As barras
o erro padrão da média.
representam o erro padrão da média.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.4, n.2, p.149-155, 2002
Conservação de folhas de couve minimamente processadas, Carnelossi et al.
154
Os teores de sólidos solúveis (Figura 3) de
couve minimamente processada, armazenada em
embalagens de poliolefinas multicamada a 1 e 5 C,
mantiveram-se constantes, em torno de 7 Brix,
durante os 15 dias de armazenamento (Figura 3).
Quando mantidas em caixas PET a 5 e 10 C,
verificou-se um aumento no teor de sólidos
solúveis de 7 para 12 Brix, sugerindo que nesses
produtos ocorreu grande perda de água,
concentrando assim, sólidos solúveis.
Os níveis de vitamina C permaneceram entre
150 e 200 mg.100g-1 (MF) nos materiais
acondicionados em todas as embalagens, até o
quinto dia de armazenamento, sob as três
temperaturas (Figura 4). A 5 C, o teor de vitamina
C decresceu com o tempo de armazenamento
(Figura 4).
A 10 C, os teores de vitamina C caíram,
bruscamente, após cinco dias de armazenamento,
em todos os tratamentos, indicando grande perda
de qualidade do produto (Figura 4), coincidindo
com a deterioração visível observada. Os
resultados obtidos indicam, também, que a
degradação de vitamina C de couve minimamente
processada aumenta com o incremento da
temperatura.
Quedas nos teores de vitamina C, em couve
minimamente
processada,
durante
o
armazenamento a diferentes temperaturas, foram
observadas (Beaulieu et al. 1997). Segundo esses
autores, folhas de couve minimamente processadas
armazenadas a 20 C apresentaram queda de até
12% após 3 horas de armazenamento, enquanto
que a 4 C, foram observadas quedas de apenas
18% nos teores de vitamina C após 42 horas de
armazenamento. Em Brocolis Favell (1998)
observou-se retenção dos teores de vitamina C, por
até 14 dias, quando armazenado a baixas
temperaturas, indicando um controle da
temperatura sobre a degradação de vitaminas
(Klein, 1987).
Os resultados obtidos vêm ao encontro com
o preconizado por Klein (1987), de que vitamina C
pode ser utilizada como um indicador de
qualidade, por ser altamente sensível a variações
de temperatura e oxigênio, dentre outros fatores
envolvidos no processo de senescência do produto.
Amostras de couve armazenadas em
poliolefina multicamada, a 1 e 5 C, apresentaram
maior aceitabilidade (p<0,05), por até 5 dias, em
relação àquelas armazenadas durante 10 e 15 dias,
e situaram-se entre os valores 8 e 9 da escala
hedônica, referente aos termos "gostei muito" e
"gostei extremamente", respectivamente (Quadro
2). No entanto, nessas embalagens, a aceitação do
produto, quando armazenados a 10 C, caiu a partir
do quinto dia, situando-se no limite estipulado para
aceitação do produto (valor 6, "gostei
ligeiramente") ou abaixo dele, as quais não mais
seriam
aceitas
comercialmente.
Produtos
armazenados em embalagens com baixa
permeabilidade e, em caixa, mantidos a 1 C,
apresentaram boa aceitação até o 15o dia (Quadro
2).
A 5 C, as amostras armazenadas em
embalagens de alta permeabilidade e caixa PET
obtiveram boa aceitação até o 10o dia de
armazenamento (Quadro 2). A 10 C, houve
aceitação comercial, apenas, até o quinto dia
(Quadro 2).
Quadro 2 - Teste de aceitação (aparência) para couve minimamente processada armazenada em embalagens
de poliolefina multicamada com alta e baixa densidade e caixa plástica, armazenada a 1, 5 e
10 1 C
Aceitabilidade
Embalagens
Temperaturas
Dias de armazenamento
( C)
0
5
10
15
1
8,9 a
8,3 a
6,0 b
6,8 b
Baixa permeabilidade
5
8,9 a
8,0 a
3,0 b
2,3 b
____
10
8,9 a
6,6 b
3,7 c
Alta permeabiliade
Caixa PET
1
5
10
8,9 a
8,9 a
8,9 a
8,5 a
8,3 a
6,9 b
7,5 a
6,4 b
6,0 b
6,9 b
2,7 c
1
5
10
8,9 a
8,9 a
8,9 a
8,6 a
8,4 a
7,0 b
7,8 a
6,5 b
6,3 b
7,0 b
3,0 c
____
____
Números seguidos de mesma letra nas linhas não diferem estatisticamente, em nível de 5% de probabilidade, pelo teste Scott-Knott.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.4, n.2, p.149-155, 2002
Conservação de folhas de couve minimamente processadas, Carnelossi et al.
Amostras de couve armazenadas em
embalagens de baixa permeabilidade, a 5 e 10 C,
obtiveram boa aceitação comercial, apenas, até 5
dias de armazenamento, após esse período, o
produto apresentou cheiro desagradável e
apresentou-se deteriorado.
De acordo com os resultados obtidos,
verificou-se que a embalagem com alta
permeabilidade foi a mais indicada para o
armazenamento
de
couve
minimamente
processada. Nessas embalagens, os níveis de
clorofila (Figura 1), carotenóides (Figura 2),
sólidos solúveis (Figura 3) e os teores de vitamina
C (Figura 4) permaneceram elevados por até 10
dias de armazenamento a 5 C. Observou-se,
também, que a couve embalada em poliolefina com
alta permeabilidade, mantida a 5 C, apresentou
maior aceitabilidade (Quadro 2), além de não
apresentar cheiro desagradável e não ficar
ressecada (observação visual, dados não
quantificados).
CONCLUSÕES
Com base na manutenção dos teores de
clorofila, carotenóides, sólidos solúveis e vitamina
C durante 10 dias de armazenamento a 5 C, a
embalagem de poliolefina multicamada com alta
permeabilidade manteve a qualidade da couve
minimamente processada, apresentando também
elevada aceitabilidade sensorial. As demais
embalagens não foram eficientes na conservação
da couve minimamente processada por este
período.
Dentre as temperaturas testadas para
armazenamento de couve minimamente processada
(1, 5 e 10 C) observou-se que a melhor foi 1oC,
superando os efeitos de todas as embalagens.
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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.4, n.2, p.149-155, 2002
156
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
DOUTORADO EM ENGENHARIA DE PROCESSOS
O curso de Doutorado em Engenharia de Processos foi criado por Resolução 01/99 do CONSUNI da
UFPB. Foi credenciado pela CAPES em março/2002.
As inscrições para o Processo de Seleção para ingresso no Doutorado de Engenharia de Processos são
abertas anualmente para inicio a partir de março de cada ano, sendo o período de inscrição realizado entre
outubro e novembro do ano anterior.
DOCUMENTOS EXIGIDOS:
Formulário de Inscrição devidamente preenchido
Duas cartas de Recomendação (formulário específico)
2 fotos 3x4 recentes
Cópia do diploma de Mestre ou documento equivalente
Curriculum Vitae do candidato (com comprovantes)
Históricos Escolares da graduação e do Mestrado
Plano preliminar de Tese aceito por um orientador credenciado pelo Curso
Cópia autenticada da carteira de identidade.
Prova de estar em dia com as obrigações militares e eleitorais
A seleção dos candidatos será realizada com base na análise do Curriculum Vitae (peso 4)
Histórico Escolar (peso 4) e Plano de Tese aceito por Professor cadastrado no Curso (peso 2)
O Plano de Tese, com um máximo de 6 páginas, deverá incluir introdução, justificativa, objetivos e
metodologia.
Apresentação Oral do Plano de Tese: Data da apresentação deve-se consular a Coordenação
Vagas: 20
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: DESENVOLVIMENTO DE PROCESSOS
LINHAS DE PESQUISA: PROCESSOS TÉRMICOS
SEPARAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E TECNOLOGIA DE MATERIAIS
OBJETIVOS:
O Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal de Campina Grande tem uma ampla e
reconhecida tradição nos cursos de pós-graduação em diversas áreas de Engenharia. Modernamente,
tendo em vista os recentes progressos no ensino de engenharia, ações que privilegiem atuações
multidisciplinares entre áreas afins, são fortemente recomendadas.
O Curso de Doutorado em Engenharia de Processos, de natureza interdisciplinar, aglutina docentes dos
Departamentos de Engenharia Química, de Materiais, Mecânica e Agrícola em torno de tópicos relativos à
Engenharia de Processos, principalmente, através da abordagem de problemas regionais.
O objetivo primário do Doutorado em Engenharia de Processos é a pesquisa, treinamento e formação de
pessoal altamente capacitado, utilizando os princípios fundamentais da Ciência da Engenharia aplicados
ao estudo dos fenômenos das transformações, operações e processos envolvidos nas indústrias de
diversos setores, tais como: químico, cerâmico, plásticos, bioquímico, farmacêutico, agroalimentar,
metalúrgico, etc.
Alunos do Curso tem atualmente bolsas da CAPES, CTHIDRO e ANP.
Cada uma das duas linhas de pesquisa, oferecidas pelo programa, inclui grandes temas de pesquisa de
natureza multidisciplinar, que contemplam o desenvolvimento de uma série de projetos específicos voltados
para a área de Desenvolvimento de processos.
Maiores informações consultar http://www.cct.ufpb.br/
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.4, n.2, p.149-155, 2002
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conservação de folhas de couve minimamente processadas