ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DE SUCOS DE CAJU COM ALTO TEOR DE POLPA COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE PATOS DE MINAS - MG PHYSICAL CHEMISTRY ANALYSIS OF CASHEW JUICES WITH HIGH CONTENT OF PULP IN PATOS DE MINAS - MG Carla Ferreira de Lima1, Regiane Victória de Barros Fernandes1, Roberta Gomes Prado2, Diego Alvarenga Botrel3, Fabrícia Queiroz Mendes4 1 Técnica de Laboratório - Universidade Federal de Viçosa - Campus de Rio Paranaíba Técnica em Química - Universidade Federal de Viçosa - Campus de Rio Paranaíba 3 Professor Assistente - Universidade Federal de Viçosa - Campus de Rio Paranaíba 4 Professora Adjunta - Universidade Federal de Viçosa - Campus de Rio Paranaíba 2 Palavras-chave: padrão de identidade e qualidade, vitamina C Introdução A fruticultura tem importância econômica para diversas regiões do Brasil. O segmento está entre os principais geradores de renda, de emprego e de desenvolvimento rural e sustentável no Nordeste (BELING, 2005). O cajueiro (Anarcadium occidentale L.) é considerado uma das culturas mais importantes do Brasil, tanto pelo consumo do caju in natura quanto de produtos industrializados (PETINARI & TARSIANO, 2002). O aumento no consumo de sucos de frutas se dá pela elevada demanda por produtos mais saudáveis pelos consumidores. As frutas consistem em fontes nutricionais de vitaminas, minerais e carboidratos solúveis, apresentam destaque também quanto à presença de vitamina C, que possui capacidade de eliminar diversos radicais livres (DAVEY et al., 2000). O ácido ascórbico presente naturalmente no caju, também é amplamente utilizado como antioxidante em sucos. O objetivo do presente trabalho foi avaliar as características físico-químicas de sucos com alto teor de polpa de caju, comparando os resultados obtidos com as exigências da legislação vigente. Material e Métodos Três amostras de diferentes lotes de suco de caju com alto teor de polpa de quatro empresas produtoras foram adquiridas no comércio da cidade de Patos de Minas, em Minas Gerais e codificadas com as letras A, B, C e D. Todas as análises físico-químicas foram realizadas no Laboratório de Química do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Viçosa - Campus Rio Paranaíba. As amostras foram homogeneizadas, não diluídas, sendo todas as análises realizadas em triplicata. O teor de sólidos solúveis, sólidos totais, a determinação do pH, acidez total expressa em ácido cítrico, densidade e concentração de vitamina C foram determinadas segundo metodologias descritas pelo Instituto Adolfo Lutz (2005). O volume do produto declarado no rótulo também foi verificado através de medição direta em proveta graduada, calibrada com água. Resultados e Discussão Os resultados foram comparados com os valores exigidos em legislação (BRASIL, 2000), quando definidos nesta. As amostras apresentavam-se em embalagens contendo 500 mL, sendo as amostras A e B, comercializadas em embalagens de vidro transparente e as amostras C e D, em embalagens plásticas transparentes. As amostras A, B e C continham no rótulo todas as informações necessárias, segundo a legislação vigente, no entanto, a amostra D, não apresentava a informação da quantidade de vitamina C presente no produto. Dentre as amostras analisadas uma delas apresentou volume inferior (490 mL) ao declarado no rótulo (500 mL). Fato esse que pode gerar problemas para a empresa e prejuízo aos consumidores. As amostras apresentaram resultados aceitáveis para acidez total, expressa em ácido cítrico, variando entre 0,63 g/100g e 0,96 g/100g, sendo o valor mínimo definido por legislação para suco com alto teor de polpa de 0,30 g/100g. Os valores de sólidos solúveis para as amostras B e C foram de 9,67 °Brix para ambas, menores que os exigidos pela legislação (mínimo de 10 °Brix). As amostras B, C e D apresentaram resultados para sólidos totais inferiores ao previsto na legislação (mínimo de 10,50 g/100g), com valores médios de 9,76 g/100g; 9,69 g/100g e 10,15 g/100g respectivamente. A concentração de vitamina C estava em conformidade com a quantidade exigida na legislação (mínimo de 80 mg/100g). Valores encontrados nas amostras foram entre 88,33 mg/100g e 150,00 mg/100g. Os valores de pH para as amostras variaram de 3,40 a 3,68, em conformidade com a legislação (máximo de 4,6). A densidade encontrada para os sucos de caju com alto teor de polpa variou em valores próximos a 1,04 g/mL. Conclusões Os resultados obtidos permitiram concluir que duas amostras de suco de caju, com alto teor de polpa, apresentaram quantidade de sólidos solúveis inferior ao valor previsto na legislação, o que também se concluiu para três amostras no quesito sólidos totais. Verificouse ainda, que uma das amostras apresentou volume de suco inferior ao declarado no rótulo. Todas as amostras evidenciaram resultados aceitáveis quanto à acidez total, pH e vitamina C (ácido ascórbico), segundo legislação vigente. É importante que o controle de qualidade e processos, por parte das indústrias, seja eficiente a fim de evitar falta de padronização do produto e também necessária maior fiscalização pelos órgãos competentes no que diz respeito a fatos e características dos produtos que podem lesar os consumidores. Referências Bibliográficas BELING, R.R. Anuário Brasileiro de Fruticultura. Santa Cruz do Sul: Editora Gazeta Santa Cruz, 2005. BRASIL. Instrução Normativa n°1, de 07 de janeiro de 2000. Aprova o Regulamento Técnico Geral para fixação dos Padrões de Identidade e Qualidade para Polpa de Fruta. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 10 jan. 2000. DAVEY, M.W.; VAN MONTAGU, M.; INZÉ, D.; SANMARTIN, M.; KANELLIS, A.; SMIRNOFF, N.; BENZIE, I.J.J.; STRAIN, J.J.; FAVELL, D.; FLETCHER, J. Plant l-ascorbic acid: chemistry, function, metabolism, bioavailability, and effects of processing. Journal of the Science of Food and Agriculture, v.80, p.825-860, 2000. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. 4.ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. 1018p. PETINARI, R.A; TARSIANO M.A.A. Comercialização de caju in natura na região Noroeste do Estado de São Paulo. Revista Brasileira de Fruticultura, v.24, n.3, p.697-699, 2002. Autor a ser contactado: Carla Ferreira de Lima, Universidade Federal de Viçosa – Campus de Rio Paranaíba – BR 354, km 310 – Caixa Postal 22 – CEP: 38810-000 - e-mail: [email protected]