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Teresa Leonor M. Vale
Tal como outras peças destinadas à capela o baldaquino estava concluído em 1749
e a ele fez alusão Luca Antonio Charcas no seu Diario Ordinario: “Il celebre Professore
Felice Scifone ottonaro ha terminato di lavorare un Baldachino di rame dorato, di eccellente
disegno, e di grandezza per ogni parte riquadrato di pal. 11. L’Opera è riuscita di tal perfezione
e maestria, che ha tirato il concorso delle genti geniali e intendenti ad osservarlo.”26.
Peças directamente relacionadas com a celebração litúrgica
A banqueta
Embora toda a banqueta de aparato (constituída por uma cruz grande de altar
e seis castiçais em prata dourada) se deva a um projecto global do ourives Angelo
Spinazzi (1693-depois de 1785/antes de 1789), a cruz terá sido executada por Giovanni
Felice Sanini (1727-1787) e Tommaso Politi (1717-1796), enquanto os castiçais
foram elaborados por Tommaso Politi e Francesco Antonio Salci (1715-1766). A cruz
ostenta uma figuração de Cristo Crucificado cujo modelo foi realizado pelo escultor
Giovanni Battista Maini, como se referiu, trabalho pelo qual recebeu o pagamento de
100 escudos romanos, que recentemente pudemos localizar numa nota de despesa do
ourives Giovanni Felice Sanini, datada de 1 de Julho de 1750 e na qual se encontra
inscrita a verba de 100 escudos correspondente ao modelo do Crucificado: “Modello
del Cristo pagati al Signor Maini – 100”27.
A banqueta destinada a ser colocada no altar nos dias festivos, consta da encomenda feita, a partir de Lisboa e datada de 9 de Março de 1744, a que temos vindo
a aludir, na qual se lê: “Huma muta de seis castiçaes de altar com sua Cruz de prata
dourada em tamanho proporcionado com a grandeza do altar da Capella; deminuirão os
trez castiçaes de cada lado do maior para o infimo a nona parte do mayor, e alem da dita
muta se fará mais dous castiçaes de credencia tãobem de prata dourada, sendo todos de
excelente idéa e o mais bem feitos, que seja possivel, e com muita especialidade a Imagem
da Cruz, que reprezentará o Senhor Morto e será por modello do mais Insigne escultor
que se reconheça”28.
A autoria do projecto desta banqueta é tradicionalmente atribuída a Angelo
Spinazzi, oriundo de Piacenza, que obteve a sua patente de ourives da prata em Roma
no ano de 1721 e logo em nesse mesmo ano já trabalhava para o rei de Portugal
desde a cidade pontifícia, como revela a documentação mais recentemente localizada
na Biblioteca da Ajuda29. A qualidade do ourives projectista encontra-se patente
na elaborada composição e, sobretudo, na complexidade decorativa que as peças
evidenciam. Já a sua erudição se encontra preferencialmente patente na concepção
26
CHRACAS, 1749a:11.
B.A., Ms. 49-VIII-20, fl. 352v. (N.º 669).
28 B.A., Ms. 49-VIII-27, Doc. 8, p. 45.
29 Cf. B.A., Ms. 49-VI-15 e Ms. 49-VI-16; até ao presente a data mais recuada para a colaboração de Spinazzi – veja-se
o que mais adiante se referirá acerca das aquisições do embaixador André de Melo e Castro, conde das Galveias;
até ao presente a data mais recuada para a colaboração de Spinazzi com a Coroa de Portugal era aquela de 1724 e
fora apresentada por GONZÁLEZ PALACIOS, 1995: 442.
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