624 Teresa Leonor M. Vale Tal como outras peças destinadas à capela o baldaquino estava concluído em 1749 e a ele fez alusão Luca Antonio Charcas no seu Diario Ordinario: “Il celebre Professore Felice Scifone ottonaro ha terminato di lavorare un Baldachino di rame dorato, di eccellente disegno, e di grandezza per ogni parte riquadrato di pal. 11. L’Opera è riuscita di tal perfezione e maestria, che ha tirato il concorso delle genti geniali e intendenti ad osservarlo.”26. Peças directamente relacionadas com a celebração litúrgica A banqueta Embora toda a banqueta de aparato (constituída por uma cruz grande de altar e seis castiçais em prata dourada) se deva a um projecto global do ourives Angelo Spinazzi (1693-depois de 1785/antes de 1789), a cruz terá sido executada por Giovanni Felice Sanini (1727-1787) e Tommaso Politi (1717-1796), enquanto os castiçais foram elaborados por Tommaso Politi e Francesco Antonio Salci (1715-1766). A cruz ostenta uma figuração de Cristo Crucificado cujo modelo foi realizado pelo escultor Giovanni Battista Maini, como se referiu, trabalho pelo qual recebeu o pagamento de 100 escudos romanos, que recentemente pudemos localizar numa nota de despesa do ourives Giovanni Felice Sanini, datada de 1 de Julho de 1750 e na qual se encontra inscrita a verba de 100 escudos correspondente ao modelo do Crucificado: “Modello del Cristo pagati al Signor Maini – 100”27. A banqueta destinada a ser colocada no altar nos dias festivos, consta da encomenda feita, a partir de Lisboa e datada de 9 de Março de 1744, a que temos vindo a aludir, na qual se lê: “Huma muta de seis castiçaes de altar com sua Cruz de prata dourada em tamanho proporcionado com a grandeza do altar da Capella; deminuirão os trez castiçaes de cada lado do maior para o infimo a nona parte do mayor, e alem da dita muta se fará mais dous castiçaes de credencia tãobem de prata dourada, sendo todos de excelente idéa e o mais bem feitos, que seja possivel, e com muita especialidade a Imagem da Cruz, que reprezentará o Senhor Morto e será por modello do mais Insigne escultor que se reconheça”28. A autoria do projecto desta banqueta é tradicionalmente atribuída a Angelo Spinazzi, oriundo de Piacenza, que obteve a sua patente de ourives da prata em Roma no ano de 1721 e logo em nesse mesmo ano já trabalhava para o rei de Portugal desde a cidade pontifícia, como revela a documentação mais recentemente localizada na Biblioteca da Ajuda29. A qualidade do ourives projectista encontra-se patente na elaborada composição e, sobretudo, na complexidade decorativa que as peças evidenciam. Já a sua erudição se encontra preferencialmente patente na concepção 26 CHRACAS, 1749a:11. B.A., Ms. 49-VIII-20, fl. 352v. (N.º 669). 28 B.A., Ms. 49-VIII-27, Doc. 8, p. 45. 29 Cf. B.A., Ms. 49-VI-15 e Ms. 49-VI-16; até ao presente a data mais recuada para a colaboração de Spinazzi – veja-se o que mais adiante se referirá acerca das aquisições do embaixador André de Melo e Castro, conde das Galveias; até ao presente a data mais recuada para a colaboração de Spinazzi com a Coroa de Portugal era aquela de 1724 e fora apresentada por GONZÁLEZ PALACIOS, 1995: 442. 27