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Interbio v.6 n.1 2012 - ISSN 1981-3775
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA: ATIVIDADES, DESAFIOS, ATITUDES E
PERSPECTIVAS
ENVIRONMENT EDUCATION AT SCHOOL: ACTIVITIES, CHALLENGES,
ATTITUDES AND PERSPECTIVES
SILVA, Cinthia Aparecida de Andrade 1;
Resumo
Esta pesquisa de Educação Ambiental envolveu alunos do 6º ano do ensino fundamental da Escola Municipal
Armando Campos Belo localizada no Jardim Santa Brígida, área periférica da cidade de Dourados/MS, com o
objetivo de investigar a Educação Ambiental na prática e para a prática entre os alunos e o desenvolvimento de
atitudes coerentes com a melhoria da qualidade ambiental. Realizou-se práticas de Educação Ambiental no
ambiente escolar, como palestras, saída a campo, confecção de painéis e cartilha. A análise indicou que por meio
da percepção e da construção de conhecimento em questões ambientais, as ações propostas contribuíram para
que os alunos formassem seus próprios valores em relação ao ambiente e reconhecessem a responsabilidade de
cada um na busca da mudança de atitudes visando um ambiente saudável.
Palavras-chave: Educação ambiental. Mudança de atitudes. Atividades práticas.
Abstract
This search about Environment Education involved students at the sixth year on Armando Campos Belo
Elementary Public School, located in District of Santa Brígida, suburban area in city of Dourados/MS, with the
purpose to investigate the Environment Education techniques and to practice it among the students and the
development of consistent attitudes about a better environment quality. Practices Environment Education were
carried out in the school like discussions, field practice and the making of banners and folders. The analysis
showed that through the perception and the construction about an environment knowledge, the actions
contributed to students make their own worth about the nature and to admit their responsibility for changing their
attitudes in order to get a wholesome environment.
Key words: Environment Education. Attitudes Changing. Practice Activities.
1
Mestranda de Ciência e Tecnologia Ambiental pela Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD,
Dourados, Mato Grosso do Sul, Brasil.
SILVA, Cinthia Aparecida de Andrade
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Introdução
A Revolução Industrial ocorrida no
século XVIII intensificou a exploração da
natureza pelos homens, tendo como uma das
conseqüências o desequilíbrio social e o
desequilíbrio ambiental. Esses problemas de
ordem social e ambiental “assinalam crises
ecológicas que, por sua vez, se constitui
numa crise cultural gerada ao longo dos
séculos com a modernidade” (REIGADA,
2004, p. 149).
O aquecimento global, o degelo das
calotas polares, a reciclagem, o calor e o frio
em excesso, a preocupação com a falta da
água, entre outros assuntos ambientais
nunca ocuparam tanto espaço na mídia
como na atualidade. Estes temas estão
presentes em universidades, organizações
não-governamentais (ONGs), no ambiente
de trabalho e nas escolas, o que tem
contribuído para que a sociedade reflita e
busque ações capazes de contribuir para
mudar as suas atitudes, individuais e
coletivamente, de forma a colaborar com o
resgate do relacionamento harmonioso
homem x natureza.
Neste
contexto,
a
Educação
Ambiental vem se consolidando como uma
das formas educativas mais eficazes na
educação escolar quando se tem como
objetivo formar um cidadão capaz de
desenvolver atitudes de sustentabilidade
coerentes à conservação do ambiente. De
acordo com a Política Nacional de Educação
Ambiental (PNEA), Lei nº 9.795/ 99,
capítulo I, Art. 1º, entende-se por Educação
Ambiental: “Os processos por meio dos
quais o indivíduo e a coletividade constroem
valores sociais, conhecimentos, habilidades,
atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de uso
comum do povo, essencial a sadia qualidade
de vida e sua sustentabilidade”.
A Educação Ambiental dirigida à
comunidade estudantil de forma efetiva
desperta o interesse destes em participar de
um processo ativo no sentido de resolver os
problemas dentro de um contexto de
realidades específicas, estimulando a
iniciativa, o senso de responsabilidade e o
esforço para construir um futuro melhor.
Assim, por sua própria natureza, a
“Educação Ambiental pode contribuir para a
renovação
do
processo
educativo”
(VENANCIO, 1997, p. 19).
É importante salientar que para o
desenvolvimento de um trabalho eficaz de
Educação Ambiental se faz necessário o
entendimento da concepção de “educação” e
“ambiente”. Sobre isso Segura, (2001, p. 43)
diz que:
A palavra “educação” sugere que se
trata de uma troca de saberes, de uma
relação do indivíduo com o mundo que o
cerca e com outros indivíduos. O adjetivo
“ambiental” tempera essa relação inserido a
percepção sobre a natureza e a forma como
os humanos interagem entre si e com ela.
Em outras palavras, a Educação Ambiental
busca a formação de sujeitos a partir do
intercâmbio com o mundo e com outros
sujeitos.
Partindo deste entendimento se faz
necessário embasamento teórico dos
princípios
fundadores
da
Educação
Ambiental e as suas contribuições para
mudanças no estilo de vida da sociedade.
Considerando que o conhecimento é
essencial para a perspectiva de mudanças de
atitudes, é fundamental se pautar em alguns
referenciais teóricos conceituais como
respaldo na construção deste conhecimento.
Segundo Guimarães (1995, p. 28),
Educação Ambiental é:
Um processo de aprendizagem
permanente, baseado no respeito a todas as
formas de vida, afirmando valores e ações
que contribuem para as transformações
humanas, sociais e para a preservação
ecológica.
Para Pedrini (1997, p. 16) ela deve,
de fato, “ser instrumentalizada em bases
pedagógicas, por ser uma dimensão da
educação, mas propagar pela transformação
de pessoas e grupos sociais”. Portanto, visa
à participação de todos os seus agentes,
além de ter por fim o questionamento, a
modificação e a aquisição por parte dos
educandos de hábitos, posturas, condutas e
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atos que estejam permanentemente em
aperfeiçoamento.
A Educação Ambiental deve estar
voltada à aprendizagem de como gerenciar e
melhorar as relações entre a sociedade
humana e o ambiente, de modo integrado e
sustentável. “Não substitui ou ultrapassa as
disciplinas acadêmicas e escolares, mas
deve ser aplicada a todas elas” (SÃO
PAULO, 1997, p. 16).
Entre os objetivos da Educação
Ambiental está o que “consiste em o ser
humano compreender a complexa natureza
do meio ambiente, resultante da interação de
seus aspectos biológicos, físicos, sociais e
culturais” (VENANCIO, 1997, p. 37),
fazendo com que o ser humano considere-se
parte integrante do ambiente.
Reconhecidamente
necessária,
todavia, o processo de implantação da
Educação Ambiental na sociedade ocorreu
de maneira gradativa. No Brasil, “a
deterioração, o uso dos bens ambientais nas
atividades de produção e consumo ocorria
de maneira excessiva porque estes eram
considerados bens livres de apropriação
gratuita” (BURSZTYN, 1994, p. 14), não
refletindo escassez nem a raridade do
mesmo.
Quando a sociedade percebeu que
esses recursos naturais eram limitados
houve a necessidade da criação das leis
ambientais e da efetiva implantação da
Educação Ambiental no currículo escolar.
Os primeiros projetos de Educação
Ambiental no Brasil “surgiram no ano de
1975 em escolas municipais, estaduais e
entidades de ensino privado, inseridos pelo
poder
público
e
foram aplicados
inicialmente
nos
ciclos
primários”
(ALMEIDA JUNIOR, 1992, p. 85). Estes
projetos ensejaram vasta produção de
material didático como livros, jogos e
audiovisuais.
Em 31 de agosto de 1981, o então
Presidente da República João Figueiredo
sancionou a Lei 6.938, que dispunha sobre a
Política Nacional do Meio Ambiente, seus
fins e mecanismos de formação e aplicação.
Segundo DIAS (2000, p. 84) esta se
6
constituiu num importante instrumento de
amadurecimento,
implantação
e
consolidação da Política Ambiental no
Brasil. Essa Lei foi modificada, em parte,
pela Lei 7.804/89, para adequar seu texto à
criação do Instituto Brasileiro de Meio
Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA), mantendo-se, porém as bases e
os
mecanismos
antes
instituídos
(ALMEIDA JUNIOR, 1992, p. 74).
A criação do IBAMA teve como
objetivos formular, coordenar e executar a
Política Nacional do Meio Ambiente.
Competia-lhe também a preservação, a
conservação, o fomento e o controle dos
recursos naturais renováveis, em todo o
território federal, proteger bancos genéticos
da flora e da fauna brasileira e estimular a
Educação Ambiental nas suas diferentes
formas.
Em 1985, o Conselho Federal
determinou que a “ecologia não deveria se
organizar como disciplina específica, dado o
caráter
multidisciplinar
da
matéria”
(ALMEIDA JUNIOR, 1992, p. 87).
A preservação do meio ambiente está
prevista também na Constituição Brasileira,
de 1988, que define no capítulo VI, Art.
225:
Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Político e à coletividade o dever de defendêlo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
E ainda, sobre o papel do Poder
Público em “promover a Educação
Ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação
do meio ambiente” (DIAS, 2000, p. 87).
Outro evento importante para a
implantação da Educação Ambiental no
Brasil foi a Conferência Rio – 92, e um “dos
consensos foram à necessidade de
disseminar entre as crianças e os jovens uma
nova consciência e novas atitudes com
relação ao cuidado com o planeta que
habitamos” (VIANNA, et al,1992, p. 22).
Assim, propostas de Educação Ambiental
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para as escolas vêm sendo formuladas por
órgãos governamentais, pelas redes públicas
e privada objetivando uma Educação
Ambiental que vise à conscientização e
principalmente a sensibilização em todos os
níveis educacionais.
Com base na Conferência Rio-92 o
Congresso Nacional instituiu no ano de
1999 a Política Nacional de Educação
Ambiental (PNEA), Lei nº 9.795. Esta lei
define que a presença no ensino formal da
Educação Ambiental deve abranger os
currículos das instituições de ensino público
e privado, englobando educação infantil,
ensino fundamental, ensino médio, educação
superior e educação de jovens e adultos.
Mas a mesma “não deve ser implantada
como disciplina específica no currículo de
ensino
e
sim
como
conteúdo
interdisciplinar” (BRASIL, 2002, p.110).
A Educação Ambiental ganha um
grande impulso com os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs), no ano de
1998. Estes promoveram uma posição
consolidada junto ao Conselho Federal de
Educação de não constituir a Educação
Ambiental como disciplina específica,
porém adquirindo finalmente um caráter
transversal, como também aprova a Lei
9.795.
Diante do exposto, é fundamental
que alunos e professores compreendam,
estudem
e
estejam
constantemente
desenvolvendo trabalhos teóricos e práticos,
e ainda, se conscientizem da necessidade de
ações/atividades relacionadas às questões
ambientais de maneira que o conhecimento
em Educação Ambiental possa ser
disseminado entre as pessoas.
Situando a área e o local de estudos
A pesquisa foi desenvolvida na
cidade de Dourados, localizada na porção
sul do Estado de Mato Grosso do Sul, com
aproximadamente 179.810 habitantes e com
vasta riqueza natural, (PREFEITURA DE
DOURADOS, 2008). Sua economia está
direcionada à agropecuária e, atualmente, às
atividades canavieiras.
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A cidade de Dourados possui um
Programa
Municipal
de
Educação
Ambiental desde o ano de 2005, gerenciado
pelo Instituto Meio Ambiente (IMAM),
Prefeitura Municipal de Dourados. Este é
composto de dois projetos que são
desenvolvidos em cinco escolas municipais,
são elas: Januário Pereira de Araújo, Lóide
Bonfin Andrade, Neil Fioravante – CAIC,
Professora Efantina de Quadros e Weimar
Gonçalves Torres, todas localizadas na área
periférica da cidade. O Programa tem como
objetivo fazer com que os estudantes
sintam-se partes integrantes do ambiente,
exercendo cidadania e que busquem a
melhoria do ambiente.
Um dos projetos do IMAM é o dos
monitores ambientais, no qual os alunos
participam de aulas de campo com visitas
aos córregos e ao aterro sanitário, mutirão
de limpeza dos córregos, cultivo de mudas
de espécies nativas, implantação de hortas
orgânicas
e
plantas
medicinais,
reconstituição da mata ciliar dos córregos e
monitoramento das atividades. Segundo as
autoras Garcia e Sangalli (2005, p. 10), o
projeto abre espaço para a reflexão e
argumentação em torno das questões
ambientais, fugindo da conscientização por
imposição de idéias prontas e favorecendo a
incorporação
de
mudanças
de
comportamento no cotidiano.
O outro projeto é o de implantação
ou aprimoramento da coleta seletiva nas
escolas, cujos objetivos são informar
conscientizar e sensibilizar a comunidade
escolar (alunos, professores e funcionários),
quanto à importância da segregação, coleta
seletiva e reciclagem dos resíduos sólidos
gerados no âmbito escolar, tendo como
conseqüência à formação de cidadãos
responsáveis com o meio ambiente e
melhoria na qualidade de vida da
comunidade.
Embora a cidade de Dourados já
possua um programa de Educação
Ambiental, considerou-se relevante o
desenvolvimento desta pesquisa uma vez
que o objetivo foi verificar a Educação
Ambiental na prática e para a prática entre
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alunos do ensino fundamental por meio de
ações/atividades e o desenvolvimento de
atitudes coerentes com a melhoria da
qualidade ambiental.
Desta forma, para a realização da
referida pesquisa selecionou-se a escola
municipal
Armando
Campos
Belo,
localizada no Jardim Santa Brígida, área
periférica da cidade de Dourados/MS. A
opção por esta escola foi pelo fato de a
pesquisadora atuar na mesma, ministrando
aulas de Ciências.
A escola atende alunos do ensino
fundamental, além da educação de jovens e
adultos (EJA) referentes também ao ensino
fundamental, ofertando aulas nos períodos
matutino, vespertino e noturno, perfazendo
um total de 976 alunos.
Como sujeitos da pesquisa, duas
turmas de 6º ano do ensino fundamental
foram escolhidas, sendo uma delas do
período matutino e outra do vespertino. Em
cada uma destas salas havia 35 alunos com
idade entre 10 e 13 anos e residentes nas
imediações da escola. O bairro é
considerado de classe média baixa e cada
família possui mais de quatro membros
Diretora, coordenadora, professores
da escola e um biólogo do Instituto do Meio
Ambiente (IMAM) participaram, dando o
total apoio às ações/atividades propostas
para serem realizadas durante a pesquisa.
Este estudo objetivou investigar a
Educação Ambiental numa escola pública
por meio de ações/atividades no cotidiano
escolar na prática e para a prática, de forma
a contribuir para que os alunos pudessem
construir seus próprios conhecimentos das
questões ambientais e desenvolver ações
concretas visando à mudança de atitudes
relativas ao relacionamento da comunidade
escolar com o seu ambiente.
Metodologia
A pesquisa foi qualitativa partindo
do pressuposto que as “pessoas agem em
função de suas percepções, sentimentos e
valores, e que para todo comportamento
humano há um sentido, uma interpretação”
8
(MINAYO apud REIGADA e REIS, 2004,
p. 151).
Realizada no período de maio/2007
a junho/2008, desenvolveu-se em três
etapas: levantamento bibliográfico da
temática ambiental, coleta de dados e
análise das ações/atividades.
A primeira etapa consistiu no
levantamento bibliográfico a respeito da
temática ambiental e foram levantadas
informações das questões ambientais, suas
origens, as formas de intervenção do homem
no meio ambiente e os métodos de manejo e
preservação. A referida etapa consolidou-se
no
embasamento
teórico
para
a
sustentabilidade nas ações propostas, análise
e avaliação.
A segunda etapa constituiu-se no
desenvolvimento
das
atividades/ações
práticas, a saber:
I. Palestras;
II. Saída a campo;
III. Plantio de mudas;
IV. Arte;
V. Confecção de cartilha e painéis;
VI. Datas comemorativas e temas
ambientais.
Nesta segunda etapa realizou-se a
coleta dos dados.
A terceira etapa foi destinada para a
análise e avaliação dos objetivos e propostas
da pesquisa.
Descrevendo as atividades
A palestra com o tema: “O lixo
nosso de cada dia” foi ministrada pelo
biólogo Raphael Spessoto, do IMAM. Os
alunos
participaram
ativamente
questionando e discutindo a problemática
dos resíduos sólidos.
A saída a campo proporcionou
estreitar o relacionamento destes alunos com
o ambiente externo da escola. Os mesmos
foram divididos em grupos: cinco grupos
com sete componentes cada um e pela
observação criteriosa realizaram estudos do
meio procurando ressaltar as possíveis
interferências do ser humano no ambiente
visitado. Assim foram levantados problemas
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ambientais que eram anotados pelos grupos
para posterior discussão em sala de aula.
Os principais problemas foram o lixo
e a escassez de arborização do entorno
escolar. Esta atividade foi significante, pois
estes alunos vivenciaram a realização de
uma pesquisa portando-se como alunospesquisadores nas imediações da escola. Os
resultados de observações desta atividade
foram para a plenária na sala de aula e os
problemas
ambientais,
segundo
as
percepções dos alunos, foram apresentados
pelos grupos e discutidos entre todos. A
discussão foi mediada pela pesquisadora e
professora da disciplina de Ciências.
Em comemoração a data alusiva ao
“Dia Mundial do Meio Ambiente”, a
primeira semana do mês de junho é
destinada a atividades relacionadas às
questões ambientais realizadas por diversas
instituições e órgãos ambientais no Brasil
como um todo.
A cidade de Dourados por meio do
IMAM realiza todo ano a “Semana do Meio
Ambiente”, com palestras e estandes
discutindo temas atuais referentes ao meio
ambiente e problemas ambientais mais
comuns na cidade.
Como parte de uma das propostas da
pesquisa, os alunos visitaram os estandes
durante esta semana com o intuito de
verificar o que estava sendo mostrado, e as
possíveis medidas para amenizar tais
problemas.
Durante esta visita procurou-se
relacionar a leitura crítica do ambiente que
os alunos estavam realizando com o que
estava sendo apresentado tanto nas palestras
como nos painéis.
Outra data comemorativa foi o “Dia
da Árvore”. Durante a saída a campo uma
das questões ambientais percebidas pelos
alunos foi à escassez de árvores tanto na
parte interna da escola como no entorno.
Assim, no dia em que se comemora o “Dia
da Árvore”- 21 de setembro, foi realizada
discussões nas duas turmas ressaltando a
importância e benefícios da arborização e
como proposta de ação, foram plantadas
doze mudas arbóreas no pátio e fora da
9
escola. Estas foram doadas pelo Viveiro
Municipal mantido pela Prefeitura por
intermédio da Secretaria de Agricultura
Familiar e as mudas escolhidas foram de
Oiti (Licania tomentosa).
Uma atividade proposta e que foi
bem aceita pelos alunos envolveu a arte com
meio ambiente, na qual os alunos mostraram
toda a criatividade com a temática “Meio
Ambiente”. Um grupo ficou responsável
pela criação de telas que abordavam o meio
ambiente degradado e o outro grupo pela
criação de telas com o ambiente preservado.
Com a orientação das professoras de artes,
foram confeccionadas peças, tais como
enfeites natalinos, com materiais recicláveis
coletados na própria escola.
No mês de setembro aconteceu em
Dourados a semana do trânsito sendo
considerado
um
evento
tradicional
importante, pois este é um dos grandes
problemas atuais, na maioria das cidades,
devido à liberação de dióxido de carbono
para a atmosfera. Na oportunidade foi
trabalhada com os alunos a conscientização
e sensibilização para a diminuição dos
efeitos poluentes dos veículos na cidade.
Como resultado, os alunos fizeram
pesquisas na biblioteca e via internet para a
montagem de cartilhas que foram feitas em
folhas A4 e coloridas pelos alunos, além de
um painel que foi exposto na escola.
A terceira etapa foi análise e
avaliação da pesquisa por meio de
observações realizadas durante o decorrer
das ações/atividades. Como mais um
instrumento para esta avaliação, foi
solicitado aos alunos que apresentassem
relatórios individuais no intuito de que se
pudesse evidenciar, de fato, as possíveis
mudanças, tanto nestes alunos como no
próprio ambiente escolar, uma vez que se
procurou verificar a Educação Ambiental na
prática e para a prática.
Resultados e Discussão
Na palestra que discutiu a temática
do lixo, os alunos participaram ativamente
levantando questões e até mesmo possíveis
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soluções para os problemas expostos, o que
foi importante, pois, entre os elementos que
contribuem com a especificidade da
Educação Ambiental está a “solução de
problemas concretos do meio ambiente
humano” (GUIMARÃES, 1995, p. 26).
A participação é a palavra chave para
que alunos e professores se sintam
estimulados para a realização de ações
significativas para a qualidade ambiental.
Como resultado prático do presente
estudo foi implantado na escola lixeiras para
a coleta seletiva, uma ação proposta pelos
alunos durante a palestra. Em sala de aula os
alunos aprenderam os significados das cores
e a maneira correta de utilização. Os sujeitos
envolvidos na pesquisa, tanto da turma do
período matutino como a do período
vespertino, passaram a cobrar dos colegas a
utilização das lixeiras.
Porém, quando se fala em Educação
Ambiental, não bastam apenas atitudes
corretas na escola. Segundo Guimarães
(2006, p. 14) deve alterar também os valores
consumistas, responsáveis por um volume
crescente de lixo nas sociedades modernas.
Mas é imprescindível que isso comece cedo,
seja na escola, em casa, pois com simples
atitudes
podem-se
formar
cidadãos
sensibilizados com a conservação do
ambiente e como consequência adquirir
hábitos que façam parte do cotidiano destas
pessoas.
A saída a campo, que aconteceu no
entorno da escola, possibilitou a percepção
de problemas ambientais destacando como
principais, o lixo disposto inadequadamente
na rua, nos terrenos baldios e na própria
escola, e a escassez de arborização.
Considerada pelos alunos como uma
ação fundamental para a melhoria das
condições ambientais e até mesmo para a
aparência física da escola, foram plantadas
no pátio e na parte externa, doze mudas de
árvores. A 6ª série do período matutino
ficou responsável pelo plantio de seis mudas
e as outras mudas foram plantadas pela
turma do período vespertino.
A visita aos estandes na semana do
meio ambiente proporcionou a percepção
10
dos problemas ambientais mais comuns,
além de estimular idéias, como coleta
seletiva e reciclagem, para redução do lixo
que foi apontado como um dos grandes
problemas presentes nas cidades.
Relacionar o meio ambiente com
atividades artísticas foi uma ação bem aceita
pelos alunos, pois esta foi uma maneira
deles
expressarem
seus
conceitos
ambientais. Dias (2006, p.185) afirma que a
natureza é a maior fonte de inspiração para a
expressão artística. Suas simetrias e infinitas
combinações de cores e formas, aromas e
sons são fontes contínuas para a criação de
obras de artes.
As telas constavam de ambientes
preservados e degradados e as imagens
restringiam-se a elementos naturais como
árvores, montanhas e animais. Denotou-se a
ausência da figura humana nos desenhos.
Apenas cinco alunos expressaram em seus
desenhos casas e pessoas. Pode-se perceber
que os alunos não se sentiam parte do
ambiente. Quando as pessoas não se sentem
partes integrantes do meio ambiente o
desenvolvimento de atitudes coerentes não
condiz com as ações praticadas e isso foi
claramente percebido durante a realização
da pesquisa.
Na atividade da semana do trânsito
os alunos pesquisaram a temática e
elaboraram as cartilhas e um painel. Nessa
atividade observou que os alunos
desconheciam os problemas ambientais
causados pelo trânsito e a importância das
árvores na absorção do gás carbônico.
Na elaboração das cartilhas e do
painel os alunos destacaram os efeitos
nocivos dos gases produzidos, devido ao
grande fluxo de veículos na cidade de
Dourados, para o meio ambiente bem como
medidas para amenização dos problemas
ambientais, tal como rodízio de carros.
A análise dos dados ocorreu por
meio de observações sistemáticas realizadas
continuamente e que possibilitaram avaliar
que a Educação Ambiental na busca de
atitudes coerentes com a melhoria ambiental
é um processo longo com muitas barreiras a
serem ultrapassadas, sendo necessária a
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sensibilização das pessoas para a
conservação do meio ambiente.
Durante a pesquisa percebeu-se que
o envolvimento dos alunos aumentava,
sendo importante considerar que a
“Educação Ambiental está intimamente
ligada à necessidade de mudança de
atitudes” (CHAPANI & DAIBEM, 2003 p.
23), essas mudanças ficaram visíveis no
ambiente escolar, pois o mesmo estava
organizado e limpo.
Quanto aos relatórios dos alunos,
foram unânimes as considerações feitas
pelos mesmos no que diz respeito às
transformações ocorridas em suas atitudes
com o desenvolvimento desta pesquisa na
escola e destacaram como principal
mudança o cuidado em relação à disposição
do lixo neste ambiente.
Percebeu-se que as duas turmas das
6ª séries, tanto a do período matutino como
a do vespertino, cada uma com suas
características
próprias,
participaram
ativamente de todas as ações/atividades
propostas na pesquisa.
Para Chapani e Daibem (2003, p.
35): A participação não apenas pode
colaborar no desenvolvimento de atitudes
requeridas, mas por si só é extremamente
importante e deve ser incentivada no
ambiente escolar a fim de que os alunos
possam também agir de forma participativa
em outras instâncias.
Contudo, o trabalho de Educação
Ambiental precisa ser compreendido num
contexto de maior amplitude de forma que
as ações/atividades desenvolvidas não caiam
numa concepção voltada simplesmente para
a idéia de natureza, bichos e plantas. Pois,
para muitos a Educação Ambiental ainda
está muito associada ao verde, à fauna e à
flora.
Sabe-se, porém, que com a
transformação ecológica dos indivíduos é
possível que ocorra a “transformação da
sociedade” (GUIMARÃES, 2006, p. 14), e
se esta propiciar mudanças de atitudes,
ecologicamente corretas, certamente o
resultado será o de uma sociedade que busca
a superação dos seus problemas ambientais.
11
Para Carvalho (2004, p. 69) a
existência de um sujeito ecológico põe em
evidência não apenas um modo individual
de ser, mas, a possibilidade de um mundo
transformado, compatível com este ideal.
Assim é importante que se cultive o olhar
crítico e a busca da sensibilidade tanto para
as questões ambientais quanto para as
ecológicas nas práticas educativas.
Acredita-se que a escola é um
ambiente desafiador e adequado para se
trabalhar propostas de mudanças.
Conclusão
A Educação Ambiental possui entre
outros atributos a missão de contribuir com
a formação de uma sociedade sustentável, e
para compor essa sociedade necessitam-se
pessoas educadas ambientalmente.
Esta pesquisa comprovou que é
possível
ocorrer
transformação
da
sociedade, o que pode ser promissor no
ambiente escolar. Quando cada cidadão
forma seus próprios valores por meio de
projetos que visem a sustentabilidade em
relação ao ambiente o seu comportamento
torna-se diferente, e os conhecimentos
adquiridos passam a ser sociabilizado
envolvendo mais pessoas na busca do
equilíbrio ambiental.
Os resultados da pesquisa mostraram
que mudança de atitudes é possível, o que
foi percebido entre os alunos participantes
da pesquisa, porém as atividades ambientais
na escola não devem ocorrer por ações
pontuais e sim como uma prática contínua.
Assim, concluiu-se que a escola é
um lugar que propicia a incorporação de
ações de Educação Ambiental e que estas
realizadas conscientemente e de forma
planejada contribuem significativamente na
formação e transformação de atitudes com
perspectivas de que estas pessoas possam
atuar como disseminadores de uma
Educação Ambiental que contribua, de fato,
para a melhoria do ambiente.
SILVA, Cinthia Aparecida de Andrade
12
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SILVA, Cinthia Aparecida de Andrade
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