O QUE É A DEMOCRACIA?
Alain Touraine
Sobre o Autor:
Sociólogo Francês.
Nasceu em Hermanville, 1925.
Estudou História e Filosofia.
Criador do termo “sociedade pós-industrial”.
Pesquisador engajado (Universidades americanas;
fundou o centro de pesquisa em sociologia do trabalho
na Universidade do Chile; centro de estudo de
movimentos sociais em Paris).
Interesse de estudo (“sociologia da ação”):
Análise dos movimentos sociais, principalmente na
América Latina e Europa (crítica aos golpes militares).
Análise da sociedade pós-industrial
Sociologia do trabalho
ALGUMAS OBRAS:
The Post-Industrial Society. Tomorrow's Social History:
Classes, Conflicts and Culture in the Programmed Society.
New York: Random House, 1971.
The self-production of society. Chicago: The University of
Chicago Press,1977
The voice and the eye: An analysis of social movements.
Cambridge: Cambridge University Press. Touraine, 1981.
“A Social Movement: Solidarity”, New York: Telos Press,
1982.
Workers Movement" (Cambridge University Press, 1987
Can we live together?: Equality and difference. Stanford,
Calif: Stanford University Press, 2000.
Le monde des femmes. Paris: Fayard, 2006.
O Que é a Democracia. Petrópolis, 2ª Edição, 1996.
Sobre a Obra: “O que é a Democracia”
Capítulo I: A política do Sujeito
Capítulo II: A recomposição do Mundo
Reflexões sobre a democracia e o sujeito social,
crítica a modernidade, análise sobre a relação do
Estado, sistema político e sociedade civil.
Desafios: combinação de fatores de unificação com
fatores de diversificação; liberdade e igualdade;
universal e o particular; identidade e integração.
Reencontro do nosso papel de criadores e
produtores, não apenas de consumidores (crise da
modernidade). Ser o ator da mudança.
Cápitulo 1:
A política do
sujeito
Capítulo I: A política do Sujeito

Das instituições à cultura

Conflitos de valores e democracia

Notas sobre John Rawls

Sujeito e Democracia

Reviravolta de perspectiva

A democracia e a justiça

A sociedade de massa
Das instituições à cultura
Como já se definiu a
democracia:
1.
Dar forma a
soberania popular
- substância
- tomar decisões
conforme interesse da
maioria ou toda
2. Garantir a liberdade
do debate político
procedimentos
regras que impeçãm
desvio da vontade
popular
QUEM É O
JUIZ???
REGRAS
≠
OPORTUNIDADES
 OBJETIVO
PRINCIPAL DA
DEMOCRACIA:
 criar uma sociedade política cujo
princípio central é igualdade  garantir
igualdade de direitos e oportunidades;
limitar desigualdade de recursos.
Sociedade política
•Espaço da igualdade
•agente da libertação
 G. Burdeau:
- democracia governada + democracia
governante  homem socialmente
situado
Crítica: democracia consentimento 
passividade do cidadão
• soberania popular = governo exercido
por classes e representantes destrói
fundamento da democracia 
LIMITAÇÃO DO PODER DO ESTADO
E RESPEITO AOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS DOS INDIVÍDUOS

Sociedade pós-industrial: serviços culturais
substituíram os ens materiais no centro da
produção  - luta de classes + defesa do
sujeito (p.162)
• Ordem política se separou da ordem do mundo:
foi invadida pela atividade economica, atividade
militar e espírito burocrático  novos
fundamentos para democracia:
•
Mantém soberania popular + idéias de
povo, nação e sociedade  podem gerar
novo poder absoluto  reconheciemento do
SUJEITO humano individual como base da
liberdade coletiva  DEMOCRACIA (p.163)
SUJEITO (p.163):
 alcance universal  evita relativismo e
fanatismo
Alcançar a si mesmo

Não se refere à utilidade social, nem à ordem do
mundo e nem à tradição
condições pessoais e interpessoais e sociais de
construção e defesa da sua liberdade
se preocupa com o sentido pessoal que atribui a
sua experiência contra todas as formas de
dependência (psicológicas e políticas)
DEMOCRACIA:
Combinação da unidade
da lei e da técnica com a
diversidade cultural e com
a liberdade pessoal
(P.164)
Conflitos de valores
democracia




Sistema democrático tem que reconhecer
existência de conflitos insuperáveis, sem eles
democracia não seria necessária.
Desenvolviemnto econômico pressupõe
concentração dos investimentos e repartição
dos produtos do crescimento = não há
técnica, só decisão política (peso a cada uma).
Mundialização da economia e cultura 
pluralismo cultural
Liberdade modernos: diversidade social e
cultural  DEMOCRACIA : meio político de
salvaguardar essa diversidade
Nota sobre John Rawls
Rawls pressupõe atores razoáveis, tolerantes e
moderados, descreve bem a autonomia do campo
político, mas não explica porquê ela é reconhecida.
ARGUMENTAÇÃO AUTOR:
 crescente dissociação entre racionalidade
instrumental e identidades culturais, a autonomia
política – democracia – é a única possível de limitar
esse afastamento.
 Como fazer: retirar racionalidade instrumental e
crenças culturais dos aparelhos de poder, pois a
FORÇA DA DEMOCRACIA não vem da
construção racional, mas de lutas em nome de
interesses e valores contra determinados poderes.

Principal diferença:
 TOURAINE: razão da democracia é
fornecer condições institucionais
indispensáveis para ação do sujeito pessoal
(p.169)
 RAWLS: autonomia da escolha política que
define o modo de funcionamento da
democracia.
Ambos: aceitam a autonomia dos sistema
político  oposição à redução de político à
Estado

1.
2.
3.

Três dimensões da democracia:
Representação interesse da maioria –
revolucionários
Cidadania – liberais (Rawls)
Limitação do poder pelos direitos
fundamentais – tema central é sujeito
RAWLS combina, mas não unifica as
idéias de contrato social e perseguição
de interesses e entre universalista e
individualista
Sujeito e Democracia
SUJEITO:
 Integra identidade e técnica
 Capaz de modificar o meio
 Transformar suas experiências de vida em
provas de sua liberdade
 Trabalho nunca terminado
 Ator social centrado em si mesmo, não na
sociedade
 Torna-se sujeito quando não s eidentifica com a
vontade geral, mas s eliberta das normas sociais
3
elementos (p.172):
 resistência à dominação
 Amor de si pelo qual indivíduo
estabelece sua libedade como condição
principal de sua felicidade e seu objetivo
central
 Reconhecimento dos outros como
sujeitos  apoio às regras políticas e
jurídicas + oportunidades a +
pessoas.
 se trona sujeito pelo seu esforço para
s elibertar das imposições e regras e
organizar sua experiência
DEMOCRACIA: espaço
institucional que protege
os esforços dos indivíduos
ou grupos para se
formarem e se fazerem
conhecer como sujeito
(p.174)
Aparecimento do sujeito marca ponto
extremo da sociologia de mudança na
concepção de democracia:
ANTES: participação em uma ordem política
que agia sobre vida social
DEPOIS: reconhecimento dos sujeitos pessoais
e da diversidade dos esforços para combinar
razão instrumental com integração com a
comunidade (máxima liberdade a cada um)


Sujeito: RAZÃO + LIBERDADE + MEMÓRIA
(p.174)
SUJEITO É O ESFORÇO DO INDIVÍDUO OU DA
COLETIVIDADE PARA UNIR AS DUAS FACES DA
SUA AÇÃO
DEMOCRACIA É O SISTEMA INSTITUCIONAL QUE
GARANTE ESSA COMBINAÇÃO
(RACIONALIDADE E IDENTIDADE) NO PLANO
POLÍTICO E PERMITE QUE SOCIEDADE SEJA
UNA E DIVERSA
DEMOCRACIA CORRESPONDE TAMBÉM A UMA
CULTURA
PLURALISMO CULTURAL > SOCIAL
Reviravolta de perspectiva
ATUALIDADE (p. 178 179):
 Instituições = + impositivas – socializada
 Mercado = utilidade > cultura e sociedade
 Sujeito se constitui ao criticar Instrumentalismo e
Comunismo; ele é o conjunto de resistências
 Mas só consegue se houver um espaço institucional livre –
DEMOCRACIA – se não precisasse, seria o triunfo do
individualismo
 Sempre vai precisar da democracia: Forças que
separam mundo instrumental do simbólico > forças do
sujeito
 Da mesma forma democracia sempre vai precisar do
sujeito ou será invadida pelo instrumentalismo de
mercado e/ou autoritarismo comunitário
Crise da Modernidade:
deixamos de nos sentir
donos do mundo que
construímos
(p.179)
A democracia e a justiça
Democracia não é o fim em si mesma
 Ação democrática: institucionalização do
movimento de libertação social, cultural e
nacional.
 Não é o direito que serve de fundamento, mas
a democracia que transforma o Estado de
direito em espaço público livre
 Antes de ser um conjunto d eprocedimentos,
democracia é crítica aos poderes estabelecidos
e uma esperança de libertação pessoal e
coletiva.

A sociedade de massa
Ameaças à democracia: regimes totalitários e
prórpia sociedade
 Sociedade de consumo (representação,
construção particular da vida social)= +
diversificação e + tolerância  NÃO
PRODUZ SOCIEDADE DE
CONSUMIDORES INDIVIDUALIZADOS
 Democracia corre risco de, com sociedade de
massa, se fragmentar  cada um defender sua
tribo
 Cultura – 2 lógicas de ação: consumo e
produção de atitudes






Condena na sociedade de massa: objeto >
relações sociais
Positivo no mercado: maior satisfação de
diferentes demandas + limitação do poder do
Estado
Sociedade de massa não é antidemocrática (barreira), mas baixo nível de funcionamento
sociedade moderna
Democracia = esforço para passar do consumo
individual de bens materiais  escolhas
sociais que coloquem em questão determinadas
relações de poder e princípios étnicos
Passagem = + cidadão (sujeito) - consumidor
Capítulo 2:
A
recomposição
do mundo
Capítulo II- A Recomposição do Mundo
O Reconhecimento do Outro
A unidade e a diferença
A integração democrática
Ecologia e democracia
Uma educação democrática
O espaço público
O Reconhecimento do Outro
Democracia
reconhecer no
PARTICULARISMO
universal americano
a teoria de uma
Fukuyama.
outro a combinação de UNIVERSALISMO com
(cultura, língua, gostos). Crítica ao modelo
(globalização acompanhada por segmentação);
universalização da democracia liberal de
associar diversidade cultural com a utilização da razão.
qualquer tentativa de separação pode reforçar as relações de
dominação e exclusão.
O triunfo
democracia.
do mercado
não necessariamente
significa
A unidade e a diferença
Não basta combinar o universal com o particular e a
racionalidade com as culturas
Deve-se indicar com essa combinação
reconhecer a diferença entre uns e outros
opera;
como
O autor propõe a recomposição do mundo; a recriação da
unidade, o que não significa destruir o passado, mas impedir o
dilaceramento do mundo.
Afirmação da vontade coletiva de ser ator da mudança e não
somente o utilizador, consumidor ou vítima. Combinar o novo
com o antigo.
A integração democrática
“Não é possível qualificar democráticas as posições liberais que
convidam os imigrantes a assimilarem um cultura e se integrarem
em uma sociedade” (TOURAINE, 1996, p. 195).
Desprezo pelas culturas e experiências diferentes.
Ou ainda há uma aceitação pelo diferencialismo = igualitarismo de
fachada, o qual encobriria segregação e exclusão de minorias,
consideradas diferentes.
Identidade com Integração = soluções democráticas.
Transformar imigrantes em sujeitos
“Um imigrante só consegue ser integrado quando é aceito [...] quando sua
diferença é reconhecida como um enriquecimento para a sociedade”
(TOURAINE, 1996, p. 195).
Oposição perigosa entre multiculturalismo e rejeição
nacionalista (precisa da combinação de integração com
liberdade pessoal e reconhecimento das identidades).
A integração técnico-econômica e a exposição à cultura
de massa podem implicar rupturas psicológicas e sociais se
não forem completadas pelo apoio dado por um meio cultural
próximo.
A ênfase deve ser colocada no indivíduo e não na cultura
de partida ou de chegada (integração a essa nova sociedade e
preservação de uma identidade cultural).
“Deveríamos, portanto, falar menos de encontro entre culturas e mais
de histórias de indivíduos que passam de uma situação para uma
outra e recebem de várias sociedades e várias culturas os elementos
que formam suas personalidades”. (TOURAINE, 1996, p. 196-197).
Ecologia, democracia e a educação democrática
Ecologia como elemento importante da cultura democrática
A ecologia se associa, não apenas à defesa da diversidade
de espécies animais e vegetais, mas à defesa de minorias
étnicas, nacionais ou sexuais, ao respeito pela diversidade
cultural.
A ação democrática consiste em desmassificar a sociedade
pela multiplicação dos espaços e processos de decisão (papel
da educação).
A educação, como programa, deve comportar 3 objetivos: o
exercício do pensamento científico, a expressão pessoal e o
reconhecimento do outro.
Têm-se a necessidade de criar uma nova definição de ensino
(ruptura entre o mundo dos docentes e dos discentesprofessor visto como agente da razão).
Do ponto de vista cultural a escola deve ser heterogênea=
compartilhar o espírito nacional, a tolerância e o desejo de
liberdade.
“De que serve a escola se não é capaz de fazer com que rapazes
e moças formados em meios sociais e culturais diferentes venham
a compartilhar o espírito nacional ,a tolerância e o desejo de
liberdade?” Por que motivo ela teria tão pouca confiança em si
mesma a ponto de ser obrigada a fechar suas portas àqueles ou
àquelas que apresentam uma diferença qualquer?” (TOURAINE,
1996, p. 201).
O sujeito pessoal é feito de liberdade e identidade ( o preço
da liberdade não pode ser a renúncia à identidade).
Deve-se superar a oposição entre vida pública e privada e
combinar integração com participação, identidade com
projeto pessoal.
A Cultura democrática proposta se baseia em dois
princípios: crença de que os indivíduos
possuem a
capacidade peculiar para “viverem sua vida” e o
reconhecimento do direito dos outros em criar e controlar
sua própria existência (cf. TOURAINE, 1996, p. 205).
Passagem do sujeito consumidor para o indivíduo sujeito.
Democracia- Debate institucional aberto e espaço dado à
palavra.
O espaço público = cultura democrática
Mídia como parte do espaço público= importância política.
É ao grande público que se destinam os principais debates (os
que incidem sobre desemprego, educação e sexualidade).
A internacionalização da mídia estabelece um elo entre um
sistema globalizado e um consumidor desligado de uma
sociedade e cultura particulares.
A cultura democrática não pode existir sem a reconstrução do
Espaço público e sem o retorno ao debate político.
“Se a democracia pressupõe o reconhecimento do outro como sujeito,
cabe à cultura democrática reconhecer as instituições políticas como
espaço principal desse reconhecimento do outro (TOURAINE, 1996,
p. 208). ”.
Considerações Finais
Alessandra Luque
Cecília Ogata
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O QUE É A DEMOCRACIA?