Entrevista Compromisso de Estado com a qualidade Cristina Ministerio é jornalista (Belo Horizonte – MG). Ana Lúcia Almeida Gazzola, uma mineira de Três Corações, assumiu a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais no dia 3 de janeiro de 2011. A cerimônia de posse foi realizada no Palácio Tancredo Neves, na Cidade Administrativa. Educadora premiada, ela recebeu a medalha Comenda da Ordem do Mérito Científico do Ministério de Ciência e Tecnologia e o Prêmio Anísio Teixeira, concedido pela Fundação Capes. Ana Lúcia Gazzola foi secretária de estado de Desenvolvimento Social, diretora do Instituto Inhotim e do Instituto Internacional de Educação Superior para a América Latina e o Caribe (Iesalc), da Unesco. Foi, ainda, reitora da UFMG, de 2002 a 2006, e, em 2008, recebeu o título de professora emérita da mesma instituição. Formada em Letras, com ênfase em Português e Inglês, pela UFMG, fez mestrado em literaturas luso-brasileira e hispano-americana e doutorado em literatura comparada, na University of North Carolina at Chapel Hill (EUA). Também nos Estados Unidos, na Duke University, obteve seu título de pós-doutora. Ana 14 AMAE educando - 393 . Março . 2013 Lúcia Gazzola tem perseguido, incansavelmente, a qualidade durante sua gestão, consolidando e expandindo os avanços já obtidos pela SEE/MG. À revista AMAE Educando, ela concedeu, em meados de janeiro, a entrevista que se segue, na qual traça um panorama positivo da educação mineira. Nada que não tenha sido alcançado com “trabalho, trabalho e mais trabalho”. AMAE EDUCANDO - A educação mineira vai bem? ANA LÚCIA GAZZOLA – Certamente. A educação mineira vem caminhando a passos largos nos últimos anos e alcançando patamares expressivos. O governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Educação (SEE), não tem medido esforços para promover e oferecer aos cidadãos mineiros uma educação cada vez mais inclusiva e de qualidade, investindo, a cada ano, mais recursos na ampliação e criação de programas e projetos educacionais, na valorização dos profissionais de toda a rede estadual e em infraestrutura escolar. E os resultados dessas contínuas ações podem ser percebidos, principalmente, nos números conquistados pelo estado nas principais avaliações nacionais e estaduais, nas competições estudantis do conhecimento, além de outros referenciais. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), referente ao ano de 2011 e divulgado em meados de 2012, apontou novamente que Minas é referência em educação. Os dados mostram que a rede pública estadual de Minas Gerais ocupa a primeira colocação nos anos iniciais do Ensino Fundamental, em comparação com os demais estados da federação. Atingimos o índice 6, que é considerado adequado em países industrializados. É a primeira vez que uma rede pública brasileira atinge esse índice. Além disso, o estado também é o primeiro nessa etapa da educação, quando unidas as redes públicas e as escolas privadas. Nossa rede estadual está em segundo lugar nos anos finais do Ensino Fundamental e em terceiro no Ensino Médio. O Programa de Avaliação da Alfabetização (Proalfa) 2011, uma das avaliações aplicadas pelo Sistema Mineiro de Avaliação da Educação Pública (Simave), revelou que 88,9% dos alunos avaliados da rede estadual atingiram o nível adequado de letramento (capacidade de ler, escrever, interpretar textos e fazer síntese), um aumento de 2,7 pontos percentuais em relação a 2010, quando o índice foi de 86,2%. A avaliação contempla todas as crianças do 3º ano do Ensino Fundamental das escolas estaduais de Minas Gerais e cobre também as redes municipais. A divulgação dos resultados do Proalfa 2012 está prevista para o início deste ano. No resultado da 8ª edição das Olimpíadas Brasileiras de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), divulgado em novembro de 2012, Minas conseguiu a primeira colocação, sendo o estado de mais destaque na Olimpíada pela sexta edição seguida. Foram 1.328 medalhas, sendo 152 medalhas de ouro (maior número conquistado por um estado), 229 de prata e 947 de bronze. AE - Os professores mineiros estão bem preparados e bem remunerados? ALG – Não há como mencionar todos esses bons resultados sem falar no empenho e na dedicação dos professores mineiros que, com seu trabalho, contribuem na construção dessa realização coletiva. Atualmente, a SEE/MG tem 188.400 cargos de professores e o objetivo é que esses profissionais tenham sempre a possibilidade de se capacitarem e qualificarem. Para tanto, uma das principais ações da Educação, em 2012, foi a inauguração da Magistra - Escola de Formação e Desenvolvimento Pro- fissional de Educadores de Minas Gerais. Só em 2012, realizamos 118 mil capacitações, além de congressos, encontros e seminários. Com relação à remuneração, o governo de Minas, com a implantação do modelo unificado de remuneração, no início de 2012, assegurou a todos os professores da rede estadual, com escolaridade de nível superior, a remuneração mínima de R$1.386,00 para jornada de 24 horas semanais. Esse valor é 47,42% superior ao piso estabelecido pelo Ministério da Educação de R$1.567,00 para jornada de 40 horas semanais. Além disso, em 2012, a SEE/MG realizou concurso público. Foram abertas 21.377 vagas para cargos diversos, sendo que 13.993 vagas são para cargos de professor de Educação Básica. O processo de nomeação dos aprovados já teve início. AE - Para os professores, quais os benefícios da nova Lei 20.592? ALG – A Lei, promulgada no dia 28 de dezembro, pelo governador Antonio Anastasia, regulamenta 1/3 da jornada de trabalho dos professores da Educação Básica para atividades extraclasse. A jornada padrão do professor da rede estadual, em Minas, é de 24 horas semanais que, de acordo com a nova Lei, passam a ser distribuídas com 1/3 para atividades extraclasse (oito horas) e as outras 16 horas restantes para atividades da docência. Anteriormente, a jornada era de seis horas para as atividades extraclasse e 18 horas para as atividades em sala de aula. A legislação estadual vai além do que prevê a Lei Federal, uma vez que cria outros avanços para os professores. Da carga horária extraclasse, o governo de Minas permite que o professor cumpra metade em local de sua livre escolha e a outra metade na escola. No período que deve passar na escola, o professor ainda pode utilizar 50% para atividades de capacitação. Outra inovação importante é que, a partir de agora, os professores que excederem sua carga horária de aulas por meio da extensão de jornada ou exigência curricular poderão incorporar gradualmente os benefícios da jornada excedente para fins de aposentadoria. Até agora, o professor recebia este benefício só enquanto estivesse dando as aulas, mas, ao deixar de dar as aulas por qualquer razão ou em sua aposentadoria, ele perdia aquele quantitativo. Agora, não. Além de dar as aulas recebendo por elas, ele terá 1/3 de jornada extraclasse também sobre esse número de aulas a mais e vai poder incorporar à aposentadoria. O governo de Minas cumpre integralmente a Lei Federal 11.738, de 2008, que prevê limite de dois terços da carga horária dos docentes para o desempenho das atividades de interação com os alunos. A mesma Lei estabelece o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da Educação Básica, que já é cumprido em Minas Gerais. AE - Diante dos avanços de 2012, quais as expectativas da SEE/ MG para 2013? ALG – O ano de 2012 confirmou que Minas Gerais tem um dos melhores sistemas de ensino público do país, mas os resultados obtidos AMAE educando - 393 . Março . 2013 15 Brasil e no exterior. Precisamos mudar esse quadro. Para tanto, em Minas, a SEE/MG desenvolve, desde o início do ano passado, um projeto inovador, que busca reconstruir a identidade desse nível educacional: o Reinventando o Ensino Médio. O projeto recorre ao conceito de áreas de empregabilidade e de novas metodologias pedagógicas para tornar as aulas mais atrativas. Iniciado de forma piloto em 2012, o projeto foi implantado em 11 escolas estaduais do Vetor Norte de Belo Horizonte e, em 2013, será expandido para outras 122 escolas em todas as regiões do estado. Neste ano, o projeto demandará um investimento de cerca de R$50 milhões e atenderá cerca de 60 mil estudantes. Até 2014, o Reinventando estará presente em todas as 2.206 escolas de Ensino Médio de Minas Gerais. Além de aumentar a carga horária, que passa das atuais 2,5 mil horas/aula para três mil horas/ Renato Cobucci/imprensaMG têm, também, de nos motivar para as grandes tarefas que se situam diante de nós. O governo estadual sabe que há avanços a serem conquistados e, por isso, projetos estão sendo implantados pela Secretaria de Educação. Precisamos consolidar e expandir os patamares de qualidade que já atingimos no Ensino Fundamental. É importante avançar, também, de maneira mais rápida na qualidade dos anos finais do Ensino Fundamental. No entanto, o Ensino Médio ocupa lugar central nas preocupações educacionais do governo de Minas e é uma das prioridades para o ano de 2013. A falta de atratividade e adequação de seu currículo, características reconhecidas em documentos da Unesco e do MEC; a defasagem idade-série, fruto da repetência nos anos iniciais, e a evasão, agravada pelas dificuldades socioeconômicas, são questões que impactam este nível de ensino, no Ana Lúcia Gazzola: eficiência no comando da educação de Minas Gerais 16 AMAE educando - 393 . Março . 2013 aula ao longo dos três anos, o programa busca aproximar os estudantes do mundo do trabalho. Além das disciplinas tradicionais, eles poderão escolher disciplinas voltadas para a empregabilidade. Atualmente, nas 11 escolas, estão disponíveis as áreas de Turismo, Comunicação Aplicada e Tecnologia da Informação. Em 2013, serão disponibilizadas: Empreendedorismo e Gestão, Meio Ambiente e Recursos Naturais e Estudos Avançados em Linguagem e em Ciências. Essas áreas não são profissionalizantes, mas têm o objetivo de dar ao estudante o primeiro contato com a realidade do mercado de trabalho. AE - A divulgação dos resultados do Ideb e a transparência desses números, incentivada pela Secretaria, têm sido positiva para toda a comunidade escolar? ALG – Os números do Ideb 2011mostraram os avanços conquistados pela rede estadual nos níveis educacionais analisados. E, em Minas Gerais, esses resultados estão ao alcance dos pais, estudantes, professores e de todos que frequentam as escolas estaduais. Desde novembro de 2012, as mais de três mil escolas estaduais mineiras começaram a receber as placas com os resultados do índice, que ficarão fixadas em local de fácil visualização. Em iniciativa pioneira no país, as primeiras foram colocadas em escolas de Belo Horizonte, mas a expectativa é de que todas sejam instaladas até o início deste ano letivo. A fixação dessas placas é importante porque simboliza o compromisso do estado com a transparência. É preciso “ Minas Gerais tem um dos melhores sistemas de ensino público do país, mas os resultados obtidos têm, também, de nos motivar para as grandes tarefas que se situam diante de nós. “ que se crie na sociedade uma cultura de expectativa de qualidade com relação às escolas públicas e é preciso, também, que os indicadores do Ideb, do Proeb e do Proalfa sejam usados por nós como incentivo para a superação. É preciso que eles sejam símbolo do nosso compromisso com os avanços na qualidade. A ideia é de que toda a comunidade escolar se sinta motivada a participar mais, a trabalhar mais, a fazer um trabalho com mais integração. Talvez, a iniciativa possa não ser entendida e até questionada por alguns, mas, nas escolas pelas quais passei e pelo retorno que estou tendo dos diretores, professores e alunos das escolas nas quais as placas já foram instaladas, a iniciativa foi bem aceita pela comunidade escolar. Os índices de desempenho das escolas também podem ser consultados pela internet, no site da SEE/MG: www. educacao.mg.gov.br/ideb. AE - O Plano Decenal de Educação do Estado de Minas Gerais completou dois anos em janeiro. Ele sofrerá alguma avaliação? ALG – Criado pela Lei Estadual 19.481, de janeiro de 2011, o Plano Decenal de Educação de Minas Gerais dispõe sobre as diretrizes e metas da educação para o período de 2011 a 2020. No entanto, esse documento terá que ser revisto à luz do Plano Nacional de Educação (PNE), que se encontra em discussão no Congresso Nacional. Tão logo o PNE seja aprovado, a Secretaria irá atualizar seu plano estadual e o enviará para a apreciação e aprovação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Será uma boa oportunidade para fazermos, também, uma revisão das metas estaduais. AE - Como é elaborar políticas públicas orientadas por princípios de equidade, num estado como Minas Gerais, com enormes desigualdades regionais? ALG – Primeiramente, é importante destacarmos que a rede pública estadual de Minas Gerais é a segunda maior do país. Temos 3.702 escolas que oferecem Ensino Fundamental e Médio, bem como educação especial, educação indígena, educação quilombola, além dos conservatórios de música. Temos uma extensão territorial comparada à de países europeus. São escolas espalhadas por todo o estado, nas sedes urbanas dos 853 municípios e em seus distritos e zonas rurais. Somos mais de 270 mil servidores em cargos ativos. Dos recursos destinados às ações da SEE/ MG, trabalhamos de maneira a buscar equidade, mas nunca perdendo de vista a necessidade de se ter um olhar diferenciado para as regiões de Minas que ainda necessitam de atenção especial. Um exemplo de ação proposta a partir dessa observação foi a criação e implantação do projeto Professor da Família. Criado em 2011 e sob a coordenação da SEE/MG desde 2012, o projeto visa combater a evasão escolar – um dos principais problemas do Ensino Médio – em municípios de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), com população menor do que 30 mil habitantes e que apresentam alta taxa de abandono escolar. Além disso, o projeto busca fazer com que a família participe ativamente do ambiente escolar, bem como objetiva elevar a escolaridade dos pais ou responsáveis pelos alunos dessas cidades. Em 2012, o projeto implementou ações de apoio pedagógico e financeiro a atividades de 25 escolas do Ensino Médio, localizadas em 12 municípios de oito Superintendências Regionais de Ensino do Grande Norte. Como resultado dessa ação, cerca de 50 alunos que abandonaram a escola foram reintegrados ao ensino regular e 418 pessoas, entre alunos evadidos e familiares, retomaram os estudos por meio da Educação de Jovens e Adultos. Em 2013, o projeto Professor da Família será expandido para 61 novas escolas, em outros 31 municípios. AE - É verdade o que dizem algumas críticas de que a escola não chega às ruas e que a sociedade se sente divorciada do sistema educacional e escolar? ALG – A SEE/MG, por meio AMAE educando - 393 . Março . 2013 17 de toda a sua equipe, vem trabalhando no propósito de desmitificar essa suposição e mostrar que escola, comunidade e sociedade caminham juntas e que os bons resultados se dão quando todas as esferas se envolvem no processo. É necessário aflorar nas pessoas o sentimento de pertencimento do espaço público, da escola pública. Para isso, é importante que os pais, responsáveis e toda a comunidade escolar sejam chamados a participar das ações e do planejamento das atividades da escola. No ano passado, em julho, a Secretaria realizou, por exemplo, o que chamamos de “Dia D – Toda escola deve fazer a diferença”. Essa ação, num primeiro momento, mobilizou todas as escolas da rede estadual e, na ocasião, os educadores se reuniram para discutir o aperfeiçoamento do Plano de Intervenção Pedagógica da escola. Na etapa seguinte, que denominamos de “Toda a comunidade participando”, as escolas abriram suas portas para a participação dos pais e demais interessados e as metas dos planos elaborados foram apresentadas e discutidas com as famílias. Com base no que foi apresentado pela equipe pedagógica, pais e estudantes puderam sugerir mudanças no projeto. Esses encontros possibilitam que os pais tenham conhecimento sobre o desenvolvimento de seus filhos na escola e permitem sua participação na elaboração das propostas escolares. O conhecimento da família, nesse processo, é importante para que a qualidade do ensino na rede pública mineira continue avançando. AE - Quais as ações de combate à violência escolar que contam 18 AMAE educando - 393 . Março . 2013 com o apoio da SEE/MG? ALG – A violência, infelizmente, é um problema presente na nossa sociedade. É uma questão social. Inevitavelmente, a escola, como parte integrante dessa sociedade, acaba sofrendo reflexos desse quadro. No entanto, pensar e discutir soluções para a questão da violência e propor ações de promoção da paz em um universo tão diverso como a rede estadual de educação de Minas Gerais é algo que precisa ser feito com a participação de todos. Por isso, a SEE/MG se engajou na formação de uma rede que discute e propõe soluções para a promoção de uma cultura da paz nas escolas mineiras – o Fórum de Promoção da Paz Escolar (Forpaz), que reúne instituições e entidades dispostas a atuar como suporte para os diretores e educadores das escolas estaduais e municipais no enfrentamento de problemas e dificuldades associadas a condições geradoras de violência no ambiente escolar. A iniciativa nasceu de um trabalho idealizado pela Defensoria Pública de Minas Gerais, em 2007, e implementado em escolas da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Em 2011, o Fórum ampliou-se e ganhou força com a adesão da SEE/MG e com as ações propostas no Fórum Técnico de Segurança nas Escolas, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Para o início dos trabalhos, foi criada uma comissão organizadora com representantes de instituições parceiras, com a responsabilidade de discutir estratégias de promoção da paz nas escolas de Minas Gerais por meio da articulação em redes locais. Uma das frentes do Forpaz é a realização de fóruns regionais, de forma que a prevenção e o enfrentamento da violência sejam concretizados de acordo com a realidade de cada escola. Outro projeto de suma importância que se desenvolve no âmbito do Forpaz é o Mediação de Conflitos nas Escolas (Mesc). Em 2011 e 2012, foram capacitados, aproximadamente, 2.500 profissionais da educação e, como projeto piloto, há equipes da Secretaria atuando em nove escolas da Região Metropolitana de Belo Horizonte para a implantação de núcleos de mediação de conflitos. Essa iniciativa se estenderá, gradativamente, a outras escolas que aderirem ao projeto a partir de 2013. Ainda na esfera da prevenção dos fatores geradores de violência, a SEE/MG aderiu ao Programa Justiça Restaurativa, implantado por meio de um termo de cooperação celebrado entre o governo de Minas e o Tribunal de Justiça. Em cooperação com a Polícia Militar de Minas Gerais, a SEE/ MG, além de intensificar suas ações no Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd) e no Jovens Construindo a Cidadania, transferiu recursos para renovação e ampliação da frota do Programa de Patrulha Escolar, o que possibilitou a aquisição de 95 novas viaturas para atendimento a todas as regiões do estado. AE - E em relação às ações culturais e de lazer... ALG – Para além da consolidação da rede Forpaz, a SEE desenvolve ações voltadas para o fortalecimento das escolas integrantes do Programa Escola Viva, Comunidade Ativa. Essa iniciativa proporciona uma série de atividades de cultura, lazer, oficinas aos alunos, além de trazer a comuni- dade para participar da vida escolar. Atualmente, participam desse projeto 503 escolas de todo o Estado, localizadas em áreas de vulnerabilidade social. AE - Em termos de qualidade, qual é a educação mais bem-sucedida, a que tem o foco em resultados ou a que investe em políticas estratégicas de longo prazo? ALG – Na verdade, acredito que não podemos colocar uma proposição à frente da outra, mas, sim, entendê-las como algo correlacionado. Os resultados, os índices, os números obtidos pelas escolas e pelas redes educacionais, seja nas avaliações nacionais ou nas estaduais, nos ajudam a avaliar para continuar avançando, além de nos subsidiar na construção de políticas sustentáveis e sintonizadas com as demandas da sociedade. O Simave, por exemplo, é um dos instrumentos que a SEE/MG utiliza para identificar necessidades, problemas e demandas do sistema e das escolas, auxiliando no planejamento de ações em diferentes níveis e momentos que objetivam a melhoria da educação pública da rede estadual. Essas avaliações buscam aferir todas as dimensões do sistema educacional. Elas analisam os resultados alcançados em sala de aula, na escola e no sistema; na ação docente, na gestão escolar e nas políticas públicas para a educação; no nível de aprendizagem na alfabetização e nos conteúdos básicos do Ensino Fundamental e Médio. Com base nos resultados obtidos nas avaliações aplicadas, é possível pensar estratégias de atuação de médio e longo prazos. AE - Existe uma receita para se obter sucesso na gestão da educação? ALG – Receita não há, mas um conjunto de estratégias e atributos, sim. Dentre os atributos podemos listar: o conhecimento sobre questões educacionais e sobre a rede escolar; energia, compromisso e determinação; paixão pela escola e confiança na capacidade transformadora do ser humano. Entre as estratégias, estão a transparência e a coerência das decisões; a busca de criação de uma coesão institucional, com construção coletiva dos resultados pretendidos; o estabelecimento de parcerias com atores internos e externos ao sistema educacional. Além disso, eficiência e idoneidade no uso de recursos públicos. Gestão por metas com reconhecimento dos resultados obtidos. Capacitação continuada dos profissionais da educação. E, finalmente, trabalho, trabalho e mais trabalho. AE - O que os educadores mineiros podem esperar da SEE/MG neste ano de 2013? ALG – Além de todos os avanços já apontados aqui e de todas as conquistas dos últimos anos já mencionadas, os educadores mineiros podem esperar um ano ainda mais promissor. O governo de Minas fortalecerá o trabalho que vem construindo na área da educação. Muito já foi feito, mas sabemos que há muito a se fazer, há muito a se realizar. Obtivemos ganhos e avanços importantes para as carreiras da educação no ano de 2012, conforme relatado. A implantação do modelo unificado de remuneração e a promulgação da lei estadual que regulamenta a jornada de trabalho do professor foram compromissos firmados e cumpridos. Com a promulgação da Lei 20.592, os professores mineiros já começam o ano letivo de 2013 com mais tempo para preparação de aulas, correção de exercícios, estudo, capacitação, planejamento e reuniões. Além da permanente valorização profissional, a Secretaria continuará investindo em melhorias de infraestrutura e em tecnologia, de maneira a contribuir, ainda mais, para as práticas pedagógicas. Em 2013, a SEE/ MG, por meio de negociação com o Ministério da Educação, vai distribuir 62,5 mil tablets para os docentes que atuam no Ensino Médio, sendo um para cada professor, o que equivale a um investimento de R$19,2 milhões. Os equipamentos já estão sendo comprados e a expectativa é de que todos os professores tenham seus tablets em mãos no primeiro semestre deste ano. Além dos tablets, com sete polegadas e que serão distribuídos com programas educacionais, cada uma das escolas estaduais mineiras vai receber outro tablet educacional de 10 polegadas e uma lousa digital, que permitirão o desenvolvimento de aulas mais interativas. A efetiva implementação dessas políticas, programas e ações renova e reafirma o compromisso do governo de Minas com a oferta da Educação Básica e pública de qualidade para todas as crianças e jovens do estado de Minas Gerais. AMAE educando - 393 . Março . 2013 19