ENVOLTÓRIA SOB DUPLA ÓTICA APLICADA NA AVALIAÇÃO IMOBILIÁRIA EM AMBIENTE DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA Luiz Fernando de Lyra Novaes TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. Aprovada por: ________________________________________ Prof. Marcos Pereira Estellita Lins, D.Sc _______________________________________ Prof. Luiz Fernando Loureiro Legey, Phd. ________________________________________ Prof. Antônio Araujo de Freitas, D.Sc ________________________________________ Prof.a Stella Regina Reis da Costa, D.Sc. ________________________________________ Dra. Angela Cristina Moreira da Silva, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL DEZEMBRO DE 2002 NOVAES, LUIZ FERNANDO DE LYRA Envoltória sob Dupla Ótica aplicada na Avaliação Imobiliária em ambiente do Sistema de In – formação Geográfica [ Rio de Janeiro ] 2002. VII, 85 p. 29,7 cm ( COPPE / UFRJ / D.Sc. Engenharia de Produção, 2002 ) Tese - Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE. 1. Avaliação de Mercado 2. Método da Análise Envoltória de Dados (DEA) 3. Engenharia de Avaliações I. COPPE/UFRJ II. Título (série) ii Esta dissertação é dedicada à minha querida família Com amor para Sonia, Diogo, Manoela, Nathália e Marcela. iii “Não é o muito saber que sacia e satisfaz a alma e sim o sentir e o saborear as coisas internamente” Ignácio de Loyola M.Sc. Université de Paris – Sorbone (Mar 1535) iv Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.) ENVOLTÓRIA SOB DUPLA ÓTICA APLICADA NA AVALIAÇÃO IMOBILIÁRIA EM AMBIENTE DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA Luiz Fernando de Lyra Novaes Dezembro / 2002 Orientador : Marcos Pereira Estellita Lins Programa : Engenharia de Produção Esta tese desenvolve uma nova interação entre a Pesquisa Operacional e a ciência da Teoria do Valor, aplicada para a avaliação imobiliária. A partir dos modelos clássicos da Análise Envoltória de Dados (Data Envelopment Analysis) é formulado o Método da Análise Envoltória sob Dupla Ótica (EDO). A variação do valor de uma mercadoria, imóvel, é explicada em função de suas propriedades físicas e representada no espaço mercadoria, n-dimensional. As superfícies que encapsulam este conjunto, definem os limites do intervalo de variação das possibilidades de valor da mercadoria. Os resultados alcançados pela metodologia desenvolvida foram georeferenciados em um software do Sistema de Informação Geográfica (SIG). As variações de valor apresentadas foram analisadas em confronto com o contexto geográfico ao entorno do imóvel, permitindo assim uma melhor percepção da influência exercida em sua valoração por seus vizinhos notáveis. v Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.) REAL STATE EVALUATION BY DOUBLE DEA METHOD ON GEOGRAFHIC INFORMATION SYSTEM Luiz Fernando de Lyra Novaes December 2002 Advisor : Marcos Pereira Estellita Lins Department : Production Engineering This article intends to contribute to the development of a new interaction between Operational Research and the science of Theory of Value, specifically an evaluation in the commodity space. A new approach to Data Envelopment Analysis was performed, by formulating a method named Double DEA. This method was enabled by a distribution representing variation of commodity values as a function of physical properties data at the n-dimensional space. Thus, encapsulated surfaces are established, which define limits for the interval of the possibilities for commodity’s value. The outputs reached by the developed methodology, were geo-referenced in a software of the Geographical Information System (GIS). The variations of value presented were analyzed in confrontation with the local geographical context. This apply allows the users to have a better perception of the influence exercised in real state valuation by their notable neighbors. vi ÍNDICE CAPÍTULOS PÁGINAS I INTRODUÇÃO 1 I. 1 Considerações Preliminares 1 I. 2 Objetivo 3 I. 3 Estrutura da Pesquisa 3 I. 4 Filosofia do Valor e da Utilidade 4 I. 5 Filosofia da Eficiência 9 II ENGENHARIA DE AVALIAÇÕES 11 II. 1 Método Comparativo 11 II. 2 Análise de Regressão Múltipla 13 II. 2.1 Método dos Mínimos Quadrados 14 II. 2.2 Avaliação por Comparação – Casos Práticos 17 III METODOLOGIA DA ANÁLISE ENVOLTÓRIA DE DADOS 21 III. 1 Conceituação 21 III. 2 Modelagem Econômica do Espaço Mercadoria 22 III. 2.1 Conceito de Mercadoria 23 III. 2.2 Definição do Espaço Mercadoria 23 III. 2.3 Oferta e Demanda 24 III. 2.4 Conjunto de Possibilidades da Oferta 25 III. 2.5 Conjunto das Possibilidades da Demanda 29 III. 2.6 Modelagem Econômica segundo Debreu 31 vii III. 2.7 Conjunto das Transações Realizadas no Mercado Imobiliário 32 III. 2.8 Conjunto da Ótica do Comprador, da Ótica do Vendedor e Competitivo 34 III .3 Método da Envoltória sob Dupla Ótica - EDO 37 III .3.1 Modelos Clássicos DEA 37 III .3.2 Método da Análise Envoltória sob Dupla Ótica - EDO 39 IV MÉTODO EDO APLICADO NA AVALIAÇÃO IMOBILIÁRIA 44 IV. 1 Metodologia 44 IV..2 Heurística 46 IV. 3 Base de Dados 47 IV. 4 Determinação das Variáveis 49 IV. 5 Definição do Método 55 IV. 6 Modelagem do Conjunto Competitivo 58 V ANÁLISE COMPARATIVA DOS RESULTADOS 66 V. 1 Objetivo 66 V. 2 Aplicação do método de Regressão Múltipla 67 V. 3 Analise comparativa entre os dois métodos. 73 V.4 Aplicação do Método EDO modelo dos Multiplicadores 74 V.5 Participação das variáveis de propriedades físicas dos imóveis 76 V.6 Modelo de estimação do valor de um imóvel 77 VI CONCLUSÕES 79 VI. 1 Considerações Preliminares 79 VI .2 Eficiência DEA sob cada Ótica 81 VI .2.1 Em relação à Fronteira da Ótica do Vendedor 81 viii VI .2.2 Em relação à Fronteira da Ótica do Comprador 82 VI .3 Resultados do método EDO aplicados em SIG 84 VI .4 Comentários Finais 87 VII APÊNDICES VII.1 Anexo 1 – Relação de 242 Apartamentos do Conjunto de Transações Realizadas 89 VII.2 Anexo 2 – Planilha de Pesos atribuídos às Propriedades Físicas dos Apartamentos 107 VII.3 Anexo 3 – Planilha do Valor Máximo e Mínimo por Apartamento determinado pelo Método EDO ( 1a Etapa à 4a Etapa ) 108 VII.4 Anexo 4 – Resultado Software de Regressão ( 1a Etapa ) Statgraphics Método 135 VII.5 Anexo 5 – Resultado Software de Regressão ( 2a Etapa ) Statgraphics Método 137 VII.6 Anexo 6 – Resultado Software de Regressão ( 3a Etapa ) Statgraphics Método 139 VII.7 Anexo 7 – Resultado Software de Regressão ( 4a Etapa ) Statgraphics Método 141 VII.8 Anexo 8 – Resultados do ajuste das Fronteiras pelo Método de Regressão ( 1a à 4a Etapas ) 143 VIII BIBLIOGRAFIA 167 ix CAPÍTULO I INTRODUÇÃO I . 1 – Considerações Preliminares Vivemos em plena Era da Informação resultado da disseminação do uso computacional, dos meios de comunicação e da Internet como instrumentos desta transformação. A Sociedade Informacional começa a ser delineada pela crescente difusão do conhecimento e do uso de novos processos e técnicas (ILLICH (1980)). A gestão e a manipulação de grandes volumes de dados requer a utilização de sistemas computacionais que possibilitem o seu uso integrado. Segundo Debreu (1959) a definição de uma mercadoria é realizada pela especificação de suas propriedades físicas, da data e do local da oferta, isto é, uma completa coleção de dados. Assim que, um destes três fatores se altere, teremos como resultado uma mercadoria diferente. A avaliação do valor de uma mercadoria se constitui então como um problema de caracterização da mercadoria a partir da especificação dessas variáveis. Este problema pode ser resolvido pela programação matemática quando caracterizada uma mercadoria a avaliar, a informação do preço da transação realizada para cada mercadoria é estabelecida em função de suas propriedades físicas no espaço n-dimensional. Como resultado deste método de avaliação teremos k mercadorias distintas, cujo valor é definido em função das variáveis consideradas para caracterizá-las. Nesta tese foi criado o método da Envoltória sob Dupla Ótica (EDO) para ser utilizado como ferramenta de avaliação do valor de uma mercadoria qualquer. A incerteza foi tratada pela explicitação da existência de dois agentes econômicos envolvidos na transação de uma mercadoria, o comprador e o vendedor. Suas ações estabelecem o conjunto de transações realizadas com mercadorias de características homogêneas. O conjunto competitivo formado por imóveis com preço de transação que não apresentaram tendência em benefício de um dos agentes econômicos, serve como parâmetro para novas avaliações pelo método EDO. A engenharia de avaliação se utiliza de processos científicos para a determinação do valor de um bem. O método comparativo direto de dados de mercado tem como ferramenta mais freqüentemente utilizada para estimar o valor de um imóvel, a teoria da inferência estatística aplicada às regressões lineares tendo como referência um intervalo de confiança. Ocorre que o método EDO apresentado nesta tese, alcança resultados com melhor ajuste para os intervalos de variação do valor avaliado de imóveis, podendo ser considerado assim, como uma nova ferramenta a ser utilizada pela engenharia de avaliação. A aplicação do método EDO na determinação do valor de imóveis, foi implementada com o apoio de um Sistema de Informação Geográfica que integrou as seguintes base de dados distintas: o Sistema de Informações Geográficas implantado para a cidade do Rio de Janeiro pelo Instituto Pereira Passos (LOUREDO (1999)), que permite democratizar o acesso pelo cidadão, às informações geo-sócio-econômicas sobre a cidade, disseminando a cultura do Geoprocessamento, e; o Sistema de Informações Imobiliárias que a Caixa Econômica Federal do Rio de Janeiro desenvolve e contém as informações de preço e das características físicas de imóveis transacionados com financiamento da CEF (PAIVA (2000)). Cerca de 300 novos imóveis que têm seus preços verificados a partir de modelos genéricos de avaliação imobiliária, são catalogados por mês com 60 dados de característica específica. As técnicas de geoprocessamento têm hoje como principal ferramenta de análise de problemas espaciais complexos de tomada de decisão, os Sistemas de Informação Geográfica (SIG). As alternativas a avaliar colocadas em camadas temáticas, “layers”, são representadas por objetos ou unidades espaciais sobre uma base de dados de determinada região geográfica ((BARREDO (1996)). Para esta tese foi construído um SIG com o objetivo de promover a interpretação e explicação da tomada de decisão espacializada, realizada pelos agentes econômicos envolvidos na transação de um imóvel, o comprador e o vendedor, em função das propriedades ou características físicas do imóvel. Segundo JANKOWSKY (1995), o papel do SIG na implementação de modelos de tomada de decisão auxilia igualmente o tomador de decisão a designar pesos de prioridade aos critérios de decisão, avaliar as alternativas viáveis e visualizar os resultados de sua escolha. ii I . 2 – Objetivo O objetivo principal desta tese consiste em desenvolver a partir da Análise Envoltória de Dados (Data Envelopment Analysis), uma nova metodologia para a avaliação do valor de mercado de um bem, denominado de Método da Envoltória sob Dupla Ótica (EDO). A metodologia EDO define as superfícies envoltórias do espaço mercadoria Rk, formadas pelas mercadorias com preço eficiente segundo a ótica produtoorientada e a ótica insumo-orientada. Sob cada ótica é determinada a eficiência da transação da mercadoria para o vendedor e para o comprador, respectivamente, e calculado pela projeção nas fronteiras, o valor máximo e o valor mínimo avaliado em função das propriedades físicas da mercadoria. Em complemento ao objetivo principal, utilizamos as metodologias e técnicas relacionadas nas considerações preliminares para demonstrar a aplicabilidade do método EDO em Avaliação Imobiliária, comparando seus resultados com os do método de regressão. O processo igualmente adotado em ambos os métodos, promove o ajuste da distância entre as fronteiras pela determinação de um intervalo, considerado ideal por especialistas, de variação do valor avaliado para o imóvel. Por fim, como ferramenta de análise dos resultados, georeferenciamos os imóveis avaliados em um software do Sistema de Informação Geográfica (SIG), com o objetivo de identificar: a participação das propriedades físicas na eficiência de transação do imóvel sob cada ótica por região geográfica, e; a influência exercida por seus vizinhos notáveis na valoração de um imóvel qualquer. I . 3 – Estrutura da Pesquisa Esta pesquisa está estruturada pelos objetivos definidos a seguir, para cada capítulo: Capítulo I – Fundamentação filosófica do valor, da utilidade e da eficiência; Capítulo II – Conceituação metodológica e o estado da arte da engenharia de avaliação; Capítulo III – Formulação teórica e do modelo econômico que estabelece o espaço mercadoria para a aplicação do método EDO; Capítulo IV – Aplicação da nova metodologia em engenharia de avaliação; Capítulo V – Comparação entre a metodologia EDO e a metodologia de Regressão Múltipla por processo que define um intervalo de variação do valor avaliado para o imóvel; Capítulo VI – Conclusões e análise dos resultados em um SIG do município do RJ; iii Capítulo VII – Anexos com os resultados das aplicações realizadas em software; Capítulo VIII – Bibliografias consultadas; I . 4 – Filosofia do Valor e da Utilidade Por mais paradoxal que se pareça nossa pesquisa inicia-se pela conceituação da Utilidade e do Valor de Troca formulados há 4 séculos. Em sua obra sobre a Teoria dos Sentimentos Morais com o Tratado da Natureza Humana, HUME1 (1738) disserta primeiramente sobre o princípio da utilidade: “o homem age sempre para alcançar um prazer ou evitar uma dor”. E, por outro lado, sobre o princípio da associação de idéias: “o funcionamento do espírito humano explica-se pela ação das forças que ligam uma idéia a outra idéia”. Citado por BRÉHIER (1950), Adam Smith, sobre o mesmo tema, considera que: “somos guiados nas nossas ações não somente pelo interesse pessoal, mas também pelo juízo que os outros emitem sobre as nossas ações”. DOBB (1955) descreve o pensamento de Adam Smith2 que considerava o trabalho como uma medida invariável de valor. A contraposição de David Ricardo3 discordava e afirmava: “não ser o valor do trabalho, menos variável do que o do ouro, da prata ou do trigo. O valor do trabalho é determinado precisamente da mesma maneira que o valor de troca de qualquer outro bem. Não há bem que seja verdadeiramente uma medida invariável de valor. É impossível possuir-se uma medida dessa espécie, porque não há bem algum que não esteja exposto às mesmas variações que as _______________________________ 1 A obra de filósofos como Hume, Locke, Hobbes e Descartes entre outros autores, é considerada como a pedra fundamental que estabeleceu o alicerce para os fisiocratas como Quesmay e seus discípulos formularem a existência de leis gerais, a partir dos quais os fenômenos econômicos se comportam. A Fisiocracia foi o início da Análise Macroeconômica. 2 Com a publicação de A Riqueza das Nações, SMITH (1776), introduziu um conjunto de princípios que se tornou a pedra angular do que passaria a ser a tradição clássica da Economia. 3 A tradição clássica chegou ao ápice de seu desenvolvimento com o trabalho de David Ricardo. É notável que uma pessoa com seus antecedentes tivesse feito tão destacada contribuição à Economia, já que, como jovem, estava destinado a uma carreira comercial e não acadêmica. Segundo seu biógrafo, os trabalho de RICARDO (1817) sobre os Princípios de Economia Pública e Tributação e, RICARDO (1822), e sobre a Proteção à Agricultura: “ .... colocou-o na primeira fileira dos economistas políticos, ainda que não tivesse escrito mais nada”. iv coisas cujo valor tem de ser verificado; isto é, não há nada que não possa exigir mais, ou menos trabalho para a sua produção”. Ricardo, porém reconhece que a sua análise de preço poderia ser facilitada pelo estabelecimento de uma medida de valor invariável 4. Por isso, sugere que se pode supor que a produção de ouro poderia ocorrer com o auxílio de uma combinação de capital fixo e circulante que se aproximasse da quantidade média empregada na maioria das atividades. Se esta suposição for aceita, podemos considerar a moeda feita de ouro como um padrão de valor invariável. Pode-se, então, concluir que as mudanças nos preços dos bens são o resultado de mudanças em seus valores de troca e não mudanças no valor do padrão em cujos termos os preços estão sendo medidos. A análise de Ricardo do valor de troca, portanto, fundamenta-se na suposição de que o valor da unidade monetária de conta, em cujos termos os valores são expressos, não se modifica. Esta suposição se tornou fundamental para a análise de valor, torna a moeda uma unidade passiva de conta que facilita trocas mais convenientes e eficientes, mas de modo algum altera os relacionamentos finais resultantes. Conquanto os acréscimos ou decréscimos no fluxo monetário propendam a elevar ou baixar todos os preços e alterará temporariamente as relações de troca (face a alguns preços monetários serem mais elásticos do que outros), são perturbações de curto prazo. Com muita propriedade a explicação do valor nos relacionamentos de troca supõe a ausência de tais variações. Assim, quando Ricardo se refere a preço, este é sinônimo de valor de troca; e a menos que ele especificamente se refira a “preço de mercado”, quer dizer “preço natural”, ou preço em termos do trabalho incorporado. A análise de Ricardo sobre o valor de troca inicia-se com a distinção feita por Smith entre o valor de uso e o valor de troca. Afirma que para que um bem tenha valor de troca é essencial que tenha utilidade, embora esta não seja uma medida de valor. Tendo utilidade os bens derivam seus valores de troca de sua escassez e da quantidade de trabalho necessário para obtê-los. Alguns bens têm valor apenas _______________________________ 4 No trabalho Propostas para uma Moeda Econômica e segura com Observações sobre o Lucro do Banco da Inglaterra, RICARDO (1816) assumiu a posição de que é desnecessário que uma moeda tenha valor intrínseco. O essencial é que a oferta de papel moeda seja suficientemente limitada para manter o seu valor a par com o valor do ouro. como resultado de sua escassez, raridades, tais como quadros, livros, moedas e v outros objetos de arte, que não podem ser reproduzidos por qualquer montante de trabalho. A implicação é que quando a oferta não pode ser ajustada, a procura imperará na determinação do valor de troca. Contudo, a maioria dos bens é reproduzível e, portanto, deriva seu valor não da escassez, mas dos requisitos de trabalho da produção. Os bens tanto incorporam trabalho passado como presente. Ricardo identifica capital com trabalho, em sua observação de que jamais houve um período na História em que não existisse capital. “Sem alguma arma não se poderia abater um animal; e, portanto, seu valor seria regulado não unicamente pelo tempo e o trabalho necessários para abatê-lo, mas também pelo tempo e trabalho necessários para prover o capital do caçador, a arma com cujo auxílio foi efetuada a caça do animal”. Tanto com Ricardo como com Smith, portanto, o papel principal do capital é o emprego da mão de obra através de pagamentos advindos do fundo salarial. Os bens de consumo adquiridos pelos trabalhadores são parte do investimento real da economia, e os novos bens que produzem representam a reprodução deste capital sob outra forma. Sua venda simplesmente reembolsa os salários previamente pagos, mais os lucros. Por isso, o valor de troca é proporcional não apenas à mão de obra direta envolvida na produção, mas também à que é “empregada em implementos, instrumentos e prédios com os quais seu trabalho é auxiliado”. CASSELS (1970) descreve o interesse central de Ricardo em explicar as alterações nos valores de troca, porque tais variações afetam as proporções da repartição do produto, que vão para os trabalhadores, capitalistas e latifundiários. Raciocinou que as mudanças nas taxas em que dois bens são trocados entre si, não decorrem de mudanças em seu conteúdo relativo de trabalho passado e presente. Isto implica que os valores de troca não são afetados por diferenças de taxas salariais entre os trabalhadores, ou por mudanças no nível de salários e lucros, ou pela inclusão de renda da terra no preço de um produto. O trabalho não é homogêneo e, com certeza, diferentes bens são produzidos com diferentes espécies e qualidades de trabalho, assim como em quantidades diferentes. As diferenças qualitativas entre trabalho da mesma duração, segundo Ricardo, se refletirão nas taxas salariais que prevalecem no mercado. Mas, argumentou, estas diferenças não afetarão os valores de troca. Se o trabalho vi incorporado em um bem é superior de algum modo, e, portanto, mais altamente pago do que o incorporado em algum outro bem, o efeito é precisamente o mesmo que se tivesse sido usada uma quantidade maior de trabalho. Tampouco Ricardo pensou que as variações no nível salarial teriam qualquer influência nos valores de troca. Uma mudança no nível salarial afetará somente o nível de lucros. Isto porque Ricardo, assim como Smith, que o precedeu, concebeu salários e lucros como variando inversamente entre si. Destarte, o valor de troca permanece o mesmo se seu conteúdo de trabalho não mudar. Somente a relação entre salários e lucros é que se modifica por uma alteração no nível de salários e lucros. O exame inicial de David Ricardo em torno do fenômeno renda da terra a definiu: “como a compensação paga ao proprietário da terra pelos poderes originais e indestrutíveis do solo. Quando um pedaço de terra é ocupado pela primeira vez e há solo rico e abundante em relação ao tamanho da população, quase não haverá renda a ser paga. Quando o crescimento da população e o progresso da sociedade causarem a necessidade da terra de um segundo grau de produtividade, esta provocará um incremento na renda da terra de primeira qualidade. Assim, sucessivamente, a necessidade de viabilizar o uso de terras menos produtivas, provocam sucessivos incrementos, nas rendas das terras de melhor qualidade ou mais produtivas.” Com efeito, sob as circunstâncias iniciais a primeira terra é um bem livre5. Em cada necessidade subsequente de cultivar terra menos produtiva surgirá a renda das terras que não a tinham e aumentará as das terras que já produziam. Este princípio pode ser demonstrado pela visualização da aplicação de uma dada quantidade de trabalho e capital a terras que, em virtude de sua fertilidade e ou situação, possam ser consideradas como de melhor qualidade. O volume de produção terá um valor de troca que reflete o capital e o trabalho nele incorporados. Por conseguinte, o preço _______________________________ 5 SMITH (1776) em seu ensaio sobre o valor de troca, considerou que os bens poderiam ter um valor de uso, atribuível à utilidade e, um valor de troca, atribuível ao trabalho incorporado. Adam Smith comparou os bens livres de grande utilidade que teriam pouco valor de troca com os bens econômicos escassos com elevado valor de troca e de pouca utilidade. Comparou assim o baixo valor da água de obtenção livre com o do diamante, que tem menor utilidade mas é muito valorizado. vii total será absorvido por salários e lucro e a própria terra não fará jus a rendimento algum. Se em conseqüência de uma população crescente tornar-se necessário empregar terras que sejam inferiores à primeira, e se for aplicado um montante igual de trabalho e de capital em seu cultivo, obter-se-á agora um menor volume de produção. É mais caro obter o mesmo produto de uma terra de segunda classe. O valor em troca de unidades de um produto obtido dessa forma é regulado pelo mesmo princípio que imperou no que tange ao volume de produção da terra de melhor qualidade, ou seja, o trabalho e o capital incorporados em sua criação. Porém, não pode haver duas taxas de troca para diferentes unidades do mesmo produto quando estes são vendidos no mesmo mercado puramente competitivo. Dessa forma, o valor de troca do produto é regulado pelos requisitos de produção menos favoráveis. O valor de troca ou preço das unidades de um bem produzido, sob circunstâncias mais favoráveis, é precisamente o mesmo que o de unidades do mesmo bem produzido, em condições menos favoráveis. Para quem vai essa diferença e por quê? Já que somente podem prevalecer uma taxa de salários e uma taxa de lucros, a diferença vai para o proprietário da terra superior sob a forma de renda. Por isso, Ricardo concluiu que a renda não é uma causa do valor de troca de um produto, mas seu resultado. WICKESTEED (1932) examina o aspecto da teoria Ricardiana. Ressalva que a teoria da renda da terra se presta prontamente à moderna terminologia e aparelhagem, por ser em essência uma teoria de produtividade marginal6. Os economistas modernos conceituam a utilidade: “como uma qualidade que torna a mercadoria desejada”. Um fenômeno altamente subjetivo, critério esse que _______________________________ 6 Apresenta uma análise da produtividade, entre terras de qualidades diferentes, relacionada à tendência de rendimentos decrescentes a medida que são aplicados doses adicionais iguais de trabalho e capital às terras, de forma que cada qual seja progressivamente menos produtiva do que a precedente. Demonstra a viabilidade econômica e financeira do investimento até que o valor do produto marginal obtido seja igual ao custo marginal para produzi-lo. Por conseguinte, o cultivo continuará até que os rendimentos marginais do cultivo intensivo sejam iguais aos do cultivo extensivo. O fator variável, isto é, o componente de trabalho e capital, recebe o valor do produto marginal como seu rendimento, ao passo que o fator fixo, neste caso a terra, recebe a diferença entre a receita total e a parte que vai para o trabalho e o capital. Esta diferença é o excedente que Ricardo chamou de renda da terra. Não é parte do custo de produção porque sua eliminação (por exemplo, por tributação) não afetaria a dimensão do produto que uma dada quantidade de trabalho e capital poderia produzir. Somente os custos de trabalho e capital é que devem ser satisfeitos para assegurar que será obtido o produto. introduziu a teoria subjetiva do valor na economia. viii SMITH (1776) verificou que: ”a economia é intrínseca ao ser humano, onde a procura do bem estar individual egoísta promove um bem estar coletivo”. Definiu assim o princípio econômico da “Mão Invisível” comportamento esse, que regula e explica as relações econômicas harmônicas das sociedades. Hoje pode ser considerado até ingênuo pensar desta forma, mas como diz SAMUELSON (1975): “que sob condições de concorrência perfeita, sem que algum agente de mercado possa sobrepor sua vontade sobre a dos demais em tamanho e poder, esta definição é plenamente aceitável, virtudes estas de certo ponto alcançadas pela livre empresa”. I . 5 – Filosofia da Eficiência O economista FARREL (1957), integrante da Royal Statistical Society, desenvolveu estudo para aferir a eficiência entre economias. Com dados provenientes de resultados estatísticos da produção, tinha o objetivo de ser genérico e aplicável a qualquer organização produtiva, de uma simples oficina até uma economia nacional, se constituindo, assim, como os fundamentos do Método de Análise Envoltória de Dados. Farrel considerou ser conhecida a função de produção, ou seja, a fronteira máxima que representa a produção formada pelo melhor uso das variáveis de insumo. Propôs então definir a eficiência relativa das economias que operavam segundo as mesmas condições, e pertenciam ao espaço viável de produção. Como pode ser verificado na figura I, para um mesmo nível de produção, define-se uma economia eficiente Q pertencente a isoquanta SS’, fronteira de produção, utilizando 2 fatores de produção por unidade de produto, insumos I1 e I2. A economia Q, eficiente, utiliza uma razão OQ/OP da quantidade de insumos utilizados por P, ineficiente. Para o caso da utilização da mesma quantidade de insumos pelas economias, teremos que a produção da unidade Q, é OP/OQ vezes maior que a produção da unidade P. ix Considerando ainda uma restrição de orçamento definida pela reta EF encontraríamos em T um firma eficiente em todos os aspectos analisados. Mas, para uma mesma escala de uso dos insumos I1 e I2 que a utilizada por P e Q a eficiência de preço se encontraria para uma firma em R, não pertencente ao conjunto de possibilidades de produção. A eficiência de preço das firmas eficientes pertencentes à fronteira de produção é determinada conforme definido para a unidade Q, que corresponde a OR/OQ vezes menor que o preço de R. Desta forma a eficiência total para as firmas ineficientes é definida pelo produto da eficiência técnica pela eficiência de preço. I 1 S P Q E R T S' F O I2 Figura 1 – Isoquanta SS’ da Fronteira de Produção OQ/OP ≤ 1 Eficiência Técnica = OQ/OP (I.4.1) Eficiência de Preço = OR/OQ Eficiência Total = Eficiência Técnica x Eficiência de Preço Eficiência Total = OQ/OP x OR/OQ = OR/OP Restrição Orçamentária = EF Este intróito teve por objetivo formular os fundamentos filosóficos que lastraram o desenvolvimento subsequente desta pesquisa. x CAPÍTULO II ENGENHARIA DE AVALIAÇÕES II. 1 - Método Comparativo O método comparativo direto de dados de mercado da Engenharia de Avaliação de Imóveis utiliza freqüentemente a teoria da inferência estatística aplicada às regressões lineares como ferramenta para estimar o valor de um imóvel, tendo como base um intervalo de confiança. Conceitualmente o método comparativo da Avaliação Imobiliária é descrito segundo a literatura da Engenharia de Avaliação, como: - “A metodologia que estima o valor de um bem por comparação com outros de características semelhantes. Na prática, ocorre que após a coleta dos elementos de referência, geralmente está o avaliador de posse de uma amostragem aleatória formada por dados diferentes, das características do bem avaliado. Nesse caso é imprescindível o uso de fatores ou de ponderações, que transformem os dados nas variáveis independentes representativas do bem avaliado.” (CORDEIRO (1987)). - “O método em que o valor do imóvel, ou de suas partes constitutivas, é obtido através da comparação de dados de mercado relativos a outros de características similares” (MOREIRA (1994)). Esses dados de mercado devem ser entendidos como dados de vendas efetuadas, de ofertas de vendas ou de desapropriação ou de outras ações judiciais. Já o Valor de Mercado é caracterizado pela literatura, como: - “A expressão monetária do bem, à data de referência da avaliação, numa situação em que as partes, conhecedoras das possibilidades de seu uso e envolvidas em sua transação, não estejam compelidas à negociação e, ainda, a Avaliação é a determinação técnica do valor de um imóvel ou de um direito sobre o imóvel”: Norma Brasileira (ABUNAMAN (1998)). xi - ”O maior preço em termos de dinheiro que o imóvel pode ter uma vez colocado à venda, em aberto, por um tempo razoável para se encontrar um comprador, o qual deverá ter conhecimento de todos os usos, propósitos e utilidades, para que o comprador tenha capacidade de utilizar o imóvel. Ou, ainda: é o preço pago por um comprador desejoso de comprar, mas não forçado, a um vendedor desejoso de vender, mas também não compelido, tendo ambos pleno conhecimento de utilidade da propriedade transacionada”: Suprema Corte dos Estados da Califórnia, EUA, (ABUNAMAN (1998)). - “O preço que um vendedor está disposto a aceitar e um comprador a pagar, ambos perfeitamente bem informados e dentro de circunstâncias normais, objetivas e subjetivas, por um determinado bem”: Engenheiro mexicano Enrique L.Montes de Oca (ABUNAMAN (1998)). A metodologia de Avaliação Imobiliária é regida pela Norma Brasileira NBR 5.676, antiga NB-502 (1989), e tem como procedimento usual : a) Procurar e utilizar referências de vendas ou aluguéis de propriedades comparáveis. b) Atualizar os preços dos valores dos imóveis de referência, considerando as diferentes épocas de realização das transações. c) Comparar os imóveis de referência com os avaliados por: - Comparação direta – reduzir ao mesmo denominador, ajustando as diferenças de tamanho, qualidade, localização, estado de conservação, etc. - Composição indireta – comparar as rendas e aplicar a taxa de capitalização conveniente à renda da propriedade avaliada. d) Pesquisar a tendência central ou média ponderada dos resultados obtidos para se alcançar finalmente o valor. II. 2 – Análise de Regressão Múltipla xii Em Economia ou em outras áreas, uma relação entre variáveis pode, em certas situações ser considerada exata e, em outras, estocástica, i.é, sujeita à influência de variáveis aleatórias. FONSECA (1998) descreve a metodologia de estimação econométrica como: “Quando de posse de uma amostra representativa do universo analisado, alguns avaliadores utilizam a estatística inferêncial”. Um modelo econométrico explicativo do valor do imóvel é definido em função de variáveis independentes, que representam as propriedades físicas desse imóvel. O processo consiste em definir um modelo econométrico por função estocástica que estime o valor do imóvel, a partir de dados de mercado. Considerando por exemplo uma função consumo keynesiana C = β1 + β2 Y +ε , onde Y representa a renda , C o consumo e ε o vetor de variáveis aleatórias. Assim, para cada par de observações de C e Y, supomos ser válida esta relação, mas sujeita à ocorrência de um erro. Em economia se afirma que as mudanças em uma variável podem ser explicadas por uma referência de mudanças ocorridas em outras variáveis. A equação que representa essa relação é formada por variáveis endógenas ou exógenas, determinantes ou explicativas, sujeitas a erros ou resíduos de previsão. A distribuição probabilística de Y e suas carcetrísitcas são então determinadas pelos valores de X e pela distribuição de probabilidade de ε (KMENTA (1990)). Uma vez estabelecida uma forma funcional para uma determinada relação, desejamos estimar os parâmetros desta relação. Supondo existir uma relação correta para explicar uma determinada variável econômica e pelo fato de que, não temos como determinar os desvios ou resíduos dos dados amostrais, não podemos encontrar os valores reais dos parâmetros, por exemplo β1 e β2 no caso da função consumo. Podemos apenas estimar estes parâmetros através dos dados disponíveis. Os parâmetros são estimados e a função é denominada de estimador. Dois métodos são utilizados: o método de Mínimos Quadrados e o método da Máxima Verossimilhança. O método de Mínimos Quadrados é o mais usual em engenharia de avaliação. Os resíduos de uma regressão definidos a partir de um reta de regressão qualquer, são determinados a partir da equação formada pelos parâmetros β1 e β2 pelos vetores de variáveis independentes e dependentes da equação ε = Y – β1 – β2 X . xiii O primeiro passo de uma aplicação paramétrica empírica é selecionar uma forma apropriada para a função de produção. Diversas formas funcionais têm sido utilizadas na análise aplicada de produção, as mais usuais são (BATTESE et al (1998)) ((BATTESE et al (1992)): - Cobb-Douglas. Y = Ax1 b1 x2 b2 equivalente a Ln y = Ln A + b1 Ln x1 + b2 Ln x2 y* = a* + b1 x*1 + b2 x*2+ ui (II.2.1) (II.2.2) Sendo u i o vetor das variáveis aleatórias. - Trans-log Ln y = bo + b1Ln x1 + b2Ln x2 + (1/2) [ b11(Lnx1)2 + b22(Lnx2 )2 ] + b12 Lnx1 Lnx2 (II.2.3) A Cobb-Douglas é fácil de estimar e matematicamente manipulável mas é restritiva nas propriedades impostas sobre a estrutura de produção, como retorno de escala constante e elasticidade de substituição igual a 1. A translog não impõem estas restrições, mas por ter uma formulação matemática mais complexa, impõe a condição de ter poucos graus de liberdade e de apresentar multi-colinearidade (BATTESE et al (1977)) (BATTESE et al (1988)). O método de Mínimos Quadrados envolve a definição dos resíduos de uma regressão, definidos para a função Cobb-Douglas como u i = y* - ( a* + b1 x*1 + b2 x*2). Em gráfico, figura 2, os resíduos correspondem às distâncias verticais entre os valores observados de y e os valores projetados pela equação, dadas as estimativas a* , b1 e b2 . O estimador de Mínimos Quadrados surge, então, da minimização da soma dos quadrados destas distâncias (FONSECA (1998)). Um conjunto de hipóteses associadas ao modelo diz respeitos aos resíduos. Quando estas hipóteses se aplicam pode-se dizer que o estimador de M.Q. é eficiente e nãoviesado (FONSECA (1998)), isto é, apresenta a menor variância no conjunto de estimadores lineares não viesados. Pelo teorema de Gauss Markov é verificado a matriz de variância e covariância do estimador linear não viesado e se os elementos da matriz são maiores que os da diagonal da matriz σ 2 ( X’ X ) –1. xiv y ui x Figura 2 Função estimada Mínimos Quadrados Hipótese 1 : Um conjunto de valores para uma variável dependente y pode ser calculado como uma função linear em relação aos parâmetros de um conjunto de variáveis independentes X e um vetor de resíduos ui. y = β1 X + ui (II.2.4) Os problemas que podem surgir em relação a esta hipótese são de três tipos: a) conjunto de variáveis independentes errado; b) não-linearidade; c) mudanças de parâmetros. Em relação ao primeiro item, é importante que todas as variáveis relevantes na determinação de y sejam consideradas e que as irrelevantes não sejam incluídas. Quanto ao item b, é relevante ressalvar que a linearidade exigida é em relação aos parâmetros que se deseja estimar, e não em relação às variáveis. Hipótese 2 : A média do erro é igual a zero: E (ui ) = 0 ( i = 1,,2........,n) (II.2.5) Hipótese 3 : Homocedasticidade : Esta hipótese diz respeito às covariâncias dos erros. Supomos que as variâncias de cada erro é igual a uma determinada constante, representada por σ2. E (ui 2) = E (uj 2) = σ 2 (II.2.6) Hipótese 4 : Não auto-regressão : A covariância entre os erros diferentes é por hipótese igual a zero:. E ( u i u j ) = 0 , para i ≠ j xv (II.2.6) Supondo uma distribuição normal para os erros ou, mais precisamente, uma função densidade normal multivariada. A segunda igualdade desta hipótese implica que os erros sejam sempre independentes. As hipóteses 2 e 3 determinam os parâmetros da distribuição conjunta de probabilidade dos erros uj do vetor y , ou seja : uj ∼ ( 0 , σ 2 I ) y ∼ (xβ,σ2I) , (II.2.7) Dois tipos de problemas podem surgir em relação à hipótese 3 : a) as variâncias dos erros não são constantes, esta situação é denominada de heterocedasticidade; b) os erros são correlacionados, denominada de autocorrelação. O teste mais utilizado para detectar a presença de auto-correlação é o de Durbin e Watson, que testa se os erros apresentam uma relação dinâmica de autocorrelação de primeira ordem. Hipótese 5 : Não existe multicolinearidade . O conceito de multicolinearidade corresponde à existência de uma relação linear entre duas ou mais das variáveis independentes. Se esta relação linear for perfeita, o que é raro de ocorrer e revelaria um erro na definição das variáveis, significa que o posto da matriz X é menor do que o número de colunas, então o estimador de M.Q. não pode ser obtido. O efeito prático da multicolinearidade é que não podemos estabelecer o efeito isolado das variáveis independentes sobre y, uma vez que elas tendem a variar na mesma direção. Hipótese 6 : As variáveis independentes são fixas (não-estocásticas). Hipótese não válida em econometria, por serem todos os modelos econômicos passíveis de aleatoriedade. (KMENTA (1990)) (GUJARATI (1995)) Considerando que as hipóteses do modelo estatístico linear de regressão sejam satisfeitas e dado o estimador de Mínimos Quadrados definido para este modelo, uma questão básica que se coloca é a avaliação deste estimador em relação as propriedades desejadas dos estimadores, analisadas anteriormente, i.é, desejamos saber se este estimador é ou não viesado e se ele pode ser considerado um estimador eficiente II.2.1 – Avaliação por comparação – Casos Práticos O Avaliar é um congresso organizado pela Associação Brasileira de Instituições Financeiras de Desenvolvimento (ABDE), que é considerado o Fórum de xvi apresentação e debate das práticas mais utilizadas em Engenharia de Avaliação, enfocando as técnicas mais recentemente desenvolvidas e aplicadas. Neste aspecto, apresentamos a seguir uma amostra do que se constituiu o Avaliar 2000 com a descrição dos casos mais interessantes: 1o Caso – ESSIG et al. (2000) apresentam um caso prático de avaliação de lotes em um município do Rio Grande do Sul realizado para a CEF. Para tanto, pesquisaram 61 lotes em 7 loteamentos na mesma região. Foram considerados os seguintes atributos: área ; frente; topografia; situação; localização. Como resultado os unitários obtidos apresentaram a seguinte equação : Unitário (R$/m2) = ( +9,7004324617 -2,119418047 *LnÁrea -11,41063582 *1/ (Frente)1/2 - 1,630068555 *1/(Topografia) (Situação) 1/2 +1,928358142 *Ln(Localização) +1,167800959 * 2 (II.2.8) Unitários obtidos : R$ 13,54/m2 a R$ 50,00/m2 2o Caso – KEGLER et al. (2000) apresentam um caso prático de avaliação apresentando um problema de forte correlação entre as variáveis frente e área nos modelos de lotes. De um modo geral os loteamentos são padronizados pela legislação municipal, definido uma relação semelhante entre a frente e a profundidade. A solução adotada foi a de realizar testes das variáveis alternativas: 1a variável = profundidade equivalente / frente e a 2a variável de forma = área corrigida de cada lote da amostra considerando a área de um quadrado de igual perímetro. O melhor resultado foi a da 2a variável com correlação entre a variável área e forma foi igual a 0,08 isoladamente e 0,40 com influência das demais. 3o Caso - DANTAS (2.000) apresenta três aplicações em que comparam o uso de um modelo por ele definido como padrão e outro como modelo especial: 1a – O modelo especial faz uma investigação da influência da testada para lotes em duas regiões distintas, no aspecto da maior importância em zonas comerciais xvii do que em zonas residenciais, o que sugere um componente interativo entre as duas variáveis. 2a – Deseja estudar o comportamento do mercado imobiliário de terrenos situados em uma mesma região, em relação às suas áreas, admitindo-se as demais características semelhantes. Pelo modelo especial verifica-se que o modelo padrão é inadequado para explicar o comportamento do mercado, pois para lotes de pequeno porte, com vocação unifamiliar, os terrenos muito pequenos tem restrições de aproveitamento e pouca liberdade para o desenvolvimento de projetos, então estes aumentam seu preço unitário em função do aumento da área, já para os terrenos maiores ocorre o inverso. Face a esta situação o modelo especial incorpora a introdução de Fator de Interação composto por área e porte. 3a – Deseja analisar o mercado de salas comerciais, com o objetivo de inferir a taxa de rentabilidade de aluguel e do fator de fonte, que corresponde aos dados de oferta e aos dados obtidos a partir de transações efetivamente realizadas, segundo dois modelos: a) Modelo Padrão : Construiu-se adotando como variável dependente os valores unitários por m2 de área privativa (V) e como variáveis independentes a área privativa (A); a natureza do evento (N) como variável dummy com o valor 1 para dados provenientes de oferta e o valor 0 para transações efetivamente realizadas e para o tipo de negociação proposta (T) com valor igual a 1 para locações e 0 para vendas, obtendo-se a seguinte equação: Vci = 20,28 x 0,9882 Ai x 104,17 Ti x 1,3305 Ni (II.2.9) O modelo atende os pré-requisitos exigidos para o nível rigoroso no que diz respeito a significância dos parâmetros, todas inferiores a 5%, confiabilidade superior a 99% e R2 = 99,90 %, indica que o modelo explica bem, a variabilidade dos preços em função das variáveis independentes consideradas. Conclui-se que: os valores de venda são em média 104,17 vezes o preço de locação, que implica em rentabilidade média de 0,96%; xviii os preços de oferta são em média 33,05% superiores aos das transações, indicando um fator de fonte da informação, se oferta ou transação, de 0,75, tanto para as vendas como para as locações. Os preços decrescem a uma taxa de 1,18%, a cada acréscimo unitário de área. b) Modelo Especial : Em estudo mais abrangente sobre a questão, há de se considerar fatores como a escassez da moeda circulante, níveis de renda, níveis de oferta e de demanda, etc, podem afetar as diferenças médias dos preços de oferta e transações, no mercado de venda e locações; também a área privativa tem maior influência no momento da venda que no instante da locação; ou ainda que as salas grandes, por terem valores maiores, gozem de descontos diferenciados no momento de fechamento do negócio. Vci = 26,13 x 0,9836 Ai x 63,2565 Ti x 1,2390 Ni x 1,1499 Ti .Ni x 1,0096 Ai.Ti (II.2.10) Os resultados demonstraram a superioridade deste modelo em relação ao modelo padrão, com confiabilidade superior a 99% e significância dos parâmetros inferiores a 0,01%, com R 2 = 99,94%. Também o gráfico dos resíduos versus valores ajustados, que apresentava alguma lei de formação agora se mostra com pontos dispostos aleatoriamente, indicador favorável para o atendimento dos pressupostos básicos de homocedasticidade e não auto-regressão. Conclui-se então que: No mercado de locações, os preços de oferta são superiores em média aos preços de negociação em 23,90%; enquanto que no mercado de compra e venda este percentual é bem maior 42,47%. Isto é o desconto obtido por ocasião de uma transação de compra e venda é 77% superior ao que se obtém em uma locação; Os preços de locações decrescem a uma taxa de 1,64% por acréscimo unitário da área; enquanto para efeito de venda esta taxa é de 0,70%, indicando que a área é mais importante no momento da compra e venda que no momento da locação; A razão entre os preços de locação e compra e venda é de 1,58 x 0,9905Ai%. Assim, a taxa de rentabilidade que no modelo padrão era uma constante, no modelo especial decresce a uma razão de 0,95% de cada acréscimo unitário da área privativa. xix Pelo exposto, conclui-se que, em vários casos, a avaliação de imóveis utilizando o modelo padrão , não é suficiente para explicar o comportamento do mercado imobiliário, principalmente quando se trabalham com variáveis do tipo “dummy”. Assim, recomenda-se que numa avaliação: A análise de dados seja feita, não somente pela identificação de variáveis explicativas, mas também verificando-se como cada uma interfere no comportamento das demais; Para o dimensionamento da amostra sejam considerados pelo menos 5(cinco) dados de mercado contendo informações relativas a cada variável considerada; Independentemente do nível de rigor, para que a análise de um modelo de regressão seja completa, não pode ser dispensada a comprovação dos pressupostos básicos, em especial no que diz respeito à análise gráfica dos resíduos. DANTAS (2000) sugere que toda modelagem seja feita baseada em estudo mais abrangente do mercado imobiliário, identificando e testando os possíveis fatores de interação, através de Modelos Especiais. xx CAPÍTULO III METODOLOGIA DA ANÁLISE ENVOLTÓRIA DE DADOS III. 1 Conceituação Os modelos DEA são utilizados para realizar análises comparativas de um conjunto de observações. Para cada unidade observada, desde uma Economia Nacional a um simples equipamento, permite tirar conclusões de eficiência ou de produtividade a partir dos resultados alcançados pelo uso de alguns insumos (FARREL (1957)). Em análise gráfica, a partir da seleção de k unidades observadas, com s insumos e m produtos, cada um dos modelos determina um subconjunto formado por q unidades eficientes. Estas unidades são consideradas benchmarks e definem os segmentos da superfície envolvente dos dados. O subconjunto contido mas não pertencente a esta superfície é formado pelas k - q unidades não eficientes. Na metodologia DEA a distância em relação à superfície envolvente representa a eficiência das unidades observadas. As unidades eficientes que definem a superfície formada pelos melhores resultados têm eficiência normalizada igual a 1. Já as demais unidades ineficientes têm eficiência normalizada menor que 1, calculada pela distância relativa à superfície envolvente. TAVARES (1998) descreve os modelos DEA como um mecanismo de projeção. A solução do problema de programação matemática para a unidade Ok , representada por (Xk ,Yk), é o ponto ( X̂ K , Ŷ K ) projetado na fronteira de eficiência (X K , Y K ) → Modelo DEA (X, Y ) → ( X̂ K , Ŷ K ) xxi Quando (X K , YK ) ( ) = X̂ K , ŶK então O k é eficiente e pertence ( ) a superfície envolvente. Para uma O k in eficiente , o ponto X̂ K , ŶK encontra − se na su perfície envolvente e pode ser representado em termos das O j eficientes através da seguinte expressão: (X̂ K , ŶK ) n = (∑ λ j=1 n jk X j , ∑ λ jk Yj ) (III.1.1) j=1 O ponto projetado é sempre uma combinação linear, não negativa das O j , eficientes, com λ jk ≥ 0. Para λ jk = 1 então j = k e O k é eficiente. A ineficiência pode ser representada por uma medida de distância entre: (X k , Y k ) e ( X̂ k , Ŷ k ), como por exemplo : x ik − x̂ ik , i = 1,.........., m (III.1.2) ŷ rk − y rk r = 1,........., s A determinação da eficiência de uma unidade observada Oj , com j = 1,...,n, requer o cálculo de um problema de programação matemática. O problema de programação matemática linear solucionado para cada Oj , com j =1,...,n ∈ D, conjunto observado, identifica os conjuntos de unidades eficientes E*. III. 2 Modelagem Econômica do Espaço Mercadoria A ação do vendedor e do comprador exercida sobre cada mercadoria, define as possibilidades da oferta e da demanda observadas para as k mercadorias em função dos seus atributos. Desta forma, a interação dos conjuntos da oferta e da demanda definidos vetorialmente no Espaço Mercadoria Rk (DEBREU (1952)), estabelece o conjunto das transações realizadas. O método desenvolvido no capítulo III.3 denominado de Método da Envoltória sob Dupla Ótica (EDO), define em um espaço n-dimensional as superfícies envoltórias formadas pelas mercadorias com preço eficiente segundo a Ótica Produto e Insumoorientada. Estas superfícies encapsulam os dados das k mercadorias observadas. Para cada mercadoria é determinada a eficiência da transação em relação às superfícies sob uma ótica e em consequência o intervalo de variação do seu valor. xxii O propósito deste capítulo é formular matematicamente o conjunto das transações realizadas para uma mercadoria genérica, para depois considerá-la como um imóvel. A partir da contextualização econômica realizada, desenvolve as formulações dos conjuntos representativos da mercadoria e das ações dos agentes econômicos envolvidos. III. 2.1 Conceito de Mercadoria DEBREU (1952) define o conceito de mercadoria através de exemplos significativos. O mais simples, é o de um bem econômico definido em detalhe, como o trigo. Na realidade, são conhecidas de fato, várias espécies de trigo. Então, para se estabelecer de qual mercadoria falamos, se faz necessário descrever completamente o trigo considerado, por exemplo, Trigo Inverno Vermelho no2, acresce-se a isto a data e o local de sua oferta. Pois, uma espécie de trigo, disponível agora e outra disponível daqui a uma semana ou em locais distintos, seguem regras econômicas diferentes. Fica claro, a partir deste exemplo, que a definição de cada mercadoria, é feita pela especificação de suas propriedades físicas, da data e do local da oferta. Assim que, um destes três fatores se altere, teremos como resultado uma mercadoria diferente. Uma mercadoria representa um bem ou um serviço prestado. Estes bens são classificados por matéria-prima como no caso do trigo, do petróleo, do algodão, entre outros ou por produtos manufaturados como um veículo, um sapato, um apartamento ou qualquer outro produto. Na classe de serviços, se incluem os diversos tipos de trabalho humano, os do uso de equipamentos ou máquinas, os de locação de ambientes ou residências ou ainda do uso de infra-estruturas públicas ou privadas. III. 2.2 Definição do Espaço Mercadoria O espaço mercadoria, R k , é composto por um número finito de k distintas mercadorias. Estas k mercadorias estão sujeitas às ações dos agentes econômicos. Um indivíduo que compra um apartamento, um carro, ou qualquer outra mercadoria para seu próprio uso e depois a vende, adota o comportamento de agentes econômicos distintos. Em princípio, o comportamento do consumidor no atendimento de sua necessidade e em seguida, o comportamento do produtor que beneficia a mercadoria e a disponibiliza. xxiii Uma Economia, E, é definida por c consumidores e p produtores ou vendedores (caracterizados por seus conjuntos de oferta e demanda). Um estado da economia é a especificação da ação de cada agente, exercida sobre uma mercadoria e é dita alcançável, se essa ação lhe é possível e se as (c + p) ações são compatíveis com os recursos totais (DEBREU (1952)) 1. Os recursos totais são as quantidades de mercadorias “a priori” disponíveis, para (ou por) um agente econômico e representadas por um ponto w, no espaço mercadoria, Rk. Como recursos totais, também se incluem, todo o capital existente da economia naquele instante de tempo considerado, i.é, terrenos, imóveis, prédios, depósitos minerais, equipamentos, máquinas e tudo o mais existente e disponível, naquele instante e que correspondam ao legado do passado. III. 2.3 Oferta e Demanda Na transação de uma mercadoria é promovida a interação entre compra e venda. A ação realizada por cada agente econômico é representada vetorialmente, por variáveis de insumo e produto, no espaço mercadoria R k (DEBREU (1959)). Cada ação de venda ou de compra, exercida por um agente econômico sobre uma determinada mercadoria, é representada pelas quantidades de insumos ou produtos envolvidas na transação. Essas ações de oferta e de consumo estão sujeitas às restrições de tecnologia, de matéria-prima e de recursos financeiros, entre outras. A ação de um produtor ou vendedor é restringida pelo conhecimento tecnológico e pertence ao conjunto de possibilidades de produção, que corresponde ao conjunto de possibilidades de oferta. A ação de um consumidor é restringida pelo seu orçamento ou renda, pertence ao conjunto de possibilidades de demanda e esses conjuntos pertencem ao Espaço Mercadoria. Uma completa descrição de uma Economia é definida pelos seguintes elementos : __________________________________ 1 DEBREU (1952) no capítulo 5 de sua monografia sobre a teoria do valor define a noção de Equilíbrio. A ação de compra de cada consumidor representado pelo vetor ci , que representa o consumo de uma determinada mercadoria; A ação de venda de cada produtor ou xxiv vendedor representado pelo vetor pj, que representa a oferta de uma determinada mercadoria; O conjunto de possibilidades de demanda que contém cada i ação de compra do consumidor representado por C i; O conjunto de possibilidades de oferta que contém cada j ação de venda do vendedor é representado por P j ; Nesta tese, estamos preocupados em estabelecer a relação da transação de uma mercadoria. A ação de compra ou de venda é representada, pelo preço alcançado pela mercadoria na transação, como o recurso monetário pago ou recebido antecipadamente em troca de sua disponibilidade futura. Já a mercadoria, propriamente dita, é representada por suas propriedades físicas. No caso do vendedor, o recurso monetário recebido, é considerado como o produto resultante da transação realizada e as propriedades físicas da mercadoria como o insumo. No caso do comprador, o recurso monetário pago, é considerado como o insumo da transação realizada, enquanto as propriedades da mercadoria como o produto resultante. III. 2.4 Conjunto das Possibilidades da Oferta O conjunto de possibilidades de produção corresponde ao conjunto das possibilidades de oferta. Considerando que existam u vendedores, identificados pelo índice j = 1, ...., u. O j–ésimo vendedor tem sua ação de venda representada pelo vetor pj , em um dado sub-conjunto não vazio de Rk, o conjunto de possibilidades de oferta P j. Uma dada ação de venda pj é tecnicamente possível e define a oferta do j–ésimo vendedor (DEBREU (1959)). Em analogia às proposições e teoremas de DEBREU (1959), consideramos um conjunto de m transações realizadas em diferentes escalas e processos. Um vendedor qualquer vende a mercadoria, cuja ação de venda é representada pelas variáveis de insumo, xz , z = 1,..., l, tais como: padrão, qualidade, dimensão, data, alocação, entre outras propriedades da mercadoria. Essa transação lhe resulta como produto, o valor recebido em troca da disponibilização futura da mercadoria, seu preço y . Desta forma, o vendedor tem como objetivo maximizar o seu produto, i. é, o valor recebido na transação da mercadoria. Então, procura alcançar a fronteira das xxv possibilidades de oferta, que é definida pela melhor tecnologia e contem os u planos de oferta e pertence ao subconjunto Pj , no espaço mercadoria, Rk. A fronteira das possibilidades de oferta, representa o lócus dos melhores preços alcançados pelas mercadorias, que tenderam a beneficiar o vendedor. Onde o preço alcançado é máximo em função das propriedades físicas da mercadoria. Estabelecemos o conjunto de possibilidades de oferta, segundo as proposições de FÄRE et al. (1994) (1996) para o conjunto de possibilidades de produção Pk : Sendo, P= {( x,y ) / y = f (x) ^ CRS} ⊇ P = {( x,y ) / y = f (x) ^ VRS } (III.2.4) CRS – Rendimentos Constantes com a Escala (Constant Returns to Scale) VRS – Rendimentos Variáveis com a Escala (Variable Returns to Scale) As definições e postulados formais sobre o espaço das possibilidades de produção basearam-se nos axiomas de SHEPHARD (1953) (1970), como: P = { (x,y) / y ≥ 0 pode ser produzido através de x ≥ 0 } / atenda às seguintes propriedades para o conjunto de possibilidades de produção, P = { ( x,y ) / CRS }. BANKER et al. (1984) enuncia os seguintes postulados, que deram origem ao modelo BCC2 da Análise Envoltória de Dados Postulado 1 - Convexidade : Combinação linear convexa propicia a existência de uma unidade atuando entre dois resultados através da combinação linear convexa. Se ( xj , yj ) ∈ P , j = 1, ..........., u e λ j ≥ 0 , são escalares não negativos tais que Σ λ j = 1 então (Σ λ j x j , Σ λ j yj ) ∈ P __________________________ 2 O modelo BCC formulado por Banker, Charnes e Cooper (1984) é também conhecido por VRS – “Variable Return of Scale”. xxvi Dados xj , j = 1,........., u , x é a combinação linear convexa de xj se ∃ λ1,......., λn , tq λ j ≥ 0 ∇ j Σ λ j =1 e x = Σ λ j xj y P (x,y) x Figura 3 – Conjunto de Possibilidades da Oferta O Lugar Geométrico da Combinação Linear Convexa de X1 e X2 é o segmento de reta que os une. Segundo a figura 4: ∃ x ∈ (x1 – x2 ) / Σ λ ≤ 1 ; x = λ x1 + ( 1 - λ ) x2 ; λ ≥ 0 ; x = x2 + λ ( x1 - x2 ) Y X1 X1 - X2 X2 X Figura 4 - Combinação Linear Convexa xxvii Postulado 2 - Ineficiência Com ( x , y ) ∈ P se x ≥ x e y ≤ y (x,y)∈ P ⇒ Y REGIÃO VIÁVEL X Figura 5 - Postulado 2 - Espaço Ineficiência Postulado 3 - Raio Ilimitado, válido para retornos constantes de escala Se ( x, y ) ∈ P então ( k x , k y ) ∈ P para qualquer k > 0 , Postulado 4 - Extrapolação mínima Definindo o conjunto produção P como conjunto interseção de todos conjuntos P que satisfaçam os 3 postulados anteriores, e estão sujeitos a condição de que cada vetor observado (xj , yj ) ∈ P , j =1,........., u , teremos então : Dos postulados 1 e 3 ∇ ( x , y ) = ( k Σ λ j x j , k Σ λ j yj ) λj≥ 0 e Σλj=1 , com k > 0 , está em P ou fazendo k Σ λ j = Σ µ j ( Σ µ j xj , Σ µj yj ) com µ j ≥ 0 , está em P Acrescentando o postulado 2 de ineficiência ( x , y ) ∈ P se e somente se x ≥ Σ µ j xj , y ≤ Σ µj yj xxviii , para µ j ≥ 0 ∇ j Para P { (x , y) / VRS} : São atendidas as mesmas propriedades do conjunto de possibilidades de produção P { (x , y) / CRS }, excluindo-se o 3o Postulado - Raio Ilimitado. III. 2.5 Conjunto das Possibilidades da Demanda Considerando que existam v consumidores, identificados pelo índice i = 1,..., v. O iésimo consumidor escolhe um ponto, seu consumo ou demanda ci, em um determinado sub-conjunto não vazio de Rk, o conjunto de possibilidades de demanda Ci. O seu plano de demanda é uma especificação das quantidades de todos os seus insumos e de todos seus produtos. Um dado consumo ci pode ser economicamente possível e define a demanda do i–ésimo consumidor (DEBREU (1959)). Em analogia aos resultados apresentados por DEBREU, consideramos um conjunto de m transações realizadas em diferentes escalas e processos. Um comprador qualquer compra uma mercadoria, cuja ação de compra é definida pelo insumo, valor pago, representado pelo preço da mercadoria como variável y e pelo produto, a posse da mercadoria, representada pelas propriedades físicas da mercadoria, como variável xz , z = 1,..., l, tais como: padrão, qualidade, dimensão, data, alocação, entre outros. Os v consumidores apresentam diferentes escalas de consumo em função do valor pago, y insumos para consumirem xz produtos homogêneos, que definem o conjunto de possibilidades de demanda Ci. Desta forma, o consumidor tem como objetivo minimizar o seu insumo, i.é, o valor pago na transação da mercadoria. Então, procura alcançar a fronteira das possibilidades da demanda, que é definida pela melhor tecnologia e contém os v planos de demanda, representadas por Ci que pertencem a Rk, o espaço mercadoria. A fronteira das possibilidades de demanda representa o lócus dos menores preços alcançados pelas mercadorias, que tenderam a beneficiar o consumidor. Onde o preço alcançado é mínimo, em função das propriedades físicas da mercadoria. Sendo, C= {( y , x ) / x = f ( y ) seja CRS} ⊇ C= {( y , x ) / x = f ( y ) seja VRS } (III.2.5) Por analogia define-se o conjunto de possibilidades de demanda C k como mostra a figura 6: Figura 6 – Conjunto de Possibilidades da Demanda xxix As definições e postulados formais sobre o espaço das possibilidades de demanda baseiam-se nos axiomas de SHEPHARD (1953) (1970), já representados no item 2.5. x C (y,x) y Figura 7 – Transposição do Gráfico de Conjunto de Possibilidades da Demanda y C(x,y) x xxx A transposta da equação III.2.5 resulta em : C= {( x , y ) / y= f ( x ) seja CRS} ⊇ C= {( x , y ) / y = f ( x ) seja VRS } (III.2.6) A fronteira das possibilidades da demanda é simétrica à fronteira da oferta, representa o lócus dos preços dos imóveis que tenderam a beneficiar o comprador, onde o valor de mercado alcançado é mínimo. (GARÓFALO (1976)) Para realizarmos a aplicação gráfica dos dois conjuntos, simultaneamente, realizamos a transposição do gráfico do Conjunto das possibilidades da Demanda, figura 6. De tal forma, que obtenhamos a mesma relação de eixos do gráfico do Conjunto de Possibilidades da Oferta, figura 3. III. 2.6 Modelagem Econômica segundo Debreu Fazemos um parênteses na modelagem do Espaço Mercadoria, para retratar a definição de uma Economia realizada por DEBREU (1959) 3: Uma economia E é representada pelos i = 1,....., m, subconjuntos não vazios de C i de Rk e pelos j = 1,....., n , subconjuntos não vazios de P j de R k; { ci ∈ C i } e { pj ∈ P j } ∈ R k (III.2.3) Dado um estado ((ci),( pj)) de E, o ponto c – p é chamado de demanda líquida e representa as transferências entre os agentes, como ci ∈ C i para todo i e pj ∈ P j para todo j , então c - p ∈ C – P. Desta forma c – p cancela toda a transferência de mercadorias entre os agentes econômicos ( onde cada transferência aparece para um agente como insumo com sinal positivo e para o outro como produto com sinal negativo); c - p descreve portanto o resultado líquido da atividade de todos os agentes juntos. Isso representa que, quando a coordenada de c - p é positiva, os insumos ou produtos são transferidos entre os agentes da Economia. Se ci ∈ C ___________________________________________ 3 Os insumos e produtos considerados neste capítulo representam as trocas de mercadorias realizadas entre os agentes econômicos, desta forma diferem das proposições realizadas nos capítulos anteriores. Os vetores e conjuntos estão caracterizados distintamente em relação aos capítulos anteriores, pela consideração do sublinhado sob os caracteres alfa-numéricos. xxxi i para todo i e pj ∈ P j para todo j, a demanda líquida ci – pj pertence ao conjunto C i - P j (DEBREU (1959)). Estas (m+n) ações não são necessariamente compatíveis com os recursos totais. Desta forma, o ponto c – p – w é denotado z e denominado excesso da demanda. Ele descreve o excesso da demanda líquida de todos os agentes sobre os recursos totais e pertence ao conjunto C – P – {w}, o qual é denominado Z ; Um estado ((ci),( pj)) de E é denominado Equilíbrio de Mercado se seu excesso da demanda for igual a 0 e pode ser expresso por c – p = w, i.é, a demanda líquida é igual aos recursos totais. O conjunto de mercados em equilíbrio de E é representado por manifolds lineares em R k (m+ n) denominado M ; Um estado ((c i),( p j )) de E é dito de ser atingível se satisfaz as restrições: a) c i ∈ C i para todo i, p j ∈ P j para todo j , c – p = w Isto representa que o consumo de cada consumidor deve ser possível para ele, a produção de cada consumidor deve ser possível para ele, e o estado deve ser um mercado em equilíbrio, i.é, a demanda líquida deve ser igual aos recursos totais. O conjunto de estados alcançáveis de E é um subconjunto de Rk (m+n) denominado de A, o Conjunto da Oferta e da Demanda. De acordo com a : b) A é a interseção de (∏i C i ) x (∏ j P j ) i =1,..m e j = 1,...,n e M . 4 III. 2.7 Conjunto das Transações Realizadas no Mercado Imobiliário Por analogia ao capítulo 2.6, definimos o conjunto de um estado alcançável de uma Economia, o Conjunto que representa as transações realizadas de imóveis do Mercado Imobiliário avaliado, Ai, conforme figura 8, representado em gráfico de ____________________________________________________________ 4 Considerando um sistema social formado por m agentes econômicos. O iésimo agente deve escolher uma ação a i de um conjunto Ai de ações possíveis para ele. Quando cada agente fez sua escolha, o resultado da atividade social está determinada. Então a atividade social é caracterizada por uma m-upla (ai), um elemento de ∏ A i . No caso : ∏ C i = C 1 x C 2 x......x C i x.........x C m forma simplificada a partir de duas variáveis, valor e área construída. O conjunto Ai xxxii é encapsulado pelas Hiperplanos das Fronteiras da Oferta e da Demanda e pertencente ao Espaço Mercadoria. Y Y i (max) FronteiradaOferta Αι Y i (min) Fronteira X Xi da Demanda Figura 8 – Ai (x,y) Mercado Imobiliário No caso enfocamos uma sub-economia da economia de proprietários privados, o Mercado Imobiliário, Ai. O espaço mercadoria representa a interação exclusiva de dois agentes, o consumidor e o vendedor, operando em um mercado em equilíbrio , c – p = w, i.é., as trocas ocorrem exclusivamente entre os agentes, a demanda líquida é igual às transferências realizadas entre o consumidor e o vendedor. Um agente fornece o produto que é o insumo do outro agente. Então o conjunto excesso da demanda é um conjunto vazio. As relações dos agentes e elementos econômicos são representadas matematicamente a partir das seguintes proposições: 1. Definimos a mercadoria a q com q = (1,...,c,...,o ) ; 2. { a q ∈ R k} e { ∃ A k subconjuntos distintos ∈ R k ⁄ se a c ≡ a i ⇒ (a c ∧ a i )∈ A k ⁄ A k ⊆ R k ∧ A k ∩ A k-1 = ∅ }, para k mercadorias distintas com 1 ≤ k ≤ s ; 3. { Para ∀ a q ∃ c i ∧ p j } 4. { ∃ v consumidores ⇒ c i ∈ Ci conjunto das possibilidades da demanda com i = (1,....,v ) / C ∈ Rk} 5. { ∃ u produtores ⇒ p j ∈ Pj conjunto das possibilidades da oferta com j = (1,......, u ) / P ∈ R k A Teoria da Oferta e Demanda explica o conflito em que se promove o atendimento das expectativas do consumidor e do vendedor ou produtor. xxxiii 5 (GARÓFALO (1976)) Modelar a imperfeição do mercado em estudo é a principal contribuição do método. As possibilidades de valor para uma mesma propriedade do imóvel estão contidas entre as fronteiras. Como ocorre para a Avaliação pelo método estatístico, a aplicação do método EDO determina um intervalo para a variação dos valores do imóvel através de suas projeções nas fronteiras, diferença entre a variável Yi max e Yi min conforme figura 8 para Xi. III. 2.8 Conjuntos da Ótica do Comprador, da Ótica do Vendedor e Competitivo Em resumo, a fronteira do conjunto das possibilidades da oferta representa a eficiência máxima na ótica do vendedor, definida pelo maior preço alcançado pelo imóvel e contém as demais transações ineficientes. Da mesma forma, a demanda mínima é representada pela superfície definida pelo menor preço alcançado por um imóvel e contém as demais transações ineficientes, representa então, a eficiência máxima da demanda na ótica do comprador. Quando se forma no mercado o valor de algum bem é porque a utilidade e a escassez se exprimem concretamente na procura por parte dos compradores, de um lado, e na oferta por parte dos vendedores, de outro. O valor de mercado se forma pela interação de duas ordens de influência, as da procura e da oferta. Cada agente econômico atinge uma posição de equilíbrio quando maximiza algo. Um consumidor maximiza a satisfação ou utilidade, sujeito a uma restrição orçamentária. Um empresário maximiza o lucro, sujeito a uma restrição imposta pela função de produção. Quando o preço de uma mercadoria apresenta tendência em benefício de um dos agentes econômicos envolvidos, pode-se afirmar que o seu preço foi eficiente _______________________________ 5 Um indivíduo que compra um apartamento, um carro, ou qualquer outra mercadoria para seu próprio uso e depois a vende, adota o comportamento de agentes econômicos distintos. O comportamento do consumidor no atendimento de sua própria necessidade e o comportamento do produtor que beneficia a mercadoria e a seguir a disponibiliza (DEBREU(1952)). segundo a ótica do comprador ou a ótica do vendedor. Agora, quando o preço não apresenta tendência em benefício de algum dos agentes, pode-se dizer que o preço é competitivo. xxxiv SAMUELSON (1975) descreve a relação e a variação entre as Escalas ou Curvas da Demanda e da Oferta.6 Define o Equilíbrio entre a Oferta e a Demanda em um mercado como o ponto de equilíbrio que ocorre na interseção desta curvas, aonde o valor de mercado foi alcançado e a venda realizada. Neste ponto a quantidade demandada é igual a oferecida e promove a satisfação ao comprador e ao vendedor. A análise combinada da demanda e da oferta determina o valor de mercado de um bem.7 O valor de equilíbrio competitivo, ou seja, o único valor de mercado que pode durar, é aquele ao qual as quantidades voluntariamente procuradas são iguais . De acordo com SAMUELSON (1975) o significado de equilíbrio competitivo pode ser definido como a resposta à seguinte pergunta: qual é o valor de mercado em que ocorrerá a igualdade da quantidade do bem que os consumidores estão dispostos a continuar comprando com aquela quantidade do bem que os produtores estão dispostos a continuar oferecendo? 8A este valor, ao qual há igualdade entre as quantidades programadas que os fornecedores e os consumidores querem continuar vendendo e comprando, e somente este valor competitivo, é o valor de mercado para o qual não haverá tendência para uma elevação ou queda de preço.9 Face ao comportamento dos agentes econômicos, as transações podem apresentar tendência de valor, que beneficie um agente em relação ao outro. Os imóveis que apresentaram na transação essa tendência, foram agrupados nos conjuntos da ótica do comprador e da ótica do vendedor, já os imóveis que na transação não apresentaram condições em benefício de um dos agentes, foram considerados como pertencentes ao conjunto competitivo. De forma simplificada representamos na figura 9 o conjunto das Transações realizadas subdividido em três Subconjuntos: Conjunto Competitivo, Conjunto da Ótica do Comprador e da Ótica do Vendedor. Os imóveis cujos preços de transação tenderam a beneficiar o comprador, foram agrupados no conjunto da ótica do comprador. Os imóveis cujos preços de transação tenderam a beneficiar o vendedor, foram agrupados no conjunto da ótica do vendedor. Já o conjunto Competitivo é formado pelos imóveis que não apresentaram tendência em benefício de algum dos agentes econômicos, são considerados como imóveis com preços competitivos e que viabilizam o mercado imobiliário. xxxv Valor Conjunto Vv ÓticaVendedor Conjunto Competitivo Vc Conjunto Ótica Comprador Área Figura 9 - Conjunto da Ótica do Vendedor; do Comprador e competitivo _______________________________ 6 A lei da procura em função da variação do valor explica a forma decrescente e convexa da curva da Demanda em relação a origem, seu enunciado descreve que: o aumento do valor de mercado de um bem promove a diminuição da quantidade consumida deste bem, ou inversamente, a redução do seu valor de mercado promoverá um aumento da quantidade consumida. A lei da oferta e a lei dos rendimentos decrescentes em função da variação do valor explicam a forma convexa da curva em relação ao incremento da quantidade ofertada de um produto, seu enunciado descreve que: o aumento do valor de mercado de um bem estimula o incremento da quantidade ofertada, ou inversamente, a diminuição do seu valor de mercado promove a redução da oferta. Para tanto, é considerada constante a variação dos demais componentes econômicos relacionados. 7 Como descreve GARÓFALO et al. (1976), a análise da oferta é simétrica à análise da demanda, muito embora a demanda esteja associada à teoria do consumidor e, portanto às curvas de indiferença. A oferta está relacionada à Teoria da Produção dependente da escassez. Efetivamente, os fatores de produção que tornam viável a existência da oferta de determinado bem são limitados, desta forma condicionam a oferta. 8 O mercado imobiliário não pode ser considerado como um mercado perfeito, mas a filosofia da viabilidade econômica de mercado é intrínseca à sua sobrevivência. Só existe mercado quando os agentes econômicos são satisfeitos, desta forma é proposta na metodologia desenvolvida a conjectura de uma região central do espaço mercadoria que atende a esta condição. 9 Nesta interseção e somente nela estarão todos satisfeitos: o vendedor ou leiloeiro; o fornecedor e o consumidor. As variações do valor de um bem ou seja o seu preço é definido pelas curvas da oferta e da demanda. Em um mercado competitivo, o ponto de equilíbrio ocorre na interseção desta curvas, aonde o valor de mercado foi alcançado e a venda realizada. Neste ponto a quantidade demandada é igual a oferecida e promove a satisfação ao comprador e ao vendedor, sem tendência que sobreponha vantagem de um sobre o outro. No caso do valor de mercado do bem estar acima da interseção da oferta e da demanda, é fato que também ocorre a identidade estatística da quantidade comprada e vendida. Mas, esta quantidade medida, reflete uma maior ansiedade de venda pelo vendedor do que a de compra pelo consumidor. O excesso da oferta sobre a demanda programada exercerá uma pressão de baixa do valor de mercado, até que este atinja o nível de equilíbrio competitivo em que as duas curvas se cruzam. xxxvi O método EDO define as fronteiras entre estes três conjuntos, permitindo assim determinar o intervalo de valor competitivo em função das propriedades dos imóveis. Na figura 9, o intervalo está representado entre Vv e Vc10. III. 3 - Método da Envoltória sob Dupla Ótica - EDO III. 3.1 - Modelos Clássicos DEA Os modelos clássicos DEA originaram-se de formulação fracionária muito utilizada em engenharia para a medida de produtividade, equação 4. O quociente da soma ponderada de produtos pela soma poderada de insumos utilizados pela unidade Ok. s m insumos eficiência= Ok ∑ urk yrk r =1 m (III.3.1) ∑ vik xik s produtos i =1 FIGURA 10 Esta equação de eficiência requer a definição de um conjuntos de pesos (ou multiplicadores), o que resulta em processo de grande complexidade, particularmente se o mesmo conjunto de pesos é aplicado a todas as unidades a analisar. O método CCR (CHARNES, COOPER and RHODES (1978)) considera que cada unidade tem o objetivo de maximizar a sua eficiência. Assim, utiliza um sistema particular de valores para o conjunto de pesos através da auto definição. Como resultado formularam um problema de programação fracionária linear (PPFL) em que a eficiência é calculada para cada unidade k, conforme equação III.3.2: _____________________________ 10 A definição de Vv e Vc se encontra no capítulo IV.2 pp.43 . xxxvii s = Max h k ∑ urk yrk r =1 m (III.3.2) ∑ vik xik i =1 Sujeito a : s ∑u r =1 m ∑v i =1 y rj rk ik vik i =1 ik ≥ ε , i = 1,...., m xik u rk ≥ ε , r = 1,..., s m ∑v i =1 ik j = 1,....., n xij m ∑v ≤ 1, xik O PPFL formulado promove a análise comparativa da eficiência entre n Unidades avaliadas, com m produtos e s insumos. A eficiência de cada Unidade Ok, é avaliada pela razão da combinação linear dos produtos denotados por ( yrk > 0 ) pela combinação linear dos insumos denotados por ( xik > 0 ). Sujeita à restrição de normalização da eficiência, de ser menor ou igual a um, para todas as j Unidades avaliadas com j variando de 1 a n, e determinada pela razão da combinação linear dos produtos denotados por ( yrj >0 ) pela combinação linear dos insumos denotados por ( xij > 0 ). As restrições da razão dos pesos ( vik e uik ) da Unidade Ok pela combinação linear dos insumos denotados por ( xik > 0 ) de ser maior que o valor infinitesimal ε. A solução do PPFL (5) encontra infinitas soluções ótimas, se ( u* , v* ) é uma solução ótima, então ( βu* , βv* ) também é uma solução ótima para β > 0. A transformação do problema de programação fracionária em um problema de xxxviii programação linear (PPL) foi desenvolvida por CHARNES e COOPER (1982), pela inclusão da restrição da combinação linear dos insumos ser igual a 1, que resultou na formulação do PPL insumo-orientado, equações III.3.5 e III.3.6 e do PPL produtoorientado, equações III.3.3 e III.3.4, a seguir. A equação III.3.3 é o PPL Dual da equação III.3.4. As equações III.3.5 e III.3.6 originadas dos PPLs insumo-orientados dos mesmos estudos, foram modificados nesta tese conforme descrito no capítulo III.3.2. III. 3.2 - Método da Análise Envoltória sob Dupla Ótica - EDO O Método da Análise Envoltória sob Dupla Ótica (EDO) utiliza os modelos DEA clássicos com Retornos de Escala Constantes (CRS), desenvolvidos por CHARNES, COOPER and RHODES (1978) e de Retornos de Escala Variável (VRS) , desenvolvidos por BANKER et al. (1984). Modelo Produto-orientado ( produto) CRS Y h’ Y K VRS X ( insumo) Figura 11 – Gráfico Modelo Produto – Orientado CRS e VRS O método EDO tem como objetivo medir a eficiência das unidades observadas sob a Ótica de maximização dos produtos e sob a Ótica de minimização dos insumos simultaneamente, considerando que os insumos sob uma Ótica são os produtos sob a outra Ótica e vice-versa, conforme a figura 11 e 12. xxxix Modelo Insumo - orientado ( produto) CRS X hY VRS k Y ( insumo) Figura 12 – Gráfico Modelo Insumo – Orientado CRS e VRS Para obter a mesma relação de eixos do gráfico da figura 11– Modelo Produtoorientado, realizamos a transposição do gráfico da figura 12, Modelo Insumoorientado, de tal forma que no gráfico da figura 13, Modelo Insumo-orientado (transposto), o eixo X seja a abcissa e o eixo Y a ordenada. Modelo Insumo-orientado ( transposto ) ( insumo ) Y hY k X (produto) Figura 13 – Gráfico Modelo Insumo – Orientado CRS e VRS - Transposto xl A conjunção gráfica do Modelo Insumo-orientado, figura 13, com o Modelo Produtoorientado, figura 11, permite estabelecer os limites do espaço mercadoria (DEBREU(1959)), que se encontra contido pelas superfícies envoltórias. O conjunto das Transações Realizadas pertence ao espaço mercadoria e é resultante da interseção do conjunto de possibilidades da oferta com o conjunto das possibilidades da demanda conforme estabelecido no capítulo III.2.7. SUPERFÍCIE DA OFERTA Preço I2 6 I 8 I3 9 1 7 3 2 I I I I1 2 I10 I1 I1 I13 I21 I16 7 I18 I 6 I19 I I 5 2 I17 I14 4 2 SUPERFÍCIE DA DEMANDA 5 Área do Imóvel Figura 14 – Gráfico Método EDO DEA VRS Na Figura 14 é representado um conjunto de transações realizadas de imóveis contido pelas superfícies envoltórias. Cada ação de transação exercida sobre cada mercadoria é representada vetorialmente pelos dados de preço e área do imóvel, insumo e produto respectivamente, na ótica insumo-orientada e vice-versa na ótica produtoorientada. A superfície envoltória da oferta é formada pelas mercadorias que na transação foram eficientes na ótica do vededor. A superfície envoltória da demanda é formada pelas mercadorias que na transação foram eficientes na ótica do comprador. As mercadorias ineficientes sob as duas óticas não pertencem às superfícies e pertencem ao espaço mercadoria contido pelas duas superfícies. Os PPLs que definem as superfícies envoltórias e determinam as eficiências de cada transação estão formulados a seguir. Para o modelo produto-orientado pelas equações (III.3.3) e (III.3.4). xli Problema dos Mulitiplicadores (Primal) Problema do Envelope (Dual) max H ' k = h' k m ( III .3.3) n tq. xik ≥ ∑ λ jk xij , min Qk = ∑ vik xik + uok i = 1,...., m s j =1 ∑µ tq. n h' k y rk ≤ ∑ λ jk y rj , ( III .3.4) i =1 r =1 r = 1,....., s s m r =1 i =1 rk yrk = 1 ∑ µrk yrj − ∑ vik xij + uok ≤ 0, j =1 j = 1,....n vik ≥ 0 λ jk ≥ 0 µ rk ≥ 0 Para CRS ou CCR sem acréscimo de restrição u ok = 0 Para VRS ou BCC Σλjk = 1 u ok irrestrito A transposição da matriz insumo-produto na relação originariamente estabelecida para o modelo insumo-orientado, implica para a formulação do método EDO, na troca do insumo X pelo produto Y e vice-versa. Então, o modelo insumo-orientado transposto é formulado pelas equações (III.3.5) e (III.3.6). Problema do Envelope ( Dual ) min H k = hk ( III .3.5) n tq. hk y xk ≥ ∑ λ j y rj , r = 1,...., s j =1 n Problema dos Mulitiplicadores (Primal) m max Wk = ∑ vi xik + u * k i =1 s ∑µ tq. xik ≤ ∑ λ j xij , r =1 i = 1,....., m j =1 m ∑v i =1 Para VRS ou BCC y rk = 1 s k xij − ∑ µ r y rj + u * k ≤ 0, r =1 vik ≥ 0 λ jk ≥ 0 Para CRS ou CCR k ( III .3.6) µ rk ≥ 0 sem acréscimo de restrição Σλj = 1 u*ok = 0 u*ok irrestrito xlii j = 1,....n A metodologia EDO determina as superfícies envolventes, superfícies da fronteira da Oferta e da Demanda, correspondentes respectivamente as superfícies produto e insumo-orientadas, conforme ilustrado pela figura 14. A eficiência de cada transação do imóvel é avaliada sob cada Ótica simultaneamente. xliii CAPÍTULO IV MÉTODO EDO APLICADO NA AVALIAÇÃO IMOBILIÁRIA IV. 1 – Metodologia Preliminarmente desenvolveremos a modelagem do método EDO aplicado em avaliação imobiliária e ao final analisaremos comparativamente com o método da Análise de Regressão Múltipla usualmente mais utilizado com este objetivo. A aplicação do método EDO na avaliação imobiliária é realizada de acordo com o que estabelece o método comparativo da Engenharia de Avaliação e tem o propósito de determinar as fronteiras do conjunto competitivo, definidas pelas superfícies limítrofes com os conjuntos da ótica do vendedor e do comprador. Na transação do imóvel sob a Ótica do vendedor, o preço de venda é considerado como produto e as variáveis de propriedades físicas do imóvel são consideradas como insumos. Já sob a Ótica do comprador na transação do imóvel, o preço da compra é considerado como insumo e as variáveis de propriedades físicas do imóvel são consideradas como produtos. A eficiência da transação de cada imóvel sob a ótica do vendedor é determinada pelo método EDO modelo Produto-orientado, equações III.3.3 e III.3.4. Os imóveis eficientes segundo a ótica do vendedor têm eficiência igual a um e pertencem à fronteira. A eficiência da transação de cada imóvel sob a ótica do comprador é determinada pelo método EDO modelo Insumo-orientado, equações III.3.5 e III.3.6. Os imóveis eficientes segundo a ótica do comprador têm eficiência igual a um e pertencem à fronteira. Os demais imóveis ineficientes não pertencem à fronteira e tem eficiência menor do que um. Como verifica-se na figura 15, na ótica do vendedor a variável h’ é a maior percentagem que aplicada a todos os produtos YK do imóvel OK, estes ainda são iguais ou inferiores aos produtos Σλjk Yrj, obtidos por uma unidade eficiente fictícia projetada. Este incremento proporcional é aplicado a todos os produtos e resulta em um movimento radial direcionado à superfície envolvente tal como uma projeção. Y h' Yk Superfície Produto-Orientado Yk Superfície InsumoOrientado h Yk X Figura 15 – Gráfico Método EDO DEA VRS ( projeção nas superfícies) Na ótica do comprador, a variável h é a menor percentagem que aplicada a todos os insumos YK do imóvel OK, estes ainda são iguais ou superiores aos insumos Σλjk Yrj , obtidos por uma unidade eficiente fictícia projetada. Esta redução proporcional é aplicada a todos os insumos e resulta em um movimento radial direcionado à superfície envolvente. O valor determinado pela projeção na fronteira da ótica do vendedor de um imóvel k qualquer, é igual ao produto do inverso da eficiência determinada pelo preço de transação desse imóvel (1/h’ x Yk ). O valor determinado pela projeção na fronteira da ótica do comprador é igual ao produto da eficiência alcançada pelo preço de transação desse imóvel ( h x Yk ). O intervalo entre (1/h’ x Yk ) e ( h x Yk ) representa as possíveis variações de valor do imóvel para determinadas propriedades físicas. Como se verifica no item III.2.1.8, os três conjuntos de interesse são definidos segundo a tendência do valor alcançado na transação em benefício de cada agente econômico. Para tanto, realizamos uma heurística que permite definir se o valor da transação do imóvel pertence ao conjunto da ótica do comprador ou do vendedor ou então ao conjunto competitivo, através de critérios de níveis eficiência. ii IV. 2 – Heurística Aplicamos uma heurística para ajustar as fronteiras dentro de determinados parâmetros de eficiência, que permitam configurar os conjuntos de imóveis com transação eficiente sob a ótica do vendedor e sob a ótica do comprador. A finalidade deste processo é a configuração do conjunto competitivo, onde os imóveis em que o equilíbrio entre compra e venda prevaleceu (SAMUELSON (1975)) e para os quais, não foi verificada a tendência de valor em benefício de algum dos agentes. Para as novas avaliações, como ilustra a figura 16, o intervalo determinado entre a superfície limítrofe entre o conjunto competitivo e o conjunto da ótica do comprador e a superfície limítrofe entre o conjunto competitivo e o conjunto da ótica do vendedor determina o intervalo de variação das possibilidades de valor de um imóvel em função da variável de propriedades físicas. A amplitude das possibilidades de valor do imóvel, corresponde ao intervalo entre as projeções do preço do imóvel para as fronteiras do conjunto competitivo. Como ferramenta para medir a amplitude e propiciar um mecanismo de ajuste entre as fronteiras do conjunto competitivo, criamos o IDRF- Índice da Distância Relativa entre Fronteiras, equação IV.2.1, ilustrado na figura 16. IDRF = ( Vv - Vc ) Vm , sendo Vm = Vv + Vc 2 (IV.2.1) onde: Vv = Valor máximo virtual do imóvel – Projeção na Fronteira da Oferta Vc = Valor mínimo virtual do imóvel – Projeção na Fronteira da Demanda Vm = Valor médio virtual do imóvel Os valores virtuais foram calculados em função da eficiência determinada pelo software Frontier Analyst para cada Ótica equações IV.2.2 e IV.2.3. Ótica do vendedor Ótica do comprador Ef v = Vo Vv Ef c = Vc Vo V v = Vo ⇒ Vv = Vo Ef v h’ V c = Vo x Ef c ⇒ Vc = Vo x h (IV.2.3) (IV.2.2) iii onde : Vo = Preço do imóvel avaliando Ef v = Eficiência relativa á fronteira da Ótica do Vendedor Ef c = Eficiência relativa á fronteira da Ótica do Comprador Segundo a opinião de especialistas de avaliação imobiliária, o IDRF considerado ideal, para definir o conjunto competitivo é menor ou igual a 25%, que será a meta utilizada nesta tese, para a definição do conjunto competitivo. Valor Conjunto ÓticaVendedor ID Vv RF Conjunto Vc Competitivo Conjunto Ótica Comprador Área Figura 16 – Resultado Esquemático da Aplicação da Heurística IV. 3 – Base de Dados Do Sistema de Informações Imobiliárias da Caixa Econômica Federal do Rio de Janeiro foi extraída uma base de dados contendo informações de preços de imóveis localizados no município do Rio de Janeiro (PAIVA (2.000)). Esses preços foram obtidos de transações registradas em escrituras de vendas realizadas de 1.256 apartamentos e 281 casas no primeiro trimestre de 2.000, complementadas com vistorias in loco, cadastradas em 60 dados de características ou propriedades físicas para cada imóvel. Com vistas a formar uma amostra homogênea, a consideramos originalmente formada pelos 1.256 apartamentos cadastrados, excluindo assim as 281 casas. iv O processo de determinação da eficiência pelo método EDO a partir do conjunto das transações realizadas original, pode ser representado pela dispersão de pontos definidos pelos preços em função das propriedades físicas dos imóveis, como ilustra a figura 17, área e padrão de acabamento. A dispersão encapsulada pelas superfícies envolventes formuladas sob as duas óticas, como ilustra a figura 17, representa o conjunto das transações realizadas original : - A fronteira da ótica do comprador é definida pelos imóveis 26, 226 e 215, que apresentam a maior relação das variáveis acabamento/preço do imóvel e área total/preço do imóvel, tendem a beneficiar o comprador. Verifica-se que mantidos constantes o acabamento e a área total de um imóvel qualquer, este tende para a fronteira da ótica do comprador quanto menor for o preço pago. - A fronteira da ótica do vendedor é definida pelos imóveis, 79, 53, 209 e 188, que apresentam a menor relação das variáveis acabamento/preço do imóvel e área total/preço do imóvel, tendem a beneficiar o vendedor. Verifica-se que mantidos constantes o acabamento e a área total de um imóvel qualquer, este tende para a fronteira da ótica do vendedor quanto maior for o preço pago. Figura 17 – Aplicação Gráfica Método EDO DEA CRS ( Padrão de Acabamento / Preço do Imóvel x Área / Preço do Imóvel ) v Como ilustra a figura 18, o geo-referenciamento dos apartamentos da amostra original permite visualizar a distribuição geográfica e a incidência de registros distribuídas pelos bairros das zonas Oeste, Norte, Centro e Sul do município do Rio de Janeiro. Figura 18 – Mapa Temático Georeferencioamento da Base de Dados O Anexo 1 apresenta o conjunto competitivo de apartamentos resultante da aplicação do método, a partir da relação de imóveis considerados como a base de dados original utilizada, correspondente a uma matriz com 1256 x 60 dados de apartamentos, que contemplam as propriedades físicas de localização, área útil, padrão de acabamento, conservação, idade do imóvel, número de quartos, número de vagas de garagem entre outras. IV. 4 – Definição das Variáveis O procedimento de escolha das variáveis se subdivide em quatro fases conforme descrito por NOVAES (1998) : 1a Fase : Definição e seleção dos imóveis a entrar na Avaliação; Para a definição e seleção dos imóveis a entrar na Avaliação é necessário assumir as seguintes proposições: vi - Mercado Imperfeito. - Avaliação realizada no curto prazo ”cross-section” desconsiderando a transposição temporal do valor. - Consumo homogêneo da população residente para determinada faixa de renda e de formação intelectual. Desenvolvemos um modelo aplicado a um sistema de informação geográfica, que permite analisar a capacidade de acolhida de uma região geográfica, esque matizado na figura 19. Um valor é calculado para que explicite a aptidão e o impacto gerado por um determinado uso. Conforme descreve OREA(1992) um modelo de impacto e aptidão determina a capacidade de acolhida de uma região para uma atividade. Esta capacidade varia espacialmente, segundo a variação da aptidão e do impacto avaliados, sendo as melhores áreas para a instalação de uma atividade, aquelas em que se minimize o impacto e se maximize a aptidão, onde ocorre a otimização do uso do ambiente geográfico sob a ótica da atividade avaliada. Analogamente construímos um modelo espacial de análise multicritério em ambiente do Sistema de Informação Geográfica, denominado de Modelo da Capacidade C r i t é r i o R e n d a C h e f e F a m í li a ( V 1 1 0 1 1 1 0 0 1 0 1 1 0 0 0 0 1 0 1 D u m m y ) 0 1 1 a r i á v e l 0 0 C V r i t é r i o d e i z i n h a n ç a ( V a r i á v e l D u m m y ) C r i t é r i o N í v e l E s c o la r i d a d e 0 1 ( V a r i á v e l D u m m y ) S u p e r p o s i ç ã o 1 0 0 0 1 0 M o d e lo d e C a p a c i d a d e 0 0 1 ( V T e s t e L ó g i c o a r i á v e l D u m m y ) F i g Figura u r a 194 – Modelo – M de o Avaliação d e l o de A Impacto M C e -Aptidão S I Gde uma Região vii (CANO (1996)), figura 19, que foi aplicado com o objetivo de escolher os bairros cuja população residente, apresentasse características de consumo homogêneo e assim explicasse a preferência por determinado tipo de imóvel. Figura 20 – Mapa Temático dos chefes de família com 15 anos de estudo Os critérios utilizados para definir o comportamento de consumo homogêneo, da população residente nos bairros da cidade do Rio de Janeiro, foram : - de 17 a 58% dos chefes de família tenham mais de 15 anos de estudo (cor: azul turquesa); - a renda média dos chefes dos domicílios se situe entre 4,8 a 15 salários mínimos (cor: verde); - conjunto contínuo de bairros limítrofes, localizados nas Zona Sul, Centro ou Norte do município do Rio de Janeiro. viii Figura 21 – Mapa Temático renda média chefes dos domicílios entre 4,8 a 15 salários mínimos - Imóveis localizados em região urbanizada com logradouros ou cercanias pavimentados, iluminados, arborizados e com calçamentos, contemplados com todos serviços públicos de infra-estrutura, tais como água, esgotamento sanitário e pluvial, luz, gás, telefone e transporte; serviços comunitários a uma distância de até 2 km, tais como escolas, postos de saúde, delegacias, templos religiosos, recreação e lazer; serviços gerais a uma distância de até 2 km tais como comércio, supermercados, restaurantes e bares, farmácias e outros. - Os apartamentos sejam de uso residencial e localizados em prédios multifamiliares; O mapa temático para a verificação do 1o critério, figura 20, resultante da utilização do aplicativo RIO-ATLAS (1998), distingue com a cor azul claro, os bairros que de 17 a 58% dos chefes de família residentes, tenham mais de 15 anos de estudo. Já o mapa temático utilizado para a definição do 2o critério, figura 21, distingue com a cor ix verde, os bairros que os chefes do domicílio residentes, tenham renda de 4,8 a 15 salários mínimos. Na modelagem consideramos o atendimento a cada critério contabilizado por uma variável “dummy”, ver figura 19, i.é, no caso do bairro atender ao critério obteve o peso de 1 ponto, caso contrário, de zero pontos. Os bairros escolhidos foram aqueles em que o somatório dos pesos atribuídos pelos critérios alcançaram o maior valor, que ocorreram para os bairros de Botafogo, Catete, Copacabana, Flamengo, Glória, Laranjeiras, Leme, Maracanã, Santa Teresa e Tijuca. Este resultado implica na seleção de 242 apartamentos, relacionados no Anexo 1, formadores do conjunto de transações realizadas a ser utilizado nesta tese, por estarem localizados nos bairros escolhidos . 2a Fase: Determinação das variáveis de propriedades físicas dos apartamentos, que são relevantes e apropriadas para determinar o valor de um imóvel: A relação inicial de variáveis deve ser a mais abrangente possível. A seleção deve considerar a escolha das variáveis que acentuem as diferenças básicas entre as unidades avaliadas. As variáveis de insumo e produto podem ser total ou parcialmente controláveis ou fora de controle e ainda quantitativas ou qualitativas: para as variáveis quantitativas adotam-se os valores físicos ou econômicos mensuráveis apurados e; para as variáveis qualitativas, estimam-se valores relativos que representem a diferenciação entre os resultados qualitativos apresentados pelos imóveis da amostra. Outro elemento fundamental é verificar a origem da informação e a sua data, para que a comparação se realize através de parâmetros padronizados. Como primeiro passo o método propõe a redução do número de variáveis, através de seleção criteriosa. Um refinamento é realizado, composto de três estágios onde todas variáveis serão analisadas e estudadas. Este procedimento definido por GOLANY e ROLL (1989), compreende um exame crítico realizado por especialistas, selecionando as variáveis que participarão do modelo. x Para as variáveis qualitativas, através do mapeamento cognitivo realizado junto aos expertos em avaliação imobiliária, foi elaborada uma escala de valores que representasse a sua variação em função de aspectos subjetivos. Em sequência, foi aplicada a Análise de Correlação com o objetivo de excluir as variáveis redundantes. Este processo resultou na escolha das dez variáveis a serem utilizadas na modelagem do Espaço Mercadoria a ser avaliado: Preço do Imóvel; Valor Unitário do Padrão Residencial; Área Total; Número de Vagas por Apartamento; Equipamentos; Padrão de Acabamento; Conservação do Imóvel; Nível ou Andar do Imóvel; Depreciação (Idade do imóvel), e; Número de Imóveis por Andar servidos pelo mesmo Acesso Social. A variável do valor unitário do padrão residencial de 1998 de cálculo do Imposto Predial e Territorial Urbano da cidade do Rio de Janeiro, foi obtida da Planta de Valores da Prefeitura do município do Rio de Janeiro (1998) e georeferenciada para cada imóvel. Esta prática permitiu explicitar ou representar a heterogeneidade interna de um bairro, através da variação qualitativa da localização do imóvel e ainda promover uma homogeneização com outros imóveis de bairros distintos. As variáveis que sofreram algum tratamento para adequá-las ao processo foram : Número de vagas por apartamento: Quando o número real de vagas levantadas por apartamento foi maior ou igual a 1, foi aplicado o peso de 10 sobre o número real de vagas, e; quando o número real de vagas levantadas por apartamento foi igual a zero, foi atribuído o valor 1 para a variável; Equipamentos: O valor da variável equipamentos é resultante do somatório dos pesos, atribuídos por especialistas para cada equipamento disponível para uso exclusivo do apartamento ou de uso comum de todos os apartamentos do prédio, conforme planilha do anexo 2; Padrão: O valor da variável padrão é resultante do somatório das notas ponderadas de padrões de acabamento de fachada, ambiente e circulação, atribuídas por especialistas, conforme planilha do anexo 2; xi Conservação: O valor da variável conservação é resultante do somatório da pontuação para o aspecto de conservação de fachadas, circulação e ambiente, atribuídas por especialistas, conforme planilha do anexo 2; Nível: O valor da variável é determinada em função do andar do imóvel. A função é determinada por formulação definida por especialistas de forma que: quando o prédio possui elevador, a variável será igual ao andar do imóvel acrescido de 4 unidades, e ; quando o prédio não possui elevador, a variável será igual à 5 unidades menos o andar do imóvel; Depreciação : O valor da variável é determinada por função logarítmica da depreciação em função da idade, variando de 100 para aptos novos até 50 para os mais antigo, com 50 anos; Número de Imóveis por Andar servidos pelo mesmo Acesso Social : O valor da variável é determinada por função logarítmica para o número de apto por pavimento por acesso social, variando de 100%, para o caso de 1apartamento por andar por acesso social até 50%, para o caso de 50 apartamentos por andar por acesso social. IV .5 – Definição do Método Após a definição dos apartamentos pertencentes ao conjunto de transações realizadas e das variáveis a serem utilizadas na modelagem, é necessário estabelecer o limite considerado ideal para o IDRF, para que se defina o conjunto competitivo. Segundo especialistas em avaliação imobiliária, este limite deve ser inferior a 25%. Conforme se verifica na figura 16, o conjunto competitivo formado pelos imóveis que atendem a esta condição, se situa na dispersão central do conjunto das transações realizadas. Os outros dois conjuntos adjacentes ao conjunto competitivo e simétricos entre si, representam o conjunto da ótica do vendedor e da ótica do comprador,. Para escolha do método EDO a ser utilizado foi verificado o comportamento da dispersão dos dados. Sob a ótica do comprador e sob a ótica do vendedor foi analisado a partir de cada gráfico o comportamento da variável preço em função de cada propriedade do imóvel. xii Ótica do Comprador Ótica do Vendedor Localizaçã o x Preço Preço x Localizaç ão 1200 200 800 100 400 0 0 0 50 100 150 200 250 0 400 Preço x Área 800 1200 100 150 Area x Preço 150 200 100 100 50 0 0 0 50 100 150 200 250 0 50 Preço x N de Vagas N de Vagas x Preço 25 20 200 15 10 100 5 0 0 0 50 100 150 200 250 0 Preço x Equipam entos 5 10 15 20 25 Equipam entos x Preço 80 200 60 40 100 20 0 0 0 50 100 150 200 250 0 25 50 Figura 22 – Gráficos Preço x Propriedade Física do Imóvel sob a ótica do comprador e do vendedor xiii 75 Ótica do Comprador Ótica do Vendedor Preço x Padrão Padrão x Preço 600 200 400 100 200 0 0 0 50 100 150 200 250 0 100 Preço x Conservação 200 300 400 500 Con s e r vação x Pr e ço 300 200 200 100 100 0 0 0 50 100 150 200 0 250 100 200 300 400 Nivel x Preço Pre ço x Nív e l 25 200 20 15 100 10 5 0 0 0 50 100 150 200 250 0 5 Preço x Depreciação 10 15 20 25 De pre cia çã o x P re ço 100 250 80 200 60 150 40 100 20 50 0 0 0 50 100 150 200 0 250 20 40 60 80 Figura 23 – Gráficos Preço x Propriedade Física do Imóvel sob a ótica do comprador e do vendedor xiv 100 120 Ótica do Comprador Ótica do Vendedor Preç o x Un p/A c es s o Un p/ Acesso x Preço Preço x Un p/Acesso 120 250 100 200 80 150 60 100 40 50 20 0 0 0 50 100 150 200 250 0 50 100 150 Figura 24 – Gráficos Preço x Propriedade Física do Imóvel sob a ótica do comprador e do vendedor Os gráficos lançados em duas colunas nas figuras 22, 23 e 24 representam as transações ocorridas em função de cada propriedade física do imóvel. Os gráficos da coluna da esquerda representam o comportamento do comprador, na transação, o insumo é o preço pago para a aquisição do produto, o imóvel, caracterizado por suas propriedades físicas. Os gráficos da coluna da direita representam o comportamento do vendedor, que através do insumo, imóvel, caracterizado por suas propriedades físicas, obtém como produto da transação, o preço pago pelo imóvel pelo comprador. Como estabelece a metodologia da Análise Envoltória de Dados a envoltória é definida pelos melhores resultados. A superfície envoltória formada é convexa para todos os casos e apresenta um rendimento decrescente com a escala, assim o método mais adequado a ser utilizado é o método EDO VRS Insumo ou Produto – Orientado, equações III.3.3, III.3.4, III.3.5 e III.3.6. IV. 6 – Modelagem do Conjunto Competitivo O processo implementado é denominado de Descascando a Cebola (TAVARES(1998)). O nome dado ao processo se verifica na prática com o procedimento adotado, que consiste em remover sucessivamente as unidades eficientes, formadoras das camadas mais externas do conjunto das transações realizadas originalmente. Quando atingida a meta de 25% estabelecida como ideal para o limite do IDRF, estará constituído o conjunto competitivo por definição. O processo foi subdividido em quatro etapas. Em cada etapa é definido um parâmetro de eficiência para os imóveis avaliados sob cada ótica, onde a eficiência xv de cada imóvel é determinada pelo método EDO VRS através do software Frontier Analyst, considerando as dez variáveis definidas no capítulo IV.4. Em cada etapa, do conjunto de imóveis avaliado, são realizadas até quatro rodadas do software FRONTIER ANALYST (1996) para eliminar os imóveis eficientes em cada rodada, que apresentem eficiência superior ao parâmetro mínimo de eficiência estabelecido para a etapa. Estes imóveis eliminados têm eficiência igual a um e pertencem à fronteira da ótica do vendedor ou à fronteira da ótica do comprador. O conjunto de imóveis eficientes eliminados segundo a ótica do vendedor, irão formar o conjunto da ótica do vendedor. Da mesma forma, os imóveis eficientes eliminados segundo a ótica do comprador, irão formar o conjunto da ótica do comprador. Ao final de cada etapa são calculados os valores virtuais máximo e mínimo, resultantes da projeção do preço do imóvel na fronteira da ótica do vendedor e da ótica do comprador respectivamente, ver anexo 3. O valor do IDRF de cada imóvel é determinado e verificado se todos os IDRFs calculados são inferiores ao limite máximo estabelecido de 25%. Caso positivo, paralisa-se o processo e considera-se consolidados o conjunto competitivo, o conjunto da ótica do vendedor e o conjunto IDRF x Valor Imovel (DEA Todos imoveis) 140% 120% 100% IDRF 80% 60% 40% 20% 0% 0 50 100 150 200 250 Valor Imovel Figura 25 – Gráfico Variação IDRF x Valor do Apto (Método EDO – Amostra original) xvi da ótica do comprador. Caso negativo, passa-se para a etapa seguinte, estabelecendo-se um novo parâmetro de eficiência máximo para que o imóvel seja considerado pertencente ao conjunto central. Os três conjuntos, considerando-se apenas duas variáveis, estão representados no gráfico da figura 16. 1a Etapa : Na primeira etapa foi realizada apenas uma rodada do software Frontier Analyst, com o objetivo de verificar o comportamento da distribuição dos 242 imóveis da amostra original entre as fronteiras. A eficiência em relação a cada ótica é determinada conforme equações, III.3.3, III.3.4, III.3.5 lll.3.6 e a partir do valor da eficência, são calculados os valores máximo e mínimo possíveis de variação do valor do imóvel, conforme equações IV.2.2 e IV.2.3, resultantes da projeção na fronteira da ótica do vendedor e da ótica do comprador, respectivamente. A partir destes valores é determinado o Índice da Diferença Relativa entre Fronteiras, IDRF, para cada imóvel, equação IV.2.1. Na primeira rodada com os 242 apartamentos escolhidos inicialmente, verificou-se a existência de valores elevados para o IDRF, como ilustra a figura 25, o IDRF máximo do conjunto, ocorre para o Apartamento de número 85 e é igual a 117%, já o IDRF Médio para todo o conjunto é igual a 55%. 2a Etapa : A 2a Etapa tem o objetivo de iniciar o processo de agrupamento dos imóveis que alcançaram eficiência máxima para cada ótica e verificar o ajuste das fronteiras do conjunto do núcleo central, com a retirada dos primeiros grupos de apartamentos formadores dos conjuntos da ótica do comprador e da ótica do vendedor. O método EDO VRS é aplicado para cada ótica e determinada a eficiência de cada imóvel e o número de vezes que este foi referência para os demais. Do conjunto original, excluímos os imóveis eficientes mais de 40 vezes referência para os demais. Os imóveis excluídos pertencem conforme o caso, ao conjunto da ótica do comprador ou da ótica do vendedor. Caso contrário, pertencem ao conjunto central remanescente. Para o conjunto remanescente, calculamos o valores virtuais máximo e mínimo e verificamos se o IDRF destes imóveis são superiores ou inferiores ao limite de 25% estabelecido. xvii Os resultados da 1a à 4a rodada para o 1o grupo de apartamentos que irão formar o conjunto da ótica do vendedor estão listados na tabela 1. Já, para o 1o grupo de apartamentos que irão formar o conjunto da ótica do comprador estão listados na tabela 2. Tabelas 1 e 2: 1o Grupo de Apartamentos dos Conjuntos da Ótica do Comprador e da Ótica do Vendedor (2a Etapa). ÓTICA DO VENDEDOR 1a RODADA Apto Unit 210 Unit 185 Unit 199 Unit 227 Unit 203 Unit 60 Unit 21 ÓTICA DO COMPRADOR 1a RODADA Eficiênc. no x Ref 100 82 100 70 100 59 100 59 100 44 100 44 100 41 Apto Unit 93 Unit 110 2a RODADA ÓTICA DO COMPRADOR 2a RODADA ÓTICA DO VENDEDOR Apto Unit 158 Unit 232 Unit 38 Unit 237 Eficiênc. 100 100 100 100 no x Ref 63 45 43 41 Apto Unit 85 Unit 98 Eficiênc. 100 100 n x Ref 80 41 3a RODADA ÓTICA DO COMPRADOR 3a RODADA ÓTICA DO VENDEDOR Apto Unit 239 Unit 214 Unit 65 Apto Eficiênc. no x Ref Unit 142 100 42 Unit 86 100 41 Eficiênc. 100 100 100 n x Ref 66 48 40 4a RODADA ÓTICA DO COMPRADOR 4a RODADA ÓTICA DO VENDEDOR Apto Unit 156 Unit 47 Unit 64 Unit 118 Unit 31 Eficiênc. n x Ref 100 94 100 73 Eficiên no x Ref 100 40 100 67 100 62 100 56 100 53 Apto Unit 112 Unit 160 xviii Eficiênc. 100 100 no x Ref 48 47 Na coluna Apto está lançada a numeração dada ao apartamento, na coluna Eficiênc., a eficiência alcançada pelo apartamento na transação realizada sob cada ótica e na coluna N x Ref, o número de vezes que o apartamento foi referência para os demais. Valor Imovel x IDRF IDRF 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 0 50 100 150 200 250 Valor Imovel Figura 26 – Gráfico Variação IDRF x Valor do Apto (Método EDO – 2a Etapa) Ao fim da 4a rodada, foram retirados 27 apartamentos da amostra original. O conjunto remanescente que irá formar o conjunto competitivo, ficou constituído por 215 apartamentos. Na 5a rodada, verificou-se ainda a existência de grande dispersão. O maior percentual ocorreu para o apartamento de número 235 com 67%. A média do IDRF ficou igual a 25%, como se verifica na figura 26. 3a Etapa : Com o objetivo. de promover o ajuste das fronteiras do conjunto do núcleo central para se obter um valor máximo do IDRF = 25%, prosseguimos a pesquisa rodando o Frontier-Analyst até a 8a Rodada. O critério adotado foi o de agrupar por rodada os imóveis eficientes e que eram mais de 15 vezes referência para os demais imóveis, tanto para a ótica do comprador quanto para a ótica do vendedor. Da 5a até a 8a Rodada foram excluídos do conjunto do núcleo central, 57 apartamentos e verificada a variação do IDRF dos 158 apartamentos que permaneceram. xix Tabelas 3 e 4 : 2o Grupo de Apartamentos dos Conjuntos da Ótica do Comprador e da Ótica do Vendedor (3a Etapa). ÓTICA DO VENDEDOR 5a RODADA Apto Eficienc N x ref Unit 205 Unit 243 Unit 53 Unit 120 Unit 189 Unit 135 Unit 231 Unit 29 Unit 24 Unit 102 Unit 182 Unit 115 Unit 17 Unit 206 Unit 62 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 34 34 31 28 28 27 25 25 22 21 20 18 18 18 16 6a RODADA Apto Eficienc Unit 196 100 Unit 14 100 Unit 197 100 Unit 44 100 Unit 89 100 Unit 141 100 7a RODADA Apto Eficienc N x ref 24 19 18 17 16 16 N x ref Unit 99 100 Unit 190 100 Unit 127 100 8a RODADA 18 17 16 Apto Eficienc N x ref Unit 154 Unit 116 Unit 136 100 100 100 20 16 16 ÓTICA DO COMPRADOR 5a RODADA Unit Score n x Ref 225 100 47 235 100 39 113 100 36 35 100 35 33 100 34 224 100 30 26 100 28 94 100 24 238 100 24 68 100 22 46 100 21 213 100 21 75 100 19 130 100 19 180 100 19 195 100 18 63 100 17 139 100 17 234 100 17 6a RODADA Unit Score N x ref Unit 163 100 22 Unit 48 100 21 Unit 209 100 21 Unit 43 100 18 Unit 125 100 18 Unit 167 100 17 Unit 184 100 17 Unit 103 100 16 a 7 RODADA Unit Score n x Ref Unit 145 100 22 Unit 40 100 18 Unit 2 100 16 Na 9a rodada com o valor de cada imóvel dos 158 apartamentos restantes, verificou-se grande redução na dispersão. O maior percentual do IDRF ocorreu para o imóvel de número 201 com 50%, e com média do IDRF= 12,5%, como se verifica na figura 27. xx IDRF 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 VALOR Figura 27 – Gráfico Variação IDRF x Valor do Apto (Método EDO – 3a Etapa) 4a Etapa : Continuamos a ajustar as fronteiras com o objetivo de definir o conjunto competitivo, segundo o método denominando de “Descascando a Cebola”. Nesta etapa, o critério para exclusão do conjunto do núcleo central, foi para os imóveis eficientes e mais de 10 vezes referência. Em sequência, foi verificado se a variação máxima do IDRF dos imóveis remanescentes ao núcleo central apresentavam o seu IDRF menor do que 25%. Da 9a rodada até a 12a rodada foram retirados mais 39 apartamentos pertencentes ao conjunto do núcleo central, relacionados nas tabelas 5 e 6, e que segundo o critério de seleção acima descrito, passaram a ser considerados como pertencentes ao conjunto da ótica do comprador e do vendedor. Na 13a Rodada Os percentuais da Variação do IDRF e do Valor de cada imóvel dos 119 apartamentos restantes, estão representados na figura 28. A variação do IDRF em relação ao Valor Real do imóvel, apresentou grande redução na dispersão. O IDRF máximo ocorreu para o imóvel de número 16 com 24%, e IDRF médio = 5%. Alcançada a meta com o limite máximo de 25 %, paralisamos o processo sendo agrupados no conjunto da ótica do vendedor e do comprador os imóveis relacionados nas tabelas 5 e 6. xxi IDRF 25% 20% 15% 10% 5% 0% 0 25 50 75 100 125 150 175 Tabelas 5 e 6: 3o Grupo de Apartamentos dos Conjuntos da Ótica do Comprador e da Ótica do Vendedor (4a Etapa). ÓTICA DO VENDEDOR 9a RODADA Apto Eficiência No x ref Unit 194 100 14 Unit 162 100 13 Unit 177 100 13 Unit 6 100 12 Unit 79 100 12 Unit 96 100 12 Unit 146 100 12 Unit 173 100 12 Unit 61 100 11 Unit 121 100 11 Unit 101 100 10 Unit 117 100 10 Unit 165 100 10 10a RODADA Apto Eficiência No x ref Unit 175 100 15 Unit 201 100 14 Unit 88 100 12 Unit 149 100 11 Unit 27 100 10 ÓTICA DO COMPRADOR 9a RODADA Apto Eficiência No x Ref Unit 3 100 12 Unit 32 100 12 Unit 66 100 12 Unit 164 100 12 Unit 37 100 11 Unit 128 100 11 Unit 36 100 10 Unit 83 100 10 Unit 147 100 10 10a RODADA Apto Eficiência Unit 59 100 Unit 13 100 Unit 73 100 Unit 179 100 11a RODADA Eficiênc. Nox ref Apto Unit 74 100 12 Unit 131 100 12 Unit 186 100 11 12a RODADA Apto Eficiência No x ref Unit 82 100 13 xxii Nox Ref 13 11 11 10 11a RODADA Apto Eficiência NoxRef Unit 242 100 13 Unit 109 100 12 a 12 RODADA Apto Eficiência No Ref Unit 144 100 12 Unit 207 100 10 CAPÍTULO V ANÁLISE COMPARATIVA DOS RESULTADOS V. 1 – Objetivo Com o objetivo de comparar os resultados obtidos pela heurística realizada pelo método EDO, aplicamos a mesma heurística pelo método de Regressão Múltipla. Os resultados foram lançados na tabela 10. A heurística aplicada pelo método de regressão definiu as fronteiras do conjunto competitivo de imóveis com os conjuntos da ótica do vendedor e da ótica do comprador, por paralelas à reta de regressão, como ilustra a figura 29. Valor x Area 160 140 120 100 80 60 40 20 0 0 50 100 150 200 250 Figura 29 – Gráfico Esquemático das Fronteiras da Ótica do Vendedor e do Comprador pelo Método de Regressão Múltipla V. 2 – Aplicação do método de Regressão Múltipla A aplicação do método da Análise de Regressão Múltipla na definição das fronteiras do conjunto competitivo, utiliza as mesmas variáveis explicativas, heurística e base de dados aplicadas no ajuste das fronteiras pelo método EDO, tendo como amostra inicial os 242 apartamentos escolhidos originariamente. Em cada etapa rodamos apenas uma vez o software STATGRAPHICS (1997), para definir a equação de regressão linear múltipla que explicasse a variável dependente, Valor do Imóvel. A partir desta reta, ajustamos as fronteiras máxima e mínima, respectivamente, da ótica do vendedor e da ótica do comprador, encapsulando o conjunto do núcleo central, estas fronteiras paralelas apresentam uma mesma distância à reta de regressão, que é proporcional ao desvio padrão. O ajuste das retas fronteiras paralelas foi realizado de tal forma, que o número de apartamentos pertencentes ao conjunto do núcleo central definido por regressão, permanecesse igual ao número de apartamentos pertencentes ao conjunto do núcleo central definido pelo método EDO ao final da etapa 1a Etapa : Na primeira etapa aplicamos a Análise de Regressão Múltipla, rodando o software STATGRAPHICS (1997) para os 242 apartamentos originariamente escolhidos, os resultados da regressão estão lançados no Anexo 4. A equação de regressão linear que explica a variável dependente, Valor do Imóvel, é a seguir transcrita a partir das mesmas nove variáveis independentes utilizadas no modelo : área do imóvel; valor de referência de 1998 do IPTU para apartamentos (localização); conservação; depreciação; equipamentos; padrão; no de vagas de garagem; nível (andar), e; no de apartamentos / andar servidos por uma entrada social. Valor Imovel = -96,9655 + 0,362697*Andar + 0,180251*AptoEntrSocial + 0,582676*Area total + 0,0398039*Conservacao + 0,256439*Depreciacao 0,0165547*Equipamento + 0,100697*Padrao + 1,94112*Vaga garagem + 0,078222*VR 98 IPTU Desvio Padrão σ = 21,8873 , Valor Médio Apto = R$ 75,09 x 103 Ajustamos a distância entre as fronteiras de maneira que todos os 242 apartamentos pertençam ao conjunto competitivo. Conforme pode ser verificado no Anexo 8, as ii distâncias ajustadas das fronteiras superior e inferior em relação a superfície de regressão é de 4,925 x σ (desvio-padrão) e a distância entre as fronteiras é de 9,85 x σ. Por projeção nas fronteiras foram determinados os valores virtuais máximos e mínimos dos apartamentos, permitindo determinar o IDRF de cada apartamento. O IDRF médio = 363,88% e o IDRF máximo = 10.010,32% para o Apartamento número 156. Eliminando este Outlier, verificaram-se as seguintes alterações: IDRF médio = 323,85% e IDRF máximo = 1.231,80% para o apartamento 153, apresentados na figura 30. Multiregressão IDRF x Valor Imóvel IDRF 1300% 1200% 1100% 1000% 900% 800% 700% 600% 500% 400% 300% 200% 100% 0% 0 50 100 150 200 250 Valor Aptos Figura 30 – Gráfico Variação IDRF x Valor do Apto (Método Regressão Múltipla - Amostra original) 2a Etapa : Na 2a Etapa com o objetivo de formar o conjunto do núcleo central com 215 apartamentos, um número igual de imóveis foram agrupados ao realizado pelo método EDO ao fim da 2a etapa, sem a obrigatoriedade de serem os mesmos imóveis. O ajuste da distância entre as fronteiras paralelas à reta de regressão foi iii realizado até alcançar o número de 27 apartamentos excluídos do conjunto do núcleo central. A equação de regressão múltipla que explica a variável dependente, Valor do Imóvel, passou a ser definida pelos 241 apartamentos permanecentes da etapa 1. Através Valor Imovel = -101,138 + 0,362394*Andar + 0,206025*AptoEntrSocial + 0,583901*Area total + 0,0394849*Conservacao + 0,251171*Depreciacao 0,00506858*Equipamento + 0,104002*Padrao + 1,92521*Vaga garagem + 0,0798937*VR 98 IPTU do software STATGRAPHICS (1997) encontramos os resultados estatísticos apresentados no Anexo 5. Desvio Padrão σ = 21,8527 e o Valor Médio Apto = R$ 77,45 x 103 Conforme pode ser verificado no Anexo 8, a distância encontrada da reta de regressão até cada fronteira é igual a (1,4186 x σ). O intervalo de confiança integral da amostra é igual a (2,8372 x σ) o que corresponde à distância entre as fronteiras. Por projeção nas fronteiras foram determinados os valores virtuais máximos e mínimos dos apartamentos, permitindo calcular o IDRF para cada apartamento, o IDRF médio igual a 96,73% e o IDRF máximo igual a 386,85% para o apartamento número 17, como pode ser verificado na figura 31. Multiregressão IDRF x Valor Imóvel IDRF 400% 300% 200% 100% 0% 0 50 100 150 200 250 Valor Imovel Figura 31 – Gráfico Variação IDRF x Valor do Apto (Método Regressão Múltipla 2a Etapa) iv Dos 27 apartamentos excluídos do conjunto do núcleo central, 15 apartamentos foram considerados pertencentes ao conjunto da ótica do vendedor por estarem acima da fronteira da ótica do vendedor e 12 apartamentos foram agrupados no conjunto da ótica do comprador por estarem abaixo da fronteira da ótica do comprador, conforme tabela 7: Tabela7: 1o Grupo de Apartamentos do Conjunto (1aEtapa) VENDEDOR Aptos 29 43 52 83 117 138 155 182 186 187 196 200 207 224 240 COMPRADOR Aptos 30 46 61 82 ÓTICA 90 95 109 115 157 211 222 236 3a Etapa : O mesmo processo descrito na 2a etapa foi implementado, o ajuste das fronteiras foi realizado até o conjunto do núcleo central conter 158 apartamentos, o mesmo número de imóveis agrupados pelo método EDO ao fim da 3a etapa, sem a obrigatoriedade de serem os mesmos. O ajuste da distância entre as fronteiras paralelas à reta de regressão foi realizado até alcançar o número de 57 apartamentos excluídos do conjunto do núcleo central, totalizando 84 apartamentos excluídos nas 3 etapas e agrupados nos conjuntos das óticas do comprador e do vendedor. A equação de regressão múltipla que explica a variável dependente, Valor do Imóvel, passou a ser definida pelos 215 apartamentos remanescentes da 2a etapa. Através do software STATGRAPHICS (1997) encontramos os resultados estatísticos apresentados no Anexo 6. Valor Imovel = -92,5578 + 0,0494558*Andar + 0,187711*AptoEntrSocial + 0,581072*Area total + 0,0459269*Conservacao + 0,233003*Depreciacao + 0,029764*Equipamento + 0,0926614*Padrao + 2,04747*Vaga garagem + 0,074348*VR 98 IPTU Desvio Padrão σ = 13,6842, Valor Médio Apto = R$ 70,40 x 103 Conforme pode ser verificado no Anexo 8, as distâncias ajustadas das fronteiras superior e inferior em relação a regressão é igual a (1,09 x σ) e o intervalo de confiança integral da amostra é igual à (2,18 x σ) o que corresponde à distância entre as fronteiras v Por projeção nas fronteiras foram determinados os valores virtuais máximos e mínimos dos apartamentos, Vv e Vc definidos na equação IV.2.1 para o cálculo do IDRF de cada apartamento, encontrando-se o IDRF médio igual a 47,40% e o IDRF máximo igual a 145,83% para o Apartamento número 194, como pode ser verificado na figura 32. Dos 57 apartamentos excluídos do conjunto do núcleo central, 37 apartamentos foram agrupados no conjunto da ótica do vendedor por estarem acima da fronteira da ótica do vendedor e 20 apartamentos foram agrupados no conjunto da ótica do comprador por estarem abaixo da fronteira da ótica do comprador, conforme tabela 8: Multiregressao IDRF x Valor Imovel IDRF 160% 140% 120% 100% 80% 60% 40% 20% 0% 0 50 100 150 200 250 Valor Apto Figura 32 – Gráfico Variação IDRF x Valor do Apto (Método Regressão Múltipla 3a Etapa) Tabela 8 : 2o Grupo de Apartamentos dos Conjuntos (3a Etapa) ÓTICA VENDEDOR (Aptos) 6 17 19 21 22 24 37 71 COMPRADOR (Aptos) 31 32 34 47 60 62 65 72 100 107 127 142 160 164 192 ÓTICA VENDEDOR (Aptos) COMPRADOR (Aptos) ÓTICA VENDEDOR (Aptos) 76 79 85 86 88 93 96 104 118 119 124 128 132 133 139 143 146 148 151 159 172 174 206 210 221 232 235 183 193 194 202 215 230 234 COMPRADOR (Aptos) 71 4a Etapa : Implementamos o mesmo processo realizado na 3a etapa, pelo ajuste das fronteiras até o conjunto do núcleo central contivesse 119 apartamentos, o mesmo números de apartamentos agrupados pelo método EDO ao fim da 3a etapa, sem a obrigatoriedade de serem os mesmos. O ajuste da distância entre as fronteiras paralelas à reta de regressão foi realizado até alcançar o número de 39 apartamentos excluídos do conjunto do núcleo central, totalizando 123 apartamentos excluídos nas 4 etapas e agrupados nos conjuntos das óticas do comprador e do vendedor. A equação de regressão múltipla que explica a variável dependente, Valor do Imóvel, passou a ser definida pelos 157 apartamentos remanescentes da 3a etapa, através do software STATGRAPHICS (1997) encontramos os resultados estatísticos apresentados no Anexo 7. Valor Apto = -103,354 - 0,0627001*Andar + 0,599269*Area + 0,0521525*Conservacao+ 0,452655*Depreciacao+ 0,196896*EntrSoc - 0,00428338*Eqpto + 0,068563*Padrao + 2,03069*Vaga + 0,0743635*VR 98 Desvio Padrão σ = 8,3053, Valor Médio Apto = R$ 70,85 x 103 Conforme pode ser verificado no Anexo 8, as distâncias ajustadas das fronteiras superior e inferior em relação a regressão é igual a (1,186 x σ) e o intervalo de confiança integral é igual à (2,372 x σ) o que corresponde a distância entre as fronteiras. Multiregressão IDRF x Valor Imovel IDRF 120% 100% 80% 60% 40% 20% 0% 0 50 100 150 200 250 Valor Imovel Figura 33 – Gráfico Variação IDRF x Valor do Apto (Método Regressão Múltipla – 4a Etapa) 72 Por projeção nas fronteiras foram determinados os valores virtuais máximos e mínimos dos apartamentos, permitindo calcular o IDRF para cada apartamento, encontrando o IDRF médio = 31,78% e o IDRF máximo = 108,05% para o Apartamento número 194, como pode ser verificado na figura 33. O conjunto competitivo não foi alcançado, por não se atingir a meta de um IDRF menor do que 25% para todos os apartamentos . Para isto acontecer é necessária a realização de mais etapas reduzindo-se substancialmente o número de apartamentos do conjunto do núcleo central. Dos 39 apartamentos excluídos do conjunto do núcleo central, 20 apartamentos foram agrupados no conjunto da ótica do vendedor por estarem acima da fronteira da ótica do vendedor e 19 apartamentos foram agrupados no conjunto da ótica do comprador por estarem abaixo da fronteira da ótica do comprador, conforme tabela 9: Tabela 9 : 3o Grupo de Apartamentos do Conjunto (4a Etapa) ÓTICA VENDEDOR COMPRADOR ÓTICA VENDEDOR COMPRADOR 14 58 77 94 112 114 116 154 162 165 179 188 198 203 3 26 56 64 70 80 89 91 92 105 106 110 121 125 205 208 214 225 228 237 129 161 176 177 216 V. 3 – Análise comparativa entre os dois métodos. A tabela 10 apresenta os resultados finais determinados em cada etapa de ajuste das fronteiras do núcleo central. Tabela 10 : Análise Comparativa entre os dois métodos ETAPA MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS COMPARADOS EDO a REGRESSÃO MÚLTIPLA 1 Rodada Frontier Analyst 1a Rodada Statgraphics 242 aptos 242 aptos Ótica Vendedor 0 aptos 0 aptos Ótica Comprador 0 aptos 0 aptos 55% 364% 117% (Apto 85) 10.010% (Apto 156) 1 ETAPA a Conjunto Núcleo Central IDRF médio IDRF máximo Intervalo de Confiança - 9,85 x σ = 62 (σ =21,887) Conjunto Núcleo Central - 241 aptos Ótica Vendedor - 1 apto 73 Ótica Comprador - 0 aptos IDRF médio - 323,05% IDRF máximo - 1.231,80%(Apto 153) Intervalo de Confiança - a 2 ETAPA a a 2 Rodada Statgraphics 215 aptos 215 aptos 18 aptos 15 aptos 9 aptos 12 aptos 25% 97% 67% (Apto 235) 387% (Apto 17) Conjunto Núcleo Central Ótica Vendedor Ótica Comprador IDRF médio IDRF máximo Intervalo de Confiança a 3 ETAPA a 1 à 5 Rodada Frontier Analyst 2,837 x σ = 62 (σ = 21,854) a a 5 à 9 Rodada Frontier Analyst Conjunto Núcleo Central a 3 Rodada Statgraphics 158 aptos 158 aptos Ótica Vendedor 29 aptos 37 aptos Ótica Comprador 28 aptos 20 aptos 12,5% 47% 50% (Apto 201) 146% (Apto194) IDRF médio IDRF máximo Intervalo de Confiança 4a ETAPA 2,18 x σ =29,832 (σ =13,684) 9a à 13a Rodada Frontier Analyst 4a Rodada Statgraphics 119 aptos 119 aptos Ótica Vendedor 22 aptos 20 aptos Ótica Comprador 17 aptos 19 aptos 5% 32% 24% ( Apto 16) 108% (Apto 194) Conjunto Núcleo Central IDRF médio IDRF máximo Intervalo de Confiança 2,372 x σ = 19,7 (σ = 8,305) - V. 4 – Aplicação do Método EDO Modelo dos Multiplicadores Neste item realizaremos a análise da participação das variáveis de propriedades físicas na valoração dos imóveis pertencentes ao conjunto competitivo. Para tanto é explorado o poder de explicação do Método EDO Modelo dos Multiplicadores na determinação do percentual de participação relativa dos pesos destas variáveis. O coeficiente de inclinação do hiper-plano formador das fronteiras dos conjuntos da ótica do comprador e da ótica do vendedor é determinado pela razão entre as 74 30 206 69 (42%) 149 228 (38%) 26 (86 113 (59%) Figura 34 – Gráfico Método EDO VRS (Área total / Preço do Apto x Valor de Referência (IPTU) / Preço do Apto O coeficiente de inclinação do hiper-plano formador das fronteiras dos conjuntos da ótica do comprador e da ótica do vendedor é determinado pela razão entre as coordenadas dos eixos cartesianos. Na figura 34 é apresentada uma simulação dos resultados obtidos a partir da aplicação do método EDO CRS modelo dos multiplicadores sob a ótica do comprador. Na simulação com três variáveis de propriedades físicas, área total, preço (valor) e VR98 (valor de referência do IPTU de 1998), o coeficiente da inclinação de cada segmento de reta formador da fronteira é determinado pela razão entre as coordenadas área total / valor e VR 98 / valor. O software Frontier Analyst determina pelo modelo dos Multiplicadores a participação normalizada dos pesos de cada variável na determinação da eficiência do imóvel avaliado sob cada Ótica, equações III.3.4 e III.3.6. Como se verifica na figura 34, a fronteira da ótica do comprador é formada a partir dos imóveis eficientes 30, 206 e 149, que permite determinar como exemplo a participação normalizada dos pesos de cada variável na eficiência dos imóveis 69, 228, 26 e 113. Na determinação da eficiência do imóvel 69 a participação da variável VR 98 é nula e da variável Área Total é de 100 % , já para o imóvel 113 a situação se inverte a participação da variável VR 98 é de 100% e da variável Área Total é nula. O imóvel 26 75 apresenta a participação de cada variável respectivamente com 77% e 23% e o imóvel 228 com 32% e 68%. V. 5 – Participação das variáveis de propriedades físicas dos imóveis Os resultados gerais verificados na tabela 11 representam a relação de ocorrência e a participação das variáveis na determinação da eficiência dos imóveis pertencentes ao conjunto competitivo em relação aos imóveis formadores das fronteiras da ótica do comprador e vendedor. Tabela 11 : Participação das propriedades físicas na determinação da eficiência Número de vezes que a Variável é : Locali Área Nvaga Eqpto Padrão Conser Nível Idade UnAc zação Total vação Imovel esso 1. Nula na Ótica do Comprador 28 42 70 98 54 69 64 85 28 2. Nula na Ótica do Vendedor 17 40 66 59 65 49 42 51 41 1 5 19 44 21 14 9 28 3 4. Máxima na Ótica do Comprador 17 6 3 0 22 17 2 6 45 5. Máxima na Ótica do Vendedor 15 22 0 0 2 10 1 47 20 0 0 0 0 0 0 0 1 3 3. Nula para o Comprador e Vendedor 6. Máxima na Ótica do Comprador e do Vendedor A partir dos resultados apresentados podemos concluir que os imóveis do conjunto competitivo projetados na fronteira da ótica do comprador, as variáveis de propriedades físicas dos imóveis, que mais vezes participaram na determinação da eficiência e melhor explicaram a minimização do valor de compra, estão a seguir relacionadas em ordem de importância: 1o - Número de Apartamentos servidos por uma mesma entrada social ; 2o - Padrão de Acabamento ; 3o - Localização (VR 98) 4o - Conservação. Para os imóveis no conjunto competitivo projetados na fronteira da ótica do vendedor, as variáveis de propriedades físicas do imóvel que mais vezes participaram na determinação da eficiência e melhor explicam a maximização do valor de venda, estão a seguir relacionadas em ordem de importância: 1o - Idade do Imóvel ; 76 2o - Área Total ; 3o - Número de Apartamentos por andar servidos pela mesma entrada social; 4o - Localização. As variáveis equipamentos, número de vagas e nível, na ordem, foram as que menos vezes participaram na determinação da eficiência e portanto tiveram menor poder de explicação do valor do imóvel. V. 6 – Modelo de estimação do valor de um imóvel Como modelo simplificado de estimação do valor de um imóvel apresentamos o seguinte processo. A partir do conjunto competitivo com 119 apartamentos, determinamos um intervalo de valor em função da localização e do préestabelecimento das seguintes propriedades físicas do imóvel: a) Apartamentos de 1 ou 2 quartos com área de 60 a 80 m2; b) Padrão Normal com valores variando de 260 a 320; c) Conservação Regular com valores variando de 180 a 240; d) Idade Aparente de 15 a 25 anos e) Uma vaga de garagem f) Qualquer andar Tabela 12 – Propriedades dos apartamentos selecionados segundo critérios de a à f Apto No Logradouro Nº/Complto Bairro NºQtos Preço Apto (R$) VR98 (R$) Area Total M2 12 Rua Professor Gabizo 330/101 Maracanã 2 88.000,00 631 72 28 Rua Bambina 30/201 Botafogo 2 90.000,00 775 69 67 Rua Moraes e Silva 51/105 Maracanã 2 95.000,00 631 78 69 Rua 18 de Outubro 124/202 Tijuca 2 70.000,00 297 78 78 Rua Muniz Barreto 301/401 Botafogo 2 100.000,00 775 72 134 Rua Hadock Lobo 360/202 Tijuca 2 70.000,00 631 65 135 Rua Mariz e Barros 79/802 Tijuca 2 94.000,00 631 75 148 Rua Ministro Raul Fernandes 90/506 Botafogo 1 110.000,00 820 65 154 Rua Pereira da Silva 764/501 Laranjeiras 2 75.000,00 347 67 175 Rua Benjamim Constant 43/301 Glória 2 80.000,00 684 71 201 Rua 18 de Outubro 429/903 Tijuca 2 60.000,00 297 69 214 Rua General Severiano 184/602 Botafogo 1 105.000,00 775 63 242 Rua Conde de Bonfim 862/103/bl. 01 Tijuca 2 80.000,00 533 69 77 Os resultados apresentados na figura 35, definem o intervalo das possibilidades de valor em função da localização para novos apartamentos a serem avaliados. Valor Apto 120 148 14 214 100 67 12 154 80 242 69 135 78 28 175 134 60 201 40 20 0 0 200 400 600 800 1000 VR 98 (Localização) Figura 35 – Gráfico das fronteiras da ótica do vendedor e da ótica do comprador aptos da tabela 13 O espaço mercadoria acontece entre as fronteiras da Ótica do Comprador e da Ótica do Vendedor definidas pelos Apartamentos 201, 134, 28, 148 e 69, 154, 148 respectivamente. 78 CAPÍTULO VI CONCLUSÕES VI. 1 – Considerações Preliminares A metodologia EDO desenvolvida nesta tese introduz para a Ciência da Teoria do Valor, os aspectos da imperfeição de mercado. Comparativamente à heurística aplicada pelo método de Regressão Múltipla, a aplicação realizada pelo método EDO apresentou um melhor envelopamento dos dados, fornecendo intervalos mais estreitos para a variação dos valores dos imóveis. Pela comparação dos resultados obtidos pelo método EDO com o da Análise de Regressão Múltipla na formação dos grupos de imóveis pertencentes ao conjunto do núcleo central e apresentados na tabela 11, conclui-se que: 1o O método EDO forma o conjunto competitivo por definição na 4a etapa; 2o O método de regressão na 4a etapa obtém valores elevados para o IDRF, devendo ser retirados mais apartamentos para formar o conjunto competitivo por definição. em análise comparativa; 3o O ajuste das fronteiras pelo método EDO tendeu mais rapidamente à meta limite do IDRF para configurar o conjunto competitivo ; 4o A determinação do IDRF pela metodologia EDO apresentou resultados bem inferiores ao da metodologia de Regressão. Esta constatação indica que o ajuste para estimação do valor do imóvel pelo método EDO, com IDRF médio regredindo de 65% para 5% apresenta uma melhor condição de estimação do valor do que realizado pelo método de Regressão Múltipla, com IDRF médio regredindo de 364% para 32%. 70 A figura 36 apresenta as variações dos valores máximos dos apartamentos determinados na 4a Etapa, pela heurística aplicada com o método EDO e pela heurística aplicada com o Regressão em relação à curva definida pelos preços de transação dos apartamentos. a 4 Etapa 160 140 120 Vimovel 100 80 V MAX RM 60 40 Valor Máximo DEA 20 0 152 124 123 176 23 221 90 244 106 159 187 138 81 52 119 Figura 36 – Gráfico Comparativo dos Valores Virtuais Máximos Resultantes da Aplicação dos métodos EDO e de Regressão Múltipla com os Preços Reais dos Apartamentos (Ótica do Vendedor) A figura 37 apresenta as variações dos valores mínimos dos apartamentos determinados na 4a Etapa tanto pela heurística aplicada com o método EDO e pela heurística aplicada com o método Regressão Múltipla em relação à curva definida pelos preços reais de transação dos apartamentos. Como podemos verificar pela análise das figuras 36 e 37, os resultados do Método EDO, apresentam um melhor ajuste do valor provável ao preço real de transação dos apartamentos. Visualmente verifica-se uma menor dispersão dos valores virtuais máximo e mínimo do método EDO do que os valores médios determinados pelo método de Regressão Múltipla. A inovação na metodologia de avaliação imobiliária pela introdução do georeferenciamento da variável Valor de Referência 1998, de cálculo do IPTU da planta de valores da Prefeitura, na base de dados original, permitiu a representação da heterogeneidade interna de um bairro, através representação da variação qualitativa 71 da localização do imóvel pela variável quantitativa de VR 98 e ainda a promoção de uma homogeneização com outros imóveis de bairros distintos. 4a Etapa 160 140 120 Vimov el 100 80 V MIN RM 60 Valor Mínimo DEA 40 20 0 152 124 123 176 23 221 90 244 106 159 187 138 81 52 119 Figura 37 – Gráfico Comparativo dos Valores Virtuais Mínimos Resultantes da Aplicação dos métodos EDO e de Regressão Múltipla com os Preços Reais dos Apartamentos (Ótica do Comprador) Cabe ainda explorar nos próximos itens deste capítulo, o poder de explicação da participação das variáveis independentes na determinação da variável dependente valor do imóvel, propiciada pelo método EDO integrado a um Sistema de Informação Geográfica. VI.2 – Eficiência DEA sob cada Ótica A propriedade da heurística aplicada pôde ser melhor verificada pela análise da eficiência do conjunto da amostra em relação à cada fronteira. Mas como um caminho de continuidade da pesquisa é proposta a aplicação de uma heurística que tenha para a formação do conjunto competitivo, o critério da maior relação do tamanho da amostra com o do maior número de apartamentos eficientes VI .2.1 – Em relação à Fronteira da Ótica do Vendedor A eficiência de cada imóvel em relação à fronteira da ótica do vendedor para cada etapa de seleção, está representada na figura 38. Cada curva representa a variação da eficiência em função da quantidade de imóveis avaliados por etapa. A curva de cor preta representa as eficiências alcançadas por cada apartamento na 1a rodada do 72 software Frontier Analyst da 1a etapa, contempla a amostra original com os 242 apartamentos sendo 74 apartamentos eficientes, a curva de cor vermelha representa os resultados da 5a rodada da 2a etapa e contempla 215 apartamentos sendo 103 apartamentos eficientes, a curva cor verde representa os resultados da 9a rodada da 3a Etapa e contempla 158 apartamentos sendo 92 apartamentos eficientes e a curva de cor azul representa os resultados da 13a rodada da 4a Etapa e contempla 119 apartamentos sendo 88 apartamentos eficientes. Se a condição de definição do conjunto competitivo fosse o critério da maior amostra em função do maior número de apartamentos eficientes, seria bastante paralisarmos o 2a etapa (5a Rodada), considerando o conjunto competitivo formado processo na pelos apartamentos pertencentes ao conjunto do núcleo central ao fim desta etapa. Variação Eficiências Otica Vendedor Eficiência 120 100 80 13a Rodada 5a Rodada 60 9a Rodada 40 1a Rodada 20 0 0 50 100 150 200 250 300 Quant de Imóveis Figura 38 – Gráfico de Variação de Eficiência em função da Quantidade de Imóveis por Etapa sob a Ótica do Vendedor (Método EDO) VI .2.2 – Em relação à Fronteira da Ótica do Comprador A eficiência de cada imóvel em relação à fronteira da ótica do comprador para cada etapa de seleção, está representada na figura 39. Cada curva representa a variação da eficiência em função da quantidade de imóveis avaliados por etapa. A curva de cor vermelha representa os resultados da 1a rodada da 1a etapa e contempla a amostra original com os 242 apartamentos sendo 74 apartamentos eficientes, a curva de cor 73 lilás representa os resultados da 5a rodada da 2a etapa e contempla 215 apartamentos sendo 95 apartamentos eficientes, a curva de cor azul representa os resultados da 9a rodada da 3a Etapa e contempla 158 apartamentos sendo 100 apartamentos eficientes e a curva de cor verde representa os resultados da 13a rodada da 4a Etapa e contempla 119 apartamentos sendo 88 apartamentos eficientes. Agora se a condição de definição do conjunto competitivo fosse o critério da maior amostra em relação do maior número de apartamentos eficientes, seria bastante paralisarmos o processo na 2a ou 3a etapa (5a ou 9a Rodadas), considerando o conjunto competitivo formado pelos apartamentos pertencentes ao conjunto do núcleo central ao fim de uma destas etapas. Variação Eficiência Otica Comprador Eficiência 120 100 80 13a Rodada 60 5a Rodada 9a Rodada 40 1a Rodada 20 0 0 50 100 150 200 250 300 Nos de Imóveis Figura 39 – Gráfico de Variação de Eficiência em função da Quantidade de Imóveis por Etapa sob a Ótica do Comprador (Método EDO) Na prática, como foi observado por especialistas, o ideal para a avaliação de imóveis é apresentar variação inferior a 25% entre os valores estimados máximo e mínimo. Através de simulação do modelo verificou-se que para atingir este limite de 25%, a eficiência média do conjunto têm que ser superior à 90%. 74 VI. 3 – Resultados do método EDO aplicados em SIG Um dos aspectos mais importantes do uso das geotecnologias é o potencial dos SIGs em produzir novas informações a partir de um banco de dados geográfico, principalmente em estudos sócio-econômicos, quando desejamos estabelecer indicadores que permitam uma visão quantitativa da informação espacial. No ambiente em SIG do município do Rio de Janeiro georeferenciamos os dados dos imóveis avaliados com o objetivo de organizar e estabelecer um modelo racional de combinação de dados para análise. Resultando na alocação representativa de cada imóvel em seu endereço real no mapa de ruas e logradouros do município. Integrando então o software MAPINFO (1994) aos resultados obtidos com o software de DEA, Frontier Analyst foram gerados os mapas temáticos, que permitem ao analista identificar o comportamento espacial da tomada de decisão de compradores e vendedores, bem como entender a motivação pela definição da propriedade física do imóvel preponderante para cada região. Preliminarmente efetuamos o georeferenciamento da amostra original de 1265 apartamentos sobre o mapa de ruas e logradouros do Município do Rio de Janeiro, ilustrada na figura 39. O SIG construído contempla além de ruas, informações relevantes sobre imóveis públicos notáveis, ocupações irregulares tais como favelas, metro-vias, praças, praias, matas, florestas e jardins, entre outras. Figura 39 – Mapa Temático Georeferenciamento da Base de Dados (CEF) 75 O mapa do setor censitário aplicado sobre o mapa de ruas e logradouros permitiu utilizar a informação sócio econômica com as demais informações integradas ao sistema, da maneira como já foi utilizada nesta tese no capítulo IV.3. A partir da visualização do mapa temático da figura 39, verifica-se que a amostra é mais representativa para os imóveis localizados nos bairros da zona sul, norte e centro do município, já que a região que corresponde à zona oeste apresenta grande parte dos setores censitários sem conter se quer um imóvel. Conjunto da Ótica do Comprador – 60 Apartamentos Conjunto da Ótica do Vendedor – 63 Apartamentos Conjunto competitivo – 119 Apartamentos Figura 40 – Mapa temático da localização dos apartamentos do conjunto competitivo e dos conjuntos da ótica do vendedor e do comprador 76 A partir da visualização do mapa temático da figura 40 e da tabela 13, verifica-se que os imóveis do conjunto da ótica do comprador predominaram nos bairros do Flamengo, Glória, Tijuca e Maracanã e que os imóveis do conjunto da ótica do vendedor predominaram nos bairros de Copacabana, Leme, Botafogo e Santa Teresa, muito embora todos os bairros com exceção de Leme e Santa Teresa apresentem uma maior participação de imóveis do conjunto competitivo. Tabela 13 : Participação de Apartamentos por bairro para cada ótica Conjuntos Bairros Vendedor Competitivo Comprador Botafogo 32% 64% 4% Catete 30% 50% 20% Copacabana 45% 47% 8% Flamengo 13% 40% 47% Glória 15% 46% 38% Laranjeiras 27% 46% 27% Leme 67% 0% 33% Maracanã 12% 59% 29% Santa Teresa 55% 36% 9% Tijuca 17% 50% 33% A conclusão que se chega a partir destes resultados, é de que existe para a época da amostragem, maior demanda do que oferta por apartamentos nos bairros de Copacabana, Leme, Botafogo e Santa Teresa. Já o inverso acontece para os bairros de Flamengo, Glória, Tijuca e Maracanã, onde a oferta é maior do que a procura. Em sequência aplicaremos através do SIG uma análise mais pontual das influências locais, não consideradas anteriormente, para explicar a tendência da eficiência apresentada para o imóvel considerado. 77 VI. 4 – Comentários Finais Os resultados da aplicação do método EDO modelo dos multiplicadores foram georeferenciados. Desta forma visualiza-se para cada endereço, o percentual de participação das propriedades físicas dos imóveis avaliados na determinação da eficiência de transação do apartamento. Os mapas temáticos gerados permitiram ao analista identificar a participação de cada variável na eficiência da transação do apartamento sob cada Ótica. Na figura 41 está representada a localização do conjunto competitivo com 119 apartamentos no município do Rio de Janeiro. O mapa temático identifica a participação de cada propriedade física na determinação da eficiência dos imóveis sob a ótica do comprador. O resultado apresentado para cada imóvel representa, portanto, a participação das propriedades físicas na valoração do imóvel avaliado, observa-se a predominância da variável de localização para a região litorânea, ao contrário para a região de subúrbio. Isto demonstra uma disposição do comprador na região litorânea em trocar grandes variações em relação a outras propriedades físicas do imóvel por pequenas variações de localização. O que não ocorre para a região de subúrbio. A aplicação final demonstra o potencial da técnica que permite definir valores para novos imóveis avaliados, em função de características semelhantes da amostra de imóveis observada L O C A L IZ A Ç Ã O PADRÃO ID A D E IM Ó V E L ÁREA TOTAL CO NSERVAÇÃO UN / ACESSO Figura 41 – Mapa temático percentual de participação das propriedades físicas na valoração de apartamentos do conjunto competitivo sob a ótica do comprador 78 O uso do SIG é ferramenta que complementa a análise, verifica-se pela figura 42 informação até então desconhecida, a proximidade de favela com distância direta de apenas 139 metros, situação esta que sem dúvida influência diretamente o valor dos apartamentos 69 e 201. Como se verifica na figura 41, o apartamento 69 com maior distância à favela pertence à fronteira da ótica do vendedor e o apartamento 201 que está mais próximo à favela pertence à fronteira da ótica do comprador. Conclui-se ainda ser coerente o valor arbitrado para a variável VR 98 por ser a de menor valor para os dois apartamentos em relação aos demais considerados na tabela 12. 69 201 Figura 42 – Mapa Temático análise comparativa dos resultados apurados para dois apartamentos localizados em uma mesma rua do bairro da Tijuca Quanto à comparação realizada no capítulo V, entre os dois métodos aplicados, concluímos que o método EDO demonstrou um melhor ajuste dos hiperplanos formadores das fronteiras do conjunto competitivo, e em consequência define um intervalo mais justo de variação dos possíveis valores do imóvel avaliado. 79 VII – APÊNDICES 70 ANEXO 2 V I I .2 - Planilha de pesos atribuídos às Propriedades Físicas dos Apartamentos Propriedades Físicas do Apartamento 1- Tipo Equipamentos a) b) c) d) e) f) g) h) i) j) k) l) 22.1 2.2 2.3 - Unidade c/ Interfone Unidade c/ ÁguaQuente Unidade c/ ArCentral Unidade c/ Piscina Unidade c/ GásCentral Unidade c/ Outros Eqptos Prédio c/ Salao de Festas Prédio c/ Portaria Prédio c/ Pilotis Prédio c/ PlayGround Prédio c/ Piscina Prédio c/ Quadra 1 5 2 10 7 6 4 2 1 2 3 3 Padrão de Acabamento Padrão da Fachada 3 Padrão da Circulação 2 Padrão de Ambientes a) b) c) d) e) f) g) 33.1 3.2 3.3 - Peso Luxo Alto Normal_Alto Normal Normal_Baixo Baixo Minimo 1 100 90 70 50 30 20 10 Conservação Conservação_Fachadas 1 Conservação_Circulacao 1 Cons_Ambientes a) b) c) d) e) f) ImovelNovo Boa Regular ReparosSimples ReparosImport Ruim 70 1 100 80 60 50 20 10 ANEXO 4 V I I . 4 - Resultado Software Statgraphics Método de Regressão ( 1a ETAPA ) The R-Squared statistic indicates that the model as fitted explains 61,9579% of the variability in Valor Imovel. The adjusted R-squared statistic, which is more suitable for comparing models with different numbers of independent variables, is 60,4821%. The standard error of the estimate shows the standard deviation of the residuals to be 21,8873. This value can be used to construct prediction limits for new observations by selecting the Reports option from the text menu. The mean absolute error (MAE) of 15,2892 is the average value of the residuals. The Durbin-Watson (DW) statistic tests the residuals to determine if there is any significant correlation based on the order in which they occur in your data file. Since the DW value is greater than 1.4, there is probably not any serious autocorrelation in the residuals. In determining whether the model can be simplified, notice that the highest P-value on the independent variables is 0,8808, belonging to Equipamento. Since the P-value is greater or equal to 0.10, that term is not statistically significant at the 90% or higher confidence level. Consequently, you should consider removing Equipamento from the model. 70 Multiple Regression Analysis ----------------------------------------------------------------------------Dependent variable: Valor Imovel ----------------------------------------------------------------------------Standard T Parameter Estimate Error Statistic P-Value ----------------------------------------------------------------------------CONSTANT -96,9655 22,0052 -4,40649 0,0000 Andar 0,362697 0,392809 0,92334 0,3568 AptoEntrSocial 0,180251 0,175788 1,02539 0,3062 Area total 0,582676 0,0838631 6,94794 0,0000 Conservacao 0,0398039 0,041758 0,953204 0,3415 Depreciacao 0,256439 0,239478 1,07082 0,2854 Equipamento -0,0165547 0,110261 -0,150141 0,8808 Padrao 0,100697 0,0322075 3,12651 0,0020 Vaga garagem 1,94112 0,391968 4,95224 0,0000 VR 98 IPTU 0,078222 0,009222 8,48211 0,0000 ----------------------------------------------------------------------------Analysis of Variance ----------------------------------------------------------------------------Source Sum of Squares Df Mean Square F-Ratio P-Value ----------------------------------------------------------------------------Model 181011,0 9 20112,3 41,98 0,0000 Residual 111141,0 232 479,054 ----------------------------------------------------------------------------Total (Corr.) 292151,0 241 R-squared = 61,9579 percent R-squared (adjusted for d.f.) = 60,4821 percent Standard Error of Est. = 21,8873 Mean absolute error = 15,2892 Durbin-Watson statistic = 1,93237 The StatAdvisor --------------The output shows the results of fitting a multiple linear regression model to describe the relationship between Valor Imovel and 9 independent variables. The equation of the fitted model is Valor Imovel = -96,9655 + 0,362697*Andar + 0,180251*AptoEntrSocial + 0,582676*Area total + 0,0398039*Conservacao + 0,256439*Depreciacao 0,0165547*Equipamento + 0,100697*Padrao + 1,94112*Vaga garagem + 0,078222*VR 98 IPTU Since the P-value in the ANOVA table is less than 0.01, there is a statistically significant relationship between the variables at the 99% confidence level. 71 ANEXO 5 V I I .5 - Resultado Software Statgraphics Método de Regressão (2a ETAPA) Multiple Regression Analysis ----------------------------------------------------------------------------Dependent variable: Valor Imovel ----------------------------------------------------------------------------Standard T Parameter Estimate Error Statistic P-Value ----------------------------------------------------------------------------CONSTANT -101,138 22,1975 -4,55629 0,0000 Andar 0,362394 0,392188 0,924031 0,3564 AptoEntrSocial 0,206025 0,176597 1,16664 0,2446 Area total 0,583901 0,0837357 6,97315 0,0000 Conservacao 0,0394849 0,0416926 0,947047 0,3446 Depreciacao 0,251171 0,239133 1,05034 0,2947 Equipamento -0,00506858 0,110432 -0,0458979 0,9634 Padrao 0,104002 0,0322542 3,22444 0,0014 Vaga garagem 1,92521 0,391535 4,9171 0,0000 VR 98 IPTU 0,0798937 0,00929444 8,59585 0,0000 ----------------------------------------------------------------------------Analysis of Variance ----------------------------------------------------------------------------Source Sum of Squares Df Mean Square F-Ratio P-Value ----------------------------------------------------------------------------Model 179601,0 9 19955,6 41,79 0,0000 Residual 110312,0 231 477,54 ----------------------------------------------------------------------------Total (Corr.) 289913,0 240 R-squared = 61,95 percent R-squared (adjusted for d.f.) = 60,4675 percent Standard Error of Est. = 21,8527 Mean absolute error = 15,2479 Durbin-Watson statistic = 1,94219 The StatAdvisor --------------The output shows the results of fitting a multiple linear regression model to describe the relationship between Valor Imovel and 9 independent variables. The equation of the fitted model is Valor Imovel = -101,138 + 0,362394*Andar + 0,206025*AptoEntrSocial + 0,583901*Area total + 0,0394849*Conservacao + 0,251171*Depreciacao 0,00506858*Equipamento + 0,104002*Padrao + 1,92521*Vaga garagem + 0,0798937*VR 98 IPTU Since the P-value in the ANOVA table is less than 0.01, there is a statistically significant relationship between the variables at the 99% confidence level. 72 The R-Squared statistic indicates that the model as fitted explains 61,95% of the variability in Valor Imovel. The adjusted R-squared statistic, which is more suitable for comparing models with different numbers of independent variables, is 60,4675%. The standard error of the estimate shows the standard deviation of the residuals to be 21,8527. This value can be used to construct prediction limits for new observations by selecting the Reports option from the text menu. The mean absolute error (MAE) of 15,2479 is the average value of the residuals. The Durbin-Watson (DW) statistic tests the residuals to determine if there is any significant correlation based on the order in which they occur in your data file. Since the DW value is greater than 1.4, there is probably not any serious autocorrelation in the residuals. In determining whether the model can be simplified, notice that the highest P-value on the independent variables is 0,9634, belonging to Equipamento. Since the P-value is greater or equal to 0.10, that term is not statistically significant at the 90% or higher confidence level. Consequently, you should consider removing Equipamento from the model. 73 ANEXO 6 V I I .6 - Resultado Software Statgraphics Método de Regressão ( 3a ETAPA ) Multiple Regression Analysis ----------------------------------------------------------------------------Dependent variable: Valor Imovel ----------------------------------------------------------------------------Standard T Parameter Estimate Error Statistic P-Value ----------------------------------------------------------------------------CONSTANT -92,5578 15,2448 -6,07142 0,0000 Andar 0,0494558 0,273435 0,180868 0,8567 AptoEntrSocial 0,187711 0,122176 1,5364 0,1260 Area total 0,581072 0,0574909 10,1072 0,0000 Conservacao 0,0459269 0,0272663 1,68438 0,0936 Depreciacao 0,233003 0,173591 1,34225 0,1810 Equipamento 0,029764 0,072984 0,407815 0,6838 Padrao 0,0926614 0,021789 4,25266 0,0000 Vaga garagem 2,04747 0,26346 7,77149 0,0000 VR 98 IPTU 0,074348 0,00634552 11,7166 0,0000 ----------------------------------------------------------------------------Analysis of Variance ----------------------------------------------------------------------------Source Sum of Squares Df Mean Square F-Ratio P-Value ----------------------------------------------------------------------------Model 138712,0 9 15412,5 82,31 0,0000 Residual 38200,3 204 187,257 ----------------------------------------------------------------------------Total (Corr.) 176912,0 213 R-squared = 78,4072 percent R-squared (adjusted for d.f.) = 77,4546 percent Standard Error of Est. = 13,6842 Mean absolute error = 10,9756 Durbin-Watson statistic = 2,08312 The StatAdvisor --------------The output shows the results of fitting a multiple linear regression model to describe the relationship between Valor Imovel and 9 independent variables. The equation of the fitted model is Valor Imovel = -92,5578 + 0,0494558*Andar + 0,187711*AptoEntrSocial + 0,581072*Area total + 0,0459269*Conservacao + 0,233003*Depreciacao + 0,029764*Equipamento + 0,0926614*Padrao + 2,04747*Vaga garagem + 0,074348*VR 98 IPTU Since the P-value in the ANOVA table is less than 0.01, there is a statistically significant relationship between the variables at the 99% confidence level. 70 The R-Squared statistic indicates that the model as fitted explains 78,4072% of the variability in Valor Imovel. The adjusted R-squared statistic, which is more suitable for comparing models with different numbers of independent variables, is 77,4546%. The standard error of the estimate shows the standard deviation of the residuals to be 13,6842. This value can be used to construct prediction limits for new observations by selecting the Reports option from the text menu. The mean absolute error (MAE) of 10,9756 is the average value of the residuals. The Durbin-Watson (DW) statistic tests the residuals to determine if there is any significant correlation based on the order in which they occur in your data file. Since the DW value is greater than 1.4, there is probably not any serious autocorrelation in the residuals. In determining whether the model can be simplified, notice that the highest P-value on the independent variables is 0,8567, belonging to Andar. Since the P-value is greater or equal to 0.10, that term is not statistically significant at the 90% or higher confidence level. Consequently, you should consider removing Andar from the model. 71 ANEXO 7 V I I .7 - Resultado Software Statgraphics Método de Regressão ( 4a ETAPA ) Multiple Regression Analysis ----------------------------------------------------------------------------Dependent variable: Valor Apto ----------------------------------------------------------------------------Standard T Parameter Estimate Error Statistic P-Value ----------------------------------------------------------------------------CONSTANT -103,354 11,1991 -9,22876 0,0000 Andar -0,0627001 0,192876 -0,325081 0,7456 Area 0,599269 0,0416907 14,3741 0,0000 Conservacao 0,0521525 0,0194856 2,67647 0,0083 Depreciacao 0,452655 0,127866 3,54006 0,0005 EntrSoc 0,196896 0,0844626 2,33116 0,0211 Eqpto -0,00428338 0,051574 -0,0830531 0,9339 Padrao 0,068563 0,0164315 4,17265 0,0001 Vaga 2,03069 0,195142 10,4062 0,0000 VR 98 0,0743635 0,00465327 15,9809 0,0000 ----------------------------------------------------------------------------Analysis of Variance ----------------------------------------------------------------------------Source Sum of Squares Df Mean Square F-Ratio P-Value ----------------------------------------------------------------------------Model 89218,6 9 9913,17 143,72 0,0000 Residual 10139,8 147 68,9779 ----------------------------------------------------------------------------Total (Corr.) 99358,3 156 R-squared = 89,7948 percent R-squared (adjusted for d.f.) = 89,1699 percent Standard Error of Est. = 8,3053 Mean absolute error = 6,98941 Durbin-Watson statistic = 2,03288 The StatAdvisor --------------The output shows the results of fitting a multiple linear regression model to describe the relationship between Valor Apto and 9 independent variables. The equation of the fitted model is Valor Apto = -103,354 - 0,0627001*Andar + 0,599269*Area + 0,0521525*Conservacao + 0,452655*Depreciacao + 0,196896*EntrSoc 0,00428338*Eqpto + 0,068563*Padrao + 2,03069*Vaga + 0,0743635*VR 98 Since the P-value in the ANOVA table is less than 0.01, there is a statistically significant relationship between the variables at the 99% confidence level. 70 The R-Squared statistic indicates that the model as fitted explains 89,7948% of the variability in Valor Apto. The adjusted R-squared statistic, which is more suitable for comparing models with different numbers of independent variables, is 89,1699%. The standard error of the estimate shows the standard deviation of the residuals to be 8,3053. This value can be used to construct prediction limits for new observations by selecting the Reports option from the text menu. The mean absolute error (MAE) of 6,98941 is the average value of the residuals. The Durbin-Watson (DW) statistic tests the residuals to determine if there is any significant correlation based on the order in which they occur in your data file. Since the DW value is greater than 1.4, there is probably not any serious autocorrelation in the residuals. In determining whether the model can be simplified, notice that the highest P-value on the independent variables is 0,9339, belonging to Eqpto. Since the P-value is greater or equal to 0.10, that term is not statistically significant at the 90% or higher confidence level. Consequently, you should consider removing Eqpto from the model. 71 VIII BIBLIOGRAFIA Abunahman S., 1998 – Introdução à Engenharia de Avaliações e Perícias Judiciais – “Avaliação de Terrenos Urbanos e Avaliação de imóveis” – pp. 33 / 100 – Editora Pinni Ltda. Abunahman S., 1999 – “Curso Básico de Engenharia Legal e de Avaliações” – pp. 9 / 114 – Editora Pinni Ltda. 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