Técnico
caderno
Científico
Parte integrante da Revista Cabra & Ovelha
Nº 84 • Junho 2014 • Volume 46
O consumo de concentrado no pré e
pós-parto afeta o desempenho de ovelhas
deslanadas e a eficiência das crias
pg 2 e 3
Efeito macho: uma alternativa
à utilização de hormônios em
protocolos de inseminação
artificial para cabras leiteiras
pg 4 e 5
Consumo e produção de cabras em
lactação alimentadas com palma
forrageira de variedades resistentes
a cochonilha-do-carmim
pg 6 e 7
apoio:
2
O consumo de concentrado no pré e
pós-parto afeta o desempenho de ovelhas
deslanadas e a eficiência das crias
RESUMO
Objetivou-se avaliar os efeitos da suplementação concentrada sobre o desempenho e a eficiência produtiva de ovelhas
Santa Inês (SI) e Morada Nova (MN) criadas em sistemas de
pastejo alternado. Foram utilizadas 28 ovelhas das duas raças,
a partir dos 75 dias de gestação até o término da lactação, aos
75 dias. Durante o período experimental, as ovelhas permaneceram em piquetes de pastagem Andropogon Gayanus, sendo
recolhidas ao final da tarde e alocadas em baias individuais
onde receberam suplementação concentrada (0,5 e 1,5% do
peso vivo (PV) a base de milho moído (70%), farelo de soja
(25%) e suplemento mineral (5%). Semanalmente, foi realizada pesagem das mães e suas crias, bem como avaliação do
escore da condição corporal segundo a metodologia descrita
por Thompson & Meyer (1994). O delineamento experimental
utilizado foi o inteiramente casualizado em arranjo fatorial
(2x2) em que: dois níveis de suplementação concentrada (0,5 e
1,5% do PV) e dois estágios fisiológicos (gestação e lactação).
Concluiu-se que ovelhas Morada Nova e Santa Inês suplementas
a pasto com 0,5% PV durante final da gestação e lactação
apresentam eficiência produtiva satisfatória, com melhor eficiência de produção de cordeiro obtida para a Morada Nova.
INTRODUÇÃO
A criação de ovinos é bastante difundida no mundo, sendo
criado nas mais diversas regiões. No Nordeste brasileiro concentra aproximadamente 57% (9.566.968 milhões de ovinos)
do rebanho ovino (ANUALPEC, 2010). O sistema de produção de
ovinos dessa região é predominantemente extensivo, associado
a uma alimentação inadequada, sobretudo durante o período
seco, há uma natural expectativa de comprometimento do desempenho desses animais, principalmente durante a gestação e
lactação, tendo repercussão negativa sobre as crias, em função
do baixo desenvolvimento do feto e suas membranas fetais,
diminuição na produção de colostro e da produção de leite
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(Torreão, 2007). Neste trabalho teve-se como objetivo avaliar
os efeitos da suplementação concentrada sobre o desempenho
e a eficiência produtiva e reprodutiva de ovelhas Santa Inês e
Morada Nova criadas em sistemas de pastejo alternado.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Unidade de Pesquisa de Pequenos Ruminantes do Colégio Técnico de Bom Jesus, localizado
no Campus Profa. Cinobelina Elvas da Universidade Federal do
Piauí Foram utilizadas 28 ovelhas da raça Santa Inês e Morada
Nova. A patir dos 75 dias de gestação até o término da lactação,
aos 75 dias. Durante o período experimental, permanecerem em
piquetes de pastagem Andropogon gayanus, sendo recolhidos ao
final da tarde e alocados em baias individuais onde receberam
suplementação concentrada (0,5 e 1,5% do peso vivo (PV) a
base de milho moído (70%), farelo de soja (25%) e suplemento
mineral (5%). Semanalmente, foi realizada pesagem das mães e
suas crias, bem como avaliação do escore da condição corporal
segundo a metodologia descrita por Thompson e Meyer (1994).
As mensurações foram feitas numa escala que varia de 1 a 5
(onde 1 = muito magra e 5 = obesa). Foi utilizado um Delineamento inteiramente casualizado em arranjo fatorial (2x2) em
que: dois níveis de suplementação concentrada e dois estágios
fisiológicos (gestação e lactação). A comparação entre os níveis
de suplementação foi feita pelo teste F com nível de significância
de 5% para todos os testes realizados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante a gestação, o maior peso médio encontrado foi
durante a antepenúltima e penúltima semana de gestação
(49,87 kg e 50,42 kg), com diferença estatística (p<0,05) da
primeira semana de gestação que foi fornecido suplementação
(40,43 kg). A raça, o nível de suplementação e o tipo de parto
tiveram efeito significativo sobre o peso e ECC das ovelhas ao
parto e ao desmame (Tabela 1).
Enoque de Sousa Leão - Arthur Marcos da Silva Veiga - Aluno do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia,
Universidade Federal do Piauí – Campus Professora Cinobelina Elvas, Bom Jesus/PI. [email protected] |
Wéverton Lopes da Silva - Josiane Nunes Batista - Aluno de Graduação, Universidade Federal do Piauí - Campus
Profª Cinobelina Elvas, BR 135, km03, Bom Jesus/PI. | Marcos Jácome de Araújo | Fernanda Patrícia Gottardi |
Jacira Neves da Costa Torreão | Carlo Aldrovandi Torreão Marques - Professor do Campus Profª Cinobelina Elvas
(CPCE) da Universidade Federal do Piauí-UFPI, Bom Jesus-PI, Brasil: [email protected].
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Tabela 1. Média e erro padrão da média do peso vivo (kg) e escore da condição
corporal (ECC) das ovelhas no parto e no desmame em função dos efeitos da raça,
nível de suplementação e tipo de parto.
p<0,05 , ** p<0,01, CV= coeficiente de variação. aMédias seguidas de letras
distintas na coluna diferem para o mesmo efeito (teste de Tukey; p<0,05).
Observou-se que tanto o peso ao parto quanto o peso ao desmame foram
maiores (p<0,05) para as ovelhas SI do que para as ovelhas MN. O peso e o ECC
no momento do parto e no momento do desmame das ovelhas suplementadas com
1,5% PV foram maiores (p<0,05) (Tabela 1).
Na tabela 2 nota-se que a eficiência de cordeiro foi influenciada pela raça da
ovelha (p<0,05), no entanto o ECC da ovelha ao parto (ECCP) não influenciou nos
pesos dos cordeiros e em nehuma variável de eficiência
reprodutiva (p>0,05).
Tabela 2. Média e erro padrão da média da produtividade ao nascer (PRODN),
eficiência de cordeiro ao nascimento (EC), eficiência de cordeiro ao desmame com
peso da ovelha ao parto (ECDP), eficiência de cordeiro ao desmame com peso da
ovelha ao desmame (ECDD) e produtividade ao desmame (PRODD) em função da
raça e tipo de parto.
1 kg de cordeiro nascido/ovelha; 2
kg de cordeiro ao nascer/kg da ovelha x
100; 3kg de cordeiro ao desmame/kg de
ovelha ao parto x 100; 4 kg de cordeiro
ao desmame/kg de ovelha ao desmame x
100; 5Kg de cordeiro desmamado/ ovelha.
* p<0,05 , **p<0,01, CV= coeficiente
de variação. aMédias seguidas de letras
distintas na coluna diferem, para o mesmo
efeito (teste de Tukey; p<0,05)
Observou-se que ovelhas MN produziram
mais quilos de cordeiro ao nascimento do que
as ovelhas SI (peso do cordeiro ao nascimento equivalente a 14,05% e 9,27% do peso
da ovelha, respectivamente para MN e SI)
(p<0,05, Tabela 2). Da mesma forma ocorreu
com a eficiência de produção de cordeiros
ao desmame, sendo que ovelhas MN desmamaram cordeiros pesando o equivalente
a 60,28% do peso da ovelha ao desmame e
ovelha SI desmamaram cordeiros com 45,5%
do peso da ovelha (p<0,05).
CONCLUSÕES
Ovelhas Morada Nova e Santa Inês suplementas a pasto com 0,5% PV durante
final da gestação e lactação apresentam
eficiência produtiva satisfatória, com melhor eficiência de produção de cordeiro
obtida para Morada Nova.
LITERATURA CITADA
ANUALPEC. Anuário da Pecuária
Brasileira. São Paulo, Argos, 2010,
320p
THOMPSON, J.; MEYER, H. Body
condition scoring sheep. Oregon: Oregon State University, 1994, 4 p. (Extension Service).
TORREÃO, J.N.C. Níveis de energia
para ovelhas Morada Nova no terço
final da gestação e no pós-parto. 2007.
160p. Tese (Doutorado em Zootecnia),
Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Agrárias, 2007, Areia.
Fonte: abz.org.br (Associação Brasileira
de Zootecnistas)
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Efeito macho: uma alternativa à utilização
de hormônios em protocolos de inseminação
artificial para cabras leiteiras
Aderson Martins Viana Neto¹, Maria Gorete Flores Salles²,
Inti Campos Salles Rodrigues³, Airton Alencar de Araújo4
¹ Zootecnista, M.Sc. em Produção Animal, Doutorando em
Produção Animal - UFC, Fortaleza, CE.
² Profa. Dra. do Instituto de Desenvolvimento Rural – UNILAB,
Redenção, CE.
³ Prof. Dr. da Faculdade de Veterinária – UECE, Fortaleza, CE.
INTRODUÇÃO
A adoção de biotécnicas reprodutivas no sistema produtivo de caprinos é um dos meios para se alcançar uma maior
produtividade. Sua aplicação deve ser precedida por métodos
para indução e sincronização do estro, sendo a aplicação de
hormônios o principal método empregado.
Uma opção às metodologias hormonais é a bioestimulação
ou efeito macho, que se dá pela introdução de machos sexualmente ativos em um lote de fêmeas, onde, através da percepção dos feromônios advindos do macho, que são captados
pelas vias olfativas da fêmea atuarão sobre o eixo reprodutivo
(hipotálamo-hipófise-gônadas), elevando os níveis de hormô-
nio luteinizante (LH), culminando com manifestação de estro
e ovulação, permitindo assim, sua integração a protocolos de
inseminação artificial.
O objetivo deste estudo foi avaliar a eficiência da bioestimulação (Efeito Macho) pela taxa de parição de cabras inseminadas
artificialmente com sêmen fresco.
LOCAL DA PESQUISA
O estudo foi realizado no setor de caprinocultura leiteira,
do Sítio Esperança, localizado no município de Pacatuba – CE,
Nordeste do Brasil, durante os períodos chuvoso (março-abril)
e seco (agosto-setembro) de 2012.
AVALIAÇÃO DO AMBIENTE
Diariamente foram coletados dados de temperatura ambiente
e umidade relativa do ar, para avaliar a condição ambiental
em que os animais estavam submetidos (Tabela 1). De posse
desses valores, calculou-se o índice de temperatura e umidade
(ITU), que está diretamente relacionado à condição de estresse proporcionada ao animal promovido pelo ambiente. Foi
observado um efeito negativo do ambiente sobre a atividade
reprodutiva das fêmeas. Sendo que, para o período chuvoso,
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Aderson Martins Viana Neto - possui graduação em Zootecnia, mestrado em Zootecnia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). | Maria Gorete Flores
Salles - Possui Graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM (1985), Mestrado em Ciências Veterinárias na Área de
Reprodução Animal pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS (1990) e Doutorado em Ciências Veterinárias na Área de Reprodução Animal pela
Universidade Estadual do Ceará - UECE (2010). | Inti Campos Salles Rodrigues - Graduando em Medicina Veterinária pela UECE (Universidade Estadual do
Ceará). Atua principalmente com sincronização do estro (métodos hormonais e naturais), caprinos, bovinos, suínos, reprodução animal e bioclimatologia animal.
| Airton Alencar de Araújo - Possui graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Estadual do Ceará (1985), mestrado em Ciências Veterinárias pela
Universidade Estadual do Ceará (1994) e doutorado em Science de La Vie - Universite de Tours (Universite Francois Rabelais) (2000).
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hipoteticamente o ideal para a atividade
reprodutiva, o ITU médio foi de 83,8,
caracterizando uma situação de emergência, e para o período seco, situação
de perigo, 78,9.
O estresse térmico é capaz de alterar a fisiologia das fêmeas, prejudicando
desde a formação dos gametas até o
desenvolvimento fetal, sendo capaz de
reduzir a eficiência reprodutiva.
INDUÇÃO DO ESTRO
As cabras foram induzidas ao estro
pelo efeito macho. Os reprodutores foram conduzidos diariamente à baia das
fêmeas, nos períodos da manhã e tarde,
onde permaneciam por 15 minutos/baia/
período. A cabra foi considerada em estro
no momento em que aceitava ser montada pelo reprodutor, porém impedido
de copular.
O efeito macho mostrou-se eficiente
em induzir o estro de cabras leiteiras
já que 94,5% das fêmeas manifestaram
estro pelo menos uma vez durante o período experimental (Tabela 2).
INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL
A inseminação artificial foi realizada
por via transcervical, buscando realizar
a deposição do sêmen no útero da cabra.
Foi utilizado sêmen fresco, diluído com
solução fisiológica comercial, advindo dos
reprodutores da propriedade. As cabras
foram inseminadas entre 24-30 horas
após a detecção do estro. No geral, a
taxa de parição foi de 46,9%, sendo no
período chuvoso, 36,1% e no período
seco 57,6%. Uma hipótese para esta
menor parição, decorrente do período
chuvoso, pode ser a elevada variação
climática durante este período.
REGULAÇÃO DA ATIVIDADE REPRODUTIVA
Durante os períodos experimentais 65,0% das cabras apresentaram pelo menos
dois estros, sendo o intervalo entre o primeiro e o segundo estro de 16 dias. Este
retorno ao estro mostrou-se benéfico à atividade reprodutiva, caracterizando a
regulação do eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal. Com isso, o segundo estro
mostrou-se mais eficiente a resultar em prenhez (figura 1).
CONCLUSÕES
Assim, concluímos que a utilização do efeito macho é um manejo simples, de
baixo custo, que pode ser empregado para a produção de caprinos resultando em
índices reprodutivos e produtivos satisfatórios, e redução dos custos. Além disso,
para obtenção de melhores taxas de prenhez, recomendamos que as inseminações
artificiais sejam executadas a partir do segundo estro.
TABELAS E FIGURAS
Tabela 1. Dados climáticos, temperatura ambiente (TA), umidade relativa do ar
(UR) e índice de temperatura e umidade (ITU) para os períodos chuvoso e seco,
durante a realização do experimento.
Período
Chuvoso
Seco
TA
30,5
30,1
UR
80,8a
54,9b
ITU
83,8a
78,9b
Letras diferentes na mesma coluna (a,b) mostram diferenças entre os períodos
(P<0,05)
Tabela 2. Média geral de cabras submetidas ao efeito macho (n), porcentagem de
cabras em estro (% Estro), intervalo entre o início do efeito macho e manifestação
do estro (IEME), duração do estro (DE) e taxa de parição (TP) para cabras leiteiras
submetidas ao efeito macho e inseminadas artificialmente.
n
Média geral 73
% Estro
94,5
IEME
11,1
DE
23,4
TP
46,9
Figura 1. Distribuição de cabras prenhes por estro em que foi inseminada,
para o período chuvoso e seco.
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Consumo e produção de cabras em
lactação alimentadas com palma forrageira de
variedades resistentes a cochonilha-do-carmim
RESUMO
Nos últimos anos, tem-se observado redução na produtividade da
palma, causada pelo ataque da cochonilha-do-carmim (Dactylopius
sp.). A realização de estudos relacionados ao desempenho de caprinos
alimentados com palma e ainda, com variedades resistentes, apresenta
necessidade de respostas sobre o efeito destas. Objetivou-se com este
estudo avaliar o consumo e produção de leite de cabras em lactação
alimentadas com diferentes variedades de palma forrageira. Foram
utilizadas 12 cabras mestiças (Saanen x Alpina Americana), com peso
vivo médio de 51,35 kg ± 3,75 e com, aproximadamente 30 dias de
lactação, distribuídas em quadrado latino (4x4), sendo três simultâneos.
Foram utilizadas quatro dietas, sendo três contendo palma forrageira
(Orelha de elefante mexicana, Baiana e Miúda) e uma dieta controle
a base de feno e concentrado. Não houve diferença significativa para
consumo de matéria seca, ingestão de água, produção de leite e
eficiência alimentar entre as variedades de palma forrageira resistente
a cochonilha do carmim. É recomendado o uso de qualquer uma das
variedades estudadas na alimentação de cabras em lactação.
INTRODUÇÃO
A caprinocultura de leite caracteriza-se por ser uma atividade de
expressão socioeconômica no Nordeste brasileiro e fonte de alimentos
com alto valor biológico. Porém, enfrenta baixos índices produtivos
devido à escassez de alimentos em maior parte do ano.
A palma forrageira é uma alternativa para suprir a alimentação
animal, pois apresenta adaptação às condições edafoclimáticas da
região semiárida, sendo eficiente no uso da água, alto valor energético e
uma boa digestibilidade (Almeida, 2012). Mas nos últimos anos, tem-se
observado redução na produtividade da palma, causada pelo ataque
da cochonilha-do-carmim (Dactylopius sp.) se tornando a principal
dificuldade no fornecimento dessa forrageira na referida região.
Diante do exposto, a realização de estudos relacionados ao desempenho de caprinos alimentados com palma e ainda, com variedades
resistentes, apresenta necessidade de respostas sobre o efeito destas
e, posteriormente, podendo subsidiar a elaboração de estratégias
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nutricionais adaptadas às condições semiárida.
Objetivou-se avaliar o consumo e produção de cabras em lactação alimentadas com palma forrageira de variedades resistentes a
cochonilha-do-carmim (Dactylopius sp.).
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi desenvolvido na Unidade de Pesquisas em Pequenos Ruminantes, localizada no município de São João do Cariri – PB,
pertencente ao Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal
da Paraíba.
Foram utilizadas 12 cabras mestiças (Saanen x Alpina Americana),
com peso vivo médio de 51,35±3,75kg e com, aproximadamente 30
dias de lactação. Sendo alojadas em baias individuais com área de
3,75 m2 em chão batido.
O período experimental teve duração de 80 dias, sendo composto
de quatro períodos, cada um com duração de 20 dias, sendo os 15
primeiros dias de adaptação às dietas experimentais e os demais para
colheita de dados e quantificação da produção de leite.
O consumo voluntário foi mensurado pela diferença entre o fornecido e as sobras. As dietas foram fracionadas em duas refeições
diárias (07h30min e 16h30min), permitindo uma sobra entre 10% do
total fornecido. Os tratamentos avaliados foram: uma dieta controle,
Cláudio Gomes da Silva Júnior - Graduando em Zootecnia, CCA/ UFPB, Areia - PB, bolsista PIBIC/ CNPq, e-mail:
[email protected] | Alenice Ozino Ramos - Beatriz Dantas Oliveira - Mariana de Lima Maciel Pós-Graduandas em Zootecnia, CCA/UFPB, Areia – PB. | Divan Soares Silva - Roberto Germano Costa - Ariosvaldo
Nunes de Medeiros - Professores do Departamento de Zootecnia - CCA/UFPB. | Airon Aparecido Silva e Melo Professor do Departamento de Zootecnia – UAG/UFRPE.
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composta de feno de tifton e concentrado, e três dietas composta de palma forrageira, feno de
tifton e concentrado, variando apenas nas variedades de palma Orelha de Elefante Mexicana
(Opuntia stricta), Baiana (Nopalea sp) e Miúda (Nopalea cochenillifera Salm Dyck). Os animais
foram ordenhados manualmente e a produção de leite mensurada diariamente.
Os dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do SAS. Diferenças entre
os tratamentos foram avaliadas por meio do teste tukey sendo consideradas significativas
quando P<0,05
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores médios para consumo de matéria seca (CMS), Ingestão de água (IH2O), produção
de leite (PL), produção de leite corrigida para 4% de gordura (PLCG 4%), produção de leite
corrigido para sólidos totais (PLCST) e eficiência alimentar (EA) estão apresentados na Tabela 1.
Tabela 1- Consumo médio diário de matéria seca, Ingestão de água, produção de leite e
eficiência alimentar de cabras em lactação alimentadas com diferentes variedades de palma
forrageira resistente a cochonilha do carmim
Médias seguidas de mesma letra, minúsculas na linha, diferem entre si pelo teste de Tukey
a 5% de 9 probabilidade
CMS- consume de material seca; IH2O- ingestão de água; PL- produção de leite; PLCG
4%- produção de leite corrigida para 4% de gordura; PLCST- produção de leite corrigida para
sólidos totais; EA- eficiência alimentar.
O consumo de matéria seca em kg/dia foi maior para as dietas contendo palma forrageira,
não havendo diferenças entre as variedades (P>0,05). No entanto, houve diferença para
os tratamentos com a palma orelha de elefante e miúda quando comparados ao tratamento
controle. Os valores médios variaram de 1,828 a 2,264 kg/cabra/dia, representando de 3,6
a 4,4% do peso vivo, sendo observado que para os tratamentos com palma o consumo foi
próximo de 2,25 kg preconizado pelo NRC (2007) para animais com média de 50kg de peso
vivo e produção de 2kg de leite.
Em relação à ingestão de água, o tratamento controle apresentou-se maior (P<0,05) quando
comparada aos tratamentos com palma forrageira. Esse resultado está atrelado à inclusão da
palma nas demais dietas ao nível de 46%, o que possibilitou o fornecimento de parte da água
necessária ao consumo das cabras via ração, resultando em um consumo médio de 6,07 kg/
animal/dia. O mesmo foi verificado por Costa et al. (2009) estudando a substituição do milho
por palma forrageira na dieta de cabras em lactação, relataram que a cada percentagem de
inclusão da palma forrageira, houve uma redução na ingestão de água voluntária de 5,23 a
0,12kg/dia respectivamente para os tratamentos com 0 e 28% em substituição ao milho. Este
fato é de grande relevância, principalmente para cabras leiteiras, que necessitam de elevado
aporte de água para assegurar a síntese do leite.
A utilização das variedades de palma forrageira não afetou significativamente (P>0,05) a
produção de leite, a produção corrigida para 4% e corrigida para sólidos totais. Esse comportamento uniforme da produção de leite pode ser explicado pelo equilíbrio energético/proteico
mantido na dieta. A eficiência alimentar também não apresentou diferenças para os tratamentos
(P>0,05). Independentemente da variedade de palma utilizada na dieta, não houve diferença
Nº 84 • Junho • Volume 46
significativa para ingestão de água, podendo
ser atribuído à pequena variação entre os
teores de matéria seca das dietas para estes
tratamentos (56,1 a 59,3%). Melo (2006)
explica que essa é uma característica comum
ao uso em grande proporção da palma, em
que os altos teores de umidade dessas dietas
possibilitam atender quase que totalmente a
exigência hídrica dos animais.
CONCLUSÕES
A utilização de variedades de palma forrageira resistente à cochonilha do carmim
podem ser utilizadas nas dietas de cabras
leiteiras sem alterar o consumo de matéria
seca, ingestão de água, produção de leite e a
eficiência alimentar. Sendo recomendado o uso
de qualquer uma das variedades estudadas na
alimentação de cabras em lactação.
Obs: (Dactylopius sp.) - Parte do trabalho
de iniciação científica do primeiro autor, financiada pelo CNPq
Fonte: artigo publicado no site abz.org.br
(Associação Brasileira de Zootecnistas)
LITERATURA CITADA
ALMEIDA, R. F. Palma forrageira na
alimentação de ovinos e caprinos no semiárido brasileiro. Revista Verde de
Agroecologia e Desenvolvimento
Sustentável. v. 7, n. 4, p. 08-14, out-dez, 2012.
COSTA, R. G., BELTRÃO FILHO, E.
M., MEDEIROS, A. N., GIVISIEZ, P. E. N.,
QUEIROGA, R. C. R. E., MELO, A. A. S.
Effects of increasing levels of cactus
pear (Opuntia ficus-indica L. Miller) in
the diet of dairy goats and its contribution as a source of water. Small Ruminant Research. 82: 62–65, 2009.
MELO, A. A. S. Palma forrageira na
alimentação de vacas leiteiras. Recife:
editora da 22 UFRPE, 2006.
NATIONAL.RESEARCH COUNCIL
– NRC. Nutrient requirement of
small ruminants animals: nutrient
requirement of goats. Washington,
D. C. 2007. 292p.
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