SENSOPERCEPÇÃO I) DEFINIÇÃO Percepção é um complexo ato de construção psíquica, que às experiências da sensibilidade ( base sensitiva ), vai somar os conteúdos representativos correlatos. Para que a percepção aconteça de forma plena, é necessária a estrutura total da consciência, inclusive em sua intencionalidade. o ato perceptivo é único, dotado de vivacidade, extensão, realidade e significação. A Percepção e a Memória, conjuntamente, formam a base do psiquismo, imprescindíveis ao aprendizado. São o arcabouço estrutural das atividades intelectuais superiores, desta forma os objetos do mundo nos são apresentados sob a forma de percepções e representações, que vão ocasionar a SENSAÇÃO. A sensação é proveniente de nossa sensibilidade geral ( superficial ou profunda ) ou especial ( órgãos dos sentidos ). Chama-se IMPRESSÃO à modificação causada pelo estímulo no órgão atingido. Essa impressão no cérebro é discriminada, identificada. Chamam-se DADOS ILÉTICOS, os dados obtidos pelo sensório. Os objetos percebidos possuem características próprias que permitem que sejam por nós reconhecidos, as CARACTERÍSTICAS EIDÉTICAS, são as características universais e permanentes dos objetos, comuns à todos os objetos semelhantes, já às características individuais, circunstanciais, formais, adicionais, dos objetos, chamamos de CARACTERÍSTICAS FÁCTICAS. Por exemplo, entre várias cadeiras temos a característica eidética de que servem para sentar, mas cada uma terá sua característica fáctica como material de que é construída, tipo de forração, tamanho, etc. O ato perceptivo está intimamente ligado ao objeto percebido, quando o significado do percebido não sofre influencias outras além do próprio objeto, quando transcende do objeto, que subsiste inalterado mas varia seus modos de aparição no tempo e espaço, falamos em PERCEPÇÃO TRANSCENDENTE, desse modo não importa a forma com que um objeto se apresente, sempre o percebemos igualmente, com o mesmo significado, capturamos assim sua essência, sua característica eidética, estará pois o objeto “colocado entre parêntesis”. Quando o perceber e o percebido (incluído o subjetivo, a representação) pertencem à mesma corrente de vivências e se fundem numa unidade imediata, falamos em PERCEPÇÃO IMANENTE, quando o sentido do objeto vai variar conforme as circunstancias de aparição. II) TIPOS DE IMAGENS A) Imagem Real É a imagem verdadeira, aceita pelo juízo de realidade, devido à sua força de realidade. Tem como característica ser NÍTIDA, CORPÓREA, ESTÁVEL, EXTROJETADA, e ININFLENCIÁVEL. B) Eco Sensorial Quando um estímulo é muito intenso, ou quando existe forte ligação afetiva com o estímulo, a imagem persiste, mesmo após cessado o estímulo. Pode ou não ser aceita pelo juízo de realidade. Por exemplo: o som de um apito forte, uma lâmpada observada, mesmo que rapidamente C) Imagem Representativa ou Mnêmica São as imagens vindas à mente pela via da memória, lembranças. São aceitas pelo juízo de realidade. Tem como características o contrário da imagem real. D) Imagem Fantástica ou Fabulatória É uma imagem que não corresponde à experiência sensorial concreta, é de livre criação da imaginação. Não é aceita pelo juízo de realidade, e tem as mesmas características da imagem mnêmica. E) Imagem Onírica É a imagem dos sonhos, corresponde à soma da imagem fantástica com a imagem mnêmica. É aceita pelo juízo de realidade durante o sonho. Tem como características ser PLÁSTICA, MÓVEL, INTROJETADA, ILÓGICA e INTEMPORAL. F) Eidetismo É a capacidade de se visualizar objetos e figuras, mesmo quando expostas aos nossos sentidos por curto período de tempo. Pode acontecer sem ser necessariamente patológica, ela tem uma EXTROJEÇÃO CONDICIONADA e uma INFLUENCIABILIDADE VOLUNTÁRIA. G) Imagem Pareidólica É uma imagem fantástica baseada em um objeto real, por exemplo ver bichos em nuvens. Não é aceita pelo juízo de realidade. H) Imagem Ilusória É a imagem deformada de um objeto real. É aceita pelo juízo de realidade, ainda que por momentos. Trata-se da deturpação da realidade por cansaço, stress, emoção forte. III) ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS São variações na capacidade de percepção, em termos de quantidade de objetos percebidos simultaneamente. Normalmente há variações de indivíduo para indivíduo, assim como num mesmo indivíduo em momentos diferentes. A) Abolição Ausência total de percepções, ocorre no sono, coma, lesões neurológicas centrais e dos órgãos dos sentidos. São as AGNOSIAS. B) Aumento da Percepção Ocorre na Mania, nas auras epilépticas, no Hipertireoidismo, na Paralisia Geral Progressiva e no uso de substancias alucinógenas. C) Diminuição da Percepção Ocorre na depressão, no estupor, na fadiga intensa, na esquizofrenia e nos rebaixamentos de consciência. IV) ALTERAÇÕES QUALITATIVAS São alterações na qualidade do ato perceptivo. As falsas percepções não são alterações do sensório e sim alterações profundas do psiquismo, expressas sensoriamente. A) Pseudo-alucinações São percepções sem objetividade, corporeidade. Ocorrem em estados de rebaixamento de consciência. B) Alucinações Mantém as características do objeto real, por isso despertam a crença no paciente de que são reais. São uma percepção sem objeto real, externo ou interno, embora toda percepção seja uma percepção de algo. Para Jaspers elas só existem em clareza total de consciência. As alucinações mais comuns são as auditivas, seguidas das visuais, e em menor grau dos outros tipos. São características dos estados psicóticos. 1) Visuais Elementares --> clarões, fagulhas, luzes Diferenciadas --> cenas, imagens figuras em movimento ou paradas. Minúsculas --> na psicose cocaínica. Gigantes --> estados confusionais toxi-infecciosos, histeria. Zoopsias --> visão de bichos, no delirium tremens, geralmente insetos repugnantes. Cores --> na epilepsia e histeria. Extra-campina--> visões de objetos ou pessoas fora do campo visual, por ex. atrás da parede em outro aposento. Alucinose Peduncular --> lesões do pedúnculo e occipitais, visões fantásticas, bizarras, coloridas como desfilando na frente do paciente como numa tela de cinema. 2) Auditivas Elementares --> estalos, sinos, zumbidos Diferenciadas --> sons complexos, músicas, vozes que podem ser imperativas, dando ordens ao paciente; ou comentando suas atitudes referindo-se a ele na terceira pessoa, ou ameaçadoras. 3) Olfativas e Gustativas Sensações de cheiros e gostos geralmente repugnantes. 4) Tácteis Sensações na superfície corporal, queimaduras, picadas, animais, baratas, lacrais, insetos, ocorrem nas intoxicações e no delirium tremens. 5) Cenestésicas Referentes à sensibilidade visceral, ocorrem principalmente na esquizofrenia. O paciente se queixa de irradiações no corpo, choques elétricos, animais andando no abdome, toques eróticos e mesmo relações sexuais. 6) Cinestésicas São falsas percepções de movimentos de parte ou de toda o corpo. 7) Autoscopia Visão do próprio corpo, visão do duplo.