UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ELIANA SILVA NASCIMENTO A ATUAÇÃO DA COMISSÃO DE ÉTICA SETORIAL NO INSTITUTO FEDERAL DA BAHIA: UM ESTUDO DE CASO Salvador 2014 ELIANA SILVA NASCIMENTO A ATUAÇÃO DA COMISSÃO DE ÉTICA SETORIAL NO INSTITUTO FEDERAL DA BAHIA: UM ESTUDO DE CASO Dissertação apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação em Administração, Escola de Administração, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Administração. Orientadora: Prof. Dra. Maria do Carmo Lessa Guimarães Salvador 2014 Escola de Administração - UFBA N244 Nascimento, Eliana Silva. A atuação da Comissão de Ética Setorial no Instituto Federal da Bahia: um estudo de caso / Eliana Silva Nascimento. – 2014. 90 f. Orientadora: Profa. Dra. Maria do Carmo Lessa Guimarães. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia, Escola de Administração, Salvador, 2014. 1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia. Comissão de ética – Administração – Estudo de casos. 2. Administração pública – Aspectos morais e éticos. 3. Ensino técnico - Ética. 4. Serviço público – Ética I. Universidade Federal da Bahia. Escola de Administração. II. Título. CDD – 172.2 ELIANA SILVA NASCIMENTO A ATUAÇÃO DA COMISSÃO DE ÉTICA SETORIAL NO INSTITUTO FEDERAL DA BAHIA: UM ESTUDO DE CASO Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Administração, Escola de Administração, Universidade Federal da Bahia. Aprovada em 19 de dezembro de 2014. Banca Examinadora Maria do Carmo Lessa Guimarães – Orientadora Doutora em Administração pela Universidade Federal da Bahia Universidade Federal da Bahia Maria Suzana de Souza Moura Doutora em Administração pela Universidade Federal da Bahia Universidade Federal da Bahia Joana Angélica Oliveira Molesini Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal da Bahia Universidade Católica do Salvador A Maria José e Lourival (in memorian), meus pais, que me ensinaram na segurança do lar e familiar os maiores exemplos de ética e retidão. Aos meus irmãos: Roberto, Rosana e Robson, que compartilharam e compartilham comigo experiências de vida e de amor. Ao meu filho Edeilton e minha neta Gabrielle, aos quais me sinto responsável em orientar e ajudar a trilhar o caminho do bem. A Theodomiro, meu companheiro, meu Amado, que me apoiou em todas as etapas deste trabalho, sendo fundamental para minha perseverança. A Adilson (in memorian), meu cunhado, amigo e irmão, com quem muito compartilhei as contradições do serviço público. A família Santos Silva, por todo acolhimento, segurança, carinho e amor. AGRADECIMENTOS Inicio meus agradecimentos a DEUS, que possibilitou a presença de pessoas tão especiais ao meu lado, sem as quais certamente não teria chegado até aqui. Ao Instituto Federal da Bahia, pelas muitas experiências proporcionadas, inclusive a possibilidade de ampliar minha capacidade técnica profissional, através do curso de Mestrado. A Albertino, diretor do campus Salvador, primeiro a dizer sim para a concretização dessa pesquisa. Aos colegas e amigos, Clarissa, Lamartine, Lênio, Lívia, Rosane e Dan, integrantes da Comissão de Ética, por todo empenho, troca de informação, experiências, dedicação e comprometimento com este trabalho. Aos colegas que compõem a equipe DEPAE (Waléria, Heide, Fabiana, Delma, Alcione, Brunelli, Dessa, Santos, Deivid, Vanessa, Edilene, Erivaldo, Nelson, Taiane, Nina Rosa, Iara, Renato, Celiana, Telma, Carla e Tiago), pela rica experiência da convivência, pelo apoio e solidariedade, em todos os momentos que precisei. Aos nossos estagiários (as), sempre tão empenhados em contribuir com todas as nossas ações e em aprender amparados na retidão. Aos professores que compõem a DE, pela disponibilidade e pela importante colaboração nesta pesquisa, especialmente as professoras Lybia e Débora. Aos colegas da turma do MPA12, pela convivência ímpar e pela troca de experiências, pela solidariedade e pelas dezenas de encontros fraternais. À Escola de Administração da UFBA e toda sua equipe de professores. A Cristina e aos demais funcionários do NPGA, sempre tão prestativos e atenciosos com todos os estudantes. A Ivan Messias, por todo apoio técnico profissional e pela amizade duradoura. A Joceilma, pelo apoio e colaboração integral. A professora Maria do Carmo, um agradecimento especial, por toda contribuição, pela competência, pelo apoio, pela generosidade e paciência na condução desse processo. A professora Elenise, pela generosa contribuição para a concretização desse trabalho. A todos os meus familiares Santos Silva, Nascimento e Gomes, que indistintamente, contribuíram para o meu sucesso em todas as etapas. Um agradecimento muito especial aos colegas do campus de Santo Amaro, trabalhamos juntos de 2006 a 2010, e construímos laços inquebrantáveis de união e fraternidade. E a todos aqueles que de alguma forma contribuíram com concretização desta pesquisa, especialmente os colegas do campus Salvador. Só de Sacanagem Elisa Lucinda Meu coração está aos pulos! Quantas vezes minha esperança será posta à prova? Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, que reservo duramente para educar os meninos mais pobres que eu, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais. Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova? Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz. Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e dos justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", " Esse apontador não é seu, minha filhinha". Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar. Só de sacanagem! Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba" e eu vou dizer: Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau. Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal". Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? IMORTAL! Sei que não dá para mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dá para mudar o final! NASCIMENTO, Eliana Silva Nascimento. A Atuação da Comissão de Ética Setorial: estudo de caso sobre a percepção dos servidores do Instituto Federal da Bahia. 90 f Il. 2014. Dissertação (Mestrado Profissional) – Escola de Administração, Universidade Federal da Bahia, 2014. RESUMO O presente trabalho analisa a atuação da Comissão de Ética do Instituto Federal da Bahia, pautada nas normativas que orientam sua constituição e funcionamento, e com base na concepção de ética aplicada à administração pública, que contempla funções de natureza educativa, consultiva, preventiva, conciliadora e punitiva. Trata-se de uma pesquisa exploratória, de natureza qualitativa, que utiliza da estratégia de estudo de caso, buscando analisar as ações desenvolvidas pela Comissão de Ética Setorial em funcionamento desde o ano de 2007, bem como os pontos críticos e os desafios colocados para esta comissão, na perspectiva dos servidores do Instituto e dos membros da Comissão, além da análise dos processos encaminhados pelos servidores à Comissão. Foram utilizados como instrumentos de coleta de dados questionário com perguntas fechadas e abertas enviado online para os servidores com endereço eletrônico cadastrados no IFBA, entrevistas semiestruturadas com os membros da Comissão de Ética e análise de documentos. Foi também utilizada à observação participante considerando que a autora da pesquisa é membro desta Comissão de Ética. Os resultados obtidos apontam entre outras questões, para um número expressivo de servidores que desconhecem a existência e o papel da Comissão de Ética. Entre os que conhecem a Comissão a maioria considera que as suas ações são mais de natureza preventivas/educativas do que punitivas. Contudo, a maioria dos servidores explicita que já sentiu necessidade de procurar a Comissão de Ética para denunciar problemas de conduta “não ética” mas teve receio e medo de represálias, evidenciando o caráter punitivo que ainda permeia a questão ética no âmbito da administração pública. Estes resultados reforçam a necessidade de se intensificar o processo de divulgação e capacitação dos servidores com relação à Gestão da Ética Pública, bem como a implementação de ações conjuntas com as Diretorias Sistêmicas do Instituto, por considerar que a educação para a ética pública é tarefa de toda a instituição. Palavras-chave: Ética aplicada a Administração Pública; Comissão de Ética; Gestão da Ética. NASCIMENTO, Eliana Silva Nascimento. The Acting Sector Ethics Commission: a case study on the perception of servers Federal Institute of Bahia. 90 f Il. 2014. Dissertation (Professional Master) - School of Administration, Federal University of Bahia, 2014. ABSTRACT This paper analyzes the role of the Ethics Committee of the Federal Institute of Bahia, based on the regulations that guide its establishment and operation, and based on the conception of ethics applied to public administration, which includes educational nature functions, consultancy, preventive, conciliatory and punitive. This is an exploratory, qualitative, using the case study strategy, trying to analyze the actions taken by the Ethics Committee Sector in operation since 2007 and the critical points and challenges for this committee with a view of the servers of the Institute and members of the Commission, as well as analysis of cases transferred by the servers to the Commission. Were used as questionnaire data collection instruments with closed and open questions sent online to the servers with electronic registered address in the IFBA, semi-structured interviews with members of the Ethics Committee and document analysis. It was also used participant observation considering that the author of the research is member of the Ethics Committee. The results show among other things, for a significant number of servers that are unaware of the existence and the role of the Ethics Committee. Among those who know the Commission most consider that their actions are more preventive / educational nature than punitive. However, most of the servers specifies that already felt the need to search for the Ethics Committee to report conduct problems "unethical" but was afraid and fear of reprisals, showing the punitive character that still permeates the ethics in public administration. These results reinforce the need to intensify the process of disclosure and skilled workers in relation to the Management of Public Ethics and the implementation of joint actions with Systemic Directors of the Institute, considering that education for public ethics is task the entire institution. Keywords: Ethics applied to Public Administration; Ethics Committee; Ethics Management. LISTAS DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 Linha do tempo – histórico da ética no serviço público federal 37 Figura 2 Número e localização dos campi do IFBA 43 Gráfico 1 Número de servidores respondentes da pesquisa segundo o vínculo de Trabalho no IFBA 52 Gráfico 2 Número de servidores respondentes da pesquisa segundo o tempo de trabalho no IFBA 54 Gráfico 3 Número de servidores respondentes da pesquisa segundo a existência de experiência anterior de trabalho no Setor Público 54 Gráfico 4 Número de Servidores respondentes da pesquisa em Cargo de Gestão no IFBA 55 Quadro 1 Natureza das ações desenvolvidas pela Comissão de Ética segundo seus respectivos conteúdos na percepção dos servidores do IFBA 58 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Número de processos Existentes na Comissão de Ética por campus do IFBA no período de 2007 a 2014 24 Tabela 2 Quantitativo e tipo de material elaborado para divulgação da Comissão de Ética no período de 2011 e 2014 56 Tabela 3 Natureza das ações da Comissão de Ética do IFBA segundo o percentual de servidores com até três anos de trabalho na Instituição, Salvador, 2014 59 Tabela 4 Tabela 5 Tabela 6 Natureza das ações da Comissão de Ética do IFBA segundo o percentual de servidores com quatro (4) a dez (10)anos de trabalho na Instituição, Salvador, 2014 Natureza das ações da Comissão de Ética do IFBA segundo servidores com mais de onze (11) anos de trabalho na Instituição, Salvador, 2014 Questões críticas que requerem orientação da Comissão de Ética na percepção dos servidores do IFBA segundo tempo de serviçoSalvador, 2014 60 61 63 Tabela 7 Tema/Problemas apontados pelos servidores, segundo o tempo de serviço 66 Tabela 8 Processos por enquadramento no Decreto nº 1.171/1994 68 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABC Agência Brasileira de Cooperação ACPP Acordo de Conduta Pessoal e Profissional ANTAQ Agência Nacional de Transportes Aquaviários CCAAF Código de Conduta da Alta Administração Federal CEFETBA Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia CEFETRJ Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro CENTEC Centro de Educação Tecnológica da Bahia CEP Comissão de Ética Pública CEP Comitê de Ética na Pesquisa CEP/PR CEP/PR Comissão de Ética Pública da Presidência da República CFSP Conselho Federal do Serviço Público CGU Controladoria Geral da União CICC Convenção Inter Americana Contra Corrupção CLAD Centro Latino Americano de Administração e Desenvolvimento CLT Consolidação das Leis do Trabalho CNS Conselho Nacional de Saúde CPB Código Penal Brasileiro CPPD Comissão Permanente de Pessoal Docente DASP Departamento Administrativo do Serviço Público DGCOM Diretoria de Gestão da Comunicação DGP Diretoria de gestão de pessoa DGT Diretoria de Gestão em Tecnologia DGTI Diretoria Sistêmica de Gestão da Informação ETFBA Escola Técnica Federal da Bahia EJA Educação de Jovens e Adultos IF Instituto Federal IFBA Instituto Federal da Bahia IFES Instituto Federal do Espírito Santo IFPR Instituto Federal do Paraná IFSP Instituto Federal de São Paulo MPF Ministério Público Federal OCDE Convenção da Organização para Cooperação e o Desenvolvimento Econômico OEA Convenção de Organização dos Estados Americanos OGP The Open Government ONU Conversão das Organizações das Nações Unidas PAD Processo Administrativo Disciplinar PDI Plano de Desenvolvimento Institucional PPI PRPGI Projeto Pedagógico Institucional Pró Reitoria de Pesquisa, Pós Graduação e Inovação TAC Termo de Acordos e Metas UNED Unidade Descentralizada SUMÁRIO 1 1.1 1.2 1.1.1 1.1.2 1.1.3 INTRODUÇÃO .................................................................................................. A COMISSÃO DE ÉTICA DO INSTITUTO FEDERAL DA BAHIA .............. ASPECTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS .............................................. Universo amostral da Pesquisa ......................................................................... Instrumento de coleta de dados ........................................................................ Estrutura do trabalho ........................................................................................ 14 18 22 23 25 27 2 CONCEITO DE ÉTICA E ÉTICA APLICADA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ........................................................................................................... 28 3 A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA ............................................................ 37 4 HISTÓRICO DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA BAHIA ......................................................................... A COMISSÃO DE ÉTICA DO IFBA ................................................................. 42 45 4.1 5 5.1 5.2 5.2.1 5.2.2 5.2.3 5.2.4 O PAPEL DA COMISSÃO DE ÉTICA NA PERSPECTIVA DO SERVIDOR DO IFBA: OS RESULTADOS DO ESTUDO DE CASO ........ PERFIL DOS SERVIDORES DO IFBA: OS ATORES DA PESQUISA .......... PERCEPÇÃO DOS SERVIDORES DO IFBA CAMPUS DE SALVADOR, SOBRE O SISTEMA DE GESTÃO DA ÉTICA ................................................ Sobre as ações de disseminação e publicização da informação realizadas pela Comissão de Ética ...................................................................................... Sobre a natureza das ações desenvolvidas pela Comissão de Ética .............. Os pontos críticos na atuação da Comissão de Ética do IFBA ...................... A atuação da Comissão de Ética do IFBA na percepção de seus membros integrantes .......................................................................................................... 51 51 56 56 58 62 69 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 76 7 REFERENCIAS ................................................................................................. 80 APÊNDICE A - ROTEIRO DE QUESTIONÁRIO .......................................... 88 APÊNDICE B - ROTEIRO DE ENTREVISTA ............................................... 89 APÊNDICE C - ROTEIRO DE ANÁLISE DOCUMENTAL .......................... 90 14 1 INTRODUÇÃO As questões relacionadas à ética têm aguçado o interesse nas ações do cotidiano e, de maneira peculiar nos assuntos voltados para as atuações públicas. Notícias, fatos e situações que envolvem as questões políticas do país, como a falta de transparência e de honestidade, as vantagens pessoais, a corrupção, as situações comprometedoras no âmbito da gestão pública e na sociedade de forma geral, bem como a gama de dificuldades experimentadas na esfera empresarial privada, circulam na mídia diariamente. Diversos problemas envolvendo o contexto familiar, do trabalho, e muitos outros, abrangendo a ética como questão principal, permanecem de alguma forma no contexto das relações sociais no mundo do trabalho. Tais situações geram reflexões sobre os valores e o sentido que orientam as decisões que são adotadas na vida dos homens. Nesse sentido Droit (2012) argumenta: Igualmente no dia a dia, a ética se faz cada vez mais presente. As agressões verbais ou físicas se multiplicam, a violência e a incivilidade crescem, a disciplina e a autoridade se enfraquecem. Ao tempo, invocamos o respeito das pessoas, o sentido de solidariedade, a necessidade de normas coletivas para continuarmos a viver juntos (DROIT, 2012, p. 10). A vida em sociedade requer respeito ao outro e em contextos democráticos exigem-se respeito às regras, normas, legislações, e, sobretudo, às diferenças de pensamento e opinião. Na sociedade contemporânea, empresas e organizações, sejam públicas ou da iniciativa privada, decretam um conjunto de normas que orientam a tomada de decisões, bem como muitas profissões, definem um código de ética específico, com o objetivo de garantir princípios e diretrizes para a atuação de seus profissionais, abrigados em comportamentos éticos. Existe uma preocupação atual em garantir comportamentos aceitáveis socialmente, revelados nas atitudes sensatas, pautadas no bom senso, no espírito de responsabilidade e solidariedade. De maneira correlata às exigências com os profissionais que atuam na esfera pública, suporta o mesmo nível de cobrança, uma vez que a sociedade está muito mais atenta aos serviços desenvolvidos e prestados pela rede pública, seja em nível federal, estadual ou municipal, exigindo ações amparadas por uma conduta ética. Neste sentido, a palavra ‘ética’, do grego ethos, pode vir a significar a razão pela qual, de certa maneira, os homens sentem e agem. Com efeito, todo comportamento humano se 15 funda na ética e, por esta razão Serrano (2010) admite que a convivência humana pode ser orientada com base na ética. O convívio no ambiente laboral é um dos elementos importantes nas discussões de comportamento ético, pois dessa interação diária pode haver rompimento de regras básicas, a exemplo do respeito às diferenças, elementos que garantem aos diversos profissionais conviverem em harmonia, desenvolvendo seu trabalho, amparado em atitudes de respeito com a coletividade. Segundo Maximiano (2006), a ética é uma ciência que estuda os valores e virtudes do homem, com o intuito de determinar regras e condutas a serem seguidas para que o convívio em sociedade se dê de forma ordenada e justa. Surge assim, a necessidade de transmitir valores morais às futuras gerações. (MAXIMIANO, 2006). Esse contexto caracteriza o surgimento do Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal (1994), que dentre seus objetivos, prima por ratificar a importância da ética para qualificar as atividades da administração pública. Segundo Weaver (1993), o código de ética é um documento formal distinto, que especifica obrigações éticas conscientes para a conduta organizacional, só existindo se for formulado com o propósito único de ser guiado por padrões morais para condutas éticas. Ele não é parte de manuais e políticas de procedimentos (amorais) operacionais, mesmo que contenha itens de comportamento moral. A vinculação da ética ao comportamento humano reflete as ações dos gestores frente ao desafio de comandar uma organização, o que não é uma tarefa nada fácil, diante da complexidade que são as relações no ambiente de trabalho. Para Luce, Barber e Hillman (2001), a adoção de uma conduta baseada em princípios morais que respeitem o ambiente e os valores da comunidade é uma exigência incontornável das sociedades contemporâneas que os responsáveis organizacionais não podem ignorar. A presente pesquisa destaca o conceito de ética relacionado à administração pública, ou seja, a ética aplicada aos servidores, empregados, funcionários e outros profissionais que atuam na administração pública, tendo sua atuação profissional definida por um conjunto de normas de conduta, de valores e hábitos que direcionem o desenvolvimento das atividades profissionais no espaço público. Neste sentido, para Froes e Neto (2007): Ética pode ser entendida como um conjunto de princípios que direcionam o agir do homem. No âmbito da administração pública, permeia as relações 16 entre o Estado e a sociedade civil, entre o Estado e os cidadãos, o exercício da cidadania e a conduta do servidor público. (FROES; NETO, 2007, p. 86). As discussões e reflexões acerca das questões de ética na administração pública não são recentes, pois o padrão institucional, de administração pública, inclusive no Brasil, está qualificado por grande número de normas. Além do que estabelece a Carta Magna brasileira, para o cumprimento dos princípios da administração pública, existem leis, normas, códigos e decretos que instigam o agir ético. Assim, por exemplo, é possível aludir à Lei Nº 8.666/1993, que institui normas para licitações e contratos da Administração Pública, estabelecendo as regras para aquisição de bens e serviços, Lei Nº 8.429/1992, a lei da improbidade administrativa, que dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional, instituindo que os atos que sejam contrários a essa lei sejam punidos com a suspensão dos direitos políticos, perda da função pública, indisponibilidade dos bens e compensação ao erário público. Além desta normativa, ainda conta com o ordenamento jurídico penal, o Decreto Lei Nº 2.848/1940, onde são estabelecidas as ações para os Crimes Contra a Administração Pública, e no âmbito administrativo as Leis Nº 8.112/1990, que estabeleceu o Regime Jurídico Único do Servidor, a Lei Nº 9.784/1999 que organizou o Processo Administrativo, bem como o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, através do Decreto Nº 1.171/94, e também o Decreto Nº 6.029/2007, que cria o sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal. Várias são as questões reguladas pelas normas na administração pública, com destaque para: o uso indevido do cargo público, o enriquecimento ilícito no exercício da função, o tráfico de influência, a violação de sigilo, o uso de informação privilegiada, o recebimento de presentes, entre muitos outros. Tais questões estão também contempladas pela regulação da ética no serviço público. Nesta perspectiva, é possível afirmar que a questão da ética vem sendo inserida de forma gradativa no serviço público, não por se tratar de um tema atual, mas pelo fato de que, o novo cenário político e social brasileiro vem exigindo sua inserção no trato com a coisa pública. A Constituição Federal de 1988 estabeleceu em seu artigo 37, os princípios fundamentais para a promoção da ética no setor público, dirigidos à atuação da Administração Pública, ou seja, existe a obrigatoriedade do servidor público cumprir os princípios administrativos da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Tais princípios podem assegurar que as ações desenvolvidas pelo Estado estejam alicerçadas na 17 boa fé e na sinceridade das condutas. As regras deontológicas, (deonto do grego, deon = dever ou obrigação e logia = logos, ciência, ou seja, ciência do dever), destacadas no Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, em seu inciso V sobressaem que: O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu próprio bem estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxito desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio (ESAF, 2002). Conforme a Agência Brasileira de Cooperação (2014) a preocupação com a comportamento ético é também observada nos inúmeros acordos de cooperação firmados pelo Brasil, através da Controladoria Geral da União, com países e organismos internacionais, com vistas a prevenção e combate a corrupção que não é um problema exclusivo da cultura brasileira, mas assola uma infinidade de sociedades (ABC, 2014). Tal afirmação pode ser comprovada com o destaque do inciso I, nas regras deontológicas do Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal: A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais são primados maiores que devem nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes serão direcionados para a preservação da honra e da tradição dos serviços públicos. (BRASIL. 2008, p.10). Parte da sociedade brasileira passou a exigir da administração pública mudanças de comportamento diante de ações que apontam para atitudes ineficazes ou desqualificadas. Os cidadãos brasileiros parecem despertar para a necessidade de experimentar e cobrar atitudes e comportamentos pautados no zelo, no respeito, na qualidade dos serviços, no bom atendimento e acima de tudo, na ética e na moralidade. Há um contexto social de indignação frente aos problemas da administração púbica, a exemplo de atitudes de centralização de poder, de abuso de autoridade, de trafico de influência, de corrupção, entre outras, e clamor social em favor da qualidade dos serviços públicos. Ressalta-se neste contexto, a criação e o aperfeiçoamento do sistema de ouvidoria, que objetiva ampliar as possibilidades de comunicação entre os cidadãos e a instituição, bem como o portal de transparência pública, que dá ciência a sociedade dos gastos públicos, podendo qualquer cidadão acompanhar, intervir e sugerir as melhores possibilidades para o uso do recurso público (EVANGELISTA, 2010). 18 Por outro lado o poder público tem investido em pesquisas, programas e planos de governo, que garantam a formação e qualificação dos servidores, para que esses tenham a real capacidade de desenvolver e cumprir a função política e social do Estado, de garantir a edificação de uma sociedade com melhor qualidade de vida para todos os cidadãos (BRASIL, 2008). Não renunciando jamais aos problemas da falta de ética que envolve boa parte do funcionalismo público. Organismos internacionais estão cobrando dos países, inclusive do Brasil, atitudes e ações em defesa de comportamentos alicerçados na ética e voltados para o combate a corrupção. Nesse sentido, diversos acordos e convenções foram assinadas pelo Brasil, dentre os quais é possível destacar: The Open Government Partnership (OGP), Parceria para Governo Aberto; Convenção da Organização das Nações Unidas (ONU); Convenção de Organização dos Estados Americanos (OEA); Convenção da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e Acordo de Cooperação India, Brasil e África do Sul (IBAS), (BRASIL, 2013). Todas essas convenções destacam como uma das ações específicas a Ética e o Combate a Corrupção. Neste contexto de inquietações até aqui apresentadas, foram criadas no Brasil as Comissões de Ética Pública, por decreto da Presidência da República em 26 de maio de 1999, vinculada ao Presidente da República, competindo-lhe a revisão das normas que dispõem sobre a Conduta Ética na Administração Pública, elaborar e propor a instituição do Código de Conduta das Autoridades, no âmbito do Poder Executivo Federal. A Comissão tem a missão de zelar pelo cumprimento do Código de Conduta da Alta Administração Federal, orientar as autoridades para que se conduzam de acordo com suas normas e inspirar assim o respeito no serviço público. Surge nesse contexto a Rede Ética nos Serviços Públicos Federais e, para tanto, um conjunto de decretos e dispositivos jurídicos normativos vem sendo instituídos, relacionados às questões éticas na administração pública, vislumbrando a garantia de atitudes e comportamentos éticos na gestão pública. 1.1 A COMISSÃO DE ÉTICA DO INSTITUTO FEDERAL DA BAHIA O surgimento das reflexões sobre ética no serviço público de forma mais explicita do ano de 1994, quando o presidente Itamar Franco, à época, aprovou o Código de Ética Profissional do Servidor Civil do Poder Executivo Federal, o Decreto nº 1.171 de 22 de junho 19 de 1994. Essa regulamentação no campo da ética mostra-se como possibilidade de dirimir a condição de descrença, suspeita e desagrado da sociedade em relação às deficiências institucionais, bem como às conjecturas da prática de irregularidades éticas na Administração. O Decreto dispõe em seu artigo 2º sobre a constituição de Comissão de Ética nos órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta e indireta. Art. 2º Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta e indireta implementarão, em sessenta dias, as providenciais necessárias à plena vigência do Código de ética, inclusive mediante a constituição da respectiva Comissão de Ética, integrada por três servidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou emprego permanente. Parágrafo único: A constituição da Comissão de Ética será comunicada à secretaria da Administração Federal da Presidência da república, com a indicação dos respectivos membros titulares e suplentes. (BRASIL. 2008. p. 9). Contudo, a CEP traz em sua missão a orientação de “zelar pelo cumprimento do Código de Conduta da Alta Administração Federal, orientar as autoridades para que se conduzam de acordo com suas normas e inspirar, assim, o respeito à ética no serviço público” (BRASIL; 2013 p.27). Seu papel primordial é de guiar às autoridades para que, no exercício de suas funções, observem o princípio da moralidade e demais regras de conduta, de modo a prevenir eventuais conflitos de interesses ou outras transgressões de natureza ética. Cumprir as normas e orientações éticas, não é uma prerrogativa apenas da Alta Administração, tais recomendações alcançam todos os que estão de alguma forma relacionada às milhares de ações de natureza pública. A Alta Administração tem papel fundamental, mas não exclusivo, deve comportar-se como exemplo a ser seguido, principalmente para poder exigir de seus subordinados que tenham atitudes idênticas. Essa reflexão está presente nas orientações e normatizações da CEP, conforme o destaque que se segue: Se uma das premissas básicas do “poder à brasileira” é que o “alto administrador” “tudo pode” e, assim, não precisa dar satisfação a ninguém, exceto — é claro — ao “povo” ou ao “Brasil” por suas ações, por que então o “governo” teve que inventar essa chatice de ética? (CEP, 2002, p. 32). Essas discussões são impulsionadoras das exigências sobre conduta ética no serviço público, de forma ampla toda sociedade vem cobrando transparência dos seus representantes, no que diz respeito aos atos públicos. O Decreto nº. 6.029, de 1º de fevereiro de 2007 - instituiu o Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal com a finalidade de promover atividades que dispõem sobre a Conduta Ética no âmbito do Poder Executivo Federal. Numa abrangência ampla esse decreto possibilita além das orientações para o estabelecimento de ações concretas voltadas 20 para a consolidação de atitudes éticas por parte dos seus agentes, também o ensejo de refletir, propor e executar atos legítimos de reeducação dos servidores para a devida importância ao serviço público. É neste cenário, que a Resolução nº 10, de 29 de setembro de 2008, surge para estabelecer as normas de funcionamento e de rito processual para as Comissões de Ética, tal resolução acresce as orientações já existentes, delimitando competências, atribuições, procedimentos e outras providências no âmbito das Comissões de Ética. Destaca-se que qualquer cidadão, agente público, pessoa jurídica de direito privado, associação ou entidade de classe pode provocar a atuação da Comissão de Ética, visando à apuração de infração ética imputada a agente público, órgão ou setor específico de ente estatal. Em um rápido levantamento das Comissões de Ética nos Institutos Federais, identificou-se que no IF do Paraná eles descrevem que a Comissão tem caráter deliberativo e consultivo com a finalidade de orientar, supervisionar, acolher denúncias e analisá-las, difundindo os princípios da conduta ética do servidor no relacionamento com o cidadão e no resguardo do patrimônio público. Já o IF de São Paulo afirma que as comissões de ética devem existir em todos os órgãos e entidades vinculadas à Administração Pública Federal e têm por finalidade zelar pela aplicação Código de Ética Profissional do Servidor Público, devendo apurar, mediante denúncia ou de ofício, condutas em desacordo com as normas éticas estabelecidas, além de recomendar, acompanhar e avaliar, no âmbito da instituição, o desenvolvimento de ações objetivando a disseminação, capacitação e treinamento sobre as normas e comportamento ético. Na experiência do CEFET RJ, estes descrevem em seu artigo primeiro, as competências da Comissão de Ética, que dentre outras, deve promover seminários, simpósios e outros eventos correlatos, que propiciem a difusão e a conscientização de condutas éticas; Orientar os servidores no sentido de adotar uma conduta conforme os princípios reitores da Administração Pública, inspirando o respeito pelos seus pares e pelo Serviço Público; e Explicitar os desvios éticos e superá-los por meio de uma atuação positiva e pedagógica, buscando a prevalência da ética no contexto prático da Instituição; A Comissão de Ética do IF do Espírito Santo tem como missão, promover a ética no IFES, socializando-a por meio de ações amparadas em valores e princípios que devem nortear a conduta de todos que nele prestam serviço, visando ao equilíbrio das relações sociais e de 21 trabalho e tendo como fundamento o código de ética profissional do servidor público do Poder Executivo Federal, anexo ao decreto 1.171 de 22 de junho de 1994. Nos exemplos citados há ênfase na necessidade de orientar, informar, avaliar, recomendar ações de cunho educativo, ratificando sua função primordial. O Instituto Federal da Bahia (IFBA) encontra-se inserido neste contexto de mudanças que ocorreram na administração pública, vez que seu percurso histórico já ultrapassa um século de existência. Na perspectiva de propor melhoria institucional e do aprimoramento de suas ações, foi instituída a Comissão de Ética Setorial do IFBA, em 04 de setembro de 2007, através da Portaria nº 656 do Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia. Esta Comissão é relativamente nova, possui apenas sete anos de funcionamento, contudo, as discussões sobre ética, e o cumprimento dos objetivos da mesma, são um importante desafio colocado aos membros da comissão bem como à gestão institucional, vez que é ainda necessário estruturar propostas concretas para seu pleno funcionamento e a participação dos servidores nesse processo constitui-se em um requisito de agregação importante. Nesta perspectiva esta pesquisa busca responder a seguinte questão: Como os servidores do IFBA campus Salvador, percebem o papel e a atuação da Comissão de Ética do Instituto, em funcionamento desde o ano de 2007? Parte-se dos pressupostos de que o desenvolvimento de ações voltadas para “o educar para a ética pública” com efeitos na conduta dos servidores, ainda está restrito à responsabilidade das Comissões de Ética e não suficientemente integrado ao conjunto das ações desenvolvidas pelo Instituto Federal da Bahia. Esta situação não favorece a discussão sobre questão ética na instituição de forma mais ampla e restringe as ações da Comissão as de natureza punitivas comprometendo seu potencial de contribuição para prevenção e educação dos servidores sobre a ética pública. Argumenta-se que a disseminação de valores éticos requer uma ação integrada e articulada entre todos os setores da instituição e o papel da Comissão é restrito e limitado diante da magnitude da questão do educar para a ética pública. É importante registrar que no processo do levantamento do referencial teórico sobre atuação de Comissão de Ética Setorial, a pesquisadora deparou-se com a quase inexistência de estudo sobre a temática, identificou-se na literatura uma gama de pesquisas e artigos científicos que abordam a ética relacionada à administração pública, no entanto, pesquisas tendo como tema central a atuação de comissões de ética setorial, são ainda insuficientes. 22 O objetivo desta pesquisa é portanto analisar a atuação da Comissão de Ética do IFBA, identificando as ações e iniciativas desenvolvidas por esta Comissão e que são do conhecimento dos seus servidores, bem como o interesse dos servidores sobre as questões relacionadas ao Sistema de Gestão da Ética, e a percepção tanto dos servidores quanto dos membros da Comissão, sobre o papel da Comissão de Ética no Instituto Federal da Bahia. Com base nos resultados desta pesquisa pretende-se propor algumas recomendações de ações institucionais relacionadas à educação para a ética pública e sua disseminação no âmbito das instituições públicas. 1.2 ASPECTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS Para responder a questão de pesquisa, optou-se pela estratégia de estudo de caso, visto que esta estratégia possibilita maior familiaridade com o objeto/fenômeno a ser estudado. Para Yin (2002), o estudo de caso consiste em uma investigação que analisa determinado fenômeno a partir de seu contexto real de ocorrência, principalmente quando os limites do fenômeno e seu contexto são tênues. Através desse estudo de caso, pretende-se analisar a atuação da Comissão de Ética, na perspectiva dos servidores e membros da Comissão de Ética, examinando os problemas levantados acerca do trabalho que esta Comissão vem desenvolvendo no IFBA, para sugerir possíveis alternativas de aperfeiçoamento de sua atuação. De acordo com Godoy (2008) ao assumi a estratégia de estudo de caso: (...) não se estar referindo a uma escolha metodológica mas, fundamentalmente, à escolha de um determinado objeto a ser estudado, que pode ser uma pessoa, um programa, uma instituição, uma empresa ou um determinado grupo de pessoas que compartilham o mesmo ambiente e a mesma experiência (GODOY, 2008, p. 119). Trata-se uma pesquisa exploratória, descritiva e de natureza qualitativa, sobre a atuação da Comissão de Ética do IFBA, durante os seus últimos sete anos de funcionamento, objetivando analisar o papel desta Comissão a partir do seu contexto. Embora a criação desta Comissão date da década de 90, seu pleno funcionamento, através de reuniões regulares, só inicia-se no ano de 2007. Por esta razão o corte temporal desta pesquisa é de 2007 a 2014. Vale ressaltar que esta pesquisa não toma a ética como objeto de estudo e sim a atuação da Comissão de Ética, criada no bojo de um Sistema de Gestão da Ética para o 23 serviço público, na perspectiva dos servidores federais de um Instituto Federal de Educação. Nesse sentido, adota-se uma concepção de ética aplicada,1 ou seja, a ética analisada em situações específicas, em que a importância é dada ao contexto, cujo propósito é mais descritivo do que reflexivo. No caso especifico trata-se da ética aplicada à administração pública, assumindo que a criação e propósito da Comissão de Ética estão pautados nos atributos e princípios que orientam a atividade profissional do servidor público ou seja, a atuação desta comissão contempla os atributos definidos pelo Sistema de Gestão da Ética para o serviço público, ainda que esteja associada a um conjunto de princípios que direciona o agir do ser humano, conforme discutido por Droit (2012, p.12), ao admitir que a reflexão sobre ética “é a reflexão que indaga segundo quais regras agimos e segundo quais critérios avaliamos as ações dos outros”. Nesta perspectiva aplicada, segundo o Sistema de Gestão da Ética, a natureza das ações da Comissão de Ética setoriais, é definida a partir das funções Educativa, Consultiva, Preventiva, Conciliadora e Repressiva, que são a ela atribuídas. A função educativa implica nas ações de publicização das normas e decretos relacionados à Gestão da Ética, a função consultiva alude ao atendimento imediato aos que buscam orientação na Comissão, a função preventiva garantem ações que visem proteger os servidores mais susceptíveis na instituição, a função conciliadora implica na atuação como instância de mediadora e função repressiva que garante aplicar pena de censura ao servidor. 1.1.1 Universo amostral da Pesquisa A Comissão de Ética atua em todos os campi do Instituto, num total de vinte e um (21) em funcionamento, além da Reitoria. No entanto, a pesquisa foi realizada no IFBA/Campus de Salvador, onde a autora desta pesquisa desenvolve atualmente suas atividades profissionais. A escolha se deu em função de ser o campus mais antigo, possuir 104 anos de funcionamento, por ter o maior número de servidores incluindo efetivos e terceirizados, profissionais com mais de três décadas de trabalho e profissionais ainda em estágio probatório. Além disso, é o campus que mais gerou processos na Comissão de Ética no período do estudo. Até a realização desta pesquisa o campus Salvador gerou dezessete (17) 1 Peter Senge é considerado o autor do conceito de “ética aplicada”, num esforço de aproximação dos pressupostos filosóficos que envolvem a ética com questões que estão presentes na vida cotidiana e laboral das pessoas (Senge, Peter. Ética aplicada. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2002) 24 processos éticos, dentre os trinta e sete (37) registrados pela Comissão de Ética do IFBA durante os seus 7 anos de funcionamento conforme os dados da Tabela 1. Tabela 1 - Número de processos existentes na Comissão de Ética por campus do IFBA no período de 2007 a 2014 Campus Quantidade de Processos 1 Barreiras 1 Camaçari 1 Feira de Santana 2 Ilhéus 2 Jequié 1 Porto Seguro 3 Rede Intraifba 1 Reitoria 17 Salvador 5 Santo Amaro 1 Seabra 2 Simões Filho Total 37 Fonte: Comissão de Ética do IFBA (2014). No campus de Salvador, há um total de seiscentos e seis (606) profissionais distribuídos entre servidores e funcionários terceirizados desenvolvendo suas atividades profissionais, divididos entre docentes que atuam no ensino médio, técnico e superior, técnicos administrativos que abrangem tanto os que possuem nível médio quanto os que assumem o quadro técnico de nível superior, e por fim os profissionais terceirizados, que atuam nos serviços gerais, vigilância, telefonia, auxiliar administrativo, motorista e recepção. Como esta pesquisa orienta-se pelos pressupostos da pesquisa qualitativa, a amostra não teve intenção de significância estatística, e o critério de inclusão foi o interesse em responder e participar voluntariamente da pesquisa. Assim, utilizou-se da seguinte estratégia para a conformação da amostra de servidores informante da pesquisa. Do universo de seiscentos e seis profissionais (606) quatrocentos e oitenta e dois (482) possuíam e-mails, o que corresponde a 79,54% dos profissionais, enquanto cento e vinte e quatro (124) não forneceram essa informação ao setor de informática do campus. Esse quantitativo de profissionais foi naturalmente excluído da possibilidade de responder os questionários o que corresponde ao percentual de 20,46%. O questionário foi enviado a todos os cadastrados com e-mail, ficando disponível para acesso do dia 08 de setembro até o dia 07 de outubro do ano de 2014, totalizando um período de trinta dias. Ao final do período 25 estabelecido, 61 questionários foram respondidos, o que representa um percentual de 12,65% dos profissionais que atuam no campus de Salvador e que possuem acesso à informática, fazendo uso de e-mails ativos de forma regular. O tempo de disponibilidade de acesso a questionário on line de um mês, é considerado satisfatório para pesquisas com este objetivo e que pauta-se na voluntariedade. A coleta de informações através de questionário também garante o sigilo do respondente que foi informado sobre os aspectos relativos à privacidade dos seus dados pessoais. Os respondentes do questionário foram classificados como Informante de 1 a Informante 61. Também participaram como informantes desta pesquisa, os cinco (05) membros da Comissão de Ética do IFBA através da entrevista com roteiro prévio. Atualmente a Comissão conta com cinco técnicos administrativos (2 Psicólogos, 1 Assistente em Administração com formação em Direito, 1 Técnico em Artes Gráficas, com formação superior em Designer Gráfico e 1 Assistente Social), um Professor Técnico em Automação com formação em Psicologia, tendo como Secretário Executivo um Técnico Administrativo, com formação em Direito. Os membros da Comissão foram classificados como Integrante de 1 a Integrante 5. 1.1.2 Instrumentos de coleta de dados Para o levantamento dos dados utilizou-se como instrumentos questionários com questões fechadas e abertas aplicados com servidores (ANEXO I), entrevistas semi estruturadas com roteiro prévio com os servidores membros da Comissão de Ética (ANEXO II), análise de documentos legais e institucionais e a técnica da observação participante, considerando que a autora deste trabalho é membro da Comissão de Ética do IFBA. Ressaltase, contudo, que se optou por utilizar dados da observação participante apenas referente à estrutura física e a outros aspectos logísticos, deixando que as vozes dos outros servidores tivessem primazia para a análise sobre a atuação e o papel da Comissão no Instituto Federal da Bahia. Foi utilizada para o questionário a ferramenta disponível no Google Drive, enviado aos servidores com e-mails cadastrados no site do campus Salvador. O questionário contempla questões relacionadas ao perfil do informante, as percepções dos servidores sobre o papel e as ações da comissão e sobre os pontos críticos considerados como objeto de intervenção da Comissão. Além disso, buscou explorar o conhecimento dos servidores acerca 26 das normas e decretos que regulam a conduta ética na administração pública, bem como seu o interesse em relação às questões éticas, e participação em cursos de capacitação sobre esta temática. Também foi utilizada a análise documental, centrada nas normativas sobre o sistema de Gestão da Ética e foi também realizado um levantamento dos processos que deram entrada na Comissão de Ética desde o ano de 2007 até meados do ano de 2014. Para este levantamento utilizou-se de um roteiro composto por sete itens que definem o título do documento, o ano de criação, a origem, o número de pessoas envolvidas, tipo mais comum de denúncia, principais problemas encontrados e o seu resultado. As entrevistas foram realizadas com cinco (05) membros da Comissão de Ética do instituto. Para a análise das entrevistas bem como das questões abertas que constam do questionário utilizou-se a técnica da análise de conteúdo (AC). A Análise de Conteúdo (AC), é defendida por Bardin (1977), como “um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção [...] destas mensagens” (BARDIN, 1977:42). Na pesquisa qualitativa esta técnica é utilizada pelo pesquisador, segundo Careguinate e Mutti (2006) para identificar a presença ou ausência de características de conteúdo, num determinado fragmento do texto, expresso pelo sujeito entrevistado/informante, a partir de categorização de unidades do texto, palavras chave ou frase, inferindo o significado que elas representam. Para análise do conteúdo das entrevistas e questionário no que diz respeito a ações desenvolvidas pela Comissão de Ética foi realizada uma categorização para a análise da natureza das ações atribuídas/percebidas pelos servidores, tomando como referência as funções previstas para as Comissões de ética em seu arcabouço normativo jurídico. Assim, as funções educativa, consultiva, preventiva, conciliadora e repressiva serviram de parâmetro para a categorização realizada, sendo que se considerou que as funções preventiva e educativa formavam um único bloco, assim como a consultiva toma um caráter também legalista. Nesse caso, foram utilizadas três funções como referência: (i)preventiva/educativa, (ii) repressiva e (iii) consultiva/conciliadora. Buscou-se identificar no conteúdo das respostas dos servidores palavras chave e frases que, no contexto, assumiam um significado referente a uma destas três funções. O conjunto dos dados levantados através dos diferentes instrumentos foram dialogados e alguns confrontados numa busca de triangulação recomendada nos estudos de caso. Esta 27 triangulação tomou como referência para análise dos resultados a normativa que regula e legisla o funcionamento da Comissão de Ética. 1.1.3 Estrutura do trabalho Este trabalho está estruturado em 6 capítulos. Esta Introdução, primeiro capítulo, discute o contexto em que se insere a temática estudada, o objeto de estudo e o problema de pesquisa, os pressupostos, o objetivo, assim como os aspectos teóricos metodológicos que orientam a pesquisa. O segundo capítulo discute os conceitos de ética e de ética aplicada na administração pública presente na literatura, bem como sua trajetória na administração pública brasileira. O terceiro capítulo apresenta uma linha do tempo e o histórico da ética no serviço público, o arcabouço normativo e jurídico que compõe o Sistema de Gestão da Ética Pública. O quarto capítulo traz um breve histórico do Instituto Federal da Bahia e da Comissão de Ética do IFBA. O quinto capítulo discute os resultados do estudo empírico realizado no IFBA, a partir dos dados levantados junto aos servidores respondendo a questão desta pesquisa sobre a percepção dos servidores do instituto acerca das ações e do papel da Comissão de Ética relacionando-os com aspectos legais que orientam o Sistema de Gestão da Ética. O sexto capítulo a título de considerações finais da pesquisa, analisa os limites e potencialidades desta Comissão para “educar para a ética”, incluindo algumas recomendações para o pleno funcionamento da Comissão de Ética no IFBA. 28 2 CONCEITO DE ÉTICA E ÉTICA APLICADA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA O conceito de ética tem origem no campo da filosofia e refere-se a um conjunto de valores morais e princípios que orientam a conduta do ser humano, de forma individual ou em grupo na sociedade. Tal conceito é atributo de atos humanos em suas diversas relações na sociedade, uma vez que a base da ética está vinculada à liberdade de atuação, a opção de valores, a capacidade e a liberdade de escolher essa ou aquela conduta e de tomar uma decisão. (DROIT, 2012). Para um melhor entendimento dos conceitos utilizados nessa pesquisa, é necessário abordar algumas definições que se aplicam à palavra ética, que muitas vezes é abarcada como sinônimo de moral. A palavra ética é de origem grega, éthos que apresenta uma série de significados, entre os quais o caráter de uma pessoa, a maneira de ser, ou ainda maneira de se comportar. Os romanos traduziram a palavra para o latim, relativo aos costumes mores, idealizando o termo moralia, que quer dizer ethiké em grego. (DROIT, 2012). É possível sobressair que ética está relacionada ao que é certo fazer, enquanto moral esta mais voltada para o que é possível fazer (costume), ao que se faz habitualmente. O autor Roger-Pol Droit (2012), afirma que o comportamento que reflete as ações éticas é a moral. Dependendo da tradução podem ser usadas como sinônimos, tendo significados idênticos, se preocupam basicamente com bem e o mal. Tem relação direta com a integridade, com a seriedade, o nível de confiabilidade, e com a honestidade para respeitar o próximo e seguir as leis, com a retidão pública. Sobre esta variedade de termos, o autor Robert Henry Srour, destaca: “ambas as categorias referem-se ao conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade, as obrigações sociais e, por conseguinte, a fenômenos de natureza histórica; não ao resultado de reflexões ou investigações sistemáticas”. (SROUR, 2012, p.231). O autor Gallo (2013), destaca em seu texto que ética é a parte da filosofia que se dedica a pensar as ações humanas e os seus fundamentos. Os filósofos buscam conhecimento e sabedoria, não apenas do ponto de vista pessoal, mas principalmente em relação ao convívio em sociedade, acreditam que os valores éticos e morais devem favorecer toda sociedade e não ações individuais. A filosofia destaca como uma característica do comportamento ético a 29 garantia que tudo e todos se tornem melhores a partir das nossas ações. Ainda sob a perspectiva filosófica, Barroco (2009) destaca que: A filosofia é lugar de nascimento da ética como conhecimento ético ou filosofia moral: sistematização das formas de existência ético-moral do ser social. Por essa herança, a ética se desenvolve como um ramo da filosofia, adquirindo várias configurações, dependendo da perspectiva de cada pensador, mas conservando determinadas características que fazem parte da natureza do conhecimento filosófico, como, por exemplo, seu caráter universalizante e sua preocupação com a essência dos fenômenos... (BARROCO, 2009, p. 83). Esta pesquisa ao abordar a questão da ética aplicada à administração pública enfrenta o embate entre os agentes sociais em função de suas decisões e ações, bem como seus efeitos na coletividade, entre os pares, os gestores, a instituição e o público atendido, numa dimensão da legalidade e não filosófica. Nesse sentido, torna-se crucial diferenciar os conceitos de ética enquanto filosofia, ciência e ética aplicada. Isto porque, segundo Serrano (2010), A ética filosófica (ou filosofia da moral) procura estabelecer princípios constantes e universalmente válidos para a boa conduta da vida em sociedade. Definiu o bem moral como divindades, na natureza ou no pensamento racional. É uma ética que tende a ter um caráter normativo e de prescrição, ansiosa por estabelecer uma moral universal. (SERRANO, 2010, p. 17). Sob a perspectiva da ciência, não é possível trabalhar com questões divinas, pois estas estão baseadas em concepções dogmáticas, amparadas pela fé das pessoas, que não é possível serem explicadas concretamente, a própria natureza orienta o ser humano a definir o que é certo ou errado, é inerente ao ser humano fazer esta diferença. No trato com a coisa pública, existe um sistema de normas que direcionam o agir do agente público, as ações realizadas por estes devem estar em consonância com os códigos já determinados. O autor faz ainda a diferença entre a ética científica que ele define como: A ética científica (ou ciência da moral) constata o relativismo cultural e o adota como pressuposto. Qualifica o bem e o mal, assim como a virtude e o vicio com base em seus fundamentos sociais e históricos; aborda as normas que as coletividades consideram válidas sem julgá-las; investiga e explica a razão de ser da pluralidade, da dinâmica e da coexistência das morais históricas. (SERRANO, 2010, p. 17). O aspecto destacado nesta pesquisa está diretamente relacionado ao sistema de gestão da ética no serviço público federal, ajuizando sobre as atitudes e ações deflagradas pelos agentes públicos em consonância com os códigos e normas determinados. As regras de conduta objetivam reverter o descrédito da sociedade com relação à moralidade da 30 administração pública, bem como o resgate e atualização da noção de estar a serviço do público. Para tanto, o autor Serrano escreve: A ética aplicada ou prática é reconhecida quando as teorias e conceitos são colocados a serviço de um agir específico, isto é de uma profissão, de uma prática. Trata-se de conjuntos de doutrinas e normas que expressam valores: discursos, códigos e princípios, que orientam o comportamento dos agentes. (SERRANO, 2010, p. 18). Nesta direção, Srour (2012) considera que o histórico das ações de natureza pública em nosso país está enraizado desde o período de sua colonização, com o sistema de capitanias hereditárias, na exploração de grandes propriedades rurais, na produção de monocultura padronizada para exportação, no trabalho escravo e servil, que resultou numa sociedade aristocrática e patriarcal, com fortes características oligárquica, patrimonialista e autoritária. Esse histórico, segundo Srour (2012) pode ser uma das razões por que perdura até os dias atuais uma relação de uso com as questões públicas, ou seja, a Lei de Gerson 2, tanto os usuários dos serviços públicos, quanto os que desenvolvem atividades profissionais dentro da esfera pública, querem, na maioria das vezes, serem atendidos em suas questões particulares, buscam satisfazer padrões estabelecidos em nível pessoal e individual, esquecendo-se dos princípios estabelecidos na administração pública, dentre eles o da impessoalidade. Tal princípio, visa assegurar que as ações realizadas pelo agente público não se transforme em vantagens para seu próprio benefício. De acordo com Srour (2012), as relações de parentesco, compadrio, afinidades, amizades, vizinhança, camaradagem e coleguismo têm prevalecido sobre o caráter profissional e ao reconhecimento pelos próprios méritos. Essas questões maculam o serviço público e o servidor, pois o que aparece para a sociedade são os casos de suborno, concussão e corrupção, que persiste com a prática do favoritismo, do nepotismo, do clientelismo, dos privilégios e dos abusos de poder. Serrano (2010), ao tomar de empréstimo de Villoria (2000), destaca que a ética pública se ocupa dos problemas coletivos, definindo Ética Pública como: A Ética Pública é uma ética coletiva, processo no qual os indivíduos vão gerando pautas de condutas para um melhor desenvolvimento da convivência e uma maior expansão da autonomia e da liberdade do ser humano. Nesse caminho estão implicados os cidadãos, as organizações e instituições do Estado: entidades econômicas, empresariais, organizações, 2 Na cultura midiática brasileira, a Lei da Vantagem ou Lei de Gérson é um princípio em que determinada pessoa ou empresa deve obter vantagens de forma indiscriminada, sem se importar com questões éticas ou morais. 31 associações, atividades profissionais e a opinião pública. Qualquer discurso sobre Ética Pública nos exorta a reconhecer que seres humanos são seres sociais e que a sociedade se expressa como um sistema equitativo de cooperação social e de representantes racionais dos cidadãos que elegem os termos da cooperação sujeitos a condições razoáveis, surgindo assim o sistema de direitos fundamentais e as liberdades básicas. Esta realidade nos obriga a viver em sociedade e a tentar superar o conflito que toda convivência engendra. Daí procura por regras de condutas que permitam a convivência. Tudo isso justifica a necessidade de aceitar normas que podem ser contrárias a nossos desejos e, incluso, a nossa concepção de bem estar. (VILLORIA, 2000 apud SERRANO, 2010, p. 19-20). Harmonizar o conceito filosófico ético na administração pública faz referência à garantia de relações justas e aceitáveis dos servidores para com seus pares, o público e a sociedade em geral. O servidor público tem como sua ação primordial a tarefa de servir a comunidade e promover o bem comum, todos os seus atos devem refletir os valores, os princípios, os ideais e as regras da confiança depositada no Estado pela sociedade. O servidor é responsável tanto pelo que faz, quanto pelo que deixa de fazer (BRASIL, 2011). Tanto a instituição, quanto os próprios servidores, outras instituições e a sociedade em geral devem fiscalizar o cumprimento dos princípios constitucionais voltados para a administração pública. Uma das coisas dignas de nota na lista das virtudes de Aristóteles é que ela inclui tanto virtudes morais quanto virtudes da sociabilidade, enfatizando a importância de pensar sobre a ética como sendo em essência, um interesse dependente da comunidade e interpessoal. (SOLOMON, 2006, p. 327). Nesse sentido, Carneiro (1998), aborda em seu artigo sobre o Aprimoramento da Conduta Ética no Serviço Público Federal, que existe a necessidade de aprimoramento da conduta ética do serviço público. Ele considera que qualquer nova política de promoção da ética no serviço público deve enfocar medidas de cunho prático e ações efetivas: tanto de prevenção quanto de repressão, do que novas iniciativas de natureza legislativa. Criando novos marcos para uma política ética no setor público: a fixação de regras claras de conduta geral, a identificação de padrões éticos a serem observados pelos detentores de cargos de confiança, o acompanhamento sistemático, a criação de instrumentos de divulgação das normas éticas, as regras para correção dos desvios, a transparência pública e a promoção e difusão de valores éticos. Gonçalves (2011) em sua pesquisa sobre a ética na administração pública fez uma abordagem buscando traçar um quadro sobre a função da Administração Pública em um Estado Democrático de Direito e os sistemas adotados pelo Estado para evitar o desvio de suas finalidades por intermédio de atos não muito éticos praticados por seus administradores e 32 servidores. Em seu artigo a Ética na administração pública: algumas considerações, ela conceitua administração pública na perspectiva do direito administrativo, define também quem são os agentes públicos, afirma as exigências de um comportamento ético por parte dos agentes públicos e descreve a ética na perspectiva filosófica e no exercício profissional. Relaciona tais conceitos com os princípios constitucionais que balizam a atividade pública, dando ênfase a necessidade de controle dos atos públicos em qualquer das esferas de poder, seja através das possibilidades de criação de ouvidoria, de sistemas de transparência, tribunal de contas, entre outros que possibilitam ao cidadão a fiscalização dos serviços prestados. Reafirma a necessidade real de implementação da ética na gestão pública. Lima Junior(2010) afirma que o interesse público é o interesse da sociedade, que normalmente se contrapõe ao interesse privado ou individual, porém não necessariamente precisa ser voltada a vontade da maioria para que o interesse seja declarado público. Alguns autores fazem um confronto sobre o serviço público e a sua eficiência e nessa direção Carmo (2004) argumenta que na discussão sobre serviço público está sempre presente as exigências de qualidade e eficiência versus adversidades do sistema e traz o conceito de serviço público como sendo aqueles de competência e responsabilidade do Poder Público, visando atender as necessidades coletivas da população. A autora faz referência ao princípio da eficiência na administração pública como sendo uma finalidade a ser atingida. A partir desse entendimento a eficiência pode ser desmembrada em outros variantes: qualidade, celeridade e simplificação. Por último Carmo (2004) afirma que só será garantida a eficiência com ações conjuntas de controle interno e externo, quando for garantida igualmente a supremacia do interesse público. A administração pública brasileira apresenta modelos que foram modificados ao longo das mudanças políticas do país. Klering, Porsse e Guadagnin (2010), retratam os modelos de administração pública, e as características de sua evolução passando pelos aspectos patrimonialista, burocrático e gerencial. Segundo ele o modelo patrimonialista caracteriza-se pela indefinição entre o que é público e privado e entre o político e o administrador público (como cargo profissional), consequentemente o nepotismo e a corrupção são inerentes a esse tipo de administração. O modelo burocrático traz no seu cerne as idéias de profissionalização de carreira, de hierarquia funcional, impessoalidade e formalismo. Caracterizando-se assim um poder racional legal. O gerencial tem como característica a vinculação aos conceitos de administração de empresa do mercado, assim como aos mecanismos de controle, deixa de se 33 basear nos processos e passa a se concentrar nos resultados, são valorizados aspectos de transparência e participação dos cidadãos. Rua (1997) ao discutir os desafios da administração pública brasileira, apresenta os conceitos de governança e governabilidade. A governança compreende a capacidade financeira e administrativa enquanto governabilidade envolve características do sistema político, a forma de governo, as relações entre os poderes, o sistema partidário, o sistema de intermediação de interesses e outras. Na discussão sobre a ética na administração pública, se destaca a contribuição de Martins (2002) que levanta um elemento importante a exemplo da corrupção, que a seu ver, tem maculado a credibilidade da administração pública, pois cada vez mais se vê escândalos no país que mancha a imagem do serviço público e consequentemente do servidor público, na verdadeira essência da palavra, àqueles que se preocupam com o resgate de uma hipoteca social para com a coletividade que paga os seus salários. Ainda sobre a corrupção, Fernandes (2008) admite que a corrupção é muito grave e aponta que a percepção dos brasileiros sobre corrupção, traz danos ao interesse público, gera uma dificuldade em fortalecer a noção de responsabilidade nos cidadãos, amplia a fragilidade do interesse público, promovendo a ausência de responsabilidade nas ações do interesse coletivo. Conforme documentos relativos ao curso de Gestão de Apuração da Ética (BRASIL, 2011), o cenário de preocupações com a educação para a ética pública tem raízes no descrédito que as instituições públicas têm diante da sociedade, nos diversos casos de corrupção, na ineficiência de muitos servidores, na falta de compromisso com o trabalho prestado, e na evolução do sentimento ético no cenário internacional. Dentre os organismos internacionais existem órgãos e entidades em diversos países encarregados da questão ética, dentre os quais é possível citar: a Organização das Nações Unidas que concluiu no ano de 2004 a convenção contra a corrupção, criando um instrumento global de prevenção e combate à corrupção, consolidando a instituição de Código Internacional de Conduta para os titulares de determinados cargos públicos. O Brasil ratificou essa convenção em 2005, através do Decreto Legislativo nº 348/2005 e promulgou em 2006 o Decreto Presidencial nº 5687/2006; a Organização dos Estados Americanos que realizou em 1996 a Convenção Interamericana Contra a Corrupção, destacando assuntos como suborno, enriquecimento ilícito e conflito de interesses; a Organização para a Cooperação do 34 Desenvolvimento Econômico, que organiza estudos direcionados para encontrar mecanismos que possibilitem melhor gestão da ética pública, resultando na promulgação da Lei nº 10.467/2002, que define o crime de corrupção ativa em transação comercial internacional e acrescentou o art. 337-B ao Código Penal Brasileiro; e o Centro Latinoamericano de Administração e Desenvolvimento, que realiza estudos sobre a modernização da administração pública, no que se inclui a questão da ética no serviço público. Apesar de todas estas iniciativas, conforme a Comissão de Ética Pública, ainda persiste o desgaste e a insatisfação de parte dos agentes públicos, por não encontrar parceria e valoração daquele por quem lhe delega a função estatal (o Estado), e modelos engessados, precários, que dificultam o trâmite administrativo, interferindo assim nas atividades e relações profissionais (BRASIL, 2013). Segundo documentos orientadores do Curso de Gestão de Apuração da Ética do Poder Executivo Federal em 20113, o incentivo a promoção da ética favorece o comportamento amparado na moralidade pública, não importando em qual esfera de governo. É o que se depreende do texto do Código de Conduta da Alta Administração Federal ao destacar que: A positivação de regras e padrões de conduta ética do agente público traduz o propósito de retomada de valores e princípios que as inspiram e proporciona o balizamento das ações das autoridades. Gera assim, um evidente estímulo ao respeito do público em geral, afastando dúvidas sobre a retidão ética do comportamento administrativo, preocupação que se expressa no art. 3º do Código. (BRASIL, 2008, p.7). Para alguns estudiosos dessa questão, a exemplo de Mendes (2010), é frequente deparar-se com situações em que os agentes públicos descumprem regras simples, a exemplo da urbanidade com seus pares e usuários dos serviços, promovendo um processo de desarmonia que contamina o desenvolvimento das ações profissionais de todo um ambiente. Ainda de acordo com Mendes (2010) os usuários dos serviços públicos, procuram um representante do Estado, em busca de resolver questões que não lhe são possíveis solucionar sozinhos. O Estado presta esse serviço a sociedade, através da execução de políticas públicas, através dos programas e projetos que objetivam proporcionar uma melhor qualidade de vida a população brasileira. O autor argumenta que os profissionais responsáveis pela execução desta soma de serviços públicos, fizeram a opção por desenvolver suas atividades profissionais a serviço da sociedade, por escolha própria, não por imposição de alguém4. Com 3 Curso de Gestão de Apuração da Ética do Poder Executivo, promovido pela Comissão de Ética Pública (CEP), para os integrantes das Comissões de Ética Setorial. Anualmente, acontece na ESAF – Brasília –DF. 4 Exceção para o serviço militar obrigatório (Lei nº 4.375, de 17 de agosto de 1964, artigo 2º). 35 base nessa assertiva Mendes (2010) afirma que os códigos de Ética surgem nas organizações com o objetivo de disciplinar a conduta do empregado e constitui instrumento de punição rápida às transgressões de conduta. Nesta perspectiva estes códigos defendem que as ações profissionais realizadas pelos servidores para os usuários dos serviços públicos devam ser pautadas nos princípios de justiça, imparcialidade, igualdade no atendimento, boa fé, cooperação, competência, responsabilidade, dentre outros valores éticos. Ainda nas regras deontológicas do Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, encontra-se em seu inciso IX, as orientações legais para que o servidor público procure agir amparado por uma conduta ética condizente ao agente público, a saber: A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao patrimônio público, deteriorando-o, por descuido ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao equipamento e às instalações ou ao Estado, mas todos os homens de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços para construí-los (BRASIL, 2008. p. 11). Por essa razão, muitos órgãos públicos têm investido na qualificação profissional dos servidores com o objetivo de garantir a diminuição das insatisfações dos usuários cidadãos, diminuição de doenças ocupacionais, causadas por frustrações de objetivos não alcançados no desenvolvimento das atividades públicas, assim como estimular a reflexão sobre o processo de educação para um comportamento ético e comprometimento profissional dos servidores com a coisa pública. Em seus estudos Mendes (2010) ainda conclui que: A promoção do comportamento ético em ambiente laboral depende da inserção da ética na cultura da organização. Por isso, os valores éticos devem ser incorporados às políticas e regras: o código de ética divulgado; os incentivos ao comportamento ético; assim como a ética deve ser considerada no processo de seleção e treinamento dos funcionários (MENDES; 2010, P. 33). Nessa perspectiva, destacam-se as exigências atuais do mundo do trabalho, que requer atualmente profissional não apenas com competências técnicas, mas com formação humana e cidadã, e com capacidade para resolver conflitos, conviver fraternalmente, ter iniciativa e tomar decisões. Além de competente tecnicamente, o profissional tem que ser crítico e propositivo, capaz de atender as novas demandas da sociedade moderna, como afirma Valls (1994): 36 A ética se preocupa, podemos dizê-lo agora, com as formas humanas de resolver as contradições entre necessidade e possibilidade, entre tempo e eternidade, entre o individual e o social, entre o econômico e o moral, entre o corporal e o psíquico, entre o natural e o cultural e entre a inteligência e a vontade. (VALLS; 1994, p.56). É nesse contexto que foram criadas no âmbito da Administração Pública Brasileira o Sistema de Gestão da Ética que envolve um conjunto de órgãos e normativas que estão descritas no item a seguir. 37 3 A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA É possível se traçar uma linha do tempo, conforme diagrama da figura 01, com a história da Ética no Serviço Público Federal. Em 22 de junho de 1994, foi oficialmente implantado, o Código de Ética do Servidor Público do Poder Executivo Federal pelo do Decreto Nº1171/1994. Esse Decreto aprovou e estabeleceu a constituição da Comissão de Ética, integrada por: três servidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou emprego permanente. A Comissão de Ética pública da Presidência da República foi implantada em 26 de maio de 1999, por Decreto do Presidente da República. O Decreto Nº 6029/2007, em 1º de fevereiro de 2007, instituiu o Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal com a finalidade de promover atividades que dispõem sobre a conduta ética no âmbito do Executivo Federal. A Resolução Nº 10 de 29 de setembro de 2008, da Comissão de Ética Pública estabeleceu as Normas de Funcionamento e o Rito Processual, delimitando competências, atribuições procedimentos e outras providências no âmbito das Comissões de Ética. Figura 1 – Linha do tempo – histórico da ética no serviço público federal Fonte: Autora Assim, o Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal, dispõe sobre a conduta Ética no âmbito do Executivo Federal, competindo-lhe: I - integrar os órgãos, programas e ações relacionadas com a ética pública; II - contribuir para a implementação de políticas públicas tendo a transparência e o acesso à informação como instrumentos fundamentais para o exercício de gestão da ética pública; III - promover, com apoio dos 38 segmentos pertinentes, a compatibilização e interação de normas, procedimentos técnicos e de gestão relativos à ética pública; e IV - articular ações com vistas a estabelecer e efetivar procedimentos de incentivo e incremento ao desempenho institucional na gestão da ética pública do Estado brasileiro. O sistema de Gestão da Ética Pública do Poder Executivo Federal é constituído pela Comissão de Ética Pública (CEP), pelas Comissões de Ética (Decreto Nº 1.171/94) e as demais Comissões de Ética equivalentes, nas entidades e órgãos do Poder Executivo Federal (BRASIL, 2013). A CEP tem em sua composição sete brasileiros com os requisitos de idoneidade moral, reputação ilibada e notória experiência em administração pública e são designados pelo Presidente da República, para mandatos de três anos, não coincidentes, permitida uma única recondução. Os membros da CEP não são remunerados e seu trabalho é tido como de relevância para o serviço público, ficando o integrante com a satisfação de ter realizado um trabalho significativo para a sua Nação. A Comissão tem um Presidente que tem voto de qualidade nas deliberações da Comissão e conta com uma Secretária Executiva vinculada à Casa Civil da Presidência da República, à qual competirá prestar o apoio técnico e administrativo aos trabalhos da Comissão. São competências da CEP: I - atuar como instância consultiva do Presidente da República e Ministros de Estado em matéria de ética pública; II - administrar a aplicação do Código de Conduta da Alta Administração Federal, devendo: a) submeter ao Presidente da República medidas para seu aprimoramento; b) dirimir dúvidas a respeito de interpretação de suas normas, deliberando sobre casos omissos; c) apurar, mediante denúncia, ou de ofício, condutas em desacordo com as normas nele previstas, quando praticadas pelas autoridades a ele submetidas; III - dirimir dúvidas de interpretação sobre as normas do Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal. IV - coordenar, avaliar e supervisionar o Sistema de Gestão da Ética Pública do Poder Executivo Federal; V - aprovar o seu regimento interno; e VI - escolher o seu Presidente. A CEP desenvolve um papel fundamental na administração pública, por isso se torna necessário que haja celeridade e observância a princípios na execução de suas atividades. São princípios balizadores: I - proteção à honra e à imagem da pessoa investigada; II - proteção à identidade do denunciante, que deverá ser mantida sob reserva, se este assim o desejar; e III - independência e imparcialidade dos seus membros na apuração dos fatos, com as garantias asseguradas neste Decreto. 39 No Brasil, no âmbito federal, têm-se como Órgãos Responsáveis pela Gestão da Ética as seguintes representações: Comissão de Ética Pública, Comissões Setoriais de Ética, Controladoria Geral da União, Corregedorias, Ministério Público Federal, Tribunal de Contas da União e Polícia Federal. O panorama aqui descrito foi o ponto de partida para a consolidação dos trabalhos da Comissão de Ética Pública e as respectivas Comissões de Ética Setoriais. A gestão da ética transita por um eixo bem definido. Em uma de suas pontas, temos os valores e princípios éticos que se desejam norteadores da administração pública. No meio, as regras de conduta, um caminho prático para que os valores e princípios sejam observados. Na outra ponta, a administração, que deve funcionar como o instrumento garantidor da eficácia dos valores e regras. (CEP, 2002, p.17). A gestão da ética busca promover a confiança da sociedade no caráter ético da conduta dos agentes públicos e oferecer a esses servidores subsídios que asseverem segurança e clareza sobre o papel do servidor público. A gestão da ética compreende o exercício de quatro funções básicas dentro do serviço público, são elas: normatização, educação, monitoramento e aplicação de sistema de consequências. Nesse sentido, documentos que orientam o funcionamento da Comissão de Ética Pública (2002) afirmam que: O objetivo da Comissão é essencialmente preventivo e educativo. A aplicação de penalidade tem, no entanto, evidente efeito dissuasório. Quando se trata de violação de norma legal, a Comissão encaminha a matéria ao órgão competente para apurá-la. (CEP, 2002, p.26). O estabelecimento de um conjunto de regras de conduta simples e suficiente cumpre a função de normatização, por esse motivo o regramento ético necessita tornar-se conhecido por todos. Essas regras devem refletir os valores éticos que se deseja seguir e levar em conta problemas específicos que se configuram como dilemas frequentes entre os quadros da organização. A função educativa deve estar centrada na elaboração de regras de conduta conhecidas e bem compreendidas, devendo ser amplamente difundidas na instituição (BRASIL, 2008). Para tanto, faz-se necessário divulgar, capacitar, treinar e orientar a aplicação dessas regras nas infinitas situações inerentes à rotina diária dos agentes públicos. Enquanto que o monitoramento visa identificar pontos de inobservância das regras estabelecidas, num contorno que seja aplicado um adequado sistema de consequências, que possa atuar sobre as ações que integram as demais funções, bem como incumbir-se da aplicação de sanções (BRASIL, 2008). 40 Os exemplos de gestão na administração pública, no cenário contemporâneo têm fixado valores inéditos e máxima atenção com relação à qualidade dos serviços públicos que são prestados a população. Os usuários dos serviços públicos passaram a ser vistos também como cidadãos clientes, estes possuem uma enorme capacidade para cobrar e exigir produtos, serviços e atendimento com maior qualidade e eficiência. Contudo, Segundo Solomon (2006), a realidade identificada na instituição, evidencia a existência de servidores que não assumem esta postura profissional, e de alguma maneira negligência o atendimento aos usuários, prejudicando também as relações com seus pares, com subalternos ou com os hierarquicamente superiores. Solomon (2006), chama a atenção para o fato de que tais atitudes ratificam a concepção equivocada, de que os usuários cidadãos não possuem o direito a um atendimento qualificado, tão pouco em tempo hábil, de maneira tranquila, profissional e eficiente. As afirmações supracitadas podem ser confirmadas mediante a análise dos índices de absenteísmo nos distintos setores, nas coordenações e nos departamentos, onde são identificados uma crescente falta de celeridade, um gradual acúmulo de serviços e algumas vezes a baixa qualidade no atendimento aos que buscam nossos serviços. Não podemos mais aceitar a ideia amoral de que “negócios são negócios” (não realmente uma tautologia, mas uma desculpa para a irresponsabilidade social e a insensibilidade pessoal). Segundo Aristóteles, temos de nos conceber como membros da comunidade mais ampla – a polis, para ele, a corporação, o bairro, a cidade ou o país (e o mundo), para nós – e nos esforçar para nos superar, para revelar o que há de melhor em nós e em nosso empreendimento partilhado. O que temos de melhor envolve nossas virtudes, que por sua vez são definidas pela comunidade mais ampla, não havendo, portanto, qualquer cisão ou antagonismo fundamental entre o interesse pessoal individual e o bem estar público maior. (SOLOMON, 2006, p. 173). Com o advento dos novos conceitos inseridos na administração pública e a consolidação democrática do país, exige real necessidade de investimento da gestão na busca de um comprometimento ético, por parte de todos os servidores, objetivando valorizar os recursos empregados pela União na melhoria dos serviços existentes. Neste contexto, faz-se necessário também compreender a importância do usuário, do cliente cidadão, bem como garantir o entendimento dos servidores com os compromissos assumidos quando realizou o concurso público e aceitou ser empossado num cargo público. Todos os profissionais que atuam na esfera pública estão a serviço da sociedade, por isso são servidores público. 41 Num mundo competitivo, para caminhar para a excelência é preciso fazer o melhor, no lugar de, vez ou outra, contentar-se com o possível. E isso exige humildade e exige que coloquemos em dúvida as práticas que já tínhamos. Porque se as práticas que tínhamos e temos no dia-a-dia fossem suficientes, estaríamos melhores. (CORTELLA, 2009, p. 30) Dessa forma, as proposições que são colocadas aos servidores, através da implementação da Comissão de Ética, envolve igualmente as reais possibilidades de adotar uma postura ética profissional pautada em práticas de excelência e compromisso. As regras deontológicas contidas no decreto Nº1.171/94, destacando o inciso X; cha ma atenção inclusive para alguns dos muitos problemas que são identificados na prática de trabalho e no cotidiano das organizações públicas e que distanciam deste compromisso: Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solução que compete ao setor em que exerça suas funções, permitindo a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética ou ato de desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos usuários dos serviços públicos. (Presidência da República, 2008, p. 11). Diante disso, alguns autores chamam atenção para a importância do trabalho institucional com contornos na educação para ética pública. Segundo Hooft (2013), é imperioso garantir nas ações da administração pública, a incorporação de atividades que promovam a educação para o conhecimento das regras de conduta, o monitoramento, a investigação e a aplicação de sistema de consequências aos servidores que transgridem as normas, sejam elas resultantes da falta de conhecimento, do processo de não educação ou de forma deliberada. Sobre esta questão o autor afirma: Todas as profissões começam com um período de treinamento e educação no qual ao neófito é dado não apenas o conhecimento relevante para a profissão (seja medicina, direito ou pedagogia), mas também uma compreensão e um compromisso com os valores inerentes a essa profissão: valores como saúde, justiça, conhecimento. Tal educação forma as perspectivas éticas do individuo e define o que seria virtuoso para um profissional fazer na medida em que esse profissional está ocupando esse papel profissional. (HOOFT, 2013, p. 231). Dentro do cenário contextualizado neste item, está a gênese da Comissão de Ética do IFBA, contexto que será desenvolvido no capítulo seguinte. 42 4 HISTÓRICO DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA BAHIA No site institucional encontram-se as informações acerca da história do IFBA, que tem sua origem no ano de 1909, quando foram criadas as Escolas de Aprendizes Artífices nas capitais do território brasileiro. A instituição teve sua prática educacional marcada pelo atendimento a população em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Além de oferecer o ensino técnico profissional, trouxe a novidade de oferecer aos alunos, que estudavam em regime integral, uma refeição (mingau) no horário do almoço, por essa característica ficou conhecida como “Escola do Mingau” no ano de 1912. No decorrer dos anos, a escola sofreu uma gama de modificações, inclusive foi nomeada de Liceu de Salvador, com o estabelecimento do ensino industrial. Já no ano de 1942, passou a ser constituída por escolas técnicas, industriais, artesanais e de aprendizagem. A partir desta data, passou a ser chamada de Escola Técnica de Salvador. Após vinte e três anos de funcionamento como Escola Técnica de Salvador, no ano de 1965, as escolas profissionalizantes passam a ser federais e ter a denominação do seu respectivo estado, passando a se chamar Escola Técnica Federal da Bahia (ETFBA). Nesse período, popularizou-se a nomenclatura “escola técnica” para caracterizar a instituição. Novas mudanças vieram no ano de 1993, e a instituição passou ser denominada de Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia. Além de todas as mudanças estruturais, a transformação em Centro Federal também trouxe junto uma proposta de expandir o atendimento para outras áreas no Estado da Bahia, foram então criadas as Unidades Descentralizadas (Uneds). A primeira Uned surgiu no município de Barreiras, a seguir no município de Valença, depois no município de Vitória da Conquista e por fim na cidade de Eunapólis. O planejamento para esta expansão foi pensada a partir da atuação econômica de cada município dentro da sua região, avaliando as necessidades locais, bem como a rede de empresas que mantinham contato direto com o Cefet, pois era também m dos objetivos aprimorar a atuação acadêmica da instituição. A partir de 29 de dezembro de 2008, com a criação da Lei nº. 11.892, os antigos Centros Federais, as Escolas Agrotécnicas e Escolas Técnicas passam a compor a Rede Federal de Ensino Profissional, passando o Cefet à condição atual de Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA). Essa mudança é o reflexo da qualidade de 43 ensino da Rede em todo o Brasil e o início de um trabalho conjunto e coordenado de todas as instituições da alçada federal em prol da construção de conhecimento e novas tecnologias, possibilitando o aumento no número de vagas oferecidas para o ensino básico, graduação e pós-graduação. Atualmente, o IFBA conta com uma estrutura multicampi e pluricurricular, com 21 campi em funcionamento, além da Reitoria (figura 02). O instituto oferece cursos de nível médio, nas modalidades integrada, subsequente e EJA (Educação de Jovens e Adultos), além de cursos superior, através de bacharelados, engenharias, licenciaturas, formações tecnológicas e ainda cursos de pós-graduação. O IFBA tem como missão, promover a formação do cidadão histórico-crítico, oferecendo ensino, pesquisa e extensão com qualidade socialmente referenciada, objetivando o desenvolvimento sustentável do país. Figura 2 - Número e localização dos campi do IFBA Fonte: Plano de Desenvolvimento Institucional do IFBA 2014 – 2018. Todas essas mudanças não foram apenas na nomenclatura da instituição, mas também no corpo de funcionários e/ou servidores, pois em tempos remotos o ingresso através de concurso acontecia de maneira muito acanhada. Relato dos Profissionais que atuam no instituto há mais de trinta anos, dão conta que Profissionais eram contratados através da CLT, e outros servidores vinham de outros órgãos públicos e ainda havia os que ingressaram por indicação de algum servidor ou funcionário mais antigo, principalmente em se tratando dos profissionais terceirizados, pois existem casos, até os dias atuais, do ingresso de terceirizados 44 que são parentes dos servidores, com laços consanguíneos de primeiro, segundo e terceiro grau e ainda os que são parentes por afinidades. Com o advento do ano de 1988 e a promulgação da Constituição Federal, as exigências por um processo seletivo transparente foram respeitadas, e a lei do concurso público passou a garantir como única forma de adentrar no instituto. Contudo, apenas o fato de ser exigida a realização de concurso, não garante ao instituto que os profissionais ingressantes tenham maior compromisso e melhor qualificação profissional. Muitos que ingressaram de 1988 até os dias atuais, ainda repetem características do traço cultural marcado pela conduta individual num ambiente que exige ações coletivas. Assim ainda se evidencia os novos discursos e as velhas práticas profissionais com relação ao serviço público. Tais atitudes, entretanto, vão de encontro ao que se exige no Decreto 1.171/94, na seção III, relativa às vedações ao Servidor Público, alínea ‘a’ e ‘c’: É vedado ao servidor público: O uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, posição e influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou para outrem; e, ser, em função do seu espírito de solidariedade, conivente com erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética de sua profissão. (Presidência da República, 2008, P.13). Considerando os exemplos registrados nos processos existentes na Comissão de Ética do IFBA (A Comissão de Ética possui na presente data trinta e sete processos), relativo à vivência diária no instituto identifica-se ainda, servidores e outros profissionais com mais de trinta anos de serviço, que adotam condutas contrárias às orientações do código, bem como servidores, que possuem pouco tempo no serviço público e que agem com o mesmo descompromisso, além de profissionais terceirizados que tem igualmente tempo mediano ou muito pequeno no serviço público e agem de maneira similar, contrariando o que apregoa as normatizações éticas. O campus de Salvador é um terreno fértil para os dois exemplos aqui descritos, por se tratar do mais antigo de todos os campi, por ter passado por várias transformações ao longo de pouco mais de um século, inclusive com as mudanças na sua identidade e cultura organizacional, bem como no clima institucional. Nesse sentido é possível concordar com a assertiva explicitada no documento sobre a CEP. É fundamental entender que, concreta e realisticamente, a questão da gestão pública emoldurada pela ética passa por um lado ainda pouco discutido no caso do poder à brasileira: o fato de que, no Brasil, os agentes públicos federais projetam suas personalidades sociais e suas redes de relações pessoais nos cargos que ocupam. (CEP, 2002, p. 35). 45 Mesmo diante do crescimento do número de institutos federais, a estrutura da gestão de pessoas mudou pouco. Novos servidores que passaram a compor a equipe da Diretoria de Gestão de Pessoas, uma vez que, esse importante departamento tem agora que atender aos servidores e funcionários terceirizados que estão distribuídos entre os 23 campi de todo o Estado da Bahia, bem como na própria Reitoria. Tendo o instituto 105 anos de funcionamento, com uma estrutura multi campi, com uma afluência grande de profissionais, com um agrupamento de cursos, com um acervo de cidades em diversas regiões do estado da Bahia, acolhendo profissionais do Brasil inteiro, sem dúvidas o número de problemas que despontam no campo da ética são desafiadores. Ações voltadas para a divulgação, treinamento e capacitação sobre os decretos e normas relacionadas à ética no serviço público federal, desenvolvidas pela Comissão de Ética em parceria com o Departamento de Gestão de Pessoas, passam a ser prioritárias para alcançar o cumprimento de parte das exigências legais sobre ética aplicada à administração pública. 4.1 A COMISSÃO DE ÉTICA DO IFBA Para uma compressão maior sobre as ações da Comissão de Ética se faz necessário respondermos a algumas questões: Qual a composição da Comissão de Ética do IFBA? Qual a competência da Comissão de Ética do IFBA? Quem pode provocar a atuação da Comissão de Ética do IFBA? Como fazer denúncia, representação ou qualquer outra demanda à Comissão de Ética do IFBA? Como ocorre o processo apuratório no IFBA? Qual a infraestrutura da Comissão de Ética no IFBA? A atual configuração da Comissão de Ética do IFBA foi instituída no ano de 2007, pela portaria nº 656 de 04 de setembro, atendendo às exigências do decreto 6.029, de 01/02/2007, estando em funcionamento há sete anos. Esta foi criada à época com o objetivo de fazer cumprir o que legalmente estava sendo cobrado de todas as instituições públicas federais. Os profissionais designados para compor a Comissão de Ética no Instituto Federal da Bahia, elaboraram a Norma de Conduta Ética e Profissional dos Servidores do IFBA e Regimento de Ética Institucional. No entanto, foram identificados documentos do ano de 1994, onde foram iniciados os trabalhos relacionados à ética no serviço público. A exemplo de desvios de condutas apurados por servidores que trabalhavam no Departamento de Recursos Humanos. Foram identificados documentos da existência de Comissão no Instituto 46 datada de 1994, entretanto, não foram identificados outros registros dos trabalhos realizados à época. Contudo, o entendimento pleno das ações que seriam desenvolvidas pela Comissão não ficou totalmente compreendida, no período anterior a 2007, visto que, no mesmo espaço físico onde estava em funcionamento a Comissão de Ética, funcionava também o Setor Correcional, além disso, alguns servidores participavam da Comissão de Ética e ao mesmo tempo do Setor de Correição, o que gerava uma sobreposição de atividades aparentemente correlatas embora não o fosse. Até os dias atuais alguns servidores têm dificuldades em separar o que era pertinente a um ou outro grupo de trabalho e muitas vezes evitavam fazer qualquer tipo de representação ou denuncia, por não entender que os processos eram avaliados separadamente, ou tudo era Processo Administrativo Disciplinar ou tudo era Processo Ético. É necessário aqui fazer uma diferenciação sobre a Correição e a Comissão de Ética. A primeira está hierarquicamente no organograma da instituição, tendo o dirigente máximo toda autonomia para disciplinar e normatizar seu funcionamento, inclusive, para cada Processo Administrativo Disciplinar a Correição pode e deve instituir uma Comissão que irá apurar os fatos dando os encaminhamentos necessários ao fato. Não obstante, no que diz respeito à Comissão de Ética, do ponto de vista hierárquico, esta não está no organograma da instituição, não sofre interferência do dirigente máximo da instituição, ela é subordinada a CEP no âmbito federal, tendo autonomia de ação na instituição, inclusive na escolha dos seus membros e do secretário executivo, tendo suas ações e ritos processuais normatizadas por decretos e legislação específica. Para cada um dos processos de apuração ética dentro do instituto, em qualquer dos campi, a Comissão de Ética será a mesma. Contudo, isso não significa que a Comissão não tenha que estar em sintonia com o funcionamento e a hierarquia institucional, ao contrário, é essencial que ela esteja alinhada com as Diretorias Sistêmicas, bem como com a Reitoria, para que possa cumprir seu papel de trabalhar a Educação para a Ética entre todos os seus servidores e agentes públicos. O destaque se faz para que se possa compreender que nenhum dos servidores, incluindo os membros da própria Comissão, assim como o dirigente máximo pode deixar de assumir um comportamento amparado pela ética, inclusive, todos podem ser alcançados pela legislação em caso de descumprimento aos preceitos éticos. 47 A relação da Comissão com o instituto realiza-se através da secretaria executiva, esta sim, está diretamente subordinada à gestão do instituto. A Secretaria Executiva tem poder de voz, competindo-lhe argumentar com os membros sobre todos os trabalhos e ações realizadas pela Comissão, entretanto, a Secretaria Executiva não possui a prerrogativa para determinar nenhuma ação, sem a anuência dos membros titulares bem como dos seus membros suplentes. Uma das maiores fontes de resistência ao trabalho da Comissão de Ética não diz respeito apenas à sua novidade, mas especialmente ao fato de que a Comissão dissemina e faz com que os agentes situados no mais alto escalão do Estado tenham consciência do seu papel e assim atuem de acordo com premissas universais, válidas para todos, inclusive e principalmente — eis a grande novidade — para eles próprios. (CEP, 2002, p. 35). Mendes (2010) afirma que existem Comissões de Ética Setoriais, nomeadas em cada um dos 307 órgãos do poder executivo Federal, com a função precípua de dar publicidade ao Código de Ética profissional do Servidor Público. No bojo dessas iniciativas relacionadas com o campo da ética, vale ressaltar a existência do Comitê de Ética na Pesquisa. São órgãos colegiados, de natureza técnico-científica, constituído nos termos da Resolução nº 196, do Conselho Nacional de Saúde expedida em 10/10/1996, de acordo com a Resolução CNS 370, de 08 de março de 2007, que dispõe sobre registro, credenciamento ou renovação de registro e credenciamento do CEP, e com a Lei 11.794 de Proteção aos Animais, de 09 de outubro de 2008. O Comitê de Ética na Pesquisa no IFBA, está vinculado à Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação e suas ações estão diretamente relacionadas ao desenvolvimento de pesquisas no âmbito do instituto. Diferenciando-se da Comissão de Ética do IFBA que é um órgão consultivo, vinculado a Presidência da República, competindo-lhe a revisão das normas que dispõem sobre conduta ética na Administração Pública Federal e que tem como missão zelar pelo cumprimento do Código de Conduta da Alta Administração Federal, orientar as autoridades para que se conduzam de acordo com suas normas e inspirar assim o respeito no serviço público. Estas informações, inclusive estão disponíveis no site institucional, especialmente no link referente à Pró Reitoria de Pesquisa, Pós Graduação e Inovação (PRPGI). No decorrer dos sete anos de funcionamento a Comissão de Ética elaborou uma proposta de Norma de Conduta Ética e Profissional dos Servidores do IFBA e Regimento da Comissão de Ética Institucional, este documento foi aprovado pelo Conselho Superior do IFBA, com a portaria nº 748 de 15 de junho de 2009. 48 A Comissão de Ética tem como uma de suas funções, dar publicidade às normas, decretos, portarias e orientações relacionadas às exigências éticas no serviço público, dessa forma, a comissão elaborou um manual de procedimentos para garantir aos novos e antigos servidores e profissionais terceirizados as orientações e conhecimento básico do funcionamento e procedimentos que devem ser adotados pelos membros da Comissão de Ética. Elaborou de igual maneira um guia informativo da comissão, com uma tiragem de mil e seiscentos exemplares, que foram distribuídos em todos os campi do Instituto. Foram também elaborados dezesseis banners, que foram distribuídos e fixados nos dezesseis campi do instituto, incluindo o espaço físico onde funciona a Reitoria. Estas ações estão em consonância com as requisições do decreto que exige, no processo de trabalho da Comissão, que esta desenvolva atividades que favoreçam a comunicação, informação, divulgação, bem como a educação dos servidores para um comportamento ético. As ações foram planejadas e executadas com o objetivo de dar publicidade ao conjunto de normas relacionadas à ética e o serviço público. O material produzido foi distribuído aos representantes dos campi, aos quais integram o colégio de dirigentes, uma das instâncias consultiva e deliberativa do instituto, representando os diferentes campi. Contudo, não há registro na Comissão se este material foi de fato entregue aos servidores, e se foi, se os servidores os leram, pois muitos procuram os membros da Comissão para buscar informações que são consideradas primárias para quem já está no serviço público atuando como servidor ou profissional terceirizado por no mínimo três anos. Nesse período de existência da Comissão de Ética do IFBA, foram instaurados um total de 37 processos, desses, 25 foram arquivados, 6 suspensos, 5 em análise. No capítulo das análises serão tratadas outras questões relacionadas aos processos. No entanto, os processos permitem algumas inferências, uma delas é de que muitos servidores desconhecem o papel da Comissão de Ética, ou têm receio de procurar a Comissão de Ética por não confiar que esta será capaz de agir com lisura e autonomia. Estas inferenciais se apoiam no que a própria CEP adite ao analisar o contexto da ética na administração pública. O que tipifica o nosso sistema é exatamente a presença do que já foi dito, inspirado em Max Weber, de uma “ética dupla” na qual ora se tomam decisões seguindo valores modernos e impessoais, ora se age em função da família, das simpatias pessoais e das relações que consideram o caso de 49 “João” ou de “José” diferente porque eles são amigos e estão acima da lei. (CEP, 2002, p. 38). O Decretos Nº 1.171/1994 determina aos órgãos da administração Pública Federal a implementação, em sessenta dias, a partir de sua criação, das providências necessárias à plena vigência do Código de Ética, inclusive mediante a constituição da respectiva Comissão de Ética. Ponto importante, pois a Comissão de Ética tem o papel de educar, orientar e aconselhar sobre o comportamento ético do servidor no desempenho da função pública, no tratamento com as pessoas e com o patrimônio público. É exigido da comissão conhecimento concreto de imputação ou de procedimento susceptível de censura. O “bem público”, governado sem qualquer moldura ética, era uma verdadeira terra de ninguém. Pertencendo a todos e não sendo eticamente administrado por ninguém, era devida e “legitimamente” vítima de apropriações indébitas e fraudulentas. (CEP, 2002, p. 42). As Comissões de Ética acumulam funções educativas (papel de dar publicidade às normas e decretos), consultiva (atendimento imediato aos que buscam orientação), preventiva (proteger os servidores mais susceptíveis na instituição), conciliadora (atuar como instância de mediadora) e repressiva (aplicar pena de censura). Sabendo-se que qualquer cidadão, agente público, pessoa jurídica de direito privado, associação ou entidade de classe poderá provocar a atuação da CEP ou da Comissão de Ética Setorial, visando à apuração de infração ética imputada a agente público, órgão ou setor específico de ente estatal, justifica-se o objetivo desta pesquisa de identificar a percepção dos servidores a respeito dessa comissão, objetivando desenvolver programas educativos que previnam os desvios éticos, protegendo os servidores mais susceptíveis e cumprindo as funções técnicas da Comissão de Ética que são as dimensões educativa, consultiva, preventiva, conciliadora e repressiva. Convém ressaltar a necessidade de centrar ações no processo de educação para um comportamento ético dos servidores e profissionais terceirizados, pois um dos elementos que tolhe a concretização de planos, programas e projetos institucionais, é a falta de compromisso com as orientações para a ética pública. Uma vez que, atitudes que se opõem as orientações éticas obstruem a instrução das atividades primordiais na instituição, perde-se tempo e dinheiro com apurações, sindicâncias, processos, entre outras batalhas, a fim de resolver os conflitos. No documento de concepção e diretrizes do Instituto, temos a seguinte afirmação: Alimentados de princípios e valores, que colhem da cidadania e da ética, o papel central desses Institutos Federais de Ciência, Educação e Tecnologia, em seu fazer pedagógico, no tratamento estreito que travam com ciência- 50 tecnologia-cultura, pode estabelecer interlocução permanente com setores difusores da tecnologia e colaborar significativamente com áreas estratégicas para o desenvolvimento do país. (MEC, 2008, P.38). De acordo com a CEP (2013), aproximadamente 10% das organizações não fazem nenhum tipo de apuração, nem em nível ético nem em processo administrativo disciplinar, a comissão deve minimamente garantir que as questões inadequadas sejam investigadas, apuradas e punidas se necessário. Espera-se que este estudo origine reflexões críticas, sobre o papel que vem desempenhando a Comissão de Ética do IFBA com vistas a estimular o desenvolvimento de ações educativas para a prática de um comportamento ético no serviço público e para a concretização de atividades voltadas para a essência da moralidade pública. No capítulo seguinte, discute-se os resultados da pesquisa de campo com os servidores do IFBA, sobre suas percepções acerca do papel e atuação da Comissão de Ética buscando identificar a natureza das ações que a comissão vem desenvolvendo na perspectiva dos servidores e os limites e potencialidades do trabalho desta Comissão na direção do que apregoa o Sistema de Gestão da Ética nas organizações públicas orientado pelas suas normativas legais. 51 5 O PAPEL DA COMISSÃO DE ÉTICA NA PERSPECTIVA DO SERVIDOR DO IFBA: OS RESULTADOS DO ESTUDO DE CASO 5.1 PERFIL DOS SERVIDORES DO IFBA: OS ATORES DA PESQUISA As reflexões em torno dos resultados da pesquisa realizada no IFBA se fundamentaram em três fontes, conforme já registrado no capítulo da metodologia deste estudo: (i) os documentos relativos à Comissão de Ética do IFBA, (ii) os questionários aplicados aos servidores e aos profissionais terceirizados que desenvolvem suas atividades laborais no campus de Salvador e (iii) as entrevistas com os integrantes da Comissão de Ética Setorial do IFBA. Os dados levantados através dessas fontes foram, numa perspectiva analítica, dialogados com aspectos observados através da observação participante, realizada pela pesquisadora, que é também membro integrante da referida Comissão. As questões que compõem o questionário procuram identificar a percepção dos servidores do IFBA no campus de Salvador, sobre o papel e a atuação da Comissão de Ética no Instituto, bem como o conhecimento a respeito dos Decretos Nº 1.171/1994 e Nº 6.029/2007, visto que a Comissão está em funcionamento desde o ano de 2007. O campus de Salvador possui 606 profissionais, somados entre servidores e terceirizados, desses 482 tem e-mails cadastrados no site do instituto e para estes foi enviado o link para acesso ao questionário através da ferramenta disponível no Google Drive, garantindo o sigilo na identificação dos respondentes em relação as suas respectivas respostas. Ao final do prazo de 30 dias, 61 profissionais responderam ao questionário, correspondendo ao percentual de 12,65% dos servidores atuantes no referido campus. Vale ressaltar que esta pesquisa entende que os profissionais que desenvolvem suas atividades laborais no serviço público, realizam ações em nome do poder público, ou seja, são profissionais que concretizam os planos, programas e projetos direcionados a toda sociedade. No caso do IFBA, são os profissionais que estão a serviço da sociedade para garantir um ensino técnico e profissional com qualidade. Nesse sentido, Lima Junior (2010), destaca: A ética na administração, de fato, é aplicável ao agente público geral, pois esse possui a relevante função de expressar a vontade do estado. É o seu elemento subjetivo, que deve estar de acordo com o ideal coletivo que institui o governo. O agente público, por seu turno, tem importante papel na 52 realização desses objetivos estatais, é o operário que coloca em execução as ideias mestras do Poder Público (LIMA JUNIOR, 2010, p. 73). Esta pesquisa envolve tanto os profissionais efetivos, quanto profissionais terceirizados que prestam serviço no IFBA. Do total de respondentes desta pesquisa 55 são servidores efetivos, que representam 90,10% e 6 são profissionais terceirizados, o que representa 9, 90% dos trabalhadores do campus de Salvador. Na análise dos resultados não será efetuada diferenciação em relação a este tipo de inserção e todos os respondentes serão denominados de “servidores” do IFBA. O gráfico abaixo exemplifica estes percentuais. Gráfico 1 – Número de servidores respondentes da pesquisa segundo o vínculo de Trabalho no IFBA Fonte: Questionário aplicado pela autora da pesquisa Em relação ao tempo de serviço no Instituto, a pesquisa classificou em 3 grupos de respondentes: servidor com até 3 anos de atuação no IFBA, com 4 a 10 anos e com 11 anos e mais de atuação no instituto. Do total de respondentes, o menor número foi do grupo de até 3 anos de trabalho na instituição, 26,20%, o que corresponde a 16 profissionais. Ressalta-se aqui que alguns desses servidores estão em estágio probatório5, e, embora tiverem vivenciado o período de eleições de Reitor e Diretores dos campi, não participaram da mudança de CEFET para Instituto Federal, nem das construções do Novo Regimento, do Plano de Desenvolvimento Institucional, do Projeto Pedagógico Institucional, alguns dos muitos documentos que orientam a atuação profissional dentro do Instituto. Já os servidores que tem entre 4 e 10 anos de trabalho no IFBA, representam o percentual de 41% dos que responderam o questionário, o que equivale ao número de 25 trabalhadores. Este grupo tem um maior tempo de ambientação na instituição em relação ao anteriormente citado, teve tanto 3 Estágio Probatório - É um período de adaptação onde será verificado o desempenho do servidor recém admitido na Instituição e que servirá para determinar a efetivação ou não no cargo para o qual foi nomeado, com duração de 36 (trinta e seis) meses a partir da data de sua entrada em exercício. 53 a oportunidade de participar do processo interno eleitoral, quanto a de contribuir com a construção do novo Regimento e de outros documentos institucionais, o que também sugere um maior conhecimento sobre o funcionamento do IFBA. Além disso, este grupo de servidores vivenciou períodos de greve de servidores, tendo tido a oportunidade de presenciar momentos de conflitos e de tensão nas relações interpessoais no ambiente de trabalho, sendo que alguns desses servidores foram protagonistas das mudanças de CEFET para IFBA. Já os servidores com 11 anos e mais no instituto representaram 32,80% dos respondentes, sendo este percentual correspondente a 20 servidores. Este grupo vivenciou muitas mudanças, participou de alguns processos de eleição interna, alguns dos servidores que compõem este grupo trabalharam no serviço público em tempos de Escola Técnica Federal da Bahia. Além disso, muitos deles destacaram o fato de terem participado de movimentos políticos que ocorrem no Brasil durante a década de 80, a exemplo da Constituição da Assembleia Constituinte, das campanhas das Diretas-já, e outras menos remotas como o enfrentamento das políticas neoliberais de privatização, da luta contra a estadualização das escolas técnicas, da luta pela garantia do concurso público como forma de ingresso no serviço público, e participaram da luta pela garantia de eleições diretas para reitores/diretores. Embora esta pesquisa não objetive correlacionar as percepções dos servidores sobre o papel e atuação da Comissão de Ética com a variável tempo de serviço e vínculo profissional no instituto, a referência a estas variáveis tempo e vinculo aponta uma situação favorável para a análise dos resultados a partir de um conjunto de servidores com oportunidades e tempo físico suficientes para conhecer a comissão e sua atuação no instituto. O gráfico abaixo apresenta o número de servidores e profissionais respondentes por tempo de serviço no IFBA. 54 Gráfico 2 – Número de servidores respondentes da pesquisa segundo o tempo de trabalho no IFBA Fonte: Questionário aplicado pela autora da pesquisa Ainda nesta busca de configuração do perfil dos respondentes desta pesquisa, chama atenção o fato de 59% desses, possuírem experiência de trabalho em setor público, enquanto 41% responderam que nunca realizaram nenhum trabalho na esfera pública. Este resultado configura-se como importante por considerar que os agentes públicos que possuem experiências anteriores na função pública tiveram mais oportunidades de conhecerem os aspectos éticos aplicados à administração pública, ou seja, esta questão não deveria ser de todo desconhecida. O gráfico abaixo apresenta estes resultados: Gráfico 3 – Número de servidores respondentes da pesquisa segundo a existência de experiência anterior de trabalho no Setor Público Fonte: Questionário aplicado pela autora da pesquisa Faz-se ainda necessário assinalar o número de servidores respondentes desta pesquisa com cargo de gestão na instituição em seus diversos níveis. Identifica-se que 18 profissionais 55 dos 61 respondentes estão em cargos de gestão. Embora o comportamento ético no serviço público seja cobrado de maneira igual a todos os servidores, desde a alta administração federal aos cargos mais simples dentro do ambiente público, os gestores têm papel fundamental na educação para a ética, pois assumem junto com o cargo a responsabilidade de divulgar, orientar e agir conforme as orientações dos decretos nº 1.171/94 e nº 6.029/2007. O gráfico seguinte ilustra o número de servidores respondentes da pesquisa segundo a ocupação de cargos de gestão. Gráfico 4 – Número de Servidores respondentes da pesquisa em Cargo de Gestão no IFBA Fonte: Questionário aplicado pela autora da pesquisa Os dados sobre o perfil dos respondentes desta pesquisa apontam para um conjunto diferenciado de situações, quanto ao tempo e a inserção profissional no Instituto, o que favorece uma análise mais ampla sobre a percepção destes atores sobre o papel da Comissão de Ética no IFBA apresentado no capítulo seguinte. 56 5.2 PERCEPÇÃO DOS SERVIDORES DO IFBA CAMPUS DE SALVADOR SOBRE O SISTEMA DE GESTÃO DA ÉTICA 5.2.1 Sobre as ações de disseminação e publicização da informação realizadas pela Comissão de Ética A Resolução Nº 10 de 29 de setembro de 2008, é o documento que estabelece as normas de funcionamento e de rito processual para as Comissões de Ética instituídas pelo Decreto Nº 1.171/94 e disciplinada pelo Decreto Nº 6.029/2007. No art. 2º da resolução, alínea “2”, inciso “c”, afirma-se que compete à Comissão de Ética recomendar, acompanhar e avaliar o desenvolvimento de ações objetivando a disseminação, capacitação e treinamento sobre as normas de ética e disciplina. Com base nessa afirmação a Comissão de Ética do IFBA, de acordo com a observação participante, desenvolveu algumas ações, buscando cumprir com esta função. Assim, no que diz respeito as ações de divulgação sobre a Comissão de Ética, constata-se que no ano de 2011, foram elaborados dois tipos de material informativo, cartilhas e banners e no ano de 2014 foi construído o site da Comissão buscando divulgar seu trabalho e atribuições na Instituição. A Tabela 2 abaixo apresenta o quantitativo de material elaborado e distribuído pela Comissão de Ética para os Servidores do Instituto. Tabela 2 – Quantitativo e tipo de material elaborado para divulgação da Comissão de Ética no período de 2011 e 2014 Tipo de Material Banner Cartilhas Informes no site institucional Construção de site da Comissão Quantidade 16 unidades 1600 unidades 1 1 Ano 2011 2011 2011 2014 Fonte: Comissão de Ética do IFBA (2014). Os banners e cartilhas foram distribuídos entre os 16 campi em funcionamento no Instituto no ano de 2011. Não foram encontrados registros de materiais nem informações de outro trabalho realizado no intuito de divulgar as normas e ações da comissão para orientar os servidores em anos anteriores. O que se tem registro é a elaboração do código de conduta do IFBA, no ano de 2009, já citado no histórico da Comissão. 57 Ainda em relação ao material informativo sobre a Comissão de Ética do IFBA e o processo de sua distribuição entre os servidores dos seus diferentes campi, é possível inferir algumas questões acerca do alcance dos objetivos pretendidos pela Comissão. O material foi produzido, em quantidade que favorecesse alcançar um número grande de servidores (1600 unidades). Os banners foram destinados a cada um dos campi e as cartilhas distribuídas aos servidores. Contudo, não houve um controle nesta distribuição o que impossibilita confirmar se todos os servidores receberam as cartilhas e mais ainda, se foram efetivamente lidas e se seu conteúdo foi adequado e suficiente para o entendimento sobre a questão da ética pública e o papel da Comissões. Ou seja, não houve uma preocupação da Comissão de Ética em relação ao feedback sobre o material informativo e sua disseminação entre os servidores dos diferentes campi do Instituto. Os achados da pesquisa aponta para possível insuficiência destas ações e iniciativas de divulgação pela e sobre a Comissão, ao constatar um número expressivo de servidores que desconhecem a existência da Comissão, o seu funcionamento e as ações por ela desenvolvidas. Chama atenção para o fato de que ao contrário do esperado, o menor percentual de servidores, 31,25%, que afirma não conhecer os decretos e não saber do que trata a Comissão de Ética, encontra-se no grupo dos servidores que possuem até 3 anos de trabalho. Esperava-se que por serem mais “jovens” no IFBA, e terem ingressado através de concurso público, estivessem mais atualizados sobre a questão ética, pois esta questão consta do rol de temas e da legislação recomendados para leitura e estudos para elaboração das provas de conhecimento previstas. Além disso o contexto atual sócio político e cultural brasileiro também vem promovendo discussões sobre ética na política e ética nos serviços públicos, exigindo reflexões sobre a questão ética em todos os níveis da vida e em particular na atividade laboral, o que talvez possa explicar os percentuais maiores de servidores que disseram conhecer o Sistema de Gestão da Ética e a Comissão de Ética do IFBA, 56%, entre os que tem entre 4 a 10 anos de trabalho, e 35% entre os que tem 11 anos ou mais de trabalho. Mais tempo como servidor público pode significar mais probabilidade de enfrentamentos no processo e no ambiente de trabalho. De outro modo, observa-se que 62,50% dos servidores com até 3 anos de trabalho no IFBA declaram não ter recebido nenhum informativo nem documento sobre a Comissão de Ética. Este percentual aumenta entre os servidores com 4 e 10 anos, quando 72% destes também afirmam não ter sido informados sobre esta questão, e entre os que possuem mais de 11 anos no Instituto, 65% também referiram não ter conhecimento sobre documentos relativos 58 a Comissão de Ética. Estes achados autorizam a concluir que até o momento, as estratégias de comunicação e disseminação sobre o Sistema de Gestão da ética utilizada pela própria Comissão e pelo Instituto de uma maneira geral, não tem sido suficientes, comprometendo o seu papel de educar para a ética na administração pública. 5.2.2- Sobre a natureza das ações desenvolvidas pela Comissão de Ética Para a análise da percepção dos servidores do IFBA sobre a natureza das ações desenvolvidas pela Comissão de Ética, foram categorizados os conteúdos das suas respostas tomando como referência as funções atribuídas às Comissões de Ética pautadas no Decreto 1.171/1994, e utilizando, conforme descrito no item da metodologia, a análise de conteúdo, com base nas orientações de Birdin (1977). Vale ressaltar que os conteúdos das falas dos servidores com os conteúdos “não conheço”, Não tive a curiosidade de conhecer” e trata de avaliação de projetos de pesquisa” foram consideradas como respostas de desconhecimento acerca da ações da Comissão de Ética. As categorias adaptadas da natureza das ações desenvolvidas pela Comissão de Ética do IFBA e seus respectivos conteúdos estão elencadas no Quadro 1 abaixo. Quadro 1 - Natureza das ações desenvolvidas pela Comissão de Ética segundo seus respectivos conteúdos na percepção dos servidores do IFBA. Natureza das ações Conteúdo das ações Preventiva/Educativa Orienta, norteia e regula a conduta do servidor Trata da ética, dignidade, decoro, zelo e eficácia das ações dos servidores Avaliativa/Punitiva Trata da falta de ética e desvios éticos dentro do Instituto Trata de deveres, proibições e modos de atuação e de conduta do servidor Consultiva/Legalista Aplica os Decretos e a legislação que trata da ética aplicada aos servidores públicos Orienta a Alta Administração a conduzir suas ações amparadas por normas éticas Fonte: questionário aplicado pela pesquisadora. Ao analisar os achados da pesquisa, a partir desta categorização, observa-se entre os três diferentes grupos de servidores, que suas percepções acerca da atuação da Comissão de Ética do IFBA circulam entre as de natureza preventiva/educativa e as consultiva/legalista, embora haja diferenças significativas quando se analisa os grupos separadamente, inclusive em relação ao desconhecimento sobre a Comissão de Ética. 59 Assim por exemplo, entre os servidores que se referem conhecer as ações da Comissão de Ética, com tempo e experiência no serviço público de até 3 anos, a atuação desta Comissão perpassa de forma mais ou menos equivalente entre as três modalidades de natureza, ou seja, preventiva/educativa, punitiva e consultiva/legalista, como se verifica nos dados da Tabela 3 abaixo: Tabela 3 - Natureza das ações da Comissão de Ética do IFBA segundo o percentual de servidores com até três anos de trabalho na Instituição, Salvador, 2014 Natureza das ações Conteúdo das Ações Até Três(3) anos Trata da ética, dignidade, decoro, zelo e eficácia das 25% Preventiva/Educativa ações dos servidores Tratam de deveres, proibições e modos de atuação e de 19% Avaliativa/Punitiva conduta do servidor Aplica os Decretos e a legislação que trata da ética 25% Consultivo/Legalista aplicada aos servidores públicos Não conhece 31% Desconhecimento Total Total 100% Fonte: questionário aplicado pela pesquisadora Tais resultados levam a inferir que este grupo de servidores atribui uma certa importância à ética nos serviços públicos ressaltando aspectos que embora sejam comuns em qualquer atividade laboral, mas, nesse caso, existe uma ética direcionada a administração pública. Um dos depoimentos registrados traduz o Sistema de Gestão da ética da seguinte forma: (...) O Sistema de Gestão da Ética norteia a conduta do servidor, descreve os deveres e as proibições, orienta o servidor a agir com zelo, decoro e eficácia. No grupo dos servidores com 4 a 10 anos de trabalho no serviço público, chama atenção o alto percentual de servidores, 56%, que revelam desconhecer o Sistema de Gestão da Ética. Se agregar a este percentual os 4% que consideram a Comissão de Ética como sendo o comitê de ética na pesquisa, o percentual de desconhecimento neste grupo é de 60%, ou seja muito mais da metade dos servidores deste grupo respondentes da pesquisa, conforme se observa na Tabela 4 abaixo: 60 Tabela 4 - Natureza das ações da Comissão de Ética do IFBA segundo o percentual de servidores com quatro (4) a dez (10)anos de trabalho na Instituição, Salvador, 2014 Natureza das ações Conteúdo do conhecimento sobre as questões que Quatro (4) tratam a Comissão de Ética a 10 anos Orienta, norteia e regula a conduta do servidor 24% Preventiva/Educativa Avaliativa/Punitiva Trata da falta de ética e desvios éticos dentro do Instituto Consultivo/Legalista Aplica os Decretos e a legislação que trata da ética 12% aplicada aos servidores públicos Não conhece 56% Desconhecimento Trata de avaliação de projetos de pesquisa Total Total 4% 4% 100% Fonte: questionário aplicado pela pesquisadora Entre os 40%, dos servidores com 4 a 10 anos de trabalho no IFBA que disseram conhecer as ações desenvolvidas pela Comissão de Ética, observou-se que 24% deles consideram que a Comissão têm como ação predominante a orientação e regulação das condutas dos servidores público. Ou seja, percebem a atuação da Comissão numa vertente mais preventiva e educativa. Observou-se neste grupo que apenas 4% refere-se a atuação da Comissão com natureza mais punitiva e os 12% restantes atribuem as ações mais consultiva/legalista ao referirem aos decretos e as legislações. Chama atenção como já referido acima, que neste grupo de servidores que possuem de 4 a 10 anos de trabalho na instituição, um deles, apesar de ter informado que conhece o Sistema de Gestão da Ética, utilizou como exemplo uma ação que não compete a Comissão de Ética Setorial, “Conheço superficialmente. Já tive que passar pelo conselho de ética por conta de um projeto de pesquisa em que orientava um aluno”. As questões relativas à ética na pesquisa são da competência do Comitê de Ética na Pesquisa, cuja diferença está registrada em capítulos anteriores deste trabalho. O conhecimento do servidor sobre esta diferença foi também explorada nesta pesquisa e será tratada mais adiante. Contudo, é possível inferir que a afirmativa desse respondente ratifica a existência de profissionais que não tem clareza das ações relacionadas à ética pública na perspectiva laboral, confundindo-a com ética na pesquisa. Entre os servidores mais antigos no IFBA, ou seja, com 11 anos ou mais, observou-se que, da mesma forma que os grupos anteriores, o maior percentual de respostas refere-se a ações de natureza mais preventiva/educativa. Contudo, chama atenção que este foi o único grupo que referiu uma exclusividade de orientação para a ética à alta administração. De todo modo esta percepção está de acordo com algumas normas que sustentam o sistema de Gestão 61 da Ética, que atribui como uma prerrogativa dos gestores que ocupam cargos de alto escalão (a alta administração) esta ação de orientação para a ética pública. Entretanto, é também possível, que esta percepção possa também estar relacionada a uma vertente mais avaliativa e punitiva, na medida em que faz parte do senso comum a visão de que é responsabilidade da alta administração, isto é, os gestores máximos, o poder de punir e avaliar as condutas do conjunto dos servidores. No grupo de servidores com 11 anos a mais de serviço público, além de 40 % terem afirmado desconhecer o Sistema de Gestão da Ética, outros 35% consideraram que as ações que a Comissão de Ética desenvolve tem um caráter preventivo /educativo, na mesma direção dos servidores com 4 a 10 anos de serviço no IFBA como ilustra a Tabela 5 abaixo. Estes resultados apontam que a vertente preventiva/educativa é alta entre os servidores que referem conhecer a Comissão principalmente entre aqueles com mais tempo de trabalho na instituição, o que parece ser um resultado positivo para a Comissão ainda que relativo diante do conjunto dos dados analisados. Tabela 5 - Natureza das ações da Comissão de Ética do IFBA segundo servidores com mais de onze (11) anos de trabalho na Instituição, Salvador, 2014 Natureza das ações Conteúdo das ações 11 a mais Trata da ética, dignidade, decoro, zelo e eficácia das ações dos 25% Preventiva/Educativa servidores Orienta a alta administração a conduzir suas ações amparadas 10% por normas éticas Trata da falta de ética e desvios éticos dentro do Instituto 5% Avaliativa/Punitiva Desconhecimento Total Trata de deveres, proibições e modos de atuação e de conduta 20% do servidor Não conhece 35% Não teve curiosidade em conhecer 5% Total 100% Fonte: Questionário aplicado pela autora da pesquisa Chama atenção neste grupo de servidores, o fato de ter sido o único em que um participante deu a seguinte declaração: “Não tive curiosidade, pois sempre me pautei na ética da casa militar, que anteriormente trabalhei, algum de meus princípios morais”. Esta formulação aponta para um não conhecimento sobre a discussão relacionada com a ética na administração pública ainda que reconheça que todas as pessoas tem uma conduta ética, e trazem consigo experiências da formação familiar, escolar, religiosa, social, profissional, entre 62 outras. Contudo, ao adentrar no serviço público, o profissional está condicionado a agir dentro do Regramento Ético, estabelecidos pelo Sistema de Gestão da Ética, para os servidores públicos federais. Não trata-se de uma opção, é uma determinação dentro da legalidade. Por esta razão, Muller (2012) destaca em seu artigo que: [...] os códigos de ética trazem, em seu conteúdo, o conjunto de normas a serem seguidas e as penalidades aplicáveis no caso do não cumprimento das mesmas. Normalmente, os códigos lembram aos funcionários que estes devem agir com dignidade, decoro, zelo e eficácia, para preservar a honra do serviço público. Enfatizam que é dever do servidor ser cortês, atencioso, respeitoso com os usuários do serviço público. Também, é dever do servidor ser rápido, assíduo, leal, correto e justo, escolhendo sempre aquela opção que beneficie o maior número de pessoas. Os códigos discorrem, ainda, sobre as obrigações, regras, cuidados e cautelas que devem ser observadas para cumprimento do objetivo maior que é o bem comum, prestando serviço público de qualidade à população (MULLER, 2012, p.1). Esses resultados ratificam o que vem sendo sustentado ao longo dessa pesquisa sobre o desconhecimento de uma ética aplicada à administração pública, o que implica em repensar o alcance das ações educativas até então desenvolvidas pela Comissão de Ética na perspectiva de promover a capacitação do conjunto dos servidores públicos para a ética pública. 5.2.3 Os pontos críticos na atuação da Comissão de Ética do IFBA Buscando aprofundar a percepção dos servidores acerca da atuação da Comissão de Ética do IFBA, foram identificados os pontos considerados críticos no ambiente do trabalho da instituição e que, na visão dos seus servidores, devem ser objeto de orientação e intervenção da Comissão de Ética. Assim, utilizando-se da mesma técnica de análise do conteúdo (AC), foram elencados um conjunto de questões apontadas como críticas pelos três grupos de servidores e que estão presentes no cotidiano da instituição, conforme ilustra a Tabela 6. 63 Tabela 6 - Questões críticas que requerem orientação da Comissão de Ética na percepção dos servidores do IFBA segundo tempo de serviço- Salvador, 2014 Questões críticas Anos de Serviços Até 3 4 a 10 11 a anos anos mais 18,75 17% Relacionamento interpessoal 12,50 16% 15% Assédio moral e sigilo para denunciar o abuso de poder e perseguição a opositores 6,25% 4% Perseguição a alunos por professores e vice versa 6% Relação professores doutores e colegas servidores 6,25 4% 22% E-mail institucional/intraifba 6,25 16% 5% Pontualidade e cumprimento da carga horária de trabalho 12% Vantagens pessoais e falta de zelo pelo que é público 4% 6% Falta de compromisso dos servidores com a instituição/baixo desempenho profissional 4% Desvios de conduta 18,75 32% 24% Outras questões 31,25 8% 5% Não conhece e nem identifica 100% 100% 100% Total Fonte: Questionário aplicado pela autora da pesquisa De imediato chama atenção o expressivo percentual de servidores que mesmo tendo declarado desconhecer as ações que a Comissão de Ética do IFBA desenvolve demonstrados nas tabelas 1, 2 e 3, registram pontos críticos que consideram requerer orientação desta Comissão. Apenas o grupo de servidores com até três anos manteve o mesmo percentual de 31 % que disse não conhecer a Comissão e, possivelmente por esta razão, não souberam identificar situações que requereriam uma orientação desta Comissão. Entre os servidores com quatro (04) anos a dez (10) de trabalho 60% disse desconhecer a Comissão mas apenas 8% deles não souberam identificar pontos críticos, ou seja, 52% dos servidores deste grupo, mesmo não conhecendo a Comissão atribuíram algumas questões críticas e que deveriam ser objeto de orientação da Comissão. A mesma situação aconteceu com o grupo de servidores com mais de 11 anos de serviço, quando 40% desconhecem a Comissão mas 29% destes também identificaram questões críticas. Estes achados parecem revelar que o desconhecimento está mais focado na atuação da Comissão de Ética do Instituto, que não é ainda reconhecida pelos seus servidores, e não na questão da ética pública, já que eles perceberam, mesmo que com alguns possíveis equívocos, questões que requerem orientação deste tipo de Comissão. Vale registrar por sua vez, que conjunto de questões consideradas críticas pelos servidores respondentes, apontam para situações que requerem atenção da Instituição por apresentarem um potencial de conflito e, por esta razão, serem geradores de processos junto 64 à Comissão de Ética. Outras variáveis apareceram com percentuais menores (6,25%, 4%, 5%), no entanto, identificam igualmente pontos de conflitos na instituição, que merecem atenção da Comissão de Ética através de um trabalho preventivo junto aos servidores. Assim por exemplo, entre os servidores dos três grupos foram citadas questões críticas tais como: (i) “profissionais que fumam e bebem em serviço”; (ii)“Relações professores x Chefes de Departamento”; (iii) obrigatoriedade de curso sobre ética para gestores”; (iv) forma de seleção dos estudantes e conselhos de classe;”(v) clareza do que compete aos profissionais terceirizados”; (vi)“comportamentos dos servidores em momento de greve e de eleição interna”. Mesmo tendo sido citadas por um ou outro servidor, e ainda que algumas delas não sejam necessariamente objeto de intervenção do Comitê de ética, são problemas que estão no dia a dia da vida institucional, o que exige iniciativas preventivas e educativas, não apenas da Comissão de Ética, mas de outros setores estratégicos na instituição, a exemplo da Diretoria de Gestão de Pessoas. Observa-se, contudo, que as questões que aparecem com mais destaque refletem fragilidades nas relações interpessoais dentro do instituto. É possível que as mudanças organizacionais que o atual IFBA passou ao longo dos anos,6 estão longe de terem sido apenas na sua nomenclatura, pois houve alterações não só no formato da organização como em suas atribuições e amplitude de objetivos e de atuação. O aumento do número de profissionais e de estudantes que passaram a compor o Instituto Federal da Bahia é também uma variável que interfere nas relações interpessoais e institucionais. Segundo documentos institucionais o IFBA até o ano 2006 era composto por uma sede, o campus Salvador (Barbalho) e quatro unidades descentralizadas (Barreiras, Vitória da Conquista, Valença e Eunapólis), tendo ainda integrado o Centro de Educação Tecnológica da Bahia (CENTEC), localizado em Simões Filho, atualmente, campus de Simões Filho. O número de campi saiu de cinco (05) para dezessete (17). Para 2015 a previsão é de aumentar ainda mais, contando com os núcleos avançados e os campi com previsão de funcionamento em 2015, serão um total de 22 espaços de atuação do IFBA, sem incluir a Reitoria. Nesse cenário, os problemas que envolvem as relações hierárquicas, as relações de poder, as relações entre os pares, divergências política e ideológica, aumentaram na mesma proporção. Ficam mais evidentes as concepções de superioridade e subordinação a exemplo 6 Foram três grandes mudanças, da Escola Técnica Federal (ETFBA), para Centro Federal (CEFET) e atualmente integra a rede de Institutos Federais (IFBA). 65 de disputas entre professores e servidores técnico-administrativo, e que foram citados como pontos que merecem intervenção da Comissão de Ética e explicitados das seguintes formas: (...) “relações interpessoais entre servidores, principalmente entre técnicos e docentes, servidores e terceirizados.” (...) “assédio moral; preconceito e conflito entre técnicos e professores; autoritarismo e oportunismo de ocupantes de cargos de gestão.” (...) “desempenho profissional insatisfatório e as relações profissionais entre técnicos e professores.” (...) “Alguns professores que por serem doutores se acham superiores, inclusive prejudicam outros quanto ao desenvolvimento profissional, a exemplo da CPPD7, ou seja, Comissão Permanente para Prejudicar o Docente.” Esta última situação não parece ter procedência na medida em que a atribuição da CPPD é a avaliação de processos de progressão docente, já instruídos pelos setores da Diretoria de Gestão de Pessoas, e que já foram avaliados pelos membros da Comissão de Avaliação Docente, os quais são indicados pela Diretoria de Ensino de cada campus, ao qual o professor pertence. Cabe a CPPD conferir a documentação apresentada e contabilizar os pontos do barema aprovado pelo Conselho Superior do Instituto (CONSUP), válido para todos os processos de progressão em todos os campi que compõem o IFBA. Divergências políticas e ideológicas aparecem também como geradoras de conflitos na instituição, principalmente nos momentos de greve e de escolha dos representantes (Reitor, Diretor, membros do Conselho Superior). Esta questão, além de ter sido citada pelos servidores participantes da pesquisa, também se encontra no rol dos processos com entrada na Comissão de Ética do IFBA decorrentes de situações de conflito em momentos de eleição no instituto e que não será aqui identificada para preservar o devido sigilo. Ainda na perspectiva de buscar conhecer a percepção dos servidores sobre o papel da Comissão de Ética, buscou-se levantar quais problemas, que na opinião dos servidores, ele próprio já vivenciou no IFBA e sentiu necessidade de buscar orientações da sua Comissão de Ética. Os resultados deste levantamento aponta tanto para temas/problemas como para sentimentos que os servidores disseram ter sentido nos momentos em que se defrontaram com os problemas apontados. Assim, os principais temas/problemas apontados estão na Tabela 7. 7 CPPD- Comissão Permanente de Pessoal Docente 66 Tabela 7 – Tema/Problemas apontados pelos servidores, segundo o tempo de serviço Temas/Problemas Profissionais terceirizados assumindo papel de servidor E-mail institucional. Existência de atividades de comercialização na instituição Pressão para cumprimento de horário Discriminação racial Avaliação de projeto de pesquisa Problemas no setor de trabalho Não sentiu necessidade Outras respostas Total Fonte: Questionário aplicado pela autora da pesquisa Até anos 6% 18% Anos de Serviços 3 4 a 10 11 a anos mais 4% 4% 4% 8% 64% 12% 100% 56% 24% 100% 15% 10% 60% 15% 100% Chama atenção nestes resultados o fato da grande maioria dos servidores do IFBA não senti, em nenhum momento, mesmo os mais antigos, necessidade de procurar a Comissão de Ética. Este achado representa um indicador positivo para a Instituição, na medida em que os problemas que são vistos como objeto de intervenção ou de orientação da Comissão de Ética representam pontos de tensão e de conflitos relacionais e/ou de condutas. Nesse sentido, em todos os grupos de servidores, 64% entre os mais “jovens” na instituição, 56% entre os servidores com 4 a 10 anos e 60% entre os mais antigos disseram nunca ter sentido necessidade de procurarem a Comissão de Ética por nenhuma razão. Entretanto é importante ressaltar que alguns servidores de todos os tres grupos (12% do grupo com até tres anos, 16% do grupo com 4 a 10 anos e 15% do grupo com 11 anos e mais) disseram ter sentido necessidade de procurar a Comissão de Ética, diante de fatos que mereceiam ser denunciados, mas não fizeram “por medo, temendo represálias”. Um outro servidor disse “ter enviado denuncia às instâncias superiores e não resolveu”. Embora os dados da Tabela 5 não revelem problemas de magnitude, alguns temas/problemas chamam atenção ainda que em percentual muito reduzido, já que, como dito acima, os maiores percentuais são de servidores que nunca sentiram necessidade de procurar a Comissão de Ética. Observa-se assim, que os três grupos de servidores identificam problemas que destoam das orientações sobre a ética no serviço público. No entanto, os profissionais parecem se “acomodarem” numa situação de passividade e de aceitação, convivendo com situação com as quais não concordam e que se sentem incomodados. É possivel que parte dessa “acomodação” decorra de um sentimento de descrença dos servidores, ao não acreditarem que 67 exista possibilidades de mudança na instituição, ou mesmo interesse em resolver problemas, como explicitaram alguns deles. De outra forma, os achados também evidenciam uma compreensão sobre a Comissão de Ética como espaço para defesa dos servidores inclusive para situações não defensáveis, ou seja, a visão sobre a Comissão se aproxima até de um orgão sindical em defesa do servidor, a exemplo de um servidor que disse ter sentido necessidade de procurar a Coimssão em “um momento quando me senti pressionada pela questão de horário”. Ocorre que cumprir com as exigências do cargo público que ocupa, envolve dentre as várias responsabilidades, o cumprimento do horário de trabalho. Inclusive, no decreto nº 1.171/1994, seção I, regras deontológicas, inciso XXII, afirma-se que toda ausência injustificada do servidor de seu local de trabalho é fator de desmoralização do serviço público, o que quase sempre conduz à desordem nas relações humanas. A experiência de trabalho da autora desta pesquisa no IFBA possibilita inferir, a partir de situações observadas, que alguns servidores confundem às vezes, exigência de seus superiores hierárquicos ou chefias imediatas para o cumprimento do horário de trabalho com algum tipo de perseguição ou até mesmo assédio, causando desconforto entre os profissionais. O que surpreende é que tal comportamento ganha simpatia entre os pares, bem como entre grupos de pressão, que ao apoiar estas demandas confundem o que é direito do trabalhador com o descompromisso com o trabalho. Estes resultados são reforçados quando se analisa a situação dos processos que adentraram na Comissão de Ética, desde sua criação no ano de 2007 até os dias atuais. De fato, na análise dos processos encaminhados à Comissão de Ética, observa-se que os problemas denunciados estão vinculados a problemas nas relações interpessoais, dentre estes alguns gestores figuram ora como denunciante ora como denunciado, e que estão enquadrados no Decreto Nº 1.171/1994, por descumprimento dos incisos presentes nas regras deontológicas do código, por vezes no descumprimento aos incisos XIV ou XV e em alguns processos por descumprimento a ambos. A tabela 8 abaixo apresenta os processos por enquadramento no Decreto Nº 1.171/1994. 68 Tabela nº 8 – Processos por enquadramento no Decreto nº 1.171/1994 Motivo do enquadramento na Comissão de Ética Inciso Inobservância às Regras Deontológicas Inobservância dos Principais Deveres do Servidor Inobservância das Vedações ao Servidor Inobservância dos Principais Deveres e das Vedações ao Servidor em conjunto Outros Total Fonte: Comissão de Ética do IFBA (2014). Inciso II ou IX Inciso XIV Inciso XV Incisos XIV e XV Quantidade de Processos 5 14 8 7 - 3 37 Ao citar anteriormente a palavra “gestor”, esclarece-se que o termo está sendo usado para se referir aqueles que assumem quaisquer das dezenas de cargos existentes na instituição, quer seja no nível mais alto ou os mais simples, não se referindo exclusivamente às instâncias máximas da instituição. Se assim o fosse, a Comissão de Ética do Instituto não possui a competência legal para atuar, tais situações precisam ser encaminhadas a CEP (Brasília), conforme o Código de Conduta da Alta Administração Federal, em seu Art. 2º, asseguram que as normas deste Código aplicam-se às seguintes autoridades públicas: III – presidente e diretores de agências nacionais, autarquias, inclusive as especiais, fundações mantidas pelo Poder Público, empresas públicas e sociedades de economia mista. Há duas décadas da existência do Decreto Nº 1.171/1994, ainda identifica-se, como verificado pelos dados desta pesquisa, conforme já ressaltado anteriormente, um percentual significativo de profissionais que afirmam não conhecer o regramento ético. Trata-se de uma situação complexa, que requer habilidade da instituição para desenvolver mecanismos que favoreçam melhorias tanto nas relações de natureza interpessoal, quanto nas relações profissionais ao interior da instituição. As questões levantadas revelam que o conhecimento dos servidores do IFBA sobre ética aplicada à administração pública, ainda é limitada, o que evidencia a insuficiência das ações educativas até então desenvolvidas no âmbito do IFBA, incluindo as de capacitação dos servidores, com foco no Sistema de Gestão da Ética, e na divulgação do regramento ético. 69 5.2.4 A atuação da Comissão de Ética do IFBA na percepção de seus membros integrantes A análise sobre o papel e atuação da Comissão de Ética do IFBA campus de Salvador, na perspectica dos servidores também envolveu os servidores integrantes da referida Comissão de Ética em conformidade com os Decretos Nº 1171/1994 e Nº 6019/2007. Buscou-se identificar além de suas visões acerca dos principais problemas éticos e que são objeto de atuação da Comissão, também suas motivações para participarem da Comissão e proposições para o desenvolvimento de um trabalho mais atuante. Além disso, buscou-se confrontar as percepções dos membros da Comissão insituição que particparam da pesquisa. Os resultados com as dos demais servidores da foram analisadas levando-se em consideração as orientações do decreto Nº 6.029/2007, que orientam a instituição sobre o Sistema de Gestão da Ética. Os membros da Comissão de Ética, são indicados pelos membros anteriores, não há eleição para membro da Comissão de Ética, conforme entendimento e orientações da Comissão de Ética Pública da Presidência da República (CEP). Os que demonstram interesse ou são convidados por membros integrantes, podem se tornar suplente e posteriormente membro titular. Portanto, é uma responsabilidade a mais no fazer profissional, não há nenhuma função gratificada para atuar na comissão. Atualmente a Comissão conta com cinco técnicos administrativos (2 Psicólogos, 1 Assistente em Administração com formação em Direito, 1 Técnico em Artes Gráficas, com formação superior em Designer Gráfico, 1 Assistente Social e um Professor formado em Engenharia e em Psicologia), tendo como Secretário Executivo 1 Técnico Administrativo, com formação em Direito. Nenhum dos integrantes deixou sua função profissional, todos exercem suas atividades no campus de lotação, e nos dias e horários necessários, participam das atividades da Comissão de Ética. Deste grupo, cinco integrantes responderam a pesquisa. Sobre a motivação para participar da Comissão de Ética, mesmo não havendo nenhum tipo de gratificação financeira para esta participação, os membros entrevistados a atribuíram a aspectos relativos ao compromisso com o serviço público, contribuindo para divulgação das questões éticas e para o bem estar da instituição conforme ilustram os depoimentos abaixo: “Um compromisso com o serviço público de qualidade e uma oportunidade de maior aprendizado sobre o "fazer" ético, bem como poder contribuir para a divulgação e educação para a ética”. (Integrante 01). (Informação verbal) 70 “O sentimento otimista de estar contribuindo para o bem-estar da instituição da qual faço parte e ajudando a modificar um pouco a visão negativa que se tem de servidores públicos”. (Integrante 02). (Informação verbal) “Ser membro da Comissão de Ética promove no meu exercício laboral um zelo e dignidade ainda maior. Significa uma colaboração em trabalhos que educam, apuram e analisam casos, em uma possibilidade de melhorar o serviço”. (Integrante 03). (Informação verbal) “Por ter disposição de estar envolvida em atividades desse caráter, é gratificante e me faz sentir ativa no espaço de trabalho. O interessante também é a autonomia das atividades que permite uma liberdade no pensar e agir”. (Integrante 04). (Informação verbal) “Um aprendizado, um desafio constante. Poder colaborar para que tenhamos um serviço publico mais ético é a nossa maior gratificação”. (Integrante 05). (Informaçãos verbal). Ressalta-se aqui que tais respostas encontram-se dentro do esperado, em face do próprio objeto que trata a Comissão, ou seja, se a Comissão de Ética lida, com questões que refletem o comprometimento dos servidores com a instituição, seus membros dificilmente iram formular uma justificativa que não passasse por razões desta natureza. Nesse sentido, os achados evidenciam que a prioridade dada, pela maioria dos membros da Comissão entevistados, está vinculada à execução de um trabalho de Educação para a Ética Pública expresso com as seguintes frases : (...)contribuir para a divulgação e educação para a ética”; (...)a modificar um pouco a visão negativa”, “(...)colaboração em trabalhos que educam”), entendendo que o papel da Comissão deva ser mais educativa, ou seja, voltado para o desenvolvimento de ações de educação para a ética pública. Contudo, esta prioridade da Comissão de Ética do IFBA não é vista ainda por grande parte dos servidores respondentes desta pesquisa, que atribuiu um papel de natureza mais punitiva as ações desenvolvidas por esta Comissão. Em relação as dificuldades que a Comissão de Ética enfrenta para realizar, de maneira plena, seu trabalho, os membros da comissão entrevistados consideraram principalmente aquelas de natureza administrativa tais como: (i)A não liberação plena dos membros integrantes da Comissão para atuarem plenamente à serviço da Comissão de Ética, (ii) dificuldade com dotação orçamentária (iii) limitação na capacitação continuada dos membros da equipe, (iv)não concretização de parcerias com as Diretorias Sistêmicas do instituto. 71 De fato, as condições logísticas, administrativas e orçamentárias para o funcionamento das Comissões de Ética estão amparadas no Decreto nº 6.029, em seu artigo 8º, inciso III, o qual destaca: “garantir os recursos humanos, materiais e financeiros para que a Comissão cumpra com suas atribuições;”. No IFBA, a Comissão de Ética possui espaço físico, recursos materiais e humanos adequados para seu funcionamento. Todavia, carece ainda de uma previsão de recursos definidos anualmente para o investimento em capacitação, treinamento e promoção de eventos dentro e fora da instituição. As variáveis citadas pelos entrevistados estão expressa nos depoimentos abaixo: “Considero que a demanda de trabalho requer um tempo muito maior de participação/dedicação dos membros, o que é impossibilitado devido aos demais afazeres que os mesmos possuem em suas outras funções na instituição”. (Integrante 05). (Informaçãos verbal). “A Comissão de Ética não possuir um plano e acesso financeiro da Instituição: implica certos limites nos mecanismos práticos de educação, bem como a falta de capacitação muitas vezes traduz uma atuação não muito madura, em todas as dimensões (educativa, preventiva, consultiva...); A ausência de uma difusão dos deveres profissionais e preceitos éticos por todo o Instituto: muitos não sabem, ou esquecem, da existência dos preceitos éticos, tornando necessário uma atenção constante da gestão ao modelo de servidor que atua no Instituto; A Comissão não possuir uma abrangência de sua importância/respeito dos trabalhos desenvolvidos e como autoridade: permite alguns servidores/setores/gestão obterem uma percepção de um setor fictício de trabalhos simples”; (Integrante 02). (Informaçãos verbal).. Outros depoimentos levantam a questão da “falta de abertura da gestão (...)” e da “independência plena da Comissão de Ética” o que aponta um limite na atuação e no papel da Comissão com impacto no mérito do seu trabalho, na medida em que, para o conjunto de servidores, além das ações desenvolvidas pela Comissão passarem despercebidas, há também questionamentos sobre a confiabilidade do se trabalho. “A primeira é a própria capacitação da comissão. A outra que também impacta na primeira, é a falta de abertura da gestão para facilitar o trabalho da comissão” (Integrante 03). (Informaçãos verbal). “Falta de recursos para a capacitação de seus membros de forma adequada e constante. Falta de recurso destinado ao planejamento das ações. Dificuldades de implementar ações conjuntas com departamentos/diretorias sistêmicas. A falta de independência plena da comissão” (Integrante 04). (Informaçãos verbal). Assim, para os membros da Comissão de Ética, a não definição clara de autonomia da Comissão gera desconfianças por parte dos servidores sobre a garantia de um trabalho alicerçado na imparcialidade, como levantado pelos servidores. Os achados da pesquisa 72 revelam que servidores quando sentiram necessidade de buscar apoio e/ou orientação da Comissão de Ética para solucionar situações de conflito, não o fizeram por não acreditar que seriam tomadas as providências necessárias para resolver tais situações, ou ainda por sentirem medo de represálias: “Senti a necessidade, mas tive medo”(Questionário 16). Buscando aprofundar os limites da atuação da Comissão de Ética identificando as situações ou elementos que mais geram conflitos na instituição e por consequência processos encaminhados à Comissão de Ética, os membros integrantes destacaram duas situações: (i) a troca de e-mail através da rede intraifba e (ii) as disputas políticas por cargos. Ressalta-se que estas questões foram também referidas pelos servidores, e numa análise mais detalhada observa-se que a rede Intraifba torna-se problema quando associada àos debates e conflitos por disputas de poder na instituição. De uma forma ou de outra, cada membro integrante da Comissão, destacou nas suas respostas o que acredita ser mais critico na insituição e as situações que geram mais conflitos, como ilustra os depoimentos seguintes: “As disputas "política" sem duvidas é a campeã. É inadmissível uma instituição de educação perpetuar essas questões. O corporativismo e a falta de isonomia. Conflitos interpessoais”. (Integrante 01). (Informaçãos verbal). “A rede de comunicação eletrônica interna e as divergências políticas”. (Integrante 02). (Informaçãos verbal). “Os processos eleitorais e a rede de comunicação virtual”. (Integrante 03). (Informaçãos verbal). “O ambiente de mensagens de email intranet conhecido anteriormente como "intracefet", hoje o "intraifba". Sem um processo de regras claras de comportamento e punição através de um mediador, não funciona. No facebook tem um grupo do "IFBA" com as seguintes regras que funciona muito bem (...)" Tudo isso é mediado e aceita denuncias”. 8(Integrante 04). (Informaçãos verbal). “Relacionamento Interpessoal, entre setores, da gestão: falta de interação dos pares, desigualdade no trato dos gestores com seus subalternos, preferências 8 “(...) As regras adotadas pelo Grupo IFBA no Facebook são as seguintes: "Grupo democrático para informações e integração dos futuros alunos, alunos e ex-alunos do Instituto Federal da Bahia – IFBA. Como este é um espaço democrático só serão apagadas as propagandas e spam. O autor das propagandas será comunicado e se reincidir será banido (ban) do grupo. Sejam bem-vindos! Regras: 1- Proibido postagens fora do contexto IFBA/Educação. Dois avisos. O 3º aviso é Ban. 2- Proibido postagens de cunho político partidários. Só pra salientar já que essa já se encaixa na primeira regra. Ban DIRETO" Outro exemplo pode ser encontrado em alguns blog's com os seguintes dizeres:"PS: os comentários ofensivos, seja contra quem for, inclusive o autor do texto, somente serão publicados no caso de identificação do autor do comentário, com email, cpf, rg e endereço, para que possa se sujeitar às consequências legais do ato praticado e reparação da vítima da ofensa. A internet não consiste em “terra sem lei”, livre para a prática de ofensas e na qual os covardes se escondam atrás do anonimato, não assumindo seus atos” (Integrante 4). 73 e perseguições políticas camufladas, falta de zelo e dedicação com o serviço público e seu ambiente de trabalho; Falta de sigilo de serviços com chancela de reservado e consequências na reputação dos servidores, atrasos de resposta, visão deturpada de situação ou da pessoa. Rede de comunicação Intraifba: uso deturpado, falta de regulamentação atualizada com procedimentos e penalidades”; (Integrante 02). (Informaçãos verbal). Para um dos integrantes membros da Comissão o uso não disciplinado da rede intraifba e do email institucional é de fato um ponto crítico que mais gera conflitos, concordando portanto com os servidores que indentificaram esta questão como um problema crítico, e esta situação se agrava pela ausencia de denúncias e de punições de autores de mensagens inapropriadas inclusive agressivas. Como sugestões para desenvolvimento de ações da Comissão de Ética do IFBA seus membros integrantes que participaram desta pequisa, pontuaram algumas iniciativas que se aproximaram das que foram também sugeridas pelos outros servidores respondentes da pesquisa. Chama atenção a proposta que defende a ideia de que o trabalho de divulgar e educar para a ética nao deve ser visto como exclusivo da Comissão de Ética e deve estar difundido em toda a instituição. A Comissão de Ética tem um papel importante nesta divulgação e deve contribuir para que as informações concernentes ao Sistema de Gestão da Ética tornem-se acessível a todos os servidores, além de apoia-los em situações de conflitos. Muitas sugestões foram oferecidas e todas elas concentram-se no papel educativo da Comissão: “palestras, cursos, divulgação das ações, campanhas, criação de site, foruns de discussão nos campi, descentralização das Comissões de ètica para os campi, capacitação dos servidores, pesquisa interna entre outras9”. 9 “Palestras; Curso de formação direcionado aos gestores (diretores, chefes de departamentos, coordenadores, etc); Ampliação da divulgação da ética; Participação nos eventos internos; Ações em conjunto com diretorias sistêmicas (DGP, Comunicação, DGTI); Representantes locais”. (Integrante 01). “Apresentar projeto de educação: campanha, seminário, palestra, em conjunto com outras unidades e de forma extensiva a toda comunidade. Apresentar projeto de prevenção: orientar com o site, divulgar notas, estar presente em atividades que envolvam a vida profissional do servidor”; (Integrante 02). “Fóruns de discussão nos campi e entre os campi, capacitações para os servidores, descentralização da Comissão de Ética (representações nos campi) e formação para os dirigentes e gestores”. (Integrante 03). “Principalmente cursos de capacitação, com espaços para discussão e construção do que deve ser um comportamento ético no ambiente profissional”. (Integrante 04). “Sugiro fazer uma pesquisa interna junto aos servidores, alunos e terceirizados para identificar quais as falhas de conduta identificadas alem das faltas éticas apontadas. Um questionário anônimo de múltipla escolha e multi opção que, após tabulado apontará os problemas. 1- Um dos espaços que deveria ser ocupado é o facebook, muito mais acessado do que outras mídias. Nos grupos do IFBA, IFBA Salvador, etc, pode-se enviar mensagens curtas, pequenos textos, links para eventos ou outras páginas de interesse; 2- Outra estratégia é o uso de banners expostos em todos os eventos do IFBA; 3- Divulgação periódica das ações punitivas da Comissão de Ética: quantidade de processos, que penalidades, o que significam... é muito pedagógico ver alguma consequência”. (Integrante 05). 74 Apesar dos desafios colocados para o trabalho da Comissão de Ética, seus membros, em sua maioria, consideram que as ações de capacitação sobre as orientações ética realizadas pela Comissão de Ética do IFBA produzem algum resultado em relação as condutas do servidor público, mesmo que sejam visíveis no futuro, como se depreende do depoimento abaixo sobre o impacto das ações educativas desenvolvidas pela Comissão: Acredito ter um grande impacto, pois ética é uma forma de conduta que pode ser passada, disseminada”; “Positiva, principalmente quando se trata de uma instituição de educação, apesar da conduta está ligada diretamente com o caráter de cada pessoa, acredito que as reflexões sobre ética germinarão como sementes em um solo adubado. E o frutos virão no futuro. Nesta mesma direção outros integrantes da Comissão de Ética do IFBA demostraram expectativas positivas em relação a possíveis mudanças na instituição como resultado de ações educativas e capacitação do servidor público abrangendo os diversos níveis dentro da instituição. Os entrevistados enfatizam: “O desenvolvimento de atividades que divulguem o normativo ético permite que o servidor conheça e saiba das consequências da sua infração, no entanto, atividades que promovam a integração a essas normas, a união com mecanismos de educação contínua no ambiente organizacional vai além e traz a boa conduta do ser profissional em consciência da sua função como servidor público(...) (Integrante 04). (Informaçãos verbal). “O conhecimento e aproximação acerca da temática Ética nos leva a ter um maior senso crítico e uma postura mais reflexiva sobre nossas atitudes e das pessoas que nos cercam. Acredito que por mais que alguém tenha uma postura contraditória ao que se espera da conduta no serviço público, se o outro adota uma postura ética, as implicações acabam tendo proporções bem menores” (Integrante 05). (Informaçãos verbal). Por outro lado os membros da Comissão de Ética do IFBA ressaltaram a necessidade de um trabalho em conjunto com a Diretoria Sistêmica de Gestão de Pessoas (DGP), com a Diretoria Sistêmica de Comunicação (DGCOM) e ainda com a Diretoria Sistêmica de Tecnologia e Informação (DGTI), trabalho esse que garanta aos profissionais do instituto um conhecimento aprofundado sobre o Sistema de Gestão da Ética, desde seu ingresso na instituição, como ao longo de sua permanência, viabilizado com a promoção e realização de atividades de capacitação e no uso diário das ferramentas de informática, dentre outras formas possíveis de comunicação e informação. Ações da Comissão de Ética em parceria com essas Diretorias Sistêmicas podem garantir ao novo servidor um conhecimento basilar sobre a ética no serviço público, como assevera Cruz (2011). 75 A finalidade do Código de Ética consiste em produzir na pessoa do servidor público a consciência de sua adesão às normas ético-profissionais preexistentes à luz de um espírito crítico, para efeito de facilitar a prática do cumprimento dos deveres legais por parte de cada um e, em consequência, o resgate do respeito ao serviço público e à dignidade social de cada servidor (CRUZ, 2011, p. 9). De fato, esta compreensão de que o processo de educação permanente do servidor público para uma atuação com agente público pautada no respeito ao outro e prinicpalmente no cidadaão usuário dos serviços publicos, encontra-se também previsto nos ordeamentos jurídicos que orientam a gestão da ética nas instituiçoes públicas como sinalisado por Cruz (2011). Vale lembrar que entre as competências do Sistema de Gestão da Ética (Decreto Nº 6.029/2007), está a de articular ações com vistas a estabelecer e efetivar procedimentos de incentivo e incremento ao desempenho institucional na gestão da ética pública do Estado brasileiro. São estes pois, os maiores dasafios da ação da Comissão de Ética, ao tomar como tarefa de curto, médio e longo prazo, a promoção de mudanças nas relações estabelecidas entre os servidores públicos e suas responsabilidades como agente público na garantia dos direitos dos cidadãos brasileiros por serviços publicos dignos e de qualidade. 76 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A presente pesquisa ao se propor analisar a percepção dos servidores do IFBA, campus de Salvador, sobre a atuação e o papel da Comissão de Ética do Instituto, em funcionamento desde o ano de 2007, buscou identificar a natureza das ações desenvolvidas pela Comissão atribuídas pelos servidores e outras questões que evidenciaram o conhecimento dos servidores do instituto sobre o sistema de Gestão da Ética. Para tanto, partiu-se do conceito de ética e de ética aplicada à administração pública e a base legal que sustenta o Sistema de Gestão da Ética, e que contempla a criação das Comissões de Ética, com funções preventiva, educativa, consultiva, e punitiva (responsabilizadora). O Sistema de Gestão da Ética foi instituído no Poder Executivo Federal a partir do Decreto nº 6.029/2007, este tem a finalidade de promover atividades que dispõem sobre a conduta ética no âmbito do Executivo Federal. Dentre as competências está a dearticular ações com vistas a estabelecer e efetivar procedimentos de incentivo e incremento ao desempenho institucional na Gestão da Ética Pública do Estado Brasileiro. Partiu-se dos pressupostos de que o desenvolvimento de ações voltadas para “o educar para a ética pública” com efeito na conduta dos servidores, ainda está restrito à responsabilidade das Comissões de Ética e não está suficientemente integrado ao conjunto das ações desenvolvidas pelo Instituto Federal da Bahia, ocorrendo à margem das outras ações. Com base nos decretos nº 1.71/1994 e nº 6.029/2007, que instituem e orientam a composição, funcionamento e o rito processual da Comissão de Ética, foi instituída no IFBA, no ano de 2007, nova configuração da Comissão, em funcionamento até os dias atuais. Dentre seus objetivos encontram-se promover, com apoio dos segmentos pertinentes, a compatibilização e interação de normas, procedimentos técnicos e de gestão relativos à ética pública. Com a pesquisa foi possível identificar que os servidores que reconhecem a existência da Comissão de Ética, as normas relacionadas à Gestão da Ética, e, mesmo referindo a elas de forma limitada e com algumas inconsistências, é possível admitir que o regramento ético e a temática da ética não são totalmente desconhecidas. Entretanto, é relevante o alto o percentual de servidores que afirmam desconhecer a existência da Comissão, principalmente quando se leva em conta o tempo longo de sua existência no IFBA. Esta situação sugere que há ainda um insuficiente processo de divulgação e de publicização sobre a Comissão de Ética do IFBA 77 o que requer corrigir as formas e estratégias utilizadas para o desenvolvimento de ações educativas mais efetivas e assumidas por toda a instituição. O limitado conhecimento dos servidores participantes da pesquisa sobre o Sistema de Gestão da Ética, desde os servidores recém ingressos no Instituto até os mais antigos, revela que o trabalho de divulgação desenvolvido pela Comissão de Ética, desde o ano de 2011, não alcançou os objetivos pretendidos. Embora a maioria dos servidores considere que as ações que a Comissão de Ética do IFBA vem desenvolvendo tem um caráter mais educativo, ao aprofundar as questões consideradas críticas e que, na visão dos servidores, merecem ser objeto de atenção da Comissão, constata-se que o caráter punitivo parece prevalecer. Contudo, não parece haver contradição nesta situação pois os documentos da própria Comissão de Ética ainda que ressalte o objetivo preventivo e educativo das ações da Comissão também ressalta o caráter punitivo como se pode observar no trecho abaixo: O objetivo da Comissão é essencialmente preventivo e educativo. A aplicação de penalidade tem, no entanto, evidente efeito dissuasório. Quando se trata de violação de norma legal, a Comissão encaminha a matéria ao órgão competente para apurá-la. (CEP, 2002, p. 26). Do mesmo modo, o fato dos servidores não perceberem o tratamento dado aos desvios de conduta, bem como a aplicação das normas, favorece a descrença dos mesmos sobre o tratamento adequado às questões apresentadas a Comissão. Fica evidente a necessidade de publicização das ações relativas à Comissão de Ética, de forma geral, empenhando-se esforços para divulgação, treinamento e orientação na medida em que se concretize a solidificação do conhecimento entre todos os servidores. Nesta pesquisa foi identificado pelos respondentes as dificuldades conexas ao relacionamento interpessoal, em todos os níveis da instituição, sendo estes pontos destacados como críticos e merecedores de atenção tanto pela comissão, quanto pela gestão do instituto. Além desses pontos a rede da intraifba utilizada principalmente em períodos eleitorais, desponta como situação geradora de conflitos no cotidiano das ações institucionais, e nesse caso, requer atenção prioritária da Comissão de Ética, em sintonia com as diretorias sistêmicas do Instituto. Foi identificado nos achados desta pesquisa um descrédito por parte dos servidores quanto às vazões das denúncias feitas à Comissão, por falta de publicização dos resultados. Muitos servidores desconhecem os encaminhamentos e punições que ocorrem após o final das 78 apurações dos fatos e encerramentos dos processos. Fato este que precisa ser observado pela Comissão, no sentido de tornar pública a aplicação de sanções de cada processo. A dotação orçamentária foi outro elemento destacado nas análises, por parte dos membros integrantes, que apontam a necessidade da comissão ter definido anualmente um recurso para sua atuação, principalmente para a execução de ações de divulgação, treinamento e capacitação dos membros da equipe e dos servidores em geral. Diante destes resultados da pesquisa é possível concluir que os servidores do campus Salvador, não conhecem de maneira satisfatória as reais possibilidades de atuação da Comissão de Ética, necessitando de investimento nas ações que favoreçam a reversão desse quadro. Sugere-se nesse sentido que a Comissão de Ética do IFBA em sintonia com a Diretoria Sistêmica de Gestão de Pessoas, realize ações que garantam aos servidores um maior conhecimento e apropriação dos conteúdos no envolvimento com a Gestão da Ética. Ações que contribuam para disseminar o Regramento Ético, o Regimento Interno da Comissão, a existência de Atos e Portarias de designação da Comissão, e também que colaborem para melhorar a gestão institucional. Muitas organizações estão investindo em treinamento e capacitação dos seus profissionais, as razões estão relacionadas às mudanças no cenário mundial, às exigências nos níveis socioeconômico, científico e tecnológico. Neste contexto, está inserida a ética no serviço público, uma exigência legal, presente no arcabouço jurídico e normativo que sustenta o Sistema de Gestão da ética. Destaca-se no decreto nº 1.171/1994, no inciso XIV, alínea “v”: “divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe sobre a existência deste Código de Ética, estimulando o seu integral cumprimento”. As ações de capacitação dos servidores para a ética pública devem também ser avaliadas pois os resultados a serem alcançados requerem ser acompanhados e monitorados o que imprime uma atuação mais efetiva e sistemática. Recomenda-se que as inciativas de capacitação sejam planejadas para todo o Instituto, em seus diversos campi, não apenas no campus Salvador onde foi realizada esta pesquisa. Ainda que o método utilizado por esta pesquisa não autorize a generalização dos seus resultados nem inferências, não é de todo improvável admitir que as percepções dos servidores do campus de Salvador possam não diferenciar muito da percepção dos servidores dos outros campus, considerando que a própria 79 distância geográfica da Comissão acrescenta um fator a mais de dificuldades no processo de divulgação sobre sua atuação e seu papel em relação ao educar para a ética pública. Assim, as reflexões ao longo desta pesquisa apontam para a necessidade da Comissão de Ética em parceria com outros setores do IFBA incrementarem programas de treinamento e capacitação dos seus servidores, com vistas a disseminar conteudos sobre a etica publica e colaborar para melhoria da gestão institucional, além de estimular o conhecimento dos seus servidores sobre a história, a visão e missão institucional buscando profissionais cada vez mais conscientes de seu papel com agente público e como cidadão portador de direitos e de deveres para com a sociedade. Além disso, confirmando o pressuposto desta pesquisa há limites da Comissão de Ética nesta tarefa de educar para a ética, se não realizada em conjunto e com forte parceria entre os diferentes setores da instituição. 80 REFERÊNCIAS AGOSTINI, Frei Nilo. Ética, diálogo e compromisso. 1ª ed. São Paulo: FTD, 2010. AMORIN, Sônia Naves David. Ética na esfera pública: a busca de novas relações Estado/Sociedade. 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Atitudes em discordância com as exigências éticas para os servidores e funcionários terceirizados que atuam na esfera pública, podem prejudicam o cumprimento das metas e objetivos institucionais? Justifique: 7. Teve notícia de algum documento informativo da Comissão de Ética (folder, cartilha, cartaz, site, outros)? Em caso afirmativo, exemplifique: 8. Tomou conhecimento de algum tipo de ação de monitoramento ou controle do comportamento ético dos servidores na instituição? Em caso afirmativo, Explique: 9. Identifica alguma mudança no comportamento dos servidores por orientação aos princípios éticos? Quais? 10. Utilizou ou sentiu necessidade de buscar as orientações ou esclarecimento junto a Comissão de Ética? Por quê? 11. Participaria de processo de capacitação para servidores públicos sobre a Educação para a Ética no Serviço Público Federal? Justifique: 12. Sugere alguma atividade ou orientação para a Comissão de Ética do IFBA? Qual ou quais? 13. Sabe a diferença entre Comissão de Ética Pública, Comitê de Ética na Pesquisa e Correição? Explique: 89 APÊNDICE B - Roteiro de Entrevistas Entrevista realizada com os membros integrantes da Comissão de Ética 1. Na formação básica para integrantes das Comissões Setoriais de Ética, é informado que ao participar da comissão não haveria nenhum tipo de gratificação financeira, ao contrário, seria mais um encargo dentro das ações já desenvolvidas pelo servidor. Assim, para você qual o significado de fazer parte da Comissão de Ética? Explique: 2. Em sua opinião quais dificuldades a Comissão de Ética do IFBA enfrenta para realizar de maneira plena o trabalho que dela se espera, atendendo as dimensões: educativa, preventiva, consultiva, conciliadora e punitiva? 3. Em que medida o desenvolvimento de atividades de capacitação dos servidores sobre as orientações éticas para o serviço público, pode impactar na boa conduta do servidor público? Justifique: 4. Quais elementos você identifica como frágeis na instituição, que são geradores de processos na Comissão de Ética, devendo ser objeto de intervenção desta? 5. A Comissão de Ética tem com um dos seus objetivos contribuir para uma atuação dos servidores mais comprometida com os deveres e responsabilidades exigidas aos investidos em cargo publico. Quais atos você listaria como viáveis para serem desenvolvidos no IFBA? 90 APÊNDICE C - Roteiro de Análise de documentos ROTEIRO PARA ANÁLISE DOS DOCUMENTOS ENCONTRADOS NA COMISSÃO DE ÉTICA – PROCESSOS DA COMISSÃO DE ÉTICA 1. Título do documento: 2. Ano de formulação ou elaboração: 3. Origem: 4. Número de profissionais envolvidos: 5. Tipo de denuncia: 6. Principais problemas identificados: 7. Resultado dos processos: