ANGÉLICA MEGDA DA SILVA
Avaliação da Qualidade do Rio São Lourenço, SP, sob influência de estações de tratamento de
água e estações de tratamento de esgoto
Orientadora: Dra. Maria Beatriz Bohrer Morel
RESUMO
Durante muito tempo, houve um descaso com os recursos hídricos, tanto por parte da sociedade
quanto
pelas
autoridades.
O
aumento
rápido
da
população,
ocasionando
ocupações
desordenadas, foi ignorado pelos setores públicos e pela própria sociedade, resultando na
degradação do ambiente. Os ensaios ecotoxicológicos são essenciais para avaliação ambiental,
em conjunto com a avaliação química e biológica. Atualmente, existem mais de 7500 estações de
tratamento de água (ETA) convencionais no Brasil. Estima-se que cerca de 2.000 toneladas de
sólidos (lodo gerado após o tratamento) são lançadas em águas brasileiras sem nenhum
tratamento. O objetivo do presente trabalho foi a aplicação da tríade de qualidade do sedimento,
além da avaliação química e ecotoxicológica da água do Rio São Lourenço, como subsídio para o
estudo sobre a influência do descarte de Estações de Tratamento de Água (ETA) e Esgoto (ETE)
dos municípios de São Lourenço da Serra e Juquitiba (SP). O Rio São Lourenço, além de
abastecer o município de São Lourenço da Serra e receber toda a carga poluidora de São
Lourenço da Serra e Juquitiba, é um dos principais afluentes do Rio Juquiá, que faz parte da Bacia
Hidrográfica do Vale do Ribeira. Foram realizadas sete coletas durante os anos de 2004, 2005 e
2006, em 12 pontos do Rio São Lourenço, a montante e jusante das estações, as quais incluíram
amostragens de água, para análises de parâmetros abióticos e ecotoxicológicos, e sedimento, para
avaliação parâmetros ecotoxicológicos. Em 2006 as coletas incluíram amostras de sedimento para
avaliação dos parâmetros abióticos e biológicos, dados utilizados para a aplicação da Tríade de
Qualidade de Sedimento. Foram utilizadas espécies de diferentes níveis tróficos nos ensaios de
ecotoxicidade, principalmente organismos autóctones, como importante ferramenta para se avaliar
os ambientes tropicais. Na avaliação da toxicidade, foram realizados ensaios de toxicidade agudos
e crônicos da água com Daphnia similis e Daphnia laevis, Ceriodaphnia silvestrii e Ceriodaphnia
dubia, e do sedimento com organismos aquáticos: Ceriodaphnia silvestrii, Hyalella azteca e
Chironomus xanthus. Nos ensaios ecotoxicológicos agudos foram utilizados para análise
estatística o teste de TUKEY (TOXTAT 3.4) e para os ensaios dev toxicidade crônica o método
proposto por EPA (2002). Os resultados de setembro de 2006 foram integrados e submetidos a
análise multivariada. Os resultados obtidos em São Lourenço da Serra mostraram respostas
negativas quanto à comunidade bentônica residente no local. Os pontos críticos quanto a avaliação
ecotoxicológica do sedimento foram a jusante da ETA e jusante da ETE, sendo que não foi
possível a correlação desses resultados com a avaliação química. Nas amostras de água
apresentaram ecotoxicidade os pontos a jusante da ETA e da ETE. Os resultados indicam que o
local é influenciado por ações antrópicas além dos descartes das ETA e ETE. Em Juquitiba, foi
observada influência da ETA na qualidade da água. Na avaliação da estrutura da comunidade
bentônica, a família Tubificidae foi presente e dominante em todos os pontos, característica de
ambientes impactados. Na avaliação da contaminação química da água, foram observadas altas
concentrações de Al e Fe, sendo que não estão correlacionadas aos efluentes das estações e são
características naturais da região de São Paulo. Esses resultados mostram que a qualidade da
água e do sedimento do Rio São Lourenço neste local está comprometida pelas ações antrópicas
além do ambiente sofrer influência dos descartes das ETA e ETE. Há necessidade de maior
controle ambiental na área, já que
se trata de uma Área de Preservação Ambiental.
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