EXERCÍCIO PROFISSIONAL Vale relembrar que toda empresa, seja lá de que porte for, deve atender às pessoas que estão dos dois lados do balcão. O cliente quer ser atendido em suas necessidades, de forma eficiente, rápida e confiável. A outra parte, a que vive de fornecer produtos e serviços, pretende receber um valor justo pelo que faz, e o mais rápido possível. Mas será que é só isso, uma relação de interesses mútuos, um “tomalá-dá-cá” simplório? Depois de tantos anos observando esta relação, estando dos dois lados do balcão, estou chegando à conclusão de que não é uma simples troca comercial como pensam alguns. Atualmente, penso que numa relação bilateral como essa, de fornecedor e comprador, é preciso haver respeito e, principalmente, reconhecimento pelo que o outro faz e precisa. Só assim se constrói um relacionamento onde ambos vão tirar proveito, porque se uma das partes fica levando vantagem em cima da outra o relacionamento vai ser cortado. O cliente teria que procurar eternamente outro fornecedor e o fornecedor estaria sempre em busca de novos clientes, por não conseguir manter os que conquistou. Os especialistas em marketing sabem que o custo de conquistar um cliente é muito maior do que mantê-los. Talvez por colocar isso em prática é que consegui manter uma oficina de informática durante mais de 20 anos, sem nunca ter feito uma propaganda sequer. Só no boca-a-boca, cada cliente indicando outro. De minha parte, sempre procurei dar o máximo que podia para que tudo desse certo, o cliente ficasse satisfeito, voltasse a me procurar e indicar outro cliente, sinal máximo de que havia sido bem atendido. Infelizmente, nem sempre as coisas saem do jeito que gostaríamos. E penso que, nos casos aqui relatados, a falha não veio de minha parte ou dos meus colaboradores, mas sim por parte do cliente, que não valorizava o nosso trabalho ou queria descaradamente levar vantagem. São alguns casos assim que gostaria de apresentar aqui neste bate papo. Nem precisaria, mas vou dizer: são to56 dos casos verídicos onde os nomes foram modificados para não ofender ou desagradar alguém. Afinal, não é minha intenção falar mal das pessoas ou reclamar da vida. Quero apenas analisar as situações, com toda sinceridade, e aprender algo com os erros cometidos – meus ou dos outros. O “JAPONÊS” QUE CONSERTAVA POR TELEFONE Sempre tive contato com a colônia japonesa, pois no bairro onde fui criado havia muitos nisseis, sanseis e até mesmo japoneses legítimos, nascidos no Japão e que vieram para cá em busca de melhores oportunidades. Devido a este contato prolongado acabei compreendendo alguns aspectos da cultura japonesa como a obediência aos superiores, a colaboração com os colegas e o respeito à intimidade. Percebi que eles demoram para tomar decisões pois estudam e discutem cada aspecto com os parentes e amigos, só resolvendo o que fazer depois que estiverem convictos de estar no melhor caminho. Parece até que são desconfiados, mas não é isso: acho que são apenas tímidos e precavidos em excesso. Em compensação, depois que conquistamos sua confiança nossa palavra passa a ter um valor tremendo. Daí em diante vão sempre nos consultar a respeito do que possamos fornecer-lhes e, se nosso preço estiver dentro do razoável, passaremos à categoria de fornecedores preferenciais. Este conhecimento foi útil na minha vida profissional, pois sei que ao lidar com os orientais é preciso dar tempo ao tempo, fornecer todas as informações requisitadas e ter paciência. E foi assim, com este espírito, que comecei a atender alguns representantes da colônia japonesa, em especial esse do qual falaremos aqui. Foi o seguinte: Em determinado época eu andava fazendo muitas palestras sobre informática, para empresas que estavam interessadas em informatizar suas operações. Era o início dos anos 90, ainda havia poucos profissionais de informática e, como ainda não havia internet fácil e barata, as informações www.revistaPnP.com.br Revista PnP nº 22