Aline Terumi Bomura Maciel – Bolsista MEXT 2013 de Cultura e Língua Japonesa
Cheguei no Japão no começo de Outubro de 2013 como bolsista do programa de
Cultura e Língua Japonesa. Estou estudando na Universidade de Nagoya, muito bem
conceituada aqui e, por isso mesmo, os professores exigem bastante dos alunos. Mas
embora tenham diversas exigências, fomos todos muito bem recebidos e orientados
detalhadamente sobre os objetivos e cronograma do curso. A cidade de Nagoya não é um
polo turístico, então no dia a dia não se encontram pessoas que falam inglês ou outros
idiomas, o que é ótimo. Isso acaba nos forçando a usar sempre o japonês e com isso é
visível como o nosso domínio da língua vai aumentando. Até hoje todos os japoneses com
quem conversei foram extremamente atenciosos, educados e prestativos. As aulas na
minha universidade são muito mais focadas na parte de comunicação oral, então sempre
temos seminários, discussões, apresentações, etc. Ah, e é preciso muita dedicação
mesmo fora das aulas, pois a quantidade de tarefas é bastante grande (aqui temos prova
toda semana). Além das aulas de língua japonesa, temos algumas disciplinas optativas,
como literatura japonesa, linguística japonesa, relações internacionais, etc.
Mas não é só disso que vive um bolsista. Afinal, viemos para um programa de
intercâmbio cultural também, e a própria universidade incentiva estas atividades: viagens,
home-stay, workshops de cultura japonesa, entre outras. Também é possível entrar nos
'círculos' da universidade: aprender a tocar um instrumento musical japonês, treinar uma
arte marcial, ou até mesmo entrar para o clube de mangá. Os colegas de curso são de
nacionalidades bem variadas, então, além de conseguir compreender melhor a cultura
japonesa, acabamos fazendo amizades com pessoas de países que nem imaginávamos
um dia conhecer.
Não vou mentir dizendo que tudo é um mar de rosas. Tem horas que parece que
por mais que você estude não está aprendendo nada, ou que todos sabem muito mais do
que você (o que não é verdade). Dá saudades do Brasil, dos amigos, da família, da
comida. Mas não adianta vir para cá e ficar só pensando no que tem no Brasil e aqui não.
Quem vier, tem que aproveitar todas as oportunidades, e entender que mesmo as
dificuldades fazem parte do processo e nos ajudam a melhorar. A todos que estão
pensando se devem ou não tentar uma bolsa (independente de qual seja), aconselho que
tentem sem pensar duas vezes. Com certeza você voltará muito mais rico para o Brasil,
não só com uma melhor proficiência no idioma, mas com uma visão de mundo totalmente
diferente, uma postura mais crítica em relação à nossa própria cultura em comparação
com as demais, e uma maior tolerância para com os de pensamento diferente.
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Ex-Bolsista (depoimento de quando ainda era bolsista)