"A estatura de Churchill revelou-se perante a gravidade da ameaça" - Renascença Page 1 of 5 O site da Renascença usa cookies. Ao prosseguir, concorda com o seu uso. Leia mais aqui. PRÉMIO NACIONAL MULTIMÉDIA DA APMP, CATEGORIA MEDIA E COMUNICAÇÃO – 2012 • EXCELÊNCIA GERAL EM CIBERJORNALISMO, PRÉMIO DO OBSERVATÓRIO DE CIBERJORNALISMO – 2010, 2011 E 2012 Um álbum há muito esperado! Mimicat ao vivo com a Renascença GABRIELLE - OUT OF REACH JOÃO CARLOS ESPADA "A estatura de Churchill revelou-se perante a gravidade da ameaça" EM DESTAQUE Pedofilia. Condenação de médicos não implica afastamento imediato Dezenas de ucranianos procuram refúgio em Portugal Foto: Arquivos do governo britânico O país à janela de um pequeno avião Vídeo O que procurou Churchill na Madeira? Sol, vinho e um lugar para pintar 45 Benfica-FC Porto em risco. Árbitros metem dispensa para as últimas jornadas Gosto 10 Partilhar 5 5 Tweet 5 Comentar 4 Cinquenta anos depois da morte de Churchill, o presidente da secção portuguesa da International Churchill Society defende o legado do estadista. 24-01-2015 9:00 por Matilde Torres Pereira Fonte SAIBA MAIS O que procurou Churchill na Madeira? Sol, vinho e um lugar para pintar Churchill: 19 factos sobre o estadista que chorava e pintava Conservador, liberal, rebelde, cáustico e inconformista, Winston Churchill foi tudo isto e mais. Morreu há 50 anos, a 24 de Janeiro de 1965. Sucessor de Costa anuncia programa de habitação com "rendas acessíveis" Lobos continuam a matar gado. Pastores desesperam Grécia exige quase 280 mil milhões pela ocupação nazi A carregar... Ao longo de uma carreira política que durou seis décadas, lutou veementemente contra o nazismo e liderou a Inglaterra e a Europa até à vitória na II Guerra Mundial. Em entrevista à Renascença, o presidente da secção portuguesa da International Churchill Society, João Carlos Espada, traça o retrato de Churchill como alguém com "uma grande força de vontade, uma grande resistência e sobretudo uma grande fé na tradição ocidental da liberdade, uma convicção que explica a persistência em enfrentar os dois grandes inimigos da sociedade aberta no século XX, o comunismo e o nazismo". Diz que é importante recordar Churchill nos dias de hoje. Porquê? Churchill teve um papel fundamental no século XX, na defesa das nossas democracias ocidentais, e um papel que podemos mesmo alvitrar que sem ele, em 1940, na chefia do governo britânico, era possível que o resultado não http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=27&did=175960 Últimas Notícias Informação Bola Branca Programação 2015-04-07 "A estatura de Churchill revelou-se perante a gravidade da ameaça" - Renascença tivesse sido o mesmo. O nazismo estava triunfante no continente europeu, as forças armadas britânicas estavam altamente fragilizadas depois da retirada de Dunkirk. Do ponto de vista estritamente racional era possível pensar Page 2 of 5 Mais Lidas Informação Bola Branca Programação que o triunfo do nazismo era inevitável. Foi Churchill que assumiu a responsabilidade da defesa da liberdade ocidental. O que teria acontecido à Europa sem Churchill? Há um livro muito interessante, publicado em português, que se chama "Cinco Dias em Londres, Maio de 1940", de John Lukacs, em que ele reconstitui a situação no gabinete de guerra britânico, logo a seguir a Churchill ser nomeado primeiro-ministro. Nessa altura, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Lord Halifax, propõe uma negociação de paz entre a Inglaterra e a Alemanha nazi, e essa proposta poderia ter ido para a frente se não tivesse sido a oposição de Churchill. Ele teve um papel crucial naquele momento, naqueles dias, na escolha da resistência ao nazismo. E tinha passado a década anterior praticamente isolado, criticando o seu próprio governo pelas tentativas de apaziguamento de Hitler e alertando que a única política consistente seria enfrentá-lo. E ele nessa posição estava relativamente só… Estava relativamente só. Havia um grupo de deputados conservadores que gradualmente O seu NIB pode estar a pagar as contas de outra pessoa Copiloto fez despenhar "deliberadamente" o A320 Não há sobreviventes da queda do avião a sul dos Alpes franceses Germanwings. Atestados médicos encontrados indicam que copiloto não devia estar a voar Cofres cheios? Passos revela o que vai fazer ao dinheiro INFORMAÇÃO BOLA BRANCA PROGRAMAÇÃO MÚSICA MULTIMÉDIA OPINIÃO foram constituindo uma espécie de gabinete sombra do seu próprio partido, uma situação bastante peculiar, e esse gabinete era dirigido por Churchill. Foram reunindo um conjunto de altos funcionários públicos britânicos, que também é muito peculiar e invulgar, que começaram a dar informações sobre o rearmamento da Alemanha, dados confidenciais que Churchill começa a levar ao parlamento. Em 1939, Churchill é chamado para o Ministério da Marinha pelo primeiro-ministro, Neville Chamberlain, líder da política de apaziguamento, e ao chamá-lo já é um sinal de que o isolamento está a terminar. A imprensa apoia-o abertamente, e passa a ter uma grande popularidade. Quando Churchill é nomeado, um célebre jornal da altura traz em manchete "Winston is Back". O livro do autarca de Londres, Boris Johnson, "The Churchill Factor", pinta o retrato de um homem que por si só pôde fazer a diferença, atribuindo-lhe totalmente o crédito na vitória da II Guerra Mundial. Concorda com este retrato? Concordo com o papel crucial que Churchill teve na liderança da resistência britânica, mas não foi ele que fez a resistência sozinho, aliás ele refere-se a isso várias vezes: diz que o "leão" era o povo britânico e que ele apenas "fez o rugido". Sozinho não teria podido enfrentar Hitler, mas sem a sua liderança decisiva, seria muito difícil haver resistência, porque em Maio de 1940 o próprio gabinete de guerra estava dividido. Churchill foi, de facto, absolutamente decisivo. Ele foi visto como um "maverick", um rebelde, um não conformista, um contrarevolucionário. Esta imagem corresponde à realidade? Ele era bastante inconformista, mas não era um contra-revolucionário. A expressão sugere um revolucionário com um sinal político contrário, e na verdade Churchill era contrário a todas as correntes revolucionárias, quaisquer que fossem a cor política. Desde a revolução comunista na Rússia em 1917, Churchill é um crítico acérrimo, um opositor da revolução bolchevique na Rússia, e também, desde a emergência do nazismo, ele é um crítico acérrimo do nazismo. Não lhe chamaria um contra-revolucionário. Churchill era um conservador liberal, que tinha muito orgulho na tradição inglesa, no regime parlamentar, na monarquia parlamentar, do governo limitado pela lei, do estado de direito, do governo que presta contas ao parlamento - esse era o ideário político de Churchill, e que definia a GrãBretanha há vários séculos. E tanto o nazismo como o comunismo traziam propostas muito intrusivas à vida particular de cada cidadão, uma coisa que para os ingleses é muito negativa. Há aquela famosa frase: "An Englishman's home is his castle", que é muito este espírito de que os modos de vida estão protegidos pela lei, o governo está não acima mas abaixo da lei, incluindo o rei. Quer o nazismo, quer o comunismo apresentaram-se como ideias inovadoras, modernas, e acusavam o sistema parlamentar de ser ultrapassado, envelhecido, incapaz de produzir os resultados que deviam produzir. Eram mensagens de inovação revolucionária, e contra isso Churchill foi sempre imune. Um aspecto importante do posicionamento político dele é a ideia de que a democracia moderna não é uma ruptura com o passado, é o resultado de uma evolução gradual que remonta às origens da civilização ocidental, à tradição grega, romana, ao cristianismo, e portanto, para Churchill, a ideia de que temos de romper com o passado era anátema. http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=27&did=175960 2015-04-07 "A estatura de Churchill revelou-se perante a gravidade da ameaça" - Renascença Page 3 of 5 Num artigo, escreve que Churchill traçou um perfil de Hitler como alguém que vivia com uma raiva latente: não tinha sido aceite na Academia de Belas Artes de Viena, vinha de uma família operária. Era alguém cheio de ressentimentos. Hitler era de facto um marginal. Era muito ressentido contra a sociedade estabelecida, contra aquilo que chamamos em tom crítico o "establishment", ele era claramente contra o "establishment", porque tinha tido um conjunto de dificuldades na vida. Na Áustria tinha concorrido duas vezes à Academia de Artes e foi recusado. E aqui um "à parte" curioso: Churchill concorreu duas vezes à Academia Militar e só à terceira é que entrou. Mas não ficou ressentido com ninguém. Churchill foi tido como um herói. Mas a sua carreira política é frequentemente pontuada por erros – um dos quais a indexação da libra ao padrão ouro, um decisão que teve consequências muito negativas. Como é que ele foi capaz de sobreviver politicamente a estas peripécias? Quando hoje recordamos Churchill e o papel insubstituível que ele teve na altura na defesa da liberdade ocidental, com isso não estamos a dizer que Churchill não tenha cometido erros e alguns graves. Ele não era infalível. O ponto interessante é que conseguia recuperar. Tinha uma grande força de vontade, uma grande resistência, e sobretudo uma grande fé na tradição ocidental da liberdade. Logo a seguir à guerra ele faz um discurso importantíssimo em Zurique, em 46, em que faz um apelo à reconciliação entre a França e a Alemanha e à criação de uma comunidade europeia, uma espécie de "Estados Unidos da Europa". Ele tinha uma grande confiança, uma grande fé e convicção na tradição da liberdade, e via a posição britânica como coluna dorsal dessa tradição. E foi essa convicção e visão que explica a persistência e a decisão de enfrentar os dois grandes inimigos da sociedade aberta no século XX, o comunismo e o nazismo. Ao contrário do que é costume atribuir-se aos conservadores, Churchill era sensível às condições sociais dos pobres. Isto demonstra, de alguma maneira, que era um político que extravasava os limites da direita e da esquerda? Em 1904 ele abandona a bancada conservadora e junta-se à bancada liberal por duas razões. Uma é o "free trade", o comércio livre que os conservadores eram contra, tinham a posição proteccionista, que considerava ser uma das principais alavancas para melhorar a condição de vida de todos e em particular dos menos favorecidos, porque permitia aos consumidores terem acesso a produtos mais baratos. A segunda razão, que está particularmente relacionada com a protecção dos mais desfavorecidos, era a chamada questão social. Churchill é a favor de uma série de reformas de natureza social. Ele e Lloyd George introduzem os fundamentos do Estado Social nos governos liberais. Em relação a superar um pouco as divisões dos partidos, é um ponto muito interessante. Em Londres há a tradição dos clubes, dos "gentlemen's clubs", e ele cria um novo clube, chamado "The Other Club", que devia ser um ponto de encontro entre pessoas do centro-esquerda e do centro-direita para que pudessem dialogar e reflectir de uma forma mais descomprometida em relação ao clubismo dos partidos tradicionais. Ele procurava promover um diálogo para além das estruturas partidárias, mas não contra. O que é que o atrai na figura de Churchill e por que dedicou tanto tempo a estudá-lo? Quando pela primeira vez visitei [o filósofo] Karl Popper, em Inglaterra, em 1987, em casa dele, ao olhar para a biblioteca percebi que os livros eram muito seleccionados. Ele não era um coleccionador, tinha os livros fundamentais dos grandes autores. E a certa altura, chego a uma estante que está cheia de livros de Churchill e sobre Churchill. Lembro-me perfeitamente que fiquei muito surpreendido e perguntei: "Por que é que tem aqui uma estante cheia de livros sobre o Churchill, ele era basicamente um político". Eu disse aquilo num tom um bocadinho paternalista, um bocado irreverente, mas saiume espontaneamente, porque era um contraste com Platão e Aristóteles. Mandou-me sentar e disse: "Você não sabe porquê, então vou ter de lhe explicar". Então deu-me uma "lecture" que demorou imenso tempo. E disse "você tem de saber que se não fosse este homem nós teríamos perdido a liberdade na Europa". E depois começou a falar no papel dele e no que ele representava – no fundo, a ideia da sociedade aberta que Karl Popper tinha defendido. A seguir fui fazer o doutoramento aqui em Oxford e, desde essa conversa, fui começando a ler e à procura de coisas sobre Churchill. Começou assim. Há hoje alguém, ou houve entretanto, que se possa considerar como o herdeiro político de Winston Churchill? Acho que não. Houve vários líderes que consideraram Churchill como referência. O nome http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=27&did=175960 2015-04-07 "A estatura de Churchill revelou-se perante a gravidade da ameaça" - Renascença Page 4 of 5 que vem imediatamente à memória é o de Margaret Thatcher, ela insistia muito em citar Churchill. Agora, daí a chamar-lhe herdeira dele, não diria isso. Penso que, felizmente, depois da guerra, todos os nossos grandes líderes políticos do Ocidente se reconhecem na tradição de Churchill. E como figura é também difícil encontrar alguém com essas características. Acho que sim, mas de certa maneira felizmente, porque não tivemos de enfrentar uma situação com a gravidade dos anos 40. O facto de não encontrarmos ninguém com aquela estatura, não diria isso num sentido pejorativo, porque a verdade é que a estatura de Churchill revelou-se perante a gravidade da ameaça. É importante recordar que todos os líderes políticos das democracias reconhecem o papel e o legado de Churchill na defesa destes valores comuns a todas as democracias, o estado de direito, o governo limitado pela lei, isso é um valor adquirido muito importante. Essa memória do papel de Churchill e dos valores que representou e pelos quais se bateu... O importante é não a perder e, sobretudo, que as novas gerações possam ter contacto com essa história da defesa da liberdade. Gosto 10 pessoas gostam disto. Sê a primeira entre os teus amigos. PARTILHAR Mais notícias de Política POLÍTICA Vera Jardim defende auditoria aos dados da Saúde FALAR CLARO Sampaio da Nóvoa não tem "o perfil de um Presidente", diz Vera Jardim POLÍTICA O que pensa Sampaio da Nóvoa sobre a austeridade, as desigualdades e os políticos? POLÍTICA Socialistas duvidam da constitucionalidade da privatização da Carris e do Metro POLÍTICA Belém? 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Falemos da História como um processo social, cultural e político sem achegas irrelevantes sobre os grandes valores do estado direito de quem actualmente apenas se preocupa com o seu "little job, nothing else". Sejamos frontais e assertivos a falar da grandeza de outros, sem transportar para o presente valores que não são vividos. O exemplo de Churchill deve ser honrado e deve ser estudado por novas gerações. São elas o mais importante. Obrigado. Atenciosamente Luís Campos » Fernando, Lisboa, 24012015 16:28 ^ topo Churchill é um estadista visionário, íntegro e com grande capacidade de trabalho. Não demorou tempo a reconhecer valores e a definir o adversário. Começam hoje a despontar algumas verdades sobre o controle que ele exerceu sobre Salazar. Percebe os medos de Salazar (medo da guerra e medo de uma invasão) e joga com isso a seu favor. Salazar terá sido usado como um agente ingénuo do double cross inglês, cujo controlador seria Churchill. A conferência de Arcádia que se prolonga por dois meses no final de 1940 e princípio de 1941 são um exemplo: trava a invasão dos Açores pelos americanos e definem aquilo que será a Sociedade das Nações, mais tarde ONU, a criar no final da guerra. Os EUA só entram na guerra contra os Alemães em agosto de 1941 e com os japoneses depois do dia da infâmia. A paz relativa com que Salazar vive no pós guerra com os aliados, não é fruto de esquecimento, mas sim de interesses de tal modo que compra muito material de guerra originário do excedente Americano e Inglês. Claro que para a plebe nacional, confundir um nazista de um ditador é a mesma coisa. Churchill viu de modo diferente, percebeu, jogou, controlou e ganhou. » Anonimo, mnklj, 24012015 14:44 http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=27&did=175960 ^ topo 2015-04-07 "A estatura de Churchill revelou-se perante a gravidade da ameaça" - Renascença Page 5 of 5 Para ter uma visão total do ser humano que era Churchil de facto um personagem que fica na história aconselho a ler o artigo do jornal ingles "The Independent" Saturday 24 January 2015 Saturday 24 January 2015 Winston Churchill: From accusations of antiSemitism to the blunt refusal that led to the deaths of millions Comentar Deixe aqui o seu comentário relativo a este artigo. Todos os comentários estão sujeitos a mediação. Nome E-mail Localidade Mensagem Tem 1500 caracteres disponíveis Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. 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