SOS V
Z AMIGA
Edição II | Março 2015
O HOMEM PÓS-MODERNO E A PERDA DA
ESPIRITUALIDADE
Nesta edição
Artigo
Pág.1
Por Carlos Braz Saraiva, Médico Psiquiatra, Professor da
FMUC e Membro do Conselho Técnico do SOS Voz Amiga.
Formação 2014/2015
Pág.2
IRS Solidário
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Início
Notícias / Divulgação
Pág.3
Telecontribuição / Oferta de Livro
Pág.3
Quando o Dalai Lama, o líder espiritual do budismo
tibetano, veio a Portugal pela primeira vez, em 2001,
eis senão quando, um jovem assombrado pelo
fantasma da inquietação o interpelou, numa sessão
pública, sobre qual o caminho a seguir para não se
suicidar, tal era o seu sofrimento. A resposta foi de
uma surpreendente limpidez: “Comece a dar!”
Tal singelíssima orientação, explícita e sintética, vai ao
encontro do cerne da teia em que se debate o homem
pós-moderno: o triunfo do egoísmo. As sereias que
perversamente nos encantam levam-nos ao
endeusamento do prazer imediato, à perpetuação do
ideal ilusório do sempre belo e ao espelho que fala
aquilo que só queremos ouvir: “Be number one”. Aí
está, mais do que a crença, aquilo que reiteradamente
ecoa: “Dos outros abaixo na lista ninguém falará; a
História é escrita pelos vencedores”.
Esta relação doentia do Eu-Eu interfere seriamente no
Eu-Tu e no Eu-Isso. A tempestade é perfeita porque a
sociedade contemporânea alimenta o exacerbar de
um perigoso narcisismo, em que o homem não
consegue libertar-se da armadilha de um maligno
individualismo. Não surpreenderá que, aproveitando
esta onda gigante, se imponham as poderosas ditas
leis do mercado, do consumo e do espetáculo: “Tens
que ter pelo ter; se não apareces, não existes”. E
sempre, mesmo sempre, na penumbra ou
despudoradamente escancarado lá está o “Deus
Dinheiro!”
Então, o que temos hoje? Tudo é efémero, tudo é
descartável. Também tudo é dicotómico: ou preto ou
branco. Não há espaço para cinzentos. Deixou de haver
equilíbrios ou concórdias. A pressa apressada e o tempo
voraz devoram tolerâncias e paciências. O frenesim da
competitividade, custe o que custar, projeta-nos o
horizonte mais curto, uma cegueira.
Portanto, o culto de um Eu egocêntrico e hedonista,
fora da solidariedade coletiva, não permite o
“descentrar-se” com vista à partilha e à troca. Poderia
ser um slogan de cartaz: “É urgente sair do espelho”; ir
para a rua e deixar-se prender pelo gargalhar
descomedido de uma criança ou atentar no velho que
serena e compassadamente passeia o seu cão. A vida é
feita também destas simples interações.
O sábio conselho do “comece a dar”, proferido pelo
Dalai Lama, obedece precisamente ao estímulo
necessário à mudança interior. Quando a pessoa “dá”,
ela apercebe-se que para além de um Eu há também um
Outro. Deste fluxo afetivo, deste “encontro”, muito
mais do que uma mera relação, recria-se a plateia social
que a contempla e usualmente a dissuade passar a um
ato de desespero.
Muitos daqueles náufragos estão carentes de uma
qualquer boia. Não apenas o budismo nos ensina que a
procura da sabedoria e o exercício da compaixão terão
que estar forçosamente no caminho da felicidade.
Utopia ou não, deveremos porfiar. E isso será
muitíssimo reconfortante para todos nós.
↓
Página 2
Formação 2014/2015
Por Francisco Paulino, Presidente da LPHM
Iniciou-se no passado mês de Fevereiro a segunda parte da formação de voluntários com a chegada de novos
candidatos ao grande grupo.
Esperamos que em breve tenhamos um maior número de voluntários no atendimento nos horários diários entre
as 16.00 e as 24.00 horas.
IRS SOLIDÁRIO
É muito fácil ser solidário com o seu IRS. Pode
com o seu IRS é que este não perde dinheiro
ajudar-nos sem gastar um único tostão do seu
com isso, já que a consignação de IRS permite
bolso. Veja como.
desviar 0,5% do seu imposto, que entraria nos
cofres do Estado (e não 0,5% do que é
Anexo H
devolvido ao contribuinte), para uma entidade
solidária escolhida pelo contribuinte.
Para ser solidário no IRS não precisa de fazer
grandes esforços. Basta que preencha o quadro 9
Dedução IVA
do anexo H devidamente. Para doar o IRS terá
apenas de inserir o NIPC (número de identificação
Além de doar 0,5% do IRS, o sujeito passivo
de pessoa coletiva) – 501 395 547.
pode contribuir com a dedução de 15% do IVA
suportado, selecionando os espaços IRS e IVA
Consignação de IRS
Uma razão forte para o contribuinte ser solidário
no referido quadro.
Consulte a imagem a seguir
Página 3
NOTÍCIAS
Todos seremos poucos para debater e participar
Divulgação
neste evento de âmbito nacional, que se destina a
XIV Simpósio da Sociedade Portuguesa de
médicos
todos quantos se interessam por estas questões:
de
enfermeiros,
Suicidologia
família,
psiquiatras,
sociólogos,
psicólogos,
assistentes
sociais,
teólogos, professores, jornalistas, estudantes, etc.
A Sociedade Portuguesa de Suicidologia (SPS), em
colaboração com o Serviço de Psiquiatria e Saúde
Mental do Centro Hospitalar de Leiria, vai realizar o
seu XIV Simpósio nos dias 17 e 18 de Abril de 2015
no Hotel Villa Batalha.
Contamos com a vossa participação para partilhar
conhecimentos e experiências, mas também para
que este encontro seja mais um reencontro de
colegas e amigos que partilham preocupações e
esperanças comuns. Até lá…
Pretende-se que o Simpósio, subordinado ao tema
“Suicídio
e
comportamentos
autolesivos:
Novas
O Presidente da SPS
perspetivas”, seja um espaço de ampla reflexão e
debate
sobre
o
suicídio,
os
Jorge Costa Santos
comportamentos
autolesivos e a diversidade das suas expressões. Os
enfoques serão múltiplos, contemplando a pessoa, a
comunidade, a saúde pública, a escola, a religião, as
implicações
legais,
sem
esquecer
magnas da prevenção e da pósvenção.
as
questões
Contactar Secretariado
Luís Jorge Dias
Tel. 91 831 28 31
E-Mail:[email protected]
TELECONTRIBUIÇÃO
♦ Habilite-se a ganhar 1 exemplar do livro “até que consigas voar” de José Gameiro ♦
Liga Portuguesa de Higiene Mental/ SOS Voz Amiga
Av. Júlio Dinis, 23 – 1.º Esq. [Campo Pequeno]
1050-130 Lisboa – Portugal
Telefone:
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