UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Ciências Contábeis Danilo Oliveira da Silva Eduardo Pestana Gustavo Ribeiro de Souza Hélcio Shin-Iti Kaneko GESTÃO DE CUSTOS COM ÊNFASE EM CONFINAMENTO BOVINO Comapi Agropecuária Ltda Lins – SP LINS-SP 2008 DANILO OLIVEIRA DA SILVA EDUARDO PESTANA GUSTAVO RIBEIRO DE SOUZA HELCIO SHIN-ITI KANEKO GESTÃO DE CUSTOS COM ÊNFASE EM CONFINAMENTO BOVINO Trabalho de conclusão de curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Ciências Contábeis sob a orientação do Professor Especialista Everton Rodrigo Salvático Custódio e orientação técnica da Professora M.Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva. LINS -SP 2008 Silva, Danilo Oliveira da; Pestana, Eduardo; Souza, Gustavo Ribeiro de; Kaneko, Hélcio Shin-iti S579g Gestão de custos com ênfase em confinamento bovino: Comapi Agropecuária ltda. / Danilo Oliveira da Silva; Eduardo Pestana; Gustavo Ribeiro de Souza; Hélcio Shin-iti Kaneko – Lins, 2008. P49g 106p. il. 31cm. Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Ciências Contabeis, 2008. Orientadores: Everton Rodrigo Salvático Custódio; Heloisa Helena Rovery da Silva 1. Agronegocio. 2. Sistema de Confinamento. 3. Gestão de Custos. 4. Custos no Confinamento. I Título. CDU 657 DANILO OLIVEIRA DA SILVA EDUARDO PESTANA GUSTAVO RIBEIRO DE SOUZA HÉLCIO SHIN-ITI KANEKO GESTÃO DE CUSTOS COM ÊNFASE EM CONFINAMENTO BOVINO Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Aprovada em: ____/____/____ Banca Examinadora: Prof Orientador: Everton Rodrigo Salvático Custódio Titulação: Especialista em Controladoria e Finanças pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo - FEA/USP Ribeirão Preto. Assinatura: ________________________________ 1º Prof(a): ______________________________________________________ Titulação: ______________________________________________________ _______________________________________________________________ Assinatura: ________________________________ 2º Prof(a): ______________________________________________________ Titulação: ______________________________________________________ _______________________________________________________________ Assinatura: ________________________________ DEDICATÓRIAS Danilo Oliveira da Silva Agradeço a Deus primeiramente, por ter me dado forças nesses quatro anos de caminhada na vida e dedico esse trabalho a toda a minha família, pelo incentivo, e por ser o alicerce na minha formação profissional e pessoal, pela compreensão que recebi, e aos meus Avos e todos meus tios, primos que nunca deixaram a desejar nos momentos difíceis da minha vida são pessoas fundamentais e tudo que enfrentamos juntos ate hoje aprendi muito uma experiência de vida que aprendi com todos vocês obrigado. Dedico também aos meus colegas de sala pela grande amizade criada nesse período da minha vida, especialmente aos meus amigos de monografia, Gustavo, Eduardo e Hélcio. Aqui deixo a todos um muito obrigado aos que ajudaram diretamente e indiretamente para a minha formação como profissional e como pessoal realizada. Eduardo Pestana Agradeço a Deus primeiramente, e principalmente a meu pai e minha mãe, apesar de meu pai não estar más conosco, me ensinou a dar valor na vida e a seguir o caminho certo, onde ele estiver vai estar orgulhoso de mim ao ver que realizei o sonho da minha mãe que era ter um filho formado na faculdade, ela me deu muita força para chegar até o fim com seus conselhos e apoio, agradeço também a minha noiva e meus irmãos, que nos momentos que eu precisei pude contar com a ajuda deles, e a todos os alunos e professores da minha sala. Gustavo Ribeiro de Souza Primeiramente agradeço a Deus por ter me ajudado a vencer mais uma etapa em minha vida. Dedico esse trabalho a minha família e amigos. Agradeço a compreensão e o incentivo de todos que estão a minha volta principalmente da minha mãe Aparecida, meu pai Osvaldo e meu irmão Eduardo, pois a conclusão deste trabalho só foi possível com a força e confiança de vocês sempre me deram. Também dedico em especial a Sra. Evangelina a qual tornou esse sonho possível. Dedico a todos os professores e amigos que colaboraram e me deram forças em todos os momentos ao longo de todos esses anos, de forma com que pudesse me dedicar inteiramente a esse trabalho. Muito obrigado a todos. Helcio ShinShin-iti Kaneko Dedico este trabalho de modo especial a minha família. Agradeço a todos pelo incentivo e compreensão que sempre recebi principalmente ao meu pai Toshiji, que sempre lutou para ver seu filho formado, a minha mãe Toshiko, que nunca deixou a desejar nos momentos mais difíceis, aos meus irmãos Gerson e Anderson por tudo que enfrentamos juntos até hoje. Graças a todos vocês, aprendi muito e obtive grandes experiências de vida onde levarei comigo para sempre. Dedico também ao meu grande amor, Priscila que sempre esteve ao meu lado, me dando forças para seguir em frente, participando e colaborando em todas as etapas mais importantes. Aqui deixo a todos que ajudaram diretamente e indiretamente para a minha formação como profissional e como pessoa realizada, obrigado. AGRADECIMENTOS À empresa Comapi Agropecuária Ltda., que abriu suas portas à nossa pesquisa, acreditando na seriedade de nosso trabalho. Dedicamos esta pequena obra a toda a equipe Bertin, das diversas áreas, que nos ajudaram na realização do trabalho, principalmente aos funcionários da Comapi. Ao nosso orientador, professor Everton Rodrigo Salvático Custódio por sempre estar presente em nosso trabalho e acreditar no desenvolvimento do mesmo, pela sua humildade e sinceridade, sempre presente com o seu convívio acadêmico e disponibilidade para nos orientar em todas as etapas do nosso trabalho. À Profª. M.Sc. Heloísa Helena Rovery da Silva, pela sua atenção, total disponibilidade e simpatia com que sempre nos atendeu da melhor forma possível, pelos seus ensinamentos e pelo seu apoio. Ao senhor José Roberto Bischoffer, por toda sua atenção dedicada ao nosso grupo e pela maneira amiga com que sempre nos tratou em todas as ocasiões, principalmente pela atenção desprendida com o nosso grupo em todas as visitas. No final desta jornada não podemos deixar de expressar os nossos sinceros agradecimentos a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para realização do nosso trabalho. RESUMO O sistema de confinamento é a criação de bovinos em lotes onde os animais são encerrados em piquetes com área restrita, onde os alimentos e água necessários são fornecidos em cochos, proporcionando ao gado maior ganho de peso em um menor espaço de tempo. Ele é de fundamental importância no período de escassez do gado no mercado, nos períodos quentes do ano de junho a dezembro, período de entressafra, o preço da arroba tende a subir e a solução encontrada foi confinar o gado em um período médio de 90 dias para obter um ganho de peso e manter a quantidade de animais abatidos em seu nível normal, não afetando a produção do frigorífico e cumprindo seus contratos comerciais estabelecidos. O Gado confinado apresenta diversos pontos fortes comparados aos que são criados a pasto, pois o rendimento da carcaça e da gordura contribui no melhor desempenho conquistando um padrão de qualidade superior à carne padrão este que o frigorífico tende a manter com seus clientes. Assim o valor obtido na arroba do gado confinado é geralmente superior aos criados a pasto, pois os índices de qualidade da carne bovina são superiores e os frigoríficos frisam muito nesse período de escassez para manter seu padrão, no período de entressafra do ano, obtendo, também, um maior grau de lucratividade. Segundo estudos realizados no confinamento da empresa Bertin S/A, Fazenda Flórida, Divisão Agropecuária (Comapi Agropecuária Ltda), localizada na cidade de Guaiçara, na Estrada Vicinal Guaiçara / SP 300 – Zona Rural, a partir das primeiras etapas que compõem o confinamento pode ser feito o acompanhamento de todas atividades do sistema de custos de confinamento, desde sua aquisição até a venda. Pode-se destacar a importância de uma boa gestão de custos com ênfase em confinamento, na obtenção de melhores resultados para obterse o melhor grau de lucratividade, através da diminuição dos custos gerados dentro deste sistema. Palavras-chave: Agronegócio. Sistema de confinamento. Gestão de custos. Custos no confinamento. ABSTRACT The system of containment is the creation of cattle into lots where the animals are locked up in paddocks with restricted area, where the necessary food and water are provided in cars, providing the cattle gain more weight in a shorter space of time. It is of fundamental importance in the period of scarcity of cattle market in warm periods of the year from June to December, off-season, the price of the snail tends to rise and the solution met was to confine the cattle in an average period of 90 days to obtain a weight gain and to maintain the quantity of animals slaughtered at its normal level, not affecting the production of refrigerator and fulfilling its commercial contracts established. The Cattle confined presents several strengths compared to those created on the grass, because the yield of the carcass and fat helps in gaining a better performance standard of superior quality to meat that this pattern tends to keep the refrigerator with its customers. Thus the value obtained in arroba of livestock is often confined to the upper created the grass, because the indices of quality of beef are higher and frigorific much stress during this period of shortage to maintain its standard in the off-season of the year, obtaining, also, a higher level of profitability. According to studies carried out in the containment of the company Bertin S / A, Farm Florida, Agricultural Division (COMAPI Agricultural Ltd.), located in the city of Guaiçara in Estrada Vicinal Guaiçara / SP 300 Rural area, from the early stages that make up the containment may be done to monitor all activities of the cost system of containment, since its acquisition by the sale. You can highlight the importance of good management with an emphasis on cost containment, to obtain better results to obtain the best level of profitability through lower costs generated within the system. Keywords: Agribusiness. System of containment. Management of costs. The cost containment. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Unidades do Grupo Bertin no Brasil ..................................................19 Figura 2: Organograma da Comapi ..................................................................32 Figura 3: Padrão dos animais ...........................................................................38 Figura 4: Divisão dos currais ............................................................................41 Figura 5: Cochos de alimentação .....................................................................42 Figura 6: Capacidade de animais .....................................................................71 Figura 7: Curral em curva .................................................................................74 Figura 8: Piso antiderrapantes ..........................................................................75 Figura 9: Custos................................................................................................79 Figura 10: Lucro por cabeça ...............................................................................................80 Figura 11: Lucro ou prejuízo por animal . .........................................................80 Figura 12: Custos da @ produzida. ..................................................................81 Figura 13: Lucro prejuízo da @ produzida........................................................81 Figura 14: Classificação da Gordura.................................................................82 Figura 15: Lucro líquido. ...................................................................................82 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Capacidade de animais.....................................................................71 Tabela 2: Cronograma de dieta inicial ..............................................................72 Tabela 3: Cronograma de Dieta intermediário ..................................................73 Tabela 4: Cronograma de Dieta definitiva.........................................................74 Tabela 5: Cronograma de Dieta da Comapi .....................................................77 Tabela 6: Cronograma de Dieta de outras empresas .......................................78 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS APAE: Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais APTA: Agencia Paulista de Tecnologia dos Agronegócios BND: Base Nacional de Dados CIF: Custos Indiretos de fabricação DIAS: Documentos de Industrialização Animal FIEPA: Federação da Indústria do Pará FUNDEPC: Fundo de Desenvolvimento da Pecuária do Estado de São Paulo GTA: Guia de Transito Animal IDH: Índice de Desenvolvimento Humano MM: Milímetro MS: Matéria Seca MW : Mega Wats PCHs: Pequenas Centrais Hidrelétricas PEA: População Economicamente Ativa PIB: Produto Interno Bruto SEBRAE: Serviço de Apoio a Pequenas e Micros Empresas SENAI: Serviço Nacional da Indústria SUMÁRIO INTRODUÇÃO..................................................................................................14 CAPÍTULO I - O Grupo Bertin ........................................................................17 1 HISTÓRICO ...........................................................................................17 1.1 Bertin alimentos......................................................................................17 1.1.1 Bertin agropecuária ................................................................................19 1.1.2 Higiene e beleza ....................................................................................19 1.1.3 Bertin divisão couros ..............................................................................20 1.1.4 Equipamentos de proteção individual.....................................................21 1.1.5 Bertin produtos pet ( dog toy) .................................................................21 1.1.6 Sistema de higienização e limpeza ........................................................21 1.2 Diversificação .........................................................................................22 1.3 Responsabilidade empresarial – gestão ambiental ................................23 1.3.1 Plantando educação ..............................................................................24 1.3.2 Fonte alternativa.....................................................................................24 1.3.3 Uso consciente.......................................................................................24 1.3.4 Vida útil prolongada................................................................................25 1.3.5 Meio ambiente, sociedade e geração de energia elétrica ......................25 1.3.6 Responsabilidade empresarial – ações sociais......................................26 1.3.7 Solidariedade corporativa ......................................................................26 1.3.8 Saúde na terceira idade .........................................................................26 1.3.9 Cruzada contra a dengue .......................................................................27 1.3.10 Resgate Histórico ...................................................................................27 1.3.11 Alicerce para o futuro ............................................................................27 1.3.12 Caminhos abertos ..................................................................................27 1.3.13 Reintegração à comunidade ..................................................................28 1.3.14 Aprender a empreender ........................................................................28 1.3.15 Artesão da cidadania..............................................................................28 1.3.16 Pitadas de arte .......................................................................................29 1.3.17 Partitura compartilhada ..........................................................................29 1.3.18 Tempo livre.............................................................................................29 1.3.19 Diversão que alimenta............................................................................30 1.4 Origem da Comapi .................................................................................30 1.4.1 Missão ...................................................................................................30 1.4.2 Visão .....................................................................................................31 1.4.3 Valores ...................................................................................................31 1.4.3.1 Respeito ao meio ambiente ..................................................................31 1.4.3.2 Comportamento Ético ...........................................................................31 1.4.4 Organograma da Comapi .......................................................................32 CAPÍTULO II – O AGRONEGÓCIO E O CONFINAMENTO ............................33 2 AGRONEGÓCIO....................................................................................33 2.1 Histórico .................................................................................................33 2.2 Visão sistemática do agronegócio..........................................................33 2.3 Agronegócio no Brasil ............................................................................34 2.4 Agronegócio no Centro-Oeste Paulista ..................................................36 2.5 Origem do confinamento ........................................................................37 2.5.1 Confinamento .........................................................................................37 2.5.2 Localização e Infra-estrutura do sistema de confinamento ....................38 2.6 Características dos animais confinados .................................................42 2.7 Dieta Alimentar.......................................................................................44 2.7.1 Sal comum e sais minerais.....................................................................45 2.7.2 Manejo....................................................................................................46 2.8 Padrão do boi .........................................................................................47 2.9 Rastreabilidade ......................................................................................48 CAPÍTULO III - CUSTOS NO CONFINAMENTO .............................................49 3 ORIGEM DOS CUSTOS .......................................................................49 3.1 Contabilidade de custos .........................................................................51 3.2 Conceitos e Classificação dos custos ....................................................51 3.2.1 Gastos ....................................................................................................52 3.2.2 Investimentos .........................................................................................52 3.2.3 Despesas ...............................................................................................52 3.2.4 Perdas ....................................................................................................53 3.2.5 Custos ....................................................................................................53 3.2.6 Desperdícios ..........................................................................................54 3.3 Sistemas de Custos ...............................................................................54 3.4 Classificação dos custos quanto à tomada de decisão ..........................55 3.5 Quanto à identificação............................................................................55 3.5.1 Custos Diretos........................................................................................55 3.5.2 Custos Indiretos .....................................................................................55 3.6 Quanto ao volume de produção .............................................................56 3.6.1 Custos variáveis .....................................................................................56 3.6.2 Custos Fixos...........................................................................................56 3.6.2.1 Semi-variáveis ......................................................................................57 3.6.2.2 Semi-fixos .............................................................................................57 3.7 Principais Métodos de Custeio ...............................................................58 3.7.1 Custeio Direto (ou Variável) ...................................................................58 3.7.2 Custeio por absorção (ou integral) .........................................................58 3.7.3 Custo-padrão..........................................................................................59 3.7.4 Custeio ABC...........................................................................................59 3.7.5 GECON ..................................................................................................60 3.7.6 Custo-meta.............................................................................................60 3.8 Contabilização dos Custos .....................................................................61 3.9 Administração de estoques ....................................................................61 3.10 Depreciação ..........................................................................................62 3.11 Contabilidade rural .................................................................................63 3.11.1 Contabilidade agropecuária ...................................................................63 3.12 Contabilidade gerencial ..........................................................................64 3.12.1 Conceito .................................................................................................64 3.13 Tratamento contábil................................................................................65 3.13.1 Plano de contas .....................................................................................65 CAPÍTULO IV - A PESQUISA ..........................................................................67 4 INTRODUÇÃO .....................................................................................67 4.1 Relato do trabalho realizado referente à gestão de custos no Confinamento....................................................................................................68 4.1.1 Agronegócio no Grupo Bertin .................................................................68 4.1.2 Setores de Atuação do Grupo Bertin......................................................69 4.1.3 Principais países que o Bertin exporta ...................................................69 4.1.4 Setores de atuação Comapi Agropecuária Ltda.....................................70 4.1.5 Implantação do confinamento na Comapi ..............................................70 4.1.6 A importância do confinamento para o grupo Bertin ..............................71 4.2 A sistemática utilizada na Comapi..........................................................72 4.3 Características dos animais confinados pela Comapi ............................72 4.3.1 Dieta alimentar .......................................................................................72 4.3.2 Manejo....................................................................................................74 4.3.3 Rastreabilidade ......................................................................................75 4.4 Custos do confinamento.........................................................................75 4.4.1 Custos de aquisição dos animais ...........................................................76 4.4.2 Custos com alimentação ........................................................................76 4.4.3 Custo com mão-de-obra.........................................................................78 4.3.4 Custo do estoque de insumos ................................................................ 79 4.5 Resultado final do confinamento ............................................................79 4.6 Discussão...............................................................................................83 4.7 Parecer final ...........................................................................................83 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO.....................................................................85 CONCLUSÃO...................................................................................................86 REFERÊNCIAS ................................................................................................87 APÊNDICES .....................................................................................................89 ANEXOS.........................................................................................................102 14 INTRODUÇÃO Este trabalho aborda de forma sucinta os diversos aspectos envolvidos na terminação de bovinos em confinamento. Trata da localização e infraestrutura necessárias, fala dos tipos de animais que podem ser utilizados, fazendo referência à relação entre porte da raça e tempo necessário para engorda, descreve as categorias de alimentos e as regras gerais do manejo da alimentação. Por fim, refere-se aos problemas que podem ocorrer durante o confinamento e chama a atenção sobre a necessidade do controle e gerenciamento eficaz para a melhoria do negócio. Os rumos contemporâneos, a constante variação no mercado e a competição afloram as mudanças no mundo globalizado. Para se manter em ritmo competitivo, a gestão dos custos transformou-se numa ferramenta de extrema importância tanto no ramo comercial como no agronegócio. Importante ferramenta é um ponto fundamental para obter informações necessárias e saber o grau de rentabilidade do capital investido, observar a atividade econômica e a forma de trabalho da empresa esta sendo rentável. A atividade econômica abordada é o sistema de confinamento brasileiro, que é utilizado por grandes criadores de gado e por frigoríficos de grande e médio porte, sendo de extrema necessidade no período de seca do ano, por ser um período de escassez de forragem para partejo, para conseguir suprir sua demanda a preço de mercado, não gerando aumento nos custos no período que o preço do gado de corte esta em alta. Para isso, é necessário um planejamento gerencial desde a implantação e desenvolvimento da engorda do gado em confinamento, sendo que o acompanhamento e o controle constante da atividade são essenciais para o progresso do empreendimento. Atualmente o confinamento é uma das atividades que está em alta no mercado, pois a maioria dos agricultores está optando pelo plantio da cana-deaçúcar, fazendo com que o preço da carne tenha uma elevação considerável. Sistema intensivo faz-se com o aumento do número de animais em pequena área útil, com o objetivo de conseguir bons rendimentos (ganho de peso) e maior rentabilidade buscando o aprimoramento técnico, e realiza suas vendas em período de escassez do 15 mercado. (SANTOS; MARION; SEGATT, 2002, p. 29). Porém, para obter o resultado esperado é necessário que se tenha uma boa gestão de custos, a qual fará com que o controle de todos os custos obtidos seja de certa forma bem mais fácil de controlar e previsível, dando uma visão otimizada para quem vai tomar decisões na busca de melhores resultados, traçando assim, uma estratégia mais segura na tomada de decisão. Na área de confinamento é necessário ter um ótimo controle de custos para distinguir qual a melhor oportunidade perante o mercado para que se efetue uma boa compra e consiga uma boa venda, pois é essencial saber até que ponto o gado esta ganhando peso e a partir de que ponto ele se torna inviável ao confinamento, de forma a trazer prejuízos; ponto este, que o gado dá despesas e não alcança o ganho de peso desejado. Conhecer o custo real de cada cabeça de gado, lote ou rebanho a qualquer momento é uma informação imprescindível à gerência, não só para apurar a rentabilidade após a venda, mas também, o que é mais importante ainda, determinar o ponto ótimo de venda, ou seja, manter o gado quando os custos passam a ser maiores que o ganho de peso (ou, se mantiver porque o preço de mercado esta baixo, identificar se é vantagem) (MARION, 1996, p. 59). Faz-se necessário manter o gado em confinamento o menor tempo possível para se obter o ganho de peso necessário para venda, tendo assim um melhor aproveitamento de seus custos, aproveitando também o local para se confinar um numero de lotes de animais maiores por ano, uma vez que o período de confinamento vai ser menor, dando maior utilidade às instalações que ficam sem uso durante determinado período do ano e aumentando a faixa de lucros da empresa, a qual terá uma otimização em sua atividade em relação ao aumento de seus custos. Aparentemente o ramo de confinamento de gado, apesar de seus altos custos de produção, tem um potencial de investimento enorme a ser explorado na busca de resultados satisfatórios aos investidores. Conforme destacado anteriormente, fala-se em investir em confinamento de gado, por faz-se necessário uma pesquisa na empresa Comapi Agropecuária Ltda. em busca de apurar até onde a atividade e o investimento é viável e como atingir o melhor retorno. Os objetivos da pesquisa de campo foram comparar o retorno do 16 confinamento em relação a investimentos em outros ramos de mercado; Verificar se o sistema de custeio implantado é importante para a obtenção de lucros; Mensurar todo o sistema de custos na parte de confinamento da Comapi Agropecuária Ltda; Observar a rentabilidade obtida ao final do período de confinamento. Partindo da pesquisa realizada surgiu o seguinte questionamento: O controle de custos na agropecuária aumenta o retorno do capital investido no confinamento? Em resposta ao questionamento, surgiu a seguinte hipótese: Através de uma boa gestão de custos de confinamento é possível identificar o melhor retorno da rentabilidade com menor custo e assim melhor utilizar a estrutura disponível. Os métodos de pesquisa utilizados são apresentados no Capítulo IV. O presente trabalho está estruturado da seguinte forma: Capítulo I – Grupo Bertin – neste capítulo apresentam-se seu histórico, suas divisões, objetivos atuais, Comapi, divisões agropecuária do Grupo Bertin, rotina do confinamento, suas estrutura organizacional, cenário do agronegócio no Brasil e a importância da gestão de custos nas empresas. Capítulo II – Agronegócio e confinamento – apresentam-se a importância do agronegócio e todo sistema de confinamento. Capítulo III – Custos no Confinamento – apresentam-se toda origem, conceitos e classificações dos custos e seus principais métodos de custeio. Capítulo IV – A pesquisa – apresentam-se as características do confinamento e suas etapas, demonstrando a situação que ressalva um bom gerenciamento de custos no confinamento. Ao finalizar, estão a proposta de intervenção e as conclusões. 17 CAPÍTULO I O GRUPO BERTIN 1 HISTÓRICO O Grupo Bertin foi fundado por Henrique Bertin, filho de imigrantes italianos que se instalaram na Região Noroeste do Estado de São Paulo para o cultivo do café. As operações do pequeno frigorífico, localizado em Lins, iniciaram-se em 25 de abril de 1977, onde eram abatidos por dia apenas 14 animais. Atualmente o Grupo abate mais de 6.000 cabeças por dia. Naquela época, as instalações contavam com uma estrutura modesta. Apenas charque, carne seca salgada e desidratada e peças inteiras do dianteiro e traseiro eram comercializadas. 1.1 Bertin alimentos Entre as décadas de 80 e 90 houve uma grande evolução no setor do campo do melhoramento genético e até das indústrias frigoríficas. Nesta direção, após dois anos de operação, a companhia fez sua primeira ampliação, com a inclusão de uma sala de desossa. Começou assim, a distribuição de cortes de carne embalados separadamente, antes mesmo desta prática se tornar-se uma exigência sanitária. No caminho contrário da maioria de seus concorrentes que atuavam no período, o Grupo Bertin partiu rumo ao mercado externo. Em 1983, os produtos Bertin tiveram seu primeiro lote de carne in natura exportada para a Europa. Mas a empresa queria ir além, agregar mais valor a sua especialidade, a carne bovina. Para isto, em 1990 começou a apostar em carne industrializada, com o ingresso na produção de enlatados e em cortes cozidos e congelados, 18 concorrendo com gigantes nacionais e internacionais. A primeira remessa de carne cozida, de duas mil toneladas, foi embarcada para a Itália em 1992. Com mais este investimento, aliado ao compromisso com a qualidade e o cumprimento de prazos, o Bertin alcançou rapidamente números ainda mais audaciosos no mercado global e foi o primeiro a consolidar a marca nos pontos-de-venda no território europeu, o que o tornou um dos maiores exportadores de carne do Brasil. Seguindo o ritmo de aceitação dos produtos já comercializados em grande escala, tanto no mercado interno quanto no externo, o Grupo Bertin precisou expandir suas operações, até então centralizada em uma única unidade fabril. No ano de 1993, uma nova indústria, localizada em Ituiutaba, Minas Gerais, foi incorporada ao Grupo. Após três anos, um terminal de contêineres próprio também era implementado na matriz, em Lins, para auxiliar na logística e, conseqüentemente, proporcionar mais agilidade nas entregas. Em 2000, houve mais um marco tecnológico na busca pelo aprimoramento de suas atividades. A empresa inaugurou uma das unidades frigoríficas mais modernas do país, com abate diário de 1.500 cabeças, em Mozarlândia (GO), que é, até hoje, uma das principais unidades responsáveis por abastecer o mercado externo. Para fazer com que os produtos ganhem novos destinos a cada dia, o Bertin investe em frigoríficos em outros países como: Uruguai, Áustria, EUA, Canadá, França, Chile, China, Paraguai, Angola, Inglaterra, Itália, Egito e Ilhas Virgens Britânicas. Atualmente uma planta em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, considerada a maior da América Latina, com capacidade de abate para até 3 mil cabeças por dia, foi instalada em 2008. Hoje a Bertin Alimentos conta com 11 plantas frigoríficas distribuídas pelos maiores centros produtores do Brasil. Conta com mais de 300 itens divididos em carne in natura e industrializados. Para obter qualidade da carne, o boi é rastreado desde a sua compra até o abate, permitindo conhecer procedência, sexo, idade, data da entrada e informações complementares. Pois a exigência dos paises importadores é cada vez maior, fazendo com que o controle aumente ainda mais, tendo a certeza que o padrão da carne exportada seja superior, diminuindo os riscos de qualquer natureza ao consumidor final, que exige uma melhor qualidade em suas compras. 19 Fonte: Grupo Bertin, Marketing, 2008. Figura 1: Unidades do Grupo Bertin no Brasil 1.1.1 Bertin agropecuária A Bertin Agropecuária investe em gado de corte e no gado de elite, com constantes estudos para melhoramento genético das linhagens, sendo conhecida internacionalmente por sua procedência no aprimoramento de rebanhos. 1.1.2 Higiene e beleza Grupo Bertin já possuía know how no segmento de higiene com produção própria e fornecimento de matéria-prima para o mercado (sebo bovino e massa base). E com o intuito de fomentar a utilização desses recursos, atento às oportunidades de negócios e seguindo sua estratégia de verticalização, a empresa decidiu ingressar na área de Cosméticos, 20 considerada bastante promissora. Em 2004, adquiriu inicialmente e revitalizou a consagrada marca OX que possui em seu mix shampoos, condicionadores, cremes corporais e, posteriormente, agregou ao seu mix as conceituadas marcas Phytoderm, Neutrox, Capivida, Elle Ella, Karina, kolene e Francis. Ao todo são 500 itens, entre shampoos, condicionadores, cremes corporais, protetores solares, desodorantes e sabonetes, além de uma linha completa de perfumaria. O Grupo Bertin também possui uma parceria com a Johnson & Johnson para a fabricação de sabonetes. 1.1.3 Bertin divisão couros Em 1985, tornou–se uma grande meta para a companhia quando foi implementada uma unidade para beneficiamento de couros, também na cidade de Lins. Seguem algumas etapas da produção do couro. O processo é iniciado com o couro verde que consiste no processo de pré-descarne, que é a aparação de patas, cabeças, rabos e outros. O pré-descarne é a retirada da gordura do couro, preparando-o para o processo de caleiro, que é o processo de depilação da pele. Em contato com a cal, os poros do couro se abrem, liberando facilmente todo o pêlo desnecessário ao processo, dando assim o processo de descarne, que consiste na retirada do restante de gordura remanescente do processo de pré-descarne. O processo de divisão em tripa é responsável para calibração do couro antes do curtimento, sendo que o curtimento é 100% Integral. Processo de Curtimento: Após este processo o couro encontra-se no seu primeiro estágio de venda, que é o couro Wet Blue. O processo de divisão do couro Wet Blue é mecanizado: o couro integral é dividido ao meio, separando-se a raspa da flor. A espessura é definida em função do artigo a ser produzido, ela é medida em décimos de milímetros. Cada couro tem sua espessura definida em função de sua utilização. O processo de rebaixamento define a espessura final do artigo, normalmente utiliza-se em: calçados 1,0/1,2mm, bolsas e artefatos 1,4/1,6mm, vestuário 0,5/0,7mm e estofamento 0,9/1,1mm. Hoje o Couro Bertin é representado pela marca Bracol, é comercializado nos estágios Wet-Blue, Semi-Acabado e 21 Acabado. Couro acabado: pronto para ser comercializado, transformado em bolsas, sapatos, artefatos e outros vários artigos em couro. Isto é possível devido à diversidade de etapas da linha de beneficiamento da empresa onde segue para os segmentos calçadistas, de artefatos, moveleiro e automobilístico. 1.1.4 Equipamentos de proteção individual Pela necessidade e pelo custo-benefício, a corporação encontrou mais um negócio em ascensão, o de equipamentos de proteção individual. Neste sentido, utilizou sua experiência no processamento de couro para a manufatura comercial de calçados confeccionados com o couro gerado nas plantas do Grupo e ainda uma ampla linha de luvas e botas de PVC, também com a marca Bracol. Os calçados são confeccionados com o couro das unidades do grupo, esses materiais são fabricados para a utilização de seus empregados e para venda a terceiros. 1.1.5 Bertin produtos pet (dog toy) A partir de 1996, entra em operação a fábrica de Produtos Pet, mais uma forma de aproveitamento do boi. Mastigadores, snacks, entre outros itens para animais de estimação, são elaborados artesanalmente, a partir da raspa do couro e distribuídos aos mercados interno e externo. Os produtos levam as marcas Hartz, Flavor Last, Dentist’s e Nelore. 1.1.6 Sistema de higienização e limpeza 22 No ano de 1989, o Grupo Bertin viu mais uma oportunidade, a comercialização do sebo bovino, subproduto resultante de seus processos. Passa a produzir massa base para pequenas, médias e grandes companhias, além de produzir sabão em barra, impulsionando mais uma nova área, a de Higiene e Limpeza. Atualmente a empresa é líder no fornecimento da matériaprima e possui um portifólio próprio com 70 itens das com as marcas Brisa e Lavarte. Líder na produção de sebo bovino e massa base, a Bertin Higiene e Limpeza fornecem matéria-prima para pequenas, médias e grandes empresas, além de fabricar e comercializar, sob as marcas Brisa e Lavarte, um mix de produtos que inclui sabão em barra, desinfetante, lava louça, amaciante, lava roupa, multiuso, limpa vidro, limpeza perfumada e limpeza pesada. São realizadas e desenvolvidas as pesquisas para o desenvolvimento de novas fórmulas, fragrâncias, versões e embalagens, sendo todos os produtos certificados pelo Ministério da Agricultura e Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 1.2 Diversificação O grupo Bertin vem investindo no setor de Construção Civil, com a edificação de suas unidades. Ao longo dos anos, vem adquirindo experiência neste segmento e, em 2003, começou a apostar na construção para terceiros, com sua empresa Contern que está ligada a empresa Comapi, acumulando know-how no setor de construção civil para empreendimentos próprios e de terceiros. Com foco em edificações, engenharia urbana, acabamentos, instalações prediais e superestrutura, a Contern participa de licitações em todo o território nacional e também possui quatro consórcios. Assim, surgiu mais um ramo de atuação para a empresa, o da infraestrutura, que hoje ainda conta com concessões de rodovias. O Grupo Bertin detém 50% da Concessionárias Rodovias das Colinas, dedicada a operar conservar e ampliar um conjunto de 300 quilômetros de estradas, que atravessam 17 municípios do interior de São Paulo e atendem anualmente mais de 30 milhões de veículos. Juntas, as empresas duplicaram a rodovia SP 23 300 que liga as cidades de Itupeva e Cabreúva. Apenas o Bertin movimentou 1,5 milhão de metros cúbicos de solo e rocha e empregou um contingente de 150 colaboradores. Em Goiás, o Bertin assinou 50%, sob regime de concessão, contrato para construção de uma ponte sobre o Rio Araguaia, na rodovia GO 454. Com prazo de 18 meses para execução, a obra terá 800 metros, com vão central de 120 metros destinados a permitir navegação. Em saneamento básico, após anuência da Prefeitura de Campo Grande, o Grupo Bertin assumiu 50% do controle da Água Guariroba S.A. para incrementar o abastecimento de água e o tratamento de esgoto na capital do estado de Mato Grosso do Sul, aumentando o índice de satisfação na cidade, cuja população é de 700 mil habitantes. A mais recente aposta do Grupo é o segmento de Energia, que já conta com Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). Em Brasnorte, Mato Grosso, o Grupo Bertin construiu sua primeira Pequena Central Hidrelétrica (PCH), a Sacre 2. A Brasil Central Energia S.A., uma das empresas da holding, será a responsável por comercializar a energia gerada. Serão 30 MW de potência, capacidade para abastecer uma cidade de até 80 mil habitantes. Usinas de álcool e a nova usina de biodiesel, na cidade de Lins (SP), a maior do País utilizando como matéria-prima principal o sebo bovino, podendo ainda aproveitar oleoginosas. A usina tem capacidade de comportar um processamento anual de 110 milhões de litros. A política da qualidade da divisão Biodisel considera a qualidade como fator de sucesso, buscando: atendimento das expectativas de seus clientes, desenvolvimento de seus colaboradores, incorporação de novas tecnologias, melhoria contínua e retorno compatível ao capital investido de forma sustentável. Voltado aos segmentos de agroindústria, infra-estrutura e energia, atende hoje o mercado interno e mais de 80 países, nos cinco continentes. 1.3 Responsabilidade empresarial – gestão ambiental O Grupo Bertin defende atividades pautadas no desenvolvimento sustentável e todas as suas plantas possuem licenças ambientais e priorizam 24 ações eco-eficientes, que minimizam e previnem possíveis impactos decorrentes de suas operações. 1.3.1 Plantando educação Integrar a sustentabilidade à cultura e à história das comunidades é uma das premissas do Bertin que, dentro e fora da corporação, aguça as pessoas a semear valores hoje para usufruir do ecossistema de amanhã. O Grupo vê na pedagogia participativa a base de uma consciência crítica e, por isso, nutre trabalhos com alvo na educação ambiental. Em Sabino (SP), às margens do Rio Tietê, patrocinou cartilhas didáticas, com noções básicas sobre preservação dos recursos naturais, enquanto em Campo Grande (MS), pelo Projeto Saúde Nota 10, disseminou conceitos em colégios públicos e privados, por meio de peças teatrais, folders, vídeos e palestras. Já internamente, orientou seus colaboradores a adotar o lema “Pensar globalmente, agir localmente”, promovendo campanhas para combater o desperdício de água e energia. 1.3.2 Fonte alternativa Com assessoria da Unesp (Universidade Estadual Paulista), o Grupo Bertin foi pioneiro no Brasil na instalação de biodigestores anaeróbicos em frigoríficos de abate de bovinos, para tratar resíduos sólidos, com eficiência superior a 60%, se equiparado a outros métodos. Ao converter detritos orgânicos em biogás, o sistema gera energia alternativa renovável, capaz de abastecer caldeiras das indústrias, diminuir a poluição atmosférica e originar créditos de carbono. 1.3.3 Uso consciente 25 Modernas estações de tratamento de efluentes do Bertin limparam, filtraram e refinaram, em 2006, uma vazão diária de 36 mil metros cúbicos de água, devolvida ao meio ambiente com mais de 90% de pureza. A empresa também restringiu a captação de recursos hídricos com o processo de reciclo. 1.3.4 Vida útil prolongada Reduzir, reaproveitar e reciclar. O que poderia ser apenas lixo lançado na natureza, para o Bertin ganha outras formas, cria empregos e volta a ter utilidade. No período, sua Central de Reciclagem transformou 900 toneladas diárias de plásticos, papéis, papelões e metais, provenientes de suas unidades no país. Depois de processada e classificada, a matéria-prima teve como destino estabelecimentos de diversos setores para fabricação de novos produtos. 1.3.5 Meio ambiente, sociedade e geração de energia elétrica Conciliar a oferta de energia com a conservação da flora, fauna e respeito às comunidades envolvidas, certo de cumprir esta missão, o Grupo colocou em prática uma série de medidas preventivas no entorno de sua Pequena Central Hidrelétrica - Sacre 2, no Noroeste do estado do Mato Grosso. Diante de aspectos geológicos e geotécnicos, procurou conter a erosão, assoreamento e conseguir estabilidade de encosta na extensão da construção. A empresa ainda cuida da recomposição da cobertura vegetal nas proximidades da hidrelétrica e monitora periodicamente o Rio Sacre para avaliar a qualidade da água e precaver alterações em sua composição. Assessorada por antropólogos e arqueólogos, também efetuou um levantamento do patrimônio histórico e cultural da região. Os especialistas identificaram cinco sítios arqueológicos, fizeram estudos detalhados e catalogaram quatro mil peças, na expectativa de perpetuar as origens dos 26 antigos habitantes. Além disto, a companhia aplicou recursos na Associação Indígena, em prol dos Nambikwaras e proporcionou benfeitorias aos Parecis, cuja presença na área data do século XVIII. Entregou veículos para o Programa de Saúde Indígena, assistindo aproximadamente 1.500 índios de 49 aldeias e contemplou duas delas - Utiariti e Bacaiuval - com 15 casas, beneficiando 80 moradores. 1.3.6 Responsabilidade empresarial – ações sociais Com o Programa Construindo o Amanhã, o Grupo Bertin promove, apóia e patrocina ações que contribuem para a edificação de uma sociedade mais justa, com direito à alimentação, saúde, educação, cultura, esporte e cidadania. 1.3.7 Solidariedade corporativa O Grupo Bertin instiga seus profissionais a agirem em prol da sociedade. Em 2006, as unidades São Luís de Montes Belos (GO) e Lins (SP) distribuíram 1 tonelada de alimentos, 300 brinquedos e vários kits de higiene à população carente. Outro exemplo de voluntariado veio de Campo Grande (MS), com o Arrastão da Solidariedade, que arrecadou 16 mil agasalhos e cobertores para comunidades de baixa renda. 1.3.8 Saúde na terceira idade Pensando na melhoria da qualidade de vida dos idosos, residentes no Asilo São Vicente de Paulo, em Lins (SP), o Bertin equipou uma sala com aparelhos que auxiliam os assistidos em suas sessões de fisioterapia. 27 1.3.9 Cruzada contra a dengue A Organização Mundial da Saúde estima que em quase 100 países entre 50 a 100 milhões de pessoas são infectadas anualmente pelo mosquito Aedes aegypti. Como forma de conscientização coletiva, o Bertin elaborou livretos com dicas para evitar a dengue, entregues em escolas e empresas. 1.3.10 Resgate histórico Ao notar o estado precário em que se encontravam os livros de óbito do Cemitério da Saudade, em Lins (SP), o Grupo Bertin, juntamente com a prefeitura e a Unilins, implementou um projeto de informatização, que digitalizou 48 mil documentos, relativos a sete mil jazigos, para não haver perda das referências dos antepassados. Agora é possível acessar pela internet um mapa com a localização dos túmulos e dados sobre os sepultamentos. 1.3.11 Alicerce para o futuro Questão tratada como prioridade, a educação é um dos pilares fundamentais de ações sociais do Grupo que, neste ano, investiu em novas creches e na manutenção de associações, como a APAE. Mais de cinco mil crianças foram favorecidas. A empresa também deu continuidade ao “Folha da Região na Sala de Aula”, programa que garante informação e estimula o hábito da leitura, beneficiando 40 mil estudantes da rede pública do interior paulista. 1.3.12 Caminhos abertos 28 Após analisar as habilidades e limitações dos portadores de deficiência do Centro de Reabilitação Eduardo Bicalho Magalhães (CREBIM), o Grupo contratou alguns dos atendidos pela entidade para trabalharem na sede, em Lins (SP). A companhia tem impulsionado a instituição a ser auto-sustentável na gestão de recursos e colabora com doações para a confecção de objetos em sua oficina de artes, motivando o aprendizado e o aperfeiçoamento da coordenação motora dos alunos. 1.3.13 Reintegração à comunidade Capacitar detentos e inseri-los em um novo contexto é a meta de um projeto do Bertin na Penitenciária I de Reginópolis (SP). A empresa fornece insumos e treina os internos para corte e pesponto de calçados de segurança. No decorrer do ano, a fabricação girou em torno de 400 pares de cadedais por dia. A tarefa diminui o tempo ocioso, reduz a pena e ampara as famílias com o dinheiro angariado na venda dos materiais. 1.3.14 Aprender a empreender Fomentar um pólo calçadista no Pará. Este é o intuito do Bertin, que prosseguiu sua parceria com a Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração do Estado do Pará, Sebrae, Senai, FIEPA e Prefeitura de Castanhal, para ajudar a Cooperativa dos Fabricantes de Calçados do estado do Pará na preparação de sapateiros. Por meio de sua marca Bracol, o Grupo montou e equipou um espaço de 150 metros quadrados, com máquinas específicas para corte e pesponto, totalizando um investimento de R$ 500 mil. 1.3.15 Artesão da cidadania 29 A fim de incentivar o Projeto Renascer, centrado no ensino de 160 adolescentes de Lins (SP), o Bertin montou uma marcenaria na entidade para proporcionar formação e geração de renda. Parte da produção, que inclui utilitários, peças decorativas e artefatos, é comercializada para sustentar as atividades. O Grupo ainda apóia um lado do programa voltado à cultura, como artes plásticas, capoeira, música e dança. 1.3.16 Pitadas de arte Dança, música, teatro e pintura integram o cardápio do Projeto Salgadeira, implantado pelo Bertin, em Aguaí (SP). A iniciativa, que carrega em seu nome uma homenagem ao prédio anteriormente utilizado para salgar couros, é destinada a propiciar uma bagagem cultural transformadora. 1.3.17 Partitura compartilhada O Bertin também patrocina o Coral de Aguaí (SP), composto por talentos da cidade. Os cantores apresentam-se em serestas, eventos e concertos, além de participar de concursos, como o Encontro Internacional Canta Brasil 2006, que ocorreu em São Lourenço (MG) e teve a presença de hum mil e duzentos artistas de seis países. 1.3.18 Tempo livre Para oferecer bem-estar e interação aos moradores dos Bairros Labate e Pinheiros, de Lins (SP), o Bertin revitalizou uma área de 300 metros quadrados, com salão de festas, quadras, campo de futebol e parque infantil, criando oportunidades de esporte e lazer. 30 1.3.19 Diversão que alimenta Pelo terceiro ano consecutivo, o Grupo Bertin foi um dos patrocinadores da ação do Playcenter para entretenimento de portadores de deficiências. Cinco mil crianças e adolescentes tiveram acesso gratuito aos brinquedos de um dos parques mais tradicionais da capital paulista. Na ocasião, o Bertin doou 330 quilos de hambúrguer para a alegria da garotada. Todos os setores do Bertin compartilham uma visão comum no que se refere a investimentos contínuos em qualidade, tecnologia, pesquisas, capacitação das equipes de trabalho, logística, processos de gestão e estratégia mercadológica. Acrescentam-se a estes comprometimentos, ações sociais e ambientais nas localidades onde o Grupo está inserido. 1.4 Origem da Comapi A Comapi foi fundada em 1984 pelos sócios Natalino Bertin, Reinaldo Bertin, João Bertin Filho, Fernando Antonio Bertin, Silmar Bertin e Juracy Frare e é constituída com capital 100% nacional. Encontra-se sediada na cidade de São Paulo (SP), Av. Brigadeiro Faria Lima nº 2.012. A Comapi Agropecuária vem se destacando na agropecuária do Brasil. A Comapi é uma controladora do Grupo Bertin pertencendo diretamente à família Bertin. 1.4.1 Missão Sua missão é suprir as necessidades do frigorífico no fornecimento de madeira de alta combustão. Na época de secas há garantia de oferta de animais com terminação e acabamento ideal de carcaça, atendendo assim aos exigentes padrões de qualidade do grupo e pesquisas científicas na busca da excelência da raça nelore. 31 1.4.2 Visão Colaborar com o desenvolvimento da agropecuária brasileira criando técnicas para exploração de florestas investindo no campo cientifica de pesquisa, a fim de buscar a excelência de seleção da raça nelore e a eficiência das práticas de nutrição de manejo do rebanho. 1.4.3 Valores 1.4.3.1 Respeito ao meio ambiente Utilização dos dejetos do piquete para a usina do biodigestor e culturas agrícolas, evitando assim, a poluição e contaminação do meio ambiente, bemestar dos animais, sem utilização de choques elétricos e boas instalações de manejo com constantes vistorias por causa de objetos que podem causar ferimentos nos animais, comida e água à vontade e treinamento dos funcionários sobre práticas de bem-estar animal. 1.4.3.2 Comportamento Ético Trabalhar dentro das normas do direito trabalhista. Atender a todos os requisitos relacionados à rastreabilidade bovina (SISBOV). Todos os insumos utilizados na alimentação dos animais no confinamento da empresa asseguram a qualidade e a procedência dos mesmos. É proibida a utilização de insumos de origem animal, assim como o uso de promotores de crescimento (hormônios). 32 Separação do animal de descarte (lixo), de acordo com a sua comparação (coleta seletiva). Sintonia com os interesses da empresa e verticalização. Fornecimento de animais que atenda aos padrões exigidos pelo mercado consumidor. Utilização da tecnologia disponível na engorda dos animais para assegurar o bom desempenho e uma boa rentabilidade destro da atividade. Geração de emprego e difusão da tecnologia aplicada na atividade (treinamento e capacitação dos colaboradores). 1.4.4 Organogama da Comapi Fonte: Comapi Agropecuária Ltda, 2008. Figura 2: Organograma da Comapi. 33 CAPÍTULO II O AGRONEGÓCIO E O CONFINAMENTO 2 AGRONEGÓCIO 2.1 Histórico No início da civilização, os homens viviam em bandos, nômades de acordo com a disponibilidade de alimentos que a natureza espontaneamente lhes oferecia. Dependiam da coleta de alimentos silvestres, da caça e da pesca. Não havia cultivo, criações domésticas, armazenagem e tampouco trocas de mercadorias entre bandos. Assim, passavam por períodos de fartura ou de escassez. Os tempos passaram a evolução sócia econômica, sobretudo com os avanços tecnológicos, mudou totalmente a fisionomia das propriedades rurais nos últimos 50 anos. A população começou a sair do meio rural e dirigir-se às cidades, passando, neste período, de 20% para 70% a taxa de pessoas residentes no meio urbano. O avanço tecnológico foi intenso, provocando saltos nos índices de produtividade agropecuária. Com isto, menor número de pessoas conseguem sustentar mais gente e as propriedades rurais a cada dia aumentam sua auto-suficiência (ARAÚJO, 2005, p. 15). 2.2 Visão sistemática do agronegócio O entendimento do agronegócio, em todos seus componentes e interrelações, é uma ferramenta indispensável em toda a cadeia administrativa de uma entidade, sejam autoridades públicas ou agentes econômicos privados, para que formulem políticas e estratégias com maior previsão e máxima 34 eficiência. Por isso, é fundamental compreender o agronegócio dentro de uma visão de sistema que engloba os setores, denominados antes da porteira, dentro da porteira e após a porteira. Visão sistemática antes da porteira é composta basicamente pelos fornecedores de insumos e serviços, máquinas, implementos, defensivos, fertilizantes, corretivos, sementes, tecnologia e financiamento. Dentro da porteira é um conjunto de atividades desenvolvidas dentro das unidades produtivas, as fazendas ou produção agropecuária propriamente dita, que engloba preparo e manejo de solos, tratos culturais, irrigação, colheita, criações e outros. Após a porteira, refere-se às atividades de armazenamento, beneficiamento, industrialização, embalagens, distribuição, consumo de produtos alimentares, fibras e produtos energéticos provenientes da biomassa. Esta visão sistemática do negócio agrícola e seu conseqüente tratamento como conjunto - potencializa grande benefícios para um desenvolvimento mais intenso e harmônico da sociedade brasileira. Para tanto, existem problemas e desafios a vencer. Dentre estes, destaca-se o conhecimento das inter-relações das cadeias produtivas para que sejam indicados os requisitos para melhor sua competitividade, sustentabilidade e equidade (RUFINO apud ARAÚJO, 2005, p. 22). Visão sistemática é o conjunto de componentes que envolve toda a cadeia produtiva para conseguir melhores resultados no final do processo A empresa para ter um rendimento melhor deve se preocupar não só com suas vendas, mas sim, com todo o processo produtivo. 2.3 Agronegócio no Brasil De acordo com pesquisas realizadas pelo portal do agronegócio em 2008, o agronegócio agrupa as atividades econômicas que mais cresceram neste início de século no Brasil. Em 2004 empregava a terça parte da População Economicamente Ativa (PEA) e contribuiu com 43% das exportações totais do país (US$ 39 bilhões, um recorde, com crescimento de 27% sobre as exportações de 2003), 34% do PÌB (Produto Interno Bruto). Mas deve-se ressaltar que nestas cifras estão incluídas, além da produção agrícola, 35 a extração vegetal (madeira), os insumos e equipamentos, como (sementes, fertilizantes, defensivos, tratores e máquinas agrícolas em geral) como também o processamento industrial, transporte e comercialização. A safra brasileira de grãos bate sucessivos recordes a cada ano. A pecuária tem a maior fatia do mercado internacional, o suco de laranja tomou conta de quase todo o planeta (cerca de 80% do suco comercializado em todo o mundo). Acrescentam-se ainda a liderança de outros produtos como a carne de frango, o açúcar, o café e o tabaco. Em relação ao conjunto de atividades que formam o agronegócio, a maior parte do valor do Produto Interno Bruto (PIB) é agregada nas atividades de industrialização e distribuição, restando apenas 30% para a agropecuária. Apesar dos recordes sucessivos da safra brasileira na última década e da modernização do sistema produtivo, os sistemas de transporte e de armazenamento constituem graves entraves ao desenvolvimento contínuo, pontos frágeis que comprometem um melhor desempenho e a expansão do agronegócio no Brasil. A performance conquistada pela produção agropecuária, em particular e pelo agronegócio em geral esbarra em um sistema de transporte baseado em estradas de rodagem em péssimo estado de conservação e portos mal aparelhados para atender a crescente demanda das exportações brasileiras.Comprometendo o custo final do produto, coloca em risco a competitividade e impede que muitos negócios sejam cumpridos nos prazos estipulados em contrato. Os resultados econômicos surpreendentes da modernização do campo, através do agronegócio, reforçaram ainda mais a vulnerabilidade econômica que caracteriza um país exportador de produtos agrícolas ou de baixo valor agregado. É crescente a participação das corporações multinacionais nas atividades mais lucrativas, como também é significativo o número de trabalhadores rurais contratados pelas grandes empresas agropecuárias apenas em épocas de plantio e de colheita. Do outro lado desta estrutura moderna, vive um número expressivo de pequenos produtores rurais, marginalizados das políticas governamentais de crédito e apoio técnico à produção. Assim mesmo, apesar de todas as limitações e dificuldades, as pequenas e médias propriedades respondem pela maior parte do 36 abastecimento do mercado interno brasileiro e pela maior parte dos empregos existentes no meio rural. A expansão da soja no Mato Grosso foi responsável pelo desmatamento recorde da floresta amazônica em 2004. Os impactos ambientais também estão associados à ampliação da exportação de madeira. Somente em 2004, madeira sólida, produtos derivados e móveis contribuíram com 10% das exportações do setor, cerca de US$ 3,85 bilhões, 1 bilhão a mais que no ano anterior (OPORTUNIDADE..., 2008). 2.4 Agronegócio no centro-oeste paulista De acordo com pesquisas realizadas pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) o Pólo Regional Centro-Oeste, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento, foi implantado no dia 10 de outubro, no município de Jaú. O novo pólo de pesquisa, com 53 municípios em área de 250,9 mil hectares tem 13.319 imóveis rurais, dos quais 66,93% com tamanho até 50 hectares. O valor da produção agropecuária da APTA-Centro-Oeste é de R$ 1, 514 bilhão, dos quais R$ 785,9 milhões de produtos destinados à industrialização são de R$ 556,3 milhões de produtos animai. O Produto Interno Bruto (PIB) regional soma 7.879 bilhões de dólares, para um PIB estadual de 296,434 bilhões de dólares, segundo a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE). A região tem 6.056 empresas industriais, 12.010 estabelecimentos comerciais e 9.652 unidades de serviços, conforme o Ministério do Trabalho (CENTRO..., 200_). Bariri, Bauru, Bocaina, Jaú, Lençóis Paulista, Lins e Marília, que pertencem ao APTA-Centro-Oeste, estão entre os 100 municípios do Estado com melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que mede a qualidade de vida da população com base em condições de saúde, nível de escolaridade e acesso à infra-estruturas. Entre as culturas semi-perenes, destaca-se a cana-de-açúcar para indústria, com 352.397 mil hectares, presente em 36 municípios do pólo 37 regional. No caso das culturas perenes, o café beneficiado (área de 47,89 mil hectares) está em 52 municípios e a laranja (41,83 mil hectares) em 45 municípios. Já no grupo de culturas anuais, o milho está disparado na frente, com área de 48,76 mil hectares em 52 municípios. Os municípios de Jaú e Lençóis Paulista lideram a produção de cana-deaçúcar, com uma áreas, respectivamente, de 42,8 mil hectares e 41,7 mil hectares. No gado de corte, Marília aparece na frente com 103 mil cabeças, seguida de Cafelândia (87,37 mil cabeças). Na avicultura de corte, o destaque é para Torrinha com 9,244 milhões de cabeças por ano, seguido de Bariri (3,85 milhões de cabeças/ano). E a maior área de laranja está no município de Brotas (8,364 mil hectares) (CENTRO..., 200_). 2.5 Origem do confinamento Até a década de 70, o governo brasileiro estimulava o armazenamento de carne congelada para abastecer o mercado no período de entressafra – época em que a produção de pastagens cai consideravelmente. Mas, com o passar dos anos, os pecuaristas descobriram que é tecnicamente possível e economicamente viável manter a produção de bovinos também no período de seca. Foi a partir de então que surgiu o sistema de confinamento. Atualmente, este mecanismo é utilizado por inúmeras fazendas Brasil afora, basicamente entre os meses de maio e outubro (MOREIRA, 2007). 2.5.1 Confinamento Confinamento é o sistema de criação de bovinos em que lotes de animais são encerrados em piquetes ou currais com área restrita e onde os alimentos e água necessários são fornecidos em cochos. É mais propriamente utilizado para a terminação de bovinos, que é a fase da produção que imediatamente antecede o abate do animal, ou seja, envolve o acabamento da 38 carcaça que será comercializada. A qualidade da carcaça produzida no confinamento é dependente de um bom desempenho obtido na fase de cria e recria. Bons produtos de confinamento são obtidos a partir de animais sadios, fortes, com ossatura robusta, bom desenvolvimento muscular (quantidade de carne) e gordura suficiente para dar sabor à carne e proporcionar boa cobertura da carcaça, conforme a figura 3. Fonte: Os autores Figura 3: padrão dos animais. No Brasil, o confinamento é, como regra, conduzido durante a época seca do ano, por ser o período de escassez de forragem para pastejo. A terminação em confinamento depende de fonte de animais para terminação, fonte de alimentos e preços e mercado para o gado confinado. (CARDOSO, 2000). 2.5.2 Localização e infra-estrutura do sistema de confinamento Grande parte dos custos da engorda em confinamento é referente à alimentação. É importante que esteja localizado em área ou região onde a alimentação apresenta-se com fartura, especialmente quando o proprietário depende da aquisição de alimentos. A facilidade para aquisição e venda de animais é outro fator a ser considerado na escolha do local para o 39 confinamento. Dentro da propriedade rural, a área para a instalação da engorda confinada deve ser retirada, evitando áreas vizinhas a rodovias ou com grande movimentação. Isso evita contaminações, furtos e estresse nos animais. Fonte de água farta e limpa e de energia elétrica também devem ser consideradas na escolha do local. Na confecção do projeto para locação do confinamento é recomendável que as instalações sejam planejadas de forma ampla e global. A construção ou implementação poderá ser feita em módulos ou etapas, mas é interessante que desde o início sejam previstas todas as áreas e possíveis ampliações em qualquer dos setores. Áreas muito planas e declives em excesso devem ser evitados, assim como a proximidade a córregos e rios, que podem ser contaminados com dejetos do confinamento e áreas com ventos canalizados, pois, no caso de haver vilas ou cidades próximas, seus habitantes poderão ser molestados pelo odor dos animais e das fezes. O projeto global para o confinamento deve incluir um centro de manejo dos animais, área para produção e preparo dos alimentos, área para os currais de engorda e instalações de gerência. Na área dos currais de engorda, o projeto deve prever estruturas para coleta de fezes e urina (canais de drenagem, tanques de sedimentação e outros), para o controle da poluição. Na área de plantio de alimentos, prever estruturas de conservação do solo e da água, como curvas de nível e terraços, importantes para o manejo e conservação do solo. O centro de manejo destina-se à recepção e preparo dos animais que entrarão no confinamento. Deve ter curral com brete, balança e apartador; piquetes de espera e pousio com água e piquetes-enfermaria. Servirá ainda para vacinações, pesagens intermediária e final e embarque do gado para abate. A área de alimentação inclui locais para produção de alimentos (milho, capineiras, lavouras), para armazenamento e conservação (sacaria, fenos, silos graneleiros e forrageiros), para preparo dos alimentos (galpão para misturador, moedor, picador e balança) e depósito para máquinas e equipamentos (tratores e carretas). As instalações de gerência compreendem um escritório e seus equipamentos, como: telefone/rádio; computador; arquivo para catalogação das fichas de controle de compra, venda e produção de insumos e animais; dados 40 de desempenho dos lotes confinados; consumo de alimentos e combustíveis; utilização de mão-de-obra e outros. Pode incluir, ainda, uma pequena farmácia, contendo as vacinas necessárias, os produtos de rotina no manejo sanitário dos animais e alguns medicamentos e instrumental estratégico para combate imediato de alguma ocorrência extraordinária, tais como intoxicações e empanzinamento. Cada um dos currais ou piquetes de engorda deve ter área suficiente para conter o número de cabeças desejado em um lote. O tamanho dos lotes será ditado pelo número total de cabeças que se planeja confinar, pela facilidade ou dificuldade de se obterem animais homogêneos e determinado número de animais numa mesma ocasião. Se o confinador é o próprio fazendeiro, que faz a cria e recria dos animais, os lotes poderão ter tantas cabeças quantos forem os animais possíveis de entrar no confinamento num mesmo dia (por exemplo, um lote com os animais desmamados em fevereiro e outro para os desmamados em maio; um lote para os animais cruzados; outro para os de raça pura). O importante é ter em cada curral ou piquete um grupo homogêneo de animais, pois isto favorece o desempenho, permite o uso de rações mais apropriadas àquele lote particular, possibilita melhor controle da produção e assim melhor eficiência do processo. Com base nos dados colhidos sobre cada lote, será possível aprimorar o processo de planejamento para os anos seguintes. O confinamento conduzido durante a época seca do ano pode requerer 12 metros quadrados/cabeça a 15 metros quadrados/cabeça. O piso poderá ser de chão batido com uma declividade mínima de 3%. Em regiões mais chuvosas e, portanto, mais sujeitas à formação de lama nos currais (a lama é prejudicial ao desempenho dos animais), a área por cabeça e a declividade deverão ser maiores (até 50 metros quadrados/cabeça e 8% de declividade). Neste caso, ainda deverão ser feitas calçadas com cascalho ou concreto ao longo dos cochos, com 1,8 metro a 3 metros de largura ou mesmo telhado sobre os cochos (pé direito com 3 metros). As cercas divisórias devem ter no mínimo 1,8 metro de altura e podem ser feitas de arame liso, cordoalha, tábuas e outros, conforme figura 4. Na parte frontal do piquete ficam os cochos de alimentos e no lado oposto estão as 41 porteiras que se comunicam com o corredor de serviço ou circulação (corredores de passagem do gado para entrada e saída dos piquetes). À frente dos cochos estará localizado o corredor de alimentação, por onde passarão os veículos para distribuição dos alimentos. Fonte: Os autores Figura 4: divisão dos currais Os esteios de cerca e coberturas devem ficar do lado interno do curral e não no corredor de alimentação, para não atrapalhar a distribuição dos alimentos. Os cochos de alimentos podem ser construídos de diferentes materiais, como tambores, manilhas e madeira, desde que possam conter o volume de alimentos (volumoso) que serão oferecidos aos animais. Poderão ser colocados até a uma altura máxima de 40 centímetros do solo (o fundo do cocho), conforme figura 5. O importante é que tenham de 65 a 70 centímetros disponíveis/cabeça, permitindo que todos os animais possam alimentar-se ao mesmo tempo. Assim, para um lote de 90 animais, por exemplo, serão necessários 63 metros de cocho. Os bebedouros deverão ter capacidade para fornecer 50 litros de água/cabeça/dia. Os cochos para sal mineralizado deverão ser localizados longe dos bebedouros para evitar aglomeração de animais. Quatro metros de cocho para sal são suficientes para 100 animais. Dependendo das condições climáticas na região do confinamento serão cobertos ou não. 42 Fonte: Os autores Figura 5: cochos de alimentação. Sem existir um padrão definido, as instalações deverão ser funcionais e práticas, de modo a facilitar o manejo dos animais, abastecimento e limpeza de cochos e, principalmente, ser simples, pois a sofisticação não traz retorno econômico, podendo comprometer a rentabilidade do processo (CARDOSO, 2000). 2.6 Características dos animais confinados Para a engorda em confinamento devem ser utilizados animais sadios, de bom desenvolvimento e potencial de ganho em peso. O ganho em peso pode se dar por acréscimo de tecido ósseo, massa muscular ou gordura. Cada tipo de tecido formado demanda maior ou menor quantidade de determinado nutriente e cada um dos tecidos tem uma particular taxa de crescimento, assim sendo, a participação de cada tecido no ganho é variável. A composição do ganho em peso é influenciada pela idade e peso vivo do animal, pelo sexo, pela estrutura corporal e pela taxa de ganho. Idade e peso vivo, em animais bem criados, dentro de uma mesma raça, usualmente estão associados. Precocidade e idade de abate refere-se ao tempo mínimo para o animal atingir a idade de abate, com peso aproximado de 15 arrobas 43 de rendimento de carcaça. No Brasil já existem empreendimentos pecuários com alta tecnologia que conseguem atingir esse peso com animais de 12 a 14 meses. Porém, esse nível tecnológico não é normal. No outro extremo, encontra-se a maioria dos pecuaristas, que obtêm animais em peso de abate com idade superior a 36 meses (ARAÚJO, 2005, p. 60). Animais mais jovens são mais eficientes quanto à conversão alimentar (quilo de alimentos/quilo de ganho em peso), pois o ganho se dá, principalmente, pelo crescimento da massa muscular, que é um tecido com teor de água relativamente elevado. Ao contrário, animais mais pesados ou mais erados demandam, comparativamente, maior quantidade de alimento/quilo de ganho, pois estarão sintetizando gordura a taxas mais elevadas. O sexo também influencia a composição do ganho em peso e a composição da carcaça. Animais de sexos diferentes chegarão ao ponto de abate (mesmo grau de acabamento da carcaça) em pesos ou idades diferentes. Fêmeas atingem o ponto de abate mais cedo e mais leves que os machos castrados que, por sua vez, estarão acabados mais cedo e mais leves que machos inteiros. Esse conhecimento permite um melhor planejamento da produção (tipo de alimentação, tempo de confinamento e época de comercialização). Modernamente, em sistemas eficientes de engorda em confinamento, a estrutura corporal dos animais também deve ser levada em conta, especialmente quando considerado o emprego crescente do cruzamento industrial para a produção intensiva de carne. Animais com estrutura corporal grande ganham peso mais rapidamente comparativamente a animais de raças pequenas, mas demoram mais tempo para atingir o peso próprio para abate. São consideradas raças de estrutura corporal média aquelas com peso vivo de abate entre 450 quilos e 520 quilos para machos e 400 quilos e 475 quilos para fêmeas. Raças de estrutura corporal grande atingem grau de acabamento em pesos superiores a 520 quilos para machos e 475 quilos para fêmeas. Assim sendo, animais de estrutura corporal média, por exemplo, se deixados engordar até que atinjam pesos elevados, equivalentes ao peso de abate de bovinos de estrutura corporal grande, terão carcaças com excesso de gordura, o que a deprecia da mesma forma que a pouca gordura, além de encarecer o produto final. Rendimento de carcaça: é o rendimento de carne em relação ao peso 44 total do animal. De modo geral, em animais de raças tipo corte, esse rendimento é superior a 56%. Ou seja, esses animais têm mais de 56% de carne, e restantes é composto por vísceras, ossos, patas e outros. Porém o comércio tradicional de bois gordos considera somente 50% indistintamente para todos os animais (ARAÚJO, 2005, p. 61). A taxa de ganho em peso tem influência sobre a composição do ganho, pois à medida que aumenta o ganho, aumenta a quantidade de gordura depositada na carcaça. Uma maior taxa de ganho requer maior quantidade de alimento, mas, por outro lado, quando são mantidas altas taxas de ganho no confinamento, proporcionalmente é utilizada menor quantidade de alimento para mantença do organismo. O investimento (alimento) feito na mantença dos animais não traz retorno econômico, salvo quando a valorização do peso da arroba do boi gordo for superior ao custo da mantença mais o custo do capital empregado. Refere-se ao peso ganho pelos animais em determinado tempo. E um índice muito utilizado nos sistema de confinamento para engorda de bovinos e está relacionado ao peso adquirido diária ou mensalmente e depende basicamente da qualidade dos animais (grau de sangue e desenvolvimento inicial), do tipo de alimentação fornecida, ambiente e das demais práticas de manejo. Bons índices apontam o ganho diário de 1 kg de peso vivo por animal (ARAÚJO, 2005, p. 61). 2.7 Dieta alimentar Dietas para bovinos em confinamento incluem alimentos volumosos, concentrados e aditivos. São alimentos volumosos aqueles que possuem teor de fibra bruta superior a 18% na matéria seca, tais como: os capins verdes, silagens, fenos e palhadas. Alimentos concentrados são aqueles com menos de 18% de fibra bruta na matéria seca e podem ser classificados como protéicos (quando têm mais de 20% de proteína na matéria seca), como as tortas de algodão, de soja, ou energéticos (com menos de 20% de proteína na matéria seca), por exemplo, o milho, triguilho, farelo de arroz. Os alimentos são usualmente descritos ou classificados com base na matéria seca para poderem ser comparados quanto as suas características nutricionais, custo de nutrientes e outros. 45 A Matéria Seca (MS) é a fração do alimento excluída a umidade natural. Assim, por exemplo, uma partida de milho em grão que tenha 13% de umidade natural tem, por diferença, 87% de matéria seca. O teor de umidade entre alimentos é variável (cerca de 75% para gramíneas frescas, por exemplo, até 10% para tortas ou fenos). Na matéria seca é que estão contidos os nutrientes, como carboidratos, proteínas, minerais. Uma vez que a porção nutritiva de um alimento está contida na matéria seca e que a capacidade de consumo dos alimentos pelos animais está relacionada, também com a matéria seca, todo cálculo relativo à alimentação, tais como balanceamento de rações, custo de aquisição e transporte de alimentos, deve ser feito com base na matéria seca, ou seja, convertido para equivalência a 100% de matéria seca. Ração é a quantidade total de alimento que um animal ingere em 24 horas e ração balanceada é aquela que contém nutrientes em quantidade e proporções adequadas para atender às exigências orgânicas dos animais. Usualmente, as rações são compostas de alimentos volumosos e concentradas. O balanceamento das rações determinará a relação volumosa: concentrado necessário para cada tipo de animal e taxa de ganho em peso. Maiores taxas de ganho em peso requerem maior concentração energética na ração. Alimentos muito ricos em carboidratos estruturais ou fibras, como é o caso das gramíneas, têm menor concentração energética comparativamente àqueles com alto teor de carboidratos não estruturais, por exemplo, o grão de milho ou torta de soja. A eficiência de utilização de nutrientes da ração para o ganho em peso depende da concentração energética da ração, ou seja, da relação volumoso concentrado. Rações com baixa concentração energética (à base de volumosos exclusivamente) são utilizadas com uma eficiência de 30% para o ganho em peso, ao contrário de rações de alta concentração energética (relação volumoso: concentrado de 80:20, por exemplo) que podem ser utilizadas com uma eficiência de 45% para o ganho em peso (CARDOSO, 2000). 2.7.1 Sal comum e sais minerais 46 Os sais são necessários como nutrientes e como mantenedores da pressão osmótica das células. Nos concentrados para rações balanceadas, os sais vêm em quantidade equilibrada, já em doses suficientes recomendadas para os animais. Nas criações bovinas, tanto o sal comum como sais minerais devem ser fornecidos separadamente do restante da ração e colocados em cochos à vontade dos animais. Neste caso, a composição dos sais depende do resultado de análise do teor nutritivo dos demais alimentos fornecidos. 2.7.2 Manejo O manejo dos animais no confinamento deve ser feito sempre com calma, de forma a evitar o estresse e acidentes. A observação sobre a aparência e comportamento dos animais deverá ser constante, pois qualquer mudança que haja nestes fatores poderá ser indicativo de algum problema. Animais doentes ou problemáticos devem ser imediatamente apartados para tratamento, retornando ao confinamento (ao mesmo lote de origem) após plena recuperação. Se o tamanho do lote depende da disponibilidade de animais homogêneos quanto a sexo, grau de sangue, estrutura corporal e grau de acabamento, são recomendável também que os lotes não excedam 100 cabeças/piquete. Uma regra útil é que o tamanho do lote seja compatível com a capacidade de carga dos caminhões de transporte. Por exemplo, se um caminhão puder transportar dezoito bois acabados, um lote poderá ter 36, 54, 72 ou 90 cabeças correspondendo a dois, três, quatro ou cinco caminhões. Com isso, terminado o período de confinamento, será possível vender todo o lote. Durante o período de confinamento não é recomendável a troca ou mistura de lotes, nem a colocação de novos animais em lotes já formados. Antes de entrar no confinamento, os animais deverão ser vacinados contra a febre aftosa, o botulismo e os vermifugados e, se for o caso, tratados também contra os ectoparasitos, como bernes e carrapatos. As vacinações, as operações de pesagem, de embarque e transporte dos animais devem ser feitas sempre de maneira cuidadosa, para que não ocorram edemas ou 47 machucaduras que venham a prejudicar o aproveitamento ou qualidade da carne, principalmente dos cortes nobres do traseiro. (CARDOSO, 2000). 1.2 Padrão do boi De acordo com o Fundo de Desenvolvimento da Pecuária do Estado de São Paulo (FUNDEPEC), a gordura de cobertura (acabamento) é de fundamental importância, é o tecido mais variável da carcaça, podendo variar em quantidade, forma e distribuição durante o recesso de desenvolvimento. Esta gordura é uma fonte de reserva energética para o animal em épocas de restrição alimentar. Basicamente há dois tipos de gordura mais conhecidos e discutidos: gordura intramuscular (gordura de marmoreio) é encontrada com maior freqüência em animais das raças britânicas como: Angus, Hereford, Devon entre outras, também em animais que foram submetidos a uma dieta rica em energia por um prolongado tempo e atingiram um elevado peso vivo e, conseqüentemente, um alto grau de gordura de cobertura (CARDOSO, 2000). Gordura subcutânea (gordura de cobertura) fica entre o couro e os músculos sendo a mais importante e exigida por mercados mais exigentes. É um ótimo indicador de qualidade da alimentação recebida pelo animal. A função da gordura de cobertura é a proteção da carcaça contra o frio das câmaras, durante o processo de resfriamento, evitando assim o escurecimento e o enrijecimento dos cortes mais superficiais. Também o valor comercial de determinados cortes, os quais são desclassificados pela ausência de gordura, principalmente para exportação e a avaliação visual do grau de acabamento com animais vivos. A identificação dos animais que serão destinados ao abate deverá passar por uma criteriosa escolha, sempre procurando identificar os animais, portadores de atributos, como: boa conformação de carcaça, precocidade de crescimento e de acabamento aliada a um bom ganho de peso, atributos estes capazes de assegurar um bom desempenho durante a fase de engorda/terminação. A avaliação visual do grau de acabamento no animal vivo 48 é uma boa alternativa, para se identificar e apartar os animais que já estão prontos para o abate, em lotes padronizados e uniformes, principalmente os que estejam bem acabados (CARDOSO, 2000). 2.9 Rastreabilidade A rastreabilidade consiste no processo de identificação individual dos animais, onde se faz o histórico do momento do nascimento até o abate ou morte. Este histórico armazena dados de sexo, raça, data de nascimento, transferências de propriedades, vacinação, entre outros. Exigências quanto a rastreabilidade: a) todos os animais devem estar rastreados; b) todos os animais devem estar brincados e identificados com os batós de identificação; c) os Documentos de Identificação Animal (DIA) são obrigados a serem encaminhados ao Frigorífico junto com os animais e estes devem ser correspondentes; d) o número de DIAS enviados ao Frigorífico deve ser igual ao número de animais enviados ao abate; e) a propriedade e/ou proprietário devem ser identificados na Guia do Trânsito Animal (GTA) devendo coincidir com as informações do sumário emitido pela Base Nacional de Dados (BND). A rastreabilidade é um importante processo para oferecer segurança alimentar aos consumidores em função do conhecimento da origem dos produtos e dos processos utilizados na sua elaboração para reduzir riscos da saúde pública, pela localização geográfica de zoonoses (doenças que afetam aos animais e aos humanos), oferecendo segurança sanitária aos rebanhos pecuários, permitindo que enfermidades sejam rapidamente rastreadas e combatidas. Os produtos rastreados são muito valorizados, tornando-se mais competitivos e menos sujeitos às instabilidades do mercado. 49 CAPÍTULO III CUSTOS NO CONFINAMENTO 3 ORIGEM DOS CUSTOS A necessidade do controle fez com que a apuração de custos ganhasse maior importância desde o início do capitalismo. Era por meio de contabilidade de custos que o comerciante tinha resposta se estava lucrando com seu negócio, pois bastava confrontar as receitas com as despesas do mesmo período. A contabilidade de custos era usada como um instrumento seguro para controlar as variações da atividade mercantilista. A contabilidade de custos desenvolveu-se com a revolução industrial e teve que se adaptar à nova realidade econômica com o surgimento das máquinas e a conseqüente produção em grande escala. Tem como sua principal fonte a contabilidade financeira. O sistema de apuração de custo consiste em determinar o estoque no início do período adicionando as compras do mesmo período e deduzindo o que ainda estaria no estoque e resultava o custo da mercadoria vendida. (CREPALDI, 2004, p. 14). O lucro bruto era obtido pela diferença entre receitas totais deduzidas dos custos das mercadorias vendidas. O custo das mercadorias vendidas era apurado pelo chamado inventário esporádico, levantado por diferenças entre estoques finais e iniciais, do período de tempo da análise e acrescido das compras do mesmo período. O custo das mercadorias vendidas pode ser obtido considerando a equação, que é igual ao estoque inicial, do início do período, adicionado às compras do período e deduzido do estoque final no mesmo período. Do lucro, bruto deduzem-se as chamadas despesas administrativas, financeiras e de vendas para a obtenção do lucro operacional. Do lucro operacional é deduzido o Imposto de Renda e incidente sobre o Lucro da empresa para obter o chamado Lucro Líquido. 50 O modelo de demonstração de resultados preconizado no início da era do capitalismo é o mesmo recomendado pelas leis comerciais e normas que regem a contabilidade societária das empresas brasileiras. Talvez a mudança mais profunda seja o conceito de usar o inventário permanente custeando cada unidade vendida à medida que as receitas são realizadas com a entrega de mercadorias para os compradores. O modelo básico para a apuração de resultados acabou sofrendo alguns ajustes para adaptar-se ao ramo industrial e à prestação de serviços. O termo mercadoria derivou da atividade mercantilista. Já na indústria, o termo produto, oriundo da transformação de várias matérias-primas, quando comercializado, é chamado, no comércio, de mercadoria. Por ocasião da apuração do resultado de serviços, costumam-se deduzir das receitas brutas dos serviços vendidos os custos dos mesmos. Na apuração do custo de serviços vendidos, se os estoques de início de final de período forem valores expressivos (por ex: acima de 5% de receitas), a metodologia de apuração segue o mesmo raciocínio das mercadorias vendidas, ou seja, considera-se o estoque inicial de materiais de início de período. A equação do custo da venda de serviço é estoque inicial mais compras menos estoque final. Quando se tratar de venda de produtos industriais, a apuração do custo dos produtos vendidos segue o mesmo raciocínio. Todavia devem ser consideradas outras variáveis, pois, além do produto acabado, é comum no início e no final de cada período deparar-se com o estoque de produtos semi prontos. O Lucro Bruto do produto industrializado vendido é obtido, no início do período, pelo valor do estoque inicial de matérias-primas, produtos acabados e semi-acabados, adicionado de todas as compras de matérias-primas do período, menos o estoque de matérias-primas, produtos acabados em elaboração do final do período. Todo lucro bruto apurado tanto de mercadorias, como de produtos e de serviços vendidos, após a dedução das chamadas despesas administrativas, financeiras e de vendas, dará origem ao lucro das operações que, após a dedução do Imposto sobre a Renda e Contribuição Social sobre o Lucro (CSL), originar-se á lucro líquido que ficará à disposição dos acionistas da empresa para darem o destino que desejarem. 51 Na atualidade, graças ao estágio de desenvolvimento atingido por vários países, inclusive o Brasil, já exigem registros e controles mais completos e, de outro lado mais simples, em razão de muitos segmentos de negócios trabalharem com margens reduzidas de lucros para sobreviverem. Para os mercados em que preponderam vários concorrentes vendendo o mesmo produto, a Administração da empresa precisa municiar-se de informações e profissionais talentosos para definir e acompanhar políticas de preços, lucro marginal por produto (e seu peso no mix), análise das relações custo, volume e lucro, custo estrutural fixo, maximização de lucros com a combinação de mix, apuração do custo das várias atividades do processo e formação do preço ideal de venda. Tudo isto dentro do contexto do planejamento das atividades empresariais, a fim de que as empresas, que têm significativo papel social na geração de empregos, sobrevivam e prosperem nos negócios. 3.1 Contabilidade de custos Segundo Padoveze (2003), contabilidade de custos é o segmento da ciência contábil especializado na gestão econômica do custo dos preços de venda dos produtos e serviços oferecidos pelas empresas. Pode-se dizer que no século XVIII, com o advento de novas invenções e dos primeiros processos automatizados, surgiu a necessidade de um ramo específico da ciência contábil para se dedicar à questão dos custos que nasceu com a Revolução Industrial, quando se iniciou a produção em massa, contrapondo-se à produção artesanal. O escopo inicial da contabilidade de custos foi a determinação do custo dos produtos para fins de avaliação dos estoques industriais e, conseqüentemente, do custo destes produtos quando vendidos, para se obter o lucro na venda dos produtos. 3.2 Conceitos e Classificação dos custos 52 Para uma eficiente gestão de custo são necessárias à compreensão dos conceitos básicos relacionados a gastos, investimentos, despesas, perdas, desperdícios e custos, objetivando utilizar as informações de custos para fins gerenciais. 3.2.1 Gastos Termo usado para definir as transações financeiras nas quais a empresa utiliza recursos ou assumem uma dívida em troca da obtenção de algum bem ou serviço. Um gasto pode ser relacionado a algum investimento (caso em que será contabilizado no ativo da empresa) ou alguma forma de consumo (como custo ou despesa, quando será registrado em conta de resultado). De acordo com Calderelli (2005), gastos tem o mesmo significado de custo ou despesas. É a quantia monetária empregada para que se consiga produzir um bem ou atingir uma finalidade qualquer. 3.2.2 Investimentos São os gastos que irão beneficiar a empresa em períodos futuros. Enquadram-se nesta categoria, por exemplo, as aquisições de ativo, como estoque e máquinas. Nestes casos, por ocasião da compra, a empresa desembolsa recursos, visando a um retorno futuro sobre a forma de produtos fabricados. Convém salientar que o uso ou o respectivo desgaste das máquinas e o consumo dos estoques no processo fabril são considerados como custos de fabricação. De acordo com Calderelli (2005), o investimento é a aplicação de capital extra, em bens ou valores, para fins de rendimento. 3.2.3 Despesas 53 Expressam o valor dos bens ou serviços consumidos direta ou indiretamente para obtenção de receitas, de forma voluntária. Este conceito é utilizado para identificar os gastos não relacionados com a produção, ou seja, os que se referem às atividades não produtivas da empresa. Geralmente estas atividades podem ser classificadas em despesas comerciais, administrativas e financeiras. Exemplo: salários encargos sociais da administração (despesas administrativas), juros bancários pagos (despesas financeiras) e propagandas (despesas comerciais). Segundo Santos; Marion; Segatti (2002), despesa é todo o consumo de bens ou serviço para a obtenção de receita. É exatamente aqui que a despesa se diferencia de perda, pos enquanto aquelas (despesa) representa sacrifícios no sentido de obter receita, esta (perdas) não gera receita. 3.2.4 Perdas São os fatos ocorridos em situações excepcionais que fogem à normalidade das operações da empresa. Tais itens não são considerados operacionais e não fazem parte dos custos de fabricação dos produtos. Constituem-se de eventos ocasionais indesejados, como a deterioração anormal de ativos causados por incêndio ou inundações, furtos e outros. De acordo com Santos; Marion; Segatti (2002), as perdas é um gasto involuntário, anormal, extraordinário, desfalque no caixa ,inundações, greves e incêndio. 3.2.5 Custos São os gastos efetuados no processo de fabricação de bens ou prestação de serviços. No caso industrial, são os fatores utilizados na produção, como: matéria – prima, salários em cargos sociais dos operários da fábrica, depreciação das máquinas, dos móveis e das ferramentas utilizados nos processos produtivos. Segundo Santos; Marion; Segatti (2002), quando a 54 máteria prima é adquirida, denominamos este primeiro estágio de gasto; em seguida, ela foi estocada no ativo (ativada); no instante em que a matéria-prima entra em produção (produção em andamento), associando-se a outros gastos de produção reconhecendo (matéria-prima+ outros gastos) com custo. 3.2.6 Desperdícios Este conceito pode englobar os custos e as despesas utilizados de forma não eficiente. Ou seja, são considerados desperdícios todas as atividades que não abrangem valor e que resultam em gastos de tempo, dinheiro, recursos sem lucro, além de adicionarem custos desnecessários ao produto. Podem ser enquadrados nesta categoria a produção de itens defeituosos, a movimentação desnecessária, a inspeção de qualidade, a capacidade ociosa. Segundo Calderelli (2005), desperdícios são gastos desnecessários ou aplicado em excesso, para obtenção de um bem ou serviços. 3.3 Sistemas de Custos Sistema de custos é um conjunto de procedimentos administrativos que registra de forma sistemática e contínua a efetiva remuneração dos fatos de produção empregados nas empresas, dando ao administrador um conjunto de informações que lhe proporcionará uma melhor tomada de decisão apontando, eficiente e sistematicamente a existência de gastos desnecessários que estejam contribuindo para a redução da lucratividade da atividade. De acordo com Calderelli (2005), é o sistema de contabilidade que visa os registros de custos de produção. No sistema contábil de custos, são utilizadas contas cuja função é a de registrar os gastos diretos, os indiretos e a produção. 55 3.4 Classificação dos custos quanto à tomada de decisão Conforme Wernke (2004) custos relevantes são aqueles que se alteram dependendo da decisão tomada e custos não relevantes são os que independem da decisão tomada. E assim, os custos realmente importantes como subsídio à tomada de decisão são os relevantes; os outros não necessitam ser considerados. Essa classificação é feita considerando-se uma única decisão a ser tomada, sendo válida apenas para aquela decisão. 3.5 Quanto à identificação 3.5.1 Custos Diretos Custos diretos são aqueles que consistem nas aplicações diretas à produção, com a classificação dupla de matéria prima e mão de obra. Segundo Wernke (2004), são os gastos facilmente apropriáveis às unidades produzidas, ou seja, são aquelas que podem ser identificadas como pertencentes a este ou aquele produto. Por sua natureza, características próprias e objetividade de identificação no produto são imputadas por medições objetivas ou por controles individuais como a ficha técnica do produto, sem a necessidade de rateios. Correspondem aos gastos específicos do produto ou serviço, ou seja, não sendo produzida a unidade ou executado o serviço, estes gastos não ocorrem. Tais custos podem ser fisicamente identificados para um segmento particular desejado. 3.5.2 Custos Indiretos Custos indiretos são os gastos que não podem ser alocados de forma 56 direta ou objetiva aos produtos ou a outro segmento ou atividades operacionais e, caso sejam atribuídos aos produtos, serviços ou departamentos, serão mediante critério de rateio. No caso, a indústria são os custos que ocorrem dentro do processo de produção, mas para serem apropriados aos produtos requerem o uso de rateios (são artifícios usados para distribuir os custos que não se conseguem determinar com objetividade e segurança aos produtos que se referem). São os gastos que a empresa tem para exercer suas atividades, mas que não têm relação direta com o produto ou serviço ao mesmo tempo. De acordo com Santos; Marion; Segatti (2002), são aqueles necessários à produção, geralmente de mais de um produto, mas alocáveis arbitrariamente, através de um sistema de rateio, estimativas e outros meios. 3.6 Quanto ao volume de produção 3.6.1 Custos variáveis Custos variáveis são os que estão diretamente relacionados com o volume de produção ou venda. Quanto maior for o volume de produção, maiores serão os custos variáveis totais. São os valores consumidos ou aplicados que têm seu crescimento vinculado à quantidade produzida pela empresa. Têm seu valor determinado em função de oscilações na atividade da empresa, variando de valor na proporção direta do nível da atividade. É importante ressaltar a diferença entre custo variável e custo direto. Um custo é variável se ele realmente acompanhar a proporção da atividade com que ele se relaciona. Um custo direto é aquele que se pode medir em relação a essa atividade, setor ou produto. Conforme Neves e Viceconti (2003), os custos variáveis são aqueles cujos valores se alteram em função do volume de produção da empresa. 3.6.2 Custos fixos 57 Custos fixos são aqueles gastos que tendem a se manter constante nas alterações de atividades operacionais, independente do volume de produção. São os custos que têm seu montante fixado, não em função de oscilações na atividade, ou seja, sem vínculo com o aumento ou diminuição da produção. Assim, estes custos permanecem no mesmo valor, independentemente da quantidade produzida. Relaciona-se com a capacidade instalada que a empresa possui e seu valor independe do volume de produção existindo independentemente de a empresa estar produzindo ou se esta parada. A princípio, pode-se dizer que nenhum custo é completamente fixo ou variável, podendo ser classificados como semi-variáveis e semi-fixos. Segundo Neves e Viceconti (2003), os custos fixos são aqueles cujos valores são os mesmos qualquer que seja o volume de produção da empresa. 3.6.2.1 Semi-variáveis Semi-variáveis são aqueles que variam em função do volume de produção ou de venda, mas não exatamente nas mesmas proporções. Tais custos têm uma parcela fixa a partir da qual passam a ser variáveis. Cita-se, como exemplo, a energia elétrica que possui uma taxa mínima fixa e outra parte é cobrada em função do consumo efetivo variável. Conforme Neves e Viceconti (2003), custos semivariáveis são custos que variam com o nível de produção que, entretanto, têm uma parcela fixa mesmo que nada seja produzido. 3.6.2.2 Semi-fixos Semi-fixos são aqueles que permanecem constantes dentro de certos intervalos, alterando-se em degraus até atingir um novo patamar de atividade. Pode-se citar o valor relativo ao salário dos supervisores de produção que permanece o mesmo (fixo) até a contratação de um novo supervisor para 58 trabalhar em conjunto com os demais. No período da contratação, o custo com o salário de supervisores aumentou (variável), mas a partir daí passa novamente a se manter fixo. De acordo com Neves e Viceconti (2003, p. 19), “custos semi-fixos são custos que são fixo numa determinada faixa de produção, mas que variam se há uma mudança desta faixa”. 3.7 Principais Métodos de Custeio 3.7.1 Custeio Direto (ou Variável) Custeio Direto (ou Variável): é um método de custeio usado para alocação apenas dos custos variáveis ao produto. O sistema de custeio variável ou direto é um método que considera apenas os custos variáveis de apropriação direta como custo do produto ou serviço. Segundo Megliorini (2001, p. 137), “enquanto no custeio por absorção eles são rateados aos produtos, no custeio variável, são tratados como custos do período, indo diretamente para o resultado igualmente as despesas”. A diminuição da necessidade de rateio deve-se ao fato de que no sistema de custeio variável são alocados aos produtos e/ou serviços, somente os custos variáveis e, como na maioria dos casos ele também são diretos, não alocando os rateios dos custos indiretos. Ele é usado para eliminar qualquer distorção na apuração dos custos oriundos de problemas com rateios, pois os custos fixos são tratados como despesas. 3.7.2 Custeio por absorção (ou integral) O sistema de custeio por absorção é o sistema que apura o valor dos custos dos bens ou serviços, tomando como base todos os custos da produção incluindo os custos diretos, indiretos, fixos e variáveis. Segundo Megliorini (2001), o custeio por absorção é o método que consiste em atribuir aos 59 produtos fabricados todos os custos de produção, quer de forma direta ou indireta. Assim todos os custos, sejam eles fixos ou variáveis, são absorvidos pelos produtos. 3.7.3 Custo-padrão Custo-padrão são custos predeterminados, porém, diferentemente dos custos estimados, são calculados com base em parâmetros operacionais, e utilizados em operações repetitivas de produção, onde não compensaria calcular o custo individual de cada repetição. De acordo com Martins (2001), ”é um valor que a empresa considera difícil de ser alcançado, mas não impossível”. 3.7.4 Custeio ABC Conceitualmente o ABC é algo muito simples. Trata-se de uma metodologia desenvolvida para facilitar a análise de custos relacionados com as atividades que mais impactam o consumo de recursos de uma empresa. A quantidade, a relação de causa de efeito, a eficiência e eficácia com que os recursos são consumidos nas atividades mais relevantes de uma empresa constituem o objeto de análise estratégica de custos do ABC. Embora caracterizado por simplicidade, o ABC é um dado que poderá se transformar em uma poderosa ferramenta de alavancagem de atitudes das pessoas envolvidas no processo de mudança de uma empresa. Diversas empresas preocupadas em usar o ABC para avaliar inventários, ou seja, para fins de elaboração e outros relatórios financeiros complementares. Embora isto seja perfeitamente possível, desde que feito de maneira adequada, a área de eficácia do ABC ainda é a da análise estratégica de custos. 60 Custeio ABC, o objetivo é rastrear quais as atividades da empresa que estão consumindo de forma mais significativa seus recursos. Os custos são direcionados para essas atividades e destas para os bens fabricados. O rastreamento de custo que esta implícito no método de custeio ABC é um processo muito mais complexo e sofisticado do que o simples rateie do Custo Indireto de Fabricação (CIF) aos produtos. É necessário elencar as atividades que a empresa efetua no processo de fabricação, verificar quais os recursos que estão sendo consumidos por elas, direcionar os custos para essas atividades e delas para os produtos (NEVES; VICECONTI, 2003, p. 133). 3.7.5 GECON Modelo de Gestão Econômica (GECON) e um modelo de mensuração de custos baseado em gestão por resultados econômicos. Também conhecido por Grid Economics and Business Models Work. O modelo GECON estrutura-se com base em entendimento da missão da empresa, do conjunto de crenças e valores da organização, da estrutura organizacional, da realidade operacional e das características dos gestores empresariais. Com base nesse entendimento, o modelo orienta uma seqüência de etapas do processo de gestão empresarial e materializa os diversos impactos dos subsistemas empresariais do sistema de informações gerenciais como soluções em processamento de dados (CATELLI, 2006, p. 31). O GECON nada mais é do que a administração por resultados, por meio da eficiência operacional e melhoria produtiva. 3.7.6 Custo-meta O custo-meta, também conhecido como Target Costing, é uma estratégia de gestão de custos que, a partir do preço de mercado e de uma margem de lucro desejada, estabelece um teto de custo para os produtos ou serviços. Constitui-se numa forma filosófica moderna de encarar o custo, ou seja, contrariamente à visão tradicional (principalmente no Brasil) de se obter um produto, quase a qualquer custo (sem muita preocupação em minimizá-lo), cujo custo se colocava numa margem 61 de lucro; hoje e, na verdade, sempre, naquelas economias competitivas quem determinava o preço é o mercado (IUDÍCIBUS 2006, p. 302). Assim o custo-meta de certa forma não pode ser superado pela empresa se quiser continuar competitiva, uma vez que este custo é o ideal para à sua produção, não havendo custos excessivos. 3.8 Contabilização dos custos A forma de contabilização deste procedimento pode ser variada, desde o critério mais simples até o mais complexo, admitindo que a empresa tenha resolvido contabilizar, com base no seguinte critério de rateio de CIP Custos Indiretos de Produção, á base do valor da mão-de-obra direta. Critério simples: Contabilização dos custos pela contabilidade financeira em contas apropriadas e transferência direta para os estoques a medida que os produtos são acabados ou então só no fim do período, sem registro das fases de rateio. Critério complexo: A forma mais complexa para contabilização dos custos seria representada pelo registro contábil no mesmo grau do detalhamento dos mapas ou arquivos de custos. A contabilização dos custos pode ir de um extremo de simplificações, como a contabilidade financeira, separando custos de despesas e registrando diretamente a passagem dos custos aos produtos. Quanto mais simplificado for o sistema de contabilização, melhor, desde que a empresa tenha um bom sistema de arquivamento dos registros. 3.9 Administração de estoques Os estoques de insumos na área rural devem ter um controle muito bem elaborado através de sua administração. É de fundamental importância para 62 manter o bom funcionamento das empresas. No contexto da administração de materiais, a política de estoques é de fundamental importância. Sua finalidade é determinar os limites de estoques mínimos, máximos e o ponto de pedido, para que o processo de produção não sofra interferência por falta de insumos ou peças de reposição de equipamentos (SANTOS; MARION; SEGATTI, 2002, p. 71). Na atividade rural, este conceito é totalmente aplicável, uma vez que as fazendas geralmente estão longe dos centros de compras, devendo manter sempre um controle de estoque para a manutenção e reposição de seus insumos, reservando uma faixa mínima que atenda suas necessidades. Assim, a empresa terá uma maior eficiência na redução de seus custos, pois não terá gastos com grandes estocagens e nem perda dos insumos. 3.10 Depreciação O termo depreciação é de uso muito freqüente, tanto na linguagem popular quanto na linguagem tecnológica, econômica e contábil. Em sentido vulgar, está quase sempre ligado à idéia de valor, porém este valor, em geral, nunca é bem definido. Na acepção tecnológica, a palavra é aplicada no sentido de perda de eficiência funcional dos bens, como máquinas, instalações, veículos. Para a Economia, a depreciação está intimamente relacionada com a idéia de definir em valores. Tais valores podem ser objetivos (valor de mercado), ou seja, valor atribuído pelos proprietários a seus próprios bens. Para a contabilidade, a depreciação é um conjunto amortizado. A depreciação de um período é a parcela do custo de aquisição amortizada neste período, assim como a depreciação global de um bem é a parte do custo amortizado durante a vida útil total do bem. Na contabilidade, a depreciação é a transformação do conjunto de aquisição representado pela saída (ou promessa de saída - se ainda não pago) de caixa não recuperável pelo valor residual de venda (IUDÍCIBUS, 2006, p. 212). A depreciação do saldo de abertura deve-se tomar o cuidado de verificar se não existem bens que já estejam totalmente depreciados ou depreciados em montante que já não permita mais aplicar integralmente a taxa anual. 63 3.11 Contabilidade rural Segundo Calderelli (2005), a contabilidade rural é aquela que tem suas normas baseadas na orientação, controle e registro dos atos e fatos ocorridos e praticados por uma empresa cujo objetivo de comércio ou indústria seja agricultura ou pecuária. Toda empresa com ramo de atividades voltadas para a agropecuária deve utilizar a contabilidade rural e ser enquadrada nas normas fiscais e escrituração contábil da área, conforme a legislação determina. Todas as atividades rurais por menores que elas sejam, requerem um controle eficiente, uma vez que os impactos das decisões administrativas são fundamentais para uma boa gestão. Um fato real que acontece hoje na maioria das propriedades rurais é que muitos dos serviços contábeis que são importantes instrumentos gerenciais não são utilizados por seus administradores ou proprietários. Muitas vezes, o produtor rural guarda em sua memória as informações, não anota os acontecimentos que são de extrema importância para a correta contabilização, de maneira que com o passar do tempo são esquecidos, e não calculados na hora da comercialização dos produtos (MARION, 1996, p. 31) Independente da área de atuação nas atividades rurais, as empresas devem adotar uma forma de controle para se adquirir um aperfeiçoamento maior nas tomadas de decisões. Assim, na maioria das propriedades, os seus donos não possuem condições para diferenciar os resultados obtidos em suas propriedades e não conseguem diferenciar os custos de cada cultura da propriedade. Não verificam quais seriam os mais rentáveis e onde poderiam minimizar os custos de produção. Muitas vezes, o produtor rural não consegue distinguir o dinheiro que obteve com a venda do milho, do recebido da venda do leite. Então, o controle de caixa da propriedade fica totalmente desorganizado, envolvendo também seu capital particular, dificultando ainda mais a contabilização dos resultados. A atividade rural seria mais bem gerenciada se existisse o mesmo desenvolvimento como acontece com os outros setores, em se tratando de informações contábeis, elaboradas e aplicadas no ramo da atividade rural. 3.11.1 Contabilidade agropecuária 64 A atividade agropecuária do Brasil tem destacada importância, sendo um país de grandes extensões territoriais e condições climáticas favoráveis, levando vantagem em relação a outros países menos favorecidos. Mesmo com a ausência de incentivos e uma política governamental destinada ao setor agropecuário, este movimenta milhões de reais em recursos, gerando empregos e transformando algumas regiões do país em pólos econômicos de riquezas, tornando o Brasil um dos maiores produtores e exportadores do mundo. Segundo Marion (1996, p. 31), “empresas rurais são aquelas que exploram a capacidade produtiva do solo através do cultivo da terra, da criação de animais e da transformação de determinados produtos agrícolas”. A maioria das empresas rurais estrutura-se sob a forma familiar, o próprio dono da propriedade é também seu gestor, não observando o princípio contábil da entidade, quando os gastos da família confundem-se com o da propriedade. O ideal seria que todos fizessem um controle diferenciado de custos, para ter uma separação do lucro obtido pela propriedade em relação às despesas familiares. 3.12 Contabilidade gerencial 3.12.1 Conceito A contabilidade gerencial pode ser caracterizada, superficialmente, como um enfoque especial conferido a várias técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos e tratados na contabilidade financeira e de balanços, colocados numa perspectiva diferente, num grau de detalhe mais analítico ou numa forma de apresentação e classificação diferenciada, de maneira a auxiliar os gerentes das entidades em seu processo decisório. A contabilidade gerencial auxilia muito mais os administradores em suas tomadas de decisões, pois de certa forma oferece um detalhamento maior dos dados apresentados, facilitando assim a visualização de todas as informações de uma forma bem mais 65 abrangente. Buscando assim suprir as informações que sejam válidas no processo de tomada de decisões (IUDICIBUS, 2006, p. 21). Os relatórios formados pela Contabilidade Gerencial são bem mais completos, oferecendo uma gama muito maior de informações, englobando varias áreas da empresa, auxiliando muito mais a tomada de decisão, pois oferece uma ampla visão sobre o assunto em questão, está voltada única e exclusivamente para a administração da empresa, procurando suprir informações que sejam válidas no processo de tomada de decisão do administrador, em suas aplicações, de outros campos de conhecimento não se limita à contabilidade. Segundo Iudicibus (2006, p. 21), “a contabilidade gerencial atinge e aproveita conceitos da administração de produção, da estrutura organizacional, bem como da administração financeira, campo mais amplo, no qual toda contabilidade empresarial se situa”. 3.13 Tratamento contábil 3.13.1 Plano de contas Segundo Calderelli (2005, p. 631), “plano de contas é um esquema para a orientação do departamento de contabilidade, onde é previsto o plano de contas, o sistema de escrituração e as normas de execução”. Independente do tipo de atividade exercida pela empresa é indispensável, pois é importantíssimo para se criar um padrão a ser seguido na empresa, padrão este definido pelo contador dela. A contabilidade, na atual sistemática mercantil, é realizada para a empresa e para seus membros componentes, sem nenhuma ligação direta ou indireta com imposto de renda. Por isto, as adaptações necessárias serão feitas na forma que convier à empresa ou ao contabilista, porque o plano não sofre qualquer intervenção dos órgãos fazendários. 66 Isto porque as questões que envolvem a escrituração devem obedecer aos preceitos ditados pela legislação comercial e princípios de contabilidade geralmente aceitos. O artigo 177 da lei da sociedade anônima reafirma este princípio, dizendo que: Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial e desta lei e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registram as mutações patrimoniais segundo o regime de competência. §1. º As demonstrações financeiras do exercício em quem houver modificação de métodos ou critérios contábeis, de efeitos relevantes, deverão indicá-la em nota e ressaltar esses efeitos. §2.º A companhia observará em registros auxiliares, sem modificações da escrituração, mercantil e das demonstrações reguladas nesta lei, as disposições da lei tributária, ou de legislação especial sobre a atividade que constitui seu objetivo, que prescrevam métodos ou critérios contábeis diferentes ou determinem a elaboração de outras demonstrações financeiras. §3.º As demonstrações financeiras das companhias abertas observarão, ainda, as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, e serão obrigatoriamente aditadas por auditores independentes registrados na mesma comissão. §4.º As demonstrações financeiras serão assinadas pelos administradores e por contabilistas legalmente habilitados. 67 CAPÍTULO IV A PESQUISA 4 INTRODUÇÃO A pesquisa de campo foi realizada no período de janeiro a outubro de 2008, com a finalidade de abordar a importância da gestão de custos do confinamento na empresa Bertin S/A, Fazenda Flórida, divisão agropecuária (Comapi Agropecuária Ltda.), localizada na cidade de Guaiçara na estrada vicinal Guaiçara / SP 300 – Zona Rural. O assunto pesquisado foi a gestão de custos com ênfase no confinamento de bovinos abordando o agronegócio. O objetivo da pesquisa foi demonstrar todas as etapas do sistema de gestão do confinamento, abordando os custos tanto no período de entressafra como no período em que o sistema de confinamento não é utilizado. Abaixo os métodos e técnicas de pesquisa utilizada. Estudo de caso: realizou-se um estudo de caso na empresa Comapi Agropecuária Ltda, quando foram levantadas todas as técnicas de controle de custos implantados, analisando qual sua eficiência para a obtenção de lucros. Observação sistemática: foram observados e analisados os relatórios contábeis e os procedimentos adotados no sistema de confinamento com ênfase na área de custos para saber qual a eficiência deste sistema para a obtenção de lucros. Histórico: observaram-se os dados e a evolução histórica do Agronegócio focando no sistema de confinamento brasileiro, bem como da Empresa Comapi Agropecuária Ltda., desde o seu surgimento até os dias atuais, assim como sua gestão de custos implantada. Para aplicação dos métodos foram utilizadas as seguintes técnicas: Roteiro de estudo de caso (Apêndice A) Roteiro de observação sistemática (Apêndice B) Roteiro de entrevista com o gerente (Apêndice C) 68 Roteiro de entrevista com o contador (Apêndice D) Roteiro de entrevistas com os empregados (Apêndice E) Roteiro de entrevista com profissional da área contábil (Apêndice F) 4.1 Relato do trabalho realizado referente à gestão de custos no confinamento 4.1.1 Agronegócio no Grupo Bertin A Bertin Agropecuária investe na criação de gado de corte e em pesquisas para melhoramento genético da raça Nelore, sendo reconhecida internacionalmente pelos resultados obtidos no aprimoramento da espécie. Criado a pasto, o rebanho é rastreado, o que permite o acompanhamento da vida do animal e garante um rígido controle sanitário. Nas fazendas, profissionais especializados mantêm-se atentos à vacinação, bem-estar, alimentação e padronização dos animais, conferindo homogeneidade, segurança e qualidade. Na entressafra o Grupo investe no ramo de confinamento de médio e grande porte, como o localizado em Goiás com uma infra-estrutura de última geração e tecnologia avançada onde no seu total pode abrigar até 100 mil cabeças de gado por ano. O Grupo também investe na área de biocombustíveis,. Pensando no futuro, busca cada vez mais uma forma de amenizar a poluição, que hoje é um dos grandes problemas encontrados em todo o planeta. Atento aos inúmeros benefícios que matrizes energéticas alternativas podem trazer para o cenário econômico, social e ambiental, o Grupo Bertin iniciou a construção de uma usina de Biodiesel, utilizando como matéria-prima principal o sebo bovino. A intenção é atender 14% da demanda nacional, com a adição de 2% do produto ao diesel. A unidade comportará um processamento anual de 100 mil toneladas, o equivalente a 100 milhões de litros de biodiesel, a maior capacidade instalada no país. O empreendimento não só contempla a 69 geração de emprego e renda, como a redução da emissão de poluentes e ganhos em crédito de carbono. 4.1.2 Setores de Atuação do Grupo Bertin Voltado aos segmentos de agroindústria, infra-estrutura e energia, atende hoje o mercado interno e mais de 80 países nos cinco continentes. Com 35 mil colaboradores e 42 unidades produtivas distribuídas pelo Brasil, o Bertin investe em outros países como: Uruguai, Áustria, EUA, Canadá, França, Chile, China, Paraguai, Angola, Inglaterra, Itália, Egito e Ilhas Virgens Britânicas. Com marcas fortes que propiciam ao consumidor avanço em produtos e serviços, a corporação atende o mercado interno e mais de 80 países, nos cinco continentes, seguindo um sistema de verticalização focado em divisões de negócios. 4.1.3 Principais países que o Bertin exporta: Segundo o gerente de exportação da divisão alimentos, os principais países que o Bertin exporta atualmente são: a) Rússia; b) Iran; c) Venezuela; d) Hong Hong; e) Líbia; f) Egito; g) Ucrânia; h) Emirados Árabes. O Bertin atualmente exporta para as seguintes regiões: África, Ásia, União Européia, América do Sul e o Leste Europeu. Por causa do embargo da carne brasileira houve uma diminuição da exportação do grupo para a União 70 Européia. 4.1.4 Setores de atuação Comapi Agropecuária Ltda. A Comapi atua nos seguintes segmentos de mercado: bovinocultura de corte (cria, recria e engorda); silvicultura (área destinada ao plantio de eucalipto); hotéis (arena de eventos); gado elite (melhoramento em genética da raça nelore); armazém (destinado à comercialização e distribuição de milho e sorgo). A Comapi está presente em várias regiões do Brasil e gera atualmente cerca de 696 empregos diretos e indiretos através de suas fazendas espalhadas por várias regiões do país, conta também com a Contern que possui 2800 funcionários e o Resort Quality que possui 135 funcionários. 4.1.5 Implantação do confinamento na Comapi O Confinamento teve início em 1999 e é responsável pelo fornecimento de boi gordo em uma época estratégica do ano. No período do fim de maio à primeira quinzena de dezembro, o mercado sofre com o clima e a baixa oferta de bois gordos. Por causa da entressafra, a arroba sobe proporcionando um alto custo na aquisição, estrategicamente, e pela eficiência de seus compradores a Comapi consegue fazer boas compras, segundo o administrador, é onde a empresa obtém maior lucro. A empresa mantém três estabelecimentos para confinamento com capacidade de engorda de 180.000 (cento e oitenta mil) cabeças, localizados nos municípios de Guaiçara, no Estado de São Paulo e Aruanã, no Estado de Goiás e recentemente foi incluído o confinamento de Sabino, no Estado de São Paulo. O confinamento de Goiás é considerado o maior do país, chegando a confinar anualmente até 95 mil animais, enquanto o confinamento de Guaiçara 71 tem capacidade de engorda de 25 mil animais por ano e o confinamento de Sabino tem a capacidade de engordar 60 mil cabeças por ano, como apresentamos na tabela 1. Tabela 1: Capacidade de animais. Local Capacidade Giro Ano Capacidade Anual Guaiçara 12500 2 25000 Sabino 30000 2 60000 Arunã 47500 2 95000 Total 90000 - 180000 Fonte: Comapi Agropecuária Ltda., 2007. Fonte: Comapi Agropecuária Ltda., 2008. Figura 6: Capacidade de animais. 4.1.6 A importância do confinamento para o grupo Bertin A importância do confinamento para o Grupo Bertin, segundo o gerente da Comapi é para suprir a necessidade do grupo em um período estratégico que vai do fim de maio ao começo de Dezembro. Através de seus três confinamentos, o Grupo Bertin consegue suprir suas necessidades e cumprir seus contratos, pois neste período o mercado sofre com a lei da procura e da 72 oferta, pois há muita procura de bois e pouca oferta, assim o preço da arroba sobe, proporcionando, assim, um alto custo na aquisição de animais, pois o Bertin, estrategicamente, compra estes animais em uma época que o preço da arroba do boi está com uma cotação baixa, tornando o negócio mais viável, lucrativo e competitivo. 4.2 A sistemática utilizada na Comapi Todas as compras de gado, bem como as despesas relacionadas ao rebanho, seriam transferidas no final do mês para a conta Estoque de Bovinos, o que faria com que o valor do rebanho fosse recebendo as valorizações em função de novas compras e o valor dos custos relacionados ao plantel. Este controle seria individualizado por propriedade (ou filial). Os lançamentos serão feitos sempre considerando o valor do custo médio do mês anterior. 4.3 Características dos animais confinados pela Comapi 4.3.1 Dieta alimentar Os animais passam por vários processos desde a sua chegada até sua saída, quando os animais dão entrada no confinamento são feitos vários procedimentos. Na fase inicial do processo de alimentação dos animais é feita uma dieta nos 3 primeiros dias para a adaptação do animal para que não haja intoxicação dos animais, conforme tabela 2. Tabela 2: Cronograma de dieta inicial 73 Dieta de Adaptação Inicial duração 3 dias Insumos Preço (Kg) Qtd/dia Custo/Dia Custo Período Bagaço R$ 0,020 2,010 Kg R$ 0,040 R$ 0,121 Polpa R$ 0,320 1,670 Kg R$ 0,534 R$ 1,603 Milho R$ 0,380 2,420 Kg R$ 0,920 R$ 2,759 Capim R$ 0,020 9,240 Kg R$ 0,185 R$ 0,554 Casca R$ 0,330 0,840 Kg R$ 0,277 R$ 0,832 Uréia R$ 1,100 0,065 Kg R$ 0,072 R$ 0,215 Torta R$ 0,470 0,500 Kg R$ 0,235 R$ 0,705 BTP R$ 2,040 0,031 Kg R$ 0,063 R$ 0,190 Sal R$ 0,240 0,018 Kg R$ 0,004 R$ 0,013 Rolo R$ 0,050 1,000 Kg R$ 0,050 R$ 0,150 Sulfato de Amônia R$ 1,110 0,015 Kg R$ 0,017 R$ 0,050 17,809 Kg R$ 2,397 R$ 7,191 Total Fonte: Comapi Agropecuária Ltda, 2008 Depois deste processo surge o processo de intermediação da fase inicial de adaptação até a fase definitiva. Esta dieta dura 3 dias, onde vai acostumando o animal para o processo final de engorda. Tabela 3: Cronograma de Dieta intermediário Dieta de Adaptação Intermediária duração 3 dias Insumos Preço (Kg) Qtd/dia Custo/Dia Custo Período Bagaço R$ 0,020 1,660 Kg R$ 0,033 R$ 0,100 Milho R$ 0,380 2,660 Kg R$ 1,011 R$ 3,032 Polpa Cítrica R$ 0,320 2,000 Kg R$ 0,640 R$ 1,920 Torta R$ 0,470 0,800 Kg R$ 0,376 R$ 1,128 Casca de Soja R$ 0,330 1,330 Kg R$ 0,439 R$ 1,317 BTP R$ 2,040 0,036 Kg R$ 0,073 R$ 0,220 Capim R$ 0,020 4,720 Kg R$ 0,094 R$ 0,283 Sal Comum R$ 0,240 0,022 Kg R$ 0,005 R$ 0,016 Uréia R$ 1,100 0,080 Kg R$ 0,088 R$ 0,264 Rolo R$ 0,050 1,600 Kg R$ 0,080 R$ 0,240 Sulfato de Amônia R$ 1,100 0,020 Kg R$ 0,022 R$ 0,066 14,928 Kg R$ 2,862 R$ 8,586 Total Fonte: Comapi Agropecuária, 2008 Já no terceiro processo, o animal já adaptado à dieta de adaptação, será dada a dieta definitiva até o final do processo, que pode ser vista na tabela 4. 74 Tabela 4: Cronograma de Dieta definitiva Dieta Definitiva duração 85 dias Insumos Preço (Kg) Qtd/dia Custo/Dia Custo Período Bagaço R$ 0,020 1,710 Kg R$ 0,034 R$ 2,907 Milho R$ 0,380 3,680 Kg R$ 1,398 R$ 118,864 Polpa Cítrica R$ 0,320 3,500 Kg R$ 1,120 R$ 95,200 Torta R$ 0,470 2,030 Kg R$ 0,954 R$ 81,099 Casca de Soja R$ 0,330 1,130 Kg R$ 0,373 R$ 31,697 BTP R$ 2,040 0,060 Kg R$ 0,122 R$ 10,404 Sal Comum R$ 0,240 0,030 Kg R$ 0,007 R$ 0,612 Uréia R$ 1,100 0,120 Kg R$ 0,132 R$ 11,220 Sulfato de Amônia R$ 1,100 0,030 Kg R$ 0,033 R$ 2,805 Água - 2,900 Kg - Total - 15,190Kg R$ 4,174 R$ 354,807 Fonte: Comapi Agropecuária, 2008 4.3.2 Manejo O manejo é uma das primeiras etapas, de extrema importância para os animais desde sua entrada até a saída. Quando os animais chegam à fazenda já se deparam com um sistema de manejo apropriado com funcionários capacitados, com uma infra-estrutura adequada para atender as normas do sistema europeu. O confinamento implantado na Comapi foi o projeto de um curral em curva para que os animais não vejam o final para não se estressarem. Fonte: Os autores Figura 7: Curral em curva. 75 O piso possui trilhos antiderrapantes para que não haja perdas, as quais seriam: um animal quebrar a perna ou sofrer hematomas, assim, ficava desclassificado. Fonte: Os autores Figura 8: Piso antiderrapantes Todos os animais são pesados, marcados, brincados, rastreados e separados em lotes de acordo com seu peso, idade e sexo, buscando um aperfeiçoamento sobre o controle dos animais adquiridos. Após o processo inicial os animais são encaminhados aos piquetes numerados, que possuem um cocho de água e um de alimentação. 4.3.3 Rastreabilidade Segundo o veterinário quando os animais chegam ao confinamento, são selecionados e separados em lotes conforme sua idade, sexo e raça, Após esses procedimentos os animais são pesados, marcados e brincados a fazenda possui uma parceria com a empresa Biorrastro que é credenciada pelo Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (SISBOV). 4.4 Custos do confinamento 76 4.4.1 Custos de aquisição dos animais A empresa possui um ótimo plano de compras, onde se leva em consideração desde o preço pago pela arroba no dia até o meio de transporte utilizado, pois tudo isto gera custos de aquisição. De certa forma, pode-se dizer que os custos de aquisição são os mais importantes, pois os resultados das compras geram um grande impacto nos seus lucros. Com um plano de compras bem elaborado, os custos de aquisição serão os menores possíveis, fazendo com que boa parte de seus ganhos acontecem no ato da compra, quando compra-se por um preço menor por causa da época, pois há muita oferta e pouca procura. Depois de confinados, os animais são vendidos na época (maio a setembro), com valores mais elevados. Geralmente adquirem-se animais com o peso médio de 13 arrobas cada quinze quilo corresponde a uma arroba. Como podemos ver na tabela 1, o custo de compras do gado varia de acordo com o valor da arroba que varia diariamente, somado ao frete por cabeça relacionado ao transporte dos animais. Para se efetuar uma boa compra é necessário, além de um preço baixo no valor da arroba, comprar dos produtores mais próximos, economizando com fretes e perdas no caminho. O gado geralmente é comprado por lotes fechados, para se aproveitar um menor valor de aquisição, onde nem todos os animais são selecionados variando de acordo com o custo/benefício que trará ao confinamento, para isto a empresa conta com bons compradores que conseguem realizar compras eficientes de acordo com o planejamento do confinamento. 4.4.2 Custos com alimentação Na Comapi, o sistema de custo da alimentação é uma das ferramentas fundamentais para o sistema de confinamento. Inicia-se todo o processo logo que os animais entram no confinamento. 77 A empresa conta com terceirização. A Nutron é a responsável pelo balanceamento e dieta da ração dos animais. Logo no primeiro dia dos animais em confinamento, os animais recebem uma dieta de adaptação composta por volumoso de cana de açúcar. Do segundo ao sexto dia, quando os animais já estão adaptados com a dieta composta por cana de açúcar, é dado bagaço de cana e caroço de algodão. A partir do sétimo dia até completar o ciclo de 90 dias, os animais se alimentam da dieta acima mencionada, porém com um volume maior. Em relação a compras de matéria prima, a empresa procura sempre as melhores ofertas, buscando sempre diminuir seu custo. Praticamente uma boa parte destes custos concentra-se na alimentação, que, comprando em volumes maiores, ou seja, grande quantidade, a empresa consegue melhores negociações nas compras adquiridas melhores resultados com um custo melhor, elevando a rentabilidade do negócio. Pode-se notar a diferença de valores entre o preço de aquisição dos insumos utilizados para alimentação da Comapi em relação ao mercado atual, conforme tabelas 5 e 6, onde nota-se uma variação muito grande entre os valores, dando a empresa uma vantagem em relação aos custos da concorrência, obtendo assim um maior rendimento sobre seus animais, aumentando sua faixa de lucro. Tabela 5: Cronograma de Dieta da Comapi Dieta Definitiva duração 85 dias Insumos Preço (Kg) Qtd/dia Custo/Dia Custo Período Bagaço R$ 0,020 1,710 Kg R$ 0,034 R$ 2,907 Milho R$ 0,380 3,680 Kg R$ 1,398 R$ 118,864 Polpa Cítrica R$ 0,320 3,500 Kg R$ 1,120 R$ 95,200 Torta R$ 0,470 2,030 Kg R$ 0,954 R$ 81,099 Casca de Soja R$ 0,330 1,130 Kg R$ 0,373 R$ 31,697 BTP R$ 2,040 0,060 Kg R$ 0,122 R$ 10,404 Sal Comum R$ 0,240 0,030 Kg R$ 0,007 R$ 0,612 Uréia R$ 1,100 0,120 Kg R$ 0,132 R$ 11,220 Sulfato de Amônia R$ 1,100 0,030 Kg R$ 0,033 R$ 2,805 Água R$ - 2,900 Kg R$ - R$ - 15,190Kg R$ 4,174 R$ 354,807 Total Fonte:Comapi Agropecuária, 2008 78 Tabela 6: Cronograma de Dieta de outras empresas Dieta Definitiva duração 85 dias Insumos Preço (Kg) Qtd/dia Custo/Dia Custo Período Bagaço R$0,046 1,710 Kg R$0,079 R$6,715 Milho R$0,40 3,680 Kg R$1,47 R$124,950 Polpa Cítrica R$0,40 3,500 Kg R$1,40 R$119,00 Torta R$0,62 2,030 Kg R$1,26 R$107,10 Casca de Soja R$0,38 1,130 Kg R$0,43 R$36,55 BTP R$2,040 0,060 Kg R$ 0,122 R$10,404 Sal Comum R$0,27 0,030 Kg R$0,008 R$0,68 Uréia R$1,20 0,120 Kg R$0,144 R$12,24 Sulfato de Amônia R$1,02 0,030 Kg R$0,031 R$2,635 Água R$ 2,900 Kg R$ 15,190Kg R$5,65 - Total - R$ - R$420,274 Fonte: Cooperativa Sul Brasil, 2008 Como pode ser observada a diferença entre os valores é significativa, pois há uma economia de aproximadamente 26% no valor compra da alimentação, diminuindo assim seus custos e aumentando a rentabilidade, pois a alimentação é responsável por aproximadamente 85% das despesas totais dos animais. 4.4.3 Custo com mão-de-obra O custo de mão-de-obra da empresa é composto desde sua administração até os funcionários que lidam com os animais. A empresa conta com uma mão-de-obra especializada para cada setor da cadeia produtiva, com isto acaba trazendo menores custos. Estes custos são rateados proporcionalmente a cada animal que dá saída do confinamento para o abate. No período que não há animais confinados, não há custos com a mão-de-obra ligada ao objetivo principal, havendo apenas o custo com a manutenção da estrutura específica, ou seja, somente os custos com pessoal e administrativo. 79 4.3.4 Custo do estoque de insumos A empresa possui um galpão de estocagem no qual se armazena toda a parte de insumos e matéria-prima para a dieta alimentícia dos animais. Os estoques possuem um controle bem planejado para não haver perdas ou gastos desnecessários com sua estocagem, pois manter um estoque de insumos parado significa um custo maior e desnecessário à empresa, aumentando assim sua eficiência no controle de custos do confinamento. Mantendo seus estoques controlados a Comapi economiza em todos os aspectos que diz respeito a estocagem de insumos para gado, mantendo uma alimentação de ótima qualidade, proporcionando ao gado maior aceitabilidade da ração oferecida pelo fato de haver uma renovação constante e controlada destes insumos. 4.5 Resultado final do confinamento De acordo com os as figuras, 9, 10, 11, 12, 13, 14 e 15 são demonstrados os resultados obtidos confinamento. Fonte: Comapi Agropecuária Ltda., 2007. Figura 9: Lucro por cabeça. através das analises sobre o 80 Fonte: Comapi Agropecuária Ltda., 2007. Figura 10: Custos. Fonte: Comapi Agropecuária Ltda., 2007. Figura 11: Lucro ou prejuízo por animal. Esses dois gráficos representam os custos por cabeça, como pode ser observado o mês de setembro houve uma elevação nos custos por cabeça e o valor de venda não acompanhou, se manteve com pouca variação ao mês anterior e por isso foi constatado o prejuízo de R$ 4,74 por cabeça. 81 Fonte: Comapi Agropecuária Ltda., 2007. Figura 12: Custos da @ produzida. O custo da arroba produzida consiste nas somas de todos os custos fixos e operacionais durante todo o período que o gado ficar confinado, como podemos notar nesse gráfico é que o mês de setembro houve um notável aumento que pode ser justificado com o aumento com o período de dias que o gado ficou confinado, um gasto maior com ração e em seus custos operacionais, já no restante dos meses como agosto e outubro, estiveram no patamar médio e seu custo de produção esteve no patamar normal que variou entre R$ 60,00 a R$ 65,00. Fonte: Comapi Agropecuária Ltda., 2007. Figura 13: Lucro prejuízo da @produzida. 82 Fonte: Comapi Agropecuária Ltda., 2007. Figura 14: Classificação da Gordura. Esses aumentos do custo da arroba produzida no mês de setembro pode se justificar pelo grande aumento na classificação de gordura, que praticamente dobrou comparado ao mês anterior e posterior. Mas o preço de venda não reagiu conforme o aumento dos custos da arroba se manteve num patamar de R$ 59,50, acarretando uma perda de 19,45%. Fonte: Comapi Agropecuária Ltda., 2007. Figura 15: Lucro líquido. 83 A Empresa Comapi Agropecuária, registrou um lucro correspondente aos meses de Ago/2007, Set/2007, Out/2007 o valor de R$ 111.681,07. É um valor expressamente relevante, mas se for comparado com o grau de rentabilidade do capital investido, esse valor corresponde somente 0,94%, um valor que se for analisado com outras formas de rendimento no mercado, como por exemplo, o rendimento da poupança que gira em torno de 0,70% a.m, a média de rendimento mensal do confinamento foi 0,31% a.m, muito abaixo com outras formas de investimento do mercado. O confinamento da Comapi visa gerir todas as necessidades do Frigorífico Bertin, talvez seja por isso que por ocupar uma posição importante na fase de suprimentos de gado bovino em uma época estratégica do ano, tendo uma fundamental importância para que o Bertin cumpra seus contratos comerciais, a Comapi não vise muito o retorno do lucro e sim um valor de retorno para manutenção como um todo de seu complexo e bem estruturado sistema de confinamento. 4.6 Discussão Analisando–se os processos desenvolvidos na empresa, pode-se constatar que o confinamento serve exclusivamente para atender às necessidades do frigorífico para que a Empresa Bertin cumpra com seus contratos o ano inteiro, pois no período de entressafra é o período que o confinamento ganha grande importância para o grupo. Observa–se que o confinamento tem um objetivo importante que é o ganho de peso dos animais, com isto, obtendo um melhor ganho de carcaça, que será de suma importância para a qualidade da carne que a empresa exporta e distribui para o mercado interno. 4.7 Parecer final Após a pesquisa na empresa Comapi Agropecuária Ltda., na unidade da 84 Fazenda Florida, constatou-se que os objetivos propostos foram alcançados, o Grupo consegui atingir o objetivo. Através de sua estrutura, os métodos comuns aplicados em confinamento e gerenciamento de custo em busca de um melhor resultado, foram utilizados da melhor maneira possível, apresentando uma boa compra de animais, reduzindo o custo com alimentação, mas sem deixar de fornecer o que o animal precisa para obter melhor qualidade na sua carcaça, que é o primordial para o Grupo. Assim o confinamento consegue fornecer animais com extrema qualidade, a um custo reduzido e em quantidades necessárias para que o Bertin possa cumprir com seus contratos, e fornecendo para seus clientes um produto com excelente qualidade. 85 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO Após a realização de estudos na empresa Comapi, chega-se a um consenso e conclui-se que o ponto a ser melhorado na empresa está ligada à infra-estrutura, pois em relação à tecnologia está em um nível satisfatório, mas não pode-se qualificá-la como tecnologia de ponta, porque atualmente existem confinamentos mais modernos, com novas tecnologias implantadas, como por exemplo: a) cobertura dos piquetes; b) cochos são adequados às exigências zootécnicas, para obter melhor obtenção de menor desperdício dos alimentos dos animais; c) climatizastes são chuveiros instalados em todos os piquetes, que são necessários para o bem-estar do animal, em dias que as temperaturas estão elevadas. Vale à pena ressaltar que o confinamento da Empresa Comapi, na unidade da fazenda Flórida foi a primeira instalação de confinamento implantado pela empresa Bertin, em 1999, por isso pode-se justificar a sua defasagem com o modelo de confinamento moderno, ao qual já foi revisto pela própria empresa e implantados nos confinamentos de Sabino/SP e Arunã/GO. Acredita-se que aprimorando o sistema de custos existente dentro da empresa, adequando a eficácia em procedimentos internos, modernizando sua infra-estrutura e seu melhoramento genético, a empresa conquistará melhor controle sobre seus desperdícios, diminuindo gradativamente seus custos com insumos e despesas operacionais e aumentando sua rentabilidade sobre o capital investido neste sistema de confinamento, podendo melhorar seu desempenho na engorda do animal e em sua infra-estrutura, alcançando a eficácia do rendimento da carcaça e obtenção de um melhor padrão de qualidade da carne de acordo com a exigência de mercado e obtendo os melhores padrões de qualidade, satisfaz as exigências dos consumidores do mercado interno e externo. 86 CONCLUSÃO Com base na pesquisa realizada na empresa Comapi Ltda Fazenda Florida conclui-se que o objetivo do trabalho proposto foi atingido. A empresa esta totalmente ligada ao agronegócio com vários segmentos de destaque no cenário nacional e internacional. O confinamento é de fundamental importância para o Grupo Bertin, pois em determinada época do ano, é seu diferencial estratégico no tratamento, engorda e busca de padronização da qualidade da carne, pois, proporciona animais com uma boa qualidade para que o grupo consiga cumprir com suas obrigações, além de buscar um melhor resultado para o Grupo Bertin, contando com um excelente sistema de compra, sistema este, que seleciona a melhor época para adquirir o gado por menor preço e em tempo de proporcionar o tratamento para que o gado atinja sua excelência em qualidade de carne. Possui um rigoroso sistema de custos, onde cada vez mais objetiva a redução de seus custos, fazendo as combinações de seus insumos, versos custos e volume, quer dizer, equilibra a alimentação do gado da forma correta, mas buscando em sua composição o melhor custo benefício, proporcionando uma rentabilidade satisfatória. Observa-se que o modelo de confinamento usado pelo Grupo Bertin além de obter o resultado como unidade de negócio, serve como marketing e ferramenta para divulgação e negociação junto aos seus clientes. Estes ao conhecer o confinamento, se deparam com um tratamento excepcional e uma qualidade diferenciada. O trabalho agregou ao grupo uma grande parcela de conhecimento, uma vez que o tema pesquisado esta em plena ascensão, levando aos interessados sobre a matéria informações que serão de grande utilidade, adequado a pesquisas futuras. Podendo estar aberto a profissionais de todas as áreas de interesse. 87 REFERÊNCIAS ARAÚJO, M.J. Fundamentos de agronegócios. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2005. CALDERELLI, A. Enciclopédia contábil e comercial brasileira. 30. ed. São Paulo: CETEC, 2005. CARDOSO, E. G. Confinamento de bovinos. Campo Grande, Mato Grosso do Sul, 28 jun. 2000. Disponível em: <http://www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/n aoseriadas/cursosuplementacao/confinamento/> Acesso em: 28 ago. 2008. CATELLI, A. Controladoria: uma abordagem da gestão econômica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2006. CENTRO oeste paulista ganha pólo de pesquisa dos agronegócios. Instituto de Economia Agrícola, [200_]. Disponível em:<http://www.iea.sp.gov.br/OUT /verTexto.php?codTexto=666> Acesso em: 28 ago. 2008. CREPALDI, S.A. Curso básico de contabilidade de custos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2004. DUTRA, R. G. Custos: uma abordagem prática. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. GUTIERREZ, C. O caminho do bem estar. Globo Rural. Rio de Janeiro, n. 267, p. 10-11, jan. 2008. IUDÍCIBUS, S. Contabilidade gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2006. LEONE, G.S.G. Curso contabilidade de custos. 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São Paulo: Atlas, 2004. 89 APÊNDICES 90 APÊNDICE A – Roteiro de estudo de caso 1 INTRODUÇÃO Expor a importância da gestão de custos no setor pecuarista, e como ela é importante para se ter uma idéia sobre qual setor qual setor da pecuária é o melhor para se investir. 2 RELATO DO TRABALHO REALIZADO REFERENTE AO ASSUNTO ESTUDADO a) Demonstrar a rentabilidade do confinamento em relação a outras áreas de mercado. b) Depoimento do gerente, contador e dos demais profissionais da área. 3 DISCUSSÃO Será observado o investimento em relação ao retorno do confinamento de gado, comparado com outras atividades do ramo pecuarista a se investir. 4 PARECER FINAL SOBRE O CASO E SUGESTÕES SOBRE MANUTENÇÃO OU MODIFICAÇÕES DE ALGUNS PROCEDIMENTOS. 91 APÊNDICE B - Roteiro de observação sistemática I – IDENTIFICAÇÃO 1 Empresa:..................................................................................................... 2 Localização:................................................................................................ 3 Atividade Econômica:.................................................................................. II – ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS 1. Histórico da empresa:................................................................................. 2. Relatórios gerenciais:.................................................................................. 3. Balanço Patrimonial:................................................................................... 4. Recursos Físicos:........................................................................................ 92 APÊNDICE C - Roteiro de entrevista com o gerente I – IDENTIFICAÇÃO 1 Formação:................................................................................................ 2 Tempo de atuação na área:..................................................................... 3 Profissão.................................................................................................. II – PERGUNTAS ESPECÍFICAS: 1 Quais as perspectivas de mercado futuro na cria de bovinos em confinamentos? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 2 Qual a meta de rendimento da carcaça que a empresa visa alcançar, visando uma melhor qualidade da carne? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 3 Como é feito o controle de custos? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 4 A raça influencia no preço do gado na hora da venda? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 5 O que é mais vantajoso comprar gado para confinar, ou trabalhar com cria, recria e engoda para confinar? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 6 A empresa já teve ou tem planejamentos futuros para o mercado? ............................................................................................................................... 93 ............................................................................................................................... 7 Confinar é um bom investimento ou existe outra atividade, já prevista para uma rentabilidade melhor? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 94 APÊNDICE D - Roteiro de entrevista com o contador I – IDENTIFICAÇÃO 1 Formação:............................................................................................. 2 Tempo de atuação na área:.................................................................. 3 Profissão.................................................................................................. II – PERGUNTAS ESPECÍFICAS 1 Qual o principal ponto a se considerar sobre o sistema de custeamento implantado na empresa? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 2 Qual a interferência dos custos na gestão de confinamento? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 3 Através de qual método é feito o sistema de custos da empresa? ......................................................................................................................................................... ......................................................................................................................................................... 4 A margem de lucro da empresa é saudável? ......................................................................................................................................................... ......................................................................................................................................................... 5 Quais as principais fontes de despesas que o balanço da empresa apresenta? ......................................................................................................................................................... ......................................................................................................................................................... 6 Os investimentos da empresa estão gerando lucratividade? ......................................................................................................................................................... ......................................................................................................................................................... 95 APÊNDICE E - Roteiro de entrevista com os empregados I – IDENTIFICAÇÃO 1 Formação:............................................................................................. 2 Tempo de atuação na área:.................................................................. 3 Profissão.................................................................................................. II – PERGUNTAS ESPECÍFICAS 1 Qual o seu papel no processo da empresa? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 2 Qual o horário que a alimentação do gado segue? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 3 Como é feita a higiene dos currais do confinamento? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 4 Como o manejo do gado é feito para que não fiquem estressados? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 5 É seguido rigorosamente um horário diário para alimentação do gado? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 6 Qual o principal instrumento para lidar com o gado sem que ele se traumatize? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 96 APÊNDICE F - Roteiro de entrevista com profissionais da área I – IDENTIFICAÇÃO 1 Formação:............................................................................................. 2 Tempo de atuação na área:.................................................................. 3 Profissão.................................................................................................. II – PERGUNTAS ESPECÍFICAS 1 Qual a diferença entre animais castrados e não castrados para o efetivo ganho de peso? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 2 Quais os tipos de doenças mais comuns que pode afetar o gado confinado? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 2 Existe alguma raça especifica ou um padrão de raça no Brasil para se confinar, que garanta uma melhor qualidade da carne? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 4 Quais os cuidados essenciais que se deve obter com os animais no sistema de confinamento? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 5 Qual a importância da implantação da política do bem estar do animal? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 97 6 Qual sua visão sobre o sistema de manejo dos currais que utilizam o sistema europeu? ............................................................................................................................... .............................................................................................................................. 98 APÊNDICE G – FOTOS ILUSTRATIVAS Foto 1: Entrada da fazenda Florida. Foto 2: Misturadeira de ração. 99 Foto 3: Estoque de Bagaço de cana. Foto 4: Certificação EUREPGAP. 100 Foto 5: Foto aérea da Comapi. Foto 6: Alimentação do gado. 101 Foto 7: Animais confinados. Foto 8: Confinamento. 102 ANEXOS 103 104 105 106