Ibmec São Paulo Certificate in Business Administration – CBA Ibmec São Paulo Certificate in Business Administration – CBA Eduardo de Sá Silva Eduardo de Sá Silva Plano de negócios para um fundo florestal PLANO DE NEGÓCIOS PARA UM FUNDO FLORESTAL São Paulo 2014 São Paulo 2014 Eduardo de Sá Silva Plano de negócios para um fundo florestal TCC apresentado ao curso CBA, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Especialista em Gestão de Negócios do Ibmec São Paulo. Orientador(a): Prof(ª). Ana Paula Miotto São Paulo 2014 Resumo SILVA, Eduardo de Sá. Título do TCC: Plano de negócios para um fundo florestal. São Paulo, 2013. 43p. TCC – Certificate in (Business Administration. CBA ou Financial Management. CFM ou Marketing Management. CMM) Ibmec São Paulo Ativos florestais são investimentos tangíveis e, geralmente, com altas taxas de retorno ajustado ao risco e baixa volatilidade no portfolio do investidor. Os fundos florestais com elevada taxa de retorno investem em projetos de madeira que possuí alto valor agregado, porém o ciclo de receita é longo, trazendo retorno somente em longo prazo. Já os fundos florestais de ciclos de retorno mais curtos não apresentam elevada taxa de retorno. Neste trabalha é proposto um fundo que composto por um mix de espécies de diferentes ciclos. O mix proposto para conseguir um fundo com múltiplos ciclos de receita é combinar a liquidez e prazo curto de investimento em eucalipto, com uma TIR um pouco mais elevada em um prazo mais longo da teca. Palavras-chave: fundo florestal. eucalipto. teca. plantio. operação florestal. Sumário 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 4 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................... 6 2.1. SEGMENTOS DE CLIENTES ........................................................................... 7 2.2. PROPOSTA DE VALOR .................................................................................. 7 2.3. CANAIS ...................................................................................................... 7 2.4. RELACIONAMENTO COM OS CLIENTES ........................................................... 8 2.5. FONTES DE RECEITAS.................................................................................. 8 2.6. RECURSOS PRINCIPAIS ................................................................................ 9 2.7. ATIVIDADES-CHAVES ................................................................................... 9 2.8. PARCERIAS PRINCIPAIS................................................................................ 9 2.9. ESTRUTURA DE CUSTOS ............................................................................ 10 3. DESCRIÇÃO DO NEGÓCIO PROPOSTO .................................................. 11 3.1. PROPOSIÇÃO DE NEGÓCIO ........................................................................ 12 3.2. VISÃO GERAL DO NEGÓCIO ....................................................................... 14 4. SEGMENTOS DE CLIENTES ...................................................................... 18 5. PROPOSTA DE VALOR .............................................................................. 19 6. CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO ....................................................................... 24 7. RELACIONAMENTO COM CLIENTES ....................................................... 27 8. FLUXO DE RECEITAS ................................................................................ 30 9. RECURSOS CHAVE ................................................................................... 32 10. ATIVIDADES CHAVE ................................................................................ 36 11. PARCERIAS CHAVES .............................................................................. 38 12. ESTRUTURA DE CUSTOS ....................................................................... 39 13. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .................................................... 43 14. REFERÊNCIAS .......................................................................................... 44 1. INTRODUÇÃO Ativos florestais são investimentos tangíveis e, geralmente, com altas taxas de retorno ajustado ao risco e baixa volatilidade no portfolio do investidor. Os fundos florestais com elevada taxa de retorno investem em projetos de madeira que possuí alto valor agregado, porém o ciclo de receita é longo, trazendo retorno somente em longo prazo. A combinação entre projetos florestais de arvores com madeira de alta rentabilidade e alto ciclo de receita, com projetos de arvores de ciclo relativamente curto e maior liquidez de venda, faz do fundo proposto neste estudo uma atrativa oportunidade de investimento florestal. A proposta do TCC é fazer um plano de negócios de uma empresa que fará a administração dos ativos e gestão florestal do fundo proposto. No final do trabalho será apresentado o estudo de viabilidade do fundo, um comparativo com os outros fundos florestais do mercado e o retorno do capital investido na empresa que fará a gestão deste fundo. O mix proposto para conseguir um fundo com múltiplos ciclos de receita é combinar a liquidez e prazo curto de investimento em eucalipto, com uma TIR um pouco mais elevada em um prazo mais longo da teca. Investimentos em eucalipto são concretos e tangíveis, agregando valor ao ativo, do clone até o produto final da madeira, e realizando a venda da terra no final do ciclo. A madeira de teca tem alto valor agregado e é uma forte demanda de países emergentes da Ásia, os principais produtos finais para essa madeira são: pisos, decks, batentes (portas e janelas), móveis, indústria naval. Além disso, o eucalipto é uma madeira com perspectiva futura favorável sustentada por dois pilares: vantagens competitivas locais e demanda crescente. Já o mercado de teca tem tendência otimista, influenciado pela oferta restrita para amplo mercado comprador, aumento de preço acima da inflação e ótimas condições para plantação no Brasil. No Brasil, o padrão de mercado é apresentar propostas de fundos utilizando eucalipto ou pinus, pois a oferta da madeira dessas espécies tem destino garantido na indústria nacional de papel e carvão, sendo cotados em torno de 4 R$ 50,00 o metro cúbico, enquanto uma madeira de Lei como a da teca tem valor de mercado em torno de U$$ 1.500,00 o metro cúbico, portanto um preço pelo metro cúbico 60 vezes maior que o eucalipto e o pinus. Resumindo, o estudo proposto é de alta relevância, pois estrutura um plano de negócio baseado em uma alternativa para o mercado de investimentos, através de um produto tangível, reunindo projetos florestais em teca, com um ciclo de 21 anos e uma TIR média de projetos em 17,6%, e eucalipto, com ciclo de 6 anos e TIR média de projetos de aproximadamente 10%, porém com menor risco. 5 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Osterwalder e Pigneur (2009) criaram uma estrutura que organiza um modelo de negócio em nove elementos que se inter-relacionam, este modelo é sequencial e proporciona que um modelo de negócio possa ser criado de uma maneira bem didática. Este modelo é chamado de Business Model Canvas. Segundo Gonçalves (2012), no método em questão, as empresas exploram a interelação entre os nove elementos: segmentos de clientes, proposições de valor, canais de distribuição, relacionamento com clientes, fontes de energia, recursos-chave, atividades chave, rede de parceiros e estrutura de custos, para apresentar o bom funcionamento de um negócio, que é devido à relação entre os elementos. A construção do modelo de negócio do fundo foi baseado no modelo criado por Osterwalder e Pigneur (2009), os nove elementos ordenas são ilustrados abaixo. Figura 1: Modelo Canvas Fonte: Business Model Generation 6 2.1. Segmentos de clientes Segundo Osterwalder e Pigneur (2009), os clientes compreendem o coração de qualquer modelo de negócio. Sem clientes rentáveis, nenhuma empresa pode sobreviver por muito tempo. Uma empresa pode agrupá-los em segmentos distintos, respeitando suas necessidades comuns, seus comportamentos comuns, ou outros atributos comuns. Uma boa organização deve fazer uma decisão consciente sobre quais segmentos deve atender e quais deve ignorar. Uma vez tomada a decisão, um modelo de negócio pode ser perfeitamente elaborado entendendo as necessidades específicas de cada um desses clientes. Outros aspectos podem ser utilizados para agrupar os clientes em distintos segmentos como as ofertas, os canais, os tipos de relacionamento, a lucratividade e os valores que eles movimentam. 2.2. Proposta de valor Segundo Osterwalder e Pigneur (2009), a proposição de valor é a razão por que os clientes voltam para uma empresa em detrimento de outra. Cada proposta de valor consiste em um pacote de produtos ou serviços que satisfaz às exigências de um segmento de clientes específico. Algumas Proposições valor pode ser inovador e representam uma nova oferta. Outros podem ser semelhantes às ofertas existentes no mercado, mas, se assim for, devem possuir características ou atributos diferentes das dos concorrentes a fim de obter alguma diferenciação. 2.3. Canais Segundo Osterwalder e Pigneur (2009), os canais podem ser de comunicação, de distribuição e de vendas e compreendem uma interface da empresa com os clientes. Canais podem servir várias funções, incluindo: • Sensibilizar os clientes sobre a empresa, produtos e serviços • Ajudar os clientes a avaliar Proposta de Valor da empresa • Permitir que os clientes comprem produtos e serviços específicos • Entrega de uma proposta de valor para os clientes 7 • Fornecer suporte ao cliente pós-venda Segundo Gonçalves (2012), Os canais ainda podem ser classificados em diretos e indiretos ou parceiros e proprietários. 2.4. Relacionamento com os clientes A empresa deve esclarecer o tipo de relacionamento que quer estabelecer com cada segmento de clientes. Então, de acordo com Osterwalder e Pigneur (2009), relacionamentos com os clientes pode ser impulsionados pelos seguintes motivos: • aquisição do cliente • retenção do cliente • impulsionar as vendas (upselling) Nos primeiros dias de uma empresa, por exemplo, relacionamentos devem ser impulsionados por estratégias de aquisição de clientes. Quando o mercado se torna saturado, as empresas devem concentrar esforços em estratégias de retenção de clientes e aumentar a receita média por cliente. 2.5. Fontes de receitas A empresa deve se perguntar: Por qual o valor cada segmento de clientes está verdadeiramente disposto a pagar? Segundo Osterwalder e Pigneur (2009), responder com sucesso essa pergunta permite que a empresa consiga gerar um ou mais fluxos de receitas para cada segmento de clientes. Cada fluxo de receita pode ter mecanismos de preços diferentes, tais como tabela fixa preços, negociação, leilão, preço fixado pelo mercado, pelo volume ou por rendimento gerado. Um modelo de negócio pode envolver dois tipos diferentes de fontes de receita: • receita de transações decorrentes de contribuições únicas. • receitas recorrentes, resultantes de pagamentos com determinada frequência. Cada segmento de cliente contribui de uma maneira e com uma certa importância com a receita do negócio. Algumas formas de gerar receita são 8 através da compra de recursos ou pagando uma taxa de uso, taxa de assinatura, aluguel ou licenciamento. 2.6. Recursos principais Osterwalder e Pigneur (2009), também determinaram em seu modelo, que cada negócio exige recursos-chave específicos. Estes recursos são fundamentais para que uma empresa possa oferecer uma proposta de valor, alcançar mercados, manter relações com os segmentos de clientes e obter receitas. Recursos-chave podem ser físicos, financeiros, intelectuais ou humanos. Recursos-chave também podem ser próprias ou arrendadas pela empresa ou adquirida de parceiros-chave. 2.7. Atividades-chaves Cada negócio possui suas atividades-chave e de acordo com Osterwalder e Pigneur (2009), os esforços devem estar concentrados em relacionar somente as ações mais importantes que a empresa deve ter para operar com êxito. Como Recursos-chave, elas são dedicadas a criar e oferecer uma proposta de valor, alcançar os mercados, manter relacionamentos com os clientes, e ganhar receitas. Atividades que não estejam relacionadas a esses 5 objetivos, são atividades de apoio, que também são importantes para o bom funcionamento da empresa, mas não criam nenhum diferencial perante os concorrentes. 2.8. Parcerias principais Parcerias são importantes por diferentes razões, mas podem se transformar em alimento indigesto por muitos motivos, dentre o principal se estiverem desalinhados quanto à proposta de valor, aos mercados alvos, aos relacionamentos com os clientes, e as expectativas de receitas propostos no modelo de negócio. Segundo Osterwalder e Pigneur (2009), empresas criam alianças para otimizar seus modelos de negócios, reduzir o risco, ou adquirir recursos. Podemos distinguir quatro tipos de parcerias diferentes: 9 • alianças estratégicas entre não concorrentes • parcerias estratégicas entre concorrentes (competição) • joint ventures para desenvolver novos negócios • relações comprador-fornecedor para garantir o abastecimento confiável (contrato de fornecimento) 2.9. Estrutura de custos Osterwalder e Pigneur (2009) propuseram um bloco para descrever os custos mais importantes incorridos em um modelo de negócio. Criar e entregar de valores, manter relacionamentos com clientes e gerar receita incorre em custos. E segundo os autores, tais custos podem ser calculados com relativa facilidade após a definição de Recursos, atividades e parceiros chaves. Segundo Gonçalves (2012), a estrutura de custos geralmente é formada por custos fixos e custos variáveis. Além disso, com um bom descritivo de custos, pode-se também entender em quais linhas dessa estrutura de custo pode-se alcançar economias de escala ou escopo. 10 3. DESCRIÇÃO DO NEGÓCIO PROPOSTO O Fundo proposto, internamente, é baseado em um modelo de fluxo operacional, gerador de lucro que consiste em: • Incorporação/Arrendamento de Terra • Plantio de Teca e Eucalipto • Manutenção do plantio • Colheita • e Venda. Logo a relação entre as atividades geradoras de despesas: incorporação, arrendamento, plantio, manutenção, colheita e a geradora de receita: venda, definem o resultado desse fluxo operacional. O relacionamento do fundo com o meio externo, ou seja, omercado, se baseia fundamentalmente com três grupos: • Investidores • Fornecedores de ativos, serviços ou produtos • Compradores dos produtos e sub-produtos da colheira e dos ativos Este relacionamento com os três públicos se dá por meio de duas entidades: • Gestora: Atua na divulgação, comunicação, captação de fundos e administração do fluxo financeiro entre fundo e investidores. • Empresa S/A: Responde pela implementação e administração do fluxo operacional, relacionando-se com fornecedores para a aquisição de ativos, insumos e serviços e compradores para a venda do produto final e seus sub-produtos. Ou seja, a Gestora atua no relacionamento institucional do fundo com o mercado e a sociedade anônima mantém o relacionamento operacional com os 11 participantes da cadeia. Na figura abaixo está ilustrado o modelo, sua composição e relacionamento com o mercado. Figura 2: Modelo esquemático do FIP Fonte: Elaboração própria Para garantir a atratividade e a viabilidade do fundo, precisamos analisar a composição de risco/retorno esperada do fundo que deve ser competitiva quando comparada a outros fundos semelhantes do mercado. Para isso precisamos compreender as variáveis operacionais e financeiras do modelo e suas correlações. 3.1. Proposição de Negócio O setor florestal é de grande importância para o Brasil, não só pela extensa cobertura de florestas existente no país, mas também por sua capacidade de geração de emprego e renda. Além disso, o Brasil é um país que apresenta grande competitividade no mercado de produtos florestais, em função de suas 12 características de solo e clima e do desenvolvimento tecnológico obtido na área de silvicultura. Segundo a Food and Agriculture Organization (FAO) (2003), o Brasil está entre os 10 maiores países do mundo em áreas de florestas plantadas. As florestas brasileiras de eucalipto e pinus estão entre as áreas com as maiores taxas de crescimento biológico do mundo, em função do clima e da qualidade do solo no país. Liderada pelo setor de celulose e papel, a indústria consumidora de madeira investiu de forma significativa em tecnologia florestal. Graças a estes investimentos, aliados aos esforços de Universidades Federais e Estaduais e instituições de pesquisa, as florestas plantadas no Brasil apresentam rápido crescimento, excelente produtividade e custos de implantação e manutenção em declínio. A oferta de teca é baseada, principalmente, na exploração de florestas nativas e as maiores fontes naturais estão nos países asiáticos. Entretanto, a oferta de teca nativa destes países é cada vez mais restrita. Como consequência do cenário de redução da oferta de teca nativa, a teca plantada, por sua alta qualidade, vem sendo utilizada como substituição desta e de outras madeiras tropicais nobres. Além disso a madeira de teca tem alto valor agregado e é uma forte demanda de países emergentes da Ásia, Europa e América do Norte. Principais produtos finais são: pisos, decks, batentes (portas e janelas), móveis, indústria naval. Este trabalho procura explorar a oportunidade de se organizar o investimento e a gestão dos ativos florestais por meio de uma empresa especializadas nesta função econômica. O capital necessário para o investimento pertence a investidores institucionais, tais como os fundos de pensão públicos e privados, fundações e indivíduos de alta renda, e será utilizado para adquirir grandes áreas para a plantação de florestas para posterior venda da madeira extraída no mercado aberto. O ambiente macroeconômico influencia diretamente a atratividade dos investimentos financeiros. No Brasil, o desempenho positivo da economia nos últimos anos, com a consequente redução das taxas juros e queda do risco país, tem contribuído para reduzir a atratividade dos retornos de investimentos 13 tradicionais, tais como títulos públicos, e vem tornando o ambiente mais propício a investimentos em ativos alternativos. Nestas condições, os ativos florestais poderão despertar maior interesse por parte dos investidores. 3.2. Visão Geral do Negócio As principais atividades operacionais do fundo são quatro e estão ilustradas na figura abaixo: Figura 3: Fluxo das macro atividades do FIP Fonte: Elaboração própria A primeira atividade consiste em incorporar/arrendar terras de qualidade em regiões estrategicamente bem localizadas, com preço competitivo. A primeira decisão a ser tomada é entre a incorporação ou arrendamento de terra, a vantagem de incorporar a terra é poder usufruir do retorno de sua valorização, contra a necessidade de um capital menor caso a opção de arrendamento seja utilizada. A melhor estratégia é consorciar as duas alternativas, incorporando parte das terras para aproveitar a onda de valorização imobiliária no Brasil e arrendando a outra parte reduzindo a necessidade de capital do investidor. Outra variável importante é a localização da terra, pois o eucalipto tem um mercado local aquecido e com demanda reprimida pela restrição de oferta, por isso é muito importante que as terras adquiridas estejam próximas aos centros de produção. Já a teca possui mercado mais favorável fora do Brasil, impulsionado principalmente pelo mercado de construção civil asiático, moveleiro e naval americano e europeu. Então, para a Teca, a logística de exportação deve ser priorizada na analise de localização. Na figura abaixo pode-se ver o desbalanceamento entre o mercado produtor de teca plantada e o mercado consumidor. 14 Figura 4: Mercado produtor de teca plantada e o mercado consumidor Fonte: Poyry Silviconsult, junho de 2011 Se as florestas escolhidas, para a plantação de Teca e eucalipto, forem no mesmo estado, deve-se observar as sinergias entre as operações. Operações logísticas e de manutenção e plantio de florestas podem se beneficiar com ganhos de escala na contratação de serviços e compra de insumos. A segunda atividade é a escolha de material genético adequado para o tipo de terra e região, e boa alocação de recursos de acordo com o período de plantio. Encontra-se no mercado uma grande variedade de mudas para o plantio florestal de eucalipto e teca, no Brasil há muitos anos se investe no avanço genético de clones e parcerias entre a indústria de pesquisa e fundos florestais são muito comuns. Outro ponto importante é o ciclo de produção de cada espécie: o eucalipto possui ciclo curto, de 6 anos, então o investimento em clones será mais frequente em comparação com a teca, que possui um ciclo de 21 anos, em média. Uma possibilidade para reduzir a frequência de 15 investimento em clones, no caso do eucalipto, é a condução ao invés da reforma de uma floresta, a condução consiste em aproveitar a germinação natural da base do tronco após o corte da parte principal, existe uma pequena perda na produtividade com relação ao plantio de um clone jovem da mesma matriz, mas pode existir uma perda considerável considerando a plantação de um clone mais avançado geneticamente. Porém, além da redução do investimento, essa prática reduz os custos com plantio e manutenção. A terceira atividade é garantir crescimento, qualidade e integridade do ativo florestal até a sua colheita, que é a atividade seguinte, que consiste em cortar e vender a madeira ao melhor preço de mercado e menores custos de logística. O plantio em si, manutenção e colheita são custos essencialmente operacionais e que envolvem uma grande quantidade de mão de obra pouco especializada e geralmente abundante. A comercialização de Teca e Eucalipto tem características bem próprias, a teca é uma maneira utilizada para fins nobres que pode ser vendida em pé, ainda com floresta, no mercado interno para empresas especializadas em sua colheita e revenda, ou diretamente ao mercado externo como toras. Já o eucalipto tem mercado essencialmente local, pois seu valor agregado é menor e para conseguir ser competitivo necessita ser comercializado próximo do mercado consumidor, industrias de celulose, carvão, construção civil, entre outros. Contratos de venda garantida do eucalipto são bem comuns no Brasil, pois como a demanda é reprimida e os investimentos são altos para a formação de uma floresta, muitas empresas, produtoras de celulose ou outros produtos, assinam um contrato de compra futura de madeira. Outro fator importante no estudo são os ganhos e despesas financeiras, a maioria dos fundos fazem um mix entre o capital de quotista e capitais de terceiros adquiridos em forma de divida, com isso tentar minimizar o risco do quotista aumentando o capital disponível. Com isso, existe despesas com o juros destas dívidas e também receita com a aplicação do capital adquirido para giro, manutenção e plantio das florestas. 16 Além dos custos apresentados, ainda devemos observar os custos de manutenção do fundo, remuneração da gestora e administradora, e às variáveis macro econômicas que podem impactar o produto financeiro. • Custo de manutenção do fundo: Custódia; Auditoria; e CVM (Mercado de capitais). • Índices macro econômicos: IPCA (meta); CPI; e Selic. • Remuneração da administradora e gestora: taxa de administração (cobre custos operacionais), taxa de performance (ligado ao resultado do fundo); e percentual sobre o valor captado. 17 4. SEGMENTOS DE CLIENTES De acordo com WHATELY (2008), as florestas plantadas podem ser consideradas um investimento que, de uma só vez, reúne características de um investimento em imóveis, de uma commodity e de um título de renda fixa. É um bem imóvel, pois a área da floresta não deixa de ser um imóvel como outro qualquer, tem características de uma commodity, em função dos preços da madeira que oscilam no mercado organizado e se assemelha a um título de renda fixa, em função da previsibilidade da taxa de crescimento biológico das espécies. Entre as características importantes dos investimentos em ativos florestais estão a localização geográfica das florestas, a variedade de espécies plantadas, o mix de idade das árvores e suas taxas de crescimento biológico. Devido às suas características, as florestas plantadas são um investimento alternativo, que representa um excelente complemento para carteiras com investimentos tradicionais, como ações e títulos de renda fixa. Sua adição nas carteiras pode incrementar os retornos, ao mesmo tempo em que aumenta a diversificação e reduz o risco, criando uma carteira mais eficiente. Além disso, a madeira é uma matéria prima renovável e que cresce naturalmente, a taxas previsíveis de crescimento biológico e oferece flexibilidade para que o momento da colheita seja adequado às condições do mercado. Devido à natureza de longo prazo dos investimentos em ativos florestais, estes fundos exigem que os recursos dos aplicadores fiquem comprometidos por prazos longos. O acesso a fundos florestais também requer um investimento substancial devido sua escalabilidade e por ter características de commodity. O investimento mínimo em fundos exclusivos se encontra no intervalo entre 10 a 100 milhões de reais. Dado essas caraterísticas, geralmente quotas de fundos florestais são adquiridos por fundos de pensão públicos ou privados, e investidores institucionais. Investidores institucionais podem ser, inclusive, empresas consumidoras de madeira, que podem buscar a mitigação de riscos em um mercado de compra de madeira desfavorável. 18 5. PROPOSTA DE VALOR No Brasil, o padrão de mercado para fundos florestais é baseado na cultura de pinus e eucalipto. No fundo proposto, considera-se a combinação de teca e eucalipto formando um mix que compõe um produto com múltiplos ciclos de receita, em diferentes mercados e com possível garantia de venda de parte da madeira. O investimento no fundo proporciona vantagens de ambos os ativos, diversificando o risco do investimento, conforme ilustrado na tabela abaixo: Tabela 1: Comparativo entre retorno de fundos florestais Fonte: Elaboração própria baseada em informações de fundos florestais disponíveis no mercado. Combinando a liquides do eucalipto e a alta taxa de retorno da Teca, temos um produto com quatro ciclos de receita e um retorno esperado de 15%. Além disso, temos um produto com baixa exposição monetária, pelo fato de atender mercado interno e esterno, e que atinge vários mercados. Ativos florestais são investimentos tangíveis, com altas taxas de retorno ajustado ao risco e baixa volatilidade, diversificando o portfolio do investidor. Além disso, terra é um investimento tangível e sólido, com histórico de alta 19 valorização em diversas regiões do Brasil. No período de 10 anos, o CAGR real passou 28% no Mato Grosso do Sul. Veja o gráfico abaixo: Gráfico 1: Evolução do preço nominal de terra em diferentes regiões do pais (R$/há) Fonte: Agra FNP, Consultoria e Informações em Agronegócios. Gráfico 2: Retornos históricos acumulados Fonte: National Council of Real Estate Investment Fiduciairies (NCREIF) Os índices usados para o gráfico anterior são: 20 • NCREIF Timberland Index (NCREIF): principal indicador de retorno de investimentos florestais e utilizado globalmente por investidores institucionais. Fonte: National Council of Real Estate Investment Fiduciairies (NCREIF). • Standard & Poors 500 (S&P 500): Índice composto por 500 companhias abertas nos Estados Unidos de acordo com o valor de mercado, liquidez e representatividade na indústria. Fonte: Google Finance. • Consumer Price Index (CPI): É o índice de preços ao consumidor norte-americano. Fonte: Bureau of Labor Statistics, United States Department of Labor. O eucalipto é uma madeira com perspectiva futura favorável sustentada por dois pilares: vantagens competitivas locais e demanda crescente. O Brasil reúne vantagens competitivas para continuar alavancando sua posição florestal no âmbito global: • Disponibilidade de terras produtivas; • Excelentes condições de solo e climáticas; • Potencial de recuperação de áreas degradadas; • Baixos custos de formação e manutenção; • Florestas plantadas de ciclo curto; • Amplo mercado consumidor em contínuo crescimento. A expectativa de produção de celulose, cuja matéria prima principal é o eucalipto, é crescente. Nos próximos anos devem ser inauguradas 15 fábricas de celulose somente no Brasil. Já o mercado de teca tem tendência otimista, influenciado pela oferta restrita para amplo mercado comprador, aumento de preço acima da inflação e boas condições para plantação no Brasil. A teca, diferente de outras espécies de madeira tropical como mogno e ipê, é uma das únicas de alto valor que é bem sucedida em plantios comercias, com características como: 21 • Rápido crescimento e boa forma. • Leveza combinada a resistência e força. • Facilidade de corte e manuseio. • Estabilidade, pois não empena. • É pouco suscetível ao ataque de pragas e doenças, como cupins e outros insetos. • Resistente a incêndios, pois seu tronco reto é revestido por uma casca espessa, que protege a madeira O Brasil apresenta vantagens competitivas importantes para o plantio de teca: • Solos férteis, profundos, permeáveis e com razoável capacidade de retenção de água. • Clima tropical úmido, com verão chuvoso e inverso seco. A oferta de teca é baseada, principalmente, em teca nativa, que é produzida em sua maioria por países asiáticos. Entretanto, a oferta de teca nativa destes países é cada vez mais restrita, enquanto países da américa latina vem aumentando sua participação neste mercado. Gráfico 3: Evolução da participação da área plantada de teca no mundo (%) Fonte: FAO, relatório 2012. 22 O volume de teca plantada deve aumentar para conseguir atender à demanda mundial por madeira tropical. Gráfico 4: População Mundial (milhões) e demanda por madeira tropical (milhões m³) Fonte: Food and Agriculture Organization (FAO) e International Tropical Timber Organization (ITTO). Planted Forests and Trees Working Paper Series, FAO, September, 2009. Além da crescente demanda, o preço da teca no mercado mundial segue tendência de aumento desde 1997. O CAGR real, com base no CPI, é de 4,7%. Gráfico 5: Evolução do preço naminal de teca (US$/m³) Fonte: ITTO. CPI: Bureau of Labor Statistics, United States Department of Labor. 23 6. CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO Identificamos diferentes formas jurídicas para a estruturação de um projeto florestal, uma dessas formas jurídicas será pela qual o fundo irá se comunicar com os clientes. Abaixo podemos observar uma descrição de cada uma delas: I. Fundo de Investimento em Participação - FIP: • Fundo fechado (não é permitido resgate de cotas). • O FIP participa efetivamente do processo de decisão da companhia investida. • Não pode investir em empresas sediadas no exterior, nem imóveis. • Destinado a investidores qualificados (mínimo investido R$300 mil). • Se for distribuído publicamente, o investimento mínimo é de R$ 100 mil. Se for distribuído publicamente com esforços restritos (CVM 476), o mínimo é de R$ 1 milhão. • A carteira é isenta de tributação. • Cotista PJ paga alíquota de 15% sobre os rendimentos. • Para cotista PF a alíquota é zero. • O prazo para a constituição do fundo é a partir de 90 dias. II. Fundo de investimento imobiliário – FII: • Fundo fechado (não é permitido resgate de cotas). • Entre outras restrições, o FII não pode investir em ativos localizados no exterior. • Destinado a investidores qualificados (mínimo investido R$300 mil). • Se for distribuído publicamente, o investimento mínimo é de R$ 100 mil. Se for distribuído publicamente com esforços restritos (CVM 476), o mínimo é de R$ 1 milhão. • A carteira, em geral, não é tributada. • Em geral, a alíquota é de 20% sobre os rendimentos. Entretanto, se o FII tiver mais de 50 investidores PF, os que não tiverem mais de 10% das cotas do fundo, tem isenção de IR. • O prazo para a constituição do fundo é a partir de 90 dias. 24 III. Sociedade de Propósito Específico – SPE: • Consecução de um objeto social específico. • Corresponde a uma hipótese típica de desconsideração da personalidade jurídica, tanto que essas empresas, quando são constituídas, o são, única e exclusivamente, para desenvolver uma ação ou um projeto de interesse exclusivo de seu controlador. • Estrutura mais informal do que um FIP. • No caso de usar uma SPE para oferta de investimento, é preciso tomar cuidado para a oferta ser realmente privada, ou seja, não deve-se realizar esforços públicos de vendas, como publicações em jornais, envio de material publicitário para diversos investidores. IV. Certificado de Recebíveis do Agronegócio - CRA • Título de crédito nominativo, de livre negociação, representativo de promessa de pagamento em dinheiro emitido com base em lastro de recebíveis originados de negócios entre produtores rurais ou suas cooperativas, e terceiros. • Inclui financiamentos ou empréstimos relacionados com a produção, comercialização, beneficiamento ou industrialização de produtos ou insumos agropecuários ou de máquinas e implementos utilizados na produção agropecuária. • No Brasil, em janeiro de 2011, o volume de CRA no mercado era de R$ 350 milhões. (Fontes: Instruções nº 391, 476, 500, 409 da CVM; Lei 11.973/2004; LRNG Advogados.) O modelo escolhido foi o FIP, pela CVM 476, pois é uma opção mais estruturada que as demais, com custos e prazo de constituição baixa. Além disso, o FIP é a única opção estruturada onde o fundo pode participar efetivamente do processo de decisão da companhia investida, o que é 25 fundamental para que os gestores do fundo participem diretamente no controle desta empresa. Para a capitalização do fundo, o registro e aprovação do fundo na CVM deverão ser feito. A partir disso pode-se dar inicio a comercialização das cotas do fundo, tralhando junto com as corretoras que venderão as cotas e apresentando a oportunidade de investimentos para os clientes potenciais. 26 7. RELACIONAMENTO COM CLIENTES Descrição completa dos tipos de relacionamento que a empresa irá estabelecer com os Segmentos de Clientes especificados. Considerar: • Relacionamentos com Clientes influenciam profundamente a experiência dos clientes • Podem variar de pessoal a automatizado • O que motiva esses Relacionamentos : • Aquisição de clientes • Retenção de clientes • Aceleração / aumento de vendas • Alternativas / Exemplos • Atendimento Pessoal • Self Service • Comunidades • Co-criação • Serviços Automáticos • Atendimento Pessoal Dedicado A estrutura de governança desenvolvida garante que os interesses de todos os stakeholders estejam alinhados. Os investidores, que são os clientes do fundo, têm como responsabilidade realizar os aportes de investimento nos momentos definidos e deverão acompanha resultados do fundo, para isso terão direito a três lugares no Comitê de Investimento. Desta forma poderão monitorar a evolução do FIP e acompanhar o recebimento de dividendos ao longo do prazo do FIP e de acordo com critérios pré-estabelecidos no regulamento. A gestora/administradora do Fundo será a responsável por realizar a comunicação com os investidores e fará o controle das reservas do Fundo e controlará a empresa investida. Logo será responsável por: • Registro e aprovação do fundo na CVM • Garantir aportes de capital do fundo. 27 • Entidade jurídica que realiza as transações financeiras entre o fundo e os fornecedores • Realizar auditorias/fiscalização nas empresas operadoras. • Liquidar as operações do fundo no seu encerramento. • Alocar recursos investidos nas respectivas contas. • Receber auditorias. • Preparar relatórios sobre desempenho do fundo. • Ministrar reuniões de comitê. Como remuneração, a gestora /administradora receberá taxas administrativas proporcionais ao capital investido e uma remuneração por performance em forma de dividendos. Além das entidades citadas, ainda será criada uma entidade jurídica que responderá pela implementação e administração do fluxo operacional, são atividades desta empresa: • Relacionar-se com fornecedores para a aquisição de ativos, insumos e serviços. • Relacionar-se compradores para a venda do produto final e seus subprodutos. • Comprar e vender as terras do fundo. • Selecionar a compra/arrendamento da terra. • Entregar mudas com melhor material genético para o tipo de plantação e local. • Plantar, fazer a manutenção e colher as árvores. • Comercializar a madeira. • Participar do Comitê de Investimento. Logo a estrutura de governança terá a seguinte estrutura: 28 Figura 5: Estrutura de Governança Fonte: Elaboração própria 29 8. FLUXO DE RECEITAS A empresa gera valor com a valorização de ativos florestais e imobiliários ao longo do projeto. Os fluxos de financeiros e de ativos está demonstradro na figura a seguir: Figura 6: Fluxos financeiros Fonte: Elaboração própria No topo do fluxo estão os investidores e uma instituição financeira, que garantirão o aporte de recursos financeiros no fundo. Optou-se pelo uso de uma instituição financeiro para reduzir a dependência de capital “próprio”, de cotistas ou investidores, o que reduz o custo de capital. Tanto os investidores, quanto a financeira, receberão a remuneração do capital investido de acordo com as regras do FIP ou da regra do financiamento. A Gestora/Administradora tem a missão de gerenciar o fluxo financeiro e de outros bens, aplicando ou distribuindo os excedentes e provendo recursos para cobrir despesas ou garantir os investimentos necessários na Empresa S/A. Toda a receita de vendas vem da venda de madeira (Teca ou Eucalipto) ou venda dos terrenos utilizados na operação. A Gestora/Administradora será remunerada por uma taxa administrativa, para cobrir suas despesas com a 30 operação de gestão do fundo e terá uma remuneração variável de acordo com o resultado do fundo comparado com um Benchmark. As maiores despesas do fundo serão com a compra de terra, com os investimentos na operação (CAPEX) e despesas operacionais (OPEX), e estas despesas estão centralizadas na empresa S/A. Considerou-se, também, uma margem de atratividade para internalizar a operação: management fee, que corresponde um percentual do OPEX. 31 9. RECURSOS CHAVE O projeto é suportado basicamente pela boa disponibilidade e valorização de dois ativos: imobiliário e floresta. O Brasil possui vantagens competitivas com relação a esses dois itens, pois possui excelente disponibilidade de terras produtivas, excelente condições de solo e climáticas, condições naturais que favorecem o baixo custo de formação e manutenção de plantações, amplo mercado consumidor localizado próximo as áreas produtivas e muitas empresas especializadas em desenvolvimento de clones de alta qualidade. No total, o Brasil possui 4.873.958ha de área produtiva, com terras de ótima qualidade e com diferentes condições climáticas. Figura 7: Área produtiva do Brasil Fonte: Associadas individuais e coletivas da Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (ABRAF), 2012 Para o plantio de Teca e Eucalipto, as exigências de solo são diferentes. O eucalipto requer que a terra esteja a um raio máximo de 400 km, para manter um preço atrativo por que seu mercado é essencialmente local, solos 32 profundos com textura do solo média ou argilosa, e precipitação mínima de 800 mm por ano. A expectativa de produção de celulose, cuja a matéria prima é o eucalipto, é crescente, pois nos próximos anos devem ser inauguradas 14 fábricas: • 2014: Suzano (Imperatriz, MA), Fibria (Três Lagoas II, MS), CMPC (Guaíba II, RS) e Klabin (Paraná) • 2016: Suzano (Piauí) e Lwarcel (Lençóis Paulistas, SP) • 2017: Eldorado (Três Lagoas, MS) • 2018 e posterior: Braxcel (Peixes, TO), Eldorado (Três Lagoas, MS), Veracel II (Eunápolis, BA), Cenibra (Belo Oriente, MG), Suzano (Mucuri, BA), Suzano (Maranhão ou Piauí) e Fibria (Barra do Riacho, ES) A expectativa de produção de celulose, cuja a matéria prima é o eucalipto, é crescente, pois nos próximos anos devem ser inauguradas 14 fábricas Já a Teca necessita de terras mais úmidas, com precipitação media de 1500 mm por ano, menos profundas e com alta temperatura durante o ano, acima de 20⁰C. No Brasil, as regiões que melhor se adequam ao plantio de teca são: Pará, Maranhão, Piauí, Mato grosso e Tocantins. Além disso, as terras não devem se localizar no bioma amazônico, pois o percentual médio destina a reservas legais podem ultrapassar 50%. A produção de eucalipto vem crescendo vigorosamente e os clones são os mais produtivos do mundo, chegando à 40 m³ por hectare ano para a espécie. Gráfico 6: Evolução da área Plantada de eucalipto no Brasil (mil há) 33 Fonte: ABRAF, Anuário 2012 Gráfico 7: Comparação do IMA de eucalipto no mundo Fonte: ABRAF, Anuário 2012 Os clones brasilerios de teca também sõ os mais produtivos, com o menor ciclo de colheita, inferior à 25 anos, e maior produtividade, 19 m³ por hectare ano. Gráfico 8: Ciclo histórico de colheita de teca (anos) Fonte: Food and Agriculture Organization (FAO) e International Tropical Timber Organization (ITTO). Planted Forests and Trees Working Paper Series, FAO, September, 2009. 34 Gráfico 9: IMA histórico de teca (m³/há/ano) Fonte: Food and Agriculture Organization (FAO) e International Tropical Timber Organization (ITTO). Planted Forests and Trees Working Paper Series, FAO, September, 2009. 35 10. ATIVIDADES CHAVE As atividades da empresa foram divididas em quatro grandes grupos: gerenciamento da terra, operação de plantio e colheita, relacionamento com o mercado e relacionamento com investidores. O gerenciamento da terra reúne as atividades de compra, venda e escolha da localização dos terrenos utilizados para o cultivo das florestas. Sendo que a Terra é um investimento tangível e sólido, com histórico de alta valorização em diversas regiões do Brasil. No período de 10 anos, o CAGR real1 passou 28% no Mato Grosso do Sul. Logo a boa escolha da terra influenciará no resultado da emrpesa. Gráfico 10: Evolução do preço nominal de terra em direfentes regiões do pais (R$/há) Fonte: Agra FNP, Consultoria e Informações em Agronegócios. A operação de plantio e colheita está ligada as operações de plantio, manutenção e colheita das florestas. Todo o custo envolvido nesta etapa é proporcional a área plantada e influencia diretamente na produtividade da terra, pois deve garantir a escolha de material genético adequado para o tipo de terra e região, boa alocação de recursos de acordo com o período de plantio, controlar o crescimento e qualidade das florestas, garantir a integridade deste ativo e cortar a madeira no momento adequado. 36 O relacionamento com o mercado basicamente concentra a venda da madeira, que deve ser feita de maneira distinta para teca e eucalipto, pois eucalipto essencialmente atenderá a demanda do mercado local para manter a competitividade logística, a demanda brasileira é crescente e para mitigar o risco do não abastecimento de suas fábricas, esse mercado oferece a opção de compra antecipada de ativo. Já o mercado de Teca deve atender a demanda global para maximizar seu preço que segue tendência de aumento desde 1997. O CAGR real, com base no CPI, é de 4,7%. Gráfico 11: Evolução do preço noinal de teca (US$/m³) Fonte: CAGR real: taxa composta de crescimento anual; IPCA foi utilizado como deflator (4,5%). Preço da teca: ITTO. CPI: Bureau of Labor Statistics, United States Department of Labor. O Relacionamento com o investidor deve ser feito através de regras e critérios que devem ser claros e fundamentados em argumentos e contratos sólidos. Então a função desta atividade é garantir coerência, clareza e transparência nos papéis e relacionamentos entre as partes envolvidas no fundo. O investidor espera que a composição de risco/retorno esperada do fundo seja competitiva quando comparada a outros fundos semelhantes do mercado e exige transparência nas apresentações de resultado e aplicação de seus recursos. 37 11. PARCERIAS CHAVES Um dos grandes riscos de investimento em eucalipto é garantir a compra da madeira para o uso específico pelo comprador, que deve estar localizado na mesma região, no final do período. Por isso a melhor estratégia a ser seguida é vender o ativo antecipadamente, através de um contrato de venda futura de parte do eucalipto do projeto. Isso pode ser feito após decido em qual região a plantação será feita. As maiores oportunidades para se firmar um acordo de compra antecipada são em regiões onde fabricas de celulose serão inauguradas: Maranhão, Mato grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Paraná, Piauí, São Paulo, Tocantins, Bahia, Minas gerais e Espirito Santo. O investidor ainda assim tem a possibilidade de ter ganhos exponenciais com o aumento do preço, deixando parte da madeira produzida a ser comercializada no mercado. Outras parcerias que deverão ser criadas são com fornecedores de serviços e produtos que serão utilizados na operação de plantio e colheita. Muitas atividades necessitarão de insumos e prestadores de serviços capacitados em grande quantidade e estes devem ser bem escolhidos, principalmente para o fornecimento de recursos chaves. Figura 8: Estrutura dos Stakeholders Fonte: Elaboração própria 38 12. ESTRUTURA DE CUSTOS Será necessário descrever a estrutura de custos da Gestora/Administradora do Fundo e da empresa S/A. A estrutura de custos da Gestora/Administradora é apresentada abaixo. Tabela 2: Estrutura de custos da Gestora/Administradora Time Gestor Financeiro CVM Especialista Florestal - Sênior RI Analista SG&A Preparação, convocação e registro de reuniões de Comitês RI - Comunicação Acompanhamento do Investimento Honorários advocatícios Contabilidade Relatórios Setoriais e Revistas Aluguel, Condomínio & IPTU Energia, Telefone e Internet Material de escritório Limpeza Motoboy Impostos sobre receita (Lucro Real) ISS (2%) PIS/COFINS (9,25%) Fonte: Elaboração própria As despesas com Time é composta basicamente com a remuneração e benefícios das pessoas envolvidas nas atividades de administração do fundo. SG&A são as despesas do escritório que será montado para apoiar essa operação. E por ultimo serão cobrados impostos que representa 11,25% do faturamento. Além disso, a Gestora/Administradora deve arcar com alguns investimentos iniciais necessárias para montar o fundo, que estão listadas a seguir: • Placement Agent • MOU 39 • Análise do veículo de investimento • DD de ativos imobiliários • Despesas com Road Show A estrutura de custos da Empresa S/A concentrasse na operação com a compra de clones, plantio, manutenção das florestas, colheita da madeira e arrendamento de terra se for necessário. O arrendamento de parte da terra pode ser uma opção a compra para reduzir a dependência de capital de investidores, que exige maior rentabilidade. Tabela 2: Estrutura de custos da Empresa S/A Despesas operacionais Compra de clones Plantio Manutenção das florestas Colheita da madeira Arrendamento de terra (se houver) SG&A Sales G&A Fonte: Elaboração própria Os custos com SG&A estão separados em Sales, despesas com recursos qur realizarão a venda da madeira, e Gestão&Administração, que cobrirão despesas com as áreas de apoio a operação. Para estimar o resultado do fundo, foi criado um simulador e serão apresentados abaixo os primeiros 3 anos do resultado, que concentram o maior volume de despesa, e os últimos 3 anos, pois concentram os anos com maior faturamento com a venda de madeira. 40 Tabela 3: Fluxo de caixa da Empresa S/A Fonte: Elaboração própria O Fluxo de caixa operacional é o fluxo de caixa do projeto, que exige um investimento nos três primeiros de aproximadamente R$210 milhões, com uma TIR de 15,5%. Tabela 4: Fluxo de caixa do Quotista e TIR FLUXO DE CAIXA NOMINAL EM BRL 2013 Fluxo de Caixa do Operacional (mil R$) VPL do Projeto @ IPCA + Benchmark (mil R$) TIR do Projeto - Fluxo de caixa do Acionista (mil R$) Custos do FIP (mil R$) Fluxo de Caixa do Quotista (mil R$) VPL do Quotista @ IPCA + Benchmark (mil R$) TIR do Quotista - 2014 2015 FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL 94.216,33 59.000,73 R$ 232.427,86 15,5% FLUXO DE CAIXA DO QUOTISTA 94.216,33 59.000,73 9.470,91 6.560,56 103.687,24 65.561,29 R$ 140.472,49 13,7% 2035 2036 2037 56.871,93 900.438,70 1.590.526,20 658.257,83 56.871,93 6.533,07 63.405,00 900.438,70 15.719,85 884.718,85 1.590.526,20 284.942,94 1.305.583,26 658.257,83 135.346,76 522.911,07 Fonte: Elaboração própria Após descontar os custos do FIP, ou seja, os custos da Gestora/Administradora, a TIR chega em 13,7%, que é um resultado aderente ao resultado dos outros fundos disponíveis no mercado. 41 Figura 9: Resultado de fundos do mercado Fonte: Elaboração própria baseada em informações de fundos florestais disponíveis no mercado. 42 13. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Baseado nas informações apresentadas no projeto, podemos concluir que ativos florestais são investimentos tangíveis e concretos, com altas taxas de retorno e baixa volatilidade no portfolio do investidor. Este projeto apresenta um fundo florestal com vantagens e uma composição de risco/retorno competitiva quando comparada a outros fundos semelhantes do mercado. Isso é possível com a combinação atrativa de mix de produtos (eucalipto e teca), que traz a combinação de liquidez e prazo curto de investimento em eucalipto e um retorno mais elevado em um prazo mais longo de teca. A combinação de teca e eucalipto no mix compõe um produto com múltiplos ciclos de receita, em diferentes mercados e com garantia de venda de parte da madeira. O eucalipto é uma madeira com perspectiva futura favorável sustentada por dois pilares: vantagens competitivas locais e demanda crescente. O mercado de teca tem tendência otimista, influenciado por três principais fatores: amplo mercado importador, porém com oferta restrita; e aumento de preço acima da inflação. Como o cenário macroeconômico é favorável a investimentos alternativos à renda fixa, o Plano de negócios apresentado se torna viável desde que observados as seguintes recomendações. • Operação das plantações deve ser realizada por uma equipe especializada, podendo considerar a terceirização deste serviço. • Alinhamento de interesses com o investidor e relacionamento pautado em regras e critérios claros, sendo registrados em contratos sólidos. • Necessidade de expertise na compra e/ou arrendamento de terra. • Critério na escolha das mudas plantadas, que devem ser adquiridas de empresas com histórico de anos dedicados ao desenvolvimento e melhoria genética. • Contrato futuro de compra de parte da madeira de eucalipto, garantindo preço e retorno ao investimento. 43 14. REFERÊNCIAS AGRA FNP, Consultoria e Informações em Agronegócios. Disponível em: <http://www.informaecon-fnp.com/publicacoes/2>. Acesso em 10 jun 2013. ASSOCIADAS INDIVIDUAIS E COLETIVAS DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRODUTORES DE FLORESTAS PLANTADAS (ABRAF), Anuário Estatistico da ABRAF 2012. Disponível em: <http://www.abraflor.org.br/estatisticas/ABRAF12/ABRAF12-BR.pdf>. Acessado em: 10 jun 2013. BUREAU OF LABOR STATISTICS, United States Department of Labor, índice CPI. Disponível em: <ftp://ftp.bls.gov/pub/special.requests/cpi/cpiai.txt>. Acessado em: 17 jun. 2013. FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION. State of the World's Forests, Rome, 2003. Disponível em: <ftp://ftp.fao.org/docrep/fao/005/y7581e/y7581e00.pdf>. Acessado em 06 jun.2013. FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION. State of the World's Forests, Rome, 2012. Disponível em: <http://www.fao.org/docrep/016/i3010e/i3010e.pdf>. Acessado em 06 jun.2013. 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