ESTILO DE VIDA DE ADULTOS JOVENS: SUBSÍDIO À EDUCAÇÃO EM SAÚDE
PELO ENFERMEIRO NO ÂMBITO ESCOLAR
O estilo de vida da atualidade configura-se como um somatório dos maus hábitos
alimentares (horários irregulares, por exemplo), das atividades laborais com pouco
esforço físico e que ocupam todo o dia, da oferta abundante de alimentos
industrializados e de baixo custo que substituem a alimentação saudável, além de
outras transformações socioeconômicas que, juntos contribuem pra o aumento
progressivo de sobrepeso/obesidade e adoecimento cardiovascular em todo o
mundo. Nesse contexto, essa pesquisa teve como objetivo descrever o estilo de vida
dos adultos jovens escolares de Fortaleza-Ceará como subsídio para a educação
em saúde realizada pelo enfermeiro na escola. Tratou-se de um estudo descritivo,
quantitativo, realizado com 126 adultos jovens de Fortaleza-Ceará matriculados em
Escolas Estaduais do referido município. Foi aplicado um questionário referente ao
estilo de vida, validado para adultos jovens brasileiros e que contemplavam as
seguintes dimensões: família e amigos, atividade, nutrição, cigarros e drogas, álcool,
sono, cinto de segurança, estresse e sexo seguro, tipo de comportamento,
introspecção e trabalho. Os dados foram processados em um software específico e,
para a análise, utilizou-se o cálculo de frequências simples e percentual para as
variáveis categóricas, bem como a média e desvio-padrão da idade. Ademais, o
referido estudo foi aprovado em comitê de ética sob parecer de número
263.271/2013 e seguiu todos os aspectos ético-legais de pesquisas envolvendo
seres humanos. Os resultados mostraram que os jovens tinham média de idade de
20,90 anos (+ 1,27), pouco mais da metade era do sexo feminino (53,2%) e católicos
(54,0%). Foi observado ainda que grande parte era da raça parda (64,3%), a maioria
era solteiro (79,4%) e a grande maioria não tinha filho (82,5%) e morava em casa
de alvenaria (86,5%). Em relação ao estilo de vida dos adultos jovens, pouco mais
de um terço (33,3%) tinha quase sempre alguém para conversar as coisas que eram
importantes para eles, um quarto afirmou quase sempre dar e receber afeto (25,4%).
No que concerne a variável atividade, observou-se que mais da metade era
vigorosamente ativo em menos de 1 vez por semana pelo menos durante 30
minutos diários (53,2%) e pouco mais de um terço era moderadamente ativo
(37,3%). Com relação à variável nutrição, foi percebido que pouco mais de um terço
quase nunca comia uma dieta balanceada (38,9%) e usava pelo menos 4 itens
frequentemente com excesso açúcar, sal, gordura animal, bobagens e salgadinhos
(30,2%), bem como afirmou estar no intervalo de 2 quilogramas (kg) do peso
considerado saudável (36,5%). No que concerne ao uso de cigarro e drogas, foi
verificado que grande parte não tinha fumado nenhum cigarro nos últimos 5 anos
(69,8%), a grande maioria relatou nunca ter feito uso de drogas como maconha e
cocaína (90,5%), a maioria nunca abusou ou exagerou no uso de remédios (75,4%)
e quase a metade ingeriu 1 a 2 vezes por dia bebidas que continha cafeína (46,0%).
No que concerne a variável álcool, observou-se que grande parte ingeriu em média
de 0 á 7 doses de álcool por semana (69,8%), nunca bebeu mais de 4 doses em
uma ocasião (69,8%) e a maioria nunca dirigiu após beber (81,0%). Com relação à
variável sono, estresse, cinto de segurança e sexo seguro, verificou-se que pouco
mais de um terço quase sempre dormia bem e se sentia descansado (32,5%) e era
capaz de lidar com o estresse algumas vezes do dia-a-dia (34,9%). Apenas 25,4%
relaxava e desfrutava algumas vezes do tempo de lazer. Além disso, a metade
sempre usava o cinto de segurança (50,8%) e sempre praticava sexo de modo
seguro (57,9%). Com relação à variável tipo de comportamento, quase a metade
aparentou estar com pressa algumas vezes (42,1%) e pouco mais de um terço se
sentiu com raiva e hostil algumas vezes (35,7%). No que concerne a variável
introspecção, foi observado que 42,9% dos adultos jovens quase sempre pensavam
de forma positiva e otimista, onde 34,1% algumas vezes se sentiam tenso e
desapontados. Contudo, foi verificado que 32,5% dos jovens algumas vezes ou
quase nunca se sentiam tristes e deprimidos. Com relação ao trabalho/atividade, foi
observado que 30,2% deles quase sempre estavam satisfeitos. A população adulta
jovem constitui um público-alvo privilegiado para estratégias de marketing da
indústria do consumo e lazer. Como consequência, há o aumento da ingestão de
alimentos ricos em gordura e açúcar, pobres em frutas e vegetais, os chamados fastfoods. O lazer encontra-se voltado para atividades que requerem pouco esforço
físico, como passar muito tempo navegando na internet, conversando com amigos
virtuais. A atividade laboral também tem contribuído para a diminuição do esforço
físico, restringindo o trabalho à operação de um computador. A partir dos dados
coletados permitiu concluir que os adultos jovens são vulneráveis no que diz respeito
às questões individuais, já que apresentam um estilo de vida permeado por hábitos
prejudiciais à saúde evidenciados por pouca ou ausência da pratica de atividades
assim também como hábitos alimentares irregulares. No entanto, questões sociais e
programáticas devem ser levadas em consideração e podem estar influenciando
esse estilo de vida, que tem como base as desigualdades socioeconômicas, e a
distinção no controle de recursos fundamentais para vida social causando conflitos
entre os estratos sociais, uma vez que tais recursos podem ser adquiridos, como os
planos de saúde, afetando diretamente a vida das pessoas uma vez que há uma
limitação no acesso aos serviços de saúde. Porém o estilo de vida desses escolares
não é apenas uma escolha individual sabendo que num contexto atual a sociedade
em si cada vez mais substitui a atividade física em relação ao trabalho. Infelizmente,
esta não é a realidade, a maioria das pessoas não se engaja em uma atividade
física nas horas livres. Por ironia, a maioria das desculpas que as pessoas
encontram para não adotar hábitos saudáveis é a falta de tempo e, juntamente com
ela, encontram-se os fatores que auxiliam a uma vida sedentária: alimentação
excessiva, inatividade física, fumo e álcool, tensão emocional, estresse. No entanto
a atuação do enfermeiro pode ter um papel significativo na melhora da saúde,
competindo-o mobilizar o adulto jovem na participação de ações visando à melhoria
da qualidade de vida da mesma, na realização de ações de promoção da saúde. O
enfermeiro deve, portanto, buscar desenvolver trabalhos educativos que possibilitem
o resgate da autoestima, a visão crítica sobre alimentação, a propaganda dos
alimentos, a brincadeira e a inclusão social, a partir da identificação dos fatores
predisponentes naquele grupo populacional, promovendo assim melhoria da saúde
dos escolares. Para realizar todas estas atividades, o enfermeiro necessita
desenvolver habilidades técnicas, sensibilidade, reflexão crítica, criatividade, visão
interdisciplinar, cooperatividade, transformando sua prática numa assistência clínica
de qualidade e com resultados deve-se destacar que o enfermeiro precisa acreditar
desejar e criar possibilidades para que a parceria enfermeiro-escola seja efetivada,
possibilitando o desenvolvimento de ações que promovam a saúde e previnam
doenças e que alcancem a população adulta jovem escolar. Portanto, conclui-se que
o conhecimento relacionado a alguns comportamentos e indicadores de saúde em
adultos jovens e suas variações segundo características sociodemográficas e
clínicas selecionadas é fundamental para orientar o desenvolvimento de práticas que
promovam a saúde e subsidiar o atendimento de enfermagem às demandas de
saúde específicas dessa população. Conhecer, acompanhar e promover a saúde
desses grupos etários permitirá a atuação do enfermeiro na prevenção desses
problemas e transformação do futuro na direção de uma sociedade mais saudável,
com diminuição significativa das complicações crônicas nos futuros adultos e idosos.
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