A BUSCA DA QUALIDADE NA EMPRESA AGROPECUÁRIA
Odílio Sepulcri1
1 CARACTERÍSTICAS
DO
SETOR
AGRÍCOLA
E
DA
EMPRESA
AGROPECUÁRIA
Segundo ANDRADE, o setor agrícola apresenta algumas características
peculiares, que o diferencia de outros setores economia. Tais características
são citadas por diversos autores de livros e artigos sobre administração rural.
Mas, é bom relembrar, que a sua existência a adequação dos princípios gerais
da administração, utilizados no setor urbano, para o setor rural.
1.1.
Características peculiares ao setor agrícola
a) Dependência de clima: o clima influencia a maioria das explorações
agropecuárias, em função de suas quatro estações do ano,
determinam todo o ciclo produtivo, principalmente as espécies
vegetais. Estabelece épocas de plantio, tratos culturais, colheitas,
escolha de variedade e espécies animais e vegetais. É a
característica mais citadas pelos autores.
b) Tempo de produção maior que o tempo de trabalho: nos demais
setores da economia, como na indústria, somente o trabalho modifica
a produção. Pode-se dizer que o tempo de produção é igual ao
tempo de trabalho consumido na obtenção do produto final. O
processo produtivo agropecuário se, na maioria de suas fases,
independente da existência do trabalho.
1
Engenheiro Agrônomo, MSc., Mestre em Desenvolvimento Econômico, Especialista em
Gestão da Qualidade, Extensionista do Instituto Emater, Unidade Estadual, Curitiba-PR.
c) Dependência de condições biológicas: o ciclo de produção animal
e vegetal está relacionado às condições biológicas. Elas determinam,
também, a irreversibilidade do ciclo produtivo, não podendo alterar a
seqüência da produção (interromper o desenvolvimento de uma
lavoura substituindo-a por outra). Também, impede a adoção de
turnos de trabalho extra, para acelerar a produção como acontece,
normalmente com outros setores. A pesquisa agropecuária poderá
criar espécies animais e variedades vegetais mais precoces e
produtivas, porém continuam sujeitas às condições biológicas.
d) Terra como participante da produção: na maioria dos setores
produtivos
a
terra
funciona
apenas
como
suporte
para
o
estabelecimento do processo produtivo. Entretanto, na maioria das
explorações agropecuárias a terra participa diretamente do ciclo
produtivo, tornando-se fundamental conhecer o potencial produtivo
da terra (condições químicas, físicas, biológicas e de relevo).
e) Estacionalidade da produção: a dependência das condições
biológicas e climáticas provocam a estacionalidade da oferta,
ocorrendo épocas com excesso e épocas com escassez de produtos
agrícolas. A maioria dos produtos agrícolas, por serem alimentos,
apresenta uma demanda constante para uma oferta estacional,
provocando a necessidade de armazenamento e, em muitos casos,
processamento dos mesmos.
f) Trabalho disperso e ao ar livre: no setor agropecuário, geralmente
não há fluxo contínuo de produção, como ocorre na indústria e uma
tarefa tem correlação processual com a outra. Na agricultura as
atividades estão dispersas por toda a empresa, podendo ocorrer em
locais distintos. Dificilmente há correlação entre um trabalho
executado e outro. Tal situação exige do empresário maiores ações
de planejamento e controle. Outra característica é o trabalho ao ar
livre, que se por um lado é positiva pela inexistência de poluição, por
outro lado, é negativa em função dos aspectos negativos de clima
(frio, calor e chuva). O trabalho disperso e ao ar livre induzem a uma
produtividade mais baixa do trabalhador rural.
g) Incidência de riscos: embora todas as atividades econômicas estão
sujeitas a riscos, na agropecuária os riscos se ampliam, pois as
explorações poderão ser atingidas pelas condições climáticas
desfavoráveis (seca, geada, granizo), pelo ataque de pragas e
doenças e pelo aviltamento de preços de seus produtos.
h) Sistema
de
competição
econômica:
as
características
da
agricultura a submetem a um sistema de competição diferenciado
pelo grande numero de produtores, produtos que apresentam pouca
diferenciação entre si (commodities) e a saída e a entrada de
produtores no negócio pouca altera a oferta total. Isto representa
dificuldades para aproveitar possíveis vantagens da economia de
escala, conseguir controlar os preços dos produtos estabelecidos
pelo mercado.
i) Produtos não uniformes: as condições biológicas e climáticas
dificultam, muitas vezes, a obtenção de produtos uniformes quanto a
forma, tamanho e qualidade. Este fato provoca ao produtor rural
custos adicionais com classificação, padronização, além de receitas
menores em função do menor valor dos produtos que apresentam
qualidade inferior.
Alto custo de saída e de entrada na atividade: a maioria das
explorações agrícolas necessitam de altos investimentos em
maquinaria , benfeitorias, implementos e equipamentos. Ao iniciar um
negócio, os condições adversas de preço de mercado devem ser
suportadas no curto prazo, pois o prejuízo ao abandonar a
exploração poderá ser maior. Este custo de entrada é maior para as
explorações permanentes como a fruticultura e a bovinocultura de
corte.
j) Produção associada: em agricultura a maioria dos produtos não
pode ser produzido sozinho. Até em empresas mais especializadas
não se pode evitar o co-produto, ou seja, os bens provenientes de
um mesmo indivíduo biológico, planta ou animal. Não há a produção
de leite ou ovos sem a produção de carne e esterco. Isto implica na
dificuldade de pensar em produtos isolados de modo a poder limitar a
oferta de um produto em favorecimento de outro e, segundo, pela
dificuldade de se calcular os custos unitários a não ser fazendo
suposições de caráter arbitrário.
Segundo CONTINI et al, (1994, p. 18 e 19), tais características leva a
agricultura a ser uma atividade econômica envolta em muitas incertezas. Ao
plantar uma cultura o agricultor não tem certeza de como vai se comportar o
clima e como serão os preços futuros. Por outro lado, a falta de informações ou
a demora em chegar ao agricultor, preponderantemente nas regiões mais
longínquas, mesmo com a evolução dos sistemas atuais de informações. Em
um ambiente de muitas incertezas o agricultor assume determinados riscos em
sua decisão. Dessa forma, a qualidade da decisão envolvendo sua
racionalidade fica comprometida pelo risco nela envolvido (Holloway 1979,
apud Contini et al). Isto indica que o empresário rural deve assumir ações
gerenciais eficazes, para atenuar e modificar os efeito prejudiciais de cada
características. Mostra, também , como foi citado anteriormente, que as teorias
de administração, ao serem transferidas ao setor rural, devem ser adaptadas
às suas condições.
Pelo exposto, as empresas agropecuárias que atuam na produção
animal e vegetal, se diferem muito das empresas urbanas e industriais pelas
seguintes características:
-
Dependência de clima;
-
Tempo de produção maior que o tempo de trabalho;
-
Dependência de condições biológicas;
-
Terra como fator de produção;
-
Estacionalidade da produção;
-
Trabalho disperso e ao ar livre;
-
Clima, as pragas e doenças como fator de risco;
-
Sistema de competição econômica com características diferenciadas,
com grande número de empresas do mesmo ramo de atividade;
-
Dificuldade na obtenção de produtos uniformes;
-
Produção associada – nas empresas agropecuárias a maioria dos
produtos não podem ser produzidos sozinhos;
Como a maioria das experiências de implantação da qualidade total são
em empresas industriais, essas características impõem a necessidades de
adaptações dos modelos de qualidade total, para as empresas agropecuárias.
2 DIMENSÕES DA QUALIDADE TOTAL
Para BONILLA o conceito de qualidade total é amplo e dinâmico. Em
princípio, ele está ligado à satisfação total do consumidor, eliminando os
fatores que não agradam o consumidor e antecipando suas necessidade
incorporando características detectadas nos produtos e serviços.
Reconhece-se que a qualidade total está composta de cinco dimensões:
a) “Qualidade intrínseca do produto (ou serviço): em sentido amplo,
refere-se especialmente às características inerentes ao produto ou
(serviço) e daí o nome de intrínsecas, capazes de fornecer satisfação
ao consumidor”. Isto implica numa série de aspectos tais como:
ausência de defeitos, adequação ao uso, características agradáveis
ao consumidor, confiabilidade, previsibilidade, etc. No caso de
produtos agrícolas, por exemplo, feijão, esta dimensão de qualidade
pode ser refletida através do conteúdo protéico ou vitamínico;
b) Custo do produto ou serviço: naturalmente que, quanto menor o
preço do produto ou serviço, maior será a satisfação do consumidor.
Mas isso não implica numa relação linear perfeita. Acontece que um
elemento fundamental é o conceito de valor, ou seja, o que o
consumidor estaria disposto a pagar pelo produto (ou serviço).
Portanto, seu preço deverá levar em conta o valor que o produto tem
para o usuário. O ideal é que o preço igual ou algo menor ao valor
estabelecido. O custo dos insumos, tais como combustíveis,
fertilizantes químicos e agrotóxicos é atualmente muito alto. É este,
pois um aspecto de vital importância na avaliação de processos que
levam à melhoria da qualidade na agricultura;
c) Atendimento: o cliente receber o produto no prazo certo, no local
certo e na quantidade certa. Além disso deve ser atendido com boa
vontade cortesia e amabilidade. No caso que corresponda, deve
existir uma boa assistência técnica (por exemplo no tocante a
máquinas agrícolas), assim como pronta devolução dos produtos
defeituosos (por exemplo na agroindústria, latas de óleo de soja ou
de conservas vegetais amassadas). No caso de produtos in natura
sobretudo os perecíveis , o prazo de entrega passa a ser um ponto
vital;
d) Segurança: é fundamental que o produto não ameace a saúde do
consumidor, seja diretamente, através de sua ingestão,
ou
indiretamente, através de tratamentos feitos durante a plantação. Na
agricultura o nível de resíduos tóxicos nos alimentos produzidos,
assim
como
a
poluição
de
solos
e
águas
precisa
necessariamente muito abaixo se queremos falar de qualidade;
estar
e) Moral : refere-se à disposição e motivação que os empregados da
empresa manifestam. Para que isto aconteça “a empresa deve se
esforçar para pagar-lhe bem, respeitando-o como ser humano e
dando-lhe oportunidade de crescer como pessoa e no trabalho,
vivendo uma vida feliz” (Campos, 1992, apud Bonilla, 1994). “Uma
das formas de avaliar o moral é através do nível de absenteísmo”.
BONILLA ressalta que a qualidade total atinge a empresa como um todo,
não só a área da produção. Na realidade a qualidade é um processo circular,
sem começo nem fim. Pela qualidade circulam insumos defeituosos, mão-deobra
despreparada,
projetos
inadequados,
imperfeitos
ou
inacabados,
deficiência de comunicação com o consumidor, e outros. O TQC amplia o
conceito
clássico
de
controle
da
qualidade
(“conformidade
com
as
especificações”, por exemplo, maçã de exportação deve pesar x gramas),
desenvolvendo a idéia de cliente interno, isto é, “cada empregado é cliente do
processo anterior”. As dimensões da qualidade, neste caso seria revertida,
também para dentro da empresa. Por exemplo, na agricultura quem cuida da
plantação é cliente interno de quem efetuou o plantio, quem efetuou o plantio
seria cliente interno de quem fez o preparo do solo, e assim sucessivamente.
Essa visão integrada, sistêmica e holística, leva a uma cadeia de
relações que deve compreendida e atendida.
3 VISÃO ECOSSISTÊMICA DA QUALIDADE TOTAL NA EMPRESA
AGROPECUÁRIA
Para Bonilla a visão ecossistêmica da qualidade total implica em uma
forma diferente de ver a empresa em sua relação com o resto da sociedade.
“Essa forma muda-se do conceito de empresa “ilha” ou “fortaleza” para de
“empresa do ecossistema social” no qual, para que o equilíbrio se mantenha, é
necessária uma troca equilibrada de contribuições e recompensas. Essa visão
ecossistêmica tem um horizonte de longo prazo: em lugar de “maximizar os
lucros”, o enfoque é de otimizar o bem-estar social”. “Agindo dessa forma,
através da ênfase na qualidade e na interação positiva com outros parceiros, o
lucro acabará, como conseqüência, sendo maximizado”.
Os demais parceiros ou públicos da empresa, que também compõem o
ecossistema social, formam parte do conceito de qualidade total, pois é através
de sua interação que os objetivos da empresa são atingidos.
Esses parceiros ou públicos são: Consumidores – a empresa deve
esforçar-se no sentido de identificar e atender as necessidades dos mesmos;
empregados ou colaboradores – dar ênfase à gestão participativa, na
remuneração adequada e no crescimento do ser humano da empresa; a
comunidade – praticar o exercício da responsabilidade social traduzida na
forma de proteção ambiental e outras; fornecedores – os quais devem ser
muito bem selecionados e serem auxiliados em seu desenvolvimento. A
confiança deve substituir a desconfiança; os acionistas ou proprietários –
que integrados harmonicamente com os outros parceiros terão mais a ganhar
com a otimização do sistema da empresa. A qualidade total pratica o jogo
“ganha-ganha” onde todos os públicos ou parceiros podem ganhar.
Segundo CUNHA, “a qualidade total ajusta a organização de modo que
atenda com adequação as necessidades dos seus principais públicos
(stakeholders): os clientes, os proprietários da empresa, os seus empregados,
fornecedores, parceiros e sociedade em geral. Um dos principais resultados da
QT é, portanto, a maior satisfação desses públicos. Mais satisfeitos, serão leais
à
empresa
e
a
defenderão
em
caso
de
crise.
Isto
é
chamada
“institucionalização da organização”. A comunidade não consegue viver sem a
empresa e a defenderá sempre que for ameaçada”.
Para cunha, o conceito de públicos revolucionou a administração e a
filosofia de negócios. “Antes, “a empresa era do dono”, hoje, a empresa existe
para seus públicos”. Competitiva “é a empresa que consegue ter os melhores
trabalhadores, os melhores fornecedores, os melhores clientes (é a empresa
que consegue ter os melhores públicos e a lealdade desses públicos)”.
QUADRO 4 - A EMPRESA COMO COMPONENTE DO ECOSSISTEMA
SOCIAL
PARCEIROS
. Acionistas
. Capital
. Lucros e dividendos
. Preservação do patrimônio
. Clientes
. Dinheiro (através da compra de bens e
serviços)
. Novas necessidades
. Produtos de boa qualidade
. Produtos de boa duração
. Produtos de preço razoável
. Empregados
. Mão-de-obra
. Criatividade (para resolver problemas e
encontrar novas soluções)
. Conhecimento técnico
. Salário justo
. Segurança
. Boas condições de trabalho
. Enriquecimento das tarefas
. Participação nas decisões
. Treinamento e educação
. Comunidade
. Infra-estrutura física
. Sistema educacional
. Sistema de saúde
. Responsabilidade social
. Proteção ambiental
. Melhoria da qualidade de .
Vida
. Outros
(fornecedores,
concorrentes,
governo)
. Vários
. Vários
. Empresa
. Atendimento às necessidades da
sociedade através da produção de
bens e serviços (de boa qualidade e a
preços razoáveis)
. Geração de empregos (com salários
razoáveis e boas condições de
trabalho)
. Cumprimento de sua responsabilidade
social.
. Lucros
. Permanência no mercado
. Crescimento da
comercialização de seus
produtos e serviços
. Imagem alternativa positiva
Fonte: Bonilla,1994, p. 90.
4. CONCEITOS DE QUALIDADE TOTAL NA AGRICULTURA
O conceito tradicional de qualidade na agricultura:
Segundo BONILLA, o conceito tradicional de qualidade na agricultura,
entende a palavra qualidade como associada a certas manifestações físicas
mensurável no produto ou pelo menos detectáveis sensorialmente, sendo
capazes de atestar algum efeito benéfico ou positivo. Por exemplo:
-
Tamanho, peso e/ou aspecto exterior dos produtos hortigranjeiros;
-
Sabor do café;
-
Percentagem de sacarose na beterraba ou cana-de-açúcar;
-
Percentagem de gordura no leite;
-
Produtividade de cereais em kg/há;
-
Produtividade de vacas leiteiras (kg de leite/vaca/ano).
4.1. Conceito Moderno de Qualidade: Qualidade Total
Segundo este conceito, a qualidade não pode ser expressa apenas por
uma variável, por maior que seja seu valor econômico. O conceito de qualidade
é amplo e dinâmico. Em princípio ele está ligado à satisfação do consumidor e
que atendam as cinco dimensões da qualidade, já mencionadas no presente
texto.
Na verdade, por se tratar de Qualidade Total, “ela deve envolver o conjunto
integrado pelo produto e seu contexto, o que inclui todo o processo produtivo
correspondente num sentido amplo”. Caracteriza-se a importância do conteúdo
do processo global e não apenas algumas de suas manifestações isoladas.
Por exemplo: numa fruta , mais importante que seu aspecto, tamanho, peso,
serão, por exemplo as características seguintes:
-
A quantidade de resíduos tóxicos que a mesma possui;
-
Grau de desnaturação que o uso de fertilizantes sintéticos solúveis
lhe têm impingido desequilíbrio nutricional, perdas de características
organolépticas como sabor, aroma, etc.;
-
Alterações da riqueza da vida microbiana, do solo, induzidas por
aqueles insumos, que acabam se embutindo no processo produtivo;
-
Qualidade de elementos nutritivos (vitaminas sais minerais, etc.).
Este tipo de abordagem implica num enfoque completamente diferente,
necessitando reconhecer as necessidades de mercado. Para os alimentos a
atenção deve estar voltada para o teor de nutrientes suficientemente
equilibrados, priorizando a saúde do consumidor. Isto implica, no caso de
produtos alimentares das empresas agrícolas, mudar a atenção de aspectos
quantitativos, econômicos e estéticos para aspectos de bem-estar do
consumidor, passando obrigatoriamente por considerações ecológicas.
5 A EMPRESA AGROPECUÁRIA E SUA RESPONSABILIDADE SOCIAL
Davis e Bloomstrom (1975) apud Bonilla, definiram responsabilidade
social como sendo “a obrigação que têm os administradores de empreender
ações que protejam e desenvolvam o bem-estar como um todo, junto com seus
próprios interesses”. Nesta definição dois aspectos são fundamentais: primeiro,
o de obrigação, que implica num dever moral e o segundo, relativo a
empreender, colocando ênfase na iniciativa voluntária.
Para Bonilla, a conclusão principal deste conceito é de que em lugar de
colocar como objetivo único o da “maximização de lucros”, o novo empresário,
lúcido e atual, o substituirá por “otimização produtiva” onde os lucros, sempre
importantes numa economia de mercado, devem ser combinados com o bem
estar social, contemplando as necessidades da comunidade.
Essa concepção de enfoque holístico, ecossistêmico, de onde surge a
idéia de empresa como componente do ecossistema social, já abordado no
presente texto.
5.1. A
integração
entre
empresa
agropecuária,
qualidade
total,
responsabilidade social e ecológica.
Para
BONILLA,
um
ponto
vital
entre
agricultura,
ecologia,
responsabilidade social e qualidade total ocorre a nível de comunidade. Estes
custos sociais são altíssimos, como se pode verificar no modelo agrícola
prevalecente, considerando apenas os principais:
-
Poluição das águas, do solo e dos alimentos, direta e indireta, devido
a fertilizantes sintéticos e agrotóxicos;
-
Redução mais ou menos drástica de capacidade produtiva do solo
devido a erosão, técnicas inadequadas de preparo do solo,
destruição da flora microbiana uso de monoculturas, etc.;
-
Baixa qualidade dos produtos alimentícios devido à absorção
desequilibrada de nutrientes, excesso de irrigação, resíduos tóxicos,
etc.;
-
Implicâncias sócio-econômicas perversas, sobretudo no tocante a
concentração de rendas, desemprego rural, impacto urbano,
encarecimento dos custos de produção, baixo balanço energético,
etc.
Como conseqüência , a saída é repensar a agricultura em termos
ecológicos.
Para BONILLA, a relação existente entre Qualidade e Agricultura deveria ser
enfocada através de uma abordagem ampla cuja seqüência poderia ser a
seguinte:
1. Reformulação de uma Metodologia Básica de Qualidade Total visando a
sua aplicação na agricultura;
2. Provisoriamente usar o modelo clássico, oriundo da indústria;
3. Redefinir os conceitos e a estrutura básica do TQC (“Total Quallity
Control”) advindo da indústria, adaptando-a à realidade agrícola;
4. Desenvolver exemplos específicos, próprios da Agricultura para cada
conceito básico e para cada aplicação técnica.
5. Análise das mudanças do Modelo Agropecuário decorrente da
implantação da Qualidade Total.
6. Os grandes problemas da Agricultura a serem abordados através do
paradigma da Qualidade Total.
Dentre eles, alguns importantes são: um Plano Mestre de Alimentação;
Avaliação dos Impactos Ambientais da Agricultura; Ensino; Pesquisa e
Extensão de Qualidade: Saúde Humana e Alimentação; Problemas Fundiários,
Armazenagem; Transporte e Distribuição de Produtos Agrícolas; etc.
Em 17 de maio de 1999, através da Instrução Normativa número 007,
publicadas no Diário Oficial da União em 19 de maio de 1999, o Ministério de
Estado da Agricultura e do Abastecimento estabeleceu as normas de produção,
tipificação, processamento, envase, distribuição e de certificação da qualidade
para os produtos orgânicos de origem vegetal e animal, conforme os anexos à
Instrução Normativa. Isso demonstra uma manifestação positiva do governo em
relação à qualidade.
6 QUALIDADE TOTAL NA EMPRESA AGROPECUÁRIA E A GESTÃO
AMBIENTAL – ISO 14000
As normas da série ISO 14000 que tratam dos sistemas de gestão
ambiental compartilham dos princípios comuns estabelecidos para sistemas de
qualidade da série de normas NBR ISO 9000.
Os sistemas de gestão da qualidade tratam das necessidades dos
clientes, os sistemas de gestão ambiental, por outro lado, atendem às
necessidades de um vasto conjunto de partes interessadas e às crescentes
necessidades da sociedade sobre proteção ambiental.
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (1996), as
normas estabelecem os requisitos relativos ao sistema de gestão ambiental ,
possibilitando a uma empresa elaborar políticas e objetivos que levem em
conta os aspectos legais e as informações referentes aos impactos ambientais
relevantes. Elas se aplicam aos aspectos ambientais que possam ser
gerenciados pela empresa e sobre os quais ela tenha influência. As normas
não prescrevem critérios específicos de desempenho ambiental.
As normas da série ISO 14000, segundo a ABNT se aplicam a qualquer
organização que deseje:
-
Implementar, manter e aprimorar um sistema de gestão ambiental;
-
Se assegurar de sua conformidade com sua política ambiental
definida;
-
Demonstrar tal conformidade a terceiros;
-
Buscar certificação/registro do seu sistema de gestão ambiental por
uma organização externa;
-
Realizar
uma
auto-avaliação
conformidade com essas normas.
e
emitir
autodeclaração
de
O grau de aplicação dessas normas dependerá de fatores como a
política ambiental da empresa agropecuária, a natureza de suas atividades e
as condições em que ela opera.
7 POR
QUE
IMPLANTAR
QUALIDADE
TOTAL
NA
EMPRESA
AGROPECUÁRIA
Para BONILLA, há três tipos de motivos:
a) Motivos passados: para as empresas que estão perdendo muito
dinheiro por estarem desatualizadas e desfocadas do mercado. Esta
perda é fruto da má qualidade;
b) Motivos atuais: fruto do aumento da pressão social sobre as
empresas. Os sintomas são: lei de defesa do consumidor; redução
das tarifas alfandegárias; leis de proteção ambiental; projetos de leis
de distribuição de lucros; exigências de padrões internacionais;
adoção de qualidade total em empresas concorrentes, nacionais e
internacionais, tornando-as mais competitivas, etc.;
c) Motivos
futuros:
são
também
de
diversas
naturezas:
desenvolvimento acelerado de mercados comuns, pois as empresas
que não se adaptarem às novas modalidades de mercado não terão
vez; aplicação acelerada da filosofia das e das técnicas da qualidade
total nas empresas concorrentes, reduzindo seus custos de forma
drástica e tornando-as cada vez mais competitivas; aumento
acelerado da conscientização do ser humano para a qualidade.
7.1. Os custos da má qualidade
Os
custos
da
qualidade,
segundo
FEIGENBAUM
(1986),
são
provenientes de: custos do controle (custos de prevenção e custos de
avaliação); custos das falhas do controle (custos de falhas internas e custos de
falhas externas).
Para BONILLA, toda empresa deveria fazer uma auditoria interna para
verificar seus níveis de perdas e concluir se vale a pena permanecer em seu
sistema rotineiro de administrar. Afirma que as perdas alcançam de 20 a 40%
do faturamento, enquanto os custos necessários da qualidade não deveriam
ultrapassar de 3 a 5%.
Tais perdas não ocorrem somente com números tangíveis que são
facilmente perceptivos. Ocorrem também com números intangíveis como é o
caso em que um cliente não esta satisfeito com o produto da empresa e nessa
satisfação devem estar envolvidos todos os setores da empresa. Outro número
intangível relaciona-se ao que acontece quando o cliente esta insatisfeito com
o produto, qual a atitude da empresa em relação ao cliente.
O volume de perdas na agricultura é elevado, especialmente dos
produtos hortigranjeiros nas fases de colheita e pós colheita. Em Santa
Catarina, safra 1976/77, só na fase de colheita e de preparo para
comercialização, houve perda de 17% para pêssego, 25,9 % para nectarina e
4,1% para maçã.
Dados da COBAL em 1977, no Brasil, no mercado atacadista ocorreram
perdas de 1 a 5% (batata, cebola e alho), de 3 a 8% (tomate cenoura, maçã e
citrus), de 5 a 15% (produtos altamente perecíveis). Na grande Florianópolis
(1978), em toda a cadeia, desde o produtor até o varejo (supermercados,
quitandas e feiras), verificou-se perdas em tomate de 9,6 a 18,4%, em batata
de 0,4 a 7,5%, em cenoura de 3,1 a 16,1%, em couve flor de 5,9 a 17,2%, em
laranja de 2,0 a 8,5% e em maçã de 4,9 a 12%.
Segundo estudos realizados em países em desenvolvimento pela
Academia Nacional de Ciência (National Academy Science) de Washington e a
Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) a
extensão de perdas de frutas e hortaliças variam de 5 a 100%. Em produtos
menos perecíveis como grãos e cereais, as perdas giram em torno de 5 a 30%.
TABELA 1 - PERCENTUAL DE PERDAS DE FRUTAS E HORTALIÇAS EM PAÍSES EM
DESENVOLVIMENTO
PRODUTO
PERDA ESTIMADA (%)
FRUTAS
Abacate
43,0
Banana
20,0 – 80,0
Cítricos
23,0 – 33,0
Maçã
14,0
Mamão
40,0 – 100,0
Pêssego/Nectarina
28,0
Uva
20,0 – 95
Hortaliças
Alface
62,0
Banana da terra (plátano)
35,0 – 100,0
Cebola
15,0 – 16,0
Couve flor
49,0
Repolho
37,0
Tomate
20,0 – 50,0
Fonte: NAS/FAO
7.2. Fases de implantação da Qualidade Total
Para ANTUNES e ENGEL (1999),os estágios da agroqualidade
(Qualidade Total na Agropecuária) na propriedade rural passa pelas seguintes
fases:
-
1 Fase – comprometimento do dono/proprietário;
-
2 Fase – determinação dos custos x benefícios;
-
3 Fase – comprometimento dos seres humanos;
-
4 Fase – treinamento das pessoas;
-
5 Fase – avaliação d situação;
-
6 Fase – consolidar conquistas;
-
7 Fase – melhorar o que já está bom;
-
8 Fase – comemorar e reconhecer pessoas.
AS EXPERIÊNCIAS DE IMPLANTAÇÃO DA QUALIDADE NAS EMPRESAS
AGROPECUÁRIAS
8.1. Prêmio de qualidade na agricultura - PQA 2000
O ministério da Agricultura e do Abastecimento lançou em 1997 o
Prêmio da Qualidade na Agricultura - PQA que contou com a participação de
diversas empresas dos segmentos industrial e produtivo da agropecuária
nacional. Ao todo 52 empresas participaram neste ano inaugural.
Essa premiação utilizou a metodologia os critérios de excelência do
Prêmio Nacional da Qualidade na sua versão simplificada: "Gestão da
qualidade - primeiros passos para a excelência". A estrutura do modelo é
composta com base no mesmo fundamento dos Critérios de Excelência do
Prêmio Nacional de Qualidade, ou seja:
-
Qualidade centrada no cliente;
-
Foco nos resultados;
-
Comprometimento da alta Direção;
-
Visão de futuro de longo alcance;
-
Valorização das pessoas;
-
Responsabilidade social;
-
Gestão baseada em fatos e processos;
-
Ação pró-ativa e resposta rápida;
-
Aprendizado contínuo.
Também contou o Ministério com a parceria da Fundação para o Prêmio
Nacional da Qualidade - PNQ, que legitimou tecnicamente todo o processo da
avaliação utilizado neste tipo de premiação.
Em 1998, o Ministério da Agricultura e do abastecimento lançou o
segundo ciclo de premiação do Prêmio da Qualidade na Agricultura - PQA 98,
com a inclusão de novos segmentos como o leite, mel e bebidas, ampliando
para nove o número de segmentos que poderiam participar do processo de
premiação. Os segmentos hoje elegíveis são Processadores de carne e
derivados; processadores de leite "in natura" e derivados; processadores de
pescado e derivados; produtores de novilho precoce; produtores de frutas;
processadores de frutas; processadores de mel de abelhas; estabelecimentos
de armazenagem e estocagem de produtos agropecuários e processadores de
sementes.
O Prêmio da Qualidade na Agricultura - PQA 2000, tem os seguintes
objetivos:
-
Buscar níveis de excelência na gestão de empresas do setor
agropecuário, visando propiciar o aumento da competição entre elas
e satisfazer as necessidades do mercado em condições cada vez
melhores de produtos/serviços;
-
Estimular produtores, processadores e prestadores de serviços na
agricultura
para
a
competitividade
na
chamada
economia
globalizada.
As empresas para se candidatarem ao prêmio, deverão seguir as
instruções do Regulamento do Prêmio da Qualidade na Agricultura.
As empresas premiadas são aquelas que apresentarem basicamente as
seguintes características relativas á gestão:
-
Pontuação uniforme no conjunto das categorias;
-
Pontuação na faixa de 80 a 100%, ou seja, 400 a 500 pontos.
A decisão quanto a premiação envolve, também, uma apreciação sobre a
reputação da candidata junto aos órgãos do poder executivo e judiciário
Federal.
8.2. As Experiências da EMATER-Paraná em Qualidade Total.
A EMATER-Paraná vem orientando e monitorando o processo de
qualidade Total na empresa agropecuária desde 1995, quando iniciou o
processo na fazenda Antares, propriedade de Santo Morin entre outros. As
duas primeiras resultaram em Dissertação apresentada ao Curso de
Especialização em Administração, Gestão para a Qualidade, da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná.
a)
Fazenda Antares: em estudo feito por RODRIGUES et al, 1999,
referente ao processo de implantação da Qualidade Total na fazenda Antares
contou com as seguintes etapas:
-
Primeira Etapa - Negociação da intervenção;
Constou da orientação ao proprietário dos fundamentos básicos da
Qualidade Total, os dez princípios da qualidade , a necessidade de mudanças
na forma de gerenciar os recursos humanos , a substituição do administrador
antigo pela postura gerencial de líder, dentre outras;
-
Segunda Etapa - Implantação do programa 5 S;
Foi implantado nos setores produtivos da fazenda tais como: frango de
corte; aves de postura; fábrica de rações; oficina mecânica e bovinocultura de
leite.
-
Terceira Etapa – Sistemas de monitores 5 S;
Para realimentar o programa 5 S, foi implantado um sistema de
monitores, com três monitores indicados pelos próprios empregados, os quais
uma vez por mês visitavam cada setor da fazenda para fazer a avaliação.
O plano de ação dos monitores foi organizado utilizando o método 5W e
1 H e consistia basicamente em:
a) Verificar o que foi feito (as pessoas cumpriram as metas?);
b) Verificar se está sendo mantido (o que foi feito transformou-se em
hábito?);
c) Verificar o que falta fazer (para melhorar o que foi feito)
-
Quarta Etapa – Ações de ordem geral;
Teve a finalidade de tratar as questões de ordem geral levantados pelos
funcionários tais como: habitação; quintais e arredores; lixos recicláveis;
qualidade da água consumida e outros;
-
Quinta Etapa - Ações desenvolvidas nas áreas de uso comum;
Represa d’ água e ajardinamento;
-
Sexta Etapa – Ações nos setores produtivos;
Teve a finalidade de buscar o aprofundamento do diagnóstico técnico e
econômico dos setores fundamentais da fazenda, com o objetivo de identificar
e melhorar processos, definir indicadores de qualidade e padronizar
procedimentos.
Os setores trabalhados foram: avicultura de postura; avicultura de corte;
confinamento de bovinos; bovinocultura de leite; mecanização agrícola e
agricultura. Nestes setores foram feitos os diagnósticos dos problemas e
encaminhadas as soluções.
Resultados e conclusões:
Os resultados foram avaliados dentro dos dez princípios da Qualidade
Total - QT:
1. Total satisfação do cliente;
2. Gerência participativa;
3. Desenvolvimento de recursos humanos;
4. Constância de propósitos/persistência;
5. Aperfeiçoamento contínuo;
6. Gerência de processos;
7. Delegação;
8. Disseminação da informação;
9. Garantia de qualidade;
10. Não aceitação de erros.
O estudo teve várias conclusões, entre as quais se destacam:
-
Os conceitos e instrumentos de Qualidade Total utilizados na
indústria e serviços são aplicáveis na agricultura;
-
Recursos Humanos – constatou-se melhoria da qualidade de vida
dos funcionários e familiares. Evolução nas relações de trabalho,
com clima cooperativo e de confiança, maior participação e
motivação dos funcionários. Isto contribuiu para o aumento da
produtividade. Houve ampliação no setor de produção sem contudo
haver necessidade de contratação de novos empregados. O
processo permitiu também a adequação da mão-de-obra;
-
Setores produtivos – houve acentuada ampliação da atividade
econômica, principalmente pela expansão da pecuária de leite
(aumento de 1.800 litros/dia para 2.400), avicultura de postura
(aumento do plantel de 15.000 para 26.000 aves), soja e trigo. O
processo de QT também permitiu melhoria na eficiência e eficácia
nas operações concernentes, com o aumento da produtividade;
-
Programa QT originou a necessidade de investimentos na construção
de barracões de postura, aquisição de bomba e tanque de
combustível, aquisição de trator e equipamentos, ampliação do
estábulo e sala de expedição de ovos, aquisição de refrigerador
automático para leite e outros de menor valor. Todos voltados para
as atividades produtivas da empresa;
-
Padronização – foi obtida a padronização do setor de postura;
-
Gerência – implantação de um “software” para controle gerencial;
-
5S – o programa foi muito importante para dar o impulso inicial ao
programa de QT. Permitiu a participação do ambiente e das pessoas,
além de avanços nas áreas de saúde, educação, habitação e lazer.
O sistema de monitores mostrou-se eficiente, mantendo o grupo
motivado nos princípios fundamentais do programa, consolidando o
treinamento inicial, pois as avaliações permaneceram por um ano;
-
Melhoria nas relações com parceiros, fornecedores e clientes. A
gerência tem cobrado uma participação ativa dos fornecedores
exigindo qualidade nos produtos e serviços contratados.
b) Propriedade de Santo Morin
ROCHA et al, 1999 efetuou estudo referente ao trabalho conduzido pela
EMATER-Paraná na propriedade de Santo Morin, localizada na comunidade de
Passos das Flores, no Município de Porto Barreiro – PR Sobre a implantação
da Qualidade Total da Agricultura na Pequena Propriedade. Analisou sua
evolução dentro de uma série histórica de três anos, considerando o primeiro
ano como marco zero o segundo ano como marco um e o terceiro ano marco
dois.
O processo de implantação da qualidade total obedeceu as seguintes
fases:
-
Seminário de apresentação e discussão da proposta com a
comunidade;
-
Seminário Regional de Qualidade Total promovido pela EMATERParaná em Guarapuava;
-
Negociação com o produtor;
-
Realização do diagnóstico (utilizado o aplicativo Renda Rural);
-
Elaboração de planos anuais;
-
Avaliações anuais com a família do produtor.
Em contato com o produtor Santo Morin, ele destacou que o diagnóstico
foi feito em todos os marcos, no final de cada ano agrícola (mês de julho), onde
na discussão com todos os membros da família se decidiam as prioridades e o
plano para o próximo ano.
Morim, destacou também o curso sobre o “Programa 5 S” que foi dado
na comunidade e orientado sua implantação na propriedade, o qual surtiu
grande efeito na organização da mesma.
Os Resultados a seguir, mostram que houve um aumento de
produtividade dos produtos, variando de 113 a 897% e na margem bruta ou
margem de contribuição um aumento no total da propriedade de 151%.
TABELA 2 - RESULTADOS OBTIDOS EM AUMENTO DE PRODUTIVIDADE (KG/HA),
CONSIDERANDO OS 3 ANOS DE IMPLANTAÇÃO DA QT.
Exploração
Soja
Milho
Feijão
Feijão seca
Bov. Leite
Fumo
Marco – zero
(96/97)
Produtiv.
Ìndice
(kg/ha)
(%)
2.088
100
4.100
100
1.200
100
1.050
100
600
100
-
Marco – 1
(97/98)
Produtiv.
Índice
(kg/ha)
(%)
2.490
119,25
5.900
143,90
790
75,23
1.525
254,16
2.195
100
Marco – 2
(98/99)
Produtiv.
Índice
(kg/ha)
(%)
2.700 129,31
7.200 175,60
2.000 166,66
1.200 114,28
5.383 897,16
2.500 113,89
TABELA 3 - RESULTADOS OBTIDOS EM MARGEM BRUTA (R$/HA) CONSIDERANDO OS 3
ANOS DE IMPLANTAÇÃO DA QT.
Exploração
Soja
Milho
Feijão
Feijão seca
Bov. Leite
Fumo
Total
Marco – zero
Marco – 1
Marco – 2
(96/97)
(97/98)
(98/99)
M. Bruta
Ìndice
M. Bruta
Índice
M. Bruta
Índice
(R$/há)
(%)
(R$/há)
(%)
(R$/há)
(%)
235,25
100
253,14
117,60
182,31
77,65
183,83
100
193,25
105,12
289,00 157,20
216,00
100
525,00 243,05
189,00
100
696,33
368,42
1o6,38
56,28
30,00
100
42,16
140,53
134,95 449,83
2.247,43
100
1637,50
72,86
12.498,33
100
15.488,46
123,92
123,92 151,11
ROCHA et al, concluíram que os princípios da qualidade se aplicam
tanto à industrialização como aos serviços, tanto aos indivíduos como ás
organizações. Os indivíduos podem colocar os conhecimentos adquiridos mais
depressa em ação nas organizações. Ressalta a necessidade de elaborar um
manual de procedimentos das várias etapas e ações aplicadas na Qualidade
Total da Agricultura numa pequena propriedade.
8.3. ISO 9002 – Recria de novilhas Pardo-Suíço, Fazenda Alegria
Publicado pela revista Balde branco – julho de 1999, o certificado ISO
9002 emitido pela Fundação Carlos Alberto Vanzolini – entidade membro da
IQNet-The International Certification Network – confere um reconhecimento
internacional aos procedimentos adotados na produção leiteira da fazenda
Alegria, que visa assegurar bons índices no desenvolvimento corporal,
capacidade reprodutiva do rebanho, à etapa de recria de novilhas, que envolve
animais de 3 até 24 meses da raça Pardo-Suíça.
O primeiro passo para a implantação da ISO 9002, ocorreu com a
implantação do “Programa 5 S” o que facilitou e apressou a obtenção do
certificado, bem como a cultura da qualidade que vem sendo implantada na
fazenda há alguns anos, segundo seu proprietário Neiva, que pretende obter o
certificado para outras etapas do rebanho.
Resultados esperados com o processo
Desenvolvimento homogêneo dos animais com crescimento e ganho de
peso dentro do padrão estabelecido para a raça, de forma econômica e com o
mínimo ocorrências sanitárias.
Atividades críticas do processo
-
Observar os animais 2 vezes ao dia (manhã e tarde);
-
Identificar
animais
que
apresentem
alguma
alteração
de
comportamento, indicando cio ou doença, anotar e comunicar ao
vice-gerente;
-
Limpar o cocho diariamente pela manhã e observar a falta ou sobra
de alimento comunicando ao gerente como isto esto ocorrendo;
-
Colocar o trato (volumoso e concentrado), dos animais 2 vezes ao
dia (manhã e tarde);
-
Verificar a água dos bebedouros, e lavá-los semanalmente;
-
Verificar o fornecimento de sal, fazendo a reposição semanalmente;
-
Manter a higiene das instalações, removendo esterco e sobras de
alimentos diariamente;
-
Pesar (utilizando balança periodicamente aferida), todos os animais,
individualmente, uma vez por mês;
-
Distribuir os animais em grupos uniformes de acordo com o seu
desenvolvimento, reduzindo a ocorrência de competição por
alimento.
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86p.
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