A BUSCA DA QUALIDADE NA EMPRESA AGROPECUÁRIA Odílio Sepulcri1 1 CARACTERÍSTICAS DO SETOR AGRÍCOLA E DA EMPRESA AGROPECUÁRIA Segundo ANDRADE, o setor agrícola apresenta algumas características peculiares, que o diferencia de outros setores economia. Tais características são citadas por diversos autores de livros e artigos sobre administração rural. Mas, é bom relembrar, que a sua existência a adequação dos princípios gerais da administração, utilizados no setor urbano, para o setor rural. 1.1. Características peculiares ao setor agrícola a) Dependência de clima: o clima influencia a maioria das explorações agropecuárias, em função de suas quatro estações do ano, determinam todo o ciclo produtivo, principalmente as espécies vegetais. Estabelece épocas de plantio, tratos culturais, colheitas, escolha de variedade e espécies animais e vegetais. É a característica mais citadas pelos autores. b) Tempo de produção maior que o tempo de trabalho: nos demais setores da economia, como na indústria, somente o trabalho modifica a produção. Pode-se dizer que o tempo de produção é igual ao tempo de trabalho consumido na obtenção do produto final. O processo produtivo agropecuário se, na maioria de suas fases, independente da existência do trabalho. 1 Engenheiro Agrônomo, MSc., Mestre em Desenvolvimento Econômico, Especialista em Gestão da Qualidade, Extensionista do Instituto Emater, Unidade Estadual, Curitiba-PR. c) Dependência de condições biológicas: o ciclo de produção animal e vegetal está relacionado às condições biológicas. Elas determinam, também, a irreversibilidade do ciclo produtivo, não podendo alterar a seqüência da produção (interromper o desenvolvimento de uma lavoura substituindo-a por outra). Também, impede a adoção de turnos de trabalho extra, para acelerar a produção como acontece, normalmente com outros setores. A pesquisa agropecuária poderá criar espécies animais e variedades vegetais mais precoces e produtivas, porém continuam sujeitas às condições biológicas. d) Terra como participante da produção: na maioria dos setores produtivos a terra funciona apenas como suporte para o estabelecimento do processo produtivo. Entretanto, na maioria das explorações agropecuárias a terra participa diretamente do ciclo produtivo, tornando-se fundamental conhecer o potencial produtivo da terra (condições químicas, físicas, biológicas e de relevo). e) Estacionalidade da produção: a dependência das condições biológicas e climáticas provocam a estacionalidade da oferta, ocorrendo épocas com excesso e épocas com escassez de produtos agrícolas. A maioria dos produtos agrícolas, por serem alimentos, apresenta uma demanda constante para uma oferta estacional, provocando a necessidade de armazenamento e, em muitos casos, processamento dos mesmos. f) Trabalho disperso e ao ar livre: no setor agropecuário, geralmente não há fluxo contínuo de produção, como ocorre na indústria e uma tarefa tem correlação processual com a outra. Na agricultura as atividades estão dispersas por toda a empresa, podendo ocorrer em locais distintos. Dificilmente há correlação entre um trabalho executado e outro. Tal situação exige do empresário maiores ações de planejamento e controle. Outra característica é o trabalho ao ar livre, que se por um lado é positiva pela inexistência de poluição, por outro lado, é negativa em função dos aspectos negativos de clima (frio, calor e chuva). O trabalho disperso e ao ar livre induzem a uma produtividade mais baixa do trabalhador rural. g) Incidência de riscos: embora todas as atividades econômicas estão sujeitas a riscos, na agropecuária os riscos se ampliam, pois as explorações poderão ser atingidas pelas condições climáticas desfavoráveis (seca, geada, granizo), pelo ataque de pragas e doenças e pelo aviltamento de preços de seus produtos. h) Sistema de competição econômica: as características da agricultura a submetem a um sistema de competição diferenciado pelo grande numero de produtores, produtos que apresentam pouca diferenciação entre si (commodities) e a saída e a entrada de produtores no negócio pouca altera a oferta total. Isto representa dificuldades para aproveitar possíveis vantagens da economia de escala, conseguir controlar os preços dos produtos estabelecidos pelo mercado. i) Produtos não uniformes: as condições biológicas e climáticas dificultam, muitas vezes, a obtenção de produtos uniformes quanto a forma, tamanho e qualidade. Este fato provoca ao produtor rural custos adicionais com classificação, padronização, além de receitas menores em função do menor valor dos produtos que apresentam qualidade inferior. Alto custo de saída e de entrada na atividade: a maioria das explorações agrícolas necessitam de altos investimentos em maquinaria , benfeitorias, implementos e equipamentos. Ao iniciar um negócio, os condições adversas de preço de mercado devem ser suportadas no curto prazo, pois o prejuízo ao abandonar a exploração poderá ser maior. Este custo de entrada é maior para as explorações permanentes como a fruticultura e a bovinocultura de corte. j) Produção associada: em agricultura a maioria dos produtos não pode ser produzido sozinho. Até em empresas mais especializadas não se pode evitar o co-produto, ou seja, os bens provenientes de um mesmo indivíduo biológico, planta ou animal. Não há a produção de leite ou ovos sem a produção de carne e esterco. Isto implica na dificuldade de pensar em produtos isolados de modo a poder limitar a oferta de um produto em favorecimento de outro e, segundo, pela dificuldade de se calcular os custos unitários a não ser fazendo suposições de caráter arbitrário. Segundo CONTINI et al, (1994, p. 18 e 19), tais características leva a agricultura a ser uma atividade econômica envolta em muitas incertezas. Ao plantar uma cultura o agricultor não tem certeza de como vai se comportar o clima e como serão os preços futuros. Por outro lado, a falta de informações ou a demora em chegar ao agricultor, preponderantemente nas regiões mais longínquas, mesmo com a evolução dos sistemas atuais de informações. Em um ambiente de muitas incertezas o agricultor assume determinados riscos em sua decisão. Dessa forma, a qualidade da decisão envolvendo sua racionalidade fica comprometida pelo risco nela envolvido (Holloway 1979, apud Contini et al). Isto indica que o empresário rural deve assumir ações gerenciais eficazes, para atenuar e modificar os efeito prejudiciais de cada características. Mostra, também , como foi citado anteriormente, que as teorias de administração, ao serem transferidas ao setor rural, devem ser adaptadas às suas condições. Pelo exposto, as empresas agropecuárias que atuam na produção animal e vegetal, se diferem muito das empresas urbanas e industriais pelas seguintes características: - Dependência de clima; - Tempo de produção maior que o tempo de trabalho; - Dependência de condições biológicas; - Terra como fator de produção; - Estacionalidade da produção; - Trabalho disperso e ao ar livre; - Clima, as pragas e doenças como fator de risco; - Sistema de competição econômica com características diferenciadas, com grande número de empresas do mesmo ramo de atividade; - Dificuldade na obtenção de produtos uniformes; - Produção associada – nas empresas agropecuárias a maioria dos produtos não podem ser produzidos sozinhos; Como a maioria das experiências de implantação da qualidade total são em empresas industriais, essas características impõem a necessidades de adaptações dos modelos de qualidade total, para as empresas agropecuárias. 2 DIMENSÕES DA QUALIDADE TOTAL Para BONILLA o conceito de qualidade total é amplo e dinâmico. Em princípio, ele está ligado à satisfação total do consumidor, eliminando os fatores que não agradam o consumidor e antecipando suas necessidade incorporando características detectadas nos produtos e serviços. Reconhece-se que a qualidade total está composta de cinco dimensões: a) “Qualidade intrínseca do produto (ou serviço): em sentido amplo, refere-se especialmente às características inerentes ao produto ou (serviço) e daí o nome de intrínsecas, capazes de fornecer satisfação ao consumidor”. Isto implica numa série de aspectos tais como: ausência de defeitos, adequação ao uso, características agradáveis ao consumidor, confiabilidade, previsibilidade, etc. No caso de produtos agrícolas, por exemplo, feijão, esta dimensão de qualidade pode ser refletida através do conteúdo protéico ou vitamínico; b) Custo do produto ou serviço: naturalmente que, quanto menor o preço do produto ou serviço, maior será a satisfação do consumidor. Mas isso não implica numa relação linear perfeita. Acontece que um elemento fundamental é o conceito de valor, ou seja, o que o consumidor estaria disposto a pagar pelo produto (ou serviço). Portanto, seu preço deverá levar em conta o valor que o produto tem para o usuário. O ideal é que o preço igual ou algo menor ao valor estabelecido. O custo dos insumos, tais como combustíveis, fertilizantes químicos e agrotóxicos é atualmente muito alto. É este, pois um aspecto de vital importância na avaliação de processos que levam à melhoria da qualidade na agricultura; c) Atendimento: o cliente receber o produto no prazo certo, no local certo e na quantidade certa. Além disso deve ser atendido com boa vontade cortesia e amabilidade. No caso que corresponda, deve existir uma boa assistência técnica (por exemplo no tocante a máquinas agrícolas), assim como pronta devolução dos produtos defeituosos (por exemplo na agroindústria, latas de óleo de soja ou de conservas vegetais amassadas). No caso de produtos in natura sobretudo os perecíveis , o prazo de entrega passa a ser um ponto vital; d) Segurança: é fundamental que o produto não ameace a saúde do consumidor, seja diretamente, através de sua ingestão, ou indiretamente, através de tratamentos feitos durante a plantação. Na agricultura o nível de resíduos tóxicos nos alimentos produzidos, assim como a poluição de solos e águas precisa necessariamente muito abaixo se queremos falar de qualidade; estar e) Moral : refere-se à disposição e motivação que os empregados da empresa manifestam. Para que isto aconteça “a empresa deve se esforçar para pagar-lhe bem, respeitando-o como ser humano e dando-lhe oportunidade de crescer como pessoa e no trabalho, vivendo uma vida feliz” (Campos, 1992, apud Bonilla, 1994). “Uma das formas de avaliar o moral é através do nível de absenteísmo”. BONILLA ressalta que a qualidade total atinge a empresa como um todo, não só a área da produção. Na realidade a qualidade é um processo circular, sem começo nem fim. Pela qualidade circulam insumos defeituosos, mão-deobra despreparada, projetos inadequados, imperfeitos ou inacabados, deficiência de comunicação com o consumidor, e outros. O TQC amplia o conceito clássico de controle da qualidade (“conformidade com as especificações”, por exemplo, maçã de exportação deve pesar x gramas), desenvolvendo a idéia de cliente interno, isto é, “cada empregado é cliente do processo anterior”. As dimensões da qualidade, neste caso seria revertida, também para dentro da empresa. Por exemplo, na agricultura quem cuida da plantação é cliente interno de quem efetuou o plantio, quem efetuou o plantio seria cliente interno de quem fez o preparo do solo, e assim sucessivamente. Essa visão integrada, sistêmica e holística, leva a uma cadeia de relações que deve compreendida e atendida. 3 VISÃO ECOSSISTÊMICA DA QUALIDADE TOTAL NA EMPRESA AGROPECUÁRIA Para Bonilla a visão ecossistêmica da qualidade total implica em uma forma diferente de ver a empresa em sua relação com o resto da sociedade. “Essa forma muda-se do conceito de empresa “ilha” ou “fortaleza” para de “empresa do ecossistema social” no qual, para que o equilíbrio se mantenha, é necessária uma troca equilibrada de contribuições e recompensas. Essa visão ecossistêmica tem um horizonte de longo prazo: em lugar de “maximizar os lucros”, o enfoque é de otimizar o bem-estar social”. “Agindo dessa forma, através da ênfase na qualidade e na interação positiva com outros parceiros, o lucro acabará, como conseqüência, sendo maximizado”. Os demais parceiros ou públicos da empresa, que também compõem o ecossistema social, formam parte do conceito de qualidade total, pois é através de sua interação que os objetivos da empresa são atingidos. Esses parceiros ou públicos são: Consumidores – a empresa deve esforçar-se no sentido de identificar e atender as necessidades dos mesmos; empregados ou colaboradores – dar ênfase à gestão participativa, na remuneração adequada e no crescimento do ser humano da empresa; a comunidade – praticar o exercício da responsabilidade social traduzida na forma de proteção ambiental e outras; fornecedores – os quais devem ser muito bem selecionados e serem auxiliados em seu desenvolvimento. A confiança deve substituir a desconfiança; os acionistas ou proprietários – que integrados harmonicamente com os outros parceiros terão mais a ganhar com a otimização do sistema da empresa. A qualidade total pratica o jogo “ganha-ganha” onde todos os públicos ou parceiros podem ganhar. Segundo CUNHA, “a qualidade total ajusta a organização de modo que atenda com adequação as necessidades dos seus principais públicos (stakeholders): os clientes, os proprietários da empresa, os seus empregados, fornecedores, parceiros e sociedade em geral. Um dos principais resultados da QT é, portanto, a maior satisfação desses públicos. Mais satisfeitos, serão leais à empresa e a defenderão em caso de crise. Isto é chamada “institucionalização da organização”. A comunidade não consegue viver sem a empresa e a defenderá sempre que for ameaçada”. Para cunha, o conceito de públicos revolucionou a administração e a filosofia de negócios. “Antes, “a empresa era do dono”, hoje, a empresa existe para seus públicos”. Competitiva “é a empresa que consegue ter os melhores trabalhadores, os melhores fornecedores, os melhores clientes (é a empresa que consegue ter os melhores públicos e a lealdade desses públicos)”. QUADRO 4 - A EMPRESA COMO COMPONENTE DO ECOSSISTEMA SOCIAL PARCEIROS . Acionistas . Capital . Lucros e dividendos . Preservação do patrimônio . Clientes . Dinheiro (através da compra de bens e serviços) . Novas necessidades . Produtos de boa qualidade . Produtos de boa duração . Produtos de preço razoável . Empregados . Mão-de-obra . Criatividade (para resolver problemas e encontrar novas soluções) . Conhecimento técnico . Salário justo . Segurança . Boas condições de trabalho . Enriquecimento das tarefas . Participação nas decisões . Treinamento e educação . Comunidade . Infra-estrutura física . Sistema educacional . Sistema de saúde . Responsabilidade social . Proteção ambiental . Melhoria da qualidade de . Vida . Outros (fornecedores, concorrentes, governo) . Vários . Vários . Empresa . Atendimento às necessidades da sociedade através da produção de bens e serviços (de boa qualidade e a preços razoáveis) . Geração de empregos (com salários razoáveis e boas condições de trabalho) . Cumprimento de sua responsabilidade social. . Lucros . Permanência no mercado . Crescimento da comercialização de seus produtos e serviços . Imagem alternativa positiva Fonte: Bonilla,1994, p. 90. 4. CONCEITOS DE QUALIDADE TOTAL NA AGRICULTURA O conceito tradicional de qualidade na agricultura: Segundo BONILLA, o conceito tradicional de qualidade na agricultura, entende a palavra qualidade como associada a certas manifestações físicas mensurável no produto ou pelo menos detectáveis sensorialmente, sendo capazes de atestar algum efeito benéfico ou positivo. Por exemplo: - Tamanho, peso e/ou aspecto exterior dos produtos hortigranjeiros; - Sabor do café; - Percentagem de sacarose na beterraba ou cana-de-açúcar; - Percentagem de gordura no leite; - Produtividade de cereais em kg/há; - Produtividade de vacas leiteiras (kg de leite/vaca/ano). 4.1. Conceito Moderno de Qualidade: Qualidade Total Segundo este conceito, a qualidade não pode ser expressa apenas por uma variável, por maior que seja seu valor econômico. O conceito de qualidade é amplo e dinâmico. Em princípio ele está ligado à satisfação do consumidor e que atendam as cinco dimensões da qualidade, já mencionadas no presente texto. Na verdade, por se tratar de Qualidade Total, “ela deve envolver o conjunto integrado pelo produto e seu contexto, o que inclui todo o processo produtivo correspondente num sentido amplo”. Caracteriza-se a importância do conteúdo do processo global e não apenas algumas de suas manifestações isoladas. Por exemplo: numa fruta , mais importante que seu aspecto, tamanho, peso, serão, por exemplo as características seguintes: - A quantidade de resíduos tóxicos que a mesma possui; - Grau de desnaturação que o uso de fertilizantes sintéticos solúveis lhe têm impingido desequilíbrio nutricional, perdas de características organolépticas como sabor, aroma, etc.; - Alterações da riqueza da vida microbiana, do solo, induzidas por aqueles insumos, que acabam se embutindo no processo produtivo; - Qualidade de elementos nutritivos (vitaminas sais minerais, etc.). Este tipo de abordagem implica num enfoque completamente diferente, necessitando reconhecer as necessidades de mercado. Para os alimentos a atenção deve estar voltada para o teor de nutrientes suficientemente equilibrados, priorizando a saúde do consumidor. Isto implica, no caso de produtos alimentares das empresas agrícolas, mudar a atenção de aspectos quantitativos, econômicos e estéticos para aspectos de bem-estar do consumidor, passando obrigatoriamente por considerações ecológicas. 5 A EMPRESA AGROPECUÁRIA E SUA RESPONSABILIDADE SOCIAL Davis e Bloomstrom (1975) apud Bonilla, definiram responsabilidade social como sendo “a obrigação que têm os administradores de empreender ações que protejam e desenvolvam o bem-estar como um todo, junto com seus próprios interesses”. Nesta definição dois aspectos são fundamentais: primeiro, o de obrigação, que implica num dever moral e o segundo, relativo a empreender, colocando ênfase na iniciativa voluntária. Para Bonilla, a conclusão principal deste conceito é de que em lugar de colocar como objetivo único o da “maximização de lucros”, o novo empresário, lúcido e atual, o substituirá por “otimização produtiva” onde os lucros, sempre importantes numa economia de mercado, devem ser combinados com o bem estar social, contemplando as necessidades da comunidade. Essa concepção de enfoque holístico, ecossistêmico, de onde surge a idéia de empresa como componente do ecossistema social, já abordado no presente texto. 5.1. A integração entre empresa agropecuária, qualidade total, responsabilidade social e ecológica. Para BONILLA, um ponto vital entre agricultura, ecologia, responsabilidade social e qualidade total ocorre a nível de comunidade. Estes custos sociais são altíssimos, como se pode verificar no modelo agrícola prevalecente, considerando apenas os principais: - Poluição das águas, do solo e dos alimentos, direta e indireta, devido a fertilizantes sintéticos e agrotóxicos; - Redução mais ou menos drástica de capacidade produtiva do solo devido a erosão, técnicas inadequadas de preparo do solo, destruição da flora microbiana uso de monoculturas, etc.; - Baixa qualidade dos produtos alimentícios devido à absorção desequilibrada de nutrientes, excesso de irrigação, resíduos tóxicos, etc.; - Implicâncias sócio-econômicas perversas, sobretudo no tocante a concentração de rendas, desemprego rural, impacto urbano, encarecimento dos custos de produção, baixo balanço energético, etc. Como conseqüência , a saída é repensar a agricultura em termos ecológicos. Para BONILLA, a relação existente entre Qualidade e Agricultura deveria ser enfocada através de uma abordagem ampla cuja seqüência poderia ser a seguinte: 1. Reformulação de uma Metodologia Básica de Qualidade Total visando a sua aplicação na agricultura; 2. Provisoriamente usar o modelo clássico, oriundo da indústria; 3. Redefinir os conceitos e a estrutura básica do TQC (“Total Quallity Control”) advindo da indústria, adaptando-a à realidade agrícola; 4. Desenvolver exemplos específicos, próprios da Agricultura para cada conceito básico e para cada aplicação técnica. 5. Análise das mudanças do Modelo Agropecuário decorrente da implantação da Qualidade Total. 6. Os grandes problemas da Agricultura a serem abordados através do paradigma da Qualidade Total. Dentre eles, alguns importantes são: um Plano Mestre de Alimentação; Avaliação dos Impactos Ambientais da Agricultura; Ensino; Pesquisa e Extensão de Qualidade: Saúde Humana e Alimentação; Problemas Fundiários, Armazenagem; Transporte e Distribuição de Produtos Agrícolas; etc. Em 17 de maio de 1999, através da Instrução Normativa número 007, publicadas no Diário Oficial da União em 19 de maio de 1999, o Ministério de Estado da Agricultura e do Abastecimento estabeleceu as normas de produção, tipificação, processamento, envase, distribuição e de certificação da qualidade para os produtos orgânicos de origem vegetal e animal, conforme os anexos à Instrução Normativa. Isso demonstra uma manifestação positiva do governo em relação à qualidade. 6 QUALIDADE TOTAL NA EMPRESA AGROPECUÁRIA E A GESTÃO AMBIENTAL – ISO 14000 As normas da série ISO 14000 que tratam dos sistemas de gestão ambiental compartilham dos princípios comuns estabelecidos para sistemas de qualidade da série de normas NBR ISO 9000. Os sistemas de gestão da qualidade tratam das necessidades dos clientes, os sistemas de gestão ambiental, por outro lado, atendem às necessidades de um vasto conjunto de partes interessadas e às crescentes necessidades da sociedade sobre proteção ambiental. Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (1996), as normas estabelecem os requisitos relativos ao sistema de gestão ambiental , possibilitando a uma empresa elaborar políticas e objetivos que levem em conta os aspectos legais e as informações referentes aos impactos ambientais relevantes. Elas se aplicam aos aspectos ambientais que possam ser gerenciados pela empresa e sobre os quais ela tenha influência. As normas não prescrevem critérios específicos de desempenho ambiental. As normas da série ISO 14000, segundo a ABNT se aplicam a qualquer organização que deseje: - Implementar, manter e aprimorar um sistema de gestão ambiental; - Se assegurar de sua conformidade com sua política ambiental definida; - Demonstrar tal conformidade a terceiros; - Buscar certificação/registro do seu sistema de gestão ambiental por uma organização externa; - Realizar uma auto-avaliação conformidade com essas normas. e emitir autodeclaração de O grau de aplicação dessas normas dependerá de fatores como a política ambiental da empresa agropecuária, a natureza de suas atividades e as condições em que ela opera. 7 POR QUE IMPLANTAR QUALIDADE TOTAL NA EMPRESA AGROPECUÁRIA Para BONILLA, há três tipos de motivos: a) Motivos passados: para as empresas que estão perdendo muito dinheiro por estarem desatualizadas e desfocadas do mercado. Esta perda é fruto da má qualidade; b) Motivos atuais: fruto do aumento da pressão social sobre as empresas. Os sintomas são: lei de defesa do consumidor; redução das tarifas alfandegárias; leis de proteção ambiental; projetos de leis de distribuição de lucros; exigências de padrões internacionais; adoção de qualidade total em empresas concorrentes, nacionais e internacionais, tornando-as mais competitivas, etc.; c) Motivos futuros: são também de diversas naturezas: desenvolvimento acelerado de mercados comuns, pois as empresas que não se adaptarem às novas modalidades de mercado não terão vez; aplicação acelerada da filosofia das e das técnicas da qualidade total nas empresas concorrentes, reduzindo seus custos de forma drástica e tornando-as cada vez mais competitivas; aumento acelerado da conscientização do ser humano para a qualidade. 7.1. Os custos da má qualidade Os custos da qualidade, segundo FEIGENBAUM (1986), são provenientes de: custos do controle (custos de prevenção e custos de avaliação); custos das falhas do controle (custos de falhas internas e custos de falhas externas). Para BONILLA, toda empresa deveria fazer uma auditoria interna para verificar seus níveis de perdas e concluir se vale a pena permanecer em seu sistema rotineiro de administrar. Afirma que as perdas alcançam de 20 a 40% do faturamento, enquanto os custos necessários da qualidade não deveriam ultrapassar de 3 a 5%. Tais perdas não ocorrem somente com números tangíveis que são facilmente perceptivos. Ocorrem também com números intangíveis como é o caso em que um cliente não esta satisfeito com o produto da empresa e nessa satisfação devem estar envolvidos todos os setores da empresa. Outro número intangível relaciona-se ao que acontece quando o cliente esta insatisfeito com o produto, qual a atitude da empresa em relação ao cliente. O volume de perdas na agricultura é elevado, especialmente dos produtos hortigranjeiros nas fases de colheita e pós colheita. Em Santa Catarina, safra 1976/77, só na fase de colheita e de preparo para comercialização, houve perda de 17% para pêssego, 25,9 % para nectarina e 4,1% para maçã. Dados da COBAL em 1977, no Brasil, no mercado atacadista ocorreram perdas de 1 a 5% (batata, cebola e alho), de 3 a 8% (tomate cenoura, maçã e citrus), de 5 a 15% (produtos altamente perecíveis). Na grande Florianópolis (1978), em toda a cadeia, desde o produtor até o varejo (supermercados, quitandas e feiras), verificou-se perdas em tomate de 9,6 a 18,4%, em batata de 0,4 a 7,5%, em cenoura de 3,1 a 16,1%, em couve flor de 5,9 a 17,2%, em laranja de 2,0 a 8,5% e em maçã de 4,9 a 12%. Segundo estudos realizados em países em desenvolvimento pela Academia Nacional de Ciência (National Academy Science) de Washington e a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) a extensão de perdas de frutas e hortaliças variam de 5 a 100%. Em produtos menos perecíveis como grãos e cereais, as perdas giram em torno de 5 a 30%. TABELA 1 - PERCENTUAL DE PERDAS DE FRUTAS E HORTALIÇAS EM PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO PRODUTO PERDA ESTIMADA (%) FRUTAS Abacate 43,0 Banana 20,0 – 80,0 Cítricos 23,0 – 33,0 Maçã 14,0 Mamão 40,0 – 100,0 Pêssego/Nectarina 28,0 Uva 20,0 – 95 Hortaliças Alface 62,0 Banana da terra (plátano) 35,0 – 100,0 Cebola 15,0 – 16,0 Couve flor 49,0 Repolho 37,0 Tomate 20,0 – 50,0 Fonte: NAS/FAO 7.2. Fases de implantação da Qualidade Total Para ANTUNES e ENGEL (1999),os estágios da agroqualidade (Qualidade Total na Agropecuária) na propriedade rural passa pelas seguintes fases: - 1 Fase – comprometimento do dono/proprietário; - 2 Fase – determinação dos custos x benefícios; - 3 Fase – comprometimento dos seres humanos; - 4 Fase – treinamento das pessoas; - 5 Fase – avaliação d situação; - 6 Fase – consolidar conquistas; - 7 Fase – melhorar o que já está bom; - 8 Fase – comemorar e reconhecer pessoas. AS EXPERIÊNCIAS DE IMPLANTAÇÃO DA QUALIDADE NAS EMPRESAS AGROPECUÁRIAS 8.1. Prêmio de qualidade na agricultura - PQA 2000 O ministério da Agricultura e do Abastecimento lançou em 1997 o Prêmio da Qualidade na Agricultura - PQA que contou com a participação de diversas empresas dos segmentos industrial e produtivo da agropecuária nacional. Ao todo 52 empresas participaram neste ano inaugural. Essa premiação utilizou a metodologia os critérios de excelência do Prêmio Nacional da Qualidade na sua versão simplificada: "Gestão da qualidade - primeiros passos para a excelência". A estrutura do modelo é composta com base no mesmo fundamento dos Critérios de Excelência do Prêmio Nacional de Qualidade, ou seja: - Qualidade centrada no cliente; - Foco nos resultados; - Comprometimento da alta Direção; - Visão de futuro de longo alcance; - Valorização das pessoas; - Responsabilidade social; - Gestão baseada em fatos e processos; - Ação pró-ativa e resposta rápida; - Aprendizado contínuo. Também contou o Ministério com a parceria da Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade - PNQ, que legitimou tecnicamente todo o processo da avaliação utilizado neste tipo de premiação. Em 1998, o Ministério da Agricultura e do abastecimento lançou o segundo ciclo de premiação do Prêmio da Qualidade na Agricultura - PQA 98, com a inclusão de novos segmentos como o leite, mel e bebidas, ampliando para nove o número de segmentos que poderiam participar do processo de premiação. Os segmentos hoje elegíveis são Processadores de carne e derivados; processadores de leite "in natura" e derivados; processadores de pescado e derivados; produtores de novilho precoce; produtores de frutas; processadores de frutas; processadores de mel de abelhas; estabelecimentos de armazenagem e estocagem de produtos agropecuários e processadores de sementes. O Prêmio da Qualidade na Agricultura - PQA 2000, tem os seguintes objetivos: - Buscar níveis de excelência na gestão de empresas do setor agropecuário, visando propiciar o aumento da competição entre elas e satisfazer as necessidades do mercado em condições cada vez melhores de produtos/serviços; - Estimular produtores, processadores e prestadores de serviços na agricultura para a competitividade na chamada economia globalizada. As empresas para se candidatarem ao prêmio, deverão seguir as instruções do Regulamento do Prêmio da Qualidade na Agricultura. As empresas premiadas são aquelas que apresentarem basicamente as seguintes características relativas á gestão: - Pontuação uniforme no conjunto das categorias; - Pontuação na faixa de 80 a 100%, ou seja, 400 a 500 pontos. A decisão quanto a premiação envolve, também, uma apreciação sobre a reputação da candidata junto aos órgãos do poder executivo e judiciário Federal. 8.2. As Experiências da EMATER-Paraná em Qualidade Total. A EMATER-Paraná vem orientando e monitorando o processo de qualidade Total na empresa agropecuária desde 1995, quando iniciou o processo na fazenda Antares, propriedade de Santo Morin entre outros. As duas primeiras resultaram em Dissertação apresentada ao Curso de Especialização em Administração, Gestão para a Qualidade, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. a) Fazenda Antares: em estudo feito por RODRIGUES et al, 1999, referente ao processo de implantação da Qualidade Total na fazenda Antares contou com as seguintes etapas: - Primeira Etapa - Negociação da intervenção; Constou da orientação ao proprietário dos fundamentos básicos da Qualidade Total, os dez princípios da qualidade , a necessidade de mudanças na forma de gerenciar os recursos humanos , a substituição do administrador antigo pela postura gerencial de líder, dentre outras; - Segunda Etapa - Implantação do programa 5 S; Foi implantado nos setores produtivos da fazenda tais como: frango de corte; aves de postura; fábrica de rações; oficina mecânica e bovinocultura de leite. - Terceira Etapa – Sistemas de monitores 5 S; Para realimentar o programa 5 S, foi implantado um sistema de monitores, com três monitores indicados pelos próprios empregados, os quais uma vez por mês visitavam cada setor da fazenda para fazer a avaliação. O plano de ação dos monitores foi organizado utilizando o método 5W e 1 H e consistia basicamente em: a) Verificar o que foi feito (as pessoas cumpriram as metas?); b) Verificar se está sendo mantido (o que foi feito transformou-se em hábito?); c) Verificar o que falta fazer (para melhorar o que foi feito) - Quarta Etapa – Ações de ordem geral; Teve a finalidade de tratar as questões de ordem geral levantados pelos funcionários tais como: habitação; quintais e arredores; lixos recicláveis; qualidade da água consumida e outros; - Quinta Etapa - Ações desenvolvidas nas áreas de uso comum; Represa d’ água e ajardinamento; - Sexta Etapa – Ações nos setores produtivos; Teve a finalidade de buscar o aprofundamento do diagnóstico técnico e econômico dos setores fundamentais da fazenda, com o objetivo de identificar e melhorar processos, definir indicadores de qualidade e padronizar procedimentos. Os setores trabalhados foram: avicultura de postura; avicultura de corte; confinamento de bovinos; bovinocultura de leite; mecanização agrícola e agricultura. Nestes setores foram feitos os diagnósticos dos problemas e encaminhadas as soluções. Resultados e conclusões: Os resultados foram avaliados dentro dos dez princípios da Qualidade Total - QT: 1. Total satisfação do cliente; 2. Gerência participativa; 3. Desenvolvimento de recursos humanos; 4. Constância de propósitos/persistência; 5. Aperfeiçoamento contínuo; 6. Gerência de processos; 7. Delegação; 8. Disseminação da informação; 9. Garantia de qualidade; 10. Não aceitação de erros. O estudo teve várias conclusões, entre as quais se destacam: - Os conceitos e instrumentos de Qualidade Total utilizados na indústria e serviços são aplicáveis na agricultura; - Recursos Humanos – constatou-se melhoria da qualidade de vida dos funcionários e familiares. Evolução nas relações de trabalho, com clima cooperativo e de confiança, maior participação e motivação dos funcionários. Isto contribuiu para o aumento da produtividade. Houve ampliação no setor de produção sem contudo haver necessidade de contratação de novos empregados. O processo permitiu também a adequação da mão-de-obra; - Setores produtivos – houve acentuada ampliação da atividade econômica, principalmente pela expansão da pecuária de leite (aumento de 1.800 litros/dia para 2.400), avicultura de postura (aumento do plantel de 15.000 para 26.000 aves), soja e trigo. O processo de QT também permitiu melhoria na eficiência e eficácia nas operações concernentes, com o aumento da produtividade; - Programa QT originou a necessidade de investimentos na construção de barracões de postura, aquisição de bomba e tanque de combustível, aquisição de trator e equipamentos, ampliação do estábulo e sala de expedição de ovos, aquisição de refrigerador automático para leite e outros de menor valor. Todos voltados para as atividades produtivas da empresa; - Padronização – foi obtida a padronização do setor de postura; - Gerência – implantação de um “software” para controle gerencial; - 5S – o programa foi muito importante para dar o impulso inicial ao programa de QT. Permitiu a participação do ambiente e das pessoas, além de avanços nas áreas de saúde, educação, habitação e lazer. O sistema de monitores mostrou-se eficiente, mantendo o grupo motivado nos princípios fundamentais do programa, consolidando o treinamento inicial, pois as avaliações permaneceram por um ano; - Melhoria nas relações com parceiros, fornecedores e clientes. A gerência tem cobrado uma participação ativa dos fornecedores exigindo qualidade nos produtos e serviços contratados. b) Propriedade de Santo Morin ROCHA et al, 1999 efetuou estudo referente ao trabalho conduzido pela EMATER-Paraná na propriedade de Santo Morin, localizada na comunidade de Passos das Flores, no Município de Porto Barreiro – PR Sobre a implantação da Qualidade Total da Agricultura na Pequena Propriedade. Analisou sua evolução dentro de uma série histórica de três anos, considerando o primeiro ano como marco zero o segundo ano como marco um e o terceiro ano marco dois. O processo de implantação da qualidade total obedeceu as seguintes fases: - Seminário de apresentação e discussão da proposta com a comunidade; - Seminário Regional de Qualidade Total promovido pela EMATERParaná em Guarapuava; - Negociação com o produtor; - Realização do diagnóstico (utilizado o aplicativo Renda Rural); - Elaboração de planos anuais; - Avaliações anuais com a família do produtor. Em contato com o produtor Santo Morin, ele destacou que o diagnóstico foi feito em todos os marcos, no final de cada ano agrícola (mês de julho), onde na discussão com todos os membros da família se decidiam as prioridades e o plano para o próximo ano. Morim, destacou também o curso sobre o “Programa 5 S” que foi dado na comunidade e orientado sua implantação na propriedade, o qual surtiu grande efeito na organização da mesma. Os Resultados a seguir, mostram que houve um aumento de produtividade dos produtos, variando de 113 a 897% e na margem bruta ou margem de contribuição um aumento no total da propriedade de 151%. TABELA 2 - RESULTADOS OBTIDOS EM AUMENTO DE PRODUTIVIDADE (KG/HA), CONSIDERANDO OS 3 ANOS DE IMPLANTAÇÃO DA QT. Exploração Soja Milho Feijão Feijão seca Bov. Leite Fumo Marco – zero (96/97) Produtiv. Ìndice (kg/ha) (%) 2.088 100 4.100 100 1.200 100 1.050 100 600 100 - Marco – 1 (97/98) Produtiv. Índice (kg/ha) (%) 2.490 119,25 5.900 143,90 790 75,23 1.525 254,16 2.195 100 Marco – 2 (98/99) Produtiv. Índice (kg/ha) (%) 2.700 129,31 7.200 175,60 2.000 166,66 1.200 114,28 5.383 897,16 2.500 113,89 TABELA 3 - RESULTADOS OBTIDOS EM MARGEM BRUTA (R$/HA) CONSIDERANDO OS 3 ANOS DE IMPLANTAÇÃO DA QT. Exploração Soja Milho Feijão Feijão seca Bov. Leite Fumo Total Marco – zero Marco – 1 Marco – 2 (96/97) (97/98) (98/99) M. Bruta Ìndice M. Bruta Índice M. Bruta Índice (R$/há) (%) (R$/há) (%) (R$/há) (%) 235,25 100 253,14 117,60 182,31 77,65 183,83 100 193,25 105,12 289,00 157,20 216,00 100 525,00 243,05 189,00 100 696,33 368,42 1o6,38 56,28 30,00 100 42,16 140,53 134,95 449,83 2.247,43 100 1637,50 72,86 12.498,33 100 15.488,46 123,92 123,92 151,11 ROCHA et al, concluíram que os princípios da qualidade se aplicam tanto à industrialização como aos serviços, tanto aos indivíduos como ás organizações. Os indivíduos podem colocar os conhecimentos adquiridos mais depressa em ação nas organizações. Ressalta a necessidade de elaborar um manual de procedimentos das várias etapas e ações aplicadas na Qualidade Total da Agricultura numa pequena propriedade. 8.3. ISO 9002 – Recria de novilhas Pardo-Suíço, Fazenda Alegria Publicado pela revista Balde branco – julho de 1999, o certificado ISO 9002 emitido pela Fundação Carlos Alberto Vanzolini – entidade membro da IQNet-The International Certification Network – confere um reconhecimento internacional aos procedimentos adotados na produção leiteira da fazenda Alegria, que visa assegurar bons índices no desenvolvimento corporal, capacidade reprodutiva do rebanho, à etapa de recria de novilhas, que envolve animais de 3 até 24 meses da raça Pardo-Suíça. O primeiro passo para a implantação da ISO 9002, ocorreu com a implantação do “Programa 5 S” o que facilitou e apressou a obtenção do certificado, bem como a cultura da qualidade que vem sendo implantada na fazenda há alguns anos, segundo seu proprietário Neiva, que pretende obter o certificado para outras etapas do rebanho. Resultados esperados com o processo Desenvolvimento homogêneo dos animais com crescimento e ganho de peso dentro do padrão estabelecido para a raça, de forma econômica e com o mínimo ocorrências sanitárias. Atividades críticas do processo - Observar os animais 2 vezes ao dia (manhã e tarde); - Identificar animais que apresentem alguma alteração de comportamento, indicando cio ou doença, anotar e comunicar ao vice-gerente; - Limpar o cocho diariamente pela manhã e observar a falta ou sobra de alimento comunicando ao gerente como isto esto ocorrendo; - Colocar o trato (volumoso e concentrado), dos animais 2 vezes ao dia (manhã e tarde); - Verificar a água dos bebedouros, e lavá-los semanalmente; - Verificar o fornecimento de sal, fazendo a reposição semanalmente; - Manter a higiene das instalações, removendo esterco e sobras de alimentos diariamente; - Pesar (utilizando balança periodicamente aferida), todos os animais, individualmente, uma vez por mês; - Distribuir os animais em grupos uniformes de acordo com o seu desenvolvimento, reduzindo a ocorrência de competição por alimento. REFERÊNCIAS ANDRADE, José Geraldo de. Introdução à administração rural. 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