18 Atualidade profissional Entrevista a André Pires Preto Zuprevo – sucesso comprovado nas recrias e nas engordas A Síndrome Respiratória Bovina é sem dúvida uma doença que causa grandes preocupações decorrentes do impacto económico relevante que tem nas explorações. A este propósito, entrevistámos o responsável da MSD pelo Zuprevo no nosso país. André Pires Preto Technical Services Ruminant Business Unit MSD Animal Health Lda O Zuprevo tem vindo a confirmar os ensaios iniciais de pré ‑lançamento. Isto transmite-nos muita confiança sobre o medicamento e sobre a capacidade de fornecer soluções de confiança ao médico veterinário. O Zuprevo, devido a ser um macrólido de 16 membros, tribásica possui características únicas na sua distribuição para os tecidos alvos, sendo que rapidamente atinge concentrações bactericidas no tecido pulmonar. Quais os pressupostos que levaram a MSD Animal Health à colocação no mercado de um novo antibiótico da família dos macrólidos, a tildipirosina Zuprevo? A MSD Animal Health é antes de mais uma empresa que ainda se rege pelos princípios de investigação e desenvolvimento de novas ferramentas em prole do médico veterinário e dos produtores, daí o nosso lema “A ciência dos animais mais saudáveis”. Nesse seguimento conseguiu‑se incluir para a área da Saúde respiratória, o Zuprevo, no sentido de adicionar uma molécula com longa duração, mas que ao mesmo tempo fosse bastante rápida na chegada ao pulmão, complementando assim a nossa família de soluções farmacológicas (Nuflor, Nuflor MD, Resflor e Cobactan). Todo o processo de desenvolvimento do Zuprevo contou com uma abordagem inovadora, baseada na associação da tecnologia à técnica, pois não passou apenas pela escolha da molécula, a tildipirosina, que tridimensionalmente fecha mais o canal de síntese proteica, mas também a nível da sua avaliação in vivo. Conseguiu-se assim aliar uma performance in vitro aos resultados in vivo. O Zuprevo está disponível em Portugal desde Setembro de 2011. Pode fazer‑nos um balanço sobre a sua resposta a nível dos resultados de campo? Todos nós temos a noção que os produtos têm que performar no campo, o Zuprevo tem vindo a confirmar os ensaios iniciais de pré‑lançamento. Isto transmite‑nos muita confiança sobre o medicamento e sobre a capacidade de fornecer soluções de confiança ao médico veterinário. Nos vários tipos de aplicação: Utilização metafiláctica Temos colaborado tanto a nível interno como em conjunto com os colegas espanhóis na realização de estudos, em condições reais de campo e em conjunto com médicos veterinários referência. Dos 23 estudos que já foram realizados, que incluiriam cerca de 1596 animais (tanto cruzados, como HF), dos quais 887 foram tratados com Zuprevo, obtivemos taxas de recidiva bastante baixas em relação ao normal (cerca de 12,1%). E quando analisamos por tipos produtivos (HF vs. cruzados de carne) esta taxa era distinta, na ordem dos 5,6 e 15,5%, respectivamente, sendo que são taxas realmente baixas para o normal. Utilização em terapêutica O Zuprevo, devido a ser um macrólido de 16 membros, tribásica possui características únicas na sua distribuição para os tecidos alvos, e rapidamente atinge concentrações no tecido pulmonar (9 vezes a MIC90 para M. haemolytica, 4h após administração). Sendo que em casos agudos, e onde o maneio animal não permite usar produtos como o Nuflor (florfenicol) de aplicação repetida, esta velocidade é benéfica, e persistente. A SRB é especialmente frequente e grave em animais para engorda recentemente desmamados e transportados, ou para recria. Pode‑nos falar um pouco sobre a experiência com Zuprevo nestes 2 grupos de animais? A Síndrome Respiratória Bovina é, e simplificando, um problema de conjugação de erros de maneio, no transporte, na receção dos animais, mistura de animais e agentes infeciosos, cujo resultado final, normalmente, não é favorável nem ao produtor nem ao animal. Estes dois tipos de produções (recria e engorda) passam por diferentes tipos de risco, que passo a explicar: Recria Neste momento, é realmente uma área em desenvolvimento e deve ser aposta, quer de médicos veterinários, quer dos produtores. Nesse âmbito da aposta na recria de animais saudáveis como futuras produtoras de leite, o Zuprevo está a ter um sucesso assinalável, pois além da quantidade de animais tratados por frasco, os resultados estão a aparecer também pela utilização metafilática e pela redução da reinfeção de animais novos A problemática da SRB ocorrendo em animais muito jovens, em risco, requer muitas vezes reconhecermos as falhas nas instalações e capacidade de maneio, e ultrapassar estas deficiências com a implementação de programas vacinais complementados com uso de protocolos metafiláticos. ’4 Alb 4 - 2013 - restos da 3.indd 18 26/07/13 14:47 19 Animais desmamados Nestes animais o risco decorre do facto de, na maioria da vezes, misturarmos origens distintas, animais transportados, maneios higiossanitários deficientes, a sistemas imunitários deprimidos e já sem imunidade de origem maternal. Nestes casos, à entrada de engorda, o pico de patologia ocorre nas primeiras semanas de engorda, sendo que, nos animais cujo programa vacinal se inicia apenas à entrada, apenas vão ter pico imunitário específico depois do reforço da vacina, sendo que caso ocorra a circulação de vírus respiratórios, as bactérias associadas com a SRB podem ser agentes secundários de pneumonia. Para ambos os casos em que é utilizado o Zuprevo, os níveis de tildipirosina, mantém‑se acima da CIM para a Mannheimia haemolytica e Pasteurella multocida durante 28 dias (tecido pulmonar) e 21 dias (líquido brônquico)1. Estas características do produto e da sua molécula conduzem a taxas de recidiva baixas. Os animais apresentam frequentes recidivas. Qual o impacto que terá a redução no número de recidivas num ciclo de engorda? O impacto das recidivas é diferente nos diferentes grupos, recria e engorda, mas tem em ambos os casos, consequências graves a nível económico, pois este se está a mais em ambos podem desenvolver‑se animais com lesões pulmonares crónicas e a nível de processo produtivo podem afetar a sua performance a médio‑longo prazo. Engordas – o maior gasto passa pelo custo da alimentação, sendo que animais afetados com SRB aguda possuem performances produtivas piores (reduções entre 29 a 295 g/dia2). O objetivo de peso a atingir numa carcaça não é alcançado senão com gasto de mais dias de engorda, mais alimento, mais custos sanitários. Animais que recidivam, ainda vão ter piores performances com o acréscimo de gastos sanitários superiores. Recrias – os custos a longo prazo, ainda vão ser mais evidentes, pois a pior qualidade sanitária, condiciona o aumento de idade à primeira cobrição, impactando nos custos de recria. Animais com lesões pulmonares vão ter idades mais altas ao primeiro parto, piores produções leiteiras, com tendência para impactar negativamente na longevidade produtiva do animal. Neste momento, os produtores de leite, em conjunto com o seu médico veterinário, são dos que mais apostam na melhoria das condições de recria, e no Zuprevo, devido ao seu sucesso da utilização na recria, adequando medidas que corrijam o impacto de longo prazo que a SRB tem na sua economia produtiva. Quais considera serem as principais características diferenciadoras do Zuprevo? Para simplificar, os números falam por si: • 23 minutos que demora a atingir a concentração máxima plasmática (Cmax); • 9 vezes a MIC90 da M. haeomlytica ao fim de 4 horas no tecido pulmonar; 16 • dias de acima da MIC90 do Histophillus somni (o melhor da sua classe farmacológica)3; • 21 dias de persistência no fluido bronquial (acima de 1 µg/dL); • 28 dias de persistência no tecido pulmonar para Pasteurella multocida e M. haemolytica; • 45 kg por mL de tratamento (mais kg tratado com menor volume). Em situações de maneio específicas, a persistência da concentração de molécula ativa por mais de 21 dias, complementa o estabelecimento de imunidade ativa após a realização de programas vacinais específicos de respiratório (exemplo disso o uso de Bovipast RSP + Bovilis IBR + Zuprevo). Em resumo, a MSD Animal Health investiga, desenvolve e está do lado do Médico Veterinário no campo, para propor soluções adaptadas à realidade das explorações e que assegurem a sustentabilidade da saúde animal. • Bibliografia 1. Menge et al (2012) Journal of veterinary pharmacology and therapeutics 35:6,550-9. 2. Wittum (1996) J. Am. Vet. Med. Assoc. 209:814‑818. 3. Comparativo dos estudos de farmacocinetica/farmacodinâmica publicados. a) Nowakowski et al (2004) Veterinary Therapeutics, 5, 60-74. b) Godinho (2008) Veterinary Microbiology, 129, 426-432. c) Huang et al (2010) Journal of Veterinary Pharmacology and Therapeutics, 33, 227-237. ’4 Alb 4 - 2013 - restos da 3.indd 19 26/07/13 14:47