SUELI APARECIDA NARDES A INTERTEXTUALIDADE ENTRE OS SERTOES GUERRA DE CANUDOS Trabalho de conclusao obtenr;ao do titulo de lngll!!s pela Faculdade E 0 FILME de curso apresentado para graduado em tetras Portugu~s de Ci~ncias Humanas Lelras e Artes sob orienta~o da professora Maria lucia. CURTIBA 2009 RESUMO o mesma objetivo depois do presente trabalho enfoca de cern anos continua a estimular campara-Ie com semelhanyas suas obras, 0 a estudo as do livre estudos e obras Serfaes, que correlatas e filme Guerra de Canudos no intuito de descobrir as e diferenyas destacadas e que novo sentido 0 pelo escritor diretor e diretor Ihes atribui na constrUyaO de ao resolver reescrevEHa a criados par Euclides e seu tempo. Intenciona tambem camparar Rezende, no que diz respeito a autores nas trata principalmente Palavras esta questao de Antonio chave: intertextualidade, Conselheiro, Guerra as personagens religiosidade, e demonstrar como cada urn dos de religiosidade. atitudes de cada urn dos personagens lider do movimento. Canudos, similaridades, diferen<;:as, SUMARIO Dedicat6ria.. Agradecimentos . Epigrafe.... Resumo... Sumario... Introdu98o.... . 1. Contextualiza98o.. 1.1 Historica.. 1.2 Vida e Obra.. 1.3 Estilo Euctidiano.. 2. 0 Romance: Sertoes... 2.1 A terra.... 2.2 0 Homem.. 2.3 A Luta 2.4 Antonio Conselheiro aos olhos de Euclides... 3. A Guerra.. 3.1 A Primeira Expedit;8o.. 3.2 A Segunda Expedi,iio... 3.3 A Terceira Expedic;c3o... 3.4 A Quarta Expedi980 e a Chacina.. 4. 0 Filme: Guerra de Canudos... 4.1 Linguagem Cinematografica.. 4.2 Cenario.... 4.3 Personagens.. 4.4 Antonio Conselheiro aos olhos de Rezende... 5. Tragando um paralelo das Diferengas e Semelhangas.. 5.1 Comparagoes Bfblicas.. Consideragoes Finais.. Referencias . . 03 04 .. 05 . 06 . 07 08 13 . 13 . 14 . 15 18 .. 19 .. 20 21 .. 21 . 25 . 25 .. 26 . 26 27 28 . 29 . 32 . 33 . .. 35 37 . 40 . 43 . 44 . . as . . . Introduc;ao' o presente estudo focaliza "Os Sertoes de Euclides da Cunha, que mais ft de cem anos depois de sua publicagao obras correlatas. Rezende, Esse e distribuido o 0 em 1997, ocasiao do centenario "Guerra semelhangas do confllto, que tambem texto original. 0 de Canudos", de Sergio Rezende, importantes dominante. para se comparar e diferengas entre os dois textos. Os Sertoes e um relata da Guerra de Canudos. jagungo e objeto de estudo focaliza a romance "Os Sertt'5es", de Euclides da Cunha filme dad os estudos caso da "Guerra de Canudos", filme dirigido por Sergio 0 sera analisado numa leitura contrastiva com e , (1902), continua a estimular do cotidiano da guerra, E uma abra litera ria com porem deturpada pela visao Como tantos outros livros, "Os Serfees" nao considera a esperteza um saber proprio de um povo. Essa leitura de Canudos jagungo e uma provocagao satisfaz com a Historia oficial. leituras possibilitando para a imagina<;ao criativa Sendo assim, uma visao diferenciada e do pel a otica do do leitor que nao se necessaria acrescentar sabre a tema proposto, outras como por exemplo, a filme Guerra de Canudos. Basi (1996) considera que livre posta entre a literatura 0 naturalista assinala um fim e um camec;a: a tim do imperialismo da analise cientifica aplicada aos aspectos mais e a sociologia litera ria, a comec;a importantes da sociedade brasileira Justifica-se possiveis sobre esta pesquisa a tema no proposto sentido permitindo de acrescentar aos leitores outras enriquecer leituras 0 seu crescimento estetico. Segundo Tania Carvalhal parte da estrutura (2006), de pensamento Sempre que a cornparac;ao e comparar do homem e um procedimento e da organizar;ao que faz da cultura. usada como recurso no estuda critica, passibilita uma explorac;.3.o adequada de seus campos propostos. Com base nestes argumentos, apresenta-se a problematica deste estudo, assim enunciado: Oe que forma a texto Os Sert6es se relaciona com 0 filme Guerra de Carludos e quando urn ponto de confluencia, semelhanc;as e diferenc;as entre eles poderao ser apresentadas de intertextualidade? como evidencia Qu, em autras - 8- palavras, se a roteirista Sergio Rezende decidiu reescreve-Io (copia-Ie, enfim, reconta-Io no seu tempo) que novo senti do Ihes atribui com este deslocamente? Como hipotese, presume-se entre as obras e encontrar Que e passivel sim fazer leituras contrastivas semelhanyas e diferen9as, aponta para urn processo relacional entre linguagens sempre havera esse dialogo forma de metalinguagem A intertextualidade, de literatura, portanto, onde se toma como referencia uma linguagem pais seguindo orientayoes constroi intertextual. pais a metallnguagem e, tratando-se de Kristeva citada por Carvalhal como mosaico de citayoes, carregados e uma anterior, (2006), todo texto se de outros textos, inclusive do "texto" da realidade. o objetivo geral da presente pesquisa e esb09ar a arcabou90 dispunham a autor de Os Sertees e a Diretor/roteirista teorico que de Guerra de Carludcs para analisar a contexto de produ9ao, tanto do livro, como do filme e identifiear 0 sentido da expressao literatura favorece a generaliza9ao Sao dais as objetivos teorieas e praticas identificar como as origens desses questoes a primeiro e aprofundar para se observar as personagens, enfase a fonte a figura atraves e a segundo, de do fanatismo e demais personagens. este trabalho prop6e urn estudo que se baseara suficientemente a malha de intertextualidade. teorica em face dos textos escolhidos. relevantes as questoes as similaridades principalmente religiosa, e a evolu9aO do conceito preparar conceitos mental que Sert6es e 0 filme Guerra de Canudcs; dando Como metodologia, espera-se as sao constituidas Conselheiro, praticado pel a protagonista buscar espeeificos: das intertextualidades diferenc;:as entre a texto Antonio com parada como um procedimento ou a diferenciac;:ao. para a literatura comparada Com para a posterior Dessa forma, e rompe-se ern isso, analise enfrentam-se com as fronteiras, nao somente em termos de Literatura Nacional, mas tambem das que permeiam as conceitos confluencias de texto e disci piina. As noc;:6es de intertextualidade, entre textos buscam seus aspectos literatura com parada. logieo-formal metodol6gicos A comparac;:ao nao e um metoda especifico paralel0 a uma atitude dedutiva, favorecendo isto e, as embasados na e, sim, urn ato a generalizac;:ao au a diferenciac;:ao. Carvalhal (2006) ainda afirma que 0 sentido da expressao "Iiteratura - 9- com parada", complica-se ainda mais ao se constatar que nao existe apenas uma orienta gao a ser seguida e que as vezes e adotado certo ecletismo metodologico. Quanta ao diretor do filme, Rezende, baseia-se em teorias semelhantes de Euclides, ao manter-se realidade genuinamente fie I a tecnicas estrangeiras para representar a uma brasileira. Cabera a esta pesquisa avaliar ate que ponto e de qual forma as duas obras contribuem para a formagao de uma consciencia nacional, tanto sobre 0 conflito como a natureza do brasileiro. Como suporte teorico recorre-se literatura a Tania Carvalhal com parada como a investigagao literaturas. Nao apenas aproxima-Ias, (2006) que conceitua literaria que confronta duas ou mais mas descobrir, tanto as semelhangas como as diferengas, entre elas Ainda afirma a autora que "Literatura com parada" rotula investigagoes variadas, analise com diferentes a concedem metodologias, literatura e pela diversificagao comparada vasto campo de atuagao, motivos, mitos etc. A diversidade de estudos acentua a complexidade A literatura comparada confronta como recurs a analftico e interpretativo. possibilita de temas, da questao. nao so pel a procedimento A comparagao bem dos objetos em si, mas a este tipo de estudo literario uma exploragao adequada de seus campos de trabalho. A comparagao, autores. afirma Carvalhal (2006), E a fungao da literatura comparada em questao, contemporaneo busca as raizes de cada e sempre binaria, isto e, entre dais e buscar as filiagoes de cada autor um. Par isso ela diz que a autor releu 0 anterior para produzir sua obra. Se a obra primeira era tao conhecida, nao passa a ser a partir da escrita do ultimo. Ou seja, tornam-se devedores um ao outro Oiz-se entao, segundo que todo texto e e absorgao Bakhtin e Tynianov, (citados por CarvalhaI2006), e replica de um ou varios textos, 0 processo de escrita visto como resultado de um processo de leitura. Para as comparativistas importa qual obra correlacionam e mais antiga ou qual mais recente, nao e sim, se elas se entre si. Nesta mesma linha, Julia Kristeva, nogao de intertextualidade, intertextualidade e e embora (citada por Carvalhal ela quisesse desvincular 2006), chega a questao dos estudos, contribuiu para que fosse renovado, isto e, a da abala a - 10- velha concepc;ao anteriormente, de influencia entao procedimento e desloca a que era entendido 0 sentido como da divida tao ressaltada dependencia passa a ser natural e continuo de reescrita. nao se ocupam apenas em contestar a que um texto resgata do outro, mas 0 que levou um autor reler textos anteriores Sendo assim, aS comparativistas e que sentido e Ihes atribui, levando em considerat;aa dais conceitos: par6dia estilizat;ao. Seguindo ainda nesta vertente de pensamento, Afonso Romano Sant'Anna (2007) vai mais adiante. Ele percebe que ao trabalharem dois conceitos os comparativistas par6dia tem sido estudada outras elementos, em estado embrionario. A de forma isolada, entao, ele pro poe a inclusao de parafrase deixam a questao e apropria9ao, para que sejam estudados junta mente, pois, com os conceitos de ~efejton, udesvion e "aproximat;8Io", se entender melhor os tipos de apropria90es encontrados Romano de Sant'Anna de so mente com podera nos textos literarios. (2007) cita alguns nomes que trac;aram definic;oes de par6dia, como por exemplo, Brewer, em seu dicionario de literatura: "Par6dia e uma ode que perverte 0 sentido de outra ode (grego: para-ode), isto se deu porque a ode era um poem a para cantado ao lado de outra ode, tendo, portanto, tem origem musical. Na sua concepc;ao existem tres tipos de par6dia: a verbal, com a alterat;ao de uma au outra palavra; a formal, em que as estilos e as efeitos tecnicos de um escritor sao usados como forma de zombaria; e a tematica, em que se faz a caricatura da forma e do espfrito do autor. Ele afirma ainda que, mode rna mente a par6dia se define atraves de um jogo de intertextualidade, quando a autor utiliza texto de outros para escrever sua pr6pria obra Romano (2007) cita 0 estudo de Tynianov, onde ele sofistica 0 conceito de par6dia lado a lado com 0 conceito de estiliza9.3.0. Para ele, a estllizac;ao esta pr6xima da par6dia, uma e outra tern vida dupla. Assim sendo, a par6dia de uma comedia comedia. pode ser uma tragedia Mas quando concordancia e a par6dia de uma tragedia ha a estilizaC;ao, nao ha mais dos dois pianos: 0 do estilizando pode ser uma discord€mcia, e a do estilizado. e sim, Pode-se dizer, entao. que a estiliza9ao caminha na mesma diret;.3.o do texto e par6dia caminha -11- ern diregao oposta, distorcendo 0 sentido. mais que urn passo, quando a estilizagao Enfirn, da estilizagao a par6dia nao ha tem uma rnotivagao carnica ou e fortemente marcada, se converte em par6dia. Quanto reafirmagao, a par3frase, pode se definir assim, segundo 0 autor; e, a afirmagao geral da ideia de uma mesma abra camo esclarecimento passagem e u a ern palavras diferentes, do mesmo sentido de uma obra escrita, isto de dificil entendimento", de uma pode Se dizer que e uma traduc;ao, isto e, a obra passar a existir a partir da [eitura de outro texta Neste casa, 0 autor canclui a ideia da seguinte forma: a par6dia deforma, ou seja, inverte a significado: a paratrase conforma, com um grau minima de alterac;aa e a estilizac;ao, reform a com urn desvio talerave!. Em relac;ao a apropria<;ao, outro recurso estilizagao e se opoe a parafrase. A apropriagao de deslocamento, e fruto da abson;ao discorda da do material lido para a construg3a de outro texto cam outro significado. - 12- 1. CONTEXTUALlZA9AO 1.1 HIST6RICA Apesar de 0 Pre-Modernismo pade assim ser chamado seculo XX, ende se nao se estabelecer como uma escola literaria 0 periodo que compreende destacaram percebem-se a precocidade desenvolver no Modernisrno. alguns as primeiros autores, em cujas 20 anos do caracterfsticas da visao critica da realidade brasileira, que viria a se Cujo objeto deste estudo se refere a urn destes grandes nemes, Euclides da Cunha. Estes autores ja promovem urn can~ter inovador, humano 0 uma ruptura com regionalismo, marginaJizado, mostrando au seja, mostra-se caipira etc., a liga9ao com fata politicos, passado, utilizando-se 0 urn vasto painel brasileiro, a figura do sertanejo econ6micDS de 0 tipo nordestino, a e sociais e a den uncia da realidade brasileira, onde a realidade oficial passa a ser a tematica do periodo. Apes a Proclama<;:ao da Republica, dois Presidentes militares: Peixoto, responsaveis Marechal em 1889, 0 Brasil foi comandado Deodoro da Fonseca e Marechal por Floriano pela instala<;:ao e consolida<;:ao do regime republica no em nosso pais. Este periodo e lembrado como a Republica da Espada (1889-1894). Em 1894 assume a presid€mcia do Brasil, Prudente de Moraes, 0 primeiro presidente civil da nossa histeria. Nosso pais inicia uma nova fase: a chamada Republica das Oligarquias Velha (1894-1930) Paulo e de Minas Gerais. formula que reconhecia decisoes ou Republica assentava-se economicas Era conhecida Enquanto 0 dos proprietarios como a Republica a lavoura cafeeira somada a pecuaria e polfticas do pais. Nessa fase, influencia de grandes fazendeiros, ascensao Cafe com Leite. A chamada na hegemonia sui e 0 0 Republica rurais de Sao Cafe com Leite, 0 devido peso nas poder politico sofre a sobretudo dos ricos cafeicultores. sudeste atingiam urn per[odo aureo, sustentados do cafe, 0 Nordeste sofria as conseqOencias econornicas pela e sociais do acelerado declinio da cana- de - a<;:ucar. A Republica nao correspondia e as tao esperadas transforma90es estavam longe de acontecer. Os contrastes entre os dois Brasis eram visiveis. De um lado, a elite detinha 0 dinheiro e 0 poder representado pelas oligarquias furais, de - 13- outr~, as camadas sociais nao favorecidas sofriam as diversidades produzidas pelo clima e falta de prosperi dade. Esse quadro de tensao e desigualdade resultou em agitar;:oes socia is em alguns pontos do pais. Os conflitos deram-se em tempos e lugares diferentes. para exemplificar: as movimentos 0 S6 fen6meno do canga<;:o, a caso do padre Cicero em Juazeiro, operarios em Sao Paulo (1914-18). jagunr;:o de Canudos, Destes movimentos, 0 nucleo materia de Os Sertoes de Euclides da Cunha, sera focado neste estudo. 1.2 VIDA E OBRA EuC\ides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em Cantagalo, Rio de Janeiro, no dia 20 de janeiro de 1866 e ai morreu, em 1909. Logo cedo, aos tres anos de idade, ficou 6riao de mae, e como 0 pai um guarda-livros fazendas fluminenses, nao podia assumir a responsabilidade, que percorria foi criado por parentes mais pr6ximos. Apos haver conC\uido 0 ginasio e a colegio, no Rio de janeiro, ingressou, em 1884, na Escola Politecnica, motivos financeiros do pai, acabou escolhendo proporcionaria para cursar Engenharia. Par a carreira das armas, pois esta Ihe maior seguran<;:a e tranquilidade Em 1886 transferiu-se Janeiro que entao para a Escola Militar da Praia Vermelha, passava par uma fase de ardente Euclides, ainda cadete, num ate de apaixonada positivismo a adesao no Rio de republicano. doutrina que recebera dos mestres, afronta 0 Ministro da guerra que visitava a Escola, lan<;:ando fora 0 proprio sabre; e excluido esta para ser submetido do Exercito e, confessando-se a Conselho militante perdao. Mais tarde, com a prociama<;:ao da Republica reintegra-se passa a alferes-aluno. formando-se em Engenharia Militar e bacharelando-se a do Brasil. Por motivos Em 1897 colabora sabre pela segunda Canudos, de Guerra, em Matematica, Cielncias profissao de engenheiro e trabalha na Estrada de politicos trabalhar em Sao Paulo como Superintendente comenta no Exercito e Cursa, de 1890 a 1892, a Escola Superior Fisicas e Naturais. Oedica-se Ferro Central republicano, de Guerra quando D.Pedro II lhe concede que e afastado do Exercito e passa de Obras. vez para 0 Estado; entre outros artigos interpreta como uma revolta insuflada por - 14- monarquistas hesitou renitentes. em fazer procurava esmagar vencer Neste artigo, sob titulo 0 urn paralelo entre nos sertoes e a revoluyao os sertanejos nas charnecas a nossa vendeia, ele nao os jagunc;:os, que 0 governo frances a que da Bretanha. brasileiro tambem tentava Aqui como na Vendeia a Republica tambem sairia triunfadora. o jornal manda~o com correspondente para acompanhar as operac;:oes que o Exercito iria executar na regiao para destruir "0 foco" Euclides 113. permanece de agosto a outubro de 1897; de volta poe-se a escrever na fazenda do pai, em Descalvado, Historico e Geografico expondo uma ponte. 0 livre, que sai em novembro nacional. Euclides e aclamado membro do Instituto Brasileiro e eleito para a Academia Brasileira de Letras. Em 1903, escreve Contrastes continuar primeiro depois em S.Jose de Rio Pardo (1898-1901) para onde foi incumbido de reconstruir de 1902, alcanya repercussao Os Sertees, os problemas e Confront os, livro que tambem se prop6e a brasileiros. Em 1905, vai para a Amazonia quando retorna publica Relatorio sabre 0 Alto Purus, resultado como chefe da Comissao de Reconhecimento e de seus estudos do Alto Purus, cargo designado pelo Barao do Rio Branco, seu grande amigo e ad mirador. Em 1909, passa no concurso para a cadeira de Logica do Colegio Pedro II. Fica pouco tempo, pOis, par quest6es de hanra e assassinado. 0 historiadar jovem Euclides tenente Dilermando de Assis. e engenheira chegou armado fai marto pelo para matar ou marrer em nome da hanra, uma vez que sua mulher, Ana de Assis, abandonara~a pelo tenente. Campeao de tiro, Assis, alvejou~o primeiro. Contava, ao marrer, quarenta e tres anos de idade 1.30 ESTILO EUCLIDIANO Para alguns, quanta mais inconfundivel interiores, tanto maior sera a personalidade for 0 estila nas suas marcas do escritor. A critica estrutural deslacau a eixa da analise e5tilistica para 3 campos da semialogia, e com ela, a canceita de e5tilo trouxe novas conatac;:oes. A maiaria das teoricos da literatura cansidera inseparavel da expressividade a ideia de e5tila lingOistica, 5em a que nao havera literatura. ~ 15 - Embora 0 estilo nao se esgote nos seus elementos representac;:ao verbal que se podem estabelecer seu mecanismo interno ou as linhas mais forma is, e atraves da as suas qualidades, caracteristicas que estudar 0 presidiram a elaborac;:ao. o historiador da literatura Bosi (1998) afirma que nao se deve enquadrar livre em Udeterminado genero", ja que Ma abertura a mais de uma perspectiva modo proprio de enfrenta-Io" Ha quem viu, caso de Afrfmio Coutinho, 0 e 0 0 texto euclidiano como "obra de ficyao" Ha ainda aqueles, como Massaud Moises, que entendem como ~c6moda" a posic;:ao de nao enfrentar a questao da classificac;:ao da obra - dar dizer que 0 livre se trata de um "ensaio recheado de elementos a esteticos e literarios". A opiniao de Bosi e a mais coerente, e a que mais atende natureza do livro. Isso porque a obra permite, efetivamente, varias entradas. Ela acata leituras a partir de varios pontes de vista. Achou-se expoem-se as Parnasianismo, impregnado necessario teorias examinar cientificas 0 contexto da uma vez que 0 estilo epoca social e cultural. do Realismo, de Euclides Sende assim Naturalismo da Cunha e foi fortemente por estes estilos de epoca e atualizou muitas caracteristicas vi gentes deste perfodo. Atraves destes elementos, Euclides da Cunha elaborou 0 mundo sertanejo Canudos e a arma militar atraves dos com bates Segundo Basi ('1998): E moderno em Euc1ides homem natureza, brasileire. Os 0 desejo de descobrir 0 misterio da terra e do Sertoes sao obra de urn escritor comprometido com 0 hornem e com a sociedade. com a A descric;:ao que Euc1ides faz da terra, do homem e da luta situa Os Sertoes, de pleno direito, no nivel da cultura cientifica e historica. Situando a obra na evoluyao do pensamento brasileiro, diz na/uralisla, as lucidamente Antonio Candido: Uvro posta SerlOes assina/am o comec;:o entre da analise da sociedade a e a li/em/um um fim e um comec;:o: br8sileira cientffica apficada sociologia ° fim do imperialisJllo aos aspectos mais (no caso, as contradiC;:Oes coll/idas de cullura efllre regi60s litor<1l1oas e 0 literario e impot1allles na diferellc;:a interior) - 16- Basi ainda afirma que a personalidade as conflitos violentos, fanaticos, esmagados de Euclides da Cunha pende para par Isso as imagens de Antonio Conselheiro e seus pelas "ra9as do litoral", entraram em sua consciencia e 113 ficaram eternamente o engenheiro, determinismos Euclides da Cunha, deteve seu olhar na materia enos racials que 0 seculo XIX Ihe ensinara aceitar sem reservas. 5e a critico afirma que 0 escritor de Os sertoes sofre todas as influencias das teorias cientificas da epoca, e pertinente critico Posteriormente das mesmas. pesquisa-Ias sera necessario e fazer urn estudo verificar como elas se atualizam no romance em estudo. o Realismo, 0 Naturalismo mais expressivas e 0 Parnasianismo sao as correntes escritor Euclides da Cunha, ainda total mente impregnado atualiza em seu livro muitas das caracteristicas momenta reflete fortalecimento, artisticas da segunda metade do seculo XIX ate 0 limiar do SE!culo XX, 0 no plano enquanto artistico, classe a consolidayao detentora deste estllo de epoca, vigentes do neste da poder, em periodo. Este burguesia e funy~1O do triunfo definitivo do capital industrial sobre 0 capital de comercio, e da implementayao seu do capitalismo avanyado, o apogeu da Revoluyao Industrial, marcaram profundas transformayoes o impeto revolucionario os avanyos cientificos e tecnol6gicos na vida, na arte e no pensamento. e contestat6rio do periodo romantico, a exaltayao da liberdade individual, da rebeldia sao substituidos por novas palavras de ordem: a ciencia, 0 progresso, a razao, que interessam a c1asse dominante, estabilizayao de suas conquistas, de preservayao no senti do da da ordem, de maximizayao da produ.yao industrial. A leva de escloitores que vivenciou gerayao do materialismo, toda a sua intelectualidade. opondo-se estes ideais pode ser chamada pois 0 desenvolvimento Estudantes cientifico de a da epoca influenciou aderem ao cientificismo, ao materialismo, a metafisica. Algumas muito visiveis desenvolvida doutrinas cientifico-filos6ficas dessa epoca na produ.yao litera ria. Oentre elas cila-se por Augusto Comte, que consiste deixaram marcas ° Positivismo, doulrina na observayao dos fen6menos - 17- submisSDS a imaginac;:ao. Em seus estl.:dus abrangeu varios campos. da Teoria do Conhecimento pensamento a Sociologia, caracterlzado filosofico, atribuindo importancia a rei a orientaC;:3o cientificista que deu ao constituic;ao e ao processo da ciencia positiva capital para 0 progresso do conhecimento. Outra teoria, tambem muito importante, fOl desenvolvida por Charles Darwin. Parte do principia de que homem e 0 produto da evoluc;ao natural das especies. Este pass a a ser visto especial mente sob 0 aspecto tornado como ser animal, regido pelo instinto biol6gico, biofis;oI6gico, pelas mesmas leis que regem todos os animais. Ainda Qutra teoria merece ser destacada: 0 Determinismo, sistematizado por Hypolite Taine, que prop6e que 0 comportamento humano seja determinado por fo«;:as biol6gicas sociologicas (ecologia, (0 instinto, a heranc;a genetica), meio social) e historicas. Todos os fatos psicol6gicos e ambientais e sociais sao manifestac;:oes naturais que nada tern de transcendencia Das teorias influenciou citadas, esta ultima, a de Hypolite Taine fai a que mais a feitura do romance de Eliciides da Cunha, como sera demonstrado neste estudo. 1\ descric;:aa minuciesa da terra, do homern e da luta situ a uma leltura cientifica autores e tendemclas difundidas influenciar as e historiea da realidade brasileira nordestina. na personalidade na epoca, Serloes como Uma serie de de extrac;ao cientificista, passou do jovem cadete. Os ideais foram repassados influencia direta com Benjamim Constant, urn intelectuaf brilhante e respeitado epoca. Com a eonvivencia absorveu referencias Taine, 0 Evolucionismo a por da direta ou nao com este professor, Euclides da Cunha teorieas de autores e correntes como 0 Determinisrno de de Spencer. 0 Darwinismo racial, 0 positivisrno de Cornte, a visao do hero; de Thomas Cary Ie, para quem a Historia era feita grac;as a ac;ao des grandes homens. 2. 0 ROMANCE: OS SERTOES o esquema determinista, de Hypolite Taine, ja se pode perceber na - 18- composir;ao terraH, "0 da estrutura do Romance cujo nudeo e formado par tres partes: ~A hamem", "a luta~ Para que ocorridos 0 escritor pudesse entender a forma cientifica das acantecimentos em Canudos ambientais geograficos se mostrar era necessaria os cruzamentos Homem); das ocasionaram cansiderar (A terra); das aspectos entre as rar;as e circunstancias historicas, cruzamenta 0 antropologicos surgimento 0 culturais, dos fatores necessarios politicas, sociais a guerra em Canudos (A luta). Nesta divisao percebe-se, familiaridade do particularmente escritor com a Determinismo Cientificismo 0 do para do sertanejo final do (0 que portanto, a seculo XIX, de Taine, conforme citado acima. 2.1A TERRA Na primeira parte, de Canudos, 0 escritor faz um minucioso levando em conta 0 relato das condi~6es flsicas relevo, a clima, a fauna e a flora do lugar. A profunda formar;ao de Euclides da Cunha em Ciencias Naturais e Geografia foram fundamentais para a realizagao desse estudo, calcado, portanto, em bases ~cientificas" Outro aspecto informagoes relevante para a realizagao repassadas pelo a casa do amigo continuamente seu amigo para relatar caatinga. A medida que Euclides ia escrevendo los, aos domingos, controvertidos. geologia, a Teodoro, Esses capitulos aspecto, dessa parte do livro foram as particular la na as capitulos, nao deixava de levadebater fisica dos sert6es, baiano, Oebatiam sabre a constituigao Sampaio. presenciara diziam relevo. E Teodoro, do vasto sertao que a fim de ouvir a seu juizo, respeito a natureza velho conhecedor Francisco e a ltapecuru dava-lhe todas as informa~oes a regiao Teodoro episodios da regiao entre 0 Sao necessarias. antes de Euclides, as pontos foi-the Conhecendo inteiramente utH. do solo, sabre as estudos de Hartt e Derby em relar;ao as terras salgadas dos tabuleiros arenosos, das montanhas calcarias, 0 curso dos rios, a regime dos ventos e caracteristicas da flora. Teodoro foi a rna is valioso colaborador, de seu livro. Como homem desinteressado, nessa fase preparat6ria deu-Ihe tudo a que sabia e tudo a que possuia sabre 0 Sampaio Nordeste. - 19- E uma paragem impressionadora. As condiyOes estruturais da terra la se vincula ram a viole!ncia maxima dos agentes exteriores para 0 desenho de relevos estupendos. o regime torrencial dos climas excessivos, sobrevindo, de subilo, depois das insolayoes demoradas, e embalendo naqueles pendores, expos a multo, arrebalando-Ihes para longe lodos os elementos degradados. as series mais antigas daqueles ultimos rebenlos das montanhas: todas as variedades crislalinas, e os quartzitos asperos, e as filadas e calcareos, revezando-se ou entrelatyando-se, repontando dura mente a cada passo, mal cobertos por uma flora tolhitya-dispondo-se em cenarios em que ressalta, predominante. 0 aspecto atormentado das paisagens. (... ) (...) as pesquisas de Fred. Hartl, de fato, eSlabelecem nas lerras circunjacentes a Paulo Afonso, a existencia de inegaveis bacias cr~taceas. 2.20 HOMEM Nesta parte, a escritor faz um estudo detalhado dos componentes forjaram as etnias que habitam a regiao e apresenta a sertanejo raga, produto de multiplos cruzamentos. que como uma sub- Faz urn estudo das bases antropol6gicas do homem brasileiro, orientado pelas teorias raciais do sEkulo XIX. Oeste estudo resulta urn ponto de vista de fundo preconceituoso o escritor a hist6ria da humanidade fracas. Mostra a prioridade cruzamento em relagao ao sertanejo. da raga branca no processo e de mestigagem. Para se faz pelo dominio das ragas fortes sobre as A mistura de negros, de miscigena9:to, portugueses, indios de nao permite a unidade racial do povo brasileiro. 0 sertanejo, visto como uma sub-raya resultado de multiplos cruzamentos Percebe-se, representa uma involugao biol6gica. mals uma vez a influencia dos modelos da Biologia e das Ciencias Naturais para os estudos da sociedade e da cultura. Mas este estudo e todo marcado par paradoxos e contradigoes, pais a certa altura do livro encontramos: o sertanejo C. antes de tudo, um forte. Nao tern 0 raquitismo dos mestir;os neurastenicos do litoral (p81). Com asta afirmar:;ao mostra as diferenc;as entre 0 mestiC;o do sertao e do litoral. 0 do serrao ficou isento da cultura ·superior', por ter {icado iso/ado da civilizat;tlo, perdido nas caatingas, longe das cidades e, par isso, /lao decaiu. Ja 0 do litoral, vivendo nas grandes cidades sofrell o peso do desellvolvimenlo, sllcllmbiu e degenerou-se. o livro retrata aquele mestir:;o do serttio atraves de alltlteses como sendo 11m H{JrclIles- QIJasimodo, ou seja. gller(eiro, valente, porem feio, mirrado, quase om monstro. (. ..) e da figura vulgar do labareu canlles/ro, repon/a, inespemdamente, 0 aspecto dominador de um tita acobreado e potente, I'um desdobramOflto stfrpreendente de rorfia e agilidade extraordinarias. (p81) exaus/ivo - 20· 2.3 A LUTA Neste capitulo do livra, Euclides narra todo 0 conflito, ate seu final terrivel e melanc6lico. resistencias Faz um relata das varias Nesta parte do livro, as esquemas sendo eiiminados, dramaticos expedi90es contra Canudos e as do sertanejo e 0 texte, como deterministas 5e fosse verificados uma epopeia ate entaD, vao ganha aspectos e relata a vioh~ncia e a barbarie da guerra. 0 ataque final das foryas do exercito, ocorrido a 5 de outubro de 1897 poe fim a uma pagina negra da nossa his tori a (..) os triulltadores, aque/es triullfadores. os mais originais entre lodos os Iriunfadores memorado$ pela Hist6ria, campreenderam que naquele alldar acabaria por devora-Ios, urn 8 !lm, 0 filtimo reduto r:r;mbalido 2.4 ANTONIO CONSELHEIRO A guerra de Canudos ocorreram em 1897, estabelecendo em AOS OLHOS DE EUCLIDES e conhecida Canudos, a regime republicano como um dos principais assinalando a queda conflitos da Monarquia no Brasil. Antes de entramos que e em detalhes sabre a conflito da guerra, vale ressaltar aqui a trajet6ria do lider protagonlsta. Antonio Vicente Mendes Maciel, Antonio Conselheiro, nasceu em Quixeramobim, no Ceara, e viveu no meio da familia que possuia um padrao de vida mediano. Teve uma boa educa9ao Geografia, tomar a Matematica eonta abandonou dos mulher 0 negecios Conheeeu igrejas porem contato com a Apes a morte do pal, passou a nao obtendo muito com sua prima, e passou sueesso, a exereer na eidade de Campo Grande e Ipu. Mas foi abandonado que Ihe rendeu vaguea90es uma eseultora Antonio Conselheiro eonstruiu da familia, e na mesma epoea casou-se fun90es juridicas que Ihe proporcionou e Unguas Estrangeiras. e deste envolvimento os abandonou e passou pela pelo sertao nordestino. e continuou a ser conhecido tiveram urn filho, porem suas peregrina90es pela barba grisalha, pelo sertao, bata azul, sandalias de eouro e a mao apoiada em um bordao. - 21 - Possuia um espirito de lideran9a impressionante, sua jornada espiritual, inumeros Nordeste, como Pernambuco, fieis advindos capaz de arrebanhar para de varias partes de cidades Ceara, Bahia e Sergipe. Sua peregrina9aO do durou mais ou menos uns quinze anos, ate 1871, quando fundou 0 arraial de Canudos, sede de seu reinado Alem do mais, tinha uma linguagem clara, limpida, transparente. biblia e suas cita90es latin as fundamentavam transparecer a conhecimento como S. Agostinho, Pregava a suas opinioes religiosas. das ideias dos mais importantes Oeixava santos cat6licos, S. Tomas, S. Inacio e autores classicos como a poeta grego Homero, a teatr610go Euripedes, 0 poeta latina Virgilio e a educador Quintiliano. Citava, ainda, a martir cat61ico ingles Thomas Morus, autor do livro A Utopia, que relata sua imagina<;ao de uma comunidade Antonio conselheiro perfeita, que vivia em paz e igualdade. se serviu deste modelo pra organizar a comunidade sertaneja de Canudos, e come<;ou, em 1893, a realizar sua utopia. A Folhinha Laemmert. no Rio de Janeiro, em 1877 registrou a ocorrido: Apareceu 00 sertlfo do norte, urn individuo, que se diz cllamar Antonio Conse/heiro, e que exerce grande influfmcia no espirito das classes popu/ares, servido-se de seu exterior misterioso e costumes asceticos, com que imp6e a ignorancia e a simplicidade. Deixou crescer c.' barba e cabelos. veste uma /(mica de afgodao e alimenta-se t~nllemeflte, sendo quase lIfua m/I/uia. Acompanllado de duas professas, vive rezar terqos e fadainhas e a pregar e a dar conse/f,os as tIlullidOes. que reune, onde Ille permitem os parocos; e, movendo sentimen/os re/igiosos, vai arrebanlla/ldo a povo e guiando-o a seu gas/a. Revefa ser homem inteligente. mas sem cu/tura Em 1893, fixa-se na Bahia, em uma velha fazenda de gada, chamada Canudos, e batizada mais tarde, pelo seu fundador, de Bela Monte. Ai teve inicio uma intensa migra<;ao de fieis chegando ao final edifica<;6es, com uma populac;ao que excedia abandonavam a sua casa e todos as seus pertences santo, como eles 0 chamavam. obra, pois quase com mais vinte mil pessoas. de cinco mil As pessoas e instalavam-se no lugar Toda regiao comeryou a sentir falta de mao de toda a popularyao migrava para a terra do Santo Antonio Aparecido. o lider espiritual pequenos comerciantes cidade independente, era 0 Antonio Conselheiro, seguido de uma irmandade, e 0 povo que para la se dirigia. Bela Monte se tornou uma com norm as e condutas pr6prias. Defendia que os hom ens - 22- deveriam se Jivrar das opressoes e injusti4tas que Ihes eram impostas, superar os problemas de acordo com os valores cristaos e religiosos. o adulterio eram proibidos. Tambem 0 casamento buscande A bebida e civil, a circula4tao do dinheiro republicano e a acumula4ta.o de bens materiais. A norma canudos era recusar 0 Estado, criticar 0 modelo republica no e afirmar como a terra santa, 0 lugar onde seria posslvel corrompido salvar-se do mundo pel a a4ta.odo dinheiro, do presidente, dos padres que perderam a se aliararn aos interesses mundanos. saber ao certo a que se opunham. espat;:o religioso que abrigasse Seguiam Queriam fe e sem era mesmo a manuten4tao de um excluldos 05 urn ideario meio confuse e onde fosse possivel viver a verdadeira fe que ja nao existia fora de Canudos. Ap6s 0 trabalho igrejas para ouvir Conselheiro definiu diario, todos Conselheiro. algumas 05 que quisessem E a medida que funt;:oes e atribuiu se reuniam Canudos para pessoas confian4ta, como Joa.o Abade que recebia as recem-chegados, reporter de Canudos, Tim6teo Pajeu era a comandante era 0 sineiro, militar e Antonio diante das cresci a Antonio de sua inteira Antonio Beato, Manuel Quadrada, 0 curandeiro, Vila Nova guardava as armas e munit;:oes. Apesar da pobreza, ninguem passava fame; apesar de todos trabalharem, ninguem era explorado. Os dirigentes da igreja cat6lica percebendo nos seus interesses e perdendo influencias resolveram interferir, cheganda a Canudos, Evangelista e mais dois sacerdotes; camunidade, Num dos encontros com que iria aconselhar encolerizados em 1895, 0 missionario fica ram em Canudos ministraram casamentos. Conselheiro que estavam sendo contrariados sobre muitas pessoas, em defesa Italiano Joao 13 dias observando a Evangelista a missas e batizados. Conselheiro, frei 0 povo a dispersar, com tal fa4tanha e protestaram Joao expos mas os canudenses ficaram contra 0 frei, pois entenderam que 0 abjetivo era que a tudo volta sse a ser como antes. "Acatar a proposta do frei era 0 mesmo que acabar com Canudas Conselheiro H e 0 lider, Antonio e negar a autoridade conselheiro, espiritual fai categorico: minha gente, mas tambem nao estorvo a santa missao" e moral de "Eu nao desarmo E assim, angariava vez mais pessoas para sua grei. Ou seja, enquanto os padres pregavam cada 0 reino - 23 - dos ceus, Conselheiro prometia 0 paraiso terrestre. Para os canudenses eles defendiam nao importava 0 arraial de qualquer alguns ate morreram defendendo As autoridades qual partido politico governava forc;;a que se opusesse uma ameaga A aC;;aodo Antonio Conselheiro e coroneis nordestinos, viam na renovag30 a ordem misticos, social e religiosa estabelecida. acabou provocando da igreja e dos republicanos reagoes dos fazendeiros em especial dos setores mais radicais do Exercito, os jacobinos. Os canudenses ignorantes, e seu guia. e setores dominantes de Antonio Conselheiro 0 pais, ao Conselheiro passaram a serem vistos como bandidos de varias especies, gente simples, liderados par um louco que conspirava contra a nascente republica. E 0 Exercito decidiu enviar tropas para destruir Canudos; a guerra estava instaurada. Segundo Canudos, considerados geograficos, miseravel isolando Euclides da Cunha, as sertanejos onde criaram culpados, raciais um eslilo mas produto e historicos. que se refugiaram comunitario de vida, de uma serie Abandonados nao na vila de poderiam ser de fatores economicos, governo, a populagao pelo do sertao, formada pel a mistura de banco com 0 negro e Indio, foi se cada vez mais, organizando-se atrasadas culturalmente, religiosos. Com facilitando isso, criava-se 0 em comunidades surgimento fechadas do misticismo uma situac;;ao favoravel e muito e fanatismo a atuagEio de lideres capazes de arras tar multidoes com suas promessas de paraiso e redeng30. Os sertanejos, esperanc;;osos, almejavam viam a solugao em Antonio conselheiro, muito carisma. E a populag30 que se agregava mais, causando incomodo e provocando combale foi-se tornando cada vez mais violento, conquistaram a ele foi aumentando a interierencia diante da situaC;;3o, a apelar para 0 exercito. tropas federais por uma situac;;ao de vida melhor, que deu conla deste papel, por possuir levando 0 governo, Depois de diversos a vitoria, numa carnificina cada vez das tropas policiais. chocante Esse impotente confronlos as que arrasou 0 arraial de Canudos. - 24- 3. A GUERRA o inicio da guerra de Canudos Antonio Conselheiro fol deflagrado madeira em Juazeiro (SA) e pagou adiantado. no tempo marcado, por urn pequeno incidente. precisava concluir uma das suas igrejas e mandou comprar 0 !ider dos canudenses Como a material nao foi entregue resolveu ir pessoalmente lote de madeira comprado. Tal atitude foi mal interpretada buscar 0 pelo juiz da cidade, Dr. Arlinda Leoni, que se <lproveitando da situac;ao, considerou 0 ato do beato como urn desafio a lei e uma amear;:a de invasao a Juazeiro. Como as conselheiristas Pires Ferreira nao atacaram ir ao encontro deles, Juazeiro, 0 juiz mandou a tenente para naQ ficar em ma posir;:ao diante do governador 3.1 A PRIMEIRA EXPEDI<;:AO o juiz, Or. Arlinda Leoni, solicitou ao governo estadual 0 envio de tropas a fim de proteger a populagao da eidade, pensado na possivel invasao e ataque dos canudenses. Chegaram Pires Ferreira Canudos, a cidade, cento e sete homens eomandados com a missao de prender a Antonio pelo tenente Conselheiro. Enviados a desde os primeiros instantes tiveram que enfrentar muitas dificuldades oeasionadas pela seca, num terreno ingreme e longo (mais de cem qUiI6metros). o foi resultado reagiram 0 usando resistencia abandonaram que se esperava: velhas inesperada, a humilha9a.o e a derrota. espingardas, as sold ados foiees, faeoes entraram em Os canudenses e garruchas. Diante da debandaram e de 1896, no povoado de panico, suas armas no local. A vitoria dos canudenses, em 21 de novembro Uaua, nao fol ace ita pacifica mente pelo Estado. Estavam criadas para 0 inicio de uma luta contra Antonio Conselheiro Embora 0 governador baiano nao quisesse 0 as condigoes e seus seguidores. comandante do distrito militar da Bahia, general Solon, conseguiu autoriza9ao pra uma nova expedigao. 3.2 A SEGUNDA A segunda Febronio de tradicionais, EXPEDU;;AO expe.·dic;ao reuniu quinhentos Brito e organizados leva ram metralhadoras em homens, colunas comandados macic;:as. pelo major Altern das armas e dais can hoes. o major Febronio avaliou mal a luta que teria de enfrentar nos sert6es, passando 15 dias se preparando em Monte Santo, ao passar par Queimadas deixou parte de suas munic;6es, julgando- as dispensaveis Apes dais dias de marcha, sob a calor infernal e de percorrer can hoes retardavam a chegada. Enquanto pedregosas, as preparavam, com seus faeoes, faices, 8spingardas i550, e vel has garruchas. Antes mesma de come9ar a luta, as sold ados jil estavam expediC;:3o acampou Os conselheiristas sao emboscados na Serra do Cambaio, por trilhas as jagunc;os se distante de Canudos exaustos. A 13 quil6metros. cOlTIe~am a gritar dando vivas ao "Conselheiro~, e as sold ados pel as jagun~os em terrenos acidentados, e em Tabuleirinhos. Perante as for~as militares, estaduais no Morro do Cambaio e federais, mais uma vez as sertanejos saem vitoriosos. Diante desta grande humilha~ao, a gaverno baiano telegrafa ao presidente da Republica solicitanda ajuda federal para cam bater as canunendes, movimentos no Brasil, dominantes populares as for~as 5e uniram, au seja, instaura-se que e como as representavam as classes uma real guerra de exterminia. 3.3 A TERCEl RA EXPEDI<;:AO o presidente interino da Republica, Manoel Vitorino, escolheu a famoso coronel Antonio Moreira Cesar para comandar a nova expedic;:ao contra Canudos. Faram importados mil e trezentas da Alemanha, homens, tragaram armadas com canhoes Krup, recem- urn plano de acyao, porem sem os devidos cuidados sabre uma regiao desconhecida. A derrota das expedi~oes junto aos sertanejos, anteriares aumentou 0 prestigio de Canudos passando a receber milhares de novas adeptos, refor~ando a defesa com a construc;:ao das trincheiras. - 26- o coronel dificuldades Moreira Cesar, subestimando os sertanejos, e nao avaliou os inimigos com quem iria defrontar, nao confiou previu apenas em seus exitos e sem perceber estava caindo na armadilha dos conselheiristas, ordenou 0 bombardeio, atravessava mas foram recebidos por uma intensa fuzilaria, e quando 0 rio Vaza Barris Moreira Cesar foi atingido p~r dois tir~s, culminando em sua morte em marlfo de 1897. Diante do incidente, tomou a frente 0 coronel Tamarindo, mas nao foi multo adiante, sendo igualmente tropas, comandada atingido pelos sertanejos, sendo a partir de entao, as pelo major Cunha Matos, 0 que tambem nao teve muito exito, fazendo com que os soldados saissem pelas caatingas perdendo-se Assim, recursos foram abandonas que seriam utilizados e morrendo. pelos sold ados contra em proveito dos proprios canudenses Canudos contra possiveis ataques algumas conseqOencias politicas futures. 3.4 A QUARTA EXPEDI(AO E A CHACINA A derrota da terceira expedi9ao repercutiu e militares. Primeire, descobriu-se uma conspirat;:ao para tirar do poder Luiz Vianna, sendo aprisionados Segundo, ° governador os implicados. a Escola Militar do Rio de Janeiro revoltou-se contra 0 governo, mas foi control ada pele presidente Prudente de Morais. o tal presidente ia-se fortalecendo porem percebeu Que sua estabilidade nova expedic;:ao a Canudos. contra seus adversarios civis e militares, no governo dependia do resultado Foi quando entao, convidou de uma 0 general Artur Oscar para comandar a quarta expedic;:ao, que aceitou com entusiasmo. Foram cinco mil homens, comandados Silva Barbosa e Claudio Savaget, enviados duas colunas. A primeira se socorrer estrategia, ataque da segunda dividindo-se e cercada pe\os generals Artur Oscar, Joao da pelo suI. As tropas dividiam-se coluna que, vitoriosa em pequenos maci90. Conseguem em pelos jagunc;:os no Morro da Favela e tem que batalh6es. em Cocorob6 havia mudado As duas colunas tamar boa parte do arraial, de tenia ram um mas as sold ados mal - 27- resistem a fame e a sede. Comandados pelo proprio Ministro da Guerra, 0 Marechal Carlos Bittencourt, 8000 hom ens deslocam-se para a regh30 de Canudos, em agosto Canudos fica isolado e sem agua. A torre da igreja e derrubada canhao. Estarrecidos, esperando muitos foram degolados fim da resistencia a salvacr30, os sertanejos de 1897. per um tiro de nao se renderam, apes 0 assalto final, e quando as soldados chegaram 56 encontraram quatre sobreviventes: e ao um velho, um rapaz de 16 anos, um caboclo e um negro. o escritor Euclides da Cunha a tudo assistiu para fazer a reportagem no jornal A provincia de Sao Paulo, hoje, 0 Estado de Sao Paulo. Toda a est6ria de Canudos e seu massacre fcram depois recontados no livre Os Sert6es, escritor que assistiu a·~onito um crime praticado por uma nacionalidade pelo inteira Fecflemos es/e livro. Canudos n~o se rendel!. Exemplo unico em toda a Historia resisliv ate ao esgotamen/o complelo. Expugn8do palma a palma, fla precisao integral do lerll1O, caiu flO dia 5. ao enlDrdecer,quando cairam seus ul/imos de{ensores, que lodos morreram. Eram qualro apenas 11m vel/lo, dois Immens {ei/os e vma criam:;8, 118 !rente dos quais rugiam raivosamcnte cinco mil so/dodos 4. 0 FILME: A GUERRA DE CANUDOS Ao contra rio da obra, em que Euclides da Cunha narrou atraves de um personagem masculino, 0 filme de Sergio Rezende mostra uma ViS30 diferenciada do conflite ao utilizar um personagem feminine para narrar a historia. Para isso Rezende se valeu de uma linguagem de superproducr30, hellywoodiano produc;6es imagens cinema cinemategrcHica "classica H isto 13, a forma de mostrar a "realidade" difundida , no cinema dos anos 40 e 50, e que ate agora e muito comum na maioria das Norte Americanas. tecnicamente 0 cinema nos moldes hollywoodianos desenvolvidas era vista como "linguagem e moralmente do dominante", ideais. A estetica do poder economico, mostra deste com intuito de explicitar a superproducr30, que nao mostra 0 confronto violento entre a imagem que 0 espectador tem da realidade. Como afirma Nilza Rezende, citada - 28- por Schafer (2006), em rela,ao a "superprodu,ao" do filme Guerra de Canudos: Conceitos sao para quem eria, para 0 espectador vale a emogao do ~filma90n Rezende tem como embasamento manter fiel a tecnicas estrangeiras Euclides embasou-se teorias iguais as de Euclides ao se para mostrar uma realidade em pensadores europeus brasileira. Isto e, para e norte american os para tentar elucidar a realidade brasileira e Rezende preferiu narrar como genera "filme de guerra", baseado estereotipados, no cinema texto euclidiano apresentando 4.1 A LlNGUAGEM Filme e obra ao espectador foram a ilusao de estar diante constituidos em epocas fatos completos, pois ao relatar as informayoes, faz-se necessario utilizadas como, por exemplo, 0 enquadramento o enquadramento 0 designio vez, sao distinguidos entre 0 diferentes, E, uma vez cinematografica demonstrar primeiro propriamente as tecnicas e 0 movimento e a unidade basica do discurso filmico que se constitui assunto (espago) por urn certo se realiza para 0 espectador do diretor na conduyao em pianos e angulagoes, da narrativa. Os pianos, e 0 ou a maneira como foi recortado. Teremos entao, 0 grande plano geral, onde se prioriza 0 ambiente, mostra por sua pelo diretor na constru<;ao de seqOE!Ocias, pela distancia, assunto e a objetiva da camera, isto e, a distancia entre 0 assunto espectador, geral, Schafer a Guerra e 0 Homem como elas sao recortadas. em continuagao de determinado tempo. 0 enquadramento reforyando dos fatos em relatos, segundo com relagao a linguagem por Rezende, e linguagens teorico cultural proprio de cad a tempo. (2006), afirma-se que nem urn nem outro descrevem Para discutirmos igual aD do do fato. que, tanto a obra quanto 0 filme foram baseados na representagao personagens CINEMATOGRAFICA cada pressuposto dita, usada delineando perder no filme aspectos do mostra 0 alcance total da realidade criada atraves narrados, como uma unica interpretayao seguindo americana, que poderia atribuir 0 mesma objetivo denunciador livra. A tecnica hollywDodiana das imagens norte como no proprio conflito, fazendo-se mostra ambiente e personagem, a rela9aO entre ambiente plano medio ou de conjunto, e personagens, plano 0 plano onde se america no, onde os - 29- personagens sao hollywoodiano, mostrados meia-figura, da que e cintura 0 plano, primeiro plano, enquadramento close-up, onde se mostra apenas para cima, comum que e 0 com durac;:ao mais lon9a. T odos os enquadramentos cinema e primeiro de rosto e ombros, primeirissimo rosto, detalhe. 0 plano ou enquadramento de e 0 enquadramento parte do persona gem e parte do ambiente e plano sequencia, movimentos no meio termo entre 0 americana sao combinados com os e angula/foes, pelo direlor, para dar 0 rllmo das cenas. Alem das varia\=oes de pianos, criac;:ao cinematogrcHica, a angulac;:ao tern papel importante pois ambas subtraem parte do ~real~ para privilegiar na uma ou outra abordagem do assunto Pode-se considerar, "moldura", filmico para e segundo Schafer (2006), 0 enquadramento como uma Schafer (2006) diz que alguns autores utilizam a denominac;:ao nivel 0 conjunto participante profflmico para enquadramentos, a forma 0 enredo e ambientac;:ao, sons) mostrado (angulac;:oes, diferenciac;:ao de planas). Quanto ao movimento, diferenciador do enredo (personagens, como das demais os estudiosos artes figurativas, da arte 0 definiram em especial como principal da fotografia, e e 0 responsc3vel par transmitir a impressao de realidade sugerida ao espectador. Todas estas realidades, que montagens t6cnicas e a parte sao utilizadas montagem que os pIanos se unem urn ao outro constituindo narrativo, semantico e estetico, estabelecendo Schafer (2006) afirma produc;:ao norte americana As primeiras e construc;:ao de um relacionarnento a analogia espac;:o x tempo. que a identificac;:ao do cinema se deu em consequencia Pais, pois a industria cinematografica importada. na mais relevante da confecc;:ao de um filme. E atraves das necessitava proje/foes se deram, brasileiro com a do subdesenvolvimento de tecnologia no Brasil, entre 0 do e mao de obra ano de 1896 e 1897. A produc;:ao de Rezende aconteceu entre 1996 e 1997. Em traca do cafe que exportava, 0 Brasil impoltava ate pali/o e era /Jomlal que importasse tambem entretenimento fabricado nos g'fjfldes cen/ros da Europa e America do Norte. Em algu/ls meses 0 cinema nacional eClipsou-se e 0 llIercado cinematogrtJfico br8sileiro, em canst ante desenvolvimento, ficoll inteiramente disposigtiO do filllIe a estrangeiro - 30- A hegemonia do cinema norte americana grande poder econ6mico estetica do cinema daquele logo se estabeleceu devido ao pais. E pode-se ver ainda nos dias atuais, a hollywoodiano classico, presente em grande parte das produyoes. A intenyao hollywoodianos, de Rezende, foi superproduyao. ao produzir exatamente esta, Guerra explicitar Por isso segue uma linha cronol6gica, enredo com a historia de uma familia deslocada seus designios de superproduyao, Rezende tal realidade e representada nos moldes estetica classica de clara e ao fim fecha a pela guerra, e para completar evita confrontos violentos entre a imagem que e a espectador qual de Canudos uma excessivamente tem da realidade e a maneira pela pel a narrativa cinematogr8.fica. Enfim, 0 prop6sito e oferecer as pessoas a ilusao de estarem diante dos fatos narrados sem ter que se perguntar em qual linha te6rica a filme foi contado, mas e vista como unica interpretayao. Dessa forma, Rezende procurou criar e par isso ele ignora a subdesenvolvimento Isto fica claro pela quantidade pobreza e a problematica Rezende, filme para representar de figurantes e cenarios verossimeis, da seca sao dissolvidas a realidade, enquanto a nas cenas de ayoes de conflito. diferente de Euclides, optou pela narrativa nos moldes classico do genero "filme de guerra", difundida personagens 0 e mostra a miseria em segundo plano estereotipados pel a cinema Norte Americano, trayando e desprezou elementos do texto original, que poderia dar ao filme uma "forya" denunciadora. Porem, a maneira como foi feito a filme, entra em paralelo com as grandes produyoes, que descompromissado estao mais comprometidas com entretenimento com a abordagem crftica de um tema. Ambos os autores fizeram usa do discurso importado obras; a escritor fez a conhecimento figuras de linguagens lei tor busca estabelecer importado trabalhar na composir;;:ao das paralelamente e descrir;;:oes, em estado de tensao constante. um sentido para conflito, a luta, mas que a transcende. 0 0 conflito belico e se ve diante de outro Com a conflito na narrativa teoria e pratica sao revistas como verdade e mentira, agressor partir desta instabilidade com as Assim, as relayoes e agredido. E a da-se a denuncia do crime e a tentativa de construyao da identidade brasileira. -31- Ambas as artes se deparam no mesmo campo semiologico obstaculos esteticos: na obra, figuras, composiyoes tecnicas se dao p~r meio do enquadramento, movimentos luz e as duas tambem tern 0 papel conotativo, isso as tecnicas utilizadas dos ajustes e e versificayoes, no filme estas de camera e efeito de sobrepondo-se ao denotativo. pelo autor e diretor sao comparadas, Par pois ambos se embasam no mesmo acontecimento. 4.2 CENARIO Schafer (2006) afirma que Rezende permaneceu fiel ao filme Guerra de Canudos, em tomadas externas, dando priori dade ao espa90 fisico. Como Euclides, corne90u tam bern pela geografia da terra na primeira cena, passando em seguida remetendo para a procissao as reflexoes de Euclides de Conselheiro sobre na segunda a rellgiosidade da somente depois e projetado na tela 0 nome "Guerra de Canudos", come9a 0 desenvolvimento Na primeira apresenta9ao cena, da regiao temos um plano ao espectador, seqOencia, com quando dura9ao em primeirissimo forma9ao de uma especie de [[quen no lado esquerdo, panoramica e quando entao da historia. focalizada viagem cena, popula9ao de acontece 1minS8s, a camera plano (PP), uma rocha na qual pode-se observar com movimento em seguida da camera mostrando a come9a a caatinga a e alguns morros. No livro a foCaliza98.0 do sertao se da apos um grande percurso geogratico p~r todo 0 pais, que contrap6e as dua5 realidades em antiteses. No filme, tem-5e inicio a primeira cena, 0 sertao. Essa diferen9a pode ser explicada temporal e contexte precisava mostrar apresenta 0 filme na epoca em que 0 sertao nordestino pela distancia socie historico em que ambas fcram constituidas. urn territorio que era desconhecido na epoca, Euclides Rezende ja era cenhecide em virtu de de ter side palco de outros filmes. Euclides conferiu ao homem e a terra vinculo de responsabilidade, isto se perde no filme e so pode ser percebido ao lei tor atento de Os Serfaes Euclides escreveu: "Acredita-se que a regiao incipiente ainda esta se - 32- preparando para a vida: 0 liquen ataca a pedra, fecundando do livre a imagem nao consegue a terra~ Sem a leitura extra polar 0 seu sentido denotativ~, nenhuma outra imagem e capaz de dar a rocha um significado mais amplo. Acabada a primeira cena, sobre a terra, esta nao ocupara mais 0 centro narrativo, aparecera apenas em alguns pianos ou cenas de ligac;:ao, com imagens estaticas apenas para vincular uma cena a outra, sugerindo mudanc;:a no espac;:o ou passagem de tempo, ou seja, diferente de Euclides que deu a terra status de personagem o espectador pode notar tambem 0 tom das cores nas vestimentas sertanejas iguais a terra. As roupas de couro cru confundem-se mas nao estabelecem explicito relac;:ao entre 0 sertanejo no filme a relac;:ao do sertanejo com a vegetac;:ao, e 0 meio ambiente, na~ fica com a sua terra, exceto na cena 111 onde Arimateia tern um vasto conhecimento da regiao a que the facilita a cac;:ada e sobrevivencia. Na cena 147, Penha discute daquele povo, contrariando acreditei no Belo canudenses, 8elo Monte" Monte com Lucena 0 porque de estar ali junto a ordem do arraial: "Nao acredito em milagres, Para ela, que representa representa 0 "Iado a "terra prometida" mas nacional" dos livre de dominac;:6es politico econ6micas. Na cena 201 e ultima do filme, e mostrado 0 regresso de Luiza e Tereza, desaparecendo pel a mata entre as caatingas, sem rumo certo. Ha ai apenas 0 movimento fIlmico, contrario ao movimento da camera da primeira cena. Desta embrenharem forma, remete-se a um futuro nada otimista, 0 fato de se pela mata, e 0 fato de serem uma mulher e uma crianc;:a sugere a ideia de urn novo cicio. No filme a terra e vista apenas como espac;:o fisico enquanto na obra pode- se ter varias leituras e estender 0 deserto a outras instancias como 0 descaso praticado contra aquela regiao 4.3 PERSONAGENS Segundo Schafer (2006) Rezende apresenta 0 sertanejo, no filme, atraves de uma familia nucleo, par meia da qual a narrativa fa; desenvalvida. - 33- Os personagens convencionada caracterizar como sao verossimeis, 0 nordestino, pois se apresentam de forma e faz jus a observag<3o de Euclides ao a sertanejo como miseravel, ingenuo e religioso. Tanto no filme com na obra tem-se a referencia ao hamem que Euclides trata na segunda parte do livro. Tanto 0 escritor como 0 diretor tra.yam a trajet6ria de Conselheiro ate Canudos, no filme, na cena dais tem-se a peregrina.yao que acaba algumas cenas depois, na cidadela. Esta aproxima.yao se da pelo mavimento filmico traves da combina.yao de imagens. Rezende canudense mostra uma familia e a define da seguinte subsistencia, um sertanejo tambem um guerreiro. sofrimento tipica forma: que Lucena, representa a 0 patriarca e provedor ingenuo e cheio de valores morais e religiosos, Penha, a esposa dedicada e submissa, a miseria em que se encontra e preocupa-se mas nao consegue transcender questiona a postura comunidade da era que resiste com com a futuro dos filhos, de sua situagao, e Luiza, a filha mais velha, que passiva dos paiS e resiste as adversidades pagando alto preyo para fazer cumprir seus designios. com bravura, Ela contesta a estere6tipo formado pelo casal. No filme a sertanejo e caracterizado a populayao, au seja, um personagem atraves da familia e se estende a toda E aqui que tem rosto e conduz a narrativa. que difere de Euclides, pois a autor do livre, com exceyao de algumas descri.yoes aos persenagens distante. Tais caracteriza-Io de guerra, concepgOes os sertanejos adquirem certa nao tem identificagao, igualdade quando como vitima, onde 0 livro exp6e que 0 crime e e um ser se trata de 0 de uma nagao contra sua origem, a livro apresenta a guerra de urn exercito contra rebeldes. Ao prom over a identificagao espectador, dos personagens, mas nao Ihe conferiu profundidade Rezende aproximou a ponto de extra polar 0 luta e universe temporal da hist6ria, ficando lirnitado. Outro fator que influenciou do inimigo. Em Os populagao; esta limitagao foi a determinag30 maniquefsta Sertoes, a exercito era apenas urn dos fatores que vitimavarn a no filrne, ele se torna um antagonista, de Luiza sobre a loucura de Conselheiro conseguem desfocalizar pois nem mesmo as reflexoes e a ineficacia dos ideais republicanos a culpa dos militares pela situagao do conflito. - 34- Euclides busca luta p~r estabelecer por uma compreender identidade, 0 sertanejo brasileiro, como unico isto e, a capaz de e utilizar a terra em que vive em seu beneficio proprio, aqui a autor o descreve como observar;ao um tipo genuinamente descrevendo entidades incorporeas ele exclui do sertanejo e duendes. sua capacidade Porem, ao fazer esta de se integrar a sociedade lelrada. 4.4 ANTONIO CONSELHEIRO o Conselheiro Euclides 0 de Rezende AOS OLHOS DE REZENDE difere do de Euclides em alguns aspectos. considera um insano, que reunia no misticismo doentio todos os erros e supersti<;6es farm ados pela redur;ao da nacionalidade e que arrastava sertanejo porque era dominado pelas suas aberrar;6es. Segundo Euclides, 0 povo 0 meio permitia com que ele realizasse a far;anha de angariar povos para si. Rezende, em prime ira instancia, 0 caracteriza como Euclides esta vi sao e deturpada ao apurar mais profundamente No filme, na cena 21, a peregrinar;ao fundada a cidade. Ao chegar, Conselheiro o sertao, 0 tern fim em Belo Monte, profere seu discurso profetizando e onde sobre sermao sobre 0 conflito entre os jagunr;os contra as quatro expedir;6es. Na cena 144, Conselheiro 0 fez, porem mar, soldac!os do anti Cristo e a premonir;ao dos quatro fogos contra 0 inimigo futuro, que seria finallzar 0 os fatos. abre os brar;os a Luiza, em forma de cruz, ao erguimento 0 de Jerusalem e a vontade de Oeus. E na cena 15, ao morrer, sua voz permanece presente na cena. A beira da morte, anciao tern sobre a mao 0 diario e 0 0 lapis, denotando que mesmo morrendo ele escrevia e bastante. Esta ultima escrita demonstra tom mais manse com parada aos discursos anteriores e a linguagem mais erudita, ponderagao. espectador estereotipado 0 espectador distingue urn Conselheiro Nesta ultima escrita ele pede desculpas e conduzido a admitir uma profundidade de "insano", e tern a impressao um tambem esta mais logleo e com boa ao povo e se des pede. maior 0 no personagem, de que perdeu algo ate reconhecer a perda de Belo Monte, por parte do fanatica, ja que nao se tern a presenga, apenas a sua voz ecoando enquanto a igreja vai sendo destruida. o pedido de desculpas denota que ele admltiu seu proprio erro, mas nao 0 - 35- fez antes por dois motivos: primeiro, ao seu papel e segundo, poderia desconcertar porque desviaria publico em relac;:ao 0 a atenc;:ao da protagonista, a heroina da historia. Dai classica, dizer pois que seria Rezende erro se manteve problematizar fiel a narrativa outro personagem cinematografica que nao fosse protagonista. a Quanta definida, devido de facil religiosidade, a manipulac;:ao, isla e, ingenuo. espectador a missaa de construir esta possibilidade seguem, assegura que Quanta um Antonio e um pova sem religiao Considera-o a Rezende, Conselheiro a ac;:ao a seguinte a morte entao, um povo transfere para mais amplo, fica fora de cogitac;:ao pela impessoalidade pais na cena sobrepondo o Euclides mesti9agem e cren9as indigenas. de Conselheiro, das cenas inicia-se a porem que a guerra reflexao. pedido de desculpas proferido par ele a beira da morte sugere que ele ad mite ter errado, mas nao 0 fai revelado antes por dois motivos: primeiro, criaria um efeito desconcertante ao publico, aprofundando uma reflexao sabre seu papel; segundo, desviaria a atenc;:ao de Luiza, a heroina da historia. Pais aos olhos de Luiza, foi Conselheiro 0 responsavel No filme, Conselheiro carater doentio do texto euclidiano. uma identidade desarticulado nacional, estereotipo Mas Euclides enquanto de um argumento sua complexidade pelo desmoronamento e considerado para de sua familia. de fanatico, reforc;:ando a estava apenas em busca de Rezende 0 personagem mais amplo e consequentemente, reduzido fica em humana. - 36- 5 TRA9ANDO UM PARALELO Como proposto similaridades DAS DIFEREN9AS no inrcie do presente trabalho, E SEMELHAN9AS 0 objetivo e apontar e diferen<;:as que escritor e diretor expoem evidenciando de intertextualidade as aspectos na composi<;:ao de suas obras, e Neste momento jell passivel dizer que ambos au autores possuem diferenc;as quanta semelhan<;:as, pois a tanto comec;ar pelo narrador, cnde Euclides 0 fez atraves do olhar masculino, dominante nos filmes de guerra, Rezende 5e opoe narrando atraves de um olhar feminino. Na obra, Euclides da enfase aD ambiente citando·o muito mais em relac;ao as mulheres, dando a terra significado papel de esteril, infertil, hostil, comparandoa a fertilidade, caracterizada o otica cujo aspecto cineasta do conflito, protagonista religiosas, S8 refere como duas polaridades, a feminilidade. Para ele a mulher mostra urn dos medtos da Guerra de Canudos transferindo-a a uma mulher, ao inverter a mais especificamente Luiza, do filme. Enquanto seu pai, Lucena, se prende as suas persuasoes Luiza faz lim caminho completamente diferente, ilus6es e segue 5eu caminho livre da opre55aO patriarcal. figuras masculina5, deixa para tr<3Sas Ela contesta par destruir a familia. Quando Conselheiro ajuda-Ia a se levantar, ela recusa, fugindo ao encontro transformando-se despertar aparece para de seu proprio destino, em prostituta. da sexualidade numa menina ingenua, a principia, evidente que ela cede a lugar de dominada e adquire a de dominadora, urn soldado para se casar com ele. Pode-5e muito rapidamente as duas a pai par nao prover a suficiente para a alimentay.3o da familia e a proprio Con5elheiro o e bruxa au beata. perceber deixa seduzindo que ela 5e desenvolve na construy.3o de seus sonhos felizes, mas a guerra que se inlcia no sertao a impede de realiza-Ios. Ela passa enta.J, do papel inicial que possui no inicio, de submissa contestadora a e afronta alem do soldado com quem se relaciona, a pr6prio pai. Ao perder a marido e a mae Luiza percebe que esta s6 de novo e precisa salvar a irma, tera que lutar sozinha, assumindo entao a papel de guerreira. Antes convencida de sairem Tereza da religiosidade convence a irma a rezar, vista adquirida junto ao povo de Conselheiro. que ja esta A reza indica - 37- a seriedade da mulher em amparar e fazer prosseguir a vida. Penha tambem mulher subordinada tem papel representativo e dependente, e relevante. A principio, a fuga de Luiza ela tambem poderia ter seguido outro caminho, onipotencia uma mas depois se rebela, ao perceber que como contestando a pela perda do filho. Fica evidente, impassibilidade ao narrar masculina, mesmo sem demonstrar pel a otica pois enquanto feminina ° pai 0 sentimento aposto a se corta pela perda do filho, a minima de em09i:'to, a mae, desesperada, vai buscar 0 corpo. A transforma9<30 do seu costume Rezende, 0 que nao acontece Euclides, que se mantem impassiveis: na escolha. Ao adquirirem frente a realidade com os personagens e colocada masculinos, por ditados por Penha e Luiza se utilizam do livre-arbitrio esse aspecto de dominio masculino, se transformam em guerreiras e atingem um patamar superior. Diretor conservar e escritor tiveram como fiel a tecnicas estrangeiras e, Euclides embasou-se elucidar a realidade embasamento teorias para mostrar uma realidade em pensadores iguais ao se brasileira. Isto europeus e norte america no para tentar brasileira e Rezende preferiu narrar como genera "filme de guerra", base ado no cinema norte americano. Quanto a linguagem hit certo distanciamento, escreveu em epoca diferente, obviamente se encaixar seguindo 0 pressuposto Ambos fizeram linguagens e descri90es, importado na composi9aO em estado de tensao constante. urn crime. A obra apresenta-se composi90es e versifica90es, movimentos papel conotativo, utilizada tambem deveria importado trabalhar paralelamente era denunciar enquadramento, pOis visto que cad a um cultural de cada tempo. uso do discurso escritor fez 0 conhecimento a linguagem no filme a das obras: 0 com as figuras de intuito de Euclides atraves de figuras de linguagens, estas tecnicas se dao por meio do de camera e efeito de luz e as duas tambem tern 0 sobrepondo-se ao denotativo. Mas ambos se basearam no mesmo acontecimento. Em rela9ao diretor, ao espa90 ffsico ha rela9ao de semelhan9a apenas com urn pequeno entre autor e de5vio, pois ambos iniciam suas obras geografia, priorizando 0 e5pa90 fisico. Mas na obra fez-5e necessario pela uma viagem - 38- geogrMica ate chegar ao sertao nordestino, pOis era a primeira imagem mostrada daquela regiao. Quando Rezende fez 0 roteiro do filme, cem anos depois da obra, esta regiao ja era conhecida. Essa diferenga pode ser explicada pela distancia temporal e contexto socia historico em que ambas foram constituidas. Outro ponto marcante plano, denotando e quando a realidade Euclides da miseria, segundo plano, a filme foi feito para representar problematica terra mostra a guerra em primeiro enquanto Rezende a mostra em a realidade, sem ter que expor a da pobreza, como a fez Euclides. 0 autor conferiu ao homem e a vinculo de personagem responsabilidade, podendo-se Euclides a representa como status de fazer varias leituras atraves dela, como por exemplo, 0 descaso com a regia a isto se perde no filme, pois acabada a primeira cena sobre a terra, esta nao ocupara mais 0 centro narrativo, planas ou cenas de ligat;ao, com imagens aparecera estaticas apenas em alguns apenas para vincular uma cena a outra, sugerindo mudanr;a no espat;o. Rezende utilizou-se apresentando-os comunidade. algumas de personagens Ja os personagens descrigoes identificat;ao, aos euclidianos 0 na elaborat;ao personagens de guerra, 0 do filme e representando sao inverossimeis. e um ser distante. Tais concep96es os autores quando se trata de caracteriza-Io o crime e verossimeis atraves de uma familia nucleo, identificados a Com excegao de sertanejo nae adquirem certa igualdade tem entre como vitima, onde 0 livro exp6e que de uma na9ao contra sua origem, ° livro apresenta a guerra de um considera Conselheiro exercito contra rebeldes Em se tratando do campo religioso, Euclides insano, que reunia no misticismo doentio tad as as erros e supersti96es pela redugao dominado da nacionalidade e que arrastava pelas suas aberrayoes. a pave sertanejo um formados porque era Oiz ainda que e um povo ingenuo, desprovido de religiao, e assim com a mestit;agem de ra9a, a sua religiao tambem se deu da mistura de crenyas entre as povos, indios, africanos e portugueses. Rezende, no primeiro momenta porem tal visao e deturpada, marcante no filme em compara9ao Conselheiro a tem com a mesma visao de Euclides, pais pode-se observar como a religiosidade com a obra. Islo fica evidente, e mais pois quando morre, Beatinho se aproxima e vi! em seu diario sua ultima escrita, sermao, demonstrando que ele tinha urn tom mais brando e a linguagem 0 mais - 39- erudita, comparadas aos sermoes anterieres, nota urn Conselheiro condusao devido rna is ponderado. de um Conselheiro as cenas que proferidos mais amplo, embora se seguem, em vida. 0 espectador Rezende transfere com para 0 espectador a isto seja quase impossivel inieio da guerra, impossibilitando 0 espectador de tirar tais conclus6es. Outro fater relevante que marca a religiosidade e em Guerra de Canudos quando ao final do filme Tereza convida a irma para rezar antes de sairem da vila. Luiza, apesar de ter 5e rebelado contra Conselheiro e ao seu fanatismo, por ter Ihe tirado a familia, neste momenta ela reza. No decorrer das duas narrativas pode-se, entao, perceber esta diferenya. Eudides deu foco maior ao conflito e estava apenas em busca de uma identidade nacional, enquanto argumento para Rezende personagem 0 mais amplo e consequentemente, fica desarticulado reduzido de um em sua complexidade humana. 5.1 COMPARA~OES SiSLICAS Uma comparayclo significativa pode ainda ser feita com relayao a biblia e confrontar a figura de Antonio conselheiro com a figura do representante do Velho Testamento, a flgura Moises, e com biblico de Jesus Cristo, do Novo por tirar povo de Israel do Testamento. Na epoca de Moises, este era 0 respons8vel 0 Egito, livra-Io das maos dos egipcios e conduzi-Io a Terra Prometida. Moises nao se julgava preparado para tao grande cargo e questionou ao Senhor Deus porque sabia que ao iniciar a peregrinayao interrogado ele seria tambem Porem, ordenado per Deus, ele deveria dar como resposta que com ele, e Moises 0 0 pelo povo. proprio Deus era havia enviada para libertayc3a do pava. E para que a pava cresse que era enviada de Deus, Este Ihes mostrava sinais poderosos atraves daquele, afirmando que MoisEls Ihes seria como gDeus ft Entaa, a povo seguiu a Moises, acreditanda Prometida, e Maises Ihe pregava os mandamentos, num lugar segura, instruia-a na Terra no caminho que devia seguir e tuda a que Deus Ihe designava era repassada ao pava, acerca das leis que devia seguir e a que Ihe era proibida, exartanda-a a obediE!ncia, e a - 40- pratica do bem. E quando qualquer dos mandamentos fosse viol ada, era necessaria oferecer sacrificios para remissao do pecado. Assim testamento, como encontramos no capitulo 3 do livre de Exodo, velho que a anjo do Senhor apareceu a Moises e Ihe dizia que ele deveria tirar a pavo do Egita conduzi-IO a Terra prometida, diz que, urn dia, Jesus apareceu a ele e penitencias, pregando persegui90es 0 evangelho, dos hereges, no inicia do filme Conselheiro instruiu a sair pelos sertoes preganda 0 e as escrituras sagradas, e que sofreria porem, deveria retribuir a todos com beneficios por onde quer que passasse, e que a Senhar a encheria de poder a ele e aos adeptas para serem cheios de grar;a da Vida Eterna. No Novo Testamento, fai diferente, epaca em que Jesus Cristo fai enviado a Terra, nao pais Este tambem pregava os mandamentos fazendo com que a pavo seguisse a dautrina para fugir da ira futura que assolaria a terra, a salvar;ao de suas almas, promulgava as mandamentos e as leis a serem cumpridas implicar;Oes quando qualquer dos mandarnentos e as fosse violado. E isto se percebe clara mente no inicio do filme, quando Conselheiro chega a casa de Lucena e pede agua para 0 seu pova e logo depois ele prega a sermao da montanha, sermao esta no capitulo 5 do livre de Mateus, novo testamento, cujo e que foi pregado par Jesus Cristo. Igualmente como fatos se apresentarem 0 povo seguia a Maises e a Jesus Cristo, apesar de os em epocas muita distantes uma da outra, era tambem assim com a grande rebanho que seguia a Conselheiro. mandamentos Conselheiro apascentava Este Ihes pregava as a qual era seguido pelo povo. se assemelha a figura de Jesus tanto no carisma com que a rebanho quanta na maneira como se vestia. Trajava apenas uma tunica de algodao e tinha a barba e os cabelos crescidos, e a simplicidade com que andava apoiado ao bordao, e a sabedoria ao falar. E, do mesmo modo como Cristo sofreu Conselheiro perderem perseguir;oes foi perseguida, as trabalhadores par aqueles a principia, que nao aceitavam pelos que abandanavam fazendeiras a sua doutrina, ucaroneis~, pela igreja cat6lica, que resolveu canter as pregar;oes de Antonio pedindo providencias subversivas por as terras para segui-Io e depois, Conselheiro, ao governo baiano, dizendo que a lider pregava doutrinas e que tai~ doutrinas a dispersava de suas abrigar;5es fazendo mal - 41 - tanto a igreja quanta ao Estado. Conselheiro foi um pregador de mensagens biblicas, ou seja, escolheu caminho do bern, dedicou sua vida a uma finalidade construtiva, 0 mesmo quando tinha outra OPIYc3.0 a escolher diante de todo 0 mal que Ihe fora causado desde a infancia, quando perdeu a mae, e ao ser trafdo pel a esposa na fase adulta de sua vida. Tantos sofrimentos poderiam ter Ihe rendido, vinganlYa, costume comum no Nordeste. em nome Porem, na sua humildade da honra, a procurou agir como urn homem correto conforme a educa9ao que Ihe fora dado por seu pai, 0 que 0 tornou um menino aplicado, e ao desempenhar estas ocupayoes a fungc3.ode escrivao 0 fizeram conhecer de Juiz de Paz e Advogado provisionado, bern a justi9a e a integridade. Par isso sua escolha nao poderia ter side outra, senao 0 caminho do bem - 42- CONSIDERA~OES FINAlS: Ao fim deste trabalho assegura, no palco e passivel concluir do comparativismo que, como processo 0 resultante do processo de leitura. A intertextualidade modificayao e abson;:ao de varios textos. E 0 Carvalhal de esc rita e (2006) vista como designa 0 trabalho de que antes era entendido como urn fator de divida passa a ser vista como urn processo continuo de reescrita. Pade-se dizer, entao, que Rezende leu Euclides e materializQu num processo de reescrita, fazendo usa de dais dos aspectos seu filme abordados par Romano de Sant'Anna, como par exemple, a paratrase e a estiliza9ao: No primeiro apresentando aspecto reafirma<;:ao do conflito tradu<;:ao, isto leitura e, de outro Pode-se 0 diretor e suas causas reafirma, em na guerra. com uma outra linguagem texto; Segundo concord~lncia entre dois pianos: como 0 palavras diferentes, um mesma sentido no filme em relayao a obra de Euclides, isto 0 aspecto 0 Pode se dizer que e e, uma filme passa a existir a partir da diz respeito do estilizando, 0 dizer, entao, que a estiliza<;:ao caminha a estiliza<;:ao, onde ha filme, eo do estilizado, a obra. na mesma dire<;:ao do texto, filme caminha na mesma dire<;:ao da obra. Foram encontradas obras, e 0 tanto diferen<;:as quanta novo sentido conferido semelhan<;:as entre as duas pelo diretor ao recontar a seu tempo foi trazer a mem6ria um fato que caiu no esquecimento, senti do daquela guerra, de um crime praticado contra 0 de em rela<;:ao ao verdadeiro 0 povo nordestino, e passou a ser lembrada apenas para exaltar os vencedores Canudes nao fei s6 um mevimente de fanatices, mas a luta de um pove corajoso na reivindica<;:ao de seus direitos, que reunindo for<;:as buscava alento no poder da religiao como unico melo de sobrevivencia e 0 senso de justi<;:a. - 43- REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS: SIBLIA. Portugues. Bib/ia Sagrada. Tradug8.o Joao Ferreira de Almeida. Ed. rev. e cor. Rio de Janeiro: Imprensa Bfblica Brasileira, 1991. BOSI, Alfredo. Hist6ria Concisa da Uteratura Brasi/eira, Sao Paulo, Editora Cultrix, 1998. CARVALHAL, Tania Franco. Literatura Comparada, Sao Paulo, Editora Atica, 2006. COIN, Cristina. 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