entrevista M A I Modernidade e estresse por Emerson Ciociorowski O 4 9 BENS & SERVIÇOS Fecomércio 2 0 0 9 Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul comportamento O esgotamento do empresário serviços Concretizando o intangível imagem Você precisa ser o alvo de sua própria atenção Fecomércio BENS & SERVIÇOS Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RS Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul Adam Gault/Getty Images EXPEDIENTE SUMÁRIO Rua Alberto Bins, 665 – 11º andar – Centro CEP 90030-142 – Porto Alegre/RS – Brasil Fone: (51) 3286-5677/3284-2184 – Fax: (51) 3286-2143 www.fecomercio-rs.org.br – [email protected] Presidente: Flávio Roberto Sabbadini Vice-presidentes: Antônio Trevisan, Flávio José Gomes, Ivo José Zaffari, João Oscar Aurélio, Joarez Miguel Venço, Jorge Ludwig Wagner, Júlio Ricardo Mottin, Luiz Antônio Baptistella, Luiz Caldas Milano, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suárez, Moacyr Schukster, Nelson Lídio Nunes, Olmiro Lautert Walendorff, Renato Turk Faria, Valcir Scortegagna e Zildo De Marchi Vice-presidentes regionais: Cezar Augusto Gehm, Cláudia Mara Rosa, Francisco Franceschi, Hélio José Boeck, Ibrahim Mahmud, Joel Vieira Dadda, Leonides Freddi, Níssio Eskenazi, Ricardo Tapia da Silva, Sérgio José Abreu Neves e Sérgio Luiz Rossi Diretoria: Airton Floriani, Alécio Lângaro Ughini, André Arthur K. Dieffenthaler, André Luis K. Piccoli, André Luiz Roncatto, Arnildo Eckhardt, Arno Gleisner, Ary Costa de Souza, Carmen Flores, Celso Canísio Müller, Derli Neckel, Edson Luis da Cunha, Eugênio Arend, Fábio Norberto Emmel, Francisco Amaral, Gerson Jacques Müller, Gilberto Cremonese, Hélio Berneira, Hildo Luiz Cossio, Ildemar José Bressan, Ildoíno Pauletto, Isabel Cristina Vidal Ineu, Itamar Tadeu Barbosa da Silva, Ivanir Gasparin, Ivar Ullrich, Jair Luiz Guadagnin, João F. Micelli Vieira, Joel Carlos Köbe, Jorge Rubem D. Schaidhauer, José Nivaldo da Rosa, Jovino Antônio Demari, Jovir P. Zambenedetti, Júlio César M. Nascimento, Jurema Pesente e Silva, Leonardo Schreiner, Levino Luiz Crestani, Liones Bittencourt, Lúcio Gaiger, Luis Fernando Dalé, Luiz Alberto Rigo, Luiz Carlos Dallepiane, Luiz Eduardo Kothe, Luiz Henrique Hartmann, Luiz Roque Schwertner, Marco Aurélio Ferreira, Maria Cecília Pozza, Marice Guidugli, Milton Gomes Ribeiro, Olmar João Pletsch, Paulo Anselmo C. Coelho, Paulo Antônio Vianna, Paulo Ganzer, Paulo Renato Beck, Paulo Roberto Kopschina, Paulo Saul Trindade de Souza, Régis Feldmann, Renzo Antonioli, Ricardo Murillo, Ricardo Pedro Klein, Roberto Segabinazzi, Rogério Fonseca, Rui Antônio Santos, Silvio Henrique Fröhlich, Sírio Sandri, Susana Fogliatto, Tien Fu Liu, Valdo Dutra Nunes, Walter Seewald e Zalmir Fava Conselho Fiscal: Rudolfo José Müssnich, Celso Ladislau Kassick, José Vilásio Figueiredo, Darci Alves Pereira, Sérgio Roberto H. Corrêa, Ernani Wild Conselho Editorial: Antonio Trevisan, Derly Cunha Fialho, Everton Dalla Vecchia, Flávio Roberto Sabbadini, Ivo José Zaffari, José Paulo da Rosa, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suárez, Moacyr Schukster, Renato Turk Faria e Zildo De Marchi 26 imagem Minha marca sou eu O sucesso empresarial depende não apenas de conhecimentos específicos e empreendedorismo, é preciso uma boa dose de elegância, bons contatos e educação Assessoria de Comunicação: Aline Guterres, Camila Barth, Catiúcia Ruas, Fernanda Borba, Fernanda Romagnoli, José Pedro Fontoura, Juliana Maiesky e Simone Barañano Coordenação Editorial: Simone Barañano Número 25 – Maio 2007 Edição: Fernanda Reche (MTb 9474) e Svendla Chaves (MTb 9698) Reportagem: Bianca Alighieri, Francine de Souza, Leandro Melo, Tanara Araújo Colaboração: Edgar Vasques, Moacyr Scliar, Paulo Afonso Pereira, Priscilla Ávila Revisão: Flávio Dotti Cesa Edição de Arte: Silvio Ribeiro Tiragem: 25,5 mil exemplares É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte. Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do veículo. 12 serviços Soluções invisíveis Sem um produto físico para apresentar, as empresas que oferecem serviços enfrentam o desafio de explicar suas características. A primeira saída é prezar pela excelência no atendimento e pela eficiência SUMÁRIO consumo Clube da Luluzinha 36 7 Apaixonadas por compras, as mulheres são sempre consumidores em potencial; por isso, em quanto maior número elas estiverem, mais compras farão 14 guia de gestão O que fazer quando falta corda A desmotivação também cai sobre o empresário, o que pode afetar a equipe, prejudicando o andamento dos negócios e a saúde do executivo gastronomia Os efeitos da culinária 42 Um dia a paixão pela culinária ultrapassa o ato de comer e vira projeto de vida. Conheça histórias de quem abandonou tudo para ser gastrônomo opinião 24 saiba mais 34 17 restaurantes 32 argentina vendas 44 8 40 florestamento Plantando vida nova O planeta clama por ajuda. E a opção do plantio de mudas nativas é uma boa alternativa para restaurar biomas das matas brasileiras entrevista A passagem do tempo 18 O coach Emerson Ciociorowski tem o desafio diário de ajudar empresários e executivos a se permitirem um tempo para refletir sobre seus sonhos e desejos; e planejar o futuro 46 visão tributária alimentos 48 visão trabalhista mais & menos 50 47 49 crônica FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 49 – Maio 2009 38 palavra do presidente notícias e negócios c o m p o r t a m e n to 6 agenda 05 maio 01 Comemoração em Santa Maria 03 Vale do Jacuí em festa Início da 6ª Semana de Aniversário do Sindilojas Vale do Jacuí. A entidade comemora 60 anos de fundação no dia 8/5, e as comemorações se encerram no dia 9/5 com jantar no Clube Sociedade Rio Branco. Informações: www.sindilojas.com.br. 05 Sesc Música Evento circulará pelo interior do Rio Grande do Sul, durante o mês de maio, com diversas atrações musicais. O projeto integra o Arte Sesc – Cultura por toda parte. 14 Até o dia 31/5 acontece a 1ª Etapa do Circuito Sesc Palco Giratório, no Estado. A iniciativa fará circular por 12 cidades gaúchas o espetáculo “Choros e valsas – Um tributo à Pixinguinha”, de Niterói (RJ). Número 49 – Maio 2009 Livramentotech Senac Livramento promove evento de tecnologia no Clube Caixeiral. Informações: (55) 3244-4253. Dia da solidariedade Sesc e Senac realizam, no Parque da Redenção, em Porto Alegre, ações recreativas junto à comunidade, das 9h às 15h. Evento vai até 31 de maio com programação diária. As apresentações acontecem em diferentes teatros da capital, parques e praças.Informações: www.sesc-rs.com.br/palcogiratorio. 25 Semana do Empreendedor Senac Santa Cruz do Sul realiza, até o dia 29/5, a 4ª edição do evento, na sede da instituição. 27 Não ao sedentarismo 4º Festival Palco Giratório 06 21 16 Inscrições gratuitas até dia 30 de setembro, nas categorias conto e romance. Informações: www.sesc.com.br. 17 A etapa Erechim da minimaratona será às 9h30. Informações: www.sesc-rs.com.br/minimaratona. Artes Cênicas Prêmio Sesc de Literatura 2009 A terceira edição da feira acontece simultaneamente nas 41 escolas do Senac no Estado. Informações: www.senacrs.com.br. Circuito Sesc Minimaratona Divulgação Grupo-3 A G E N D A Durante todo o mês de maio o Sesquinho Santa Maria realiza diversas atividades em comemoração ao aniversário de 10 anos da Escola. Informações: (55) 3223-2288. 8 Feira de Oportunidades 01 Sesc coordena no Estado o Dia do Desafio. A proposta é fazer com o que o cidadão saia da rotina realizando algum tipo de atividade física. No Rio Grande do Sul, 406 cidades participam da mobilização, que acontece no mundo inteiro. * Mais informações sobre as atividades culturais do Sesc-RS estão no site www.sesc-rs.com.br/artesesc FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Imagens como estratégia de ascensão social e empresarial. Educação, elegância, sociabilidade e trato no falar e no agir podem ser fatores decisivos para fechar um negócio ou, simplesmente, manter a boa relação profissional, aumentando o networking. Os representantes comerciais sabem a que me refiro, pois são profissionais que têm na labuta diária a tarefa de vender não apenas um produto ou serviço, mas uma boa imagem sua e da empresa que representa. E mesmo que o negócio não tenha sido fechado, se ficou uma imagem positiva, suas chances de fechar uma venda no futuro são ainda maiores. No mundo altamente globalizado não podemos nos dar ao luxo de ficar fechados em uma só rede de contatos. A dinâmica empresarial nos exige flexibilidade para circular nos mais diversos setores da economia, com postura e conhecimento de mercado. Com isso, trocamos experiências e alargamos nossa rede de relacionamento, instrumento fundamental de socorro em uma hora difícil. É o momento de retornarmos aos almoços desprovidos de grandes intenções ou ao café no meio da tarde, criando ambientes de oportunidades. Flávio Roberto Sabbadini Presidente do Sistema Fecomércio-RS FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS PA L A V R A D O P R E S I D E N T E O Número 49 – Maio 2009 relacionamento interpessoal é inerente ao homem, planejamos nosso comportamento com base na imagem que acreditamos que o outro espera de nós. Somos produto da convivência. Esse conceito ganha mais força se o levarmos para o mundo dos negócios, onde lidamos ao mesmo tempo com consumidores, fornecedores, amigos. E não é exagero afirmar que a maneira como nos relacionamos com esses diversos públicos pode ajudar ou até mesmo prejudicar o sucesso do nosso empreendimento. O networking aliado ao marketing pessoal é ferramenta que oportuniza a expressão das nossas habilidades, capacidades e competências; e deve ser levado também para a relação do nosso negócio com o cliente. Será que aquele que está à frente da nossa empresa reflete o produto ou serviço que oferecemos? É preciso que haja uma identificação e se coloque à disposição do público-alvo aquilo que ele espera de nós. É difícil encontrar colegas que não vislumbram o marketing pessoal Divulgação/Fecomércio-RS identitárias 07 N OT Í C I A S & N E G Ó C I O S Edgar Vasques Personalidades na Semana de Empreendedorismo Cooperativas de crédito integram o SFN Entre os dias 11 e 15 de maio acontece em São Paulo a 5ª Sema- Número 49 – Maio 2009 08 seguir as mesmas regras das instituições financeiras. Essa conquista do setor ocorreu com a sanção pelo presidente da República da lei complementar que insere as cooperativas de crédito no Sistema Financeiro Nacional (SFN). A lei estabelece uma legislação específica que determina normas para o funcionamento dessas instituições e regulamenta o Sistema Nacional de Crédito Cooperativo, oferecendo assim segurança jurídica e facilitando o acesso ao crédito para pequenos produtores, população de baixa renda, comerciantes e industriais. Vale destacar que as cooperativas de crédito continuarão a ser regidas pela lei cooperativista (5.764/71). FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Svilen Mushkatov/Stock.xchng Desde abril as cooperativas de crédito passam a na de Empreendedorismo da Fundação Getulio Vargas (FGV). Desenvolvido para promover o surgimento de novos negócios e o crescimento dos já existentes, o evento é destinado a estudantes de administração e executivos interessados em empreendedorismo e novos negócios. Durante cinco dias ocorrerão debates, apresentações, mesas-redondas e palestras, com participação de personalidades reconhecidas no mundo do empreendedorismo, como Luciano Huck, Fábio Barbosa (presidente do Santander-Real) e David Neeleman (presidente da Azul Linhas Aéreas). O evento é aberto ao público e gratuito. Informações e inscrições no site www.fgvsp.br/cenn. N OT Í C I A S & N E G Ó C I O S Novas regras de call centers Erechim ganha nova sede do Senac A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) definiu, no mês de abril, que o tempo de espera das chamadas telefônicas feitas pelo consumidor que busca as concessionárias de energia elétrica através de call centers não deve ultrapassar 30 segundos. A margem para o cumprimento da norma foi determinada pela Aneel em 75% do total de chamadas. Outra determinação importante para o setor atingiu o call center ativo. Desde o final de março, as empresas estão proibidas de ligar para os consumidores cadastrados pela Fundação Procon. Até o início de abril, o número de consumidores de telefonia fixa e móvel que colocaram seus nomes na lista já era de mais de 280 mil pessoas. chim, no final de abril, as novas instalações do Senac-RS. Com estrutura totalmente inovadora e atualizada, a escola passa a funcionar na rua Praça da Bandeira, 26, em um espaço de 1,2 mil metros quadrados. O Senac Erechim possui agora 14 ambientes pedagógicos, divididos em oito salas de aula, quatro laboratórios de Tecnologia da Informação (TI) equipados com sistema wireless, laboratório de massagem, sala multiuso, Espaço Teen e biblioteca. A nova unidade tem capacidade para ofertar pelo menos 37 cursos sistematicamente, voltados principalmente para as áreas de gestão e negócios, TI, comunicação, saúde e idiomas. O Senac atua em Erechim há 12 anos, fomentando a qualificação profissional. Registro “.br” completa 20 anos O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) comemora, em abril, os 20 anos do código país “.br”. Presente ao final de muitos endereços de internet, o código país, como o nome já sugere, indica em qual nação do mundo o site foi registrado. Tudo começou no dia 18 de abril de 1989, quando o órgão internacional Internet Assigned Numbers Authority (Iana) transferiu para a iniciativa acadêmica brasileira em redes a administração do domínio para o Brasil, surgindo o “.br”. Com a criação do CGI.br, em 1995, o registro de domínios sob o “.br” deixou de ser feito de forma manual pelo Registro Brasileiro, operado na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A automatização do sistema trouxe eficiência e segurança, o que permitiu chegar aos 20 anos com mais de 1,6 milhão de registros. 16 de maio a 3ª Feira de Oportunidades do Senac. Importante iniciativa de estímulo à qualificação profissional, o evento acontece simultaneamente nas 41 escolas da instituição no Estado. Serão mais de 200 ações gratuitas e abertas à comunidade ao custo simbólico de um quilo de alimento não perecível. “Em tempos de crise e de falta de oportunidades no mercado, temos convicção de que esta nossa iniciativa é ainda mais oportuna e fundamental para o desenvolvimento de novos e bons profissionais”, afirma o diretor regional do Senac-RS, José Paulo da Rosa. A feira de Oportunidades do Senac acontece duas vezes por ano e na mais recente edição capacitou de forma gratuita 4,3 mil gaúchos. Mais informações podem ser obtidas no site www.senacrs.com.br. FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 49 – Maio 2009 Acontece no dia Divulgação/Senac-RS Orientação profissional gratuita para os gaúchos Ilker/Stock.xchng Divulgação/Senac-RS O Sistema Fecomércio-RS entregou à população de Ere- 09 N OT Í C I A S & N E G Ó C I O S Joao Alves Programa Mesa Brasil chega aos Vales do Taquari e Rio Pardo Empresários gaúchos trazem números positivos Desde o final do mês de abril, as Os números do estudo A Voz do Empresário Ga- comunidades de Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires, Estrela e Lajeado passam a contar com o Programa Mesa Brasil Sesc. A estimativa é de até o final do ano distribuir pelo menos 100 toneladas de alimentos nos Vales do Taquari e Rio Pardo, complementando 1 milhão e 235 mil refeições. “O Mesa Brasil se propõe a desenvolver um trabalho sobretudo educativo. Além de estimular diretamente a redução do desperdício, o programa atua levando ações específicas que promovem a inclusão e o desenvolvimento das comunidades”, afirmou o vice-presidente do Sistema Fecomércio-RS, Moacyr Schukster, durante a solenidade de lançamento do Mesa Brasil na região (foto). Lajeado será a cidade-sede do programa, que já começou a visitar as instituições e a cadastrar empresas doadoras. O Mesa Brasil é um programa de complementação alimentar que coleta alimentos excedentes de restaurantes e supermercados, por exemplo, e distribui imediatamente para instituições previamente cadastradas no projeto. úcho, divulgados recentemente pela QualiData Pesquisas, apresentam importantes opiniões e perspectivas sobre economia, gestão e investimentos. No âmbito das questões estaduais, 67% dos empresários entrevistados acreditam que Caxias do Sul seja o município com mais atrativos para abertura de novos negócios e investimentos; 59,6% consideram que o governo de Yeda Crusius teve influência positiva para a economia gaúcha; e 39% acreditam que o desempenho econômico do Estado em 2009 será maior que o ano passado. O estudo constatou também que para 45% dos empresários gaúchos a crise não está afetando seus empreendimentos; contra 15% que afirmaram estar sofrendo significativamente com a instabilidade econômica. O levantamento entrevistou 480 dirigentes em 46 municípios do Rio Grande do Sul entre os meses de novembro de 2008 e janeiro de 2009. Fevereiro vermelho para o comércio gaúcho Número 49 – Maio 2009 Em fevereiro, o comércio gaúcho apresentou um 10 decréscimo de 7,9% no seu volume de vendas, na comparação com o mesmo período de 2008. No varejo, a queda foi igual, 7,9%, sendo o menor decréscimo sentido no setor de combustíveis e lubrificantes (-1,5%) e a maior queda nas vendas de livros, jornais, revistas e papelaria (-25,3%). As informações são do Índice de Vendas do Comércio do Rio Grande do Sul, divulgado mensalmente pela Fecomércio-RS em parceria com a Fundação de Economia e Estatística (FEE). No comércio atacadista a queda foi um pouco maior, de 8%, com maior variação negativa no setor de material de construção, madeira, ferragens e ferramentas (-26,4%). Na Região Metropolitana a queda em fevereiro foi de 11%, no comparativo com o mesmo mês do ano passado. FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Variação do Volume das Vendas do Comércio Varejista e Atacadista Segundo Grupos de Atividade - 2008/9 (%) Acum. ano Jan Fev Atividades Mensal Fev Jan Comércio -5,1 -7,9 -5,1 -6,5 Comércio varejista -5,7 -7,9 -5,7 -6,7 Produtos alimentícios, bebidas e fumo -1,0 -5,7 -1,0 -3,3 Combustíveis e lubrificantes 3,3 -1,5 3,3 0,9 Veículos, motocicletas, partes, peças e acessórios -9,0 -8,6 -9,0 -8,8 Comércio atacadista -4,5 -8,0 -4,5 -6,2 Produtos alimentícios, bebidas e fumo 0,2 0-2,5 0,2 -1,1 Combustíveis -2,9 -10,5 -2,9 -6,6 Veículos, motocicletas, partes, peças e acessórios -1,7 0,7 -1,7 -0,6 Fonte: Fecomércio-RS Adalberto Lima A 4ª edição do Festival Palco Giratório Sesc/POA acontece entre os dias 1º e 31 de maio, em 18 locais da capital gaúcha. O evento terá programação diária e trará à cidade 33 grupos artísticos de diferentes estados, que apresentarão 44 espetáculos em mais de 60 sessões. Além de priorizar a diversidade dos locais de apresentação, atingindo assim um maior número de espectadores, o Festival fomentará experiências inéditas através de intercâmbios entre profissionais da área, críticos e público, com oficinas, palestras e workshops. Os destaques da programação incluem grupos renomados como o Teatro Sarcáustico (RS) e o Lume Teatro (SP). O Festival Palco Giratório Sesc/POA faz parte da programação do Arte Sesc – Cultura por toda parte. “A proposta do Arte Sesc é incentivar a produção artística e facilitar o acesso da comunidade gaúcha aos bens culturais”, ressalta o diretor do Sesc-RS, Everton Dalla Vecchia. O preço dos ingressos varia entre R$ 5 e RS 10 para os espetáculos; e entre R$ 15 e R$ 30 para as oficinas. Mais informações sobre o evento podem ser obtidas no site www.sesc-rs.com.br/palcogiratorio. “Parabenizo a equipe responsável pela revista Bens & Serviços pelo excelente trabalho. A matéria Popularizando os Clássicos, publicada na edição 24, por exemplo, é oportuna e de excelente qualidade. Gostaria imensamente de continuar recebendo este veículo de informação, destaque entre as publicações do nosso Estado.” Fernando Keiber Agência Gaia Cultura e Arte Porto Alegre/RS Número 49 – Maio 2009 Diversidade cultural no IV Festival Palco Giratório espaço do leitor N OT Í C I A S & N E G Ó C I O S FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS 11 Número 49 – Maio 2009 SERVIÇOS 12 Mesmo intangíveis, serviços podem driblar a falta do produto físico na hora de conquistar clientes. Bom atendimento e promessas cumpridas são meio caminho andado nesta jornada Soluções invisíveis Por Tanara Araújo V ocê vai a uma loja e o vendedor tenta lhe vender uma geladeira. Ele mostra o produto e explica suas características. Você pode vê-la, tocá-la, testá-la e não tem problemas em entender por que precisa daquele produto. Em outro momento, você vai a um escritório de consultoria, e o executivo tenta lhe vender seus serviços. Ele não tem um produto para mostrar, o que dificulta a explicação das características. Você não pode vê-lo, tocá-lo, testá-lo, e então pode ter pro- FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS blemas em entender por que precisa daquele trabalho. Seja bem-vindo ao mundo da intangibilidade, pedra no sapato número um de vários tipos de empresas prestadoras de serviços. Sócia da Villela Consultores Associados, a contadora Ana Luiza Villela vive há oito anos o desafio de tornar mais tangível a área da contabilidade – um dos exemplos mais triviais, ao lado de empresas de TI, advocacia, assessorias e corretoras. Segundo ela, um dos principais trunfos para garantir a adesão do cliente é apostar no tradicional “boca a boca”: “O melhor veículo é, sem dúvida, o SERVIÇOS Vitrine Uma boa apresentação do local de trabalho também pode ser um modo eficaz de tangibilização, desde que adaptada à natureza da atividade. “Se a prestação de serviços for ligada à higiene, deve transmitir higiene. Se for segurança, deve transmitir segurança”, exemplifica o doutor em Administração Mercadológica, professor Alexandre Luzzi Las Casas. Entretanto, o cuidado com a aparência não deve esbarrar na extravagância. “É necessário ter um ambiente bom, mas um escritório de contabilidade muito luxuoso pode até afastar o cliente, dar a percepção de que cobro esse luxo nos honorários”, conta Ana Luiza. Além do local, há outro fator fundamental quando o assunto é prestar serviços: as pessoas que o executam. “Não adianta nada contar com um serviço maravilhoso, uma ideia fantástica, um ambiente bom, mas ser atendido por alguém de mau humor ou maltreinado”, afirma o consultor de empresas e professor Marcelo Guedes de Nonohay. Na luta pela tangibilização de sua atividade, Ana Luiza também investe na matéria humana: “Eu me preocupo em ter pessoas que saibam falar bem, que se comuniquem o melhor possível – o que é uma dificuldade extra se tratando de contabilidade –, pessoas que saibam passar o que estão fazendo para o cliente”. União Para se tornarem mais atraentes, os serviços cada vez mais têm flertado com a família dos produtos. Nonohay dá um exemplo prático: “Uma coisa é o cliente chegar ao escritório, tomar um café com o advogado e depois ir para casa pensar se vai contratá-lo ou não. Outra é ele sair de lá com uma belíssima pasta, contendo o currículo do profissional e a descrição dos serviços prestados”. O inverso também tem se mostrado uma tendência, ressalta o consultor: “Empresas que tradicionalmente produziam e vendiam bens físicos têm agregado serviços, como garantia estendida, pósvenda, assistência técnica, para ampliar seu produto.” Esse “casamento” – que, em marketing, também é conhecido como evidências físicas – pode englobar itens como folhetos, catálogos, portfólios e brindes, entre outros. Embora defenda que nada substitui o bom atendimento, Ana Luiza concorda que os detalhes são importantes: “Temos caderno, folha timbrada, pastinha, cartão. Para fazer nosso logotipo, contratei uma empresa de publicidade”, revela. No quesito apresentação, o professor Luzzi Las Casas destaca ainda o uso de sites como forma de aumentar a interação dos clientes com os serviços. Tropeços Na difícil batalha da tangibilização há, claro, aquelas práticas que devem ser evitadas e eliminadas. De acordo com Luzzi Las Casas, é extensa a lista dos erros cometidos por prestadores de serviços. Um dos principais é o exagero da oferta: “Se a expectativa do cliente sobe muito, também acabam crescendo as chances de ele ficar insatisfeito, mesmo que o serviço esteja adequado”, alerta. Para Ana Luiza, um dos perigos é quando o profissional se afasta do seu propósito, de seus reais conhecimentos, só para garantir a venda do serviço. Nonohay aponta que também é erro típico confiar nas fórmulas prontas: “Há quem leia livros de autoajuda e acredite que basta adotar certos passos e dicas nas suas empresas”. Para o consultor, se o valor que o prestador está tentando agregar ao seu serviço não é percebido pelo cliente, ele está investindo em algo que não trará benefício. Outra armadilha fatal é a alta flutuação da demanda. “Como não é possível estocar serviço e nunca se pode garantir o amanhã, muitas empresas acabam aglomerando pedidos”, observa Nonohay. O resultado, diz ele, pode ser o comprometimento de prazos ou de qualidade, gerando problemas com o contratante e, por tabela, com seu próprio conceito no mercado. E, mesmo intangível, “nome sujo na praça” os clientes sabem bem o que significa. FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 49 – Maio 2009 testemunho de alguém que recebeu um trabalho eficiente, que teve um atendimento respeitoso da empresa”. 13 G U I A D E G E S T ÃO Casamento empresarial Número 49 – Maio 2009 A relação entre sócios é, ou deveria ser, como um matrimônio, para a vida toda. Mas para que essa durabilidade aconteça e de maneira sustentável, é preciso que a sociedade seja regida por regras transparentes e pelo respeito mútuo 14 m dia, existiram três amigos que acreditavam haver uma grande simpatia entre eles, a ponto de decidirem abrir uma empresa em sociedade. No outro dia, havia apenas três sócios. O grande erro daqueles que empreendem em sociedade é achar que a fraternidade é fator único para começar um negócio. Com esse pensamento destroem-se U FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS amizades, criam-se intrigas familiares e, em muitos casos, as divergências são tamanhas que levam as empresas à falência. Encontrar a pessoa ideal para compartilhar o sonho de ser seu próprio patrão deve seguir os preceitos de um casamento, na essência da palavra, e as regras de um contrato empresarial. Antes de sair à caça de um pretendente, é preciso se perguntar se você ou a sua empresa realmente precisa de GUIA DE GESTÃO Nem em anúncio de jornal nem em almoço de família. “Não é que parente não possa ser um bom sócio, mas a escolha de um familiar não deve ser motivada por fatores emocionais, deixando assim de pensar no futuro”, explica Forner. O mesmo conselho é dado por Ferreira: “Nessa procura deve-se evitar um erro muito comum: escolher como sócio aquele amigo ou parente que não está em um bom momento, apenas para ‘dar uma força’ para ele. Acima de tudo, é preciso ser fiel ao perfil definido para o sócio adequado ao negócio”. Forner sugere a busca no relacionamento empresarial. “Em palestras, associações, entre lideranças, ou seja, em ambientes de junção de pessoas com interesses empreendedores.” A rede de relacionamentos, ou melhor, networking, também é um ótimo local para procurar. “Mesmo que não conheçamos diretamente candidatos a sócio, podemos chegar até eles por meio de indicações; locais que reúnem pessoas por afinidade de interesses, como associações comerciais, clubes de serviço, entidades clas- Preto no branco Toda relação é baseada em um contrato, seja o da palavra, seja aquilo que está escrito no papel. No empreendimento em sociedade essa necessidade contratual se torna ainda mais importante, por oferecer segurança para ambas as partes. “O contrato instrumentaliza a sociedade; e ele deve conter cláusulas de entrada, permanência e saída. Ele é a verdadeira referência”, esclarece o consultor do Sebrae. Por mais confiável que seja a relação, é possível que em alguns momentos a situação saia da ordem, e o contrato será o melhor recurso para solucionar o problema. “Confiar é bom, conferir é melhor”, brinca Ferreira. Para evitar irresponsabilidades na sociedade: “Interesse-se! Participe! Converse! Avalie! Questione! Planeje e analise os resultados! Seja Para o psicólogo Newton Ferreira, um bom sócio pode influenciar no sucesso do empreendimento FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 49 – Maio 2009 Onde procurar sistas, que também possibilitam boas oportunidades na procura de sócios.” O impensável também pode dar certo: “Muitas vezes um possível concorrente pode ser um sócio, pois ajuda a ganhar escala”, vislumbra Forner, destacando que acima de tudo é imprescindível que haja sinergia com as necessidades e o tipo de negócio. Arquivo pessoal um. “É importante começar fazendo a tarefa de casa, mapeando as necessidades que o negócio exige. Se o plano de negócios indicar que eu preciso de alguém porque minha competência não é suficiente, aí então vou procurar uma pessoa para complementar, para somar”, aconselha Cláudio Forner, consultor do Sebrae e conselheiro de Roberto Justus no programa televisivo “O Aprendiz”. Em alguns casos, é possível que o plano de negócios aponte para a necessidade de um aporte financeiro; aí Forner sugere que, às vezes, é melhor um financiamento do que um sócio. Iniciada a procura, o psicólogo e especialista em recursos humanos Newton Ferreira sugere que a busca por um sócio deva ser encarada como uma seleção. “Assim como acontece em um processo seletivo competente, essa procura começa com a definição do perfil do sócio. Esse perfil precisa ser estabelecido com isenção de preconceitos, fantasias e subjetividades, sendo claramente focado nas necessidades do negócio.” A recomendação de Forner é que, para ter vida longa, a relação precisa conter complementaridade e integridade entre os sócios. 15 G U I A D E G E S T ÃO intransigente com irresponsabilidades na vivência de um papel profissional!”. Forner lembra que o contrato não é para engessar, mas para prevenir possíveis ocorrências, principalmente quando elas acontecem na emoção do relacionamento familiar, no caso da sociedade entre parentes, por exemplo. É nele também que devem constar as obrigações de cada sócio. “Quando eu confio de fato no meu sócio, aceitarei suas ‘cobranças’ como ações favoráveis ao bom desempenho do negócio, e me permitirei fazer isso também na relação com ele. As tarefas e responsabilidades, que devem ser definidas mais por competência do que por afinidade, irão compor esse papel profissional sujeito às cobranças do sócio. Quando a finalidade é construtiva, as cobranças tendem a favorecer a boa performance do negócio.” Sócios e equipes Quem faz o quê A relação entre sócios, em geral, está baseada na horizontalidade, o que dificulta a definição de atividades e as cobranças entre eles. O ideal, para evitar discórdias e desentendimentos, segundo Forner, é definir tudo em contrato. “É importante que as tarefas estejam definidas contratualmente, seja na sociedade com sócio majoritário ou na sociedade de paridades. É por isso que tem que haver complementaridade”, destaca o consultor. Para Ferreira, para que a sociedade seja bem-sucedida ela deve basear-se em alguns fundamentos essenciais, como a confiança. Quem eu procuro Para ajudar a definir o perfil do futuro sócio, Newton Ferreira – psicólogo e especialista em recursos humanos – sugere as seguintes questões: Quais são os conhecimentos necessários? Quais experiências profissionais ele deve ter? Quais são as características Número 49 – Maio 2009 pessoais ideais? 16 Qual o poder de influência desse sócio potencial no mercado a ser trabalhado? Precisa ter dinheiro ou tempo disponível para investir no negócio? FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS As divergências entre sócios não se restringem aos setores administrativo ou financeiro, como muita gente pensa. Questões sobre posicionamento diante da equipe também podem causar desentendimentos que prejudiquem o funcionamento do empreendimento. “Para que a autoridade de um sócio não se sobreponha à do outro, é importante que essa definição também conste no contrato”, aconselha Forner. A relação, como em todo ambiente profissional, deve ser profissional. “Se ainda assim for possível cultivar bons relacionamentos pessoais, que bom para todos os envolvidos”, completa Ferreira. Quando os desentendimentos atingem a equipe é porque há um sério problema de comunicação dentro da sociedade. Nesses casos, Ferreira aconselha: “Desenvolver uma inteligência emocional para superar e controlar o ego, visando ao cultivo de relacionamentos produtivos. É preciso saber conversar, ouvir, argumentar e viabilizar entendimento ou ter a coragem para aceitar que a sociedade tornou-se inviável”. Empreender em sociedade é aceitar correr os riscos da gestão compartilhada; da perda de dinheiro; dos problemas jurídicos; e até mesmo dos riscos da convivência diária. Por outro lado, une conhecimento, sonhos, competências, força e valores. “Todos os riscos imagináveis estão presentes numa sociedade. Deve-se estar consciente deles e trabalhar para minimizá-los. Mas jamais deixar de enxergar as oportunidades de empreender em sociedade. Um bom sócio pode nos complementar e influenciar diretamente no nosso sucesso”, afirma Ferreira. Se a sociedade for regida com base no respeito e em regras claras e objetivas, o êxito é consequência. Marca própria, saída para a crise emprestando sua marca tradicional para novos produtos, como a Panvel, a Liss Best, entre outras, ampliando o conceito que a mesma possui para expandir sua área comercial. á dez anos, aportou no Brasil o conceiEspecialmente neste período de turbulência em que se to de marcas próprias, que já vinha sen- encontra a economia, a opção de algumas empresas por do desenvolvido em outros países. estender a sua marca a outros produtos, transformando-a Com a criação da Associação Brasileira de em uma marca própria, pode ser uma boa estratégia para Marcas Próprias (Abmapro), entidade na qual enfrentar mercados e diminuir custos em comunicação e tivemos a honra de participar do Conselho, distribuição. Entretanto, é necessário não descuidar dos iniciou-se um trabalho de incentivo à criação investimentos na proteção da marca no segmento onde de marcas exclusivas das empresas. vai ser ampliada a sua atuação. Uma das primeiras organizações no O custo de manutenção de uma Em períodos de Brasil a utilizar a marca própria em marca conhecida é alto, pois deturbulência, a marca seus produtos foi o Makro Atacadispende, e muito, de investimenprópria pode ser uma ta, que comercializa a marca Aro. tos em propaganda, promoções boa estratégia para Conforme previsões feitas na époe visibilidade nas gôndolas. Já enfrentar mercados ca, o mercado seguiu, de certa foruma marca própria não necessima, tímido quanto à criação de marta destes investimentos e pode ca própria, e as previsões de crescimento desta valer-se simplesmente da sua credibilidade para atrair os área não chegavam aos 10%. Entretanto, di- clientes, que podem associar a qualidade a um preço mais ferentemente do que se previa, atualmente as baixo, estendendo sua fidelização aos novos produtos. marcas próprias já representam mais de 30% Investir em marca é sempre vantajoso, pois é ela que das marcas comercializadas em supermerca- vende o produto, é ela que cria o liame de confiança, é ela dos, e a tendência é de crescimento. que se torna preferida e desejada pelos consumidores, é A ideia pode ser muito eficiente, quando através dela que as empresas lucram. É necessário, entreentendida como uma extensão da marca da tanto, que se faça uma ação tecnicamente viável, forte e empresa. No Rio Grande do Sul, a marca com segurança para divulgar, solidificar, proteger e manter Zaffari é o melhor exemplo desta extensão. a marca, que é o patrimônio intangível das empresas e, na Consagrada no Estado, a mesma aproveitou o maioria das vezes, o seu valor maior. bom conceito que tem perante os consumidores para lançar vários produtos com sua marca. Paulo Afonso Pereira Hoje há uma infinidade de empresas que estão Especialista em Propriedade Intelectual e ex-presidente do INPI FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 49 – Maio 2009 OPINIÃO H 17 Fotos: Lúcia Simon Número 49 – Maio 2009 E N T R E V I S TA E N T R E V I S TA 18 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Emerson Ciociorowski E N T R E V I S TA Emerson Ciociorowski Economista e pesquisador da área de inteligência emocional, Emerson Ciociorowski é um coach, profissional multidisciplinar que ajuda as pessoas a refletir sobre suas potencialidades, seus sonhos, medos e angústias. Quase um terapeuta empresarial, Ciociorowski também orienta seus clientes na gestão do tempo e na busca por valores individuais. A passagem do tempo ao seu redor? mento afeta também o lado pessoal. A gente percebe que as pessoas trabalham uma jornada muito grande, ao passo que a tecnologia estaria aí para nos ajudar, para nos proporcionar mais tempo, e o que acaba acontecendo é o oposto. Falta tempo para as pessoas pararem para pensar nelas mesmas. C i o c i o r o w s k i As demandas do mundo moderno são cada B & S O estresse seria consequência dessa vez maiores, fazendo com que o grande desafio atual seja a administração do tempo. O excesso de tecnologia, por exemplo, não permite que sobre tempo para o indivíduo pensar em si próprio. Antes achávamos um absurdo a demora em escrever um texto numa máquina de datilografar; agora, mesmo com as facilidades do computador, ainda nos falta tempo. Essa questão passa a ser um grande problema, uma vez que as empresas estão cortando custos e diminuindo seu quadro de funcionários, sobrecarregando aqueles que ficaram; esse sufoca- dinâmica social? Por que as pessoas es- danças sociais, principalmente no que tange a tecnologia e trabalho. Como essas transformações interferem na relação do indivíduo com ele mesmo e com o mundo tão tão estressadas? C i o c i o r o w s k i Pela definição de Hans Se- lye, que foi quem primeiro definiu essa questão, estresse é uma reação não específica do organismo a qualquer processo de mudança; logo, o estresse sempre nos acompanhou. O que está acontecendo é um desequilíbrio na FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 49 – Maio 2009 B & S Nossa época vem sendo marcada por fortes mu- 19 E N T R E V I S TA questão do tempo; se observarmos o período das cavernas, veremos que o homem precisava do estresse como motivador para ir à caça. Hoje caçamos um urso a cada cinco minutos. Não estamos sequer respeitando nosso sistema biológico. Achamos que temos tempo para tudo, então passamos a viver uma vida 24 horas. Há banco 24h, academia 24h, supermercado 24h; e assim, trocamos o dia pela noite, sendo sufocados pela falta de espaço. O nosso mecanismo de estresse foi desenvolvido para atender a uma demanda e não estamos respeitando essa limitação. A quantidade de eventos que gera estresse hoje é muito maior que no passado. B & S O estresse, então, seria algo positivo? C i o c i o r o w s k i Se bem utilizado, sim, por- que o estresse nos dá motivação. Imagine, por exemplo, um corredor que vai entrar numa pista de corrida: se ele ficar “zen” demais na hora da largada, seu desempenho não será o esperado. O estresse nos coloca para frente, ele dá motivação. Entretanto, nosso erro é não darmos tempo para o nosso organismo voltar ao estado natural de não estresse. Começa a se emendar um fator de estresse no outro e assim estamos em estresse constante, isso é a demasia do estresse, que obviamente traz consequências físicas profundas. Outra questão extremamente importante é a dificuldade das pessoas em reconhecer suas limitações. Cada pessoa age de maneira diferente para um mesmo fator de estresse. Coloque isso no mundo corporativo, onde o estresse é algo que te faz menos competitivo. Por instinto, as pessoas acabam encobrindo, não percebendo os sinais do corpo, e mesmo quando percebem escondem suas deficiências. Como consequência vêm as doenças. A conscientização corporal é fator fundamental para que as pessoas se percebam e saibam os limites do seu estresse. Não espere também que alguém olhe pra você e diga: “Como você está estressado!”. Quem tem que perceber isso é o indivíduo. Estresse não é um problema médico, é um problema de comportamento. B & S É possível tirar proveito dessas mudanças na vida pessoal e profissional? Número 49 – Maio 2009 C i o c i o r o w s k i Hoje, falando em administração do tempo, 20 “A única maneira de melhorar a forma como lidamos com o tempo é planejando. Tempo é um recurso escasso e também inelástico.” FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS nós temos uma série de recursos que nos facilitam a vida. O email, por exemplo, é uma ferramenta bastante importante se utilizado de maneira adequada, se soubermos selecionar e organizar. Há também as agendas eletrônicas e os softwares que diminuem o nível de estresse ao ajudarem no controle do andamento de determinadas tarefas. Mas são ferramentas que não utilizamos. Tenho feito uma pesquisa com as pessoas com as quais eu trabalho e percebo que 70% delas não têm nenhuma ferramenta de utilização para administrar seu tempo. Quando pergunto como elas se organizam, respondem: “Vou colocando em um pedacinho de papel”. A tecnologia hoje nos oferece uma gama de soluções com que não sabemos lidar. Sobre esse assunto, estou esboçando um livro que irá se chamar E N T R E V I S TA “Tecnolixo”, abordando tecnologias que estão disponíveis e que não recebem o devido reconhecimento. Compramos porque está na moda e não valorizamos as ferramentas que podem funcionar a nosso serviço. Precisamos ser mais seletivos na escolha das tecnologias. No outro lado, é fundamental manter equilíbrio entre o profissional e o pessoal, porque as demandas para o trabalho sempre vão surgir. Quanto mais tecnologia, mais rápido vai se trabalhar, mais demandas você vai ter. Nós precisamos aprender a impor limites para que haja efetivamente uma vida equilibrada. Para atingir esse objetivo, temos que olhar para fatores que nos envolvem e que são importantes na nossa vida, seja a alimentação, o lazer, ou, simplesmente, nos permitir um momento de ócio. As cobranças sempre vão existir e ninguém vai impor os nossos limites no nosso lugar. A gente tem que se colocar. B & S O que dificulta a tomada de iniciativas em busca de sonhos e objetivos? B & S É nesse cenário de conflitos que surge o coach? Qual o seu papel e quem precisa dele? C i o c i o r o w s k i O coach é uma figura nova que, antes de se solidificar no mundo dos esportes, surgiu nas faculdades americanas para auxiliar os alunos que precisavam de um suporte extra. Nós não temos uma formação acadêmica específica para essa atividade, mas acredito que um dia haverá ao menos uma especialização abordando a multidisciplinaridade do coach. Ele é uma ferramenta que pode ser usada por qualquer um em qualquer momento da vida. Principalmente em situações de crise ou quando se deseja desenhar o seu to dos seus valores, pois o valor é a base do vínculo e a gente se compromete ou se vincula a algo que tem valor para nós. Vivemos um momento onde as pessoas não têm tempo, nem ambiente para parar e pensar em si mesmas, com isso há uma crise que nos força a adotar valores que não são os nossos, são da sociedade, da família, da mídia, aquilo que está moda. Mas até mesmo a moda tem passado por transformações, indicando como tendência a autenticidade, o simples, o confortável. A teoria do antropólogo Gregory Bateson, na qual meu trabalho está amparado, afirma que os valores estão no nível do nosso inconsciente, então aquilo que tem importância para nós está lá no fundo da nossa alma e tem a ver com a nossa identidade, com aquilo que nos torna únicos. A falta de reconhecimento nos deixa sem orientação. Quando se reconhecem os próprios valores, tem-se a base da motivação. É por isso que muitos processos de motivação dentro das empresas falham, por não buscar reconhecer em seus funcionários aquilo que é importante para eles. Além disso, há sempre um sentimento de felicidade quando se atinge algo que é valoroso para você; essa motivação transforma a busca em um ato contínuo. “Ao tentarmos ser super-homens, destruímos nossa vida pessoal, perdemos eficiência e eficácia, diminuímos nosso nível de criatividade.” FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 49 – Maio 2009 C i o c i o r o w s k i Falta nas pessoas um profundo reconhecimen- 21 E N T R E V I S TA Número 49 – Maio 2009 futuro. O papel do coach é fazer com que as pessoas reflitam sobre as suas potencialidades, limitações, sonhos, medos e angústias. É uma pessoa que por não estar envolvida emocionalmente consegue ter uma visão mais ampla do indivíduo e fazer com que ele reflita e busque as suas alternativas. O coach utiliza uma série de instrumentos que podem facilitar essa busca. Entretanto, é importante que o indivíduo assuma essa vontade de querer mudar, de querer administrar algumas situações de crise, de querer planejar. Eu costumo dizer que a gente consegue ver floresta onde o cliente só vê árvore. A partir dessa ampliação de visão, se consegue determinar o que ele quer fazer e aonde ele quer chegar. Esse processo precisa ser monitorado pelo coach, ou seja, não adianta só traçar metas, porque com a falta de tempo e com a quantidade de atividades que a gente tem, acabamos fugindo dos planos e sonhos e as estratégias caem na rotina. Monitoria é fundamental. 22 “O papel do coach é fazer com que as pessoas reflitam sobre as suas potencialidades, suas limitações, seus sonhos, seus medos e suas angústias.” FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS B & S Servindo como “treinadores de executivos”, os coachs auxiliam na organização de planos e objetivos. Por que é tão difícil tecer metas e segui-las? C i o c i o r o w s k i Principalmente pela falta de tempo e a de- manda absurda que se tem por apagar incêndios. Gasta-se muito tempo em questões administrativas do dia a dia, fica difícil atingir metas. É preciso parar para pensar e saber para onde você está direcionando sua vida. Isso que estou fazendo tem a ver comigo ou com os outros? Por isso é difícil estabelecer as metas. Depois é difícil cumprir porque as metas são muitas; aí passam a ser só sonhos, desejos, intenções. B & S Quem é esse profissional que você qualifica já no título do seu livro, Executivo, super-homem solitário? Quando ele é super-homem? E quando é solitário? C i o c i o r o w s k i Ele é super-homem quando não respeita seus limites. Não somos super-homens, não somos sobre-humanos, somos pessoas normais com limitações e que cometem erros. Para superar essas limitações precisamos conhecê-las. Ao tentarmos ser super-homens, destruímos nossa vida pessoal, perdemos eficiência e eficácia, diminuímos nosso nível de criatividade. Ele é solitário, porque somos, por natureza, seres solitários. Por mais solidariedade que se tenha da família ou dos amigos, a decisão é sempre única na direção que a gente acha que é correto. Não tem como escapar da solidão. O executivo se sente solitário, principalmente porque no ambiente em que convive não consegue dividir medos, angústias e aflições. A competição do mundo corporativo não permite que se compartilhem essas questões com um colega de trabalho ou com o chefe. É difícil achar pessoas em quem confiar e com as quais se tenha intimidade. Ou sejam amigas e capazes de dizer, ao menos: “Você fez uma besteira, mas estou ao seu lado incondicionalmente”. Esses amigos são raros. O coach se presta para isso, ele entra no mesmo barco, ele é cúmplice de nossos projetos. No coaching o indivíduo se sente menos solitário. Através da troca tentamos fazer com que ele se sinta E N T R E V I S TA mais seguro sobre as suas necessidades e sonhos, ajudando-o na tomada de decisões. B & S Executivos e empresários enfrentam problemas semelhantes? O que os diferencia? C i o c i o r o w s k i O empreendedor tem uma vocação natural para ousar, além de ser uma função que exige uma alta carga de ousadia e autoconfiança, pois para o micro, pequeno e médio empresário, os efeitos de um erro são imediatos. Diferentemente do que ocorre numa grande empresa, quando um executivo falha, há tantos outros para remediar o problema. A solidão do executivo e do empresário é a mesma, só que o empresário carrega a falta de profissionalização ao ter como sócios familiares e amigos sem competência para os negócios. ministração. E quando for preciso interferir em alguns procedimentos, como redução de custos ou mudança de comportamento, vai haver uma resistência não apenas ao coach, mas a qualquer processo de consultoria. Os empresários se sentem incomodados, não lidam com o fato de a instituição viver depois dele. Na verdade, a gente só busca mudanças se o nosso inconsciente perceber que haverá ganhos efetivos. B & S Existe receita da felicidade profissional para empresários? B & S Como colocar o tempo a nosso favor? Falta tempo C i o c i o r o w s k i Não existe milagre ou receita ou falta administração do tempo? pronta, cada um tem que buscar a sua, baseando-se na busca de seus valores profundos e do propósito naquilo que faz, sempre procurando exercer seus pontos fortes e seus talentos. C i o c i o r o w s k i Falta administração do tempo. A única maneira de melhorar a forma como lidamos com o tempo é planejando. Tempo é um recurso escasso e também inelástico, ou seja, não é possível ampliá-lo. Eu sempre digo que Deus foi democrático, ele nos deu 24 horas e falou “sejam felizes”. Quando se fala em administração do tempo, retomamos a questão dos valores. Isso passa, primeiramente, por aquilo que é importante na vida, ou seja, é uma questão de avaliar as escolhas, também no ambiente profissional. Percebe-se claramente que as pessoas têm forte tendência a desperdiçar tempo com situações sem muita importância. Nós precisamos valorar. E mais do que nunca é preciso pensar em longo prazo. B & S Em geral, executivos veem o coach como a oportunidade de colocar a vida em ordem; os empresários já encaram a prática como uma interferência na sua admi- C i o c i o r o w s k i Eles veem a empresa como um filho e resis- tem a qualquer mudança que altere o perfil da gestão. O empresário coloca muito das suas emoções no processo de ad- “As cobranças sempre vão existir e ninguém vai impor os nossos limites no nosso lugar. A gente tem que se colocar.” FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 49 – Maio 2009 nistração. Qual o motivo da resistência? 23 Lúcia Simon R E S TA U R A N T E S Número 49 – Maio 2009 Em um país onde 14 milhões de pessoas não têm o que comer, 40% do resultado das lavouras vai para o lixo. Inclusive os alimentos que sobram em restaurantes. Combater o desperdício é um problema de todos 24 Comida sem destino S ão 12 horas, o restaurante está lotado. A fila ao redor do buffet é grande e cresce a cada minuto. A cozinheira confere se está tudo certo. Três horas depois, os garçons atendem os poucos clientes que restaram com tratamento especial. A comida permanece lá, sob os cuidados atentos da equipe, que começa a lamentar a visível sobra do dia. O futuro daqueles alimentos preparados com tanto apreço e dedicação é o mais ingrato possível: o lixo. Cacildo Vivian, presidente do Sindicato de Hotelaria e Gastronomia de Porto Alegre (SindPoa), explica que o desperdício de alimentos é uma das principais preocupações dos empresários da gastronomia. FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS “Eliminar o problema é impossível. Todos os esforços se concentram em minimizá-lo.” De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 58 milhões de brasileiros vivem em situação de insegurança alimentar e 14 milhões não têm o que comer. Por outro lado, segundo a Fundação Getulio Vargas, 26 milhões de toneladas de alimentos vão para o lixo diariamente, ou seja, 40% de tudo que é produzido no país vão parar no aterro sanitário. Causas e efeitos Vivian acredita que as causas para tanto desperdício são inúmeras, mas entre as mais frequentes estão o condicionamento da mercadoria, preparo dos alimentos, erro na estimativa de utilização. Além disso, existem todas as ra- R E S TA U R A N T E S zões externas, como estradas e o clima. “ É nos processos internos que ocorre o maior desperdício. A única solução para isso é o treinamento da equipe.” Há também, lembra o presidente do SindPoa, o retorno em prato, que é “questão de educação”. Na China, os restaurantes estão multando clientes que deixam comida no prato. Nos buffets, segundo o sindicato, 15% da produção vai fora. Em locais onde a comida é servida de forma à la carte, uma das alternativas apresentadas é o meio prato. Vivian acrescenta que há a opção de um prato e meio para duas pessoas. Para os buffets, o presidente do SindPoa – que possui experiência com o formato – aconselha que a expectativa de público seja subestimada e que se tenha sempre um plano B caso o local encha. “Cada estabelecimento deve estudar a melhor sistemática e adequá-la ao seu público de interesse.” Na hora de avaliar o quanto deve ser servido, o administrador deve construir estimativa com base em uma série de variáveis, como dia da semana, condição climática, a existência de algum evento próximo ao estabelecimento e público. Por meio do programa Fome Zero, do governo federal, a legislação passou a ser discutida e questionada. Inclusive, tramita na Câmara, desde 2003, um projeto de lei que promete desonerar o empresário. Alternativas viáveis A experiência do presidente do SindPoa aponta a doação da comida para criatórios de animais conveniados à prefeitura municipal. “Essa é a solução mais em conta. O empreendedor paga uma taxa mensal para a retirada de resíduos sólidos e orgânicos, que são recozidos e dados para animais.” Há, ainda, a produção de húmus. A dica de Vivian é que o empresário siga à risca a legislação e esteja sempre pesquisando alternativas mais adequadas ao seu negócio. Investir na qualificação da equipe e na educação dos clientes são outras táticas infalíveis. Direto para o lixo Conforme a legislação vigente no país, a pessoa física ou jurídica que doa alimentos é responsável pelo produto. Ou seja, caso o beneficiado com a comida passe mal, quem doou terá que arcar com a responsabilidade, inclusive em caso de morte, podendo responder a processo por homicídio. “Eu assumo a responsabilidade pela comida que está em meu restaurante. Depois que ela passa pela porta não posso mais garantir que está boa”, exclama Vivian. Por isso, pouquíssimos são os estabelecimentos que assumem o risco pelo bem do próximo. A legislação é negativa por dificultar a doação de alimentos; por outro lado, essa mesma lei garante que pessoas mal-intencionadas não utilizem a população carente para dar fim àquilo que não querem mais. “O resto é um estorvo para o empresário.” A solução, na opinião do SindPoa, é uma estrutura administrada pelo governo federal ou estadual que busque os alimentos e os distribua entre a população carente. “O dono de um restaurante não tem como arcar com tamanha responsabilidade”, alega Vivian. O Brasil é conhecido mundialmente por sua enorme capacidade de produzir alimentos. Entretanto, uma percentagem significativa do seu potencial econômico é desperdiçada. Diariamente, 26 milhões de toneladas de alimentos vão para o lixo 30% Do campo até a despensa do brasileiro, dos grãos são perdidos Neste mesmo percurso, 35% da frutas ficam nas estradas ou apodrecem em caixas 50% das hortaliças não chegam ao seu destino No total, 40% de tudo que é produzido no país vão parar no aterro sanitário 58 milhões de brasileiros vivem em situação de insegurança alimentar 14 milhões não sabem qual será a próxima refeição FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 49 – Maio 2009 Barreiras regulatórias 25 Número 48 – Abril 2009 IMAGEM IMAGEM 26 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS IMAGEM As relações pessoais influenciam diretamente o desempenho individual e também o ambiente social. Postura, visão e bons contatos, tanto quanto cursos e experiências, compõem o mix de atributos necessários para o êxito de uma trajetória profissional e empresarial Minha marca sou eu ão, não se trata apenas de conseguir emprego. Nem só de fechar contratos. Também não é reserva para executivos, nem para funcionários. O sucesso nos negócios e na vida pessoal depende da forma como nos relacionamos com o mundo. A literatura já nos deu as pistas: em Por quem os sinos dobram, Ernest Hemingway parafraseou o poeta inglês John Donne, afirmando que “nenhum homem é uma ilha, sozinho em si mesmo; cada homem é parte do continente, parte do todo”. Educação, elegância, distinção e uma boa dose de sociabilidade ajudam qualquer pessoa a integrar territórios. O que e quem você conhece faz toda a diferença nas suas decisões, ações e opiniões. Esse conjunto constrói a sua N fama e com ela você abre ou fecha portas, atrai ou afasta pessoas, trabalhos e oportunidades. Uma lei natural às vezes relegada ao esquecimento, mas que invariavelmente cobra sua pena. Exemplos não faltam. Sua empresa já foi preterida por outra que cobra preços maiores? Alguém com menos qualificação formal já ocupou uma vaga que você almejava? Em geral, tais situações são vistas de forma sarcástica, alegando-se “apadrinhamento”. Mas essa não é necessariamente a resposta certa. Talvez seja preciso pensar qual imagem você está oferecendo ao setor em que atua. Pode parecer fútil que uma barba malfeita ou um sapato desgastado superem um curríFECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 48 – Abril 2009 Por Leandro Melo 27 IMAGEM Conteúdo é fundamental Nenhuma imagem se sustenta se não estiver estruturada sobre um caráter verdadeiro. E conteúdo, nesse caso, não se restringe a currículo: gentileza, honestidade, real interesse sobre o outro e retidão são posturas que devem ser cultivadas em todas as esferas de relacionamento. Dica: Dedique aos outras a atenção que você gostaria de receber. Seja transparente. Falando bem Falar e expressar-se de maneira clara atrai a atenção. O consultor Marcelo Miyashita afirma ser tão importante quanto o conteúdo da conversa a forma como se fala. E mais importante ainda: ser um bom ouvinte, para estabelecer empatia e conhecer realmente seu interlocutor. Dica: Concentre seu discurso em como você pode contribuir com a outra pessoa. Número 49 – Maio 2009 Bem-vindo à rede 28 A sociologia nos fornece a teoria dos vínculos fortes e fracos. Os primeiros são familiares e amigos próximos. A medida que alcançamos outras esferas – amigos dos amigos, colegas, conhecidos eventuais –, os vínculos tornam-se mais fracos. No entanto, são esses elos frouxos que trazem oportunidades e informações novas. Preserve-os e tente aproximá-los de você. Dica: Mantenha contato com o seu grupo sempre que possível e for oportuno. FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS culo de valor. Ou que a timidez de um empresário o leve a perder um cliente potencial, mesmo que a tarefa não exija desenvoltura. É preciso lembrar, no entanto, que nós também julgamos os demais pela impressão que nos transmitem e que, na maior parte das situações que vivenciamos, quem toma as decisões são as pessoas, não os papéis ou computadores. Rótulos não são agradáveis, mas são inevitáveis. Se alguém com piercings, roupas desalinhadas e muitas gírias no vocabulário lhe atende em uma farmácia, certamente vai provocar estranhamento. Esse vendedor, em uma loja de CDs, pode conquistar a simpatia da clientela. Mesmo vivenciando uma época de rompimento de alguns paradigmas, é preciso ter em mente o que nosso público-alvo espera de nós em determinadas situações – e que imagem queremos oferecer. O fato é que tudo o que precisamos está nas outras pessoas e em como elas nos veem, afirma José Augusto Minarelli, presidente da Lens & Minarelli Associados – Consultoria de Outplacement e Aconselhamento de Carreira de Executivos. Sob essa perspectiva, formando uma boa base de conhecimento, uma imagem positiva, e conhecendo muita gente, temos à nossa disposição um vasto universo de informações e oportunidades. Atitude talvez seja o mais importante. “Isso gera um capital social, o que em certas situações vale mais que dinheiro. Já tentou trocar dinheiro por boa vontade? Não é possível. Mas se em algum momento você ajudou uma pessoa, é certo que poderá contar com ela”, lembra Minarelli. Quem se destaca, geralmente, é aquele que se mostra adequado ao ambiente, é educado, está sempre disposto a resolver problemas, ou conhece quem pode fazê-lo. São pessoas com boa instrução e que sabem e gostam de tirar proveito de suas experiências pessoais. Com o tempo, esses indivíduos aprendem a aplicar esse dom em benefício próprio e começam a galgar posições na escalada empresarial. A construção desse bem imaterial supera a simples obtenção de negócios ou vagas de trabalho. Imagine a situação de buscar uma linha de crédito junto a um banco para o seu empreendimento. A documentação necessária, um sólido plano de negócios e a saúde fiscal da empresa são requisitos de sua única responsabilidade – neles IMAGEM Você constrói sua fama O networking, quando não confundido com oportunismo, começa a mostrar seu real valor nesse período de economia voraz e horas escassas. As qualidades de uma ampla e bem construída rede de contatos são basicamente a troca de informações e gentilezas, o comprometimento dos envolvidos e acima de tudo a transparência. Quem estiver fora desse jogo perderá muitos pontos na carreira. Uma vez que é você o seu principal produto, fazer networking é antes de tudo uma mudança de comportamento. Seu networking deve ser um grupo de pessoas que estão dispostas a ajudá-lo ou confraternizar com você, da mesma forma que você com elas. O que hoje utilizamos como ferramenta do mundo corporativo, no passado se chamava vizinhança. Quando se buscava uma informação, um sócio ou um funcionário se recorria aos amigos, aos frequentadores do clube ou da igreja – pessoas nas quais confiávamos. O que hoje chamamos de networking é um resgate desse tipo de parceria. O exemplo vale para lembrar que o ideal é conversar, conhecer bem as pessoas, seus interesses, gostos pessoais, anseios e demonstrar interesse genuíno. “Simbolicamente, nossa imagem e comportamento ficam na memória e no coração de quem se relaciona conosco, desde a infância. Na memória ficam os dados objetivos e no coração os subjetivos”, explica José Augusto Minarelli. Dessa forma, se você procura por um engenheiro, ou um vendedor, a pessoa que o está ajudando certamente vai pensar em uma série de profissionais capacitados e experientes. Vai contrabalançar, porém, com o que lembra sobre as atitudes e comportamentos desse indivíduo, fornecendo o denominador comum dessa equação. Respeito, co- Com que roupa? A primeira impressão é a que fica. No caso do vestuário mais apropriado para cada ocasião ou encontro, vale a regra da adequação ao ambiente. Em um evento, onde você será apresentado a pessoas que talvez não volte a encontrar, é melhor causar a impressão correta, pois esse será o seu único registro visual por um bom tempo. Dica: Vista-se de forma a estar alinhado com sua maneira de agir e pensar e preparado para participar de um almoço com clientes ou um evento social. Obrigado, Lee O cientista britânico Timothy Berners-Lee inventou a internet como a conhecemos hoje e graças a sua criação podemos encontrar mais facilmente pessoas e informações de que precisamos. A ideia de conexão em rede encurtou distâncias e criou novos espaços de relacionamento, como as redes sociais e conversação por chat ou mensagens de correio eletrônico. Dica: Inscreva-se em redes sociais de áreas do seu interesse ou ligadas ao seu ramo de negócio para trocar experiências. Número 49 – Maio 2009 não se pode errar, poucos irão fazê-lo. Uma vez que as regras do jogo são únicas, resta usar do bom relacionamento com o gerente do banco ou com pessoas que tenham influência sobre a instituição financiadora para facilitar o processo. Nessa hora, a segurança que você transmite, as pesssoas que podem referenciá-lo e seu histórico de bom pagador são fundamentais. Todos esses quesitos remetem à sua postura e aos seus relacionamentos – não apenas a documentos recheados de números. FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS 29 IMAGEM Mais de mil cartões! De nada adianta guardar os contatos na gaveta sem saber quem são as pessoas, o que fazem ou por que estão lá. É fundamental colocar tudo em ordem, seja em um editor de planilhas ou em softwares específicos para organização de contatos e agenda. Se pretende guardar os cartões, anote suas impressões sobre a pessoa, data, ocasião e local em que se deu o encontro. Dica: Identifique cada um desses contatos e agrupe-os por áreas de interesse: emprego, lazer, cultura, entre outros. Assim será mais fácil acessá-los. Por_favor@obrigado Número 49 – Maio 2009 Especialmente no que diz respeito ao correio eletrônico, tornou-se fundamental seguir algumas regras básicas de etiqueta – nesse caso, a netiqueta. Evite enviar mensagens com texto em maiúsculas ou grifadas em demasia. Essa prática pode ser entendida como um “grito” ou tentativa de chamar atenção com exagero. Textos curtos e objetivos, com as informações indispensáveis, ajudam o conteúdo a ser mais bem compreendido e aceito, entre centenas de mensagens diárias. 30 Dica: Escreva e trate todos como você gostaria de ser tratado. Aliás, isso vale para tudo. FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS nhecimento acerca do outro e reciprocidade são algumas das regras para que esse tipo de relação se estabeleça. Assim a impressão será sempre positiva. O consultor Marcelo Miyashita, da Miyashita Consulting, e professor de networking, trata essa “impressão” de fama. Basta perceber que não são a televisão, o noticiário ou a publicidade os únicos responsáveis pela projeção de um indivíduo. A fama só acontece pelo reconhecimento, notoriedade de seus atores por parte de um grupo. Se seus colegas o consideram mestre em estratégia comercial ou é a você que perguntam as melhores dicas para o final de semana, isso se deve a uma fama criada pouco a pouco sobre a sua imagem. “Há pessoas com índole mais sociável. Naturalmente encantam, tem bons valores e bom caráter. Outras desenvolvem essas características durante a vida. Mas não se trabalha a imagem pela imagem. É uma caminhada do desenvolvimento humano”, salienta Miyashita. A ressalva vale especialmente porque a internet e os formatos de comunicação em tempo real transformam fama em armadilha. Não importa se é construída sobre bons ou maus predicados, vai para o mercado, não fica mais restrita à empresa. Lembre-se de que educação e elegância no trato com as pessoas serão sempre bem recebidos. A opinião alheia, requisitada ou não, nos auxilia a tomar decisões, pois compõe o grupo de informações de que dispomos para agir. Aí entram no jogo personagens já desenhadas pelo jornalista Malcolm Gladwell no livro O ponto de desequilíbrio: os disseminadores de ideias. Essas pessoas apresentam características básicas. Podem ser “conectores” – por meio dos contatos e relacionamentos que mantêm, ligam pessoas, seja para o jogo de futebol na quartafeira, apoio ao chá beneficente ou mesmo uma sociedade empresarial. Há também os “especialistas”, com marca pessoal bastante forte e arraigada aos seus conhecimentos, tornando-se referência no grupo. E os “comunicadores”, interlocutores que buscam a participação ativa no círculo de relacionamentos, interagindo e mantendo contato constante com as pessoas. Não necessariamente apenas um perfil estará presente em cada pessoa. Eles podem aparecer conjuntamente, ou alternar-se de acordo com a situação. Hoje não há emprego para todos, acredita José Augusto Minarelli. Mas basta procurar um pouquinho, entre as IMAGEM Eu conheço alguém A experiência do empresário Renato Grinberg, diretor-geral da Trabalhando.com.br e especialista em mercado de trabalho, confirma a assertiva de Minarelli sobre a importância de conhecer quem decide. Atualmente à frente da operação brasileira da holding chilena de portais de emprego Trabajando.com, Grinberg tem no histórico uma bem-sucedida passagem pelas empresas Sony Pictures e Warner Bros., em Los Angeles: “Fiquei oito anos nos Estados Unidos, enquanto cursava MBA. Os contatos que preservei foram úteis quando chegou a hora de buscar uma colocação. Um de meus conhecidos trabalhava na Sony; quando solicitei, me indicou para uma vaga. Pelas vias tradicionais talvez eu nunca soubesse dessa oportunidade”. O executivo ressalta que é preciso sair da zona de conforto. Contatar pessoas, entrosar-se, aprender sobre nossos assuntos, tudo isso é necessário e fundamental para ampliar e qualificar a rede de relacionamentos. Qualificação é, aliás, um dos ganhos que se tem com a participação ativa em grupos e com a troca de informações. A Trabajando.com é apontada pelo Instituto Empreender Endeavor como uma das cinco empresas com maior projeção do mundo e, por isso, passou a integrar o World Class Company. Assim, os criadores da empresa vão aos Estados Unidos a cada dois meses para debater estratégias com gurus da economia e de grandes corporações. Quer melhor networking do que esse? Claro que é uma longa caminhada até esse patamar, mas pode começar hoje mesmo. De contato em contato, uma rede se forma e novas oportunidades começam a surgir. Imaginando que os sinos de Hemingway avisam sobre um bom negócio, quando eles dobram por alguém da sua rede de contatos, eles também dobram por você. Eu sou mais eu Limpeza e zelo demonstram, mais que preciosismo, o quanto você gosta e cuida de você mesmo. Uma roupa cara perde a classe se estiver muito amarrotada; e se o local de trabalho é um escritório, ninguém vai deixar de notar unhas sempre sujas. São cuidados simples, não dependem de recursos financeiros, apenas de asseio pessoal. Dica: Não tenha vergonha de usar o espelho em casa, no trabalho ou em um evento. Preste atenção aos detalhes. Você conhece um interesseiro? É fácil reconhecer quando alguém busca tirar proveito das situações, usando de subterfúgios pouco agradáveis para ter contato com pessoas ou conseguir favores. Foi por esse tipo de atitude que o termo networking adquiriu, para algumas pessoas, sentido de oportunismo. Seja verdadeiro. Dica: Aja positivamente sem buscar algo em troca. Muitas vezes, o benefício vem justamente de onde menos se espera. Número 49 – Maio 2009 pessoas de seu convívio pessoal, e um empregador potencial vai surgir. Segundo o consultor, 80% das vagas são preenchidas por indicação, um mercado invisível de empregos. “Quem não fala com quem decide se submete às pequenas autoridades. O tempo é um capital precioso para os líderes, executivos de empresas, mas se a solicitação vem por um amigo, eles sempre conseguem um espaço na agenda”, garante. FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS 31 Eryk Klucinski/Stock.xchng SAIBA MAIS ng tock.x ch BSK/S Alternativa ambiental A busca por opções mais viáveis para o meio ambiente resultou em um novo formato de “boy”. Agora quem precisar enviar ou receber pacotes pode contar com o serviço de bike-entrega, já disponível também em Porto Alegre. Utilizada em grandes cidades como Londres, Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro, a alternativa pode ser ainda mais ágil que os motoboys e conta, em média, com os mesmos preços. A única preocupação que fica é a segurança dos ciclistas-entregadores nas movimentadas ruas das capitais. Diversidade A variedade de personalidades e opiniões pode ser um dos maiores valores de uma organização se trabalhada de forma correta. Para o professor da Brazilian Business School, Marcelo Mariaca, a convivência de talentos diversos contribui para aumentar a criatividade, melhorar a qualidade do ambiente interno, humanizar as relações e ampliar a massa de conhecimentos e experiências da empresa. Mas trabalhar com a diversidade não é tarefa fácil e exige esforço extra do gestor. Mariaca aconselha que, para integrar todos esses talentos, a empresa precisa adotar uma política e incentivar práticas que favoreçam a integração e a colaboração, sem, contudo, sacrificar – pelo contrário, deve-se valorizar – as características individuais. em tempo Marcando presença no mercado Número 49 – Maio 2009 A 32 o completar 200 anos de vigência no país, a propriedade intelectual ainda é pouco utilizada pelos brasileiros. A proposta surgiu na Inglaterra, em 1709, através do Statute of Anne, que estabelecia a conceituação e proteção legal para as criações. O objetivo era incentivar as inovações que tinham valor comercial. Por aqui, o propósito é garantir aos inventores, responsáveis por qualquer tipo de produção intelectual, o direito de re- FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS compensa sobre a criação. Para a Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI), são consideradas propriedades intelectuais as invenções, obras literárias e artísticas, símbolos, nomes, imagens, desenhos e modelos utilizados pelo comércio ou indústria. Devido à importância do tema para o desenvolvimento das empresas, foi realizado em Brasília, no final de abril, o “Seminário Internacional: 200 anos de Propriedade Mais informações na edição 42 da B&S Intelectual no Brasil”. Entre os tópicos debatidos estavam o papel da propriedade intelectual sob a ótica judiciária, o impacto das marcas na estratégia empresarial e o direito de concorrência. Cautela deve ser a palavra de ordem Mantenha a comunicação entre as prioridades eu recomendo Experiência Desde setembro do ano passado, a crise econômica faz parte do cotidiano de todos, seja direta ou indiretamente. Dizem os especialistas que a experiência é a melhor arma para combater qualquer problema. Nesse sentido, o que você aprendeu até agora? Para aproveitar todo o aprendizado e sair por cima, siga as dicas a seguir: André Guimarães Antunes/Divulgação SAIBA MAIS Pondere gastos e evite endividamentos Reavalie projetos e siga em frente Reunião Pesquisa desenvolvida pela Doodle, empresa fornecedora de ferramenta on-line de agendamento, apontou que executivos de países europeus e dos Estados Unidos gastam, em média, 4,9 horas para organizar sete reuniões por semana. De acordo com o estudo, na hora de organizar os encontros, o email é a primeira opção dos executivos, com 34%, enquanto os profissionais administrativos o utilizam em 30% das situações. Foram entrevistadas 2.500 pessoas do Reino Unido, Estados Unidos, França, Alemanha e países nórdicos. Michelle Ho/ Stock.xchng Prepare-se para as alterações que devem ocorrer com o fim da crise Um livro que li recentemente foi A boa vida segundo Hemingway. É uma compilação de fotos, frases e aforismos de Hemingway coletadas por um de seus melhores amigos. Por ele ser um dos meus autores favoritos e ter essa característica de bon vivant (o que em muito marca o meu personagem Radicci), foi muito legal conhecer um pouco sobre a vida fantástica que ele teve, cheia de viagens, fatos e acontecimentos extraordinários. Vale a pena, e a edição está muito caprichada! Carlos Enrique Iotti Jornalista e chargista Acesso a Wi-Fi público Cópia ou transferência de dados para dispositivos móveis Envio de dados para endereço pessoal Clicar em links desconhecidos Pagamento de contas em bancos ou lojas virtuais Administração de senhas de forma incorreta Uso de computadores públicos Utilização de aplicativos bloqueados FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 49 – Maio 2009 Rolve/Stock.xchng Segurança virtual De acordo com estudo desenvolvido pela Associação Brasileira de Auditores de Sistema, cerca de US$ 2 bilhões são perdidos em documentos anualmente pelas empresas brasileiras. Uma das causas para tal prejuízo é o uso indevido dos sistemas de informações. Para a NetSafe Corp, especializada em soluções de segurança em TI, são oito os erros mais comuns: 33 Lúcia Simon ARGENTINA Número 49 – Maio 2009 O terreno arenoso por baixo do comércio internacional faz com que novas dificuldades surjam diariamente. Hoje, os holofotes miram a relação entre Brasil e Argentina 34 Disputando mercados A velha rivalidade entre Brasil e Argentina não é exclusividade dos gramados: brasileiros e argentinos discordam também quando o assunto é comércio internacional. Recentemente, o desacordo foi tema de grande atenção por parte da imprensa nacional. A razão para tanta importância são as barreiras comerciais impostas pelo outro lado da fronteira. A atitude adotada pela presidente argentina tem sido chamada de protecionista; em contrapartida, Cristina Kirchner lembra que o Brasil também tem ações do mesmo formato. Cristina, que esteve no Brasil em pleno turbilhão de reclamações por parte da indús- FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS tria e do comércio nacionais, declarou à mídia que a razão para tais medidas é o déficit argentino de US$ 4 bilhões no comércio bilateral no ano passado. Em entrevista coletiva, a argentina declarou: “Uma licença não automática pode parecer uma medida protecionista em matéria comercial. Então poderíamos verificar que há medidas protecionistas de um lado e de outro. Talvez umas sejam menos perceptíveis que outras, mas existem em matéria fiscal, de financiamento e monetária”. O diretor do Conselho de Comércio Exterior da Fecomércio-RS, Arno Gleisner, acredita que a decisão deve prejudicar a economia do vizinho. “Estas divergências comerciais decorrem do porte e do desequilíbrio nas contas bilaterais.” Para Jorge Moacir Flores, gestor de negócios da Câmara de Comércio Brasil-Argentina, a utiliza- ARGENTINA Negócios à parte Toda essa discussão entre os dois países levanta uma questão: e o Mercosul? O Tratado de Assunção, assinado em 1991 por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e, posteriormente, Venezuela (ainda em fase de negociação), determinou a criação de mercado comum entre estas nações, o Mercosul. De acordo com o tratado, “em matéria de impostos, taxas e outros gravames internos, os produtos originários do território de um Estado Parte gozarão, nos outros Estados Partes, do mesmo tratamento que se aplique ao produto nacional”. Jorge Flores acredita que o Mercosul é algo a ser realizado ainda. “Não é como o Mercado Comum Europeu, onde tudo é facilitado entre os signatários.” Apesar de o bloco ter se mostrado fraco, as regras apresentadas no Tratado de Assunção nortearam a decisão do governo argentino. “Para não aumentar tarifas, se expandem as barreiras burocráticas. Assim a lentidão adia a entrada de novos players.” Ao mesmo tempo em que impede o crescimento das empresas daqui, protege os empreendimentos de lá. O representante da Câmara Brasil-Argentina destaca que a economia do país vizinho é infinitamente menor que a brasileira e, por isso, mais frágil. Para evitar que o elefante esmague a formiga são utilizadas artimanhas. Neste caso, destaca Gleisner, o comércio de bens no mercado interno não é atingido; o comércio exportador, que é pequeno, sim; os serviços ao comércio exterior são particularmente afetados. Briga de cachorro grande Protecionismo é uma das expressões mais temidas e ao mesmo tempo mais usadas no comércio internacional. Mas, apesar do nome, medidas que têm por objetivo proteger a economia de determinado país podem acabar prejudicando este mesmo mercado. Conforme Flores, os governos pensam no curtíssimo prazo, somente no pri- meiro momento das relações comerciais globais. “O protecionismo indefinido é o problema. Prejudica por ser irracional.” Nesta linha, um país deve se proteger quando houver um perigo eminente, mas não pode manterse assim por muito tempo. É uma situação temporária. “A função das barreiras é suprir a economia nacional, evitar o desabastecimento e preservar o emprego”, explica o gestor de negócios da Câmara Brasil-Argentina. Um exemplo de proteção às avessas se deu no setor automobilístico brasileiro há pouco mais de uma década. Enquanto os modelos mais atualizados tinham sua entrada no país dificultada ou proibida, os produzidos aqui enfrentavam um verdadeiro processo de sucateamento. “A concorrência externa gera o aprimoramento dos produtos e serviços, enquanto o oposto trava a economia.” De outro lado, as nações vítimas dessas medidas, como agora o Brasil em relação ao país vizinho, reclamam da falta de liberdade para atuar. O volume de exportação fica limitado ao tamanho da barreira, o que prejudica também o crescimento das empresas nacionais. Hecho em Brasil A Argentina é o destino de: Itens da indústria metal-mecânica (como tubos de ferro, aço) Carnes Automóveis Produtos de higiene Autopeças Café Tratores Algodão Linha branca (como geladeira, fogão, lavadora) Cobre Calçados Chocolates Plásticos Equipamentos para agricultura Lápis Rolhas e tampas Têxteis Motocicletas Papéis Inseticidas Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 49 – Maio 2009 ção de licenças não automáticas na exportação para a Argentina não é barreira, e sim políticas de atuação. “Todo país tem políticas industriais e comerciais que visam à proteção do mercado interno.” 35 Número 49 – Maio 2009 Lúcia Simon CON SUMO 36 Que são elas as donas da decisão de compra não há dúvidas. Todos sabem que elas adoram passar o cartão de crédito e assinar cheques. O questionamento é como chegar até elas. Uma estratégia útil é o bom e velho Clube da Luluzinha Clube da Luluzinha ulher adora reunir as amigas para dar uma fofocadinha básica. Atualizar as informações sobre família, amigos, moda, trabalho e cultura é um dos programas prediletos do público feminino, e se esses encontros incluírem situações de consumo o momento se torna perfeito para muitas delas. Para Denise Gallo, sócia-diretora da Uma a Uma Pesquisa e Estratégia, consultoria voltada especificamente para o universo feminino, a razão para a preferência se dá porque as mulheres se interessam mais pelo contato inter- M FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS pessoal, são bastante inclinadas às amizades e parcerias e, em geral, conectam-se pelo sentimento de empatia. Essa característica faz parte da vida feminina há séculos. Ainda na Idade Média era comum que as mulheres da corte se reunissem para olhar as últimas confecções; vestidos e joias eram os itens prediletos da monarquia. Hoje essa prática é conhecida por grande parte do público feminino. Afinal, atire a primeira pedra aquela que nunca participou de uma reuniãozinha pra ver as semijoias que a amiga vende ou, ainda, roupas, cosméticos, itens de utilidade doméstica. Aliás, a variedade de produtos é proporcional à diversidade de personalidades. CONSUMO Tagarelas e flexíveis Elas comunicam-se com muita facilidade e gostam de trocar experiências, dar e pedir conselhos. No processo de compra feminino, as opiniões de amigos e conhecidos funcionam como um atalho, um facilitador da decisão. “Esta prática é tão comum que, nos Estados Unidos, surgiu o termo croping, de credible opinion (opinião com credibilidade), para designar o hábito feminino de recorrer a opiniões de terceiros como uma etapa no processo de decisão”, comenta Denise. Neste sentido, reuniões femininas são ambientes propícios a estas manifestações. “É por isso, também, que o boca a boca entre as mulheres é tão intenso e que, cada vez mais, os profissionais de marketing estão atentos às formas de otimizá-lo em favor das marcas. As pesquisas mostram que as mulheres disseminam mais informações, acreditam mais nos dados obtidos através de recomendações e têm maior inclinação para agir a partir daí.” Já para o público masculino a tática não funciona bem. Os homens são mais objetivos e pragmáticos na hora da compra. Não buscam tantos detalhes, valorizam a autonomia. “Costuma-se dizer que o processo de compra masculino se dá de forma linear, e o feminino, de forma espiral”, explica Denise. Nos encontros proporcionados pela Avon são várias as vantagens. “Eles tornam o contato com a empresa um momento muito agradável e informativo, porque visamos a melhorar a sua lucratividade, a oportunidade de experimentação dos cosméticos e a troca de experiências. Além disto, nesses encontros elas também têm acesso a informações sobre sua saúde e as causas que a empresa abraça, como a prevenção do câncer de mama e a questão Vender para mulher parece fácil. E em da violência doméstica”, cogeral é. Mas elas costumam ter preferênmenta Linardi. cias por alguns tipos de produtos: Conforme a consultora da Lanches Uma a Uma, há muitas variáDoces veis que irão interferir na quanJoias (bijuterias) tidade que se vai consumir. Artesanato “O que podemos dizer é que Itens de utilidade doméstica a experiência de compra, inRoupas serida em um contexto de Cosméticos opiniões confiáveis e favoráObjetos de decoração veis, de troca, empatia e soSapatos ciabilidade, pode ser um imBolsas (acessórios em geral) portante impulso ao consumo feminino.” Vamos às compras? FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 49 – Maio 2009 A procura por este tipo de consumo é tão significativa que hoje existem empresas focadas nos encontros de negócios, como é o caso da Avon. Luciano Linardi, diretor de Desenvolvimento de Vendas da empresa, comenta que o negócio aposta na venda direta e, por isso, o relacionamento é fundamental. Seguindo esta linha, são promovidos eventos com funcionários da empresa e revendedoras. “São realizados 19 encontros em cada campanha de vendas. As gerentes de setor têm disponíveis materiais audiovisuais que ajudam na ambientação do local, além, é claro, de todo suporte de treinamento para que estejam preparadas e capacitadas para representar a companhia e oferecer as informações necessárias para que as revendedoras tenham sucesso na sua atividade.” Bem mais casuais são os encontros de negócios realizados pela família de Ana Paula Oliveira. Assistente da Secretaria de Justiça e Desenvolvimento Social do Estado no horário comercial e empreendedora durante as 24 horas do dia, a gaúcha já vendeu de tudo. “Comecei a vender lanches na faculdade, mas vi que não estava funcionando muito bem e há dez anos optei pelos bombons.” Semanalmente ela e a família do namorado realizam a Janta das Lulus. Com o propósito de trocar experiências, conversar e dividir novas ideias sobre vendas, as participantes expõem seus produtos e acabam realizando compras e vendas ali mesmo. “Todas vendem algo. Desde alimentos, chocolates, joias, guardanapos, até produtos de limpeza.” Ana Paula garante que o importante é ter itens para pronta-entrega e, seguindo essa regra básica, os resultados tendem a ser bastante positivos. “Gera renda a mais. Sem dúvida compensa bastante”, comemora. 37 C O M P O R TA M E N TO O que fazer quando Recompensas e prestígio nem sempre garantem a motivação dos gestores na hora de conduzir o barco. O segredo é conhecer e amar o que se faz. O resto é lucro! falta corda A os olhos da maioria dos mortais, especialmente dos que almejam abrir uma empresa ou ascender à liderança, manter distância do relógio-ponto e ter liberdade de traçar o próprio caminho pode ser sinônimo de eterna felicidade profissional. Quem já possui a alcunha de chefe, porém, sabe que a vida de gestor não é cor-de-rosa e, frente aos entraves cotidianos, pode ser assombrada a qualquer instante pelo fantasma da desmotivação. Executivo há 15 anos, o jornalista e proprietário da Spicy Media, Adriano Silva, confessa que a experiência de virar dono do próprio nariz é, de fato, cheia de altos e baixos. “É Cinco armas para combater a desmotivação Fortalecer o autoconhecimento: identificar o que realmente se quer e por quê Número 49 – Maio 2009 Adotar uma atitude positiva: crer que pode ser feito, conquistado, acreditar no sucesso almejado 38 Livrar-se das desculpas: evitar o “eu não posso”, “não tenho conhecimento”, “não tenho saúde”, “não tenho inteligência” Usar bem o tempo: definir metas e prioridades, as ações importantes que nos levarão ao nosso objetivo Sempre lembrar que também há vida lá fora! FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS um teste frequente de autoconfiança, perseverança e capacidade de lidar bem com a pressão e a ansiedade”, avisa. Experiente em educação relacionada a gestores, o economista Roberto Tranjan, autor do livro Pegadas — como atravessar os sete mercados e alcançar prosperidade nos negócios e na vida, afirma que é comum encontrar executivos desmotivados, um perigo latente para a saúde pessoal e dos negócios. “Um gestor é sempre referência para sua equipe. Quando está desmotivado, isso contagia todos ao seu redor, afetando o desempenho e os resultados.” No longo prazo, as consequências da falta de motivação podem ser devastadoras. Carente de estímulo, a tendência é que o gestor passe a só ver pontos negativos na empresa e nas pessoas, o que pode acarretar problemas de relacionamento e perda do poder criativo. “A capacidade de decisão é afetada, e decisões erradas causam efeitos negativos”, observa o coach e autor do livro Sucesso ou Fracasso? 21 Leis do Poder, Daniel de Moraes. Me dê motivo... Amplas responsabilidades, excesso de burocracias e pouco tempo para o lazer e a família. Embora, à primeira vista, esses possam ser fatores que induzam os executivos à desmotivação, Tranjan ressalta que a maior vilã é a ausência de valores, propósito e significado no ambiente de trabalho: “Esse é o grande mal que assola as empresas, principalmente em tempos de crise, quando as atenções se canalizam para a sobrevivência, custe o que custar”. Lúcia Simon C O M P O R TA M E N TO O economista aponta que os gestores candidatos a perder o ânimo são justamente aqueles que se deixam seduzir por recompensas extrínsecas, como bônus, prêmios ou extras financeiros e materiais: “Não que isso não seja importante, mas não pode exceder as recompensas intrínsecas, como o senso de propósito e auto-realização”, lembra. A escassez de motivação de gestores também pode ter outras várias origens. Falta de reconhecimento por parte de superiores, resultados negativos, mudanças bruscas no mercado e falta de plano de carreira que permita crescimento profissional e pessoal são alguns exemplos. Para Moraes, entre os fatores mais sérios está a falta de compreensão por parte do executivo do valor de sua atividade. Conforme ele, a desmotivação surge quando não há clareza a respeito das finalidades pessoais e profissionais que movem o gestor. Para resolver – ou ao menos minimizar – problemas de desmotivação em seu quadro, algumas empresas têm adotado a figura do coach. Praticamente um consultor, o coach atua como “porto seguro” de gestores que buscam conselhos e indicações para desenvolver suas competências. Conhecedor da tarefa, Moraes explica que a ideia é efetuar mudanças: “A base das sessões são perguntas. O coach é um perguntador com objetivo de gerar ações. Mas, ao contrário de terapias, ele centra-se no presente e no futuro”. Nessa jornada pela busca de soluções, um dos questionamentos é a crença de que a motivação tenha relação direta com o lucro, o que, segundo Tranjan, é um grande erro por parte dos executivos. “A desmotivação está na perda de significado, não de dinheiro”, adverte. Moraes também defende que a inércia tem mais vínculos com a falta de realização do que de cifras: “Passamos grande parte de nossa vida trabalhando e outra pensando no trabalho. Se não temos amor pelo que fazemos, o resultado é a desmotivação”. Para Adriano Silva, a solução também desemboca no amor pela atividade: “O fundamental é buscar fazer algo de que você gosta, que considera fazer bem e que os outros reconhecem como uma competência central sua”. O jornalista destaca ainda que é importante o gestor ter consciência de que cada dia é um dia, que nos negócios não há nada definido, portanto viver o presente é fundamental. “Projetar o futuro e remexer no passado são exercícios importantes. Mas é essencial manter a cabeça no presente. É no presente que a vida acontece.” FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 49 – Maio 2009 É solução pra mim... 39 VENDAS Andarilho comercial Número 49 – Maio 2009 Steve Woods/Stock.xchng Ele sai de casa todas as manhãs com a tarefa de vender o produto ou serviço da sua empresa; por isso a relação entre empresário e representante comercial deve estar pautada na amizade e na parceria inerentes a um trabalho em equipe 40 N o tempo em que não havia internet nem telefone, e em que para vencer as longas distâncias entre uma cidade e outra eram precisos dias sobre um cavalo ou carroça, ele era conhecido como caixeiro viajante. Passava dias longe de casa e sua maleta estava sempre cheia de objetos que agradavam ao gosto do freguês. As facilidades de comunicação oriundas da evolução do tempo, como o telefone móvel ou até mesmo a criação do automóvel, foram decisivas para agilizar o dia a dia destes vendedores andarilhos. A importância deles, entretanto, não mudou muito, apenas se adaptou à nova dinâmica da economia mundial. Se antes eles eram o único elo entre o cliente e a empresa, hoje os representantes comerciais são ferramenta essencial para vencer a concorrência. Por conta dessa posição significativa, as ações de vendas executadas pelo representante comercial devem estar inseridas no planejamento estratégico da empresa. “A relação entre o empresário e sua rede de representantes precisa ser de amizade e parceria”, aconselha Wilson Mileris, conferencista, treinador e consultor nas áreas de liderança, motivação e vendas. A percepção de que o trabalho conjunto dará certo deverá acontecer já na escolha do profis-sional; lembrando que ele irá não apenas vender o seu produto, mas levar a imagem da sua empresa para o comprador em potencial. “Antes de selecionar, é interessante traçar o perfil do cargo, ou seja, definir qual a formação exigida, o nível de responsabilidade, as tarefas a serem desenvolvidas e todas as demais questões fundamentais no momento de desenhar a vaga.” Autônomo ou contratado? É também na hora de traçar o perfil do cargo que se escolhe pelo representante autônomo ou contratado. Antes, é preciso saber quem são estes dois profissionais. SeFECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS VENDAS Perfil Gerenciar e treinar Alinhar o representante comercial às estratégias de atuação da empresa exige empenho de ambos, com investimento em treinamentos. “Neste mercado é comum encontrarmos profissionais autodidatas e que possuem um conhecimento empírico; entretanto, muitos deles só possuem o nivel médio e deixaram de se atualizar”, observa o consultor. O ideal, segundo Mileris, é promover a educação continuada, aumentando assim o poder de negociação, compreendendo um pouco mais sobre estratégia e sobre ponto Fuja da informalidade Não é difícil encontrar um relacionamento entre empresário e representante comercial regido pela informalidade, a fim de economizar impostos. Entretanto, Mileris adverte que essa prática pode ter efeito contrário, uma vez que em caso de desentendimento o representante possui amparo legal para entrar na Justiça contra o empresário com igual direito de um profissional contratado. “Em alguns casos, o prejuízo é maior do que se o empresário tivesse um representante com vínculo empregatício. É fundamental preservar a relação e incluir no contrato um cláusula de renúncia que não traga ônus exorbitante”, adverte. Divergências à parte, alinhando ética e responsabilidade a produtos e serviços de qualidade, o sucesso dessa parceria é fórmula certa. Presidentes dos Sindicatos dos Representantes Comerciais (Sirecom) do interior do Estado traçam o perfil deste profissional “O representante tem que ter caráter, honestidade e ética. Ser uma pessoa equilibrada emocionalmente e ter em mente o seu produto e não o do concorrente.” Divulgação/Sirecom Lajeado de venda. “Para superar o pouco conhecimento sobre essas questões, o representante assedia muito mais o cliente, uma prática que nem sempre é bem vista, por isso é preciso possuir esse saber específico da área.” Os representantes estão a par da importância desse conhecimento: “A figura do representante carregador de pasta não existe mais, quanto maior o grau de formação melhor o conhecimento de mercado; ele deve estar, no mínimo, cursando uma faculdade”, destaca Valdir Applet, presidente do Sindicato dos Representantes Comerciais de (Sirecom) Lajeado. “É preciso olhar para a profisão como uma oportunidade de trabalho e não como um quebra-galho”, completa Airton Floriani, presidente do Sirecom Erechim. Valdir Applet Presidente do Sirecom Lajeado “Empreendedor e planejador são características fundamentais em um representante comercial. ” Maria Cecília Pozza Presidente do Sirecom Caxias do Sul “O conhecimento de mercado é importante para quem deseja obter sucesso na profissão.” Darci Alves Pereira Presidente do Sirecom Santa Maria “Boa apresentação e honestidade com os clientes são questões importantes na profissão.” Antônio Clóvis Kappaun Presidente do Sirecom Vale do Rio Pardo “A tarefa não é fácil, por isso persistência e seriedade são fundamentais.” Hildo Cossio Presidente do Sirecom Pelotas “O representante comercial deve ser uma pessoa idônea e ética, ciente das suas obrigações com a categoria.” Liones Bittencourt Presidente do Sirecom Uruguaiana “A profissão exige automotivação, caráter e comprometimento.” Airton Floriani Presidente do Sirecom Erechim “Ele precisa estar atualizado em todos os aspectos: informática, produto e conhecimento de mercado.” Elvio Ranzi Presidente do Sirecom Bento Gonçalves FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 49 – Maio 2009 gundo Mileris, o representante autônomo tem como principal característica a autogestão; por trabalhar por conta própria, o autônomo é um empreendedor mais maduro. “Eles possuem um melhor conhecimento de mercado e apresentam um nível de resposta mais automático.” O profissional contratado, para o empresário, oferece a vantagem de um controle maior sobre suas ações. “É possível impor regras mais rígidas.” A grande diferença entre eles está na exclusividade: “Enquanto o representante autônomo trabalhará com outras empresas, o contratado será exclusivo, o que pode render estratégias mais direcionadas e treinamentos mais pontuais”. Para Mileris, a opção mais saudável é ter os dois tipos de profissionais; entretanto, o representante autônomo é mais indicado para praças pulverizadas, por oferecer um risco menor; e nas grandes empresas, onde há um movimento significativo de compras, uma força própria é a alternativa mais interessante. 41 Fotos: Lúcia Simon GASTRONOMIA Os efeitos da culinária O cheirinho da comida no fogão pode despertar muito mais do que o desejo de degustá-la. É fator desencadeante de uma nova paixão. Não é à toa que a cada dia cresce o número de pessoas que trocam antigos empregos pelos prazeres da gastronomia alta apenas uma hora para o bar abrir. As cadeiras ainda estão sobre a mesa, as caixas de bebida ainda estão no salão. Sob o olhar atento do proprietário, os funcionários se revezam na limpeza do local, no preparo da comida, na lavagem de copos, talheres, pratos e demais utensílios que compõem a rotina do Boteco Natalício. Entretanto, tudo está sobre controle, logo mais às 17h as portas serão abertas para os fregueses habi- Número 49 – Maio 2009 F 42 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS tuais que aproveitam o local para um happy hour ou simplesmente para uma conversa fiada entre amigos. Próximo ao centro de Porto Alegre, o boteco é propriedade de Eduardo Natalício, 28 anos, pernambucano. O jovem chegou em terras gaúchas há cerca de cinco anos e trouxe consigo a experiência empresarial de quem já foi proprietário de uma casa lotérica, lá no Recife, e o dom pela culinária, herdado do pai, também cozinheiro. A ideia inicial era continuar a venda de churrasquinho, negócio que ele tinha no balneário de Porto de Galinhas (PE), nos supermercados gaúchos – prática comum no Nordeste. Sem sucesso, Natalício recusava-se a retornar ao empreendimento lotérico. Decidiu fazer um curso de gastronomia no Senac-RS e ali profissionalizou o dom, o que o incentivou a trazer para Porto Alegre um novo conceito de bar. “O Natalício quebra, além da tradição gaúcha de café e pubs, o antigo conceito de boteco pé- GASTRONOMIA sujo”, explica o proprietário, que além de ter elaborado todo o cardápio – que inclui a famosa casquinha de siri e o caldinho de feijão servidos nas praias nordestinas – é responsável pela decoração do ambiente, que inclui o divertido espalhar de ditos populares pelas paredes do bar. Dos livros para a panela Assim como Natalício, dezenas de pessoas seguiram seu instinto e trocaram antigos empregos pelo prazer proporcionado pela culinária. A cozinha, para elas, é quase um laboratório de alquimia, onde a mistura de ingredientes desperta uma paixão sem precedentes. Sobre o efeito enigmático da gastronomia também se encontra o advogado André Rigo, 36 anos, gaúcho: “É um prazer criar pratos novos”. Desestimulado pela rotina da advocacia, profissão que exerce há mais de 15 anos, Rigo decidiu seguir o conselho de um amigo e hoje reserva suas manhãs para o mesmo curso de gastronomia feito por Natalício no Senac. “A gastronomia me leva da teoria para a prática. Fico maravilhado com todos os passos para o preparo de um prato, da escolha dos ingredientes à apresentação”, conta. Em busca de novos desafios para a carreira profissional, Rigo pretende, ao final do curso, abrir seu próprio restaurante. “O Direito me deu a chance de juntar recursos que me permitem seguir nessa empreitada, mas não recusaria ser empregado na cozinha de um bom restaurante”, conta. Acredita-se que a valorização da culinária brasileira por chefs estrangeiros tenha sido um dos principais agentes motivadores do aumento da oferta de cursos de gastronomia, e da procura por eles. Hoje, os interessados em seguir a profissão não precisam mais deixar o país, é possível encontrar boas escolas também no Brasil. Entretanto, apesar do fascínio transmitido pela possibilidade de inovar a cada prato preparado, é bom lembrar que ser chef não significa apenas saber interagir com ingredientes. “Cabe ao chef toda a administração da cozinha do estabelecimento, passando pela liderança de equipe até a limpeza do local”, destaca Natalício. Eduardo Natalício posa na janela da cozinha ornada com a foto de seu avô A troca da antiga profissão pela gastronomia parece tão comum quanto receita de bolo. O próprio professor do Curso de Cozinheiro Básico do Senac-RS já passou por essa experiência. Formado em engenharia civil, Sander Beschor teve seu desejo pela culinária despertado durante período que passou estudando inglês em Londres. “Para me sustentar comecei lavando pratos e aos poucos fui me envolvendo com o preparo dos alimentos”, conta. Mesmo com a proposta de trabalhar na cozinha do Hotel Hilton, Sander retornou à cidade de Santa Maria, onde concluiu a graduação e fez um curso de cozinheiro no Senac local. Entre 2004 e 2006, exerceu a profissão de engenharia no Nordeste, quando, cansado do trabalho, passou a trabalhar à noite em um restaurante de massas. Seu trajeto inclui um retorno a Londres, um renomado curso de gastronomia na Argentina e a participação na cozinha de um re- sort catarinense, até o retorno a Porto Alegre, onde há um ano é professor do Senac-RS. Há cerca de um mês abriu seu próprio restaurante, o Farofa, no prédio do Sindicato dos Bancários, na capital. No Senac, Sander ensina técnicas do trabalho de cozinheiro, planejamento de cardápios, boas práticas para serviços de alimentação e serviço de restaurante, totalizando 400 horas-aula. Mais informações sobre o curso no site www.senacrs.com.br. FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 49 – Maio 2009 É na cozinha que se aprende 43 Plantando F L O R E S TA M E N TO Lúcia Simon vida nova É antiga a discussão sobre as formas de coibir o desmatamento e a redução da área coberta por árvores nativas no Brasil, com especial destaque para a Mata Atlântica. Essa floresta, predominantemente distribuída na faixa litorânea brasileira, ocupando parte de 11 estados, sofre constantes ataques com a exploração comercial e imobiliária. Para agravar o problema, uma indústria bem organizada sobrevive da extração da madeira nativa dessa região. Ao desmatar o meio ambiente, não apenas se abre espaço para a concentração de gás carbônico na atmosfera: impede-se o desenvolvimento de outras espécies de plantas, animais e até insetos, necessários na manutenção do equilíbrio natural. Dois movimentos são de extrema importância: impedir efetivamente o desmatamento e ampliar o reflorestamento, com árvores nativas, de acordo com cada região. O processo é lento e dispendioso, pois envolve a preparação do solo, cultivo, manutenção das mudas e mapeamento do plantio. São utilizadas espécies pioneiras, cujo crescimento é mais rápido e se adapta às severas temperaturas, formando uma cobertura natural que fornece melhores condições de sombra e umidade. Assim, o terreno fica apto a receber espécies nobres, não Número 49 – Maio 2009 44 Reflorestar é palavra de ordem em tempos de recursos naturais cada vez mais escassos. A Mata Atlântica tem hoje apenas 7,3% de sua área original. A floresta é só um exemplo para o estado de alerta FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS F L O R E S TA M E N TO pioneiras. Ao longo dos anos, essas mudas crescem, ultrapassam as primeiras, que eventualmente morrem depois de cumprir o seu papel. O objetivo é chegar o mais próximo possível da composição original. Perto de nós No Rio Grande do Sul, onde há dois biomas principais, o Pampa e a Mata Atlântica, diversas iniciativas buscam a sustentabilidade dessas florestas. No início da atual década, um convênio firmado entre o Estado e a Universidade Federal de Santa Maria originou o Inventário Florestal Contínuo RS, atualizado em 2007 e até hoje sem similar no país. O estudo utilizou modernas técnicas de geoprocessamento e um sistema computacional específico, fornecendo informações para conferir e classificar a vegetação, determinar sua situação atual, estruturas, potencial madeireiro e de regeneração natural, entre outras. “Os dados nos ajudam a monitorar os biomas do Estado. Na comparação entre 2003 e 2007, por exemplo, notamos que as áreas de floresta de Mata Atlântica não sofreram degradação. Um avanço que demonstra o resultado efetivo das políticas e iniciativas ambientais”, comenta Vera Lucia Lopes Pitoni, gerente executiva do Projeto Conservação da Mata Atlântica. O projeto integra o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, iniciativa nacional lançada em abril por entidades ambientalistas, governos, empresas e instituições de pesquisa. O papel do Estado é fazer a manutenção das políticas públicas e também propor e apoiar iniciativas, como as que já vêm sendo realizadas junto a produtores rurais, localizados nas regiões de floresta. “Essas pessoas precisam da área para o plantio. Nosso trabalho é fornecer a orientação e também fiscalizar o uso sustentável da terra. A Lei da Mata Atlântica já prevê o cultivo de frutos e produtos não madeiráveis. O Pacto, assim como o programa estadual, reforça a atuação da legislação.” Pitoni lembra que todas as ações de reflorestamento são benéficas, pois manter o que sobrou da Mata Atlântica já não é suficiente. É necessário replantar. “São soluções locais para um problema global”, afirma. A restauração florestal garante a manutenção e o fortalecimento das espécies e biótipos remanescentes da Mata Atlântica. Propicia ainda a troca genética e a consequente proteção da biodiversidade, a regulação do clima e a redução dos efeitos da poluição. Importante também é a restauração das matas ciliares, que conservam as margens dos rios e bacias, evitando desmoronamentos causados pela erosão do solo e servindo de salva-guardas para enchentes. N o dia 27 de maio, o Sesc-RS promove o plantio de 250 mil mudas de árvores nativas como parte do desafio social do movimento Dia do Desafio (DDD). O objetivo da iniciativa é mobilizar os gaúchos nas questões ambientais e assegurar a preservação de um dos maiores bens naturais que possuí- mos. As mudas serão disponibilizadas nos municípios participantes do DDD 2009, envolvendo prefeituras e secretarias de Agricultura e de Meio Ambiente. A expectativa é envolver de crianças a idosos na restauração do ambiente natural. Realizado anualmente na última quarta-feira de maio, o Dia do Desa- fio é uma iniciativa que já tomou proporção mundial, propondo que as pessoas mudem sua rotina. Inicialmente voltado só às atividades físicas, o DDD, que no Brasil é capitaneado pelo Sesc, já abrange ações de lazer, saúde, meio ambiente e responsabilidade social. Mais informações no site www.sesc-rs.com.br. FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 49 – Maio 2009 O nosso desafio 45 Rosi Boninsegna/Fecomércio-RS O discurso e o Rafael Pandolfo* Número 49 – Abril 2009 VISÃO TRIBUTÁRIA exemplo 46 de 7,6% da Cofins seria mais sincera), a propalada redução do IPI significa mais um disparo contra a precária situação financeira desses entes federativos, que já haviam sido atingidos pela redução das alíquotas do imegundo um conhecido e antigo provér- posto de renda (pessoa física). Além disso, a redução é bio italiano, quando l’aqua toca el culo, se tímida, e não desata um dos grandes entraves ao cresimpara a nadare. As medidas fiscais ado- cimento econômico e à geração de empregos: a contritadas pelo governo federal, em virtude da gra- buição previdenciária sobre a folha de salários. A suve crise que assola o sistema financeiro mun- pressão da contribuição sobre a folha – tributo incidente dial – afetando a liquidez e o consumo –, pa- sobre despesa – teria como efeito imediato a desoneração recem decorrer mais desse imde um pesado fardo suportado por pulso instintivo de sobreviquem gera empregos e possibilitaria A redução do IPI não vência do que de um concaa criação de novos postos de trabadesata um dos grandes tenado plano destinado ao lho; gerando aumento no consumo e entraves ao crescimento econômico e ao na arrecadação, indireta e direta, com crescimento controle “qualitativo” (e não o próprio imposto de renda. econômico e à geração apenas “quantitativo”) das Não se compreende como a reladespesas públicas. tivização dos direitos trabalhistas pode de empregos A desoneração tributária ser considerada a pauta do dia pelo sobre o consumo parece correta, embora a governo, quando ele próprio parece não colaborar com eleição dos tributos sujeitos a essa medida sua parcela na redução dos custos incidentes sobre a atinja, diretamente, as receitas dos estados e geração de empregos. Antes de pedir que os outros dos municípios. Isso porque o IPI integra o abram mão, o governo federal deveria fazer sua parte, Fundo de Participações desses entes, de acor- alterando aquilo que está ao seu alcance e não atinge os do com a repartição das receitas tributárias direitos ou a arrecadação de terceiros. Ou seja, deixar o prevista pela Constituição. Além de represen- discurso e dar o exemplo. tar esmola paga parcialmente com dinheiro alheio (uma redução na escorchante alíquota *Consultor tributarista da Fecomércio-RS S FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS A L I M E N TO S Na caixa e do jeito certo A padronização no manuseio, transporte e armazenamento dos produtos in natura comercializados na Ceasa-RS é o ponto-chave do Programa Ceasa no Capricho. Os empresários precisam agora se adaptar às mudanças, em vigor desde março s enormes pilhas de caixas de madeira, por muito tempo aglomeradas no terreno e nas imediações da Central de Abastecimento (Ceasa-RS), e também alternativa de renda extra para mais de 60 pessoas que revendem o material, estão com os dias contados. O sistema denominado de Central de Caixas do Programa Ceasa no Capricho, em implantação desde 2008 e que consumiu mais de R$ 3,5 milhões, entrou em vigor no início de março com a proposta de adequar os procedimentos de manuseio, transporte e armazenamento das mercadorias a uma instrução normativa conjunta de Anvisa, Inmetro e Ministério da Agricultura. A determinação federal, em vigência há seis anos, pretende barrar a contaminação de lavouras por infestações de fungos e pestes que podem se alojar nas fibras da madeira das caixas. Também a queda na cadeia produtiva – do campo até o varejo – deve ser reduzida, já que as embalagens plásticas são higienizáveis e as hortaliças, frutas, legumes e outros vegetais são acondicionados de forma sistemática e padronizada. A pode durar seis ou sete anos”, avalia Luciano Medeiros, sócio da Central de Caixas. O sistema consiste na troca das caixas entre compradores e revendedores. É como um produto com embalagem retornável, porém, com validação por um cartão de créditos. Por exemplo, se o comprador adquiriu 10 caixas, ele carrega o cartão com 10 créditos. Na hora da compra ele leva 10 caixas de produto e transfere os seus créditos para o fornecedor. Quando retornar ao Ceasa, ele entrega as embalagens à Central de Caixas para serem higienizadas e pode recarregar seu cartão com os créditos ou receber o valor correspondente. “Ele só vai comprar uma vez as caixas de que necessita. A partir daí, utiliza o cartão para negociar.” Até o momento, 250 pessoas foram cadastradas em um universo de aproximadamente 1.000 produtores e 250 atacadistas, além dos clientes diários. O que muda Mais detalhes da Central de Caixas Garantia de que o peso e a quantidade dos produtos estarão corretos Maior agilidade e menor custo operacional interno Papelão e madeira são agora opções descartáveis – só se utiliza uma vez O Ceasa-RS funciona às segundas-feiras das 4h às 18h e de terça a sexta-feira das 13h30 às 19h FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 49 – Maio 2009 Para o empresário que faz as compras no entreposto, a principal mudança promovida pelo sistema é segurança da procedência, a qualidade dos produtos e, ao que tudo indica, uma sensível queda nos preços, uma vez que o custo sobre a perda poderá ser reduzido. “O gasto com caixas será menor. Embora produtores e clientes paguem em média R$ 15 em cada peça, se bem conservada ela 47 Rosi Boninsegna/Fecomércio-RS Número 49 – Abril 2009 V I S Ã O T R A B A L H I S TA Flávio Obino Filho* 48 Aviso prévio e Previdência ria. Não há retribuição de trabalho (conceito de salário de contribuição), mas tão-somente indenização ao empregado pelo período em que seu empregador optou por não usufruir a prestação de serviços. Salta aos olhos, até do observador menos avisado, governo federal, em janeiro deste ano, através do Decreto 6.727, revogou dis- que esse simples decreto não pode, em um passe de positivo do Regulamento da Previdên- mágica, alterar a natureza jurídica de uma parcela. Neste cenário, a Confederação dos Trabalhadores no cia Social, que elencava de forma expressa o aviso prévio indenizado como verba não in- Comércio ingressou com medida judicial em Brasília e obteve liminar garantindo para todos os tegrante do salário de conEsse simples comerciários brasileiros o não desconto tribuição. Segundo o Exede parcela previdenciária incidente sobre cutivo, com a alteração decreto não pode, em o aviso prévio indenizado. Como as emproduzida, passa a ser exium passe de presas são meramente agentes de descongível o recolhimento de mágica, alterar a to e repasse desta parcela, instalou-se um contribuição previdenciária natureza jurídica de clima de insegurança jurídica, pois sen(da empresa e do empregauma parcela do a ação futuramente julgada improcedo) sobre a parcela. dente poderão ser as empresas instadas O dispositivo legal, contudo, não tem o alcance pretendido. Ora, ao pagamento da contribuição que não descontaram. De outra banda, o recolhimento previdenciário da na forma do art. 28 da Lei 8212/91, somente integram o salário de contribuição as parce- empresa sobre a mesma parcela onera a rescisão. Assim, las de natureza salarial. Não é este o caso do algumas empresas e sindicatos na representação destas aviso prévio indenizado. A expressão utiliza- estão se socorrendo do judiciário e obtendo provimenda pelo legislador, “destinados a retribuir o tos liminares para não cumprimento da nova exigência. trabalho”, atrai a ilação lógica de que as par- Nossa expectativa é de que as ações sejam julgadas procelas de natureza indenizatória não integram cedentes, mas aconselhamos que os valores, por cautela, o salário de contribuição. O aviso prévio in- sejam depositados em conta judicial. O denizado, como a própria denominação sugere, é uma parcela de natureza indenizató- FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS *Advogado trabalhista-sindical da Fecomércio-RS MAIS & MENOS Desoneração para vendas Paixão pela rede Depois dos automóveis, o governo federal reduziu, em meados de abril, para 25% 0% o Imposto de Produtos Industrializados (IPI) da Linha Branca Sonho do carro próprio Locação de automóveis As locadoras de automóvel brasileiras garantiram 209.061 empregos diretos e indiretos em 2008. Os números constam no recente Anuário da Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis O preço de uma refeição No primeiro trimestre deste ano, a venda de veículos novos no Estado cresceu 4,78% na comparação com o mesmo período do ano passado. A informação é do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no Estado 16,26 aos brasileiros. O valor compõe levantamento feito pela empresa de pesquisas Ipsos e divulgado pela Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador Protestos em alta 154.989 títulos emitidos por pessoas jurídicas foram protestados na região Sul, só no mês de março. Um volume 33,63% maior que o mesmo período de 2008, segundo informações da Equifax Dinheiro guardado Almoçar fora de casa pode custar em média R$ dos adultos brasileiros, entrevistados pela recente pesquisa da Norton Online Living Report, revelaram que já se apaixonaram por alguém na web, número acima da média mundial (14%) Exportações em baixa A exportação industrial brasileira caiu 26%, no primeiro trimestre de 2009, comparado com 2008. Os dados são do Radar, novo boletim de análise econômica do Ipea Pesquisa do Instituto Brasileiro de Estudos e Defesa das Relações de Consumo (Ibec) sobre a crise mundial revela que 54% dos internautas entendem que é hora de poupar Medo de fraudes R$ 12,6 bilhões em crédito serão liberados para as empresas do agronegócio. O anúncio foi feito no início de abril pelo Conselho Monetário Nacional 70% dos entrevistados pelo Índice de Segurança Unisys para o Brasil acreditam que a crise mundial pode aumentar o risco de roubo de identidade e crimes relacionados, como fraudes com cartão de crédito FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Número 49 – Maio 2009 Recursos para o agronegócio 49 CRÔNICA Por Moacyr Scliar A glória da gastronomia descoberta de um novo prato faz mais pela felicidade humana do que a descoberta de uma nova estrela.” A frase é do francês Jean Anthelme Brillat-Savarin (1755 – 1826), um dos mais famosos gastrônomos de todos os tempos. Ao contrário do que se poderia pensar, Brillat-Savarin não era um “chef”; poderia sê-lo, mas fez advocacia e dedicou-se à política: durante a Revolução Francesa, tornou-se deputado da Assembleia Nacional Constituinte, onde ficou conhecido como um “linha dura”, que defendia inclusive a pena de morte. Mais tarde exerceu a magistratura, mas tornou-se conhecido mesmo por seu livro, “Fisiologia do Gosto”, que é um clássico da gastronomia. Brillat-Savarin não é, claro, uma figura única; gênios da culinária existem desde há muito tempo, e um outro exemplo famoso é o de Marcus Gavius Número 49 – Maio 2009 “A 50 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS Apicius, que viveu em Roma por volta do primeiro século d.C. e a quem são atribuídas inúmeras receitas, tantas, na verdade, que o nome Apicius passou a ser sinônimo de gurmê. Voltando à frase de Brillat-Savarin, o que nos impressiona é o conhecimento da natureza humana que ela revela. A descoberta de uma nova estrela pode ser um acontecimento importante, e não raro dá manchetes de jornais, mas as estrelas estão longe, e, a não ser do ponto de vista astrológico e simbólico, pouco influenciam o nosso cotidiano. Mas comida é coisa diária, e a comida (ou ausência dela) podem fazer, de um lado, a nossa alegria, e de outro nossa infelicidade. Comer não é apenas satisfazer a nossa necessidade de calorias e de nutrientes; comer é mais do que isto, é uma coisa simbólica, como a Santa Ceia demonstra-o bem. De novo BrillatSavarin: dize-me o que comes e eu te direi quem és. Não é de admirar, portanto, que em nosso tempo a gastronomia seja muito valorizada. É uma profissão reconhecida e respeitada, e não apenas pelos gurmês. Comer bem, comer adequadamente, tornou-se uma necessidade nesta época em que a obesidade virou epidemia mundial (e já preocupa no Brasil). As pessoas confundem comer bem com comer muito, e neste sentido a gastronomia pode funcionar como uma importante ajuda para a saúde. E como uma verdadeira lição de vida: num prato artístico e bem feito aprendemos que o verdadeiro prazer não depende do excesso, depende da moderação e sobretudo daquele gosto artístico que Apicius e Brillat-Savarin cultivaram com tanto entusiasmo.