entrevista
M
A
I
Modernidade e estresse por Emerson Ciociorowski
O
4 9 BENS & SERVIÇOS
Fecomércio
2 0 0 9
Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul
comportamento
O esgotamento
do empresário
serviços
Concretizando
o intangível
imagem
Você precisa ser o alvo de
sua própria atenção
Fecomércio
BENS & SERVIÇOS
Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RS
Federação do Comércio de Bens e de Serviços
do Estado do Rio Grande do Sul
Adam Gault/Getty Images
EXPEDIENTE
SUMÁRIO
Rua Alberto Bins, 665 – 11º andar – Centro
CEP 90030-142 – Porto Alegre/RS – Brasil
Fone: (51) 3286-5677/3284-2184 – Fax: (51) 3286-2143
www.fecomercio-rs.org.br – [email protected]
Presidente: Flávio Roberto Sabbadini
Vice-presidentes: Antônio Trevisan, Flávio José Gomes, Ivo José
Zaffari, João Oscar Aurélio, Joarez Miguel Venço, Jorge Ludwig
Wagner, Júlio Ricardo Mottin, Luiz Antônio Baptistella, Luiz Caldas
Milano, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suárez, Moacyr Schukster,
Nelson Lídio Nunes, Olmiro Lautert Walendorff, Renato Turk Faria,
Valcir Scortegagna e Zildo De Marchi
Vice-presidentes regionais: Cezar Augusto Gehm, Cláudia
Mara Rosa, Francisco Franceschi, Hélio José Boeck, Ibrahim
Mahmud, Joel Vieira Dadda, Leonides Freddi, Níssio Eskenazi,
Ricardo Tapia da Silva, Sérgio José Abreu Neves e Sérgio Luiz Rossi
Diretoria: Airton Floriani, Alécio Lângaro Ughini, André Arthur K.
Dieffenthaler, André Luis K. Piccoli, André Luiz Roncatto, Arnildo
Eckhardt, Arno Gleisner, Ary Costa de Souza, Carmen Flores,
Celso Canísio Müller, Derli Neckel, Edson Luis da Cunha, Eugênio
Arend, Fábio Norberto Emmel, Francisco Amaral, Gerson Jacques
Müller, Gilberto Cremonese, Hélio Berneira, Hildo Luiz Cossio,
Ildemar José Bressan, Ildoíno Pauletto, Isabel Cristina Vidal Ineu,
Itamar Tadeu Barbosa da Silva, Ivanir Gasparin, Ivar Ullrich, Jair
Luiz Guadagnin, João F. Micelli Vieira, Joel Carlos Köbe, Jorge
Rubem D. Schaidhauer, José Nivaldo da Rosa, Jovino Antônio
Demari, Jovir P. Zambenedetti, Júlio César M. Nascimento, Jurema
Pesente e Silva, Leonardo Schreiner, Levino Luiz Crestani, Liones
Bittencourt, Lúcio Gaiger, Luis Fernando Dalé, Luiz Alberto Rigo,
Luiz Carlos Dallepiane, Luiz Eduardo Kothe, Luiz Henrique
Hartmann, Luiz Roque Schwertner, Marco Aurélio Ferreira,
Maria Cecília Pozza, Marice Guidugli, Milton Gomes Ribeiro,
Olmar João Pletsch, Paulo Anselmo C. Coelho, Paulo Antônio
Vianna, Paulo Ganzer, Paulo Renato Beck, Paulo Roberto
Kopschina, Paulo Saul Trindade de Souza, Régis Feldmann, Renzo
Antonioli, Ricardo Murillo, Ricardo Pedro Klein, Roberto
Segabinazzi, Rogério Fonseca, Rui Antônio Santos, Silvio Henrique
Fröhlich, Sírio Sandri, Susana Fogliatto, Tien Fu Liu, Valdo Dutra
Nunes, Walter Seewald e Zalmir Fava
Conselho Fiscal: Rudolfo José Müssnich, Celso Ladislau
Kassick, José Vilásio Figueiredo, Darci Alves Pereira, Sérgio
Roberto H. Corrêa, Ernani Wild
Conselho Editorial: Antonio Trevisan, Derly Cunha Fialho,
Everton Dalla Vecchia, Flávio Roberto Sabbadini, Ivo José
Zaffari, José Paulo da Rosa, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suárez,
Moacyr Schukster, Renato Turk Faria e Zildo De Marchi
26
imagem
Minha marca sou eu
O sucesso empresarial depende não apenas de conhecimentos específicos e empreendedorismo, é preciso uma
boa dose de elegância, bons contatos e educação
Assessoria de Comunicação: Aline Guterres, Camila Barth,
Catiúcia Ruas, Fernanda Borba, Fernanda Romagnoli, José
Pedro Fontoura, Juliana Maiesky e Simone Barañano
Coordenação Editorial: Simone Barañano
Número 25 – Maio 2007
Edição: Fernanda Reche (MTb 9474) e Svendla Chaves (MTb 9698)
Reportagem: Bianca Alighieri, Francine de Souza, Leandro Melo,
Tanara Araújo
Colaboração: Edgar Vasques, Moacyr Scliar, Paulo Afonso
Pereira, Priscilla Ávila
Revisão: Flávio Dotti Cesa
Edição de Arte: Silvio Ribeiro
Tiragem: 25,5 mil exemplares
É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte.
Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do veículo.
12
serviços
Soluções invisíveis
Sem um produto físico para apresentar, as empresas
que oferecem serviços enfrentam o desafio de
explicar suas características. A primeira saída é
prezar pela excelência no atendimento e pela eficiência
SUMÁRIO
consumo
Clube da Luluzinha
36
7
Apaixonadas por compras, as
mulheres são sempre consumidores
em potencial; por isso, em quanto
maior número elas estiverem, mais
compras farão
14
guia de gestão
O que fazer quando falta corda
A desmotivação também cai sobre o empresário, o
que pode afetar a equipe, prejudicando o andamento
dos negócios e a saúde do executivo
gastronomia
Os efeitos da culinária
42
Um dia a paixão pela culinária
ultrapassa o ato de comer e
vira projeto de vida. Conheça
histórias de quem abandonou
tudo para ser gastrônomo
opinião
24
saiba mais
34
17
restaurantes
32
argentina
vendas
44
8
40
florestamento
Plantando vida nova
O planeta clama por ajuda. E a opção do plantio de
mudas nativas é uma boa alternativa para restaurar
biomas das matas brasileiras
entrevista
A passagem do tempo
18
O coach Emerson Ciociorowski tem o desafio
diário de ajudar empresários e executivos a se
permitirem um tempo para refletir sobre seus
sonhos e desejos; e planejar o futuro
46
visão tributária
alimentos
48
visão trabalhista
mais & menos
50
47
49
crônica
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Número 49 – Maio 2009
38
palavra do presidente
notícias e negócios
c o m p o r t a m e n to
6
agenda
05
maio
01
Comemoração em
Santa Maria
03
Vale do Jacuí em festa
Início da 6ª Semana de Aniversário
do Sindilojas Vale do Jacuí. A
entidade comemora
60 anos de fundação no dia 8/5,
e as comemorações se encerram
no dia 9/5 com jantar no Clube
Sociedade Rio Branco.
Informações: www.sindilojas.com.br.
05
Sesc Música
Evento circulará pelo interior do Rio
Grande do Sul, durante o mês de
maio, com diversas atrações musicais.
O projeto integra o Arte Sesc –
Cultura por toda parte.
14
Até o dia 31/5 acontece a 1ª Etapa
do Circuito Sesc Palco Giratório, no
Estado. A iniciativa fará circular por
12 cidades gaúchas o espetáculo
“Choros e valsas – Um tributo à
Pixinguinha”, de Niterói (RJ).
Número 49 – Maio 2009
Livramentotech
Senac Livramento promove evento
de tecnologia no Clube Caixeiral.
Informações: (55) 3244-4253.
Dia da solidariedade
Sesc e Senac realizam, no Parque da Redenção, em Porto Alegre, ações recreativas junto à comunidade, das 9h às 15h.
Evento vai até 31 de maio com
programação diária. As apresentações
acontecem em diferentes teatros da capital,
parques e praças.Informações:
www.sesc-rs.com.br/palcogiratorio.
25
Semana do Empreendedor
Senac Santa Cruz do Sul realiza,
até o dia 29/5, a 4ª edição do
evento, na sede da instituição.
27
Não ao sedentarismo
4º Festival Palco Giratório
06
21
16
Inscrições gratuitas até dia 30 de
setembro, nas categorias
conto e romance. Informações:
www.sesc.com.br.
17
A etapa Erechim da minimaratona
será às 9h30. Informações:
www.sesc-rs.com.br/minimaratona.
Artes Cênicas
Prêmio Sesc
de Literatura 2009
A terceira edição da feira acontece
simultaneamente nas 41 escolas
do Senac no Estado. Informações:
www.senacrs.com.br.
Circuito Sesc
Minimaratona
Divulgação Grupo-3
A
G
E
N
D
A
Durante todo o mês de
maio o Sesquinho Santa Maria
realiza diversas atividades
em comemoração ao aniversário
de 10 anos da Escola.
Informações: (55) 3223-2288.
8
Feira de Oportunidades
01
Sesc coordena no Estado o Dia do
Desafio. A proposta é fazer com o
que o cidadão saia da rotina
realizando algum tipo de atividade
física. No Rio Grande do Sul, 406
cidades participam da mobilização,
que acontece no mundo inteiro.
* Mais informações sobre as atividades culturais do Sesc-RS estão no site www.sesc-rs.com.br/artesesc
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Imagens
como estratégia de ascensão social e empresarial. Educação, elegância, sociabilidade e trato no falar e no agir podem ser fatores decisivos para fechar um negócio ou, simplesmente, manter a boa relação profissional, aumentando
o networking. Os representantes comerciais sabem a que
me refiro, pois são profissionais que têm na labuta diária a
tarefa de vender não apenas um produto ou serviço, mas
uma boa imagem sua e da empresa que representa. E mesmo que o negócio não tenha sido fechado, se ficou uma
imagem positiva, suas chances de fechar uma venda no futuro são ainda maiores.
No mundo altamente globalizado não podemos nos
dar ao luxo de ficar fechados em uma só rede de contatos. A dinâmica empresarial nos exige flexibilidade para
circular nos mais diversos setores da economia, com postura e conhecimento de mercado. Com isso, trocamos
experiências e alargamos nossa rede de relacionamento,
instrumento fundamental de socorro em uma hora difícil.
É o momento de retornarmos aos almoços desprovidos
de grandes intenções ou ao café no meio da tarde, criando ambientes de oportunidades.
Flávio Roberto Sabbadini
Presidente do Sistema Fecomércio-RS
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
PA L A V R A D O P R E S I D E N T E
O
Número 49 – Maio 2009
relacionamento interpessoal é
inerente ao homem, planejamos nosso comportamento
com base na imagem que acreditamos que o outro espera de nós. Somos produto da convivência. Esse
conceito ganha mais força se o levarmos para o mundo dos negócios,
onde lidamos ao mesmo tempo com
consumidores, fornecedores, amigos.
E não é exagero afirmar que a maneira como nos relacionamos com
esses diversos públicos pode ajudar
ou até mesmo prejudicar o sucesso
do nosso empreendimento.
O networking aliado ao marketing pessoal é ferramenta que oportuniza a expressão das nossas habilidades, capacidades e competências;
e deve ser levado também para a relação do nosso negócio com o cliente. Será que aquele que está à frente
da nossa empresa reflete o produto
ou serviço que oferecemos? É preciso que haja uma identificação e se coloque à disposição do público-alvo
aquilo que ele espera de nós.
É difícil encontrar colegas que
não vislumbram o marketing pessoal
Divulgação/Fecomércio-RS
identitárias
07
N OT Í C I A S & N E G Ó C I O S
Edgar Vasques
Personalidades na Semana de
Empreendedorismo
Cooperativas de
crédito integram o SFN
Entre os dias 11 e 15 de maio acontece em São Paulo a 5ª Sema-
Número 49 – Maio 2009
08
seguir as mesmas regras das instituições financeiras. Essa conquista do setor ocorreu com a sanção pelo presidente da República da lei complementar que insere as cooperativas de crédito no
Sistema Financeiro Nacional (SFN). A lei estabelece uma legislação específica que determina
normas para o funcionamento dessas instituições
e regulamenta o Sistema Nacional de Crédito Cooperativo, oferecendo assim segurança jurídica e
facilitando o acesso ao crédito para pequenos produtores, população de baixa renda, comerciantes
e industriais. Vale destacar que as cooperativas de
crédito continuarão a ser regidas pela lei cooperativista (5.764/71).
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Svilen Mushkatov/Stock.xchng
Desde abril as cooperativas de crédito passam a
na de Empreendedorismo da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Desenvolvido para promover o surgimento de novos negócios e
o crescimento dos já existentes, o evento é destinado a estudantes de administração e executivos interessados em empreendedorismo e novos negócios. Durante
cinco dias ocorrerão debates, apresentações, mesas-redondas e palestras, com participação de personalidades reconhecidas no mundo do
empreendedorismo, como Luciano
Huck, Fábio Barbosa (presidente do
Santander-Real) e David Neeleman
(presidente da Azul Linhas Aéreas).
O evento é aberto ao público e gratuito. Informações e inscrições no
site www.fgvsp.br/cenn.
N OT Í C I A S & N E G Ó C I O S
Novas regras de call centers
Erechim ganha nova
sede do Senac
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) definiu, no mês de abril, que o tempo de espera das chamadas telefônicas feitas pelo consumidor que busca as concessionárias de energia elétrica através de call centers
não deve ultrapassar 30 segundos. A margem para o cumprimento da norma foi determinada pela Aneel em 75%
do total de chamadas. Outra determinação importante
para o setor atingiu o call center ativo. Desde o final de
março, as empresas estão proibidas de ligar para os consumidores cadastrados pela Fundação Procon. Até o início de abril, o número de consumidores de telefonia fixa
e móvel que colocaram seus nomes na lista já era de
mais de 280 mil pessoas.
chim, no final de abril, as novas instalações do Senac-RS.
Com estrutura totalmente inovadora e atualizada, a escola
passa a funcionar na rua Praça da Bandeira, 26, em um espaço de 1,2 mil metros
quadrados. O Senac
Erechim possui agora
14 ambientes pedagógicos, divididos em
oito salas de aula, quatro laboratórios de
Tecnologia da Informação (TI) equipados com sistema wireless, laboratório de massagem, sala multiuso, Espaço Teen e
biblioteca. A nova unidade tem capacidade para ofertar pelo
menos 37 cursos sistematicamente, voltados principalmente para as áreas de gestão e negócios, TI, comunicação, saúde
e idiomas. O Senac atua em Erechim há 12 anos, fomentando a qualificação profissional.
Registro “.br” completa 20 anos
O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) comemora, em
abril, os 20 anos do código país “.br”. Presente ao final de muitos
endereços de internet, o código país, como o nome já sugere, indica
em qual nação do mundo o site foi registrado. Tudo começou no dia
18 de abril de 1989, quando o órgão internacional Internet Assigned
Numbers Authority (Iana) transferiu para a iniciativa acadêmica brasileira em redes a administração do domínio para o Brasil, surgindo o
“.br”. Com a criação do CGI.br, em 1995, o registro de domínios sob
o “.br” deixou de ser feito de forma manual pelo Registro Brasileiro,
operado na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A automatização do sistema trouxe eficiência e
segurança, o que permitiu chegar aos 20
anos com mais de 1,6 milhão de registros.
16 de maio a 3ª Feira de Oportunidades do Senac. Importante iniciativa
de estímulo à qualificação profissional, o evento acontece simultaneamente nas 41 escolas da instituição no Estado. Serão
mais de 200 ações gratuitas e abertas à comunidade ao
custo simbólico de um quilo de alimento não perecível.
“Em tempos de crise e de falta de oportunidades no
mercado, temos convicção de que esta nossa iniciativa
é ainda mais oportuna e fundamental para o desenvolvimento de novos e bons profissionais”, afirma o diretor regional do Senac-RS, José Paulo da Rosa. A feira
de Oportunidades do Senac acontece duas vezes por
ano e na mais recente edição capacitou de forma gratuita 4,3 mil gaúchos. Mais informações podem ser obtidas no site www.senacrs.com.br.
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Número 49 – Maio 2009
Acontece no dia
Divulgação/Senac-RS
Orientação profissional
gratuita para os gaúchos
Ilker/Stock.xchng
Divulgação/Senac-RS
O Sistema Fecomércio-RS entregou à população de Ere-
09
N OT Í C I A S & N E G Ó C I O S
Joao Alves
Programa Mesa Brasil chega aos
Vales do Taquari e Rio Pardo
Empresários gaúchos
trazem números positivos
Desde o final do mês de abril, as
Os números do estudo A Voz do Empresário Ga-
comunidades de Santa Cruz do Sul,
Venâncio Aires, Estrela e Lajeado
passam a contar com o Programa
Mesa Brasil Sesc. A estimativa é de
até o final do ano distribuir pelo
menos 100 toneladas de alimentos
nos Vales do Taquari e Rio Pardo,
complementando 1 milhão e 235 mil refeições. “O Mesa Brasil se propõe a desenvolver um trabalho sobretudo educativo. Além de estimular
diretamente a redução do desperdício, o programa atua levando ações
específicas que promovem a inclusão e o desenvolvimento das comunidades”, afirmou o vice-presidente do Sistema Fecomércio-RS, Moacyr
Schukster, durante a solenidade de lançamento do Mesa Brasil na região
(foto). Lajeado será a cidade-sede do programa, que já começou a visitar
as instituições e a cadastrar empresas doadoras. O Mesa Brasil é um
programa de complementação alimentar que coleta alimentos excedentes de restaurantes e supermercados, por exemplo, e distribui imediatamente para instituições previamente cadastradas no projeto.
úcho, divulgados recentemente pela QualiData Pesquisas, apresentam importantes opiniões e perspectivas sobre economia, gestão e investimentos. No
âmbito das questões estaduais, 67% dos empresários entrevistados acreditam que Caxias do Sul seja
o município com mais atrativos para abertura de novos negócios e investimentos; 59,6% consideram
que o governo de Yeda Crusius teve influência positiva para a economia gaúcha; e 39% acreditam que
o desempenho econômico do Estado em 2009 será
maior que o ano passado. O estudo constatou também que para 45% dos empresários gaúchos a crise
não está afetando seus empreendimentos; contra
15% que afirmaram estar sofrendo significativamente com a instabilidade econômica. O levantamento
entrevistou 480 dirigentes em 46 municípios do Rio Grande do Sul entre os meses de novembro de 2008 e janeiro de 2009.
Fevereiro vermelho para o comércio gaúcho
Número 49 – Maio 2009
Em fevereiro, o comércio gaúcho apresentou um
10
decréscimo de 7,9% no seu volume de vendas, na
comparação com o mesmo período de 2008. No
varejo, a queda foi igual, 7,9%, sendo o menor decréscimo sentido no setor de combustíveis e lubrificantes (-1,5%) e a maior queda nas vendas de livros,
jornais, revistas e papelaria (-25,3%). As informações são do Índice de Vendas do Comércio do Rio
Grande do Sul, divulgado mensalmente pela Fecomércio-RS em parceria com a Fundação de Economia e Estatística (FEE). No comércio atacadista a
queda foi um pouco maior, de 8%, com maior variação negativa no setor de material de construção,
madeira, ferragens e ferramentas (-26,4%). Na Região Metropolitana a queda em fevereiro foi de 11%,
no comparativo com o mesmo mês do ano passado.
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Variação do Volume das Vendas do Comércio
Varejista e Atacadista Segundo Grupos de Atividade - 2008/9 (%)
Acum. ano
Jan
Fev
Atividades
Mensal
Fev
Jan
Comércio
-5,1
-7,9
-5,1
-6,5
Comércio varejista
-5,7
-7,9
-5,7
-6,7
Produtos alimentícios,
bebidas e fumo
-1,0
-5,7
-1,0
-3,3
Combustíveis e lubrificantes
3,3
-1,5
3,3
0,9
Veículos, motocicletas, partes,
peças e acessórios
-9,0
-8,6
-9,0
-8,8
Comércio atacadista
-4,5
-8,0
-4,5
-6,2
Produtos alimentícios,
bebidas e fumo
0,2
0-2,5
0,2
-1,1
Combustíveis
-2,9
-10,5
-2,9
-6,6
Veículos, motocicletas, partes,
peças e acessórios
-1,7
0,7
-1,7
-0,6
Fonte: Fecomércio-RS
Adalberto Lima
A 4ª edição do Festival Palco Giratório Sesc/POA acontece entre os dias 1º e 31 de maio, em 18
locais da capital gaúcha. O evento terá programação diária e trará à cidade 33 grupos artísticos de
diferentes estados, que apresentarão 44 espetáculos em mais de 60 sessões. Além de priorizar a
diversidade dos locais de apresentação, atingindo assim um maior número de espectadores, o
Festival fomentará experiências inéditas através de intercâmbios entre profissionais da área, críticos e público, com oficinas, palestras e workshops. Os destaques da programação incluem grupos
renomados como o Teatro Sarcáustico (RS) e o Lume Teatro (SP). O Festival Palco Giratório
Sesc/POA faz parte da programação do Arte Sesc –
Cultura por toda parte. “A proposta do Arte Sesc é incentivar a produção artística e facilitar o acesso da
comunidade gaúcha aos bens culturais”, ressalta o
diretor do Sesc-RS, Everton Dalla Vecchia. O preço dos ingressos varia entre R$ 5 e RS 10 para os
espetáculos; e entre R$ 15 e R$ 30 para as oficinas.
Mais informações sobre o evento podem ser
obtidas no site www.sesc-rs.com.br/palcogiratorio.
“Parabenizo a equipe
responsável pela revista
Bens & Serviços pelo
excelente trabalho.
A matéria Popularizando
os Clássicos, publicada
na edição 24, por exemplo,
é oportuna e de excelente
qualidade. Gostaria
imensamente de continuar
recebendo este veículo de
informação, destaque
entre as publicações
do nosso Estado.”
Fernando Keiber
Agência Gaia Cultura e Arte
Porto Alegre/RS
Número 49 – Maio 2009
Diversidade cultural no IV Festival Palco Giratório
espaço do leitor
N OT Í C I A S & N E G Ó C I O S
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
11
Número 49 – Maio 2009
SERVIÇOS
12
Mesmo
intangíveis,
serviços podem
driblar a falta
do produto físico
na hora de
conquistar
clientes. Bom
atendimento e
promessas
cumpridas
são meio
caminho andado
nesta jornada
Soluções
invisíveis
Por Tanara Araújo
V
ocê vai a uma loja e o vendedor tenta
lhe vender uma geladeira. Ele mostra o
produto e explica suas características.
Você pode vê-la, tocá-la, testá-la e não tem
problemas em entender por que precisa daquele produto. Em outro momento, você vai
a um escritório de consultoria, e o executivo
tenta lhe vender seus serviços. Ele não tem
um produto para mostrar, o que dificulta a
explicação das características. Você não pode
vê-lo, tocá-lo, testá-lo, e então pode ter pro-
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
blemas em entender por que precisa daquele trabalho.
Seja bem-vindo ao mundo da intangibilidade, pedra no
sapato número um de vários tipos de empresas prestadoras de serviços.
Sócia da Villela Consultores Associados, a contadora
Ana Luiza Villela vive há oito anos o desafio de tornar
mais tangível a área da contabilidade – um dos exemplos
mais triviais, ao lado de empresas de TI, advocacia, assessorias e corretoras. Segundo ela, um dos principais trunfos para garantir a adesão do cliente é apostar no tradicional “boca a boca”: “O melhor veículo é, sem dúvida, o
SERVIÇOS
Vitrine
Uma boa apresentação do local de trabalho também
pode ser um modo eficaz de tangibilização, desde que
adaptada à natureza da atividade. “Se a prestação de serviços for ligada à higiene, deve transmitir higiene. Se for
segurança, deve transmitir segurança”, exemplifica o doutor em Administração Mercadológica, professor Alexandre Luzzi Las Casas. Entretanto, o cuidado com a aparência não deve esbarrar na extravagância. “É necessário
ter um ambiente bom, mas um escritório de contabilidade
muito luxuoso pode até afastar o cliente, dar a percepção
de que cobro esse luxo nos honorários”, conta Ana Luiza.
Além do local, há outro fator fundamental quando o
assunto é prestar serviços: as pessoas que o executam.
“Não adianta nada contar com um serviço maravilhoso,
uma ideia fantástica, um ambiente bom, mas ser atendido por alguém de mau humor ou maltreinado”, afirma o
consultor de empresas e professor Marcelo Guedes de
Nonohay. Na luta pela tangibilização de sua atividade,
Ana Luiza também investe na matéria humana: “Eu me
preocupo em ter pessoas que saibam falar bem, que se
comuniquem o melhor possível – o que é uma dificuldade extra se tratando de contabilidade –, pessoas que saibam passar o que estão fazendo para o cliente”.
União
Para se tornarem mais atraentes, os serviços cada vez
mais têm flertado com a família dos produtos. Nonohay dá
um exemplo prático: “Uma coisa é o cliente chegar ao escritório, tomar um café com o advogado e depois ir para
casa pensar se vai contratá-lo ou não. Outra é ele sair de lá
com uma belíssima pasta, contendo o currículo do profissional e a descrição dos serviços prestados”. O inverso também tem se mostrado uma tendência, ressalta o consultor:
“Empresas que tradicionalmente produziam e vendiam bens
físicos têm agregado serviços, como garantia estendida, pósvenda, assistência técnica, para ampliar seu produto.”
Esse “casamento” – que, em marketing, também é conhecido como evidências físicas – pode englobar itens
como folhetos, catálogos, portfólios e brindes, entre outros. Embora defenda que nada
substitui o bom atendimento, Ana Luiza
concorda que os detalhes são importantes: “Temos caderno, folha timbrada, pastinha, cartão.
Para fazer nosso logotipo, contratei uma empresa de publicidade”, revela. No quesito apresentação, o professor Luzzi Las Casas destaca
ainda o uso de sites como forma de aumentar
a interação dos clientes com os serviços.
Tropeços
Na difícil batalha da tangibilização há, claro, aquelas práticas que devem ser evitadas e
eliminadas. De acordo com Luzzi Las Casas, é
extensa a lista dos erros cometidos por prestadores de serviços. Um dos principais é o exagero da oferta: “Se a expectativa do cliente
sobe muito, também acabam crescendo as
chances de ele ficar insatisfeito, mesmo que o
serviço esteja adequado”, alerta. Para Ana Luiza, um dos perigos é quando o profissional se
afasta do seu propósito, de seus reais conhecimentos, só para garantir a venda do serviço.
Nonohay aponta que também é erro típico
confiar nas fórmulas prontas: “Há quem leia
livros de autoajuda e acredite que basta adotar certos passos e dicas nas suas empresas”.
Para o consultor, se o valor que o prestador
está tentando agregar ao seu serviço não é percebido pelo cliente, ele está investindo em algo
que não trará benefício.
Outra armadilha fatal é a alta flutuação da
demanda. “Como não é possível estocar serviço e nunca se pode garantir o amanhã, muitas empresas acabam aglomerando pedidos”,
observa Nonohay. O resultado, diz ele, pode
ser o comprometimento de prazos ou de qualidade, gerando problemas com o contratante
e, por tabela, com seu próprio conceito no mercado. E, mesmo intangível, “nome sujo na praça” os clientes sabem bem o que significa.
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Número 49 – Maio 2009
testemunho de alguém que recebeu um trabalho eficiente, que teve um atendimento respeitoso da empresa”.
13
G U I A D E G E S T ÃO
Casamento
empresarial
Número 49 – Maio 2009
A relação entre sócios é, ou deveria ser, como um matrimônio, para a vida toda.
Mas para que essa durabilidade aconteça e de maneira sustentável, é preciso que a
sociedade seja regida por regras transparentes e pelo respeito mútuo
14
m dia, existiram três amigos que acreditavam haver uma grande simpatia entre eles, a ponto de decidirem abrir uma
empresa em sociedade. No outro dia, havia
apenas três sócios. O grande erro daqueles que
empreendem em sociedade é achar que a fraternidade é fator único para começar um
negócio. Com esse pensamento destroem-se
U
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
amizades, criam-se intrigas familiares e, em muitos casos,
as divergências são tamanhas que levam as empresas à
falência. Encontrar a pessoa ideal para compartilhar o
sonho de ser seu próprio patrão deve seguir os preceitos
de um casamento, na essência da palavra, e as regras de
um contrato empresarial.
Antes de sair à caça de um pretendente, é preciso se
perguntar se você ou a sua empresa realmente precisa de
GUIA DE GESTÃO
Nem em anúncio de jornal nem em almoço de família.
“Não é que parente não possa ser um bom sócio, mas a
escolha de um familiar não deve ser motivada por fatores
emocionais, deixando assim de pensar no futuro”, explica
Forner. O mesmo conselho é dado por Ferreira: “Nessa
procura deve-se evitar um erro muito comum: escolher
como sócio aquele amigo ou parente que não está em um
bom momento, apenas para ‘dar uma força’ para ele. Acima de tudo, é preciso ser fiel ao perfil definido para o
sócio adequado ao negócio”.
Forner sugere a busca no relacionamento empresarial.
“Em palestras, associações, entre lideranças, ou seja, em
ambientes de junção de pessoas com interesses empreendedores.” A rede de relacionamentos, ou melhor, networking, também é um ótimo local para procurar. “Mesmo que não conheçamos diretamente candidatos a sócio,
podemos chegar até eles por meio de indicações; locais
que reúnem pessoas por afinidade de interesses, como
associações comerciais, clubes de serviço, entidades clas-
Preto no branco
Toda relação é baseada em um contrato,
seja o da palavra, seja aquilo que está escrito
no papel. No empreendimento em sociedade essa necessidade contratual se torna ainda mais importante, por oferecer segurança para ambas as partes. “O contrato instrumentaliza a sociedade; e ele deve conter
cláusulas de entrada, permanência e saída.
Ele é a verdadeira referência”, esclarece o
consultor do Sebrae.
Por mais confiável que seja a relação, é
possível que em alguns momentos a situação
saia da ordem, e o contrato será o melhor recurso para solucionar o problema. “Confiar é
bom, conferir é melhor”, brinca Ferreira. Para
evitar irresponsabilidades na sociedade: “Interesse-se! Participe! Converse! Avalie! Questione! Planeje e analise os resultados! Seja
Para o psicólogo Newton Ferreira, um bom sócio
pode influenciar no sucesso do empreendimento
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Número 49 – Maio 2009
Onde procurar
sistas, que também possibilitam boas oportunidades na procura de sócios.”
O impensável também pode dar certo:
“Muitas vezes um possível concorrente pode
ser um sócio, pois ajuda a ganhar escala”, vislumbra Forner, destacando que acima de tudo
é imprescindível que haja sinergia com as necessidades e o tipo de negócio.
Arquivo pessoal
um. “É importante começar fazendo a tarefa de casa, mapeando as necessidades que o negócio exige. Se o plano
de negócios indicar que eu preciso de alguém porque
minha competência não é suficiente, aí então vou procurar uma pessoa para complementar, para somar”, aconselha Cláudio Forner, consultor do Sebrae e conselheiro de Roberto Justus no programa televisivo “O
Aprendiz”. Em alguns casos, é possível que o plano de
negócios aponte para a necessidade de um aporte financeiro; aí Forner sugere que, às vezes, é melhor um financiamento do que um sócio.
Iniciada a procura, o psicólogo e especialista em recursos humanos Newton Ferreira sugere que a busca por
um sócio deva ser encarada como uma seleção. “Assim
como acontece em um processo seletivo competente, essa
procura começa com a definição do perfil do sócio. Esse
perfil precisa ser estabelecido com isenção de preconceitos, fantasias e subjetividades, sendo claramente focado
nas necessidades do negócio.” A recomendação de Forner é que, para ter vida longa, a relação precisa conter
complementaridade e integridade entre os sócios.
15
G U I A D E G E S T ÃO
intransigente com irresponsabilidades na vivência de um papel profissional!”.
Forner lembra que o contrato não é para
engessar, mas para prevenir possíveis ocorrências, principalmente quando elas acontecem
na emoção do relacionamento familiar, no caso
da sociedade entre parentes, por exemplo. É
nele também que devem constar as obrigações de cada sócio.
“Quando eu confio de fato no meu sócio, aceitarei suas
‘cobranças’ como ações favoráveis ao bom desempenho
do negócio, e me permitirei fazer isso também na relação
com ele. As tarefas e responsabilidades, que devem ser
definidas mais por competência do que por afinidade, irão
compor esse papel profissional sujeito às cobranças do
sócio. Quando a finalidade é construtiva, as cobranças
tendem a favorecer a boa performance do negócio.”
Sócios e equipes
Quem faz o quê
A relação entre sócios, em geral, está baseada na horizontalidade, o que dificulta a
definição de atividades e as cobranças entre
eles. O ideal, para evitar discórdias e desentendimentos, segundo Forner, é definir tudo
em contrato. “É importante que as tarefas estejam definidas contratualmente, seja na sociedade com sócio majoritário ou na sociedade
de paridades. É por isso que tem que haver
complementaridade”, destaca o consultor.
Para Ferreira, para que a sociedade seja
bem-sucedida ela deve basear-se em alguns
fundamentos essenciais, como a confiança.
Quem eu procuro
Para ajudar a definir o perfil do futuro sócio, Newton Ferreira – psicólogo e
especialista em recursos humanos –
sugere as seguintes questões:
Quais são os conhecimentos
necessários?
Quais experiências profissionais
ele deve ter?
Quais são as características
Número 49 – Maio 2009
pessoais ideais?
16
Qual o poder de influência
desse sócio potencial no
mercado a ser trabalhado?
Precisa ter dinheiro ou tempo disponível para investir no negócio?
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
As divergências entre sócios não se restringem aos
setores administrativo ou financeiro, como muita gente
pensa. Questões sobre posicionamento diante da equipe
também podem causar desentendimentos que prejudiquem o funcionamento do empreendimento. “Para que a
autoridade de um sócio não se sobreponha à do outro, é
importante que essa definição também conste no contrato”, aconselha Forner.
A relação, como em todo ambiente profissional, deve
ser profissional. “Se ainda assim for possível cultivar bons
relacionamentos pessoais, que bom para todos os envolvidos”, completa Ferreira. Quando os desentendimentos
atingem a equipe é porque há um sério problema de comunicação dentro da sociedade. Nesses casos, Ferreira
aconselha: “Desenvolver uma inteligência emocional para
superar e controlar o ego, visando ao cultivo de relacionamentos produtivos. É preciso saber conversar, ouvir, argumentar e viabilizar entendimento ou ter a coragem para aceitar que a sociedade tornou-se inviável”.
Empreender em sociedade é aceitar correr os riscos da gestão compartilhada; da perda de dinheiro;
dos problemas jurídicos; e até mesmo dos riscos da
convivência diária. Por outro lado, une conhecimento, sonhos, competências, força e valores. “Todos os
riscos imagináveis estão presentes numa sociedade.
Deve-se estar consciente deles e trabalhar para minimizá-los. Mas jamais deixar de enxergar as oportunidades de empreender em sociedade. Um bom sócio
pode nos complementar e influenciar diretamente no
nosso sucesso”, afirma Ferreira. Se a sociedade for regida com base no respeito e em regras claras e objetivas, o êxito é consequência.
Marca própria, saída
para a crise
emprestando sua marca tradicional para novos produtos,
como a Panvel, a Liss Best, entre outras, ampliando o conceito que a mesma possui para expandir sua área comercial.
á dez anos, aportou no Brasil o conceiEspecialmente neste período de turbulência em que se
to de marcas próprias, que já vinha sen- encontra a economia, a opção de algumas empresas por
do desenvolvido em outros países. estender a sua marca a outros produtos, transformando-a
Com a criação da Associação Brasileira de em uma marca própria, pode ser uma boa estratégia para
Marcas Próprias (Abmapro), entidade na qual enfrentar mercados e diminuir custos em comunicação e
tivemos a honra de participar do Conselho, distribuição. Entretanto, é necessário não descuidar dos
iniciou-se um trabalho de incentivo à criação investimentos na proteção da marca no segmento onde
de marcas exclusivas das empresas.
vai ser ampliada a sua atuação.
Uma das primeiras organizações no
O custo de manutenção de uma
Em períodos de
Brasil a utilizar a marca própria em
marca conhecida é alto, pois deturbulência, a marca
seus produtos foi o Makro Atacadispende, e muito, de investimenprópria pode ser uma
ta, que comercializa a marca Aro.
tos em propaganda, promoções
boa
estratégia
para
Conforme previsões feitas na époe visibilidade nas gôndolas. Já
enfrentar mercados
ca, o mercado seguiu, de certa foruma marca própria não necessima, tímido quanto à criação de marta destes investimentos e pode
ca própria, e as previsões de crescimento desta valer-se simplesmente da sua credibilidade para atrair os
área não chegavam aos 10%. Entretanto, di- clientes, que podem associar a qualidade a um preço mais
ferentemente do que se previa, atualmente as baixo, estendendo sua fidelização aos novos produtos.
marcas próprias já representam mais de 30%
Investir em marca é sempre vantajoso, pois é ela que
das marcas comercializadas em supermerca- vende o produto, é ela que cria o liame de confiança, é ela
dos, e a tendência é de crescimento.
que se torna preferida e desejada pelos consumidores, é
A ideia pode ser muito eficiente, quando através dela que as empresas lucram. É necessário, entreentendida como uma extensão da marca da tanto, que se faça uma ação tecnicamente viável, forte e
empresa. No Rio Grande do Sul, a marca com segurança para divulgar, solidificar, proteger e manter
Zaffari é o melhor exemplo desta extensão. a marca, que é o patrimônio intangível das empresas e, na
Consagrada no Estado, a mesma aproveitou o maioria das vezes, o seu valor maior.
bom conceito que tem perante os consumidores para lançar vários produtos com sua marca. Paulo Afonso Pereira
Hoje há uma infinidade de empresas que estão
Especialista em Propriedade Intelectual e ex-presidente do INPI
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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OPINIÃO
H
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Fotos: Lúcia Simon
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E N T R E V I S TA
E N T R E V I S TA
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FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Emerson Ciociorowski
E N T R E V I S TA
Emerson Ciociorowski
Economista e pesquisador da área de inteligência
emocional, Emerson Ciociorowski é um coach,
profissional multidisciplinar que ajuda as pessoas a
refletir sobre suas potencialidades, seus sonhos,
medos e angústias. Quase um terapeuta empresarial,
Ciociorowski também orienta seus clientes na gestão
do tempo e na busca por valores individuais.
A passagem
do tempo
ao seu redor?
mento afeta também o lado pessoal. A gente
percebe que as pessoas trabalham uma jornada muito grande, ao passo que a tecnologia
estaria aí para nos ajudar, para nos proporcionar mais tempo, e o que acaba acontecendo é
o oposto. Falta tempo para as pessoas pararem para pensar nelas mesmas.
C i o c i o r o w s k i As demandas do mundo moderno são cada
B & S O estresse seria consequência dessa
vez maiores, fazendo com que o grande desafio atual seja a
administração do tempo. O excesso de tecnologia, por exemplo, não permite que sobre tempo para o indivíduo pensar em
si próprio. Antes achávamos um absurdo a demora em escrever um texto numa máquina de datilografar; agora, mesmo
com as facilidades do computador, ainda nos falta tempo. Essa
questão passa a ser um grande problema, uma vez que as empresas estão cortando custos e diminuindo seu quadro de funcionários, sobrecarregando aqueles que ficaram; esse sufoca-
dinâmica social? Por que as pessoas es-
danças sociais, principalmente no que tange a tecnologia e trabalho. Como essas transformações interferem
na relação do indivíduo com ele mesmo e com o mundo
tão tão estressadas?
C i o c i o r o w s k i Pela definição de Hans Se-
lye, que foi quem primeiro definiu essa questão, estresse é uma reação não específica do
organismo a qualquer processo de mudança;
logo, o estresse sempre nos acompanhou. O
que está acontecendo é um desequilíbrio na
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Número 49 – Maio 2009
B & S Nossa época vem sendo marcada por fortes mu-
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E N T R E V I S TA
questão do tempo; se observarmos o período
das cavernas, veremos que o homem precisava do estresse como motivador para ir à caça.
Hoje caçamos um urso a cada cinco minutos.
Não estamos sequer respeitando nosso sistema biológico. Achamos que temos tempo para
tudo, então passamos a viver uma vida 24 horas. Há banco 24h, academia 24h, supermercado 24h; e assim, trocamos o dia pela noite,
sendo sufocados pela falta de espaço. O nosso mecanismo de estresse foi desenvolvido
para atender a uma demanda e não estamos
respeitando essa limitação. A quantidade de
eventos que gera estresse hoje é muito maior
que no passado.
B & S O estresse, então, seria algo positivo?
C i o c i o r o w s k i Se bem utilizado, sim, por-
que o estresse nos dá motivação. Imagine, por
exemplo, um corredor que vai entrar numa
pista de corrida: se ele ficar “zen” demais na hora da largada,
seu desempenho não será o esperado. O estresse nos coloca
para frente, ele dá motivação. Entretanto, nosso erro é não
darmos tempo para o nosso organismo voltar ao estado natural de não estresse. Começa a se emendar um fator de estresse
no outro e assim estamos em estresse constante, isso é a demasia do estresse, que obviamente traz consequências físicas
profundas. Outra questão extremamente importante é a dificuldade das pessoas em reconhecer suas limitações. Cada pessoa age de maneira diferente para um mesmo fator de estresse. Coloque isso no mundo corporativo, onde o estresse é
algo que te faz menos competitivo. Por instinto, as pessoas
acabam encobrindo, não percebendo os sinais do corpo, e
mesmo quando percebem escondem suas deficiências. Como
consequência vêm as doenças. A conscientização corporal é
fator fundamental para que as pessoas se percebam e saibam
os limites do seu estresse. Não espere também que alguém
olhe pra você e diga: “Como você está estressado!”. Quem
tem que perceber isso é o indivíduo. Estresse não é um problema médico, é um problema de comportamento.
B & S É possível tirar proveito dessas mudanças na vida
pessoal e profissional?
Número 49 – Maio 2009
C i o c i o r o w s k i Hoje, falando em administração do tempo,
20
“A única maneira de melhorar a forma como lidamos
com o tempo é planejando. Tempo é um recurso
escasso e também inelástico.”
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
nós temos uma série de recursos que nos facilitam a vida. O email, por exemplo, é uma ferramenta bastante importante se
utilizado de maneira adequada, se soubermos selecionar e organizar. Há também as agendas eletrônicas e os softwares que
diminuem o nível de estresse ao ajudarem no controle do andamento de determinadas tarefas. Mas são ferramentas que
não utilizamos. Tenho feito uma pesquisa com as pessoas com
as quais eu trabalho e percebo que 70% delas não têm nenhuma ferramenta de utilização para administrar seu tempo. Quando pergunto como elas se organizam, respondem: “Vou colocando em um pedacinho de papel”. A tecnologia hoje nos oferece uma gama de soluções com que não sabemos lidar. Sobre
esse assunto, estou esboçando um livro que irá se chamar
E N T R E V I S TA
“Tecnolixo”, abordando tecnologias que estão disponíveis e
que não recebem o devido reconhecimento. Compramos porque está na moda e não valorizamos as ferramentas que podem funcionar a nosso serviço. Precisamos ser mais seletivos
na escolha das tecnologias. No outro lado, é fundamental manter equilíbrio entre o profissional e o pessoal, porque as demandas para o trabalho sempre vão surgir. Quanto mais tecnologia, mais rápido vai se trabalhar, mais demandas você vai
ter. Nós precisamos aprender a impor limites para que haja
efetivamente uma vida equilibrada. Para atingir esse objetivo,
temos que olhar para fatores que nos envolvem e que são importantes na nossa vida, seja a alimentação, o lazer, ou, simplesmente, nos permitir um momento de ócio. As cobranças
sempre vão existir e ninguém vai impor os nossos limites no
nosso lugar. A gente tem que se colocar.
B & S O que dificulta a tomada de iniciativas em busca de
sonhos e objetivos?
B & S É nesse cenário de conflitos que surge o coach? Qual o seu papel e quem
precisa dele?
C i o c i o r o w s k i O coach é uma figura nova que,
antes de se solidificar no mundo dos esportes, surgiu nas faculdades americanas para auxiliar os alunos que precisavam de um suporte extra. Nós não temos uma formação acadêmica específica para essa atividade, mas
acredito que um dia haverá ao menos uma especialização abordando a multidisciplinaridade do coach. Ele é uma ferramenta que pode
ser usada por qualquer um em qualquer momento da vida. Principalmente em situações
de crise ou quando se deseja desenhar o seu
to dos seus valores, pois o valor é a base do vínculo e a gente
se compromete ou se vincula a algo que tem valor para nós.
Vivemos um momento onde as pessoas não têm tempo, nem
ambiente para parar e pensar em si mesmas, com isso há uma
crise que nos força a adotar valores que não são os nossos, são
da sociedade, da família, da mídia, aquilo que está moda. Mas
até mesmo a moda tem passado por transformações, indicando como tendência a autenticidade, o simples, o confortável.
A teoria do antropólogo Gregory Bateson, na qual meu trabalho está amparado, afirma que os valores estão no nível do
nosso inconsciente, então aquilo que tem importância para
nós está lá no fundo da nossa alma e tem a ver com a nossa
identidade, com aquilo que nos torna únicos. A falta de reconhecimento nos deixa sem orientação. Quando se reconhecem
os próprios valores, tem-se a base da motivação. É por isso que
muitos processos de motivação dentro das empresas falham, por
não buscar reconhecer em seus funcionários aquilo que é importante para eles. Além disso, há sempre um sentimento de felicidade quando se atinge algo que é valoroso para você; essa motivação transforma a busca em um ato contínuo.
“Ao tentarmos ser super-homens, destruímos
nossa vida pessoal, perdemos eficiência e eficácia,
diminuímos nosso nível de criatividade.”
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Número 49 – Maio 2009
C i o c i o r o w s k i Falta nas pessoas um profundo reconhecimen-
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E N T R E V I S TA
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futuro. O papel do coach é fazer com que as
pessoas reflitam sobre as suas potencialidades, limitações, sonhos, medos e angústias. É
uma pessoa que por não estar envolvida emocionalmente consegue ter uma visão mais ampla do indivíduo e fazer com que ele reflita e
busque as suas alternativas. O coach utiliza uma
série de instrumentos que podem facilitar essa
busca. Entretanto, é importante que o indivíduo assuma essa vontade de querer mudar,
de querer administrar algumas situações de
crise, de querer planejar. Eu costumo dizer
que a gente consegue ver floresta onde o cliente só vê árvore. A partir dessa ampliação
de visão, se consegue determinar o que ele
quer fazer e aonde ele quer chegar. Esse processo precisa ser monitorado pelo coach, ou
seja, não adianta só traçar metas, porque com
a falta de tempo e com a quantidade de atividades que a gente tem, acabamos fugindo dos
planos e sonhos e as estratégias caem na rotina. Monitoria é fundamental.
22
“O papel do coach é fazer com que as pessoas reflitam
sobre as suas potencialidades, suas limitações, seus
sonhos, seus medos e suas angústias.”
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
B & S Servindo como “treinadores de executivos”, os coachs auxiliam na organização de planos e objetivos. Por
que é tão difícil tecer metas e segui-las?
C i o c i o r o w s k i Principalmente pela falta de tempo e a de-
manda absurda que se tem por apagar incêndios. Gasta-se
muito tempo em questões administrativas do dia a dia, fica
difícil atingir metas. É preciso parar para pensar e saber para
onde você está direcionando sua vida. Isso que estou fazendo
tem a ver comigo ou com os outros? Por isso é difícil estabelecer as metas. Depois é difícil cumprir porque as metas são
muitas; aí passam a ser só sonhos, desejos, intenções.
B & S Quem é esse profissional que você qualifica já no
título do seu livro, Executivo, super-homem solitário?
Quando ele é super-homem? E quando é solitário?
C i o c i o r o w s k i Ele é super-homem quando não respeita seus
limites. Não somos super-homens, não somos sobre-humanos, somos pessoas normais com limitações e que cometem
erros. Para superar essas limitações precisamos conhecê-las.
Ao tentarmos ser super-homens, destruímos nossa vida pessoal, perdemos eficiência e eficácia, diminuímos nosso nível
de criatividade. Ele é solitário, porque somos, por natureza,
seres solitários. Por mais solidariedade que se tenha da família
ou dos amigos, a decisão é sempre única na direção que a gente acha que é correto. Não tem como escapar da solidão.
O executivo se sente solitário, principalmente porque no ambiente em que convive não consegue dividir medos, angústias
e aflições. A competição do mundo corporativo não permite
que se compartilhem essas questões com um colega de trabalho ou com o chefe. É difícil achar pessoas em quem confiar e
com as quais se tenha intimidade. Ou sejam amigas e capazes
de dizer, ao menos: “Você fez uma besteira, mas estou ao seu
lado incondicionalmente”. Esses amigos são raros. O coach se
presta para isso, ele entra no mesmo barco, ele é cúmplice de
nossos projetos. No coaching o indivíduo se sente menos solitário. Através da troca tentamos fazer com que ele se sinta
E N T R E V I S TA
mais seguro sobre as suas necessidades e sonhos, ajudando-o
na tomada de decisões.
B & S Executivos e empresários enfrentam problemas semelhantes? O que os diferencia?
C i o c i o r o w s k i O empreendedor tem uma vocação natural
para ousar, além de ser uma função que exige uma alta carga
de ousadia e autoconfiança, pois para o micro, pequeno e
médio empresário, os efeitos de um erro são imediatos. Diferentemente do que ocorre numa grande empresa, quando um
executivo falha, há tantos outros para remediar o problema. A
solidão do executivo e do empresário é a mesma, só que o
empresário carrega a falta de profissionalização ao ter como
sócios familiares e amigos sem competência para os negócios.
ministração. E quando for preciso interferir
em alguns procedimentos, como redução de
custos ou mudança de comportamento, vai
haver uma resistência não apenas ao coach, mas
a qualquer processo de consultoria. Os empresários se sentem incomodados, não lidam
com o fato de a instituição viver depois dele.
Na verdade, a gente só busca mudanças se o
nosso inconsciente perceber que haverá
ganhos efetivos.
B & S Existe receita da felicidade profissional para empresários?
B & S Como colocar o tempo a nosso favor? Falta tempo
C i o c i o r o w s k i Não existe milagre ou receita
ou falta administração do tempo?
pronta, cada um tem que buscar a sua, baseando-se na busca de seus valores profundos e do
propósito naquilo que faz, sempre procurando exercer seus pontos fortes e seus talentos.
C i o c i o r o w s k i Falta administração do tempo. A única maneira de melhorar a forma como lidamos com o tempo é planejando. Tempo é um recurso escasso e também inelástico,
ou seja, não é possível ampliá-lo. Eu sempre digo que Deus
foi democrático, ele nos deu 24 horas e falou “sejam felizes”.
Quando se fala em administração do tempo, retomamos a questão dos valores. Isso passa, primeiramente, por aquilo que é
importante na vida, ou seja, é uma questão de avaliar as escolhas, também no ambiente profissional. Percebe-se claramente que as pessoas têm forte tendência a desperdiçar tempo
com situações sem muita importância. Nós precisamos valorar. E mais do que nunca é preciso pensar em longo prazo.
B & S Em geral, executivos veem o coach como a oportunidade de colocar a vida em ordem; os empresários já
encaram a prática como uma interferência na sua admi-
C i o c i o r o w s k i Eles veem a empresa como um filho e resis-
tem a qualquer mudança que altere o perfil da gestão. O empresário coloca muito das suas emoções no processo de ad-
“As cobranças sempre vão existir e ninguém vai
impor os nossos limites no nosso lugar. A gente
tem que se colocar.”
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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nistração. Qual o motivo da resistência?
23
Lúcia Simon
R E S TA U R A N T E S
Número 49 – Maio 2009
Em um país onde
14 milhões de
pessoas não têm o
que comer, 40%
do resultado das
lavouras vai para o
lixo. Inclusive os
alimentos que
sobram em
restaurantes.
Combater o
desperdício é um
problema de todos
24
Comida sem
destino
S
ão 12 horas, o restaurante está lotado.
A fila ao redor do buffet é grande e cresce a cada minuto. A cozinheira confere
se está tudo certo. Três horas depois, os garçons atendem os poucos clientes que restaram com tratamento especial. A comida permanece lá, sob os cuidados atentos da equipe, que começa a lamentar a visível sobra do
dia. O futuro daqueles alimentos preparados
com tanto apreço e dedicação é o mais ingrato possível: o lixo. Cacildo Vivian, presidente
do Sindicato de Hotelaria e Gastronomia de
Porto Alegre (SindPoa), explica que o desperdício de alimentos é uma das principais preocupações dos empresários da gastronomia.
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
“Eliminar o problema é impossível. Todos os esforços se
concentram em minimizá-lo.”
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 58 milhões de brasileiros vivem
em situação de insegurança alimentar e 14 milhões não têm
o que comer. Por outro lado, segundo a Fundação Getulio
Vargas, 26 milhões de toneladas de alimentos vão para o
lixo diariamente, ou seja, 40% de tudo que é produzido no
país vão parar no aterro sanitário.
Causas e efeitos
Vivian acredita que as causas para tanto desperdício são
inúmeras, mas entre as mais frequentes estão o condicionamento da mercadoria, preparo dos alimentos, erro na
estimativa de utilização. Além disso, existem todas as ra-
R E S TA U R A N T E S
zões externas, como estradas e o clima. “ É nos processos
internos que ocorre o maior desperdício. A única solução
para isso é o treinamento da equipe.” Há também, lembra o presidente do SindPoa, o retorno em prato, que é
“questão de educação”. Na China, os restaurantes estão
multando clientes que deixam comida no prato. Nos
buffets, segundo o sindicato, 15% da produção vai fora.
Em locais onde a comida é servida de forma à la carte,
uma das alternativas apresentadas é o meio prato. Vivian
acrescenta que há a opção de um prato e meio para duas
pessoas. Para os buffets, o presidente do SindPoa – que
possui experiência com o formato – aconselha que a expectativa de público seja subestimada e que se tenha sempre um plano B caso o local encha. “Cada estabelecimento deve estudar a melhor sistemática e adequá-la ao seu
público de interesse.”
Na hora de avaliar o quanto deve ser servido, o administrador deve construir estimativa com base em uma série de variáveis, como dia da semana, condição climática,
a existência de algum evento próximo ao estabelecimento e público.
Por meio do programa Fome Zero, do governo federal, a legislação passou a ser discutida e questionada. Inclusive, tramita na Câmara, desde 2003, um projeto de lei que promete
desonerar o empresário.
Alternativas viáveis
A experiência do presidente do SindPoa
aponta a doação da comida para criatórios de
animais conveniados à prefeitura municipal.
“Essa é a solução mais em conta. O empreendedor paga uma taxa mensal para a retirada de
resíduos sólidos e orgânicos, que são recozidos
e dados para animais.” Há, ainda, a produção
de húmus. A dica de Vivian é que o empresário
siga à risca a legislação e esteja sempre pesquisando alternativas mais adequadas ao seu negócio. Investir na qualificação da equipe e na educação dos clientes são outras táticas infalíveis.
Direto para o lixo
Conforme a legislação vigente no país, a pessoa física
ou jurídica que doa alimentos é responsável pelo produto.
Ou seja, caso o beneficiado com a comida passe mal, quem
doou terá que arcar com a responsabilidade, inclusive em caso
de morte, podendo responder a processo por homicídio.
“Eu assumo a responsabilidade pela comida que está
em meu restaurante. Depois que ela passa pela porta não
posso mais garantir que está boa”, exclama Vivian. Por isso,
pouquíssimos são os estabelecimentos que assumem o risco pelo bem do próximo.
A legislação é negativa por dificultar a doação de alimentos; por outro lado, essa mesma lei garante que pessoas mal-intencionadas não utilizem a população carente
para dar fim àquilo que não querem mais. “O resto é um
estorvo para o empresário.” A solução, na opinião do SindPoa, é uma estrutura administrada pelo governo federal
ou estadual que busque os alimentos e os distribua entre a
população carente. “O dono de um restaurante não tem
como arcar com tamanha responsabilidade”, alega Vivian.
O Brasil é conhecido mundialmente
por sua enorme capacidade de produzir
alimentos. Entretanto, uma percentagem significativa do seu potencial
econômico é desperdiçada.
Diariamente, 26 milhões de toneladas de
alimentos vão para o lixo
30%
Do campo até a despensa do brasileiro,
dos grãos são perdidos
Neste mesmo percurso, 35% da frutas ficam
nas estradas ou apodrecem em caixas
50% das hortaliças não chegam ao seu destino
No total, 40% de tudo que é produzido no
país vão parar no aterro sanitário
58 milhões de brasileiros vivem em
situação de insegurança alimentar
14 milhões não sabem qual será a
próxima refeição
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Número 49 – Maio 2009
Barreiras regulatórias
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Número 48 – Abril 2009
IMAGEM
IMAGEM
26
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
IMAGEM
As relações pessoais influenciam diretamente o
desempenho individual e também o ambiente
social. Postura, visão e bons contatos, tanto
quanto cursos e experiências, compõem o mix
de atributos necessários para o êxito de uma
trajetória profissional e empresarial
Minha marca
sou eu
ão, não se trata apenas de conseguir
emprego. Nem só de fechar contratos.
Também não é reserva para executivos,
nem para funcionários. O sucesso nos
negócios e na vida pessoal depende da
forma como nos relacionamos com o
mundo. A literatura já nos deu as pistas:
em Por quem os sinos dobram, Ernest Hemingway parafraseou o poeta inglês John
Donne, afirmando que “nenhum homem é uma ilha, sozinho em si mesmo; cada homem é parte do continente,
parte do todo”.
Educação, elegância, distinção e uma boa dose de sociabilidade ajudam qualquer pessoa a integrar territórios.
O que e quem você conhece faz toda a diferença nas suas
decisões, ações e opiniões. Esse conjunto constrói a sua
N
fama e com ela você abre ou fecha portas,
atrai ou afasta pessoas, trabalhos e oportunidades. Uma lei natural às vezes relegada
ao esquecimento, mas que invariavelmente
cobra sua pena. Exemplos não faltam. Sua
empresa já foi preterida por outra que cobra preços maiores? Alguém com menos
qualificação formal já ocupou uma vaga que
você almejava? Em geral, tais situações são
vistas de forma sarcástica, alegando-se “apadrinhamento”. Mas essa não é necessariamente a resposta certa. Talvez seja preciso pensar
qual imagem você está oferecendo ao setor
em que atua.
Pode parecer fútil que uma barba malfeita
ou um sapato desgastado superem um curríFECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Número 48 – Abril 2009
Por Leandro Melo
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IMAGEM
Conteúdo é fundamental
Nenhuma imagem se sustenta
se não estiver estruturada sobre
um caráter verdadeiro. E
conteúdo, nesse caso, não se
restringe a currículo: gentileza,
honestidade, real interesse
sobre o outro e retidão são
posturas que devem ser
cultivadas em todas as esferas
de relacionamento.
Dica: Dedique aos outras a atenção que você gostaria de receber. Seja transparente.
Falando bem
Falar e expressar-se de maneira clara atrai
a atenção. O consultor Marcelo
Miyashita afirma ser tão importante
quanto o conteúdo da conversa a forma
como se fala. E mais importante ainda:
ser um bom ouvinte, para estabelecer
empatia e conhecer realmente seu interlocutor.
Dica: Concentre seu discurso em como você pode contribuir com a outra pessoa.
Número 49 – Maio 2009
Bem-vindo à rede
28
A sociologia nos fornece a teoria dos vínculos fortes e fracos.
Os primeiros são familiares e amigos próximos. A medida
que alcançamos outras esferas – amigos dos amigos, colegas,
conhecidos eventuais –, os vínculos tornam-se mais fracos.
No entanto, são esses
elos frouxos que
trazem oportunidades
e informações novas.
Preserve-os e tente
aproximá-los de você.
Dica: Mantenha contato
com o seu grupo sempre que
possível e for oportuno.
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
culo de valor. Ou que a timidez de um empresário o leve
a perder um cliente potencial, mesmo que a tarefa não
exija desenvoltura. É preciso lembrar, no entanto, que
nós também julgamos os demais pela impressão que nos
transmitem e que, na maior parte das situações que vivenciamos, quem toma as decisões são as pessoas, não os
papéis ou computadores. Rótulos não são agradáveis, mas
são inevitáveis. Se alguém com piercings, roupas desalinhadas e muitas gírias no vocabulário lhe atende em uma
farmácia, certamente vai provocar estranhamento. Esse
vendedor, em uma loja de CDs, pode conquistar a simpatia da clientela. Mesmo vivenciando uma época de rompimento de alguns paradigmas, é preciso ter em mente o
que nosso público-alvo espera de nós em determinadas
situações – e que imagem queremos oferecer.
O fato é que tudo o que precisamos está nas outras
pessoas e em como elas nos veem, afirma José Augusto
Minarelli, presidente da Lens & Minarelli Associados –
Consultoria de Outplacement e Aconselhamento de Carreira de Executivos. Sob essa perspectiva, formando uma
boa base de conhecimento, uma imagem positiva, e conhecendo muita gente, temos à nossa disposição um vasto universo de informações e oportunidades. Atitude talvez seja o mais importante. “Isso gera um capital social, o
que em certas situações vale mais que dinheiro. Já tentou
trocar dinheiro por boa vontade? Não é possível. Mas se
em algum momento você ajudou uma pessoa, é certo que
poderá contar com ela”, lembra Minarelli.
Quem se destaca, geralmente, é aquele que se mostra
adequado ao ambiente, é educado, está sempre disposto
a resolver problemas, ou conhece quem pode fazê-lo.
São pessoas com boa instrução e que sabem e gostam de
tirar proveito de suas experiências pessoais. Com o tempo, esses indivíduos aprendem a aplicar esse dom em
benefício próprio e começam a galgar posições na escalada empresarial.
A construção desse bem imaterial supera a simples
obtenção de negócios ou vagas de trabalho. Imagine a
situação de buscar uma linha de crédito junto a um banco
para o seu empreendimento. A documentação necessária, um sólido plano de negócios e a saúde fiscal da empresa são requisitos de sua única responsabilidade – neles
IMAGEM
Você constrói sua fama
O networking, quando não confundido com oportunismo, começa a mostrar seu real valor nesse período de
economia voraz e horas escassas. As qualidades de uma
ampla e bem construída rede de contatos são basicamente
a troca de informações e gentilezas, o comprometimento
dos envolvidos e acima de tudo a transparência. Quem
estiver fora desse jogo perderá muitos pontos na carreira.
Uma vez que é você o seu principal produto, fazer
networking é antes de tudo uma mudança de comportamento. Seu networking deve ser um grupo de pessoas que
estão dispostas a ajudá-lo ou confraternizar com você, da
mesma forma que você com elas.
O que hoje utilizamos como ferramenta do mundo
corporativo, no passado se chamava vizinhança. Quando
se buscava uma informação, um sócio ou um funcionário
se recorria aos amigos, aos frequentadores do clube ou da
igreja – pessoas nas quais confiávamos. O que hoje chamamos de networking é um resgate desse tipo de parceria.
O exemplo vale para lembrar que o ideal é conversar, conhecer bem as pessoas, seus interesses, gostos pessoais,
anseios e demonstrar interesse genuíno. “Simbolicamente,
nossa imagem e comportamento ficam na memória e no
coração de quem se relaciona conosco, desde a infância.
Na memória ficam os dados objetivos e no coração os
subjetivos”, explica José Augusto Minarelli.
Dessa forma, se você procura por um engenheiro, ou
um vendedor, a pessoa que o está ajudando certamente vai
pensar em uma série de profissionais capacitados e experientes. Vai contrabalançar, porém, com o que lembra sobre
as atitudes e comportamentos desse indivíduo, fornecendo o denominador comum dessa equação. Respeito, co-
Com que roupa?
A primeira impressão é
a que fica. No caso do
vestuário mais
apropriado para cada
ocasião ou encontro,
vale a regra da
adequação ao
ambiente. Em um
evento, onde você será
apresentado a pessoas
que talvez não volte a
encontrar, é melhor
causar a impressão correta, pois esse será o seu único
registro visual por um bom tempo.
Dica: Vista-se de forma a estar alinhado com sua maneira
de agir e pensar e preparado para participar de um almoço com clientes
ou um evento social.
Obrigado, Lee
O cientista britânico Timothy Berners-Lee inventou a
internet como a conhecemos hoje e graças a sua criação
podemos encontrar mais facilmente pessoas e informações
de que precisamos. A ideia de conexão em rede encurtou
distâncias e criou novos espaços de relacionamento, como
as redes sociais e conversação por chat ou mensagens de
correio eletrônico.
Dica: Inscreva-se em redes sociais de áreas do seu interesse ou ligadas
ao seu ramo de negócio para trocar experiências.
Número 49 – Maio 2009
não se pode errar, poucos irão fazê-lo. Uma vez que as
regras do jogo são únicas, resta usar do bom relacionamento com o gerente do banco ou com pessoas que
tenham influência sobre a instituição financiadora para
facilitar o processo. Nessa hora, a segurança que você
transmite, as pesssoas que podem referenciá-lo e seu histórico de bom pagador são fundamentais. Todos esses
quesitos remetem à sua postura e aos seus relacionamentos – não apenas a documentos recheados de números.
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
29
IMAGEM
Mais de mil cartões!
De nada adianta guardar
os contatos na gaveta
sem saber quem são as
pessoas, o que fazem
ou por que estão lá. É
fundamental colocar
tudo em ordem, seja
em um editor de
planilhas ou em
softwares específicos
para organização de
contatos e agenda. Se
pretende guardar os
cartões, anote suas
impressões sobre a
pessoa, data, ocasião e local em que se deu o encontro.
Dica: Identifique cada um desses contatos e agrupe-os por
áreas de interesse: emprego, lazer, cultura, entre outros. Assim será
mais fácil acessá-los.
Por_favor@obrigado
Número 49 – Maio 2009
Especialmente no que diz respeito ao correio eletrônico,
tornou-se fundamental seguir algumas regras básicas de
etiqueta – nesse caso, a netiqueta. Evite enviar mensagens
com texto em maiúsculas ou grifadas em demasia. Essa
prática pode ser entendida como um “grito” ou tentativa de
chamar atenção com exagero. Textos curtos e objetivos,
com as informações indispensáveis, ajudam o conteúdo a
ser mais bem
compreendido e
aceito, entre
centenas de
mensagens diárias.
30
Dica: Escreva e
trate todos como você
gostaria de ser
tratado. Aliás, isso
vale para tudo.
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
nhecimento acerca do outro e reciprocidade são algumas
das regras para que esse tipo de relação se estabeleça. Assim a impressão será sempre positiva.
O consultor Marcelo Miyashita, da Miyashita Consulting, e professor de networking, trata essa “impressão” de
fama. Basta perceber que não são a televisão, o noticiário
ou a publicidade os únicos responsáveis pela projeção de
um indivíduo. A fama só acontece pelo reconhecimento,
notoriedade de seus atores por parte de um grupo. Se seus
colegas o consideram mestre em estratégia comercial ou é
a você que perguntam as melhores dicas para o final de
semana, isso se deve a uma fama criada pouco a pouco
sobre a sua imagem. “Há pessoas com índole mais sociável. Naturalmente encantam, tem bons valores e bom caráter. Outras desenvolvem essas características durante a vida.
Mas não se trabalha a imagem pela imagem. É uma caminhada do desenvolvimento humano”, salienta Miyashita. A
ressalva vale especialmente porque a internet e os formatos de comunicação em tempo real transformam fama em
armadilha. Não importa se é construída sobre bons ou maus
predicados, vai para o mercado, não fica mais restrita à
empresa. Lembre-se de que educação e elegância no trato
com as pessoas serão sempre bem recebidos.
A opinião alheia, requisitada ou não, nos auxilia a tomar
decisões, pois compõe o grupo de informações de que
dispomos para agir. Aí entram no jogo personagens já desenhadas pelo jornalista Malcolm Gladwell no livro O ponto
de desequilíbrio: os disseminadores de ideias. Essas pessoas
apresentam características básicas. Podem ser “conectores” – por meio dos contatos e relacionamentos que mantêm, ligam pessoas, seja para o jogo de futebol na quartafeira, apoio ao chá beneficente ou mesmo uma sociedade
empresarial. Há também os “especialistas”, com marca
pessoal bastante forte e arraigada aos seus conhecimentos,
tornando-se referência no grupo. E os “comunicadores”,
interlocutores que buscam a participação ativa no círculo
de relacionamentos, interagindo e mantendo contato constante com as pessoas. Não necessariamente apenas um perfil
estará presente em cada pessoa. Eles podem aparecer conjuntamente, ou alternar-se de acordo com a situação.
Hoje não há emprego para todos, acredita José Augusto Minarelli. Mas basta procurar um pouquinho, entre as
IMAGEM
Eu conheço alguém
A experiência do empresário Renato Grinberg, diretor-geral da Trabalhando.com.br e especialista em mercado de
trabalho, confirma a assertiva de Minarelli sobre a importância de conhecer quem decide. Atualmente à frente da
operação brasileira da holding chilena de portais de emprego Trabajando.com, Grinberg tem no histórico uma
bem-sucedida passagem pelas empresas Sony Pictures e
Warner Bros., em Los Angeles: “Fiquei oito anos nos Estados Unidos, enquanto cursava MBA. Os contatos que preservei foram úteis quando chegou a hora de buscar uma
colocação. Um de meus conhecidos trabalhava na Sony;
quando solicitei, me indicou para uma vaga. Pelas vias tradicionais talvez eu nunca soubesse dessa oportunidade”.
O executivo ressalta que é preciso sair da zona de conforto. Contatar pessoas, entrosar-se, aprender sobre nossos
assuntos, tudo isso é necessário e fundamental para ampliar e qualificar a rede de relacionamentos.
Qualificação é, aliás, um dos ganhos que se tem com a
participação ativa em grupos e com a troca de informações. A Trabajando.com é apontada pelo Instituto Empreender Endeavor como uma das cinco empresas com maior
projeção do mundo e, por isso, passou a integrar o World
Class Company. Assim, os criadores da empresa vão aos
Estados Unidos a cada dois meses para debater estratégias
com gurus da economia e de grandes corporações. Quer
melhor networking do que esse?
Claro que é uma longa caminhada até esse patamar,
mas pode começar hoje mesmo. De contato em contato,
uma rede se forma e novas oportunidades começam a surgir. Imaginando que os sinos de Hemingway avisam sobre
um bom negócio, quando eles dobram por alguém da sua
rede de contatos, eles também dobram por você.
Eu sou mais eu
Limpeza e zelo
demonstram,
mais que
preciosismo, o
quanto você
gosta e cuida de
você mesmo.
Uma roupa cara
perde a classe se
estiver muito amarrotada; e se o local de trabalho é um
escritório, ninguém vai deixar de notar unhas sempre sujas.
São cuidados simples, não dependem de recursos
financeiros, apenas de asseio pessoal.
Dica: Não tenha vergonha de usar o espelho em casa, no trabalho ou em
um evento. Preste atenção aos detalhes.
Você conhece um interesseiro?
É fácil reconhecer quando alguém busca tirar proveito das
situações, usando de subterfúgios pouco agradáveis para ter
contato com pessoas ou conseguir favores. Foi por esse tipo
de atitude que o termo networking adquiriu, para algumas
pessoas, sentido de oportunismo. Seja verdadeiro.
Dica: Aja positivamente sem buscar algo em troca. Muitas vezes, o
benefício vem justamente de onde menos se espera.
Número 49 – Maio 2009
pessoas de seu convívio pessoal, e um empregador potencial vai surgir. Segundo o consultor, 80% das vagas são preenchidas por indicação, um mercado invisível de empregos. “Quem não fala com quem decide se submete às
pequenas autoridades. O tempo é um capital precioso para
os líderes, executivos de empresas, mas se a solicitação
vem por um amigo, eles sempre conseguem um espaço na
agenda”, garante.
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
31
Eryk Klucinski/Stock.xchng
SAIBA MAIS
ng
tock.x
ch
BSK/S
Alternativa ambiental A busca por opções
mais viáveis para o meio ambiente resultou
em um novo formato de “boy”. Agora
quem precisar enviar ou receber pacotes
pode contar com o serviço de bike-entrega,
já disponível também em Porto Alegre.
Utilizada em grandes cidades como
Londres, Nova York, São Paulo e Rio de
Janeiro, a alternativa pode ser ainda mais ágil
que os motoboys e conta, em média, com os
mesmos preços. A única preocupação que
fica é a segurança dos ciclistas-entregadores
nas movimentadas ruas das capitais.
Diversidade A variedade de personalidades e opiniões pode
ser um dos maiores valores de uma organização se
trabalhada de forma correta. Para o professor da Brazilian
Business School, Marcelo Mariaca, a convivência de
talentos diversos contribui para aumentar a criatividade,
melhorar a qualidade do ambiente interno, humanizar as
relações e ampliar a massa de conhecimentos e
experiências da empresa. Mas trabalhar com a diversidade
não é tarefa fácil e exige esforço extra do gestor. Mariaca
aconselha que, para integrar todos esses talentos, a
empresa precisa adotar uma política e incentivar práticas
que favoreçam a integração e a colaboração, sem, contudo,
sacrificar – pelo contrário, deve-se valorizar – as
características individuais.
em tempo
Marcando presença no mercado
Número 49 – Maio 2009
A
32
o completar 200 anos de vigência
no país, a propriedade intelectual
ainda é pouco utilizada pelos brasileiros.
A proposta surgiu na Inglaterra, em 1709,
através do Statute of Anne, que estabelecia
a conceituação e proteção legal para as
criações. O objetivo era incentivar as
inovações que tinham valor comercial.
Por aqui, o propósito é garantir aos inventores, responsáveis por qualquer tipo
de produção intelectual, o direito de re-
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
compensa sobre a criação. Para a Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI), são consideradas propriedades intelectuais as invenções, obras literárias e artísticas, símbolos, nomes,
imagens, desenhos e modelos utilizados
pelo comércio ou indústria. Devido à
importância do tema para o desenvolvimento das empresas, foi realizado em
Brasília, no final de abril, o “Seminário
Internacional: 200 anos de Propriedade
Mais informações na edição 42 da B&S
Intelectual no Brasil”. Entre os tópicos
debatidos estavam o papel da propriedade intelectual sob a ótica judiciária, o
impacto das marcas na estratégia empresarial e o direito de concorrência.
Cautela deve ser a palavra de ordem
Mantenha a comunicação entre as prioridades
eu recomendo
Experiência Desde setembro do ano passado, a crise econômica faz parte
do cotidiano de todos, seja direta ou indiretamente. Dizem os especialistas
que a experiência é a melhor arma para combater qualquer problema.
Nesse sentido, o que você aprendeu até agora? Para aproveitar todo o
aprendizado e sair por cima, siga as dicas a seguir:
André Guimarães Antunes/Divulgação
SAIBA MAIS
Pondere gastos e evite endividamentos
Reavalie projetos e siga em frente
Reunião Pesquisa desenvolvida pela Doodle,
empresa fornecedora de
ferramenta on-line de
agendamento, apontou
que executivos de países
europeus e dos Estados
Unidos gastam, em
média, 4,9 horas para
organizar sete reuniões
por semana. De acordo com o estudo, na hora de organizar os encontros, o email é a primeira opção dos executivos, com 34%, enquanto os profissionais
administrativos o utilizam em 30% das situações. Foram entrevistadas 2.500
pessoas do Reino Unido, Estados Unidos, França, Alemanha e países nórdicos.
Michelle Ho/ Stock.xchng
Prepare-se para as alterações que devem ocorrer com o fim da crise
Um livro que li recentemente foi
A boa vida segundo Hemingway. É uma
compilação de fotos, frases e
aforismos de Hemingway coletadas
por um de seus melhores amigos.
Por ele ser um dos meus autores
favoritos e ter essa característica
de bon vivant (o que em muito
marca o meu personagem Radicci),
foi muito legal conhecer um pouco
sobre a vida fantástica que ele teve,
cheia de viagens, fatos e acontecimentos extraordinários. Vale a
pena, e a edição está muito
caprichada!
Carlos Enrique Iotti
Jornalista e chargista
Acesso a Wi-Fi público
Cópia ou transferência de dados para dispositivos móveis
Envio de dados para endereço pessoal
Clicar em links desconhecidos
Pagamento de contas em bancos ou lojas virtuais
Administração de senhas de forma incorreta
Uso de computadores públicos
Utilização de aplicativos bloqueados
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Número 49 – Maio 2009
Rolve/Stock.xchng
Segurança virtual De acordo com estudo desenvolvido pela Associação Brasileira de Auditores de Sistema, cerca de US$ 2 bilhões
são perdidos em documentos anualmente pelas empresas brasileiras. Uma das causas para tal prejuízo é o uso indevido dos
sistemas de informações. Para a NetSafe Corp, especializada em soluções de segurança em TI, são oito os erros mais comuns:
33
Lúcia Simon
ARGENTINA
Número 49 – Maio 2009
O terreno arenoso
por baixo do
comércio
internacional faz
com que novas
dificuldades surjam
diariamente. Hoje,
os holofotes miram
a relação entre Brasil
e Argentina
34
Disputando
mercados
A
velha rivalidade entre Brasil e Argentina não é exclusividade dos gramados:
brasileiros e argentinos discordam também quando o assunto é comércio internacional. Recentemente, o desacordo foi tema
de grande atenção por parte da imprensa nacional. A razão para tanta importância são as
barreiras comerciais impostas pelo outro lado
da fronteira. A atitude adotada pela presidente argentina tem sido chamada de protecionista; em contrapartida, Cristina Kirchner
lembra que o Brasil também tem ações do
mesmo formato.
Cristina, que esteve no Brasil em pleno
turbilhão de reclamações por parte da indús-
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
tria e do comércio nacionais, declarou à mídia que a razão
para tais medidas é o déficit argentino de US$ 4 bilhões
no comércio bilateral no ano passado. Em entrevista coletiva, a argentina declarou: “Uma licença não automática
pode parecer uma medida protecionista em matéria comercial. Então poderíamos verificar que há medidas protecionistas de um lado e de outro. Talvez umas sejam
menos perceptíveis que outras, mas existem em matéria
fiscal, de financiamento e monetária”.
O diretor do Conselho de Comércio Exterior da Fecomércio-RS, Arno Gleisner, acredita que a decisão deve
prejudicar a economia do vizinho. “Estas divergências
comerciais decorrem do porte e do desequilíbrio nas contas bilaterais.” Para Jorge Moacir Flores, gestor de negócios da Câmara de Comércio Brasil-Argentina, a utiliza-
ARGENTINA
Negócios à parte
Toda essa discussão entre os dois países levanta uma
questão: e o Mercosul? O Tratado de Assunção, assinado
em 1991 por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e, posteriormente, Venezuela (ainda em fase de negociação),
determinou a criação de mercado comum entre estas nações, o Mercosul. De acordo com o tratado, “em matéria
de impostos, taxas e outros gravames internos, os produtos originários do território de um Estado Parte gozarão,
nos outros Estados Partes, do mesmo tratamento que se
aplique ao produto nacional”.
Jorge Flores acredita que o Mercosul é algo a ser realizado ainda. “Não é como o Mercado Comum Europeu,
onde tudo é facilitado entre os signatários.” Apesar de o
bloco ter se mostrado fraco, as regras apresentadas no
Tratado de Assunção nortearam a decisão do governo argentino. “Para não aumentar tarifas, se expandem as barreiras burocráticas. Assim a lentidão adia a entrada de
novos players.”
Ao mesmo tempo em que impede o crescimento das
empresas daqui, protege os empreendimentos de lá. O
representante da Câmara Brasil-Argentina destaca que a
economia do país vizinho é infinitamente menor que a
brasileira e, por isso, mais frágil. Para evitar que o elefante esmague a formiga são utilizadas artimanhas. Neste
caso, destaca Gleisner, o comércio de bens no mercado
interno não é atingido; o comércio exportador, que é
pequeno, sim; os serviços ao comércio exterior são particularmente afetados.
Briga de cachorro grande
Protecionismo é uma das expressões mais temidas e
ao mesmo tempo mais usadas no comércio internacional.
Mas, apesar do nome, medidas que têm por objetivo proteger a economia de determinado país podem acabar prejudicando este mesmo mercado. Conforme Flores, os
governos pensam no curtíssimo prazo, somente no pri-
meiro momento das relações comerciais globais. “O protecionismo indefinido é o problema. Prejudica por ser irracional.” Nesta linha, um país deve se proteger quando houver
um perigo eminente, mas não pode manterse assim por muito tempo. É uma situação
temporária. “A função das barreiras é suprir a
economia nacional, evitar o desabastecimento e preservar o emprego”, explica o gestor
de negócios da Câmara Brasil-Argentina.
Um exemplo de proteção às avessas se deu
no setor automobilístico brasileiro há pouco
mais de uma década. Enquanto os modelos
mais atualizados tinham sua entrada no país
dificultada ou proibida, os produzidos aqui
enfrentavam um verdadeiro processo de sucateamento. “A concorrência externa gera o
aprimoramento dos produtos e serviços, enquanto o oposto trava a economia.” De outro
lado, as nações vítimas dessas medidas, como
agora o Brasil em relação ao país vizinho, reclamam da falta de liberdade para atuar.
O volume de exportação fica limitado ao tamanho da barreira, o que prejudica também o
crescimento das empresas nacionais.
Hecho em Brasil
A Argentina é o destino de:
Itens da indústria metal-mecânica
(como tubos de ferro, aço)
Carnes
Automóveis
Produtos de higiene
Autopeças
Café
Tratores
Algodão
Linha branca (como geladeira,
fogão, lavadora)
Cobre
Calçados
Chocolates
Plásticos
Equipamentos para agricultura
Lápis
Rolhas e tampas
Têxteis
Motocicletas
Papéis
Inseticidas
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Número 49 – Maio 2009
ção de licenças não automáticas na exportação para a Argentina não é barreira, e sim políticas de atuação. “Todo
país tem políticas industriais e comerciais que visam à proteção do mercado interno.”
35
Número 49 – Maio 2009
Lúcia Simon
CON SUMO
36
Que são elas as
donas da decisão
de compra não há
dúvidas. Todos
sabem que elas
adoram passar o
cartão de crédito e
assinar cheques.
O questionamento
é como chegar
até elas.
Uma estratégia útil
é o bom e velho
Clube da
Luluzinha
Clube da
Luluzinha
ulher adora reunir as amigas para dar
uma fofocadinha básica. Atualizar as
informações sobre família, amigos,
moda, trabalho e cultura é um dos programas
prediletos do público feminino, e se esses encontros incluírem situações de consumo o
momento se torna perfeito para muitas delas.
Para Denise Gallo, sócia-diretora da Uma a
Uma Pesquisa e Estratégia, consultoria voltada
especificamente para o universo feminino, a
razão para a preferência se dá porque as mulheres se interessam mais pelo contato inter-
M
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
pessoal, são bastante inclinadas às amizades e parcerias e,
em geral, conectam-se pelo sentimento de empatia.
Essa característica faz parte da vida feminina há séculos. Ainda na Idade Média era comum que as mulheres da
corte se reunissem para olhar as últimas confecções; vestidos e joias eram os itens prediletos da monarquia. Hoje
essa prática é conhecida por grande parte do público feminino. Afinal, atire a primeira pedra aquela que nunca participou de uma reuniãozinha pra ver as semijoias que a amiga
vende ou, ainda, roupas, cosméticos, itens de utilidade doméstica. Aliás, a variedade de produtos é proporcional à
diversidade de personalidades.
CONSUMO
Tagarelas e flexíveis
Elas comunicam-se com muita facilidade e gostam de
trocar experiências, dar e pedir conselhos. No processo
de compra feminino, as opiniões de amigos e conhecidos
funcionam como um atalho, um facilitador da decisão.
“Esta prática é tão comum que, nos Estados Unidos, surgiu o termo croping, de credible opinion (opinião com credibilidade), para designar o hábito feminino de recorrer a opiniões de terceiros como uma etapa no processo de decisão”, comenta Denise.
Neste sentido, reuniões femininas são ambientes propícios a estas manifestações. “É por
isso, também, que o boca a boca entre as mulheres é tão intenso e que, cada vez mais, os
profissionais de marketing estão atentos às formas de otimizá-lo em favor das marcas. As
pesquisas mostram que as mulheres disseminam mais informações, acreditam mais nos
dados obtidos através de recomendações e
têm maior inclinação para agir a partir daí.” Já
para o público masculino a tática não funciona
bem. Os homens são mais objetivos e pragmáticos na hora da compra. Não buscam tantos detalhes, valorizam a autonomia. “Costuma-se dizer que o processo de compra masculino se dá de forma linear, e o feminino, de
forma espiral”, explica Denise.
Nos encontros proporcionados pela Avon
são várias as vantagens. “Eles tornam o contato com a empresa um momento muito agradável e informativo, porque visamos a melhorar
a sua lucratividade, a oportunidade de experimentação dos cosméticos e a troca de experiências. Além disto, nesses encontros elas também têm acesso a informações sobre sua saúde e as causas que a empresa
abraça, como a prevenção do
câncer de mama e a questão
Vender para mulher parece fácil. E em
da violência doméstica”, cogeral é. Mas elas costumam ter preferênmenta Linardi.
cias por alguns tipos de produtos:
Conforme a consultora da
Lanches
Uma a Uma, há muitas variáDoces
veis que irão interferir na quanJoias (bijuterias)
tidade que se vai consumir.
Artesanato
“O que podemos dizer é que
Itens de utilidade doméstica
a experiência de compra, inRoupas
serida em um contexto de
Cosméticos
opiniões confiáveis e favoráObjetos de decoração
veis, de troca, empatia e soSapatos
ciabilidade, pode ser um imBolsas (acessórios em geral)
portante impulso ao consumo feminino.”
Vamos às compras?
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Número 49 – Maio 2009
A procura por este tipo de consumo é tão significativa
que hoje existem empresas focadas nos encontros de negócios, como é o caso da Avon. Luciano Linardi, diretor
de Desenvolvimento de Vendas da empresa, comenta que
o negócio aposta na venda direta e, por isso, o relacionamento é fundamental. Seguindo esta linha, são promovidos eventos com funcionários da empresa e revendedoras.
“São realizados 19 encontros em cada campanha de vendas. As gerentes de setor têm disponíveis materiais audiovisuais que ajudam na ambientação do local, além, é claro,
de todo suporte de treinamento para que estejam preparadas e capacitadas para representar a companhia e oferecer
as informações necessárias para que as revendedoras tenham sucesso na sua atividade.”
Bem mais casuais são os encontros de negócios realizados pela família de Ana Paula Oliveira. Assistente da Secretaria de Justiça e Desenvolvimento Social do Estado no horário comercial e empreendedora durante as 24 horas do dia,
a gaúcha já vendeu de tudo. “Comecei a vender lanches na
faculdade, mas vi que não estava funcionando muito bem e
há dez anos optei pelos bombons.” Semanalmente ela e a
família do namorado realizam a Janta das Lulus.
Com o propósito de trocar experiências, conversar e
dividir novas ideias sobre vendas, as participantes expõem
seus produtos e acabam realizando compras e vendas ali
mesmo. “Todas vendem algo. Desde alimentos, chocolates, joias, guardanapos, até produtos de limpeza.” Ana Paula garante que o importante é ter itens para pronta-entrega
e, seguindo essa regra básica, os resultados tendem a ser
bastante positivos. “Gera renda a mais. Sem dúvida compensa bastante”, comemora.
37
C O M P O R TA M E N TO
O que fazer quando
Recompensas e
prestígio nem
sempre garantem a
motivação dos
gestores na hora
de conduzir o
barco. O segredo é
conhecer e amar o
que se faz.
O resto é lucro!
falta corda
A
os olhos da maioria dos mortais, especialmente dos que almejam abrir uma
empresa ou ascender à liderança, manter distância do relógio-ponto e ter liberdade
de traçar o próprio caminho pode ser sinônimo de eterna felicidade profissional. Quem já
possui a alcunha de chefe, porém, sabe que a
vida de gestor não é cor-de-rosa e, frente aos
entraves cotidianos, pode ser assombrada a
qualquer instante pelo fantasma da desmotivação. Executivo há 15 anos, o jornalista e proprietário da Spicy Media, Adriano Silva, confessa que a experiência de virar dono do próprio nariz é, de fato, cheia de altos e baixos. “É
Cinco armas para combater a desmotivação
Fortalecer o autoconhecimento: identificar o que
realmente se quer e por quê
Número 49 – Maio 2009
Adotar uma atitude positiva: crer que pode ser feito,
conquistado, acreditar no sucesso almejado
38
Livrar-se das desculpas: evitar o “eu não posso”,
“não tenho conhecimento”, “não tenho saúde”,
“não tenho inteligência”
Usar bem o tempo: definir metas e prioridades,
as ações importantes que nos levarão ao
nosso objetivo
Sempre lembrar que também há vida lá fora!
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um teste frequente de autoconfiança, perseverança e capacidade de lidar bem com a pressão e a ansiedade”, avisa.
Experiente em educação relacionada a gestores, o economista Roberto Tranjan, autor do livro Pegadas — como
atravessar os sete mercados e alcançar prosperidade nos negócios e na
vida, afirma que é comum encontrar executivos desmotivados, um perigo latente para a saúde pessoal e dos negócios. “Um gestor é sempre referência para sua equipe.
Quando está desmotivado, isso contagia todos ao seu redor, afetando o desempenho e os resultados.”
No longo prazo, as consequências da falta de motivação podem ser devastadoras. Carente de estímulo, a tendência é que o gestor passe a só ver pontos negativos na
empresa e nas pessoas, o que pode acarretar problemas
de relacionamento e perda do poder criativo. “A capacidade de decisão é afetada, e decisões erradas causam efeitos negativos”, observa o coach e autor do livro Sucesso ou
Fracasso? 21 Leis do Poder, Daniel de Moraes.
Me dê motivo...
Amplas responsabilidades, excesso de burocracias e
pouco tempo para o lazer e a família. Embora, à primeira
vista, esses possam ser fatores que induzam os executivos
à desmotivação, Tranjan ressalta que a maior vilã é a ausência de valores, propósito e significado no ambiente de
trabalho: “Esse é o grande mal que assola as empresas,
principalmente em tempos de crise, quando as atenções
se canalizam para a sobrevivência, custe o que custar”.
Lúcia Simon
C O M P O R TA M E N TO
O economista aponta que os gestores candidatos a perder o ânimo são justamente aqueles que se
deixam seduzir por recompensas extrínsecas, como
bônus, prêmios ou extras financeiros e materiais:
“Não que isso não seja importante, mas não pode
exceder as recompensas intrínsecas, como o senso
de propósito e auto-realização”, lembra.
A escassez de motivação de gestores também
pode ter outras várias origens. Falta de reconhecimento por parte de superiores, resultados negativos, mudanças bruscas no mercado e falta de plano
de carreira que permita crescimento profissional e
pessoal são alguns exemplos. Para Moraes, entre os
fatores mais sérios está a falta de compreensão por
parte do executivo do valor de sua atividade. Conforme ele, a desmotivação surge quando não há clareza a respeito das finalidades pessoais e profissionais que movem o gestor.
Para resolver – ou ao menos minimizar – problemas de desmotivação em seu quadro, algumas empresas têm adotado a figura do coach. Praticamente
um consultor, o coach atua como “porto seguro” de
gestores que buscam conselhos e indicações para desenvolver suas competências. Conhecedor da tarefa,
Moraes explica que a ideia é efetuar mudanças: “A
base das sessões são perguntas. O coach é um perguntador com objetivo de gerar ações. Mas, ao contrário
de terapias, ele centra-se no presente e no futuro”.
Nessa jornada pela busca de soluções, um dos
questionamentos é a crença de que a motivação
tenha relação direta com o lucro, o que, segundo Tranjan,
é um grande erro por parte dos executivos. “A desmotivação está na perda de significado, não de dinheiro”, adverte. Moraes também defende que a inércia tem mais
vínculos com a falta de realização do que de cifras: “Passamos grande parte de nossa vida trabalhando e outra pensando no trabalho. Se não temos amor pelo que fazemos,
o resultado é a desmotivação”.
Para Adriano Silva, a solução também desemboca no
amor pela atividade: “O fundamental é buscar fazer algo
de que você gosta, que considera fazer bem e
que os outros reconhecem como uma competência central sua”. O jornalista destaca
ainda que é importante o gestor ter consciência de que cada dia é um dia, que nos negócios não há nada definido, portanto viver o presente é fundamental. “Projetar o futuro e remexer no passado são exercícios importantes.
Mas é essencial manter a cabeça no presente.
É no presente que a vida acontece.”
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Número 49 – Maio 2009
É solução pra mim...
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VENDAS
Andarilho
comercial
Número 49 – Maio 2009
Steve Woods/Stock.xchng
Ele sai de casa todas as manhãs com a tarefa de vender o
produto ou serviço da sua empresa; por isso a relação entre
empresário e representante comercial deve estar pautada na
amizade e na parceria inerentes a um trabalho em equipe
40
N
o tempo em que não havia internet nem telefone, e
em que para vencer as longas distâncias entre uma cidade e outra eram precisos dias sobre um cavalo ou
carroça, ele era conhecido como caixeiro viajante. Passava
dias longe de casa e sua maleta estava sempre cheia de objetos que agradavam ao gosto do freguês. As facilidades de
comunicação oriundas da evolução do tempo, como o telefone móvel ou até mesmo a criação do automóvel, foram
decisivas para agilizar o dia a dia destes vendedores andarilhos. A importância deles, entretanto, não mudou muito,
apenas se adaptou à nova dinâmica da economia mundial.
Se antes eles eram o único elo entre o cliente e a empresa,
hoje os representantes comerciais são ferramenta essencial
para vencer a concorrência.
Por conta dessa posição significativa, as ações de vendas executadas pelo representante comercial devem estar
inseridas no planejamento estratégico da empresa. “A relação entre o empresário e sua rede de representantes precisa ser de amizade e parceria”, aconselha Wilson Mileris,
conferencista, treinador e consultor nas áreas de liderança,
motivação e vendas. A percepção de que o trabalho
conjunto dará certo deverá acontecer já na escolha do profis-sional; lembrando que ele irá não apenas vender o seu
produto, mas levar a imagem da sua empresa para o comprador em potencial. “Antes de selecionar, é interessante
traçar o perfil do cargo, ou seja, definir qual a formação
exigida, o nível de responsabilidade, as tarefas a serem desenvolvidas e todas as demais questões fundamentais no
momento de desenhar a vaga.”
Autônomo ou contratado?
É também na hora de traçar o perfil do cargo que se
escolhe pelo representante autônomo ou contratado. Antes, é preciso saber quem são estes dois profissionais. SeFECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
VENDAS
Perfil
Gerenciar e treinar
Alinhar o representante comercial
às estratégias de atuação da empresa
exige empenho de ambos, com investimento em treinamentos. “Neste mercado é comum encontrarmos profissionais autodidatas e que possuem um
conhecimento empírico; entretanto,
muitos deles só possuem o nivel médio e deixaram de se atualizar”, observa o consultor. O ideal, segundo Mileris, é promover a educação continuada, aumentando assim o poder de negociação, compreendendo um pouco
mais sobre estratégia e sobre ponto
Fuja da informalidade
Não é difícil encontrar um relacionamento entre empresário e representante comercial regido pela informalidade, a fim de economizar impostos. Entretanto, Mileris adverte que essa prática pode ter efeito contrário, uma vez que
em caso de desentendimento o representante possui amparo legal para entrar na Justiça contra o empresário com
igual direito de um profissional contratado. “Em alguns casos, o prejuízo é
maior do que se o empresário tivesse
um representante com vínculo empregatício. É fundamental preservar a relação e incluir no contrato um cláusula
de renúncia que não traga ônus exorbitante”, adverte. Divergências à parte,
alinhando ética e responsabilidade a
produtos e serviços de qualidade, o sucesso dessa parceria é fórmula certa.
Presidentes dos Sindicatos dos Representantes
Comerciais (Sirecom) do interior do Estado
traçam o perfil deste profissional
“O representante tem que ter caráter,
honestidade e ética. Ser uma pessoa
equilibrada emocionalmente e ter em mente o
seu produto e não o do concorrente.”
Divulgação/Sirecom Lajeado
de venda. “Para superar o pouco conhecimento sobre essas questões, o
representante assedia muito mais o cliente, uma prática que nem sempre é
bem vista, por isso é preciso possuir
esse saber específico da área.”
Os representantes estão a par da
importância desse conhecimento: “A figura do representante carregador de
pasta não existe mais, quanto maior o
grau de formação melhor o conhecimento de mercado; ele deve estar, no
mínimo, cursando uma faculdade”, destaca Valdir Applet, presidente do Sindicato dos Representantes Comerciais
de (Sirecom) Lajeado. “É preciso olhar
para a profisão como uma oportunidade de trabalho e não como um quebra-galho”, completa Airton Floriani,
presidente do Sirecom Erechim.
Valdir Applet
Presidente do Sirecom Lajeado
“Empreendedor e planejador são características
fundamentais em um representante comercial. ”
Maria Cecília Pozza
Presidente do Sirecom Caxias do Sul
“O conhecimento de mercado é importante para
quem deseja obter sucesso na profissão.”
Darci Alves Pereira
Presidente do Sirecom Santa Maria
“Boa apresentação e honestidade com os clientes
são questões importantes na profissão.”
Antônio Clóvis Kappaun
Presidente do Sirecom Vale do Rio Pardo
“A tarefa não é fácil, por isso persistência e
seriedade são fundamentais.”
Hildo Cossio
Presidente do Sirecom Pelotas
“O representante comercial deve ser uma
pessoa idônea e ética, ciente das suas
obrigações com a categoria.”
Liones Bittencourt
Presidente do Sirecom Uruguaiana
“A profissão exige automotivação,
caráter e comprometimento.”
Airton Floriani
Presidente do Sirecom Erechim
“Ele precisa estar atualizado em todos
os aspectos: informática, produto e
conhecimento de mercado.”
Elvio Ranzi
Presidente do Sirecom Bento Gonçalves
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Número 49 – Maio 2009
gundo Mileris, o representante autônomo tem como principal característica a
autogestão; por trabalhar por conta própria, o autônomo é um empreendedor
mais maduro. “Eles possuem um melhor conhecimento de mercado e apresentam um nível de resposta mais automático.” O profissional contratado,
para o empresário, oferece a vantagem
de um controle maior sobre suas ações.
“É possível impor regras mais rígidas.”
A grande diferença entre eles está
na exclusividade: “Enquanto o representante autônomo trabalhará com
outras empresas, o contratado será exclusivo, o que pode render estratégias
mais direcionadas e treinamentos mais
pontuais”. Para Mileris, a opção mais
saudável é ter os dois tipos de profissionais; entretanto, o representante autônomo é mais indicado para praças
pulverizadas, por oferecer um risco
menor; e nas grandes empresas, onde
há um movimento significativo de
compras, uma força própria é a alternativa mais interessante.
41
Fotos: Lúcia Simon
GASTRONOMIA
Os efeitos da
culinária
O cheirinho da comida no fogão pode despertar
muito mais do que o desejo de degustá-la. É fator
desencadeante de uma nova paixão. Não é à toa que
a cada dia cresce o número de pessoas que trocam
antigos empregos pelos prazeres da gastronomia
alta apenas uma hora para o bar abrir.
As cadeiras ainda estão sobre a mesa,
as caixas de bebida ainda estão no salão. Sob o olhar atento do proprietário, os
funcionários se revezam na limpeza do local,
no preparo da comida, na lavagem de copos,
talheres, pratos e demais utensílios que compõem a rotina do Boteco Natalício. Entretanto, tudo está sobre controle, logo mais às 17h
as portas serão abertas para os fregueses habi-
Número 49 – Maio 2009
F
42
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
tuais que aproveitam o local para um happy hour ou simplesmente para uma conversa fiada entre amigos. Próximo ao centro de Porto Alegre, o boteco é propriedade de
Eduardo Natalício, 28 anos, pernambucano. O jovem chegou em terras gaúchas há cerca de cinco anos e trouxe
consigo a experiência empresarial de quem já foi proprietário de uma casa lotérica, lá no Recife, e o dom pela culinária, herdado do pai, também cozinheiro.
A ideia inicial era continuar a venda de churrasquinho, negócio que ele tinha no balneário de Porto de Galinhas (PE), nos supermercados gaúchos – prática comum
no Nordeste. Sem sucesso, Natalício recusava-se a retornar ao empreendimento lotérico. Decidiu fazer um curso
de gastronomia no Senac-RS e ali profissionalizou o dom,
o que o incentivou a trazer para Porto Alegre um novo
conceito de bar. “O Natalício quebra, além da tradição
gaúcha de café e pubs, o antigo conceito de boteco pé-
GASTRONOMIA
sujo”, explica o proprietário, que além de ter elaborado
todo o cardápio – que inclui a famosa casquinha de siri e o
caldinho de feijão servidos nas praias nordestinas – é responsável pela decoração do ambiente, que inclui o divertido espalhar de ditos populares pelas paredes do bar.
Dos livros para a panela
Assim como Natalício, dezenas de pessoas seguiram
seu instinto e trocaram antigos empregos pelo prazer
proporcionado pela culinária. A cozinha, para elas, é
quase um laboratório de alquimia, onde a mistura de ingredientes desperta uma paixão sem precedentes. Sobre o efeito enigmático da gastronomia também se encontra o advogado André Rigo, 36 anos, gaúcho: “É um
prazer criar pratos novos”. Desestimulado pela rotina
da advocacia, profissão que exerce há mais de 15 anos,
Rigo decidiu seguir o conselho de um amigo e hoje reserva suas manhãs para o mesmo curso de gastronomia
feito por Natalício no Senac. “A gastronomia me leva da
teoria para a prática. Fico maravilhado com todos os passos para o preparo de um prato, da escolha dos ingredientes à apresentação”, conta.
Em busca de novos desafios para a carreira profissional, Rigo pretende, ao final do curso, abrir seu próprio
restaurante. “O Direito me
deu a chance de juntar recursos que me permitem
seguir nessa empreitada,
mas não recusaria ser empregado na cozinha de um
bom restaurante”, conta.
Acredita-se que a valorização da culinária brasileira por chefs estrangeiros
tenha sido um dos principais agentes motivadores
do aumento da oferta de cursos de gastronomia, e da procura por eles. Hoje, os interessados em seguir a profissão não precisam mais
deixar o país, é possível encontrar boas escolas também no Brasil. Entretanto, apesar do
fascínio transmitido pela possibilidade de inovar a cada prato preparado, é bom lembrar
que ser chef não significa apenas saber interagir com ingredientes. “Cabe ao chef toda a
administração da cozinha do estabelecimento, passando pela liderança de equipe até a
limpeza do local”, destaca Natalício.
Eduardo Natalício
posa na janela da
cozinha ornada com
a foto de seu avô
A
troca da antiga profissão pela
gastronomia parece tão comum
quanto receita de bolo. O próprio professor do Curso de Cozinheiro Básico do Senac-RS já passou por essa
experiência. Formado em engenharia civil, Sander Beschor teve seu
desejo pela culinária despertado
durante período que passou estudando inglês em Londres. “Para me
sustentar comecei lavando pratos e
aos poucos fui me envolvendo com
o preparo dos alimentos”, conta.
Mesmo com a proposta de trabalhar
na cozinha do Hotel Hilton, Sander retornou à cidade de Santa Maria, onde concluiu a graduação e fez
um curso de cozinheiro no Senac
local. Entre 2004 e 2006, exerceu a
profissão de engenharia no Nordeste, quando, cansado do trabalho,
passou a trabalhar à noite em um restaurante de massas. Seu trajeto inclui
um retorno a Londres, um renomado
curso de gastronomia na Argentina e
a participação na cozinha de um re-
sort catarinense, até o retorno a Porto Alegre, onde há um ano é professor do Senac-RS. Há cerca de um
mês abriu seu próprio restaurante, o
Farofa, no prédio do Sindicato dos
Bancários, na capital. No Senac,
Sander ensina técnicas do trabalho
de cozinheiro, planejamento de cardápios, boas práticas para serviços
de alimentação e serviço de restaurante, totalizando 400 horas-aula.
Mais informações sobre o curso no
site www.senacrs.com.br.
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Número 49 – Maio 2009
É na cozinha que se aprende
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Plantando
F L O R E S TA M E N TO
Lúcia Simon
vida nova
É
antiga a discussão sobre as formas de coibir o desmatamento e a redução da área coberta por árvores nativas no Brasil, com especial destaque para a
Mata Atlântica. Essa floresta, predominantemente distribuída na faixa litorânea brasileira, ocupando parte de
11 estados, sofre constantes ataques com a exploração
comercial e imobiliária. Para agravar o problema, uma
indústria bem organizada sobrevive da extração da madeira nativa dessa região.
Ao desmatar o meio ambiente, não apenas se abre
espaço para a concentração de gás carbônico na atmosfera: impede-se o desenvolvimento de outras espécies
de plantas, animais e até insetos, necessários na manutenção do equilíbrio natural. Dois movimentos são de
extrema importância: impedir efetivamente o desmatamento e ampliar o reflorestamento, com árvores nativas,
de acordo com cada região.
O processo é lento e dispendioso, pois envolve a
preparação do solo, cultivo, manutenção das mudas e
mapeamento do plantio. São utilizadas espécies pioneiras, cujo crescimento é mais rápido e se adapta às severas temperaturas, formando uma cobertura natural que
fornece melhores condições de sombra e umidade. Assim, o terreno fica apto a receber espécies nobres, não
Número 49 – Maio 2009
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Reflorestar é palavra de ordem em tempos
de recursos naturais cada vez mais escassos.
A Mata Atlântica tem hoje apenas 7,3% de
sua área original. A floresta é só um
exemplo para o estado de alerta
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
F L O R E S TA M E N TO
pioneiras. Ao longo dos anos, essas mudas crescem, ultrapassam as primeiras, que eventualmente morrem depois de cumprir o seu papel. O objetivo é chegar o mais
próximo possível da composição original.
Perto de nós
No Rio Grande do Sul, onde há dois biomas principais, o Pampa e a Mata Atlântica, diversas iniciativas buscam a sustentabilidade dessas florestas. No início da
atual década, um convênio firmado entre o Estado e a Universidade Federal de Santa Maria originou o Inventário
Florestal Contínuo RS, atualizado em 2007 e até hoje sem
similar no país. O estudo utilizou modernas técnicas de
geoprocessamento e um sistema computacional específico, fornecendo informações para conferir e classificar a
vegetação, determinar sua situação atual, estruturas, potencial madeireiro e de regeneração natural, entre outras.
“Os dados nos ajudam a monitorar os biomas do Estado. Na comparação entre 2003 e 2007, por exemplo, notamos que as áreas de floresta de Mata Atlântica não sofreram degradação. Um avanço que demonstra o resultado
efetivo das políticas e iniciativas ambientais”, comenta Vera
Lucia Lopes Pitoni, gerente executiva do Projeto Conservação da Mata Atlântica. O projeto integra o Pacto pela
Restauração da Mata Atlântica, iniciativa nacional lançada
em abril por entidades ambientalistas, governos, empresas e instituições de pesquisa.
O papel do Estado é fazer a manutenção
das políticas públicas e também propor e
apoiar iniciativas, como as que já vêm sendo
realizadas junto a produtores rurais, localizados nas regiões de floresta. “Essas pessoas precisam da área para o plantio. Nosso trabalho é
fornecer a orientação e também fiscalizar o uso
sustentável da terra. A Lei da Mata Atlântica
já prevê o cultivo de frutos e produtos não
madeiráveis. O Pacto, assim como o programa estadual, reforça a atuação da legislação.”
Pitoni lembra que todas as ações de reflorestamento são benéficas, pois manter o que
sobrou da Mata Atlântica já não é suficiente.
É necessário replantar. “São soluções locais
para um problema global”, afirma.
A restauração florestal garante a manutenção e o fortalecimento das espécies e biótipos remanescentes da Mata Atlântica. Propicia ainda a troca genética e a consequente
proteção da biodiversidade, a regulação do
clima e a redução dos efeitos da poluição. Importante também é a restauração das matas
ciliares, que conservam as margens dos rios e
bacias, evitando desmoronamentos causados
pela erosão do solo e servindo de salva-guardas para enchentes.
N
o dia 27 de maio, o Sesc-RS
promove o plantio de 250 mil
mudas de árvores nativas como parte do desafio social do movimento
Dia do Desafio (DDD). O objetivo da iniciativa é mobilizar os gaúchos nas questões ambientais e assegurar a preservação de um dos
maiores bens naturais que possuí-
mos. As mudas serão disponibilizadas nos municípios participantes do
DDD 2009, envolvendo prefeituras
e secretarias de Agricultura e de
Meio Ambiente. A expectativa é envolver de crianças a idosos na restauração do ambiente natural.
Realizado anualmente na última
quarta-feira de maio, o Dia do Desa-
fio é uma iniciativa que já tomou proporção mundial, propondo que as pessoas mudem sua rotina. Inicialmente
voltado só às atividades físicas, o
DDD, que no Brasil é capitaneado
pelo Sesc, já abrange ações de lazer,
saúde, meio ambiente e responsabilidade social. Mais informações no site
www.sesc-rs.com.br.
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Número 49 – Maio 2009
O nosso desafio
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Rosi Boninsegna/Fecomércio-RS
O discurso e o
Rafael Pandolfo*
Número 49 – Abril 2009
VISÃO TRIBUTÁRIA
exemplo
46
de 7,6% da Cofins seria mais sincera), a propalada redução do IPI significa mais um disparo contra a precária
situação financeira desses entes federativos, que já haviam sido atingidos pela redução das alíquotas do imegundo um conhecido e antigo provér- posto de renda (pessoa física). Além disso, a redução é
bio italiano, quando l’aqua toca el culo, se tímida, e não desata um dos grandes entraves ao cresimpara a nadare. As medidas fiscais ado- cimento econômico e à geração de empregos: a contritadas pelo governo federal, em virtude da gra- buição previdenciária sobre a folha de salários. A suve crise que assola o sistema financeiro mun- pressão da contribuição sobre a folha – tributo incidente
dial – afetando a liquidez e o consumo –, pa- sobre despesa – teria como efeito imediato a desoneração
recem decorrer mais desse imde um pesado fardo suportado por
pulso instintivo de sobreviquem gera empregos e possibilitaria
A redução do IPI não
vência do que de um concaa criação de novos postos de trabadesata um dos grandes
tenado plano destinado ao
lho; gerando aumento no consumo e
entraves ao
crescimento econômico e ao
na arrecadação, indireta e direta, com
crescimento
controle “qualitativo” (e não
o próprio imposto de renda.
econômico e à geração
apenas “quantitativo”) das
Não se compreende como a reladespesas públicas.
tivização dos direitos trabalhistas pode
de empregos
A desoneração tributária
ser considerada a pauta do dia pelo
sobre o consumo parece correta, embora a governo, quando ele próprio parece não colaborar com
eleição dos tributos sujeitos a essa medida sua parcela na redução dos custos incidentes sobre a
atinja, diretamente, as receitas dos estados e geração de empregos. Antes de pedir que os outros
dos municípios. Isso porque o IPI integra o abram mão, o governo federal deveria fazer sua parte,
Fundo de Participações desses entes, de acor- alterando aquilo que está ao seu alcance e não atinge os
do com a repartição das receitas tributárias direitos ou a arrecadação de terceiros. Ou seja, deixar o
prevista pela Constituição. Além de represen- discurso e dar o exemplo.
tar esmola paga parcialmente com dinheiro
alheio (uma redução na escorchante alíquota *Consultor tributarista da Fecomércio-RS
S
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
A L I M E N TO S
Na caixa e do
jeito certo
A padronização no manuseio, transporte e armazenamento dos produtos in natura
comercializados na Ceasa-RS é o ponto-chave do Programa Ceasa no Capricho. Os empresários
precisam agora se adaptar às mudanças, em vigor desde março
s enormes pilhas de caixas de madeira, por muito
tempo aglomeradas no terreno e nas imediações
da Central de Abastecimento (Ceasa-RS), e também alternativa de renda extra para mais de 60 pessoas
que revendem o material, estão com os dias contados. O
sistema denominado de Central de Caixas do Programa
Ceasa no Capricho, em implantação desde 2008 e que
consumiu mais de R$ 3,5 milhões, entrou em vigor no
início de março com a proposta de adequar os procedimentos de manuseio, transporte e armazenamento das
mercadorias a uma instrução normativa conjunta de Anvisa, Inmetro e Ministério da Agricultura.
A determinação federal, em vigência há seis anos, pretende barrar a contaminação de lavouras por infestações
de fungos e pestes que podem se alojar nas fibras da madeira das caixas. Também a queda na cadeia produtiva –
do campo até o varejo – deve ser reduzida, já que as embalagens plásticas são higienizáveis e as hortaliças, frutas,
legumes e outros vegetais são acondicionados de forma
sistemática e padronizada.
A
pode durar seis ou sete anos”, avalia Luciano
Medeiros, sócio da Central de Caixas.
O sistema consiste na troca das caixas
entre compradores e revendedores. É como
um produto com embalagem retornável, porém, com validação por um cartão de créditos. Por exemplo, se o comprador adquiriu 10
caixas, ele carrega o cartão com 10 créditos.
Na hora da compra ele leva 10 caixas de produto e transfere os seus créditos para o fornecedor. Quando retornar ao Ceasa, ele entrega
as embalagens à Central de Caixas para serem higienizadas e pode recarregar seu cartão com os créditos ou receber o valor correspondente. “Ele só vai comprar uma vez as
caixas de que necessita. A partir daí, utiliza o
cartão para negociar.”
Até o momento, 250 pessoas foram cadastradas em um universo de aproximadamente
1.000 produtores e 250 atacadistas, além dos
clientes diários.
O que muda
Mais detalhes da Central de Caixas
Garantia de que o peso e a quantidade dos produtos estarão corretos
Maior agilidade e menor custo operacional interno
Papelão e madeira são agora opções descartáveis – só se utiliza uma vez
O Ceasa-RS funciona às segundas-feiras das 4h às 18h e de terça a
sexta-feira das 13h30 às 19h
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Número 49 – Maio 2009
Para o empresário que faz as compras no entreposto,
a principal mudança promovida pelo sistema é segurança
da procedência, a qualidade dos produtos e, ao que tudo
indica, uma sensível queda nos preços, uma vez que o
custo sobre a perda poderá ser reduzido. “O gasto com
caixas será menor. Embora produtores e clientes paguem
em média R$ 15 em cada peça, se bem conservada ela
47
Rosi Boninsegna/Fecomércio-RS
Número 49 – Abril 2009
V I S Ã O T R A B A L H I S TA
Flávio Obino Filho*
48
Aviso prévio e
Previdência
ria. Não há retribuição de trabalho (conceito de salário
de contribuição), mas tão-somente indenização ao empregado pelo período em que seu empregador optou por
não usufruir a prestação de serviços.
Salta aos olhos, até do observador menos avisado,
governo federal, em janeiro deste ano,
através do Decreto 6.727, revogou dis- que esse simples decreto não pode, em um passe de
positivo do Regulamento da Previdên- mágica, alterar a natureza jurídica de uma parcela.
Neste cenário, a Confederação dos Trabalhadores no
cia Social, que elencava de forma expressa o
aviso prévio indenizado como verba não in- Comércio ingressou com medida judicial em Brasília e
obteve liminar garantindo para todos os
tegrante do salário de conEsse simples
comerciários brasileiros o não desconto
tribuição. Segundo o Exede parcela previdenciária incidente sobre
cutivo, com a alteração
decreto não pode, em
o aviso prévio indenizado. Como as emproduzida, passa a ser exium passe de
presas são meramente agentes de descongível o recolhimento de
mágica, alterar a
to e repasse desta parcela, instalou-se um
contribuição previdenciária
natureza
jurídica
de
clima de insegurança jurídica, pois sen(da empresa e do empregauma parcela
do a ação futuramente julgada improcedo) sobre a parcela.
dente poderão ser as empresas instadas
O dispositivo legal,
contudo, não tem o alcance pretendido. Ora, ao pagamento da contribuição que não descontaram.
De outra banda, o recolhimento previdenciário da
na forma do art. 28 da Lei 8212/91, somente
integram o salário de contribuição as parce- empresa sobre a mesma parcela onera a rescisão. Assim,
las de natureza salarial. Não é este o caso do algumas empresas e sindicatos na representação destas
aviso prévio indenizado. A expressão utiliza- estão se socorrendo do judiciário e obtendo provimenda pelo legislador, “destinados a retribuir o tos liminares para não cumprimento da nova exigência.
trabalho”, atrai a ilação lógica de que as par- Nossa expectativa é de que as ações sejam julgadas procelas de natureza indenizatória não integram cedentes, mas aconselhamos que os valores, por cautela,
o salário de contribuição. O aviso prévio in- sejam depositados em conta judicial.
O
denizado, como a própria denominação sugere, é uma parcela de natureza indenizató-
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
*Advogado trabalhista-sindical da Fecomércio-RS
MAIS & MENOS
Desoneração para vendas
Paixão pela rede
Depois dos automóveis,
o governo federal reduziu, em
meados de abril, para
25%
0%
o Imposto de Produtos Industrializados (IPI) da Linha Branca
Sonho do carro próprio
Locação de automóveis
As locadoras de automóvel brasileiras garantiram
209.061
empregos diretos e indiretos em
2008. Os números constam no
recente Anuário da Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis
O preço de uma refeição
No primeiro trimestre deste
ano, a venda de veículos
novos no Estado cresceu
4,78%
na comparação com o mesmo
período do ano passado.
A informação é do Sindicato
dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no Estado
16,26
aos brasileiros. O valor compõe
levantamento feito pela empresa de
pesquisas Ipsos e divulgado pela
Associação das Empresas de
Refeição e Alimentação Convênio
para o Trabalhador
Protestos em alta
154.989
títulos emitidos por pessoas jurídicas foram protestados na região
Sul, só no mês de março. Um
volume 33,63% maior que o
mesmo período de 2008, segundo
informações da Equifax
Dinheiro guardado
Almoçar fora de casa pode
custar em média
R$
dos adultos brasileiros, entrevistados pela recente pesquisa da
Norton Online Living Report,
revelaram que já se apaixonaram
por alguém na web, número acima
da média mundial (14%)
Exportações em baixa
A exportação industrial brasileira caiu
26%,
no primeiro trimestre de 2009,
comparado com 2008. Os dados
são do Radar, novo boletim de
análise econômica do Ipea
Pesquisa do Instituto Brasileiro de
Estudos e Defesa das Relações de
Consumo (Ibec) sobre
a crise mundial revela que
54%
dos internautas entendem que
é hora de poupar
Medo de fraudes
R$ 12,6 bilhões
em crédito serão liberados para as
empresas do agronegócio. O anúncio foi feito no início de abril pelo
Conselho Monetário Nacional
70%
dos entrevistados pelo Índice de
Segurança Unisys para o Brasil
acreditam que a crise mundial pode
aumentar o risco de roubo de
identidade e crimes relacionados,
como fraudes com cartão de crédito
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Número 49 – Maio 2009
Recursos para o agronegócio
49
CRÔNICA
Por Moacyr Scliar
A glória da
gastronomia
descoberta de um novo prato faz mais
pela felicidade humana do que a descoberta de uma nova estrela.” A frase
é do francês Jean Anthelme Brillat-Savarin
(1755 – 1826), um dos mais famosos gastrônomos de todos os tempos. Ao contrário do
que se poderia pensar, Brillat-Savarin não era
um “chef”; poderia sê-lo, mas fez advocacia e
dedicou-se à política: durante a Revolução
Francesa, tornou-se deputado da Assembleia
Nacional Constituinte, onde ficou conhecido como um “linha dura”, que defendia inclusive a pena de morte. Mais tarde exerceu a
magistratura, mas tornou-se conhecido mesmo por seu livro, “Fisiologia do Gosto”, que
é um clássico da gastronomia. Brillat-Savarin
não é, claro, uma figura única; gênios da culinária existem desde há muito tempo, e um
outro exemplo famoso é o de Marcus Gavius
Número 49 – Maio 2009
“A
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FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Apicius, que viveu em Roma por volta do primeiro século d.C. e a quem são atribuídas inúmeras receitas, tantas, na verdade, que o nome Apicius passou a ser sinônimo de gurmê.
Voltando à frase de Brillat-Savarin, o que nos impressiona é o conhecimento da natureza humana que ela
revela. A descoberta de uma nova estrela pode ser um
acontecimento importante, e não raro dá manchetes de
jornais, mas as estrelas estão longe, e, a não ser do ponto
de vista astrológico e simbólico, pouco influenciam o
nosso cotidiano. Mas comida é coisa diária, e a comida
(ou ausência dela) podem fazer, de um lado, a nossa alegria, e de outro nossa infelicidade. Comer não é apenas
satisfazer a nossa necessidade de calorias e de nutrientes; comer é mais do que isto, é uma coisa simbólica,
como a Santa Ceia demonstra-o bem. De novo BrillatSavarin: dize-me o que comes e eu te direi quem és.
Não é de admirar, portanto, que em nosso tempo a
gastronomia seja muito valorizada. É uma profissão reconhecida e respeitada, e não apenas pelos gurmês. Comer bem, comer adequadamente, tornou-se uma necessidade nesta época em que a obesidade virou epidemia
mundial (e já preocupa no Brasil). As pessoas confundem comer bem com comer muito, e neste sentido a
gastronomia pode funcionar como uma importante ajuda para a saúde. E como uma verdadeira lição de vida:
num prato artístico e bem feito aprendemos que o verdadeiro prazer não depende do excesso, depende da
moderação e sobretudo daquele gosto artístico que Apicius e Brillat-Savarin cultivaram com tanto entusiasmo.
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