AMELINA SILVEIRA MARTINS A ABORDAGEM DA CULTURA EM MATERIAIS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA ESTRANGEIROS Orientador: Profa. Dra. Beatriz Fontana RESUMO: Este estudo se configura como uma pesquisa qualitativa interpretativista que teve como objetivos analisar qual a abordagem da cultura brasileira nos materiais didáticos Tudo Bem? Português para a nova geração, volumes 1 e 2 de língua portuguesa (LP) como língua estrangeira (LE) e nas dicas para uso do professor em sala de aula, disponibilizados no site da Editora SBS dos volumes 1 e 2. Essa análise se pautou pelos princípios da teoria sociocultural, inspirada em Vygotsky para o ensinoaprendizagem de LEs, com foco na relação língua-cultura na interação. A escolha do material citado se deu pela própria experiência de lecionar LP para adolescentes estrangeiros. Além da análise do material didático, foram entrevistados 7 professores de LP para Estrangeiros, atuantes em uma escola particular de Porto Alegre, sobre a prática de sala de aula em relação a material didático e aos princípios da teoria sociocultural. O conjunto dos dados gerados e analisados demonstrou que a cultura brasileira abordada no material é, muitas vezes, idealizada e adaptada para alguns estrangeiros do primeiro mundo. Também ficou evidenciado pelas entrevistas que não há um livro didático (LD) que contemple as necessidades dos professores de LP com LE. Este trabalho pretende não só ajudar os futuros professores na reflexão da prática do processo de ensino aprendizagem LP como LE, mas também chamar a atenção para a carência de materiais didáticos adequados para LP como LE. Palavras-chave: material didático; cultura; língua portuguesa para estrangeiros; interação; teoria sociocultural. ANDREA DA SILVA AVANZE O PROFESSOR ALFABETIZADOR NA ERA DO HOMO ZAPPIENS Orientador: Prof. Dr. Regina da Costa da Silveira RESUMO: O presente trabalhotem por objetivo refletirsobre a postura do professor alfabetizador em relação à nova realidade educacional em ascensão, que exige a prática do que a teoria do socioconstrutivismo há tanto tempo busca implantar: a contextualização do conteúdo curricular na bagagem trazida pelo aluno ao ingressar na educação formalnuma época denominada de “era do homo zappiens”. Na busca por essa inserção, o professor precisa lidar com o pensamento tradicional da escola, dos pais e da comunidade escolar, que não raro repelemas estratégias inovadoras de ensino, priorizando a ideia de queo caderno cheio de escrita é o sinal de que o aluno estava evoluindo da oralidade para a escrita com significativaaprendizagem. Busca-se a teoria de Emilia Ferreiro, Paulo Freire, Lev Vygotsky, Roxane Rojo e WimVeen entre outros autores renomados e experientes na temática em pauta, para embasar os conceitos de alfabetização, letramento, aprendizagem e gênero. Utiliza-se, ainda, como referências legais, as disposições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e os Parâmetros Curriculares Nacionais, que amparam e incentivam a interdisciplinaridade e o socioconstrutivismo como estratégias eficazes e recomendadas para elevar a qualidade do ensino. O trabalho incita a discussão sobreas consequências da alteração das etapas do processo de alfabetização e a proposição dequestionamentospara que o professor possa atenuar os conflitos envolvendo pais, escola,alunose a si mesmo, apresentando atividades que suportem a teoria estudada e que atestem a importância e a eficácia da contextualização do seu trabalho à realidade de sua turma. Palavras-Chave: Professor alfabetizador. Oralidade. Alfabetização. Socioconstrutivismo. Homo Zappiens CRISTIANE KRUMENAUER MEMÓRIA, IMAGINAÇÃO E NARRAÇÃO: NAS TUAS MÃOS, DE INÊS PEDROSA Orientadora Prof. Dr. Rejane Pivetta de Oliveira RESUMO: Esta dissertação discute as relações entre memória, imaginação e narração, a partir da análise do romance Nas Tuas Mãos, de Inês Pedrosa. O romance é composto de três partes, cada qual constituída a partir de um gênero de registro da experiência pessoal: diário, álbum e cartas. Estilos diferentes entre si trazem o mesmo objetivo de reordenar o passado das três protagonistas mulheres, em sucessivas gerações, a fim de que a experiência vivida torne-se passível de narração, na tentativa de mostrar até mesmo o que é inenarrável e o que é não-demonstrável. A reflexão empreendida nesta dissertação centra- se na memória e suas possibilidades narrativas, valendo-se de alguns aportes teóricos, tais como: visão por detrás, de Pouillon; perspectiva do presente no passado e representação psíquica, de Olney; sujeito duplo, de Lejeune; descontextualização da ação, de Weintraub; passado que simboliza ausência e presente que simboliza presença, de Ricoeur; elaboração do passado a fim de torná-lo inteligível, de Gusdorf e Neufeld; exigências do sujeito de resgatar a trajetória passada, de Gagnebin; e ponto de vista adequado na narração em primeira pessoa, de Mallea. Para essa análise, fez-se necessária uma contextualização histórica e social das ações representadas, com a finalidade de discernir a influência do tempo e da sociedade na construção do romance e também constatar os modos de atuação das protagonistas em diferentes cenários. Por fim, foram analisadas as implicações do relacionamento entre diferentes gerações e as possibilidades de constituição de novas trajetórias, articuladas ao passado, enquanto reconstrução narrativa. Palavras-chave: Nas Tuas Mãos. Memória. Imaginação. Narração. DIRCE MARIA FAGUNDES GUIMARÃES SOBRE A MEDIAÇÃO DOCENTE NOS PRIMEIROS ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UM ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO DE CONCEITOS EM VYGOTSKY Orientadora: Prof.Dr.Noeli Reck Maggi RESUMO: Este trabalho trata da mediação simbólica empreendida por professoras, com crianças do segundo ano1 e da quarta série2 de uma escola do Ensino Fundamental. A reflexão dessas práticas é feita à luz de pressupostos teóricos interacionistas. Foram investigadas, nas duas turmas, as formas de apresentação dos conteúdos, as tarefas cooperativas, as representações do objeto de estudo, os conhecimentos trazidos pelos alunos e a socialização do conhecimento. A pesquisa exploratória foi do tipo etnográfico com observação, entrevistas, diário de campo e o registro, num quadro de referências, de indicadores de formação de conceitos científicos, elaborados a partir dos referenciais teóricos de Vygotsky. Dos resultados obtidos, em muitas situações, as aulas observadas obedeceram a uma dinâmica de exposição oral e os conteúdos surgiram de seleção feita pelas professoras a partir de listagem combinada por classes paralelas e livros didáticos. Em outros momentos, foram desenvolvidos projetos que surgiram dos interesses demonstrados pelos alunos e trabalhados em moldes cooperativos, nos quais fizeram explorações concretas dos temas de estudo. Os resultados indicam que quando o grupo trabalhou com os projetos, os resultados foram melhor formalizados em função do tipo de envolvimento dos alunos com o objeto do conhecimento na possibilidade de relações e associações cooperativas. Quando as crianças trabalharam com princípios teóricos formais propostos pelas professoras o caminho para a formação de conceitos e generalizações se expressaram de modo mais restrito. As atividades do grupo que eram originadas em projetos da escola, com temas do cotidiano, e propostas a partir das necessidades e interesses dos alunos, revelaram maior interação e apropriação do conhecimento por parte deles. Os resultados das observações e entrevistas estão analisados principalmente a partir da mediação simbólica de Vygotsky, na qual a linguagem, os signos e símbolos verbais e não verbais compartilhados nas relações sociais medeiam o processo de aquisição de conhecimento. Em Piaget, o enfoque da epistemologia genética, enquanto operacionalidade construtivista, possibilitou a reflexão sobre a interação do sujeito com o grupo e também com o objeto do conhecimento. A presença de Bakhtin, neste trabalho, mostrou uma visão da linguagem, que ultrapassa os códigos linguísticos, pela ideologia presente nos enunciados. Esses autores e suas ideias sobre o aprendizado e o desenvolvimento complementam esse momento de pensar o fazer pedagógico no cotidiano da sala de aula. Palavras-chave: Interação. Mediação. Conceitos científicos. Linguagem HELENA FRIEDRICH 2010 HABITANTE DAS FALHAS SUBTERRÂNEAS, DE ANA PAULA MAIA, EM DIÁLOGO COM O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO, DE J. D. SALINGER Orientadora Profª Dr. Leny da Silva Gomes RESUMO: A presente dissertação propõe-se a analisar o romance O habitante das falhas subterrâneas, da jovem escritora Ana Paula Maia, sem perder de vista o subtexto desvelado durante a leitura, O apanhador no campo de centeio, consagrado romance do norte-americano J.D. Salinger. A análise agrega o estabelecimento de relações entre as obras quanto aos temas desenvolvidos, à linguagem empregada e à estrutura da narrativa, haja vista os diversos pontos de contato entre ambas. O suporte teórico empregado advém principalmente de duas obras: Problemas da poética de Dostoiévski, de Mikhail Bakhtin, e Palimpsestos – la literatura en segundo grado, de Gérard Genette. Do primeiro, tornaram-se muito úteis a noção do dialogismo aplicado à literatura e o conceito de estilização como “representação literária do estilo linguístico de outrem”; do segundo, as concepções de transtextualidade e hipertextualidade foram de grande valia. O romance é narrado por um jovem de 17 anos em tratamento psiquiátrico, num fluxo característico da linguagem oral, predominando a falta de limites exatos entre diversas vozes que se misturam na narrativa. Ele vive em São Paulo no início deste século e contesta veementemente a estrutura familiar e social em que se insere; a obra suscita, pois, reflexões sobre problemas da contemporaneidade, destacando-se um tema composto por solidão, angústia, decepção do adolescente, adesão a drogas e “medicalização da sociedade”. Observou-se que este meio social em que transcorrem os fatos evoca aquele identificado nas obras de Gilles Lipovetsky como hipermoderno. Verifica-se, assim, a aproximação, de maneira bastante original, de presente e passado, na medida em que a obra, recriando um segmento da sociedade contemporânea urbana brasileira, concomitantemente dialoga com um famoso romance americano da década de 1950. Palavras-chave: Ana Paula Maia. J. D. Salinger. Hipertextualidade. Solidão. Sociedade hipermoderna. KATIANE COVATTI E SILVA A LEI DA FICHA LIMPA E OS PADRÕES DE ACESSO: DA CRIAÇÃO À REPERCUSSÃO À LUZ DA ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO Orientadora Profa. Dra. Beatriz Fontana RESUMO: O presente estudo desenvolve uma abordagem qualitativa da linguagem em uso em atinência às questões de poder e acesso presentes na Tramitação da Lei Complementar n. 135/2010, a Lei da Ficha Limpa, contextualizando o movimento de iniciativa popular que a originou e a sua trajetória no cenário político e jurisdicional brasileiro. A orientação metodológica transdisciplinar (FAIRCLOUGH, 2001) da Análise Crítica do Discurso foi aplicada ao corpus, uma interface entre Linguagem, Política e Direito, com base nas quatro dimensões de acesso (VAN DIJK, 2008): 1) Planejamento, 2) Cenário, 3) Controle de eventos comunicativos, 4) Alcance e controle da audiência. A análise realizada confirma como se exerce o poder (BOURDIEU, 1996) e como ele se produz ou se legitima por meio do texto e da fala dos grupos ou instituições dominantes. Palavras-chave: Lei da Ficha Limpa; iniciativa popular; Análise Crítica do Discurso; poder; acesso. MAÍRA BARBERENA DE MELLO INTERAÇÕES E A PRODUÇÃO ORAL EM LÍNGUA ADICIONAL EM UMA ESCOLA PÚBLICA Orientador: Profa. Dra. Beatriz Fontana RESUMO: O presente estudo é uma pesquisa qualitativa de inspiração etnográfica que observa e analisa interações em uma turma do primeiro ano do Ensino Médio (EM), em uma escola pública de Porto Alegre. O foco do trabalho é o processo de ensino-aprendizagem de inglês como uma língua adicional (LA) sob a perspectiva sociocultural, segundo os pressupostos teóricos vygotskianos. O estudo tem como objetivo específico investigar quais mediações na fala-em-interação promove andaimento e produção oral nas tarefas colaborativas nesta sala de aula, considerando a relação direta entre interação e construção de conhecimento. Os dados foram gerados a partir de anotações de campo, das transcrições das gravações de áudio e de vídeo e das entrevistas com a professora e os alunos. Esses dados também evidenciam o ponto de vista êmico de cada um dos participantes dos eventos desta sala, no período de aproximadamente um semestre. Para a análise dos dados, foi utilizada uma perspectiva multidisciplinar sobre estudos relativos à aprendizagem de uma LA, incluindo a Análise da Conversa, a Sociolinguística Interacional, a Antropologia Linguística e a teoria Sociocultural. O trabalho pretende contribuir para uma metodologia de ensino e aprendizagem em LA voltado para a interação, o andaimento e a produção oral. Palavras-chave: pesquisa qualitativa, processo ensino-aprendizagem, interação, andaimento, produção oral, Língua Adicional. MANUEL CID JARDON A INTERTEXTUALIDADE NA CONSTRUÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS TRABALHISTAS Orientação: Prof.ª Dr.ª Vera Lúcia Pires. RESUMO: Esta dissertação tem por objetivo estudar a intertextualidade na construção das decisões trabalhistas, em razão de a intertextualidade estar presente em todas as manifestações humanas e ser um recurso retórico-argumentativo eficaz para justificar o discurso persuasivo. O trabalho parte do problema: Como a intertextualidade se manifesta como recurso argumentativo na construção das decisões judiciais trabalhistas? No caso específico, as decisões judiciais têm remissões a leis, a doutrina, a jurisprudência, a discurso reportado (dos outros) e a interpretações jurídicas. Esses argumentos são estruturantes do discurso jurídico e tem sempre um caráter intertextual, uma riqueza dialógica que merece ser estudada na sua plenitude: ampla, difusa e interdisciplinar. Para atingir os objetivos propostos, a pesquisa está centrada nos conceitos teóricos de Bakhtin e o seu Círculo (caráter dialógico da linguagem): dialogismo, polifonia e gêneros do discurso, em especial, a decisão judicial; Paulo de Barros Carvalho e Eduardo Carlos Bianca Bittar (Linguagem Jurídica); Perelman & Tyteca (Teoria da Argumentação Jurídica) Nova Retórica; Maria José Constantino Petri (Discurso Jurídico); Julia Kristeva e Ingedore Villaça Koch (Intertextualidade). O corpus para análise da presença de intertextualidade é constituído de 6 (seis) decisões judiciais: 2 (duas) sentenças de primeiro grau, 2 (dois) acórdãos do TRT 4ª Região e (2) dois acórdãos do c. TST. A pesquisa utiliza o método de abordagem dedutivo e, como técnica de pesquisa, a bibliográfica conjuntamente com a documental (análise das decisões judiciais). Portanto, conclui-se que é impensável reconhecer qualquer texto jurídico sem a presença de um nível mínimo de intertextualidade, sob pena de perder-se totalmente a sua finalidade de realizar a Justiça e vir em prejuízo da qualidade da prestação jurisdicional. Palavras-chave: Linguagem. Argumentação jurídica. Dialogismo. Polifonia. Intertextualidade. MICHELE CRISTINA JACOMINI RODRIGUES DIPP IDEOLOGIA E RELAÇÕES DIALÓGICAS: uma proposta de análise discursiva de textos jornalísticos Orientadora Profª. Dr. Neiva Maria Tebaldi Gomes RESUMO: Tendo como fundamentação teórica alguns conceitos bakhtinianos, este trabalho apresenta uma proposta de análise linguístico-discursiva de textos jornalísticos, levando em conta as marcas ideológicas neles presentes. São abordados conceitos como interação verbal, gêneros discursivos, tema e significação, relações dialógicas, ideologia, entre outros. O corpus constitui-se de dois artigos veiculados pelo jornal Zero Hora nos meses de junho e julho de 2010. Para a escolha dos textos, observou-se a predominância da temática medo/educação. A metodologia empregada resultou da adaptação da Análise Dialógica do Discurso proposta por Beth Brait a partir de elementos teóricos do pensamento bakhtiniano. Com essa investigação buscou-se avaliar possíveis ressonâncias de memórias discursivas que tornam perceptíveis conflitos ideológicos constitutivos dos textos analisados. Na parte final da dissertação, apresentam-se considerações que objetivam colaborar na instrumentalização de professores de Língua Portuguesa, estudantes de cursos de Letras e mediadores de leitura, no sentido de oferecer-lhes subsídios para o exercício de práticas de leitura crítica, resultante de um olhar atento sobre os elementos linguísticos que constituem os textos e revelam sua complexidade discursiva. Palavras-chave: Discurso. Ideologia. Linguagem. Relações dialógicas. MIRIAM TERESINHA PINHEIRO DA SILVA UM ESTUDO DAS REPRESENTAÇÕES DE ALTERIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO DA EJA NO ENSINO FUNDAMENTAL Orientadora: Profa. Dra. Noeli Reck Maggi RESUMO: O presente trabalho é um estudo das representações de alteridade na relação professor-aluno da EJA no ensino fundamental realizado numa instituição de ensino particular na cidade de Porto Alegre. A pesquisa está fundamentada nos referenciais de abordagem sócio-histórica por meio dos estudos de Lev Vygotsky, de Mikhail Bakhtin e de Bernard Charlot enquanto teóricos da interiorização do diálogo exterior. A investigação, de caráter qualitativo e exploratório, utilizou como instrumentos para a coleta de dados observações, entrevistas e oficinas. Para este estudo, selecionamos o diálogo e a interação social como indicadores de representação de alteridade na relação professor-aluno. A constatação da evidência destes indicadores foi feita a partir da observação de estratégias utilizadas pelo professor em situação de ensino para promover a participação do seu aluno em sala de aula, de depoimentos do professor sobre os alunos e da observação sobre a atuação do aluno na instituição. Por meio desse estudo, ressaltamos que o reconhecimento do outro entre os sujeitos de uma turma contribui para a permanência do aluno da EJA na escola. Também observamos a importância do planejamento diário das atividades pedagógicas empregadas pelo professor em sala de aula para que ele obtenha melhores resultados com seus alunos. Palavras-Chave: Alteridade, Relação Professor-Aluno, EJA, Processo de Aprendizagem. ROSANE CONCEIÇÃO LEFEBVRE PRODUÇÃO DE NARRATIVA PESSOAL: UMA ANÁLISE ENUNCIATIVA Orientador: Prof. Dr. Neiva M. Tebaldi Gomes RESUMO: Este estudo visa à identificação e análise qualitativa das marcas linguísticas de subjetividade que se caracterizam como marcas de autoria, presentes em narrativas produzidas por alunos do primeiro semestre do curso de Letras. Trata-se de um estudo de caso que contempla a produção de textos narrativos produzidos ao longo de um semestre e tem o objetivo de avaliar o próprio desenvolvimento da escrita do aluno. A pesquisa realizada à luz de teorias enunciativas, que têm origem em Bakhtin, utilizou para análise dos textos do corpus de uma metodologia desenvolvida por Jean Paul Bronckart (2009), que concebe o texto como um folhado constituído por três camadas superpostas: a infra-estrutura geral do texto, responsável pela capacidade de ação do texto; os mecanismos de textualização, camada composta por elementos que contribuem para tornar mais visível a estruturação do conteúdo temático e os mecanismos enunciativos, nível composto por elementos que contribuem para o esclarecimento dos posicionamentos enunciativos e das vozes que se manifestam no texto. No entanto, para atender aos propósitos da análise, exploramos com mais intensidade o terceiro estrato do folhado por ser o responsável pelas marcas linguísticas de subjetividade. Os resultados apontam para a eficácia de um trabalho sistemático com um determinado gênero, no caso a narrativa, e evidencia que, no processo de produção desse gênero, a memória atua como elemento organizador. Palavras–chave: Enunciado. Narrativa. Discurso. Subjetividade. Autoria. ROSE MAY NACUL BERTHIER A CRÔNICA JORNALÍSTICO-LITERÁRIA: UM ESTUDO DOS ESTRATOS TEXTUAIS. Orientador: Prof. Dra Neiva Maria Tebaldi Gomes RESUMO: Esta pesquisa tem por objetivo buscar, com base nos pressupostos teóricometodológicos do Interacionismo Sociodiscursivo, especificamente na metodologia do folhado textual proposto por Bronckart, um subsídio para a análise linguísticoliterária de crônicas jornalísticas e, ao mesmo tempo, aprofundar o estudo desse gênero que é relativamente recente, mas que proporciona novas perspectivas de compreensão da realidade. A metodologia do folhado tem como pressuposto a existência de três camadas superpostas: a infraestrutura geral do texto, os mecanismos de textualização e os mecanismos enunciativos. Para o autor, tais mecanismos respondem adequadamente à necessidade metodológica de desvendar a trama complexa da organização textual. Na análise realizada, foram privilegiadas a segunda e a terceira camadas, por ser nelas que se concentram os aspectos textuais que caracterizam as crônicas em estudo como literárias. Procurei, para tanto, evidenciar as vozes enunciativas que compõem os textos analisados, os procedimentos de modalização dos quais o autor se utiliza, as séries isotópicas de organizadores e de retomadas nominais que contribuem para marcar a estruturação do conteúdo temático. O corpus é constituído de duas crônicas de Eliane Brum, História de um olhar e Tartarugas-Ninja emergem do subterrâneo, retiradas, respectivamente, dos livros A vida que ninguém vê e 45 reportagens que fizeram história. Os resultados alcançados evidenciaram ser o folhado um método de análise textual eficaz que permite uma nova abordagem didática do texto e um aprofundamento maior das diretrizes que marcam as crônicas jornalístico-literárias, podendo, com algumas adequações, tornar-se um novo instrumento a ser aplicado em sala de aula. Palavras-chave: crônica jornalística; folhado textual; mecanismos textuais; mecanismos enunciativos.