UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO Fernanda Cristina Silva Domingues DISPLASIA DE COTOVELO: REVISÃO DE LITERATURA NITERÓI - RJ 2010 1 FERNANDA CRISTINA SILVA DOMINGUES DISPLASIA DE COTOVELO: REVISÃO DE LITERATURA Monografia apresentada à Universidade Federal Rural do Semi Árido - UFERSA, Departamento de Ciência Animais, para obtenção do título de especialista em Clínica Médica de Pequenos Animais. Orientadora: Profª. Msc. Valéria Teixeira NITERÓI - RJ 2010 2 AGRADECIMENTOS Aos meus pais, pelo carinho e apoio durante todo o curso de pós-graduação, sendo patrocinadores e cúmplices dos meus sonhos. Ao meu noivo e amigo, por compreender os meus momentos de estresse. Aos palestrantes da Equalis, por dividir suas experiências e conhecimentos. Aos amigos conquistados, pelo companheirismo e risadas. 3 RESUMO A constante presença de cães jovens que apresentam claudicação em membros anteriores representa um desafio para o médico veterinário, uma vez que essa sintomatologia pode decorrer de diferentes alterações patológicas. Dentre os diagnósticos diferenciais, a displasia de cotovelo – expressão utilizada para descrever a osteocondrose do côndilo medial do úmero, a fragmentação do processo coronóide medial da ulna, a não-união do processo ancôneo e a incongruência articular – é importante causa de claudicação. O diagnóstico de afecções osteoarticulares é de difícil interpretação, pois as alterações das articulações de cotovelo e ombro podem produzir sinais clínicos semelhantes. O diagnóstico é confirmado por exame radiográfico do cotovelo do animal, mas, devido à complexidade anatômica dessa região, a identificação de algumas lesões é baseada em alterações degenerativas secundárias da articulação. O presente trabalho visa apresentar a etiologia, fisiopatologia e tratamentos possíveis para as diferentes afecções denominadas displasia de cotovelo, descritos na literatura científica até o momento. Palavras-chave: Cães, claudicação, osteocondrose, processo ancôneo 4 ABSTRACT The constant presence of young dogs with forelimb lameness is a challenge to the veterinarian, since such symptoms can be caused by different pathologic alteration. Amongst the differential diagnoses of elbow dysplasia – an expression used to describe osteochondrosis of the medial humeral condyle, fragmented medial coronoid process of ulna, ununited anconeal process and joint incongruity – is an important cause of lameness. The diagnosis of osteoarticular diseases are difficult to interpret because changes in the elbow and shoulder can produce clinical sings similar. The diagnosis is confirmed by radiographic examination of the elbow of the animal, but due to the anatomical complexity of this region, the identification of lesions is based on secondary degenerative changes of the joint. The present paper presents the etiology, physiopathological aspects and treatment possible for the affections of so-called elbow dysplasia, as described in the literature so far. Keywords: Dogs, lameness, osteochondrosis, anconeal process 5 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Anatomia da articulação do cotovelo.............................................................10 Figura 2 – Localização das lesões...................................................................................11 Figura 3 – Não união do processo ancôneo.....................................................................12 Figura 4 – Degeneração articular devido não união do processo ancôneo......................12 Figura 5 – Fragmentação do processo coronóide com osteocondrite dissecante............13 Figura 6 – Fragmentação do processo coronóide medial................................................14 Figura 7 – Incongruência articular...................................................................................15 Figura 8 – Aspecto radiográfico da não união do processo ancôneo..............................16 Figura 9 – Incidência mediolateral em flexão de 45º......................................................16 Figura 10 – Projeção craniocaudal a 30º.........................................................................17 Figura 11 – Aspecto radiográfico da fragmentação do processo coronóide medial........17 Figura 12 – Aspecto radiográfico da incongruência articular.........................................18 Figura 13 – Fixação do processo ancôneo.......................................................................19 Figura 14 – Resultado de uma osteotomia ulnar proximal..............................................20 Figura 15 – Fragmentos retirados por artrotomia............................................................20 Figura 16 – Osteotomia ulnar..........................................................................................21 6 LISTA DE ABREVIATURAS DAD – doença articular degenerativa DC – displasia de cotovelo FPCM – fragmentação do processo coronóide medial IA – incongruência articular NUPA – não união do processo ancôneo OCD – osteocondrite dissecante 7 SUMÁRIO RESUMO........................................................................................................................03 ABSTRACT ..................................................................................................................04 LISTA DE FIGURAS....................................................................................................05 LISTA DE ABREVIATURAS......................................................................................06 1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................08 2 REVISÃO DE LITERATURA..................................................................................10 2.1 ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA DA DC...........................................................10 2.2 SINAIS CLÍNICOS DA DC......................................................................................15 2.3 DIAGNÓSTICO........................................................................................................16 2.4 TRATAMENTO........................................................................................................18 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................22 REFERÊNCIAS.............................................................................................................23 8 1 INTRODUÇÃO O termo “displasia de cotovelo” (DC) foi introduzido originalmente para descrever uma osteoartrose generalizada do cotovelo associada a não-união do processo ancôneo (NUPA) (CARLSON, 1961; CORLEY, 1966). Posteriormente, outras anormalidades foram incluídas por produzirem quadros clínicos e radiográficos semelhantes. Olsson, em 1974, descreveu a fragmentação do processo coronóide medial da ulna (FPCM) e a osteocondrose do côndilo medial do úmero (OCD). O quarto tipo reconhecido foi a incongruência articular (IA), que é manifestada pela má ligação e má formação da articulação do cotovelo (SCHWARZ; BONAGURA, 2000). O termo displasia de cotovelo foi finalmente adotado pelo International Working Group (IWEG), em 1996, e posteriormente por outros autores (BEDFORD, 1994). Devido às lesões secundárias, bem como à própria má formação, o quadro pode evoluir para uma osteocondrose irreversível e podem conduzir a dor e claudicação (BEUING, 2000). A maior parte dos pacientes com DC são de tamanho grande a gigante, que possuem rápido crescimento, embora possa ocorrer em cães de tamanho médio e raças condrodistróficas (GORING; BLOOMBERG, 1983; LJUNGGREN et al., 1996; STEVENS, 1974). Os machos geralmente são mais afetados que as fêmeas, a proporção variando entre 2:1 até 5:1, dependendo do estudo (GRONDALEN, 1996; GUTHRIE, 1989). Os sinais clínicos podem se manifestar dos quatro aos 18 meses de idade, sendo que em 30% dos casos, o acometimento pode ser bilateral. A Organização de Ortopedia para Animais (OFFA) encontrou a DC em 78 raças avaliadas, sendo que a incidência é maior em algumas delas, como (SWENSON et al, 1997): • Rottweiler (46% a 50%) • Cão Bernese da Montanha (36% a 70%) • Terranova (30%) • Golden Retriever (20%) • Pastor Alemão (18% a 21%) • Labrador do Retriever (12% a 14%) É importante saber que determinadas raças são mais predispostas a certo tipo de anormalidade. Por exemplo, o Pastor Alemão é mais acometido pela NUPA, Rottweilers à FPCM e os Retrievers à OCD e FPCM (KIRBERGER, 1998). A DC possui base genética, com traços poligênicos (MAKI, 2000), mas o ambiente também possui efeito sobre a severidade da desordem do fenótipo, pois alguns estudos indicam que o tipo de alimentação e exercício, bem como o ganho de peso, são fatores de 9 risco para desencadear o problema (SLATTER, 1993). No caso do fator genético ter uma herança poligênica ou recessiva, ter uma variação no padrão ou estar baseado em doenças genéticas com alta influência ambiental, e se manifestar em idade avançada, a patologia tem todas as chances de se manifestar na população sem ser reconhecida (UBBINK, 1998). Sendo considerada uma das principais causas de doença articular degenerativa (DAD) em cães, a DC deve ser considerada prioritariamente durante o diagnóstico diferencial de qualquer claudicação que tenha origem na articulação úmero-rádio-ulnar, fazendo-se necessário o conhecimento da etiologia, fisiopatologia, meios de diagnóstico e tratamento das diferentes osteocondropatias que levam a essa patologia. O presente trabalho visa elaborar uma revisão bibliográfica atualizada sobre a displasia de cotovelo abordando sua etiologia, fisiopatologia, diagnóstico e tratamento. 10 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA DA DISPLASIA DE COTOVELO A articulação do cotovelo (figura 1) consiste em uma das mais complexas do organismo por ser formada pelas superfícies articulares irregulares de três ossos diferentes: úmero, rádio e ulna. O côndilo do úmero se articula com a cabeça do rádio, suportando a maioria do peso transmitida através da articulação do cotovelo, e a tróclea do côndilo do úmero se articula com o entalhe da ulna. A fossa do olécrano vai se encaixar no processo ancôneo da ulna durante a extensão de 90º e restringir a circulação do cotovelo em relação ao plano sagital. A articulação rádioulnar proximal permite rotação limitada do cotovelo (FOX, 1983). Fonte: www.vetlearn.com Figura 1. Anatomia da articulação do cotovelo Os côndilos do úmero se desenvolvem por dois diferentes centros de ossificação que se fusionam posteriormente à diáfise. Por outro lado, o rádio apresenta epífise proximal com núcleo correspondente e outro centro de ossificação distal, ocorrendo entre ambos o desenvolvimento ósseo axial. Finalmente, a ulna cresce longitudinalmente a partir da epífise distal e adquire sua conformação articular por ação da cartilagem de conjunção proximal, completando desta maneira a estrutura articular do cotovelo (BOUCK, 1995). Qualquer alteração na taxa de crescimento destes centros quer individualmente ou em conjunto, 11 conduzem a uma incongruência entre as superfícies articulares do cotovelo (SLATTER, 1993). Essas alterações afetam o cotovelo de caninos em crescimento, principalmente como conseqüência de distúrbios localizados nos centros de ossificação, anormalidades no desenvolvimento de um ou mais ossos que formam a articulação, ou uma combinação de ambos, levando a incongruência articular. O conjunto de sinais comum a todas as patologias que assim se originam recebem o nome de displasia de cotovelo. Dentre as condições identificadas como causadoras da DC estão: não-união do processo ancôneo, osteocondrose dissecante, fragmentação do processo coronóide (figura 2) e incongruência articular (BEDFORD, 1994; PADGETT, 1995; SJÖSTRÖM et al, 1995). Do ponto de vista prático, o termo “displasia” é apropriado, mas o correto seria denominar de “artrose do cotovelo” (CARPENTER et al, 1993). Fonte: www.vetsugerycentral.com Figura 2. Localização das lesões A NUPA (figura 3) é primariamente um problema de desenvolvimento, que afeta o núcleo de ossificação próprio desta apófise e que se observa em raças não condrodistróficas como o Pastor Alemão (ROY et al, 1994), mas também descrita em outras raças, como são bernardo, labrador, pointer, buldogue francês, basset hound e daschshund (SJÖSTRÖM et al, 1995). 12 Processo Ancôneo Ossificação Fonte: Hill’s Figura 3. Não união do processo ancôneo A patogênese da NUPA gera controvérsias, incriminando-se os seguintes fatores como causas: anomalias hereditárias de desenvolvimento, alterações metabólicas, nutricionais e do hormônio de crescimento, bem como traumatismos. Tradicionalmente, tem-se descrito a NUPA como uma falha no desenvolvimento do 4º centro de ossificação da ulna para se unir a metáfise (LJUNGGREN, 1966; VAN SICKLE, 1966). É proposto também como etiologia o crescimento incongruente do rádio e da ulna. Se o rádio cresce longitudinalmente mais que a ulna, sua cabeça exerce pressão sobre a tróclea do úmero e ao transmitir essa força ao processo ancôneo, impede sua fusão, levando a degeneração articular (figura 4) (SJÖSTRÖM et al, 1995). Fonte: www.vetlearn.com Figura 4. Degeneração articular devido não união do processo ancôneo A OCD começa com uma alteração no desenvolvimento da cartilagem articular que conduz a um aumento longitudinal da placa de crescimento e da espessura da mesma cartilagem. Esta se torna mais susceptível à fricção, originando, com o tempo, uma área de 13 tamanho variável que se desprende do osso subcondral, formando um “flap” que permanece parcialmente unido ou totalmente separado, flutuando livremente no espaço articular. A OCD deve ser considerada junto com a FPCM (figura 5) já que é difícil diferenciá-los clinicamente e freqüentemente ocorrem de forma simultânea (WALDE; TELLHELM, 1991). Os processos coronóides são responsáveis por cerca de 25% do peso suportado pelo cotovelo e conferem maior superfície articular quando associados à cabeça do rádio, responsável por quase 80% do suporte mecânico da articulação. É considerada a forma mais comum de displasia de cotovelo em cães, seguida pela NUPA e pela OCD. Embora ainda não completamente estabelecida, a etiologia proposta para a FPCM inclui a osteocondrose, sobrecarga local ou um debilitamento generalizado da cartilagem e osso em combinação com a sobrecarga mecânica (McPHERSON et al, 1992). Esses fatores resultam na retenção da cartilagem devido a uma alteração do processo normal de ossificação endocondral. O processo coronóide medial é susceptível a fragmentar-se por ser formando inteiramente por cartilagem, a qual completa sua ossificação tardiamente em relação às demais superfícies articulares do cotovelo. Fonte: Orthopedic Foundation for Animals, 2002. Figura 5. Fragmentação do processo coronóide medial (seta) com Osteocondrite Dissecante Os condrócitos situados nas camadas mais profundas não sobrevivem como conseqüência da falta de difusão de nutrientes necessários para manter a vitalidade celular, já que essas substâncias são incapazes de atravessar a cartilagem espessada. Isso se traduz em fissuras da cartilagem hialina que envolve o osso subcondral. Esta afecção é a causa mais freqüente de artrose de cotovelo em rottweillers, cerca de 74,9% dos casos (WEINSTEIN et al, 1995). A FPCM (figura 6) também ocorre devido o fechamento prematuro da fise distal do rádio (LEWIS et al, 1989). Wind; Packard (1986) sugeriram que o crescimento assincrônico do 14 rádio e da ulna causa incongruência do cotovelo com subluxação umerorradial, que por sua vez agrega um estresse anormal sobre o processo coronóide em desenvolvimento, provocando em seguida sua fragmentação. A maior freqüência da lesão ocorre sobre a porção medial por esta ser maior. Também deve se considerar as forças adicionais que atuam sobre o processo coronóide medial por ação do ligamento anular (McPHERSON et al, 1992). Fonte: www.vetlearn.com Figura 6. Fragmentação do processo coronóide medial. A baixa prevalência da FPCM em fêmeas de rottweiller, em comparação com machos, está de acordo com estudos anteriores (SWENSON et al, 1997). O oposto ocorre em cães da raça bernese. A diferença da prevalência relacionada com o sexo pode ser explicada pelo efeito direto dos genes sobre os cromossomos sexuais ou sobre outras características sexuais secundárias (velocidade de crescimento, hormônios sexuais, padrões de comportamento). Em rottweillers se produziria uma penetrância incompleta dos genes nas fêmeas, isto significa que as fêmeas normais fenotipicamente têm uma maior freqüência desses genes do que os machos fenotipicamente normais, isso resulta em uma incidência hereditária maior através das mães do que dos pais (SWENSON et al, 1997). A incongruência articular (figura 7) é a perda da harmonia anatômica da articulação úmero-rádio-ulnar devido alterações no crescimento dos ossos que a compõe, como o encurtamento do rádio, da ulna ou de ambos, falta de correspondência do contorno do entalhe semilunar da tróclea umeral, e também do fechamento prematuro das linhas de crescimento como resultado de traumatismos diretos (deformidades angulares). 15 Fonte: Analecta Veterinaria, 1998. Figura 7. Incongruência articular Consequentemente são produzidas cargas anormais sobre áreas distintas das superfícies articulares, com fricção indevida das cartilagens levando ao desenvolvimento da doença articular degenerativa. Mason et al. (2002) avaliaram cães com incongruência radioulnar e observaram que a avaliação radiográfica padrão estava associada a uma sensibilidade e especificidade pobre, e sugeriram que o uso da artrotomia permitiria uma avaliação mais precisa. 2.2 SINAIS CLÍNICOS DA DISPLASIA DE COTOVELO A sintomatologia mais significativa está presente em todos os quadros descritos e por isso pode ser analisada em conjunto. O quadro clínico aparece entre os quatro e sete meses de idade, manifestando-se inicialmente por uma claudicação intermitente e moderada, logo se tornando persistente e severa, surgindo inflamação, efusão, diminuição da amplitude dos movimentos, em nível de articulação úmero-radio-ulnar, afetando bilateralmente cerca de 50% dos pacientes (BEDFORD, 1994; SJÖSTRÖM et al, 1995). Alguns proprietários descrevem rigidez na marcha, especialmente pela manhã, após realizar atividade física intensa (WALDE; TELLHELM, 1991). Entretanto, alguns animais apresentam sinais mais severos após períodos de inatividade (SJÖSTRÖM et al., 1995). Durante a marcha se observa rotação interna do cotovelo e supinação do carpo durante a extensão para realizar o passo. O exame clínico revela dor na flexão e extensão extremas, às vezes crepitação, e efusão articular evidente entre o epicôndilo lateral e o processo ancôneo. Em casos de grande evolução, observa-se uma moderada atrofia dos músculos do braço. 16 2.3 DIAGNÓSTICO O diagnóstico radiológico da NUPA se baseia na presença de uma linha translucida que separa o processo ancôneo da superfície ulnar proximal (figura 8). Em algumas ocasiões, a linha de separação pode aparecer atenuada, sem que isso signifique uma fusão em progresso, mas pela presença de tecido conectivo que mantém o processo ancôneo na posição. Fonte: Burk e Ackerman, 1996 Figura 8. Aspecto radiográfico da NUPA. Esta patologia deve ser diagnosticada a partir dos cinco meses de vida, momento que se produz sinostose entre ambas as estruturas (SLATTER, 1993). A evidência radiológica deve ser feita com flexão máxima da articulação do cotovelo (figura 9), ângulo aproximado de 45º, em projeção mediolateral, já que a vista lateral permite a visualização do processo ancôneo e osteófitos periarticulares (GORING; BLOOMBERG, 1983), para separar a imagem do processo ancôneo do epicôndilo umeral, que de outro modo estariam sobrepostos. Fonte: apbs.planetaclix.pt Figura 9. Incidência mediolateral em flexão de 45º 17 O diagnóstico radiológico da FPCM se complica devido à dificuldade de se visualizar o processo coronóide nas projeções radiográficas convencionais (HUIBREGTSE et al, 1994). Na incidência craniocaudal a 30º (figura 10), o processo coronóide fica livre da epífise proximal do rádio, facilitando a visualização de uma possível lesão (figura 11). Fonte: apbs.planetaclix.pt Figura 10. Projeção craniocaudal a 30º Uma visão oblíqua realça a visualização do côndilo umeral medial e do processo coronóide da ulna. Uma visão oblíqua em 30º mediodistal para lateroproximal também ajuda em alguns casos (MARCELLIN-LITTLE et al, 2001). Fonte: www.vetlearn.com Figura 11. Aspecto radiográfico da FPCM A falta de uma observação radiológica franca da lesão confere do ponto de vista diagnóstico uma valor superestimado das imagens produzidas pelas mudanças osteoarticulares secundárias associadas à patologia coronóide. A presença de osteófitos na borda proximal do processo ancôneo (LANG et al, 1996), deformação da silhueta circular da tróclea umeral, escalonamento entre a apófise coronóide lateral e a superfície articular da cabeça do rádio, e as mudanças degenerativas próprias da osteoartrite constituem o principal embasamento para o diagnóstico presuntivo (BOCCIA; ORTEGA, 1991). 18 Em alguns casos, a natureza exata e a extensão da lesão só podem ser estabelecidas através de uma artrotomia (SWENSON et al, 1997). Uma dificuldade similar oferece o diagnóstico de OCD, onde o sinal radiológico por excelência é a aparição de uma área de osteólise subcondral em nível do côndilo medial do úmero (BOCCIA; ORTEGA, 1991). Em alguns casos se visualizará o desprendimento e mudanças osteoartrósicas próprias dos estados crônicos. Para o diagnóstico da IA, uma projeção radiográfica mediolateral convencional (figura 12) já é o suficiente, no entanto, é difícil precisar o grau de incongruência da articulação. Fonte: North American Veterinary Conference, 1998. Figura 12. Aspecto radiográfico da IA. 2.4 TRATAMENTO O tratamento da DC dependerá das alterações presentes em cada caso e deve ser iniciado assim que se evidenciem os sinais clínicos e seja confirmado o diagnóstico. Desta forma, prevenir ou minimizar alterações na articulação terá influência direta sobre o grau de recuperação da função articular. O tratamento pode ser conservador ou cirúrgico. O tratamento conservador está indicado somente em casos específicos (SLATTER, 1993): - animais muito jovens, menores de quatro a cinco meses, os quais a fusão do processo ancôneo ainda não se concretizou, mas este se encontra bem alinhado e estabilizado por tecido fibroso. - animais maiores de cinco meses, com claudicação muito ligeira e com um quadro radiológico de mudança osteoartríticas incipientes, sem evidência de FPCM, OCD ou NUPA. - animais diagnósticos acidentalmente com NUPA ou FPCM. 19 Estes pacientes devem ser imobilizados, seu espaço deve ser reduzido e restringido o exercício totalmente, iniciando um programa de redução de peso corporal naqueles animais que o excederam, mas os efeitos não são totalmente satisfatórios, resultando em progressão da doença articular degenerativa (CROSS; CHAMBERS, 1997). Ocasionalmente, podem ser administrados antiinflamatórios para o controle da dor, entre eles o piroxicam (0,3mg/kg) ou meloxicam (0,2mg/kg), como também o uso de substâncias condroprotetoras, entre elas se encontram o sulfato de condroitina e os glucosaminoglicanos, que vão agir sobre a enfermidade articular mas não possuem ação na causa base da patologia. Para aqueles pacientes que não se ajustam aos critérios expostos, a indicação é o tratamento cirúrgico, utilizando diferentes técnicas cirúrgicas para cada caso particular. A NUPA pode ser tratada por meio da fixação, extirpação ou osteotomia ulnar proximal (AUTEFAGE et al., 1993; SJÖSTRÖM et al., 1995; WEINSTEIN et al, 1995). A fixação do processo ancôneo com parafuso ortopédico (figura 13) tenta manter a posição anatômica e a biomecânica normal da articulação, mas a dificuldade na realização da técnica e a fadiga do implante são fatores desfavoráveis para seu uso (FOX, 1993; ROY et al, 1994). Fonte: www.cal.vet.upenn.edu Figura 13. Fixação do processo ancôneo. A remoção do processo ancôneo é mais utilizada (ROY et al, 1994), sendo que os melhores resultados são conseguidos em animais com menos de um ano de idade no momento da cirurgia, mas apesar de eliminar os sinais clínicos, o procedimento contribui para aumentar a instabilidade articular e resulta em DAD progressiva. Com a osteotomia ulnar proximal (figura 14) (READ et al, 1996; TOBIAS et al, 1994), a epífise proximal da ulna sofre deslocamento proximal, promovendo a congruência articular. O procedimento libera a pressão exercida sobre o processo ancôneo e permite que este se una à metáfise ulnar (WEINSTEIN et al, 1995). Esta técnica apresenta vantagens por não ser invasiva à articulação e por não causar instabilidade no caso da remoção do processo ancôneo, 20 no entanto, um estudo mais recente aponta a falta de liberação da porção proximal da ulna por meio de desmotomia interóssea ou por não considerar a união por tecido ósseo não calcificado, denominado osteóide (SELMI et al, 1998). Fonte: www.vetlearn.com Figura 14. Resultado de uma osteotomia ulnar proximal. O tratamento mais indicado para a FPCM é a remoção cirúrgica do fragmento (figura 15) por artrotomia ou artroscopia (VAN BREE, 1990; VAN RYSSEN, 1993). Fonte: Irish Veterinary Journal, volume 61 Figura 15. Fragmentos retirados por artrotomia São diferentes os tipos de abordagem cirúrgica das superfícies articulares ulnar e umeral, podendo ser citadas a osteotomia do epicôndilo medial, tenotomia do músculo pronador redondo e a separação muscular entre os músculos entre os músculos pronador redondo e flexor digital carporradial (READ et al, 1996; TOBIAS et al, 1994). Independente do acesso, o importante é a identificação do processo coronóide medial, já que com a pequena incisão capsular, pode-se facilmente confundir com a cabeça do rádio (PROBST et al, 1989). A pronação e a supinação do antebraço, associada à abdução da articulação, facilita a visualização dos acidentes ósseos, devendo observar que somente a cabeça do rádio é móvel durante a pronossupinação. A aparência da FPCM durante a artrotomia, macroscopicamente, vai variar desde irregularidades da cartilagem articular e fissuras até completa separação do 21 processo coronóide (READ, 1996). Em alguns casos, observa-se apenas uma pequena linha avermelhada, que indica a presença de fissura que separa o processo coronóide da ulna. O tratamento conservador também pode ser considerado, baseando-se em confinamento e administração de antiinflamatórios, mas os resultados são similares àqueles obtidos com a cirurgia, talvez pelo fato dos animais que são submetidos ao tratamento cirúrgico apresentarem lesões mais graves (HUIBREGTSE et al, 1994). Para a OCD o tratamento escolhido é a curetagem cirúrgica da lesão, sendo utilizados procedimentos artroscópicos ou artrotomia (FOX, 1993; READ, 1996). Em casos isolados o prognóstico é favorável, mas aqueles animais também acometidos por FPCM possuem prognóstico menos favorável, dependendo do grau de DAD já presente na articulação, anteriormente à cirurgia (TOBIAS, 1994). O tratamento da IA ainda é discutido, devido à dificuldade de diagnosticar com exatidão o grau de desnivelamento existente entre as estruturas ósseas envolvidas, uma vez que a falta de completa reestruturação articular após a cirurgia será ainda causa de degeneração articular (SCHWARZ; BONAGURA, 2000). As diferentes técnicas preconizadas envolvem a coronoidectomia medial, a osteotomia do rádio e a osteotomia proximal da ulna (figura 16) (TURNER et al, 1998; SCHWARZ; BONAGURA, 2000). Embora estas técnicas também sejam utilizadas no tratamento de outras afecções envolvidas na DC com resultados até satisfatórios, em cães com incongruência articular parecem não fornecer resultados clínicos favoráveis (SCHWARZ; BONAGURA, 2000). Fonte: www.vetlearn.com Figura 16. Osteotomia ulnar. 22 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS. A displasia de cotovelo é uma patologia articular que afeta inúmeras raças de cães levando à enfermidade degenerativa. Apesar de permanecer em discussão aspectos da etiologia, tais como os genéticos, metabólicos e traumáticos, foi estabelecido de forma confiável que a doença origina de uma anomalia no processo de ossificação endocondral em um ou mais osso que compõe a articulação do cotovelo, sendo seu caráter hereditário e poligênico. Por isso, é importante ressaltar o controle na reprodução desses animais, sendo indicada a esterilização cirúrgica daqueles que apresentarem a patologia. Apesar da FPCM ser dita como a condição patológica mais observada, seguida pela NUPA, OCD e IA, em nosso meio a NUPA parece apresentar mais prevalência. O diagnóstico clínico-radiográfico de tais lesões, à exceção da NUPA, é de difícil interpretação, fazendo com que indícios secundários de lesões pré-existentes sejam considerados como diagnóstico presuntivo. Os tratamentos médicos e cirúrgicos foram julgados para cada uma das afecções que compõe a DC, sendo os resultados inconsistentes para determinar sua eficácia de forma contundente. Os tratamentos cirúrgicos específicos para cada doença devem ser realizados antes que apareçam imagens radiográficas de enfermidade articular degenerativa. Nos casos de FPCM a extração cirúrgica precoce constitui o método de eleição. Na NUPA a fixação da apófise ancônea devolve a estabilidade articular, apesar de não ser o suficiente para deter o processo de degeneração articular em longo prazo. O osteotomia ulnar proximal parece oferecer melhores resultados em casos especiais. Já o tratamento para OCD não difere do recomendado quando a afecção envolve outras articulações, consistindo basicamente em remoção do “flap” cartilaginoso. A IA apresenta inúmeras dificuldades para determinar sua possível correção, dada a complexidade de desníveis que afetam as superfícies articulares envolvidas. O prognóstico depende da complexidade das mudanças articulares presentes no momento de se instituir o tratamento, variando de reservado a ruim devido à duração e recuperação do funcionamento normal do membro afetado. 23 REFERÊNCIAS AUTEFAGE, A.; ASIMUS, E.; MATHON, D. Les troubles de croissance de l´avant-bras chez le chien: consequences sur l´articulation du coude. Revue Medical Veterinary. v.144, p. 12953-12965, 1993. BEDFORD, P.G. Control of hereditary elbow disease in pedigree dogs. Journal Small Animal Practice. v.35, p. 119-122, 1994. BEUING, R.; MUES, C.; TELLHELM, B. et al. Prevalence and inheritance of canine elbow dysplasia in German Rottweiler. Journal of Animal Breeding and Genetics. v.117, p.375383, 2000. BOCCIA, F.; ORTEGA, C. Estudio semiológico del miembro anterior del perro. Su aplicación en el diagnóstico de enfermedades ortopédicas. San Marcos, s. ed., p. 59-70, 1991. BOUCK, G.R.; MILLER, C.W.; TAVES, L. 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