Insper Instituto de Ensino e Pesquisa Faculdade de Economia e Administração Luan Maike Felicio de Souza Barros Analisando o Desempenho dos Bancos de Investimento em Operações de M&A no Brasil São Paulo 2014 Luan Maike Felicio de Souza Barros Analisando o Desempenho dos Bancos de Investimento em Operações de M&A no Brasil Monografia apresentada ao curso de Ciências Econômicas, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. Orientador: Prof. Dr. Marco Lyrio – Insper São Paulo 2014 1 Barros, Luan Maike Felicio de Souza Analisando o Desempenho dos Bancos de Investimento em Operações de M&A no Brasil / Luan Maike Felicio de Souza Barros. – São Paulo: Insper, 2014. 32 f. Monografia: Faculdade de Economia e Administração. Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. Orientador: Prof. Dr. Marco Lyrio 1. Retorno Anormal 2. Fusões e Aquisições 3. Estratégia 2 Luan Maike Felicio de Souza Barros Analisando o Desempenho dos Bancos de Investimento em Operações de M&A no Brasil Monografia apresentada à Faculdade de Economia do Insper, como parte dos requisitos para conclusão do curso de graduação em Economia. Aprovado em Dezembro 2014 EXAMINADORES ________________________________________________________________________ Prof. Dr. Marco Túlio Pereira Lyrio Orientador ________________________________________________________________________ Prof. Dr. Michael Viriato Araújo Examinador ________________________________________________________________________ Prof. Dra. Andrea Maria Accioly Fonseca Minardi Examinadora 3 Resumo BARROS, Luan M. F. S. Analisando o Desempenho dos Bancos de Investimento em Operações de M&A no Brasil. São Paulo, 2014. Monografia – Faculdade de Economia e Administração. Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. Resumo: O trabalho estuda quais assessores financeiros geraram maiores retornos anormais a seus clientes em operações de fusões e aquisições no Brasil no período de 2000 a 2014. Para isso, utilizou-se a metodologia de estudo de eventos. O objetivo é confrontar o resultado encontrado com os rankings de volume de transações realizadas no mesmo período e verificar se os líderes desse mercado (os chamados top tier banks) agregam mais valor aos clientes do que a média dos demais assessores financeiros. Os resultados mostram que há geração de retorno anormal acumulado, para a média das transações, assessoradas ou não, existindo, porém, grande diferenciação entre os assessores, especialmente entre os assessores denominados top tiers quando comparados com os assessores second tiers. Palavras-chave: Fusões e Aquisições, Assessores Financeiros, Retorno Anormal, Top Tier Bank. 4 Abstract BARROS, Luan M. F. S. Analyzing the performance of investment banks in M&A transactions in Brazil. São Paulo, 2014. 32p. Monograph – Faculdade de Economia e Administração. Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. The paper studies financial advisors which generated higher abnormal returns to their clients on mergers and acquisitions in Brazil from 2000 to 2014. For this, it was used the event study methodology. The aim is to confront the results found with the rankings volume of transactions in the same period and verify that the leaders of this market (the socalled top tier banks) add more value to customers than the average of other financial advisors. The results show that there is abnormal generation of accumulated return to average transactions, advised or not, but there are great differences among the advisors, especially among top tier advisors against second tiers. Keywords: Mergers and Acquisitions, Financial Advisors, Abnormal Return, Top Tier Bank. 5 Sumário 1. Introdução .................................................................................................8 2. Revisão Bibliográfica ...................................................................................9 3. Metodologia ............................................................................................ 11 3.1 Dados ................................................................................................. 12 3.2 Estimando o retorno anormal .............................................................. 16 3.2.1 Estimando o Modelo de Mercado .................................................16 3.2.2 A Carteira de Mercado ..................................................................18 4. Resultados ............................................................................................... 18 5. Conclusão ................................................................................................. 28 6. Referências ............................................................................................... 29 Anexo A: Retorno anormal acumulado para diferentes assessores ...................................... 30 6 Lista de tabelas e gráficos Tabela 1: Ranking de assessores financeiros em operações de fusões e aquisições no Brasil para o período de 2011 – 2014 ....................................................................................9 Tabela 2: Filtros aplicados no universo de dados para chegar à amostra a ser analisada....... 12 Tabela 3: Empresas que mais realizaram aquisições no período, em número de aquisições .. 13 Tabela 4: Retornos anormais e retornos anormais acumulados para cada assessor .............. 19 Gráfico 1: Nacionalidade das empresas alvo internacionais na amostra ............................... 14 Gráfico 2: Composição da base de dados: número de transações por valor total da transação ................................................................................................................................ 14 Gráfico 3: Composição da base de dados em relação ao total de transações ....................... 15 Gráfico 4: Evolução no número de transações da amostra ao longo do período analisado .... 15 Gráfico 5: Comparação entre transações assessoradas e não assessoradas .......................... 25 Gráfico 6: Comparação entre top-tiers, second-tiers, e transações não-assessoradas ........... 26 Gráfico 7: Retorno anormal acumulado para os assessores com maior número de observações ............................................................................................................. 27 Gráfico 8: Retorno anormal acumulado para todas as transações da amostra ......................28 Gráfico 9: Retorno anormal acumulado do banco Credit Suisse em comparação a transações não-assessoradas e bancos second-tier ..................................................................... 30 Gráfico 10: Retorno anormal acumulado do banco Itaú BBA em comparação a transações não assessoradas e bancos second-tier ............................................................................ 30 Gráfico 11: Retorno anormal acumulado do banco BTG Pactual em comparação a transações não assessoradas e bancos second-tier ..................................................................... 31 Gráfico 12: Retorno anormal acumulado do banco BTG Pactual em comparação a transações não assessoradas e bancos second-tier ..................................................................... 32 Figura 1: Linha do tempo para um estudo de evento ........................................................... 17 7 1. Introdução A busca por ganhos de eficiência na economia geralmente leva as empresas a uma competição por ganhos de escala e sinergias operacionais. As operações de fusões e aquisições, lideradas por assessores especializados têm um papel crucial nesse processo. Quando a última onda de fusões e aquisições atingiu o seu ápice em 2007, o total gasto pelas companhias com esse tipo de operação atingiu US$ 4.2 trilhões mundialmente.¹ Segundo Chemmanur e Fulghieri (1994), esse mercado é dominado pelos chamados toptier banks, bancos que construíram uma reputação de superioridade em relação aos seus pares no mercado e que, teoricamente, entregam serviços superiores aos seus clientes em contrapartida de taxas (o valor cobrado por um assessor em determinada transação geralmente é definido com base em uma taxa sob o valor total da transação) superiores. Apesar da crise financeira de 2008, e do subsequente desaquecimento do mercado para este tipo de transação, o mercado de fusões e aquisições mundial atingiu o patamar de US$ 2,53 trilhões em 2013, um crescimento de 5,41% frente a 2012. Na América Latina, o volume total atingiu US$ 178,37 bilhões, dos quais US$ 83,08 bilhões envolvendo o mercado brasileiro². O papel dos assessores nas transações é o de identificar possíveis oportunidades e ganhos de sinergia operacional, além de unir potenciais vendedores a potenciais compradores. O que chama a atenção, porém, é a alta concentração no volume total de transações, como pode ser visto na tabela 1. Os principais assessores financeiros (tomemos os seis primeiros colocados como exemplo) estiveram presentes, cada um, em mais de 15% do total de transações do mercado brasileiro nos últimos três anos. Segundo Ismail (2010), tal concentração pode ser explicada pela reputação dos assessores envolvidos nessas transações. De acordo com a hipótese da transação superior (em inglês superior deal hypothesis), os assessores com maior prestígio conseguem identificar melhores sócios para seus clientes e criam maiores sinergias financeiras e operacionais. Isso se deve à maior experiência e conhecimento do mercado desses assessores. Sendo assim, a cada transação bem sucedida os gestores teriam mais incentivos 8 para contratar tais assessores, de modo que as melhores firmas deveriam também ser as líderes de mercado. Tabela 1 – Ranking de assessores financeiros em operações de fusões e aquisições no Brasil para o período de 2011 – 2014. # Assessores 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Credit Suisse BTG Pactual Rothschild Banco Itau BBA Goldman Sachs Morgan Stanley JP Morgan Citi BAML Santander % do Valor total de transações Valor total das transações (US$ milhões) 23,24% 17,30% 16,98% 16,80% 16,34% 15,21% 14,39% 14,10% 12,72% 12,51% 236.460 176.015 172.814 170.910 166.205 154.783 146.377 143.470 129.363 127.285 Valor médio Número (US$ total de milhões) transações 767 548 1.217 583 1.108 1.105 728 937 1.069 929 308 321 142 293 150 140 201 153 121 137 Fonte: Bloomberg. O objetivo deste trabalho é testar a hipótese da transação superior verificando se os assessores financeiros líderes em operações de fusões e aquisições geram ou não mais valor a seus clientes (aqui entendido como valor para os acionistas o retorno anormal das ações) do que os demais assessores (os chamados tier-two advisors). Para isso, serão usados os rankings de mercado (chamados de league tables) como medida da reputação dos assessores. De acordo com a teoria mencionada, deve-se encontrar uma correlação alta e positiva entre a posição ocupada no ranking e a geração de valor para os clientes. O trabalho se concentrara no contexto brasileiro possibilitando uma comparação com os resultados obtidos em outros países, tendo em vista que ao melhor do meu conhecimento não há pesquisa semelhante para o Brasil. 2. Revisão Bibliográfica O arcabouço teórico por trás dos estudos empíricos relacionados a fusões e aquisições geralmente está ligado à associação entre qualidade e preço cobrado. A ideia básica por trás das análises é a relação entre a reputação dos assessores e sua capacidade de gerar 9 maiores retornos aos clientes e cobrar maiores taxas por isso. Esta relação foi modelada pela primeira vez no trabalho clássico de Klein e Leffler (1981). Neste trabalho, os autores buscaram explicar a relação entre o prêmio pago e a qualidade superior de determinados bens e serviços para os casos em que os produtores acessam o mercado repetidamente e a reputação da qualidade dos produtos importa. Os autores encontraram que empresas de qualidade reconhecidamente superior possuem maiores demandas para seus produtos, refletindo em seu respectivo tamanho no mercado. Aplicando este conceito ao mercado de fusões e aquisições, tem-se que os melhores assessores deveriam ser também os maiores (os líderes de mercado) e os que recebem mais por seus serviços. Do lado empírico, diversos trabalhos analisaram o desempenho de assessores em transações de fusões e aquisições, sobre diferentes aspectos e com diferentes resultados. Bowers e Miller (1990), por exemplo, encontraram que os melhores assessores conseguem identificar transações com maior potencial de geração de sinergias para seus clientes, porém falham em conseguir capturar tais sinergias. Por outro lado, Ismail (2010) não encontrou qualquer relação entre o ganho para o cliente e a identificação do assessor como top-tier. Rau (2000), por sua vez, encontrou evidências de que adquirentes assessorados por bancos de investimento com maior participação de mercado obtiveram menor retorno anormal em comparação com adquirentes assessorados por bancos de investimento com menor participação. Servaes e Zenner (1996) estudaram o papel dos assessores no período de 1981 a 1992 para transações nos Estados Unidos e não encontraram qualquer relação entre o uso de assessores em geral com o retorno anormal dos ativos, mas puderam observar que empresas interessadas em aquisições (bidders) costumam contratar assessores somente quando as transações são mais complexas e se a empresa tem pouca experiência com aquisições anteriores. Este estudo, porém, teve como foco as grandes transações e talvez não seja representativa da indústria como um todo. Golubov, Petmezas e Travlos (2012) reacenderam o debate ao encontrar novas evidências que indicam que há uma relação entre os melhores assessores e os maiores retornos gerados, desde que a transação tenha como empresa-alvo uma empresa de capital aberto. Os autores concluem que o resultado está em linha com o plano de fundo teórico à medida que transações que envolvem empresas-alvo listadas têm maior potencial de afetar 10 a imagem do assessor. Isso se deve ao fato de que a eficiência do assessor pode ser melhor medida, dado que os dados da empresa a ser adquirida são públicos. Outro resultado em linha com a literatura teórica é o de que os melhores assessores também cobraram prêmios nas suas taxas em relação aos seus pares com menor reputação. Embora os resultados na literatura pareçam controversos para a indústria como um todo, resultados mais acurados são encontrados quando se definem grupos menores a serem observados. Este trabalho analisa estes resultados para o mercado brasileiro e busca observar em que medida os resultados encontrados para o mercado americano podem ser entendidos como verdadeiros para a indústria brasileira. 3. Metodologia À exceção do trabalho de Klein e Leffler (1981), que utilizou um modelo teórico para sua modelagem, os autores que fizeram uma abordagem empírica utilizaram a metodologia de estudo de eventos como ferramenta para medir os retornos anormais gerados pelas transações. Seguindo esta linha, este trabalho estuda o retorno anormal das ações das empresas adquirentes em transações de fusões e aquisições utilizando tal metodologia, como descrito no trabalho de MacKinlay (1997). Esse autor revisou e sumarizou os principais pontos dessa metodologia aplicados à teoria econômica e financeira. Para que isso seja possível, a amostra deste trabalho se limitará às adquirentes com capital aberto e, para atender ao objetivo deste trabalho (de estudar o mercado brasileiro), as mesmas devem ser também empresas listadas no Brasil. O primeiro passo para a realização de um estudo de eventos é a definição do evento a ser analisado, no nosso caso definido como o anúncio de uma aquisição, e do período no qual o evento será analisado, o que é chamado na literatura de janela de observação. A janela de observação inclui o período do evento, aqui definido como um dia, pois os dados serão tratados na forma de retornos diários, e um período anterior e posterior ao evento. Segundo MacKinlay (1997), é comum a definição de uma janela de observação maior do que o evento a ser estudado, de modo a permitir análises dos períodos próximos ao evento. Para entrar na amostra desse estudo, foram coletados dados do retorno diário de cada uma das empresas listadas na BMF&Bovespa que realizaram alguma fusão ou 11 aquisição, com valor a partir de 50 milhões de dólares, no período de 2000 até 5 de Maio de 2014. Coletou-se dados para a janela de observação de 20 dias anteriores ao evento e 20 dias posteriores ao evento, além do próprio dia do evento, totalizando 41 dias. 3.1 Dados Partindo de um universo de 6.408 transações de fusões e aquisições envolvendo o mercado brasileiro, o primeiro filtro aplicado foi o de estabelecer um recorte para os dados a partir de 2000. Depois, foram selecionadas apenas transações que envolvessem um valor maior do que US$50 milhões, tendo em vista que este trabalho foca em avaliar o desempenho dos assessores líderes e transações menores não são o foco de tais instituições. Assim, chegou-se a uma amostra de 1.094 transações, que foram submetidas a mais um filtro, o de que as empresas adquirentes possuíssem à época da aquisição capital aberto em bolsa, de modo a possibilitar a medição do retorno anormal das suas ações. Foram também excluídas da amostra transações internas, como operações de reestruturações, por exemplo, que podem ser tanto acionárias como de dívida, e que aparecem nos rankings com a mesma empresa como adquirente e alvo. Por último, retirouse da amostra empresas abertas, que apresentaram baixa liquidez durante a janela de observação (com algum dia sem haver negociação, por exemplo). A tabela 2 mostra esses critérios e o número de transações que foram selecionadas após cada filtro. Tabela 2: Filtros aplicados no universo de dados para chegar à amostra a ser analisada. Critério Número de Transações Todas as fusões e aquisições envolvendo empresas brasileiras 6.408 Data de anúncio a partir de 2000 5.478 Valor da transação maior que US$ 50 milhões 1.094 Adquirente ser companhia aberta 554 Excluindo-se transações internas (como reestruturação) 496 Excluindo-se empresas com baixa liquidez 457 Fonte: Base de dados Thomson One. Aplicados todos os critérios, chegamos a uma amostra de 457 transações a serem analisadas por este trabalho. Para se analisar o retorno anormal, a base também é composta 12 pelas cotações diárias das ações de todas as companhias envolvidas em alguma fusão ou aquisição no período analisado. Observando-se a amostra, nota-se que o universo de empresas adquirentes é bem inferior ao número de transações, totalizando 155 empresas adquirentes no período. Este fato pode ser explicado pela concentração das aquisições por algumas empresas, como pode ser visto na tabela 3. É o caso da companhia Vale que realizou 29 aquisições no período ou do banco Bradesco com 19 aquisições. Vale e Petrobras concentram as duas maiores aquisições, sendo a primeira a aquisição do direito de exploração de campos de petróleo no valor de USD 42,8 bilhões pela Petrobras em 2010 e a segunda a aquisição da Inco pela Vale em 2006, transação que atingiu USD 17,2 bilhões. Tabela 3: Empresas que mais realizaram aquisições no período, em número de aquisições. Empresa Vale Petrobras Banco Itaú Banco Bradesco Gerdau BR MALLS Hypermarcas JBS Telemar Norte Leste AmBev Número de aquisições no período 29 25 18 17 16 12 12 11 11 10 Quanto à nacionalidade das empresas alvo, 371 das 457 transações tiveram como alvo empresas brasileiras. As outras 86 transações tiveram como alvo empresas no exterior, principalmente nos Estados Unidos e da Argentina, como pode ser observado no gráfico 1. 13 Gráfico 1: Nacionalidade das empresas alvo internacionais na amostra 26 19 15 6 Colômbia Portugal Australia 5 Outros 7 Canadá Estados Unidos Argentina 8 Como se pode notar pelo gráfico 2, transações entre US$50 milhões e US$500 milhões são a grande maioria, com apenas 9 transações maiores do que 5 bilhões de dólares envolvendo compradores brasileiros listados em bolsa no período. No agregado das receitas, porém, transações acima de 1 bilhão de dólares representam quase a metade do tamanho total das transações, o que chama a atenção para possíveis distorções da análise. (Ver gráfico 3). Gráfico 2: Composição da base de dados: número de transações por valor total da transação 118 115 103 61 51 9 50 -100 100 - 200 200 - 500 500 - 1000 1000 - 5000 Mais de 5000 Valor da transação (US$ milhões) Fonte: Thomson One. Observação: O gráfico mostra o número de transações de acordo com a faixa de valor total da transação. 14 Podemos ter uma visão também da evolução das transações ao longo dos anos, e de como este é um mercado muito cíclico, com variações bruscas no número total de transações ano a ano. No gráfico 4, pode-se ver também a última grande onda de fusões e aquisições, que teve seu ápice em 2007. Gráfico 3: Composição da base de dados em relação ao total de transações 116,1 113,1 1000 - 5000 Mais de 5000 50,8 45,4 17,3 8,6 50 -100 100 - 200 200 - 500 500 - 1000 Fonte: Thomson One. Observação: O gráfico mostra o valor total das transações (em bilhões de dólares) para cada faixa de tamanho da transação. Gráfico 4: Evolução no número de transações da amostra ao longo do período analisado. 81 60 57 51 49 38 33 32 33 27 21 9 2000 2002 13 17 5* 2004 2006 2008 2010 2012 2014 Fonte: Thomson Reuters. Número de transações concluídas por ano. * Dados de 2014 até 5 de Maio. 15 3.2 Estimando o retorno anormal O próximo passo para o estudo de evento é a definição do cálculo do retorno anormal. Podemos definir retorno anormal como: 𝑅𝐴𝑖𝑡 = 𝑅𝑖𝑡 − 𝐸(𝑅𝑖𝑡 ⃓𝑋𝑡) (1) onde RAit , R it e E(R it ⃓Xt ) são, respectivamente, o retorno anormal do ativo i no período t, o retorno efetivo do ativo i no período t e a expectativa de retorno para o ativo i no período t, condicionada à informação do modelo de estimação. O próximo passo na estimação do retorno anormal é a definição do método de estimação para a expectativa de retorno. Segundo MacKinlay (1997), existem vários métodos que podem ser utilizados para esta estimação do retorno esperado, como o modelo de retorno médio, o modelo de mercado, outros modelos estatísticos e modelos econômicos. O modelo de retorno médio seria simplesmente esperar que o retorno médio de um dado intervalo de tempo passado se repetisse no futuro, enquanto os demais modelos usam diversos fatores para estimar a expectativa de retorno. Neste trabalho, será utilizado o modelo de mercado (do inglês “market model”) para a estimação do retorno esperado dos ativos. O modelo de mercado descreve o retorno esperado de um ativo para um período t (𝑅𝑖𝑡 ) como função do retorno do portfólio de mercado, ponderado pela sensibilidade da empresa em relação a movimentos no portfólio de mercado, 𝛽𝑡 : 𝑅𝑖,𝑡 = 𝛼𝑖 + 𝛽𝑖 𝑅𝑚,𝑡 + 𝜀𝑖,𝑡 𝐸(𝜀𝑖,𝑡 ) = 0 3.2.1 (2) 𝑣𝑎𝑟(𝜀𝑖,𝑡 ) = 𝜎𝜀2𝑡 Estimando o modelo de mercado Para facilitar a notação, o retorno foi indexado ao dia do evento, então τ = 0 é a data do evento, 𝜏 = 𝑇1 + 1 a 𝜏 = 𝑇2 representa a janela do evento, e 𝜏 = 𝑇0 + 1 a 𝜏 = 𝑇1 é definida como a janela de estimação. Vamos definir também a extensão da janela de 16 estimação e da janela do evento como 𝐿1 = 𝑇1 − 𝑇0 e 𝐿2 = 𝑇2 − 𝑇1. Se aplicável, a janela posterior ao evento será 𝜏 = 𝑇2 + 1 a 𝜏 = 𝑇3 e sua extensão 𝐿3 = 𝑇3 − 𝑇2 . Figura 1: Linha do tempo para um estudo de evento Sejam as estimativas dos parâmetros 𝛽𝑖,𝑡 , 𝛼𝑖,𝑡 , 𝜎𝜀2𝑡 respectivamente as equações (3), (4) e (5) definidas como: 𝛽̂𝑖 = 1 ∑𝑇𝜏=𝑇 (𝑅𝑖,𝜏 − 𝜇̂𝑖 )(𝑅𝑚,𝜏 − 𝜇̂ 𝑚) 0 +1 1 ∑𝑇𝜏=𝑇 (𝑅𝑚,𝜏 − 𝜇̂ 𝑚 )2 0 +1 𝛼̂𝑖 = 𝜇̂ 𝑖 − 𝛽̂𝑖 𝜇̂ 𝑚 (3) (4) 𝑇1 1 𝜎̂𝜖2𝑖 = ∑ (𝑅𝑖,𝜏 − 𝛼̂𝑖 − 𝛽̂𝑖 𝑅𝑚,𝜏 )2 𝐿1 − 2 (5) 𝜏=𝑇0 +1 onde: 𝑇1 1 𝜇̂ 𝑖 = ∑ 𝑅𝑖,𝜏 𝐿1 𝜏=𝑇0 +1 𝑇1 𝜇̂ 𝑚 1 = ∑ 𝑅𝑚,𝜏 𝐿1 𝜏=𝑇0 +1 sendo 𝑅𝑖,𝜏 e 𝑅𝑚,𝜏 o retorno do evento no período 𝜏 para o ativo 𝑖, e o retorno do portfolio de mercado, respectivamente. Sob a hipótese nula, 𝑅𝐴𝑖𝑡 , condicionada ao retorno do mercado na janela do evento, segue uma normal, com média zero e variância sendo, 𝜎 2 (𝑅𝐴𝑖,𝜏 ) = 𝜎𝜀2𝜏 + 1 (𝑅𝑚,𝜏 − 𝜇̂ 𝑚 )2 [1 + ] 2 𝐿1 𝜎̂𝑚 (6) 17 porém, o segundo termo da fórmula tende a zero quando a janela de estimação cresce, de modo que chegamos à 𝜎 2 (𝑅𝐴𝑖,𝜏 ) = 𝜎𝜀2𝜏 . Por fim, foi calculado o retorno anormal agregado para a janela do evento: 𝜏2 𝑅𝐴𝐴𝑖 (𝜏1 , 𝜏2 ) = ∑ 𝑅𝐴𝑖𝜏 (7) 𝜏=𝜏1 3.2.2 A Carteira de mercado Segundo Sharpe (1964), Lintner (1965) e Mossin (1966), a carteira de mercado é a carteira que inclui todos os ativos da economia em quantidades tais que maximizam a relação risco retorno, o que no modelo pode ser entendido como a maximização da inclinação da Linha de Mercado de Capitais (em inglês, Capital Market Line). Neste trabalho, será utilizado o índice Ibovespa como proxy para a carteira de mercado, tendo em vista a sua amplitude e o seu alto índice de utilização como carteira de referência para os agentes do mercado. O parâmetro β do modelo de mercado, a ser estimado, pode ser entendido, então, como a medida de risco relativo entre o ativo i e o Ibovespa. Segundo MacKinlay (1997), é comum não incluir o próprio evento na janela de estimação dos parâmetros, pois caso contrário teríamos o modelo de retorno esperado e o efetivo sob influência do evento a ser estudado. Assim, a janela de estimação utilizada neste trabalho foi definida como o intervalo de um ano anterior ao evento. 4. Resultados A tabela 4 resume os resultados encontrados. As transações foram separadas por assessor, para que se pudesse comparar os retornos anormais acumulados entre eles. Foram feitas também estimativas para grupos mais amplos, como “transações assessoradas”, por exemplo, que inclui todas as transações que possuíram assessor financeiro, “transações não assessoradas” que inclui as transações em que a própria companhia lidera a transação, sem a contratação de um assessor especializado, entre outros. 18 Tabela 4: Retornos anormais e retornos anormais acumulados para cada assessor. Transações nãoassessoradas Dias em relação ao evento -21 -20 -19 -18 -17 -16 -15 -14 -13 -12 -11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Credit Suisse Rothschild Retorno Anormal Acumulado Retorno Anormal Acumulado Retorno Anormal 0.0% 0.1% -0.3% -0.1% 0.0% -0.1% -0.1% 0.2% -0.6% -0.2% -0.1% -0.1% 0.3% 0.3% 0.1% -0.1% 0.2% -0.1% -0.1% 0.1% 0.7% 0.3% 1.0% 0.6% 0.6% 0.0% 0.5% 0.3% -0.2% -0.2% 0.0% -0.1% -0.1% -0.4% 0.0% -0.3% 0.1% -0.1% 0.1% -0.1% -0.3% 0.1% 0.0% 0.1% -0.2% -0.2% -0.2% -0.3% -0.4% -0.2% -0.8% -1.0% -1.0% -1.1% -0.8% -0.5% -0.5% -0.5% -0.3% -0.4% -0.5% -0.3% 0.4% 0.6% 1.6% 2.1% 2.7% 2.7% 3.2% 3.5% 3.3% 3.2% 3.2% 3.1% 3.0% 2.6% 2.5% 2.2% 2.4% 2.2% 2.3% 2.2% 1.9% 2.0% 0.0% 0.1% -0.2% 0.3% 0.1% 0.6% -0.3% 0.2% -0.4% 0.4% -0.2% -0.3% 0.3% 0.0% -0.6% -0.4% 0.5% 0.5% 0.2% 0.0% 0.1% 2.1% 0.7% 1.1% 0.3% -0.5% -0.6% 0.2% -0.7% -0.3% -0.2% 0.9% 0.4% 0.2% -0.3% -0.4% 0.3% 0.4% 0.1% -1.6% -0.2% 0.1% 0.0% 0.1% -0.1% 0.2% 0.3% 1.0% 0.7% 0.8% 0.4% 0.8% 0.6% 0.3% 0.6% 0.7% 0.0% -0.3% 0.2% 0.6% 0.9% 0.9% 1.0% 3.0% 3.8% 4.9% 5.1% 4.6% 4.0% 4.2% 3.5% 3.2% 3.0% 3.9% 4.3% 4.5% 4.2% 3.8% 4.1% 4.5% 4.7% 3.1% 2.9% 3.0% 0.0% -0.3% 0.8% 0.1% -0.4% 0.3% -0.9% -0.3% -1.0% 0.1% 0.2% 0.5% -0.2% 0.0% 1.0% 1.1% 0.5% 1.3% 0.4% 0.1% -0.6% 0.9% -1.8% 0.8% 0.6% 1.6% -0.1% 0.7% 0.2% -1.9% -0.7% 0.2% 0.1% 0.0% 0.3% -0.4% -0.4% -1.0% 0.9% -0.2% 0.6% 0.0% Acumulado 0.0% -0.3% 0.6% 0.6% 0.3% 0.6% -0.3% -0.6% -1.6% -1.5% -1.3% -0.8% -1.0% -1.0% 0.0% 1.1% 1.6% 2.9% 3.4% 3.5% 2.9% 3.8% 2.0% 2.8% 3.4% 5.0% 4.9% 5.6% 5.8% 3.9% 3.2% 3.5% 3.6% 3.5% 3.8% 3.4% 3.0% 2.0% 2.9% 2.8% 3.4% 3.4% 19 Tabela 4: Retornos anormais e retornos anormais acumulados para cada assessor (continuação). BAML Dias em relação ao evento -21 -20 -19 -18 -17 -16 -15 -14 -13 -12 -11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Retorno Anormal 0.0% 0.1% -0.9% -0.2% 0.4% 0.3% 1.5% -1.1% -0.5% -0.4% 0.2% 0.1% 0.4% 0.0% 0.1% 0.7% 0.2% 0.5% 0.8% 0.0% 0.0% 0.0% -0.4% 0.9% -0.5% -0.7% 0.4% 0.4% 0.1% -0.6% 0.2% -0.1% -0.4% -0.4% -0.5% -0.8% 0.1% 0.0% -1.0% 0.5% -0.4% 0.1% Acumulado 0.0% 0.1% -0.8% -0.9% -0.6% -0.3% 1.2% 0.0% -0.5% -0.8% -0.7% -0.6% -0.2% -0.2% -0.1% 0.6% 0.8% 1.3% 2.2% 2.2% 2.2% 2.3% 1.9% 2.7% 2.3% 1.6% 2.0% 2.4% 2.5% 2.0% 2.1% 2.1% 1.6% 1.2% 0.7% -0.1% 0.0% 0.1% -0.9% -0.5% -0.9% -0.8% BBA UBS Retorno Acumulado Anormal Retorno Acumulado Anormal 0.0% -0.5% 0.6% -0.4% -0.1% 0.3% -0.2% 0.3% -0.1% -0.1% 0.1% 0.2% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% -0.4% -0.1% -0.2% 0.6% 0.1% 1.2% 0.8% 0.3% -0.2% -0.1% 0.3% 0.1% -0.1% 0.2% 0.0% -0.4% -0.7% -0.8% 0.0% -0.2% -0.1% 0.8% 0.2% 0.5% 0.3% -0.2% 0.0% -0.5% 0.1% -0.3% -0.4% -0.1% -0.3% 0.0% -0.1% -0.2% -0.1% 0.2% 0.1% 0.2% 0.2% 0.2% -0.2% -0.3% -0.5% 0.1% 0.2% 1.4% 2.2% 2.5% 2.3% 2.1% 2.4% 2.6% 2.4% 2.6% 2.7% 2.3% 1.6% 0.8% 0.8% 0.6% 0.5% 1.4% 1.6% 2.1% 2.4% 2.2% 0.0% -0.6% 0.9% 1.0% 0.5% -0.4% 0.0% 0.6% -0.8% -0.3% -0.2% 1.4% 0.6% -0.1% -0.7% 0.7% 0.1% -0.3% 0.6% -0.4% 0.0% -0.3% -0.5% 0.2% 0.0% 0.4% -0.3% 1.0% 0.4% 0.0% -1.4% 0.2% 0.3% -0.6% 0.1% -0.8% 0.3% 0.1% 0.7% -0.4% -0.1% 1.3% 0.0% -0.6% 0.3% 1.3% 1.8% 1.4% 1.4% 2.0% 1.2% 0.9% 0.6% 2.0% 2.6% 2.5% 1.8% 2.5% 2.5% 2.3% 2.8% 2.5% 2.5% 2.2% 1.7% 1.8% 1.9% 2.3% 2.0% 3.0% 3.4% 3.4% 1.9% 2.1% 2.4% 1.7% 1.9% 1.1% 1.3% 1.4% 2.1% 1.7% 1.6% 2.9% 20 Tabela 4: Retornos anormais e retornos anormais acumulados para cada assessor (continuação). Santander Dias em relação ao evento -21 -20 -19 -18 -17 -16 -15 -14 -13 -12 -11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Retorno Anormal Acumulado 0.0% -0.5% 0.3% 0.3% -0.3% 0.9% 0.3% 0.2% 0.0% -0.4% 0.4% 0.6% 0.1% 0.9% 0.7% 1.5% -0.5% -0.8% -0.2% 0.0% -0.7% -1.0% -1.3% -0.3% -0.3% 0.5% 0.7% 0.9% -0.4% 1.3% -0.2% 1.0% -0.8% -0.1% -0.5% 0.1% 0.1% 0.7% 0.3% 0.5% 0.8% -0.3% 0.0% -0.5% -0.2% 0.0% -0.3% 0.6% 0.9% 1.0% 1.1% 0.6% 1.0% 1.6% 1.7% 2.7% 3.4% 4.9% 4.4% 3.6% 3.4% 3.4% 2.6% 1.6% 0.3% 0.0% -0.3% 0.2% 0.9% 1.8% 1.4% 2.6% 2.4% 3.4% 2.6% 2.4% 1.9% 2.0% 2.1% 2.8% 3.1% 3.6% 4.4% 4.1% Citi BBI Retorno Acumulado Anormal Retorno Acumulado Anormal 0.0% 0.2% 0.0% 0.0% -0.1% 0.3% 0.2% -0.1% -0.1% 0.4% 0.5% -0.3% 0.4% 0.1% -0.4% 0.1% 0.4% 1.1% 0.6% 0.7% -0.2% 0.5% 0.5% -0.3% -0.4% -0.6% 0.2% -1.0% -0.5% -0.5% -0.1% 0.3% -0.9% 0.1% -0.2% -0.1% -0.1% 0.2% 0.4% 0.2% -0.8% 0.3% 0.0% 0.2% 0.1% 0.1% 0.0% 0.3% 0.5% 0.4% 0.2% 0.6% 1.1% 0.8% 1.2% 1.3% 0.9% 1.0% 1.4% 2.6% 3.2% 3.9% 3.7% 4.2% 4.7% 4.4% 4.0% 3.4% 3.7% 2.6% 2.2% 1.7% 1.6% 1.9% 1.0% 1.1% 0.9% 0.8% 0.7% 0.9% 1.4% 1.5% 0.7% 1.0% 0.0% -1.3% 0.6% 0.2% 0.0% 1.4% 0.2% -0.2% 0.6% 0.0% 0.1% -0.4% -0.3% 0.1% 0.3% -0.1% 0.0% 0.0% -0.5% 0.7% -0.1% 1.0% -0.9% 0.3% -0.3% -0.1% -0.3% -0.1% -0.3% 0.0% -0.1% -0.5% -0.8% 0.0% 0.1% 0.3% 0.0% 0.7% 0.0% 0.2% 0.1% -0.1% 0.0% -1.3% -0.7% -0.5% -0.5% 0.9% 1.1% 0.9% 1.5% 1.4% 1.5% 1.1% 0.9% 1.0% 1.3% 1.2% 1.2% 1.2% 0.7% 1.4% 1.3% 2.3% 1.4% 1.6% 1.3% 1.2% 0.9% 0.8% 0.5% 0.5% 0.4% 0.0% -0.8% -0.9% -0.8% -0.5% -0.5% 0.2% 0.2% 0.4% 0.6% 0.5% 21 Tabela 4: Retornos anormais e retornos anormais acumulados para cada assessor (continuação). BTG Dias em relação ao evento -21 -20 -19 -18 -17 -16 -15 -14 -13 -12 -11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Retorno Acumulado Anormal 0.0% 0.0% -0.5% -0.5% -0.1% -0.6% -0.2% -0.7% 0.6% -0.1% 0.0% -0.1% -0.5% -0.6% 0.1% -0.5% 0.1% -0.4% -0.1% -0.5% 0.5% 0.0% -0.1% 0.0% -0.3% -0.3% 0.3% -0.1% 0.2% 0.1% 0.1% 0.2% -0.1% 0.1% -0.1% 0.0% 0.8% 0.8% 0.3% 1.1% -0.7% 0.4% 0.7% 1.0% -1.9% -0.8% 0.1% -0.8% -0.2% -0.9% -0.4% -1.3% 0.6% -0.7% 0.4% -0.3% -0.1% -0.4% 0.1% -0.4% 0.5% 0.1% -0.5% -0.4% 0.2% -0.2% 0.3% 0.1% 0.4% 0.5% 0.3% 0.8% -0.4% 0.3% 0.0% 0.3% 0.2% 0.5% 0.0% 0.5% -0.6% -0.1% 0.6% 0.5% JP Morgan Retorno Acumulado Anormal 0.0% 0.0% -0.3% -0.3% 0.1% -0.2% 0.2% 0.1% 0.5% 0.5% -0.8% -0.3% -1.2% -1.5% -0.1% -1.6% 0.4% -1.2% 0.7% -0.5% 0.2% -0.3% 0.9% 0.6% 1.0% 1.6% 1.0% 2.6% -1.6% 1.0% 0.2% 1.2% 0.1% 1.3% 0.1% 1.4% 0.2% 1.5% 0.7% 2.2% -0.4% 1.9% 1.0% 2.9% 0.0% 2.9% -1.0% 1.9% -0.6% 1.3% -0.8% 0.5% 0.1% 0.7% 0.0% 0.6% 0.4% 1.1% 0.1% 1.2% -0.4% 0.7% 0.4% 1.2% -0.5% 0.7% -0.7% 0.0% 0.3% 0.3% -1.1% -0.8% 0.2% -0.6% 0.4% -0.2% -0.7% -1.0% 0.1% -0.9% 0.0% -0.9% 0.9% 0.0% Goldman Sachs Retorno Acumulado Anormal 0.0% 0.0% 0.6% 0.6% 0.3% 1.0% 1.0% 2.0% -0.4% 1.5% -0.2% 1.4% -0.2% 1.2% -0.2% 1.0% 0.1% 1.1% 0.4% 1.5% -0.5% 1.0% 0.0% 1.0% 0.8% 1.8% -0.7% 1.1% -1.1% -0.1% 0.2% 0.2% 0.2% 0.3% 0.8% 1.1% 0.3% 1.5% -0.6% 0.8% -0.3% 0.5% 0.8% 1.3% -0.9% 0.5% 0.3% 0.7% -0.8% -0.1% 1.1% 1.0% -0.7% 0.3% 0.3% 0.6% 0.1% 0.7% 0.0% 0.7% 0.2% 0.9% 0.7% 1.6% -0.9% 0.7% 0.6% 1.4% -0.1% 1.3% 0.0% 1.3% 0.0% 1.3% 0.3% 1.7% 0.2% 1.9% 0.2% 2.1% -0.8% 1.2% -0.9% 0.3% 22 Tabela 4: Retornos anormais e retornos anormais acumulados para cada assessor (continuação) Dias em relação ao evento -21 -20 -19 -18 -17 -16 -15 -14 -13 -12 -11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Diversos Retorno Acumulado Anormal 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.2% 0.2% 0.2% 0.4% -0.2% 0.3% 0.1% 0.3% -0.2% 0.1% 0.1% 0.2% -0.1% 0.1% -0.3% -0.2% 0.2% 0.0% 0.1% 0.2% 0.4% 0.6% -0.3% 0.3% 0.0% 0.3% 0.2% 0.5% 0.2% 0.7% 0.3% 1.0% 0.4% 1.3% 0.0% 1.3% 0.2% 1.5% 1.2% 2.7% -0.4% 2.3% -0.1% 2.2% -0.1% 2.2% -0.1% 2.1% -0.2% 1.9% 0.0% 1.9% -0.2% 1.7% -0.4% 1.3% -0.3% 1.1% 0.3% 1.4% 0.0% 1.4% 0.0% 1.4% -0.2% 1.2% 0.0% 1.1% -0.2% 1.0% 0.2% 1.1% 0.0% 1.1% 0.3% 1.4% 0.3% 1.7% 0.2% 1.9% Transações assessoradas Retorno Acumulado Anormal 0.0% 0.0% -0.2% -0.2% 0.3% 0.0% 0.3% 0.3% 0.0% 0.3% 0.1% 0.5% 0.0% 0.5% 0.0% 0.5% -0.2% 0.3% 0.1% 0.4% 0.1% 0.5% 0.1% 0.6% 0.2% 0.8% 0.1% 0.9% -0.1% 0.8% 0.1% 0.9% 0.2% 1.1% 0.2% 1.3% 0.3% 1.6% 0.1% 1.7% 0.0% 1.8% 0.9% 2.7% -0.1% 2.6% 0.2% 2.8% -0.2% 2.6% 0.0% 2.6% -0.2% 2.4% 0.2% 2.6% -0.2% 2.4% -0.2% 2.2% -0.3% 1.9% 0.1% 2.1% -0.2% 1.9% -0.1% 1.7% -0.1% 1.6% -0.2% 1.4% 0.1% 1.5% 0.2% 1.7% 0.0% 1.8% -0.1% 1.7% 0.0% 1.7% 0.2% 1.9% 23 Tabela 4: Retornos anormais e retornos anormais acumulados para cada assessor (continuação) Top Tier Dias em relação ao evento -21 -20 -19 -18 -17 -16 -15 -14 -13 -12 -11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Retorno Anormal 0.0% -0.2% 0.3% 0.1% 0.1% 0.2% -0.3% 0.2% -0.4% 0.2% 0.1% 0.3% 0.2% 0.0% -0.1% 0.0% 0.1% 0.1% 0.2% 0.2% 0.0% 1.2% 0.1% 0.6% 0.1% 0.1% -0.1% 0.4% -0.4% -0.1% -0.3% 0.0% -0.1% -0.2% -0.1% -0.4% 0.1% 0.2% 0.3% -0.4% 0.0% 0.2% Acumulado 0.0% -0.2% 0.0% 0.2% 0.2% 0.4% 0.1% 0.4% 0.0% 0.2% 0.2% 0.5% 0.7% 0.7% 0.7% 0.6% 0.8% 0.9% 1.1% 1.3% 1.3% 2.5% 2.5% 3.2% 3.2% 3.4% 3.2% 3.6% 3.2% 3.1% 2.8% 2.8% 2.7% 2.5% 2.5% 2.1% 2.2% 2.4% 2.7% 2.3% 2.3% 2.5% Second Tier Retorno Acumulado Anormal 0.0% 0.0% -0.3% -0.3% 0.2% 0.0% 0.3% 0.3% -0.1% 0.2% 0.2% 0.4% 0.2% 0.6% -0.1% 0.5% -0.1% 0.4% 0.0% 0.5% 0.1% 0.6% 0.1% 0.6% 0.3% 0.9% 0.1% 1.0% -0.2% 0.8% 0.2% 1.0% 0.1% 1.1% 0.3% 1.4% 0.3% 1.7% 0.0% 1.8% 0.0% 1.8% 0.8% 2.6% -0.3% 2.3% -0.1% 2.3% -0.3% 1.9% -0.1% 1.8% -0.1% 1.7% 0.1% 1.8% -0.1% 1.7% -0.1% 1.6% -0.2% 1.4% 0.3% 1.6% -0.4% 1.2% -0.1% 1.1% -0.1% 1.0% -0.2% 0.8% 0.0% 0.8% 0.3% 1.1% -0.1% 1.0% 0.3% 1.3% 0.0% 1.2% 0.2% 1.4% 24 Vamos analisar primeiramente a relação entre as transações assessoradas versus as transações que não contaram com um assessor financeiro. O gráfico 5 mostra que aparentemente não há diferenças significativas entre o retorno excedente gerado pelos assessores em relação a transações efetuadas sem os mesmos, o que corrobora o resultado encontrado por Servaes e Zenner (1996), que analisaram o mercado americano no período de 1981 a 1992 e não encontraram ganhos significativos para transações efetuadas com a contratação de assessores em detrimento de transações não assessoradas. Vale ressaltar, porém, que as transações não assessoradas tiveram uma média de valor muito menor do que as transações assessoradas (255 milhões contra 955 milhões respectivamente), o que evidencia o papel dos assessores nas transações maiores e mais complexas, mesmo resultado encontrado no trabalho de Servaes e Zenner (1996). Uma possível explicação para o fato de transações não assessoradas gerarem retorno anormal cumulativo semelhante as transações assessoradas pode estar na existência de departamentos internos de M&A em algumas empresas, que na prática funcionam como assessores financeiros, porém não entram no âmbito deste trabalho. Gráfico 5: Comparação entre transações assessoradas e não assessoradas O gráfico 6 busca explicar a relação entre o retorno anormal acumulado gerado pelos assessores denominados top-tiers em relação aos demais assessores, e as transações 25 não assessoradas. São entendidos como top-tiers os bancos que ocupam as quatro primeiras posições dos rankings de fusões e aquisições para os últimos 3 anos, mais o banco UBS, que embora não esteja entre os quatro primeiros nos últimos 4 anos (pois o mesmo se retirou do país após a crise de 2008, retornando apenas em 2012) complementa os dados do banco BTG Pactual, que adquiriu sua unidade de negócios no Brasil em 2008. Podemos observar que os bancos líderes de mercado geraram retorno excedente em relação aos demais bancos e as transações não assessoradas, com retornos anormais acumulados de 2,5%, 1,4% e 2,0% respectivamente. Este resultado contradiz os resultados de Ismail (2010) que não encontrou relação entre a classificação do banco como top-tier a geração de retorno anormal, e Rau (2000) que encontrou que bancos líderes geraram retornos anormais inferiores a bancos second-tier. Gráfico 6: Comparação entre top-tiers¹, second-tiers², e transações não-assessoradas. Nota: (1) Credit Suisse, BTG-Pactual, Itaú BBA, Rothschild e UBS. (2) Demais assessores. 26 A análise entre todos os assessores pode sair prejudicada devido ao número de observações por assessor. Os assessores que possuem mais observações são Itaú BBA com 40, Credit Suisse com 39, Bradesco BBI com 25 e Citi Bank com 25. O gráfico 7 mostra a evolução do retorno anormal acumulado para estes assessores. Gráfico 7: Retorno anormal acumulado para os assessores com maior número de observações. O gráfico 8 mostra o viés de geração de retorno anormal positivo quando se observa todas as transações da amostra. Pode-se notar claramente o impulso no retorno anormal com o anúncio da transação, representando a surpresa do mercado com o anúncio, e uma correção posterior no retorno anormal, indicando possível ajuste na avaliação de sinergias operacionais e financeiras. 27 Gráfico 8: Retorno anormal acumulado para todas as transações da amostra 5. Conclusão Os resultados para o mercado Brasileiro mostram que, em geral, os assessores líderes de mercado geram valor a seus clientes, na forma de retorno anormal, em relação a assessores de segunda linha (second-tiers). O resultado esta em linha com a teoria desenvolvida por Klein e Leffler (1981) na qual o tamanho no mercado é reflexo da qualidade do produto ou serviço. A comparação entre transações não assessoradas e assessoradas, porém, contradiz a teoria na medida em que transações não assessoradas geraram maior retorno do que transações assessoradas. O resultado pode ser entendido como a diferença entre os tipos de transações envolvendo os dois grupos. Por fim, verificaram-se diferenças significativas entre os retornos anormais cumulativos entre os assessores. 28 6. Referências BOWERS, Helen M; MILLER, Robert E. Choice of investment banker and shareholder’s wealth of firms involved in acquisitions. Financial Management, v.19, 1990. CHEMMANUR, Thomas J; FULGHIERI, Paolo. Investment bank reputation, information production, and financial intermediation. The Journal of Finance, v.49, p. 57-79, 1994, GOLUBOV, Andrey; PETMEZAS, Dimitris; TRAVLOS, Nickolaos G. When it pays to pay your investment banker: new evidence on the role of financial advisors in M&As. The Journal of Finance, v.67, p. 271-311, 2012. ISMAIL, Ahmad. 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Capital asset prices: A theory of market equilibrium under conditions of risk. Journal of Finance, v. 19, p. 425-442, 1964. 29 Anexo A: Retorno anormal acumulado para diferentes assessores. Gráfico 9: Retorno anormal acumulado do banco Credit Suisse em comparação a transações não-assessoradas e bancos second-tier. Gráfico 10: Retorno anormal acumulado do banco Itaú BBA em comparação a transações não-assessoradas e bancos second-tier 30 Gráfico 11: Retorno anormal acumulado do banco BTG Pactual em comparação a transações não-assessoradas e bancos second-tier. Gráfico 12: Retorno anormal acumulado do banco BTG Pactual em comparação a transações não assessoradas e bancos second-tier. 31