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Revisado em Agosto 2013
Aceito em Outubro 2013
Prevalência da Osteoporose em Mulheres Atendidas
em uma Clínica Particular em Vitória, ES
Mabli L. Ferreira1, Thaís A. Jacinto1, Fabiana V. Simões2*
1 Discente da Faculdade de Ciências Biomédicas do Espírito Santo, ES, Brasil
2 Docente da Faculdade de Ciências Biomédicas do Espírito Santo, ES, Brasil
*[email protected]
Resumo
Com o progresso dos aspectos preventivos da medicina neste século trouxe um aumento significativo na
sobrevida humana. A proporção de idosos no Brasil subiu de 9,1% em 1999 para 11,3% em 2009, compondo
hoje um contingente acima de 22 milhões de pessoas. Nesta faixa etária há uma grande incidência de fraturas
relacionadas a perda de massa óssea fazendo com que a osteoporose seja uma das principais patologias associada
ao envelhecimento. A osteoporose é uma doença crônica e progressiva, caracterizada pela diminuição da massa
óssea e deterioração da microarquitetura do tecido ósseo. Essas alterações levam ao aumento da fragilidade
óssea e com isso um maio risco para fraturas. Dentre os interesses pela osteoporose, podemos destacar o
desenvolvimento de um método de diagnóstico que possibilitou a quantificação da massa óssea, a Densitometria
Óssea, um exame considerado adequado e preciso sendo o melhor método disponível para determinar e existência
do risco e iniciar um tratamento preventivo, ele utiliza a absorciometria de energia dupla de raio X e mede partes
centrais do esqueleto (coluna e fêmur). As complicações decorrentes das fraturas osteoporóticas, sobretudo do
fêmur, podem causar perda da qualidade de vida e, até mesmo, da própria vida, com um custo muito elevado,
tornando imprescindíveis o seu conhecimento e sua prevenção. O objetivo do presente estudo foi identificar
a prevalência da osteoporose em mulheres atendidas na Grande Vitória no período de agosto a dezembro de
2012 e relacionar os seus fatores de risco. Foram avaliadas 695 pacientes, a prevalência foi de 37%. Os achados
destacaram a prevalência da osteoporose e osteopenia consideravelmente altas, principalmente em pacientes
com a idade alta e etnia branca. Assim podemos concluir o quanto é necessários estudos desse segmento, para
que se possa obter dados e o perfil dessa doença que atinge milhares de idosos e que gera altos custos para a
saúde pública, além da qualidade de vida desses indivíduos.
Palavras-chave: osteoporose, prevalência, densitometria óssea
Introdução
A osteoporose é uma doença crônica e progressiva, caracterizada pela diminuição da massa óssea e
deterioração da microarquitetura do tecido ósseo. Essas alterações levam ao aumento da fragilidade óssea e com
isso um maior risco para fraturas.1
De acordo com Mendes,2 a perda da massa óssea aumenta com a idade, em mulheres pós-menopausa
quando deixam de secretar hormônios, fatores genéticos atuam nas variações da massa óssea dos grupos raciais
e concentrações farmacológicas elevadas conduzem à inibição da formação óssea.
Com o progresso dos aspectos preventivos da medicina neste século trouxe um aumento significativo na
sobrevida humana.3 A proporção de idosos no Brasil subiu de 9,1% em 1999 para 11,3% em 2009, compondo hoje um
contingente acima de 22 milhões de pessoas,4 com isso há uma grande incidência de fraturas relacionadas à perda
de massa óssea fazendo com que a osteoporose seja uma das principais patologias associada ao envelhecimento.
As complicações decorrentes das fraturas osteoporóticas, sobretudo do fêmur, podem causar perda da
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qualidade de vida e, até mesmo, da própria vida, com
um custo muito elevado, tornando imprescindíveis o
seu conhecimento e sua prevenção.
Em diversos estudos, a taxa de ocorrência da osteoporose
chega a 40% em mulheres com 70 anos ou mais,5 no
Brasil o conhecimento da epidemiologia da osteoporose
e da fragilidade óssea é pequena, mas em alguns estudos
realizados no período de 1994 à 2009, a taxa de ocorrência foi
de 33%6 e em um estudo onde foram recrutados mulheres
de Vitória e Vila Velha, a taxa também foi de 33%.7
Os tratamentos disponíveis para a osteoporose
podem conservar a massa óssea, mas não conseguem
restaurar o osso osteoporótico até a normalidade,2
ou seja, a osteoporose não tem cura. Assim o seu
tratamento é voltado para não haver progressão da
doença, mantendo uma boa qualidade de vida ao idoso.
Hoje, dispomos do conhecimento de medidas
preventivas, como o uso de suplementos e de várias
drogas aprovadas para terapia preventiva,8 uma dieta
enriquecida em cálcio e hábitos saudáveis como a
prática de exercícios físicos.
A Organização Mundial da Saúde em 1994 definiu
a osteoporose em pessoas que apresentem densidade
mineral óssea menor que 2,5 desvios-padrões da
densidade média local para um adulto jovem9 que é
avaliada através do exame de densitometria óssea,
um exame considerado adequado e preciso sendo o
melhor método disponível para determinar e existência
do risco e iniciar um tratamento preventivo,5 ele utiliza
a absorciometria de energia dupla de raio X e mede
partes centrais do esqueleto (coluna e fêmur).9
No Brasil, os gastos com o tratamento e a assistência
no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2010 foram de
aproximadamente R$ 81 milhões para a atenção ao paciente
portador de osteoporose e vítima de quedas e fraturas.10,11
Em um estudo feito em Unidades Básicas de Saúde em
Cianorte, Paraná mostrou que não há educação permanente
para os profissionais da saúde sobre a osteoporose, além dos
exames de densitometria não serem feitos nas unidades,12
isso pode levar muitas vezes a um tratamento equivocado
e consequentemente a uma maior degradação óssea e
futuramente uma piora da qualidade de vida do paciente.
Além da falta de grandes estudos epidemiológicos que
pudesse caracterizar a amostra nacional desses pacientes,
vivemos também a falta de conhecimento, melhor
dizendo, a confusão com outras doenças reumáticas e
osteometabólicas como a osteopenia, a artrite, a artrose,
entre outros, o que dificulta o diagnóstico correto e
consequentemente o tratamento, mesmo que preventivo.
O objetivo desta pesquisa foi identificar a prevalência
da osteoporose em mulheres atendidas em uma clinica
particular de Vitória, Espírito Santo.
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Material e Métodos
O presente estudo foi realizado a partir da análise de
banco de dados de pacientes participantes de um centro
de pesquisa da Grande Vitória avaliadas no período de
Agosto a Dezembro de 2012. Aprovado pelo Comitê
de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Centro de
Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal do
Espírito Santo (UFES) sob o parecer de número 302.649.
Com intuito de diminuir os viézes do estudo, foram
estabelecidos como critérios de inclusão: mulheres
entre 60 a 80 anos de idade, pós-menopausadas,
submetidas ao exame de densitometria óssea. Foram
excluídos os casos de dados incompletos e/ou que não
contemplaram os critérios de inclusão.
É importante mencionar que os dados foram
realizados pela mesma equipe, fortificando a qualidade
e a exatidão da técnica utilizada, diminuindo desta
forma ainda mais possível causas de erro nos resultados.
As densitometrias realizadas no próprio centro de
pesquisa, estão em consonância com as Posições
Oficiais SBDens 2006, padronizando seus resultados. As
densitometrias foram realizadas no aparelho modelo
Prodigy Advance, Lunar versão 13.60 da marca GE.
Os resultados foram dispostos em gráficos e tabelas
pelo Microsoft Office Excel 2007 e a análise estatística
pelo programa BioEstat 5.0. O intervalo de confiança foi
constituído com 95% de confiança e o valor de p foi de 0,05.
Resultados
Foram analisadas 695 pacientes atendidas em uma
clínica da Grande Vitória durante o período de Agosto
à Dezembro de 2012 (Tabela 1). Entre as pacientes,
257 (37%) tinham acima de -2,5 desvios padrão em
seus laudos de densitometria independente da região
analisada (colo, coluna e fêmur), sendo consideradas
osteoporóticas, 333 (48%) tinham entre -1,0 e -2,4
desvio padrão em seus laudos, sendo consideradas
osteopênicas e 105 (15%) estavam com seus laudos
normais (Figura 1).
Tabela 1. Características das 695 pacientes atendidas
no período de agosto e dezembro de 2012.
Idade
68,8 ± 5,49 anos
IMC
28,2 ± 3,99 kg/m2
Etnia
Branca
665 (96%)
Negra
29(4%)
Asiática
1(0%)
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Figura 1. Distribuição dos resultados de densitometria
das pacientes atendidas em agosto à dezembro de 2012.
Entre as pacientes osteoporóticas, 65 (25%) tinham
idade entre 60 e 65 anos, 68 (26%) tinham idade entre
66 e 70 anos, 71 (28%) tinham idade entre 71 e 75 anos,
e 53 (21%) tinham idade entre 76 e 80 anos (Figura 2).
Já entre as pacientes osteopênicas, 101 (30%) tinham
idade entre 60 e 65 anos, 100 (30%) tinham idade entre
66 e 70 anos, 89 (27%) tinham idade entre 71 e 75 anos,
e 43 (13%) tinham idade entre 76 e 80 anos (Figura 3).
Figura 4. Etnia das pacientes osteoporóticas atendidas
no período de agosto a dezembro de 2012.
Tabela 2. Características das variáveis de idade, IMC e
etnia das pacientes atendidas no período de agosto a
dezembro de 2012.
Osteoporose
Casos
Idade
IMC
Etnia
257
(37%)
70,1 ± 5,6
anos
26,9 ± 5,3
kg/m2
Branca: 229
Negra: 27
Asiática: 1
Osteopenia
333
(48%)
68,7 ± 5,3
anos
28,3 ± 5,5
kg/m2
Branca: 332
Negra: 1
Asiática: 0
Normal
105
(15%)
66 ± 4,6
anos
31,4 ± 5,4
kg/m2
Branca: 104
Negra: 1
Asiática: 0
Discussão
Figura 2 e 3. Idades das pacientes osteoporóticas e
osteopênicas atendidas em agosto à dezembro de 2012
Entre as pacientes osteoporóticas, 229 eram da etnia branca,
27 eram da etnia negra e apenas 1 era da etnia asiática (Figura
4). Também nessas pacientes, 55% tinham alguma fratura
vertebral, seja leve, moderada ou severa. A média do Índice de
Massa Corporal das osteoporóticas foi de 26,9 Kg/m2.
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A prevalência da osteoporose e osteopenia foram
consideradas alta no estudo, este resultado também é
encontrado em estudos realizados em outras capitais
do Brasil,7,13,14,15,16 apesar de ainda não haver dados
epidemiológicos oficiais sobre a osteoporose no
Brasil. De acordo Horovitz e colaboradores,17 algumas
projeções e levantamentos isolados estimam que a
osteoporose acomete cerca de 20% das mulheres
brasileiras acima de 50 anos.
Considerando que a Organização Mundial da saúde
estabelece como limite cronológico de 65 anos para o
inicio da velhice quando em países desenvolvidos e 60
anos para países em desenvolvimento.18
Quanto maior a sobrevida da mulher, maior as chances
de se desenvolver a osteoporose,19 é o que podemos
observar em nosso estudo, onde as mulheres sem a
presença da doença tinham a idade media de 66 anos,
enquanto as mulheres diagnosticadas osteoporóticas
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tinham a idade media de 70 anos. Corroborando com
nossos resultados, outros estudos destaca a idade alta
como um dos maiores fatores para a osteoporose.5
De acordo com o Consenso Brasileiro de
Osteoporose de 2002, as raças asiáticas e caucásicas
são grandes fatores para o desenvolvimento da
osteoporose, no entanto de acordo com FaizalCury e Zacchello 16 alguns estudos encontraram
a prevalência de osteoporose de 40,4% e 53,3%
para mulheres negras e brancas, respectivamente,
considerando que a etnia não deve ser critério de
exclusão para rastreamento da osteoporose, em
nosso estudo dentre o grupo de osteoporóticas
a prevalência de mulheres brancas foi de 89%,
entretanto apenas 29 pacientes negras foram
inclusas no presente estudo, devido ao banco
de dados e critérios de inclusão, e entre essas,
27 apresentaram osteoporose, o que podemos
considerar também de nossos dados uma alta
prevalência em mulheres negras.
As fraturas vertebrais constituem as complicações
comuns da osteoporose, porém são as menos
estudadas, e os dados sobre sua ocorrência são
escassos e limitados.20 Constata-se que a metade
das fraturas de fêmur por osteoporose evoluem para
incapacitação parcial ou total, cerca de 20 a 30%
dos indivíduos com fratura de colo do fêmur por
osteoporose apresentam alterações circulatórias,
respiratórias e tromboembólicas, resultando em
morte dentro do dois primeiros anos após a fratura.17
Em nosso estudo a presença de fratura vertebral
seja ela leve, moderada ou severa chegou a 55% das
pacientes osteoporóticas, apesar de poucas serem
as informações encontradas a esse respeito, o a
prevalência de fratura vertebral foi alta, corroborando
com nossos resultados mais uma vez.
O Índice de Massa Corporal é considerado
pelo Consenso Brasileiro de Osteoporose (2002)
como um dos menores fatores para a osteoporose,
de acordo com a Organização Mundial de Saúde
pessoas que possuem entre 18,50 e 24,99 IMC
estão com o peso normal, acima disso ou abaixo são
consideradas respectivamente, sobrepeso a obeso
e subpeso. Estudos revelam que mulheres que
apresentam IMC baixo têm maiores chances de ter
osteoporose,16 pois o peso corporal interage com
os hormônios gonadais na manutenção da massa
óssea, protegendo contras os efeitos adversos
da deficiência estrogênica do esqueleto, 17 o que
não foi verificado em nosso estudo. De acordo
com nossos resultados, 3% de pacientes com
osteoporose apresentavam IMC abaixo do peso.
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Contudo, é importante frisar que este estudo
teve apenas acesso aos laudos densitométricos,
outros fatores podem ser considerados riscos para
a prevalência da osteoporose. Diversos estudos têm
mostrado correlação entre a menarca precoce e os
altos valores de densidade mineral óssea, a idade
à menopausa também tem sido positivamente
relacionada com a densidade óssea. 17
Outro fator com grande relevância é o hábito
alimentar, uma vez que o leite e derivados, devido
ao conteúdo de cálcio, e as frutas hortaliças são
promotores da saúde óssea,21 portanto a baixa ingestão
destes pode influenciar na prevalência da osteoporose.
De acordo com Bandeira e Carvalho,20 o exercício
físico também exerce um importante efeito na saúde óssea
do individuo idoso, a caminhada representa a atividade
mais comum entre eles, e o efeito de tal prática tem se
relacionado com redução no risco de fraturas do fêmur.
Os usos de alguns medicamentos também
podem levar a osteoporose, como é o caso dos
glicocorticoides, estudos mostram que o uso
destes mesmos quando usado em baixas doses por
via oral potencialmente pode aumentar o risco de
fraturas. 22 O uso do tabaco e álcool também pode
ser considerado como possíveis fatores de risco.
O efeito do álcool sobre a função osteoplástica
está vinculado às disfunções hepáticas, como
esteatose hepática, hepatite alcoólica e cirrose,
ocasionada pelo consumo exagerado, enquanto a
ação do tabagismo está relacionada ao efeito inibidor
direto do tabaco nos osteoblastos e à menopausa
mais precoce entre as mulheres fumantes. 13
Em conclusão, informações ainda não
conhecidas da sociedade que vive na Grande Vitória
foram inicialmente descritas neste estudo, e os
achados destacaram a prevalência da osteoporose e
osteopenia consideravelmente altas, principalmente
em pacientes com a idade alta e etnia branca. Assim
podemos concluir o quanto é necessários estudos
desse segmento, para que se possa obter dados e o
perfil dessa doença que atinge milhares de idosos e
que gera altos custos para a saúde pública, além da
qualidade de vida desses indivíduos.
O diagnóstico precoce é fundamental para que se faça
um tratamento preventivo e com melhoria da qualidade
de vida. Nossos achados podem também contribuir para
o desenvolvimento e melhoria de medidas preventivas,
terapêuticas e reabilitação, além de proporcionar o
conhecimento aos profissionais de saúde e população,
sobre técnicas de diagnóstico ainda não explorado nos
órgãos públicos, e que é a medida mais eficaz para o
diagnóstico e controle da osteoporose.
SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013
Agradecimentos
Ao CESOES pelo financiamento do projeto de pesquisa.
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