O MERCADO DE BENS E SERVIÇOS
 Fluxos econômicos numa economia de mercado.
 As contas nacionais.
 Funcionalidade macroeconômica.
 Os estoques e a dinâmica macroeconômica.
 Equilíbrio no mercado de bens e serviços.
 Variações exógenas e introdução à política fiscal.
2
HIPÓTESES DO MODELO BÁSICO
Desemprego de recursos.
A demanda agregada da economia situa-se abaixo da oferta
agregada de pleno emprego de recursos.
Análise de curto prazo.
No curto prazo, o nível tecnológico, o estoque de capital e o
estoque de mão de obra são considerados constantes.
A curva de oferta agregada é fixada.
_
_
_
No curto p razo  OA  f (L, K, T)
3
.
.
4
AS CONTAS NACIONAIS
A ótica da produção
Bens e serviços de consumo (BC)
Parcela da produção destinada à satisfação das necessidades e desejos da
sociedade.
Bens e serviços de capital (BK)
Parcela da produção destinada a ampliar o potencial produtivo ou a repô-lo.
Bens e serviços públicos (BP)
Podem ser de consumo ou de capital.
Bens e serviços intermediários (BI)
Tratados normalmente como insumos ou matérias-primas.
A soma dessas quatro categorias de produtos dá-se o
nome de valor bruto da produção.
5
AS CONTAS NACIONAIS
O valor bruto da produção não representa o
produto do país.
Os bens e serviços intermediários (BI)
utilizados na produção das demais
categorias, incorre em “múltipla contagem”.
Ocorre ainda, que parte desses (BI) são
exportados (XBI), devendo ser incluída no
produto, já que não ocorre dupla contagem.
6
AS CONTAS NACIONAIS
Parte dos bens e serviços de consumo, de capital
e públicos produzidos na economia utilizam
componentes importados, ou seja, bens e serviços
intermediários importados (MBI).
O Produto Interno Bruto (PIB) - é o valor total
da produção (independentemente do seu destino).
Produção realizada no país, não importando a
origem do capital.
PIB  BC + BK + BP + XBI - MBI
PIB  (DBC +XBC) + (DBK + XBK) + (DBP + XBP) + XBI - MBI
7
VALORES DAS MERCADORIAS DE UMA ECONOMIA IMAGINÁRIA
SETOR PRODUTOR DE MILHO
Aluguel da Terra
100
Sementes produzidas e estocadas no período anterior
100
Salários pagos na plantação e colheita do milho
100
Valor total do milho
300
SETOR PRODUTOR DE FUBÁ
Custo da matéria-prima (milho)
300
Lucro dos sócios do moinho
100
Salários pagos aos trabalhadores
100
Valor total do fubá
500
SETOR PRODUTOR DE BROAS
Custo da matéria-prima (fubá)
500
Lucro do sócios do forno
100
Salários pagos aos cozinheiros
100
Valor total das broas
700
8
VALOR ADICIONADO NA ECONOMIA POR CADA UM DOS SETORES
Setor produtor de milho
Valor do milho menos o valor das sementes
200
Setor produtor de fubá
Valor do fubá menos o valor do milho
200
Setor produtor de broas
Valor das broas menos o valor do fubá
200
Soma dos valores adicionados por cada setor  PIB
600
9
AS CONTAS NACIONAIS
A ótica da demanda
O produto demandado (D) pela sociedade 
famílias, empresas e governos  é o valor total
que ela despende na aquisição de bens e serviços
de consumo, capital e públicos, ao longo do
período que se considera.
Eles podem ter sido produzidos no próprio país
ou produzidos no exterior e importados.
10
AS CONTAS NACIONAIS
D  DBC + MBC + DBK + MBK + DBP + MBP
 DBC
+ MBC  Consumo Privado (C)
 DBK
+ MBK  Investimento Privado (I)
 DBP
+ MBP  Gasto público (G)
D  C + I + G  demanda agregada
11
AS CONTAS NACIONAIS
Produção e demanda
Dificilmente o produto de uma economia (PIB) será
exatamente igual a demanda agregada (D).
Fazendo (PIB)  (D) resulta em:
PIB - D  (XBC + XBK + XBP + XBI) - (MBC + MBK + MBP + MBI)
PIB  D  X  M
12
AS CONTAS NACIONAIS
PIB  D  X  M
O excesso do produto (renda) do país em relação
à demanda agregada da sociedade é exatamente
igual às exportações líquidas (X  M) de bens e
serviços não-fatores, agregado denominado saldo
das transações reais.
13
AS CONTAS NACIONAIS
Natureza macroeconômica dos desequilíbrios
externos:
Se X  M  PIB  D  produto do país é
menor que a demanda da sociedade.
Se X  M  PIB  D  produto do país é
maior que a demanda da sociedade.
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ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS
SALDO DA CONTA CORRENTE
1 – Balança Comercial:
Registra os valores das exportações e importações de mercadorias.
2 – Serviços não fatores:
Fretes, seguros, turismo, serviços diplomáticos etc.
(1 + 2) = Saldo das Transações Reais: (X  M)
3 – Serviços de fatores: (remetidos ou recebidos do exterior pelos não resid.)
Salários, aluguéis, juros, lucros e dividendos.
4 – Transferências Unilaterais:
Doações entre países (ou seus residentes) e as remessas ou recebimentos de
migrantes
(3 + 4) = Saldo da Renda Líquida enviada ao exterior: (RL)
(X – M) – (RL)  Saldo da Conta Corrente do Balanço de Pagamentos: SCC15
ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS
SALDO DA CONTA DE CAPITAL
5 – Investimento Direto (id): Inversões, Aquisições, Capital de Portfólio.
Representa o saldo das contas dos investimentos de empresas estrangeiras
no país e dos investimentos das empresas do país no exterior.
6 – Empréstimos e Financiamentos (ef):
Contraídos ou concedidos por bancos, empresas nacionais e governos.
7 – Amortizações (am):
Parcelas vincendas de empréstimos anteriormente obtidos ou concedidos.
8 – Outros Capitais (ok):
Englobam pequenas contas, geralmente de curto prazo, não contabilizadas
nos itens anteriores.
(5+6+7+8) = Saldo da conta de capital do balanço de pagamentos
A soma dos saldos das contas corrente (SCC) e de capital (SCK) resultam no
saldo do balanço de pagamentos (SBP).
SBP  SCC + SCK
16
AS CONTAS NACIONAIS
Reescrevendo a identidade PIB  D  X  M, temos:
PIB  D + (X  M)  C + I + G + (X  M)
(X  M)  esta parcela é também denominada de
componente externa do produto.
Em muitos casos, é útil que essa componente externa
inclua, também, a renda líquida enviada ao exterior.
RL  soma algébrica do saldo dos serviços de fatores
(salários, juros, aluguéis, lucros e dividendos).
17
AS CONTAS NACIONAIS
Interessa substituir o saldo das transações reais (X  M)
pelo saldo da conta corrente do balanço de pagamento
(SCC).
Se, SCC  (X  M)  RL, temos que:
PNB  C + I + G + (SCC)
(PRODUTO NACIONAL BRUTO)
Produção
do país.
Capital Nacional.
Não importando a localização da produção.
18
AS CONTAS NACIONAIS
Necessidades setoriais de financiamento:
PNB  T  C + I + (G  T) + (SCC)
T  receita total do governo.
(G  T)  representa o excesso de gastos sobre as
receitas do governo, logo as suas necessidades de
financiamento.
PNB  T  C  S (poupança privada)
Retirado o consumo privado da renda disponível do
setor privado da economia, conclui-se que a poupança é
a parte não consumida da renda do setor privado.
19
AS CONTAS NACIONAIS
A identidade PNB  T  C  I + (G  T) + (SCC)
ou
S  I + (G  T) + (SCC)
pode ser reescrita como:
(I  S) + (G  T) + (SCC)  0
Isolamos cada um dos três setores da economia,
permitindo explicitar suas necessidades de financiamento.
(I  S)  busca financiamento junto ao setor público ou
no exterior  caso em que o SCC passa a ser negativo,
passando a ocorrer contribuição de poupança externa ao
investimento privado.
(G  T)  procedimento semelhante ocorre sempre que o
governo gasta mais do que sua receita permite.
20
FUNCIONALIDADE MACROECONÔMICA
Identidade fundamental e algumas definições:
(i  s) + (g  t) + (scc)  0
Sendo o scc  x  m  rl, logo podemos escrever:
i + g + x  m  s + t + rl
Adicionando o valor real do consumo (c) em ambos os
lados da equação: c + i + g + x  m  c + s + t + rl
Como c + i + g + x  m  PIB (a partir de agora denotado
apenas pela letra y), tem-se que:
c + i + g + x  m  y  c + s + t + rl
(essa é uma identidade fundamental da
macroeconomia moderna)
21
FUNCIONALIDADE MACROECONÔMICA
Renda disponível do setor privado da economia
yd  y  t  rl  c + s
As primeiras relações entre variáveis macroeconômicas:
t = t(y)  a arrecadação tributária é função da renda.

t  t(y)  as duas variáveis se deslocam no mesmo
sentido, ou seja, quando a renda aumenta, cresce a
arrecadação tributária e vice-versa.
22
FUNCIONALIDADE MACROECONÔMICA
Relações entre variáveis macroeconômicas:
Se, yd = y  t  rl = c + s  então, é correto afirmar,
que tanto o consumo (c) quanto a poupança (s) dependem da renda
disponível (yd). Logo:
  
c  c yd
 
  
e s  s yd
 
  
      
c yd  i  g  x  m  y  c yd  s yd  t y   rl
 
     
i   y yd  c s t  reequilibrando a
equação em um nível de renda mais elevado.
23
OS ESTOQUES E A DINÂMICA
MACROECONÔMICA
A importância dos estoques
  
      
c yd  i  g  x  m  y  c yd  s yd  t y   rl
 
     
o que acontece se houver um aumento exógeno do
consumo, sem que tenha ocorrido qualquer variação da
renda disponível ?
Investimento privado  aumento do capital instalado
(Ip)  parcela planejada do investimento
(In)  parcela do investimento não planejado
  
      
c yd  i p  i n  g  x  m  y  c yd  s yd  t y   rl
 
     
24
OS ESTOQUES E A DINÂMICA
MACROECONÔMICA
  
      
c yd  i p  i n  g  x  m  y  c yd  s yd  t y   rl
 
     
Agora, quando o consumo aumenta exogenamente, sem
alteração do nível de renda e sim através da redução da
poupança, surge no lado esquerdo da equação , um
desinvestimento não planejado. Ele se materializa como
uma redução de estoques (In  0), exatamente da mesma
magnitude do aumento original do consumo,
reequilibrando a equação e eliminando a inconsistência
anteriormente apresentada.
25
OS ESTOQUES E A DINÂMICA
MACROECONÔMICA
Introdução à dinâmica macroeconômica
Se a redução de estoques antes analisada persiste por
algum tempo, os empresários passam a acreditar que o
aumento do consumo é perene, e toda a cadeia entre a
produção e o consumo se movimenta para atender à
maior demanda.
Observe-se que o aumento do consumo gera um aumento
do emprego, da taxa de ocupação da capacidade
instalada, da produção (e da renda) e, eventualmente, até
do investimento planejado, mas, inicialmente, o que
ocorre é uma redução dos estoques (In  0).
26
OS ESTOQUES E A DINÂMICA
MACROECONÔMICA
Demonstração gráfica do produto de equilíbrio
   
i p  i n  g  x  m  s yd  t y   rl
   
i+g+x-m
s + t + rl
s + t + rl
in = 0
A0
in > 0
ip + g + x - m
in < 0
0
y1
y0
y2
y
Gráfico - Produto de equilíbrio.
27
OS ESTOQUES E A DINÂMICA
MACROECONÔMICA
O princípio da multiplicação econômica
Verificou-se que situações de desequilíbrio são passageiras
e que, por isso mesmo, o produto de equilíbrio é estável.
Se isso é verdade, como cresce ou diminui o produto de
uma economia, ou seja, como se pode falar em fases de
expansão e recessão econômica?
O produto de equilíbrio é, de fato, estável, mas não é
imutável!
Fases de crescimento (ou de recessão) de uma economia
são períodos em que o produto está se elevando (ou se
reduzindo), determinando valores de equilíbrio cada vez
mais altos ( ou mais baixos).
28
OS ESTOQUES E A DINÂMICA
MACROECONÔMICA
i+g+x-m
s + t + rl
s +t1+rl
B
in  0
A1
in = 0
s +t0+rl
in = 0
A0
0
y1
y0
ip + g + x - m
y
Gráfico 1.2 - Aumento exógeno dos tributos
29
OS ESTOQUES E A DINÂMICA
MACROECONÔMICA
i+g+x–m
s + t + rl
s + t + rl
B
A1
iP1 + g + x - m
in < 0
iP0 + g + x - m
A0
0
y0
y1
y
Gráfico 1.3 - Variação exógena do investimento privado.
30
EQUILÍBRIO NO MERCADO
DE BENS E SERVIÇOS
Equação de equilíbrio
A economia está sempre buscando alguma situação de
equilíbrio a um maior ou menor nível de renda.
Pode-se daí inferir que ela estará sempre em equilíbrio ou
na vizinhança do equilíbrio.
Se é assim, interessa tratar prioritariamente das situações
de equilíbrio da economia, quando não está ocorrendo
nem acumulação e nem redução inesperada de estoques e,
neste caso, vale a igualdade:
   
i  g  x  m  s yd  t y   rl
   
31
EQUILÍBRIO NO MERCADO
DE BENS E SERVIÇOS
   
i  g  x  m  s yd  t y   rl
   
Trabalhando na vizinhança de um produto de equilíbrio, sabe-se que
não está ocorrendo variação (pelo menos exagerada) de estoques,
logo se faz necessário um reestudo do investimento planejado.
Concentra-se atenção nas variações da taxa de juros como sendo
aquelas que melhor explicam as variações do investimento
empresarial.
Se a taxa de juros (r) aumenta, o investimento privado cai, e viceversa. Logo:

 
i  ir   i  i r 
 
32
EQUILÍBRIO NO MERCADO
DE BENS E SERVIÇOS
   
      
c yd  i r   g  x  m  y  c yd  s yd  t y   rl
   
     
(essa é a equação de equilíbrio do mercado do produto)
Observa-se que agora se tem uma equação com duas
variáveis (y e r), ou seja, não há mais uma solução única (um
ponto), mas infinitas soluções (uma curva).
Existem, então, infinitos pares de valores de renda e taxa de
juros que resultam em equilíbrio do mercado do produto, no
sentido de que, em todos esses pontos de equilíbrio, não
ocorre nem aumento nem redução inesperada de estoques.
33
EQUILÍBRIO NO MERCADO
DE BENS E SERVIÇOS
Derivação gráfica do equilíbrio no mercado do produto:
r i y
c s t
 y
Quando a taxa de juros aumenta, a renda de equilíbrio cai e,
quando a taxa de juros cai, a renda de equilíbrio aumenta.
Sendo assim, os infinitos pares de valores de renda e taxa de
juros que equilibram o mercado do produto formam uma
curva com declividade negativa, chamada curva de equilíbrio
do mercado do produto, denotada por IS.
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i + g + x-m
s + t + rl
s + t + rl
A0
i(r1) + g + x - m
A1
y1
i(r0) + g + x - m
y0
y
r
r1
A1
A0
r0
IS
y1
y0
y
Gráfico: Equilíbrio no mercado do produto.
35
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C + I + G + (X M)