UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
Cláudia Pollyana da Silva
Juanita Marília Alves dos Santos
DIZERES DE PEDAGOGOS (AS) SOBRE SUA ATUAÇÃO
PROFISSIONAL NA ÁREA DE RECURSOS HUMANOS (RH)
DE INSTITUIÇÕES PÚBLICAS
Recife
2011
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
Cláudia Pollyana da Silva
Juanita Marília Alves dos Santos
DIZERES DE PEDAGOGOS (AS) SOBRE SUA ATUAÇÃO
PROFISSIONAL NA ÁREA DE RECURSOS HUMANOS (RH)
DE INSTITUIÇÕES PÚBLICAS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
professora Liliane Maria Teixeira, da disciplina
Trabalho de Conclusão de Curso II, da Universidade
Federal de Pernambuco, sob a orientação da Profª.
Drª. Maria Sandra Montenegro S. Leão.
Recife
2011
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
04
2. EDUCAÇÃO EM DIVERSOS ESPAÇOS DE INTERAÇÃO SOCIAL
06
2.1 AS TRANSFORMAÇÕES SOCIOECONÔMICAS E SEU REFLEXO NA
RELAÇÃO EDUCAÇÃO-TRABALHO
07
2.2 O PEDAGOGO NA AREA DE RH: A PRÁTICA EDUCATIVA NAS
ORGANIZAÇÕES
10
3. PERCUSSO METODOLÓGICO
11
4. OS DIZERES DOS PEDAGOGOS SOBRE SUA ATUAÇÃO NO RH
13
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
23
6. REFERÊNCIAS
25
7. ANEXOS
26
DIZERES DE PEDAGOGOS (AS) SOBRE SUA ATUAÇÃO PROFISSIONAL NA
ÁREA DE RECURSOS HUMANOS (RH) DE INSTITUIÇÕES PÚBLICAS
Cláudia Pollyana da Silva1
Juanita Marília Alves dos Santos2
Maria Sandra Montenegro 3
RESUMO: Estudos e discussões sobre a atuação de pedagogos em espaços não-escolares têm
sido constantes, pois diante da nova realidade socioeconômica não há como reduzir a atuação
desses profissionais apenas ao espaço escolar. Este artigo teve como objetivo estudar a
atuação de seis pedagogos na área de Recursos Humanos de instituições públicas, através de
uma abordagem qualitativa. Foi realizado um trabalho de campo por acreditarmos na
importância da aproximação com a realidade dos sujeitos a serem estudados. Os dados para
análise foram obtidos através de questionário aberto Diante da fala destes profissionais,
concluímos que há a necessidade de reformulação na grade curricular do curso de Pedagogia,
visando atender aos estudantes que pretendem atuar em espaços não escolares, dando-lhes os
conhecimentos necessários para atenderem as novas demandas da sociedade.
PALAVRAS-CHAVE: Atuação do pedagogo; RH; espaços não escolares; instituições
públicas.
1.
INTRODUÇÃO
Em muitos momentos do cotidiano estamos envolvidos com práticas educativas que
são inatas aos atores sociais, os quais encontram no processo de ensino e aprendizagem uma
maneira de difundir seus valores, crenças e cultura. Portanto, a educação não ocorre apenas no
ambiente escolar, o ensino escolar não é o único tipo de educação. Ela é um fenômeno amplo,
pois está presente em todos os espaços de interação social, ou seja, se há trocas de
experiências, entre os sujeitos, há um fenômeno educativo.
1
Concluinte de pedagogia – Centro de Educação – UFPE – [email protected]
2
Concluinte de pedagogia – Centro de Educação – UFPE – [email protected]
3
Professora adjunta do Centro de Educação – UFPE – [email protected]
5
Reconhecendo que a educação é multifacetada, torna-se fundamental perceber a amplitude da
Pedagogia e as possibilidades de atuação do pedagogo. A inserção deste profissional em
espaços não escolares tem sido objeto de estudos e de discussão, pois já não cabe nos dias
atuais, reduzir a Pedagogia e os pedagogos apenas a escola. Essa reflexão sobre as múltiplas
possibilidades de atuação foi o fator determinante para nossa escolha pela graduação em
Pedagogia.
Vivenciamos o paradigma denominado por muitos de Era do Conhecimento, onde é
imprescindível a presença das práticas educacionais em diversos lugares, principalmente no
ambiente laboral, pois estes espaços passam a investir em processos formativos para o
desenvolvimento dos seus funcionários, por crerem que através do conhecimento podem gerar
vantagem competitiva. Neste contexto, surgem discussões acerca de como preparar os sujeitos
para atenderem estas demandas que se apresentam tão iminentes. É nesse cenário que se
insere o pedagogo, que deixa de ser visto como um condutor de crianças ao conhecimento,
mas sim um profissional que domina saberes teórico-metodológicos que podem contribuir
para o desenvolvimento das competências e habilidades de todo quadro funcional de uma
instituição. É na área de Recursos Humanos (RH) que geralmente o pedagogo exerce sua
prática profissional quando está inserido no meio empresarial.
O interesse pela área de RH surgiu quando uma de nós trabalhou em uma empresa do
ramo automobilístico. Lá foi oportuno observar o trabalho de uma pedagoga que capacitava
os funcionários da empresa, instigando assim, a necessidade de aprofundar nossos
questionamentos e identificar a real situação da atuação do pedagogo neste espaço, visto que é
um campo de atuação recente.
Para realizar nosso estudo acerca da atuação do pedagogo na área de RH, escolhemos
instituições públicas não escolares, por observar cotidianamente que estas instituições ofertam
cada vez mais, através dos seus editais de concurso, vagas para pedagogos.
Supomos que os pedagogos que atuam na área de RH sentem dificuldade de
inserção/atuação nesta área e só são transpostas após a realização de formação continuada,
pois o curso de Pedagogia ainda é bastante voltado para as práticas educativas na escola. Para
confirmar nossa hipótese, analisamos as falas destes profissionais, por acreditarmos que elas
revelam suas expectativas e anseios sobre sua atuação profissional.
Esta pesquisa objetiva: analisar a atuação de pedagogos na área RH de instituições
públicas; analisar a visão dos pedagogos sobre a sua atuação profissional na área de RH;
6
analisar o trabalho desenvolvido no RH por esses profissionais e avaliar conforme a opinião
dos pedagogos se a sua prática profissional se aproxima da prática que estes consideram
ideal.
Para compor a fundamentação teórica deste estudo, visando a compreensão da
inserção e atuação dos pedagogos na área de RH, analisamos os fatores que contribuíram para
tal fenômeno à luz de teóricos como: Libâneo, Antunes, Ribeiro, Gil, Chiavenato, dentre
outros. Já os procedimentos metodológicos adotados, contemplam as indicações da
abordagem qualitativa. Na coleta dos dados utilizamos um questionário com questões abertas
que foi respondido por pedagogos encontrados através da análise dos editais de concursos de
instituições públicas não escolares.
Esperamos através desta pesquisa, contribuir para o aprofundamento do conhecimento
na área de RH. Por crer que este estudo possui relevância social, uma vez que tem potencial
pra contribuir com possível intervenção junto aos sujeitos pesquisados; na escrita acadêmica
dos seus resultados, que serão divulgados e servirão para descrever as condições do contexto
investigado.
Para compreender o motivos sociais, culturais e econômicos que contribuíram para a
inserção do pedagogo nas área de RH, iremos a partir de agora acompanhar o processo
histórico deste fenômeno social.
2.
A educação nos espaços de interação social
A educação é inerente ao ser humano, através dela, o homem encontrou um modo para
preservar sua espécie, pois é pelo ato de educar que os atores sociais passam às novas
gerações, seus valores, crenças e cultura. Ela é a própria existência humana e está em tudo o
que indivíduo faz no seu cotidiano, portanto, ao contrário do que muitos imaginam o processo
educacional não é exclusivo do espaço escolar. Brandão (1987) ratifica que não existe um
único modelo de educação, a escola não é o único lugar em que ela acontece e o ensino
escolar não é a única prática educativa.
O processo educativo que ocorre fora da escola, visa principalmente transformar o
homem em cidadão através da interação que ele tem com o meio social, pois à medida que a
7
sociedade se torna mais complexa, a educação deve acompanhar essa evolução, ampliando-se
os lugares onde ela é ofertada. Observa-se, portanto, ações pedagógicas não apenas na família
e na escola, mas também nos meios de comunicação, em diversos grupos humanos
organizados, em instituições não escolares. (LIBÂNEO, 2008)
Não obstante, o reconhecimento da diversidade de práticas educativas, há de se
observar também a diversidade do campo do conhecimento que se ocupa em estudar
sistematicamente a educação, a pedagogia. Esta pode se subdividir de acordo com o contexto
onde tal prática é realizada, como a pedagogia escolar, a pedagogia hospitalar, a pedagogia
empresarial, dentre tantas outras.
Entre os diversos espaços de interação social onde há presença de práticas
educacionais, estão as empresas, que realiza uma modalidade de educação designada por
Libâneo (2008) como educação não formal. Para ele, esta modalidade de educação “seria a
realizada em instituições educativas fora dos marcos institucionais, mas com certo grau de
sistematização e estruturação” (LIBÃNEO, 2008, p.31). Todavia, o meio laboral nem sempre
foi reconhecido como um ambiente de aprendizagem. O vínculo entre educação e trabalho
sofreu muitas transformações ao longo dos anos.
2.1
As transformações socioeconômicas e seu reflexo na relação Educação Trabalho.
O homem tem em sua essência a mutabilidade. É uma constante na evolução da nossa
espécie a busca por aprimorar os mecanismos de sobrevivência. É através do trabalho que o
ser humano molda o meio em que vive, transformando desde as esferas econômicas até as
formas de organização social. Saviani (2007) aponta que o trabalho, surgiu da necessidade do
ser humano de agir sobre a natureza em prol da garantia de sua subsistência. Quando o
homem percebe a importância de transmitir seu conhecimento para as gerações futuras é que
se insere a prática educativa como parceira do sistema produtivo.
Nos primórdios da organização humana em sociedade, a educação para os
trabalhadores não ocorria na escola, mas concomitantemente com as atividades laborais. À
medida que a sociedade foi se tornando mais complexa, durante a Revolução Industrial, a
8
educação formal passou a ser objeto de discussão no processo produtivo. Nesta época, a Era
Industrial Clássica, o modelo de produção dominante foi o binômio taylorismo/fordismo, o
qual preconizava a ênfase na realização de tarefas parcelarizadas, cronometradas
minuciosamente em todas as suas etapas, onde aquele que não realizasse sua parte de forma
eficaz levava o conjunto do trabalho ao fracasso. (ANTUNES, 2006)
No sistema produtivo em questão, ao operário era reservada apenas a execução de
tarefas manuais, fator que o leva a ser expropriado do saber na produção, pois o conhecimento
a cerca dos métodos e técnicas da produção ficavam a cargo exclusivamente da gerência
científica (ANTUNES, 2006).
Contudo, era imperativo que o sujeito fosse apto a realizar
obedientemente e mecanicamente seu trabalho, isto só era possível se a massa trabalhadora
possuísse um grau mínimo de instrução, a fim de se tornarem pacíficos para aceitar sem
maturação crítica seu papel neste modelo produtivo.
Chiavenato (1999) revela que neste paradigma, as organizações se estruturavam
hierarquicamente em um formato piramidal. No topo estava a diretoria, já na sua base a massa
trabalhadora, que era submetida a condições de trabalho precárias. Em busca de garantir o
controle da obediência dos seus funcionários, as organizações tinham um departamento
responsável pela gestão destes, denominado Relações Industriais. Seu papel era cumprir as
exigências legais trabalhistas, intermediando a conciliação entre as pessoas, os sindicatos e a
empresa.
Em reação à exploração e rigidez deste período mecanicista, a partir do pós Segunda
Guerra Mundial, houve um aumento do poder dos sindicatos dos trabalhadores, levando o
proletariado a rebelar-se, acarretando uma profunda crise econômica. Torna-se necessário
uma reestruturação do modelo capitalista. Emerge, por volta da década de 70, um novo
modelo de produção para atender aos pré- requisitos que possibilitem a motivação dos
trabalhadores, o toyotismo, mais conhecido como “acumulação flexível do capital”, este por
sua vez, prioriza a flexibilidade dos processos de trabalho, inovações tecnológicas e
organizacionais. (ANTUNES, 2006). O toyotismo é oriundo do Japão e foi difundido para
todo mundo capitalista.
A partir desta ocasião, começa-se a falar em Administração de Recursos Humanos,
substituindo a antiga concepção de Relações Industriais. No novo modelo de gestão, as
pessoas não são consideradas máquinas de produzir e gerar lucro, mas sim, recursos vivos,
9
inteligentes e responsáveis por gerar vantagem competitiva.
Neste enfoque, é criado o
Departamento de Recursos Humanos, responsável não só por tarefas operacionais e
burocráticas, mas também por funções voltadas para o bem-estar dos trabalhadores
(CHIAVENATO, 1999).
O termo Recursos Humanos além de designar a nova maneira de se administrar
pessoas, nomeia também a área de estudos e atividades ligadas ao elemento humano em geral,
dentro das organizações. Toledo (1982, p. 8) define Recursos Humanos como um “conjunto
de princípios, estratégias e técnicas que visa contribuir para a atração, manutenção,
motivação, treinamento e desenvolvimento do patrimônio humano de qualquer grupo
organizado”.
Conforme se depreende da leitura de Chiavenato (1999) e Gil (2001), na década de 90
surgiram críticas no que tange à terminologia utilizada para nomear a concepção de
administração Recursos Humanos. Pois se percebeu que não era adequado tratar as pessoas
simplesmente como um recurso, entretanto como parceiras na administração dos recursos
organizacionais. Originando desse modo, a denominação Gestão com Pessoas ao invés de
Administração de Recursos Humanos. Este novo modelo de gestão não se limita a um
departamento, ele se estrutura em equipes com profissionais das mais diversas áreas que
assumem inúmeros papeis, são alguns deles: selecionador, treinador, avaliador de
desempenho, analista de cargos, líder, etc.
Apesar de muitas organizações já praticarem a atual concepção de administração, que
defende a parceria entre pessoas e organização, ainda é comum utilizarem a nomenclatura
Recursos Humanos (RH) para se referir ao setor que reúne os profissionais responsáveis pela
Gestão com Pessoas.
As
organizações
necessitam
de
sujeitos
mais
qualificados;
participativos;
multifuncionais; polivalentes e proativos, capazes de agir consoante às exigências
contemporânea. Sendo assim, torna-se crucial aumentar o vínculo entre a educação e o
trabalho, haja vista que a educação oferecida na escola ainda não forma integralmente o
trabalhador com os requisitos preestabelecidos pelo mercado.
Para suprir a carência de mão-de-obra qualificada, as organizações transformaram o
ambiente laboral em um ambiente também de aprendizagem, porque carecem de funcionários
10
com formação geral, interessados em aprimorar seus conhecimentos para enfrentarem a
intelectualização do processo produtivo proporcionado pela reengenharia do sistema
capitalista.
2.2
O pedagogo na área de RH: a prática educativa nas organizações
O modelo de administração Gestão com Pessoas traz para o setor de RH, novas
tendências para o ambiente organizacional. É imprescindível a presença de um profissional
que se ocupe em desenvolver nos trabalhadores os conhecimentos, as competências, as
habilidades e as atitudes vistas como primordiais para a sobrevivência no atual cenário
competitivo, o profissional mais indicado para essa missão é o pedagogo. Pois como ressalta
Greco (2005), este profissional domina certos saberes, que em dada situação é capaz de
transformar e dá novas configurações a saberes já existentes, oferecendo instrumentos para
que o sujeito aprenda a desvendar sua realidade, fazendo-lhe notar a dimensão da sua
importância não só na cadeia produtiva, mas na sociedade como um todo.
Diferentemente do que muitos imaginam a Pedagogia e o meio laboral tem conexões.
Holtz (2006, p. 06) explica a ligação entre estas áreas afirmando que a Pedagogia e a Empresa
fazem um casamento perfeito, pois ambas têm o mesmo objetivo em relação às pessoas: A
finalidade da empresa é levar as pessoas a atingirem os ideais e objetivos definidos pelo
empresário. Já a pedagogia objetiva através de um programa de ação em relação à formação,
aperfeiçoar e estimular todas as faculdades da personalidade das pessoas, consoante os ideais
e objetivos definidos.
A intenção da Pedagogia no ambiente de trabalho é qualificar e requalificar todos os
membros da organização, buscando a promoção do desenvolvimento das competências e
habilidades dos mesmos, o que consequentemente propiciará o aumento da produtividade
organizacional.
A prática educativa na empresa se estrutura geralmente no setor de Treinamento e
Desenvolvimento que está atrelado ao Departamento de Recursos Humanos. Este setor tem a
missão de educar, formar, capacitar e desenvolver seus funcionários e é neste espaço que
geralmente os pedagogos exercem suas atividades.
11
O intuito da prática educativa na empresa vai além do que simplesmente treinar o
capital intelectual, para executar as tarefas pertinentes ao seu cargo. Holtz (2006), afirma que
a finalidade do pedagogo no ambiente organizacional é contrabalançar os efeitos
desequilibradores da especialização profissional, limitante e muitas vezes castradora, com
atividades recriadoras. Onde, seu intuito é desenvolver nos componentes das organizações
faculdades inatas de se produzir meios necessários ao desenvolvimento integral da sua
personalidade, propiciando sua produtividade pessoal nas mais diversas atividades na
sociedade e não apenas na execução de tarefas de responsabilidade de seu cargo.
Toledo (1982, p.46) diz que a educação influencia permanentemente a área de
Recursos Humanos, pois esta deverá numa organização, incentivar todos os seus membros
para que identifiquem e removam condições restritivas ao desenvolvimento, motivação e
sinergia das pessoas e grupos. Contudo é primordial a presença do pedagogo no ambiente de
trabalho, onde ele deverá conduzir o desenvolvimento humano através de atividades
formativas alinhadas às estratégias organizacionais.
3.
PERCUSSO METODOLÓGICO
Este estudo se desenvolveu a partir da curiosidade de conhecer melhor a prática
profissional dos pedagogos na área de RH nas instituições públicas, bem como identificar a
visão dos profissionais pesquisados sobre esta nova possibilidade de atuação, uma vez que a
prática educativa em espaços não-escolares é pouco difundida no curso de pedagogia.
Para responder nossas indagações, realizamos uma pesquisa, que é segundo Minayo
(p. 17, 1994) “uma atividade básica da Ciência na sua indagação e construção da realidade
(...), embora seja uma prática teórica, a pesquisa vincula pensamento e ação”.
A fim de ter um contato direto com objeto de estudo, utilizamos a abordagem
qualitativa, pois ela tem como principais características “a imersão do pesquisador no
contexto e a perspectiva interpretativa de condução da pesquisa” (KAPLAN & DUCHON,
1988, citado por DIAS, 2000, p. 01). A pesquisa qualitativa, dentro das ciências sociais, se
ocupa com um nível de realidade que não pode ser quantificado, pois lida com universos de
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significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, os quais não podem ser
reduzidos à operacionalização de variáveis (MINAYO, p.22, 1994).
A escolha da amostra desta pesquisa foi feita através da análise de editais de concursos
realizados entre os anos de 2008 e 2011 pelas organizações públicas não escolares,
pertencentes à esfera estadual e federal, onde selecionamos cinco instituições.
A aproximação com os sujeitos pesquisados foi realizada inicialmente por contato
telefônico, para saber da disponibilidade e interesse dos mesmos em participar deste estudo.
Das cinco organizações apenas os pedagogos de três delas demonstraram-se solícitos para
responder nossas indagações. Para um maior detalhamento das explicações sobre os objetivos
dessa pesquisa, obtivemos contato pessoal com os pesquisados. Entretanto, tivemos que
aguardar que seus empregadores autorizassem a participação da referida amostra.
As
organizações em questão, por serem instituições públicas, geralmente se caracterizam pela
hierarquia verticalizada, fator que gerou um obstáculo, pois houve demora na emissão da
autorização para que os pedagogos participassem desta pesquisa, uma das organizações levou
um mês para emitir tal autorização, atrapalhando assim, o atendimento do cronograma
planejado. O que impediu a utilização de todos os instrumentos de coleta de dados
previamente estabelecidos.
Para coletar os dados necessários realizamos um trabalho de campo por acreditarmos
ser importante a aproximação com a realidade dos sujeitos a serem estudados, os pedagogos
atuantes em RH de organizações públicas, com o intuito de entender regras e costumes que
regem o grupo selecionado para este estudo. Para Minayo (p. 52, 1994), essa forma de
investigar permite ao pesquisador articular conceitos e sistematizar a produção de uma
determinada área do conhecimento.
O instrumento para coleta dos dados utilizado foi o questionário com questões abertas,
por acreditarmos que esta ferramenta é de fácil aplicação e tem como vantagens, conforme
enumera Moreira & Caleffe (p. 96, 2006), o uso eficiente do tempo; possibilidade de uma alta
taxa de retorno e perguntas padronizadas. A prerrogativa que nos levou a optar por escolher
como tipo de questionário o modelo com questões abertas foi a possibilidade do participante
da pesquisa emitir suas opiniões livremente. De acordo Laville & Dione (1999), neste tipo de
questionário o interrogado terá:
13
a ocasião para exprimir seu pensamento pessoal, traduzi-lo com suas próprias
palavras, conforme seu próprio sistema de referências. Tal instrumento mostra-se
particularmente precioso, quando o leque das respostas possíveis é amplo ou, então,
imprevisível, mal conhecido. Permite, ao mesmo tempo, ao pesquisador assegurar-se
da competência do interrogado, competência demonstrada pela qualidade de suas
respostas (LAVILLE & DIONE 1999, P. 186).
A amostra desta pesquisa foi composta por seis pedagogos, sendo um do sexo
masculino e cinco do sexo feminino, de idade entre 25 anos a 48 anos, atuantes em RH de
instituições públicas, as quais duas são estaduais e uma é federal, e são dos segmentos de
saneamento, judiciário e infraestrutura aeroportuária.
Os dados foram interpretados á luz do referencial teórico, sendo consultada para tal, a
literatura especializada nas áreas de Recursos Humanos e Educação, porque cremos que
ambas estão interligadas.
4.
OS DIZERES DOS PEDAGOGOS SOBRE SUA ATUAÇÃO NO RH
Com o intuito de conhecer melhor a atuação dos pedagogos na área de RH de
instituições públicas, analisamos através de questionário, as falas de seis pedagogos que
exercem atividades no campo de atuação investigado, pois elas são reveladoras das suas
expectativas, anseios e possibilidades de práticas profissionais. Buscando compreender os
motivos que levaram os pedagogos a procurarem o ambiente corporativo para exercerem suas
atividades.
Para caracterizar os sujeitos pesquisados na utilização de recursos como tabelas,
fizemos uso de siglas. São estas: P1 para identificar o pedagogo 1, a sigla P2 para identificar o
pedagogo 2 e assim sucessivamente até o pedagogo 6.
Todos os profissionais são graduados em pedagogia e atuam diretamente na área de
RH de instituições públicas da cidade do Recife. Os pedagogos 1 e 5 atuam em uma
instituição do segmento judiciário, os pedagogos 2, 3 e 6 fazem parte de uma instituição do
segmento aeroportuário, já o pedagogo 4 é atuante em uma instituição do segmento de
14
saneamento. O profissional que está há menos tempo nesta área, tem 10 meses de atuação,
tendo concluído sua graduação em 2004. Em contrapartida o pedagogo que exerce suas
atividades profissionais há mais tempo no RH, está nesta área há 14 anos e concluiu o curso
de Pedagogia em 1986. Concluímos ao fazer o confronto entre tempo de atuação em RH e
tempo de conclusão do curso de Pedagogia, verificamos que o pedagogo com um maior
tempo de atuação na área em análise é proporcionalmente, o profissional com a graduação
concluída a mais tempo.
Libâneo (2008, p.33) conceitua pedagogo como:
Profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, diretamente ligadas à
organização e aos processos de transmissão e assimilação de saberes e modos de
ação, tendo em vista objetivos de formação humana previamente definidos, em sua
contextualização histórica. (LIBÂNEO, 2008, P.33).
Mesmo reconhecendo que a atuação do pedagogo é tão ampla quanto sua abrangência
de espaços para práticas educativas, muitos profissionais de pedagogia iniciam sua trajetória
educacional em espaços escolares. Isto decorre, devido à identidade profissional difundida no
curso de pedagogia que está revestida de um caráter basicamente docente. Portanto, para
confirmar esta suposição, iremos a partir de agora mostrar como foi a trajetória profissional
dos pedagogos pesquisados e como estes chegaram à área de RH de instituições públicas.
Identificamos que todos os pesquisados iniciaram sua trajetória profissional na área de
educação em espaços escolares de instituições públicas e privadas. Dos seis profissionais
investigados quatro deles foram professores das séries iniciais (educação infantil ao ensino
fundamental), o pedagogo que lecionou por mais tempo, exerceu esta prática por doze anos e
o profissional com menos tempo na prática de ensino, a fez por dois anos e meio. Os outros
dois pesquisados, os pedagogos 4 e 5, atuaram no ambiente escolar apenas através de estágios.
Identificamos que dois pedagogos mesmo atuando em espaços escolares ampliaram
sua prática profissional para além da docência nas séries inicias. O pedagogo 2 atuou como
supervisor pedagógico durante um ano, é docente de curso de pós-graduação de uma
faculdade da área de ciências, filosofia e letras, desde o ano 2008 e atua também como tutor
de educação à distância de um curso de graduação na área de educação. Já o pedagogo 3, foi
chefe de ensino e professor de curso superior na área de pedagogia.
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Ao pesquisar em teses e artigos, os motivos socioeconômicos e culturais que levaram
os pedagogos a se inserirem na área de RH de instituições públicas, concluímos que esta
abertura se deu pela necessidade destas instituições investirem na educação contínua dos seus
servidores. Estas instituições têm adotado esta estratégia por buscarem mudar a sua cultura
organizacional, pois visam transformar a promoção cultural de defesa do interesse particular
(ou corporativo) em cultura de promoção do interesse público e isso só é possível através de
atividades formativas (Ribeiro, 2010, p.60). Para que tais mudanças possam se efetivar é
preciso estimular constantemente os agentes públicos para que sejam multifuncionais,
proativos e autônomos, alinhados com as novas tecnologias, e tendências demandas pela Era
do Conhecimento para administração e execução dos serviços públicos.
Ao serem indagados se sentiram dificuldades para ingressar na área de RH de
instituições públicas dois pedagogos expuseram que as dificuldades encontradas foram
referentes ao certame, assim expõem os pedagogos 1 e 2:
“Na verdade, a maior dificuldade foi a aprovação no concurso”. (Pedagogo1)
“Considerando que a admissão foi pelo concurso, as dificuldades encontradas foram
relativas às questões do próprio certame. (Pedagogo 2)
Atualmente a maioria das instituições públicas selecionam seus servidores de forma
isonômica, evitando, conforme afirma Braga (2010), proceder com pessoalidade e
apadrinhamento nas escolhas dos seus agentes públicos. Deste modo, todos os pedagogos se
inseriram na área de RH através de concurso, porém dois profissionais realizaram concurso
para nível médio, tendo feito seleção interna para pedagogo.
Os pedagogos 1 e 5 são os que ingressaram em instituições públicas em cargos de
nível médio, o cargo era técnico judiciário, pois a organização é do segmento judiciário. O
pedagogo 1 revela como surgiu a oportunidade de migrar para um cargo compatível com sua
formação em pedagogia:
“o cargo em que concorri não era especificamente para a área de Pedagogia, mas, na
época em que fui nomeada, alguns setores da Secretaria de Gestão de Pessoas estavam
realizando seleção interna e dando prioridade a quem tinha essa formação, participei de
entrevista e fui selecionada.” (Pedagogo 1)
Situação semelhante ocorreu com o pedagogo 5, pois ambos atuam na mesma
instituição.
16
Ainda referente às dificuldades de inserção em RH, os pedagogos 2 e 5 afirmaram
que não possuíram nenhuma dificuldade. O pedagogo 2 explica que isso se deve ao fato do
perfil da instituição em que trabalha, porque ela já possui um histórico de atuação de
pedagogos em seu quadro funcional. O pedagogo 5 revela não ter encontrado dificuldade para
ingressar no campo de atuação pesquisado, porque sempre gostou da área de RH, tanto que
sua monografia da pós-graduação teve como tema Educação Corporativa.
Os outros dois profissionais, os pedagogos 6 e 3, enfatizaram que estavam bem
preparados em termos de conteúdos para prestar o concurso para pedagogo, pois os conteúdos
exigidos na prova eram componentes da grade curricular da graduação de Pedagogia. Porém
ambos informaram que ao chegar à instituição em que trabalham sentiram lacunas de
conhecimento de outras áreas de RH necessárias ao desempenho de suas atribuições. Sobre
este aspecto o pedagogo 6 se posiciona da seguinte maneira:
“Ao chegar à empresa, tive um pouco de dificuldade para compreender a minha
atuação enquanto pedagoga (uma fez que a nossa atuação não foi bem trabalhada em
espaços não escolares, pois o foco da universidade pública é a escola pública), e ao
compreender, tive dificuldade para ocupar meu espaço no desenvolvimento dos cursos que
aconteciam regularmente.”
Buscando identificar como os pedagogos investigados veem o curso de Pedagogia,
perguntamos sobre a contribuição desta graduação para atuação destes na área de RH. A
maioria dos pesquisados acreditam que o curso de pedagogia contribui bastante para sua
prática profissional na referida área, devido ao fato de possuir uma amplitude tanto de atuação
quanto de estudo científico.
“ o curso de pedagogia tem uma amplitude no seu campo científico, de estudo e
conhecimentos, por ter como objeto a ação educativa nos diversos espaços sociais. Mesmo
com o foco restrito à escola, o estudo das teorias educacionais que permeiam a prática
pedagógica, o ensino-aprendizagem, contribui de forma significativa à compreensão do
“fazer pedagógico” no espaço organizacional.” ( Pedagogo 3)
Holtz (2006, p.6), explicita que o meio corporativo e Pedagogia tem pontos em
comum, ambas “(...) agem em direção à realização de ideais e objetivos definidos, no trabalho
de provocar mudanças no comportamento das pessoas”. Confirmando este ponto de vista, os
pedagogos 2,3 e 4 dizem que o curso de pedagogia está bem atrelado a área de RH devido ao
17
fato deste curso formar seus profissionais para desempenharem atividades como planejamento
dos processos formativos, assim como na sua execução, e posterior avaliação da eficiência e
efetividade de tais processos concatenados com os objetivos estratégicos da instituição. Nesta
perspectiva o pedagogo 4 acredita que a graduação de Pedagogia auxilia na compreensão de
alguns conceitos da área em questão, contribuindo para atuação destes profissionais no RH.
Mesmo acreditando que o curso de Pedagogia aborda conhecimentos das mais
diversas áreas sociais e que está atrelado as estratégias pertinentes ao setor de Recursos
Humanos, os seis pesquisados foram uníssonos ao afirmar ser fundamental investir em
formação continuada para suprirem as lacunas existentes na grade curricular do curso de
Pedagogia, pois este dá muita ênfase a docência e trabalha de forma muito sintética conteúdos
ligados a atuação em espaços não-escolares. Ribeiro, (2010, p. 13) pressupõe que as
disciplinas que podem auxiliar a prática educativa nas organizações são: Didática Aplicada ao
Treinamento, Jogos e Simulações Empresariais, Administração do Conhecimento, Ética nas
Organizações, Comportamento Humano nas Organizações, Educação e Dinâmica de Grupo,
Relações Interpessoais nas Organizações, Desenvolvimento Organizacional e Avaliação de
Desempenho.
Como graduandas do 9º período do curso de Pedagogia podemos afirmar que dentre as
nove disciplinas elencadas pela autora supracitada só temos na grade curricular do nosso
curso duas delas, sendo que uma destas só é ofertada para os alunos que se propõem a possuir
habilitação em administração escolar.
Vejamos as áreas em que estes profissionais aprofundaram seus estudos para uma
melhor contribuição na execução de sua prática profissional na área de RH:
P1- Especialização em Formação de Recursos Humanos para Educação.
P2- Especialização em Gestão Escolar e Mestrado em Educação.
P3- Especialização em RH
P4- Não mencionou o tipo de formação continuada.
P5- Não mencionou o tipo de formação continuada.
P6- Especialização em Coordenação Pedagógica.
Os pedagogos 1, 2 e 6, afirmaram ter escolhido fazer a pós-graduação na área de
educação por acreditarem que muitas atividades que eles exercem nas organizações em que
laboram, são semelhantes às desenvolvidas no RH, só mudando os objetivos a serem
18
alcançados, uma vez que na escola se formam atores sociais para o desenvolvimento da
cidadania, preparando-lhes para enfrentar os desafios da sociedade como um todo. Já no meio
laboral os objetivos educacionais são voltados para as metas da instituição, pois esta busca
através das práticas educativas sincronizar o desenvolvimento do funcionário com os
objetivos organizacionais.
Para confirmar a semelhança entre Educação e área de RH, na visão dos pedagogos
pesquisados, escolhemos a seguinte fala:
“Estou concluindo um curso de Especialização em Coordenação
Pedagógica,(...)tendo em vista que a atuação do coordenador de cursos de empresa se
assemelha bastante à atuação do coordenador de escolas no que se refere à necessidade de
viabilizar processos de formação continuada aos professores/instrutores responsáveis por
ministrar as aulas de cada curso; acompanhar o processo de ensino aprendizagem dos
alunos, buscando alternativas para os que apresentam dificuldades; e no planejamento e
execução de ações educativas.”( Pedagogo 6)
Prosseguindo na análise da escolha do tipo de formação continuada por parte dos
pedagogos atuantes na área de RH, foi identificado que apenas o pedagogo 1 realizou pósgraduação na modalidade especialização na área de RH na concepção geral e não voltada para
educação. Dois participantes da pesquisa disseram ter feito pós-graduação, porém não
mencionaram em qual área.
Além do aprofundamento acadêmico para atuarem na área de RH, quatro dos seis
profissionais investigados, mencionaram que as instituições em que trabalham investem na
capacitação dos mesmos, possibilitando para estes profissionais a participação em cursos de
aperfeiçoamentos e congressos, além de outros eventos educacionais.
Ao indagarmos se foi necessário fazer investimento em formação continuada alguns
graduados em pedagogia aprofundaram suas afirmações revelando os fatores que culminaram
na necessidade de aprimorar seus conhecimentos para atuar em RH. Detectamos que o motivo
mais decorrente foram as lacunas de conhecimentos necessários a atuação em espaços nãoescolares. Eis as falas que refletem esta problemática:
“(...) só o curso de Pedagogia não engloba os conceitos necessário ao profissional de
RH”.( pedagogo 4)
“(...) Acredito que nenhum profissional da educação fique satisfeito com os
conhecimentos construídos no curso de graduação”. (Pedagogo 6)
19
Objetivando listar e analisar quais atividades são desenvolvidas pelos pedagogos na
área de RH das instituições públicas, questionamos como é o cotidiano dos pesquisados. A
maioria desenvolvem atividades ligadas ao planejamento, execução e avaliação de processos
formativos de capacitação profissional. Foi possível enumerar que todos os pedagogos
pesquisados planejam atividades formativas, cinco deles executam estas atividades
ministrando cursos, treinamento e outras tarefas análogas.
No que se refere à avalição destes processos formativos e consequentemente
assimilação dos conteúdos ministrados pelos funcionários, três investigados, afirmaram que
desempenham esta função. Apenas dois pedagogos disseram que também realizam tarefas
administrativas, como elaboração de documentos e relatórios sobre os dados funcionais do
quadro de pessoal das instituições em que atuam. Abaixo dispomos de uma tabela que elenca
as atividades exercidas frequentemente pelos pedagogos atuantes em RH
Tabela 2
Atividades exercidas pelos pedagogos no RH
Pedagogos
Planejamento
Execução
Avaliação
Atividades
de Atividades
de Atividades
de Atividades
Administrativas
Educacionais
Educacionais
Educacionais
P1
X
X
P2
X
X
X
P3
X
X
X
P4
X
X
P5
X
X
P6
X
X
X
X
Supondo que nem todos os pedagogos tinham as mesmas atribuições, perguntamoslhes qual era seu papel na instituição onde são atuantes, pois cremos que as atividades que
estes executam são reflexo do seu papel profissional.
O pedagogo 1 afirmou que seu papel é contribuir para eficiência e eficácia da
instituição, através da participação em uma gestão humanizada. E o pedagogo 6 diz que é
atender a proposta da empresa de forma humana, tornando a participação em cursos e
treinamentos satisfatórias, tanto para o empregado quanto para a organização. Esta visão
humanística dos pedagogos é que os torna muito mais que meros instrutores, porque sua
20
formação é permeada da necessidade de compreender o mundo pela ótica humanizadora. Pois
a Pedagogia engloba em seu campo de estudos outras ciências essenciais para se entender a
complexidade humana, segundo Libâneo (2008, p.37) estas ciências são a Sociologia, a
Psicologia, a Economia e a Linguística.
Ainda no tocante do papel dos pedagogos nas instituições em que fazem parte, os
pedagogos 4 e 5 tem uma visão semelhante a cerca do seu papel profissional:
“Buscar o desenvolvimento e qualificação dos empregados” (pedagogos 4)
“Agregar valores e competências aos funcionários para atingir o planejamento
estratégico da organização” (pedagogos 5)
A visão dos pedagogos 4 e 5 refletem bem uma das responsabilidade elencadas por
Holtz (2006, p.14) incumbidas aos pedagogos que atuam em empresas que é “Conduzir com
atividades práticas, as pessoas que trabalham na Empresa - dirigentes e funcionários - na
direção dos objetivos humanos, bem como os definidos pela Empresa.”
Os pedagogos 2 e 3 ao informar qual seu papel na instituição a qual fazem parte
revelam que a visão que eles tem a cerca do seu papel está voltada às atribuições dos seus
cargos. Vejamos a concepção desses investigados:
“Acompanhar o planejamento, execução e avaliação de cursos de forma a garantir
que os aspectos pedagógicos sejam observados nos processos formativos” (pedagogo 2).
“Coordenar os treinamentos, cursos e programas de desenvolvimento de pessoas,
alinhados ao Planejamento Estratégico da Empresa.” (pedagogo 3)
Com o intuito de identificar e analisar a visão dos investigados sobre sua atuação na
área de RH, solicitamos-lhes que expusessem os pontos positivos que há na atuação dos
pedagogos na área pesquisada. As respostas revelaram que o que mais facilita a atuação
desses profissionais neste campo é a sua formação de caráter humanístico, o que os
proporciona uma maior adaptabilidade as mais diferentes situações e atribuições, e levando
esta prática humanizadora para todos os espaços dentro do ambiente de trabalho, através do
processo ensino-aprendizagem.
O pedagogo 1 aponta como ponto positivo da sua prática no RH, a oportunidade de se
trabalhar em equipe.
“A questão do bom relacionamento interpessoal e da capacidade de construir
conjuntamente o planejamento e execução dos trabalhos realizados.” (pedagogo 1)
21
Este aspecto mencionado pelo pedagogo 1, é uma das competências consideradas
essenciais para o pedagogo empresarial nas organizações contemporâneas, de acordo com a
visão de Ribeiro (2010).
Na análise dos pedagogos 2 e 4 os pontos positivos existentes na atuação dos
profissionais de pedagogia no setor de RH são as habilidades para atender a política de
desenvolvimento de pessoas para atingir o objetivo organizacional; Valorização da educação
profissional, objetivando o desenvolvimento contínuo para o sucesso profissional. Estes
profissionais deixam evidente que o pedagogo possui, conforme enfatiza Ribeiro ( 2010)
sensibilidade e capacidade teórico-metodológica para perceber quais estratégias são mais
apropriadas para o atendimento dos propósitos tanto de formação humana, quanto os da
própria empresa.
Já o pedagogo 5, acredita que poderia elencar inúmeros fatores que revelam os pontos
positivos para atuação na área de RH, mas destaca:
“a nova visão do profissional de Pedagogia no ambiente corporativo, haja vista a
necessidade da vivência educacional dentro da organização.” (pedagogo 5)
Apenas o pedagogo 6, levantou um ponto negativo de sua vivência profissional em
RH, a visão que alguns tem que o pedagogo está no espaço laboral apenas para dar
treinamento aos funcionários. O relato deste pesquisado, nos leva reflexão sobre a existência
da diferença entre treinamento e desenvolvimento de pessoas.
“Acredito que o termo treinamento é aplicado nas empresas porque a maior parte dos
cursos ministrados tem por base leis e normas que não podem ser modificadas, ou seja, não
são passíveis críticas ou questionamentos a fim de não comprometer a segurança das
pessoas, especificamente no campo de atuação da minha empresa. Mas discordo do termo
por acreditar que o processo de ensino e aprendizagem não pode abrir mão da criticidade,
pois sem ela a construção de conhecimento fica comprometida. Talvez essa visão
diferenciada do processo de ensino e aprendizagem e os resultados que essa abordagem
promove seja o principal ponto positivo de nossa atuação do ponto de vista da empresa.”
(Pedagogo 6)
Holtz (2006) e Ribeiro (2010), pensam em consonância no tocante à missão do
pedagogo nas organizações. Para Holtz (2006) este tipo de pedagogo deve contrabalançar os
efeitos desequilibradores da especialização profissional com atividades recriadoras, que
permitam o desenvolvimento do sujeito como um todo e não apenas para uma tarefa. Ribeiro
22
(2010), ao citar Hölterhoff (1989), diz que o pedagogo empresarial não é um
professor/instrutor ocupado com a educação de adultos, onde seu papel é organizar cursos que
ensinem a gestão do tempo, treinamento e desenvolvimento da criatividade. Mas é sim um
assessor para assuntos de processos de formação e desenvolvimento organizacional.
Neste contexto cabe distinguir a diferença entre Treinamento e Desenvolvimento na
concepção de Chiavenato (1999):
O treinamento é orientado para o presente, focalizando o cargo atual e buscando
melhorar aquelas habilidades e capacidades relacionadas com o desempenho
imediato do cargo. O desenvolvimento de pessoas focaliza geralmente os cargos a
serem ocupados futuramente na organização e as novas habilidades e capacidades
que serão requeridas. Ambos, treinamento e desenvolvimento, constituem processos
de aprendizagem. (CHIAVENATO 1999, P. 295)
Vale ressaltar que os pedagogos dentro das organizações podem exercer as duas
atividades formativas, mas o foco do prática pedagógica é transformar o processo formativo
necessário para o exercício de um bom desempenho nos postos de trabalho em um
aprendizado ao longo da vida, fazendo tais conhecimentos perpassar além das fronteiras do
ambiente organizacional.
Visando identificar o nível de satisfação dos pedagogos atuantes na área pesquisada,
pedimos para avaliar, conforme sua opinião, se sua prática profissional se aproxima da prática
ideal. Os pedagogos 1 e 5 afirmaram que sim, já os pedagogos 3 e 4, consideram que o ideal é
sempre um meta, contribuindo para que estejam sempre em busca de novos conhecimentos,
sendo que o pedagogo 3 classifica como excelente o trabalho que desenvolve no RH. O
pedagogo 2 considera seu trabalho na referida área satisfatório, mas acha relativo falar em
ideal. O pedagogo 6 expõe sua opinião dizendo que não acredita que exista uma prática ideal,
porque trabalhar com pessoas e com suas diversidades é muito complexo, mas explica que
acha muito cedo falar em ideal porque ainda está no início de sua carreira profissional.
Sobre a realização profissional, questionamos se os pesquisados se sentiam realizados
atuando na área de RH. A grosso modo, todos os seis pesquisados se sentem realizados, mas
alguns fizeram ressalvas: Os pedagogos 3 e 6 se sentem totalmente realizados, entretanto os
pedagogos 1, 4 e 5 disseram estar realizados até o momento, mas que estão abertos para novas
oportunidades, sendo que o pedagogo 5 demonstrou interesse em conhecer outras áreas do
RH, que não seja no campo educacional. O pedagogo 2 afirma se sentir realizado nesta área,
23
mas revela que sente falta da docência, por isso continua atuando como docente em uma
universidade.
Frente aos dados analisados, nos foi oportuno constatar que o crescente aumento dos
números de vagas no setor público de instituições não-escolares serve como um termômetro
para mensurar a importância deste profissional para a sociedade, pois eles são considerados
nestas instituições os responsáveis em desenvolver nos seus servidores a potencialidade dos
mesmos para uma prestação de serviços públicos eficientes e condizentes com as demandas
contemporânea. Entretanto o curso de Pedagogia ainda não dispõe de todas as ferramentas
que os pedagogos necessitam para atuarem em espaços distintos do espaço escolar.
A
confirmação desta hipótese esteve presente na falas de todos os pedagogos que foram objeto
de estudo deste trabalho, pois todos para atuarem na área de RH necessitaram aprofundar seus
conhecimentos através de formação continuada institucional e alguns em cursos oferecidos
pelas organizações em que atuam.
5.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através da realização desta pesquisa compreendemos que a educação é um
instrumento de prática social essencial à manutenção da vida humana, pois tal prática é
reflexo da evolução de nossa espécie e se manifesta em diversos lugares ( na família, na
igreja, nas organizações, etc.). Não se pode, portanto, sistematizar a educação apenas para o
espaço escolar. Reconhecendo esta pluralidade, procuramos compreender a atuação do
pedagogo na área de RH de instituições públicas não escolares.
No atual momento histórico, onde tudo em nossa sociedade se estrutura para atender o
poderio do capitalismo, é exigido dos sujeitos uma capacidade cada vez maior de absorver
informações. Durante esta pesquisa, compreendemos que a missão da Pedagogia no mundo do
trabalho é criar um caminho que leve as pessoas a transformarem conhecimento e informação
em saberes que se perpetuaram através da aquisição de novos saberes, gerando assim um ciclo
de aprendizagem e não simplesmente apreender técnicas de como ser mais eficiente para o
sistema produtivo.
Entrando em contato com o trabalho realizado pelos profissionais de Pedagogia
atuantes no RH das instituições públicas não-escolares, foi notório perceber que o cotidiano
24
deles é bastante dinâmico. Eles exercem atribuições parecidas com as dos profissionais do
meio escolar, como planejar atividades formativas, executá-las e avaliar sua efetividade.
Todavia, os pedagogos que atuam na área pesquisada também acumulam estas atividades com
outras de caráter administrativo, mais voltado para o âmbito empresarial. E de acordo com
todos os pesquisados eles não possuíam conhecimentos teórico-metodológicos suficientes
para exercerem tais atividades, gerando nestes, dificuldades de atuação, as quais só foram
sanadas com a realização de formação continuada.
Ao término deste estudo, chegamos à conclusão que se faz imprescindível e iminente,
uma reformulação da grade curricular da graduação de Pedagogia, objetivando dotar os alunos
(futuros pedagogos) que desejem atuar em espaços não-escolares, dos conhecimentos
científicos necessários para que estejam aptos a enfrentarem a dinâmica da sociedade.
25
REFERÊNCIAS
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trabalho. São Paulo: Bomtempo Editorial, 2006.
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CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas
organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
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em 03/05/2011. Disponível em: http://www.reocities.com/claudiaad/qualitativa.pdf
GIL Antônio Carlos. Gestão de Pessoas: enfoque nos papeis profissionais. São Paulo:
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Ltda.,
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SP.
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16/04/2011.
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LAVILLE, C.; DIONE, J. A Construção do Saber: manual de metodologia da pesquisa
em ciências humanas. Porto Alegre: Artmed, 1999.
LIBÂNEO, J. C. Pedagogia e pedagogos pra quê? 10 ed. São Paulo: Editora Cortez, 2008
MINAYO, Maria Cecilia de Souza. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade.
Petrópolis, RJ: vozes, 1994.
MOREIRA, Herivelto, CALEFFE, Luís Gonzaga. Metodologia da pesquisa para o
professor pesquisador. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
RIBEIRO, Amélia Escotto do Amaral. Pedagogia empresarial: atuação do pedagogo na
empresa. 6. ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2010.
SAVIANI, Dermeval Trabalho e educação: fundamentos ontológicos e históricos, 2007,
Revista
Brasileira
de
Educação.
Acesso:
20/04/2011.
Disponível
em:
www.scielo.br/pdf/rbedu/v12n34/a12v1234.pdf
TOLEDO, Flávio. O que são Recursos Humanos? São Paulo: Brasiliense, 1982.
26
ANEXOS
27
Observações:
Os nomes dos pesquisados e da instituição serão omitidos, afim de que seja preservada a
privacidade dos mesmos.
É fundamental responder todas as perguntas para que a análise qualitativa dos dados seja bem
sucedida.
DADOS PROFISSIONAIS DO ENTREVISTRADO
NOME:
INSTITUIÇÃO EM QUE ATUA:
SEGMENTO DA INSTIUIÇÃO:
FUNÇÃO:
TEMPO DE ATUAÇÃO EM RECURSOS HUMANOS:
FORMAÇÃO:
ANO DE CONCLUSÃO DO CURSO:
QUESTIONÁRIO DIRECIONADO PARA PEDAGOGOS ATUANTES NA
ÁREA DE RECURSOS HUMANOS:
1) Como você se inseriu na área de recursos humanos?
2) Você teve dificuldades para ingressar nesta área?
3) Qual sua trajetória profissional até aqui?
4) De que forma o curso de pedagogia contribui para sua atuação
profissional em RH?
5) Foi necessário investir em formação continuada para atuar na área de
RH?
28
6) Como é o seu cotidiano nesta instituição?
7) Qual seu papel nesta instituição?
8) Quais pontos positivos há na atuação do pedagogo em RH?
9) Sua prática profissional neste setor se aproxima do que você considera
como a prática ideal?
10)
RH?
Você se sente realizado profissionalmente atuando na área de
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dizeres de pedagogos (as) sobre sua atuação profissional na área