Monografia apresentada ao Programa de Residência Médica em
Pediatria do Hospital Regional da Asa Sul – HRAS SES/DF
Mariana Atanasio de Morais Ramos
Orientadora: Sylvia Maria Leite Freire
www.paulomargotto.com.br
Brasília, 7 de novembro de 2011
Hospital Regional da Asa Sul – HRAS
INTRODUÇÃO
Introdução

Sinusite aguda - doença que resulta da
infecção de um ou mais seios paranasais.

As crianças não tratadas - extensão
intraorbital ou intracraniana da doença.

As
complicações
intracranianas
meningite, trombose séptica do seio
carvenoso, abscesso cerebral, empiema
subdural, abscesso peridural e Tumor
inchado de Pott.
Introdução

Pott`s Puffy Tumor (PPT) - descrito pela
primeira vez em 1760 por Percivall Pott.

Diagnóstico clínico de um abscesso
subperiosteal, resultante de osteomielite
do osso frontal.
Introdução

Tais tumores
adolescentes.
afetam
principalmente

O curso clássico é o de uma infecção
aguda, marcada por edema, eritema e
uma
tumefação
da
área
frontal
acompanhada de febre e dor de cabeça.
OBJETIVOS

Relatar um caso clínico de um paciente
com diagnóstico de Potty’s Puffy Tumor.

Apresentar
uma
breve
revisão
bibliográfica sobre a condição clínica
descrita, relacionando o caso relatado com
os dados disponíveis na literatura sobre o
tema

Discutir a importância do reconhecimento
precoce de tal condição clínica.
MATERIAIS E MÉTODOS
Materiais e Métodos

Dados do paciente:

Pesquisa bibliográfica

 Obtidos do prontuário médico;
 Obtidos diretamente com a genitora.
 Artigos originais e de revisão;
 Utilizando-se os bancos de
MDConsult e Uptodate.
dados
MedLine,
Lilacs,
Relato de Caso - seguindo as normas do Jornal
de Pediatria conforme os "Requisitos Uniformes
para
Originais
Submetidos
a
Revistas
Biomédicas", publicado pelo Comitê Internacional
de Editores de Revistas Médicas - Orientação do
Jornal de Pediatria.
Descrição do caso

A.B.B.S; sexo masculino; 8 anos; natural
de Urucuia-MG e procedente de Planaltina
de Goiás.

Previamente hígido. Vacinação completa.

História de quadro febril há 15 dias,
evoluindo com cefaléia holocraneana,
cervicalgia e dor abdominal.
Descrição do caso

Procurou atendimento médico duas vezes
neste período.

Piora progressiva – encaminhado para
nosso serviço.

Foi admitido em mal estado geral,
glasgow 14, hipocorado, febril, com
rigidez de nuca, Kernig, Laségue e
Brudzinsky presentes, posição antálgica
em opistótono leve, fotofobia e fonofobia.
Descrição do caso

Exames laboratoriais e punção lombar leucocitose moderada com desvio à
esquerda e líquor claro compatível com
meningite bacteriana.

Ceftriaxone 100mg/kg/dia
Descrição do caso

No 3º dia de tratamento apresentou
surgimento de tumoração de 4cm de
diâmetro, em região frontal, dolorosa,
sem outros sinais flogísticos, que evoluiu
com aumento de tamanho.
Descrição do caso

TC de Crânio - pequeno abscesso frontal
no hemisfério cerebral direito; coleções
subdurais compatíveis com empiemas.
Sinais de leve edema cerebral à direita,
comunicação entre abscesso subgaleal
frontal, calota craniana e empiema frontal
e aparente comunicação com o seio
frontal, o qual exibe sinusopatia.

Associado
ao
esquema
metronidazol 30mg/kg/dia.
terapêutico,
Descrição do caso

21° DIH - Aumento da coleção subdural
frontal direita, leve redução das coleções
da região temporal direita e frontal
esquerda e da coleção subgaleal frontal,
manutenção das demais alterações e
aumento do edema cerebral, agora bem
delimitado também na substância branca
do lobo frontal.
Descrição do caso

25° dia: craniotomia bicoronária para
drenagem de abscesso e abordagem de
osteomielite.

Esquema terapêutico: cefepime 1g EV
8/8h, vancomicina 500 mg EV 6/6h,
metronidazol 30mg/kg/dia.
Descrição do caso

50° DIH - TC de crânio de controle
demonstrando redução importante do
empiema subdural, restando pequenas
coleções na foice e na região frontal
direita. Observava-se ainda, regressão
significativa da hemorragia, do edema, do
efeito de massa e do abscesso no lobo
frontal direito, restando deste último
apenas pequeno foco de realce, medindo
cerca de 6 mm.
Descrição do caso

No 51° DIH foi optado por suspender a
antibioticoterapia,
pois
paciente
apresentando
pancitopenia
pelo
uso
prolongado de antibióticos. Houve melhora
significativa do hemograma após 48 horas
desta medida.

Recebeu alta hospitalar assintomático, com
exames clinico e laboratoriais normais, com
acompanhamento
ambulatorial
da
Infectologia e Neurocirurgia.
DISCUSSÃO
Discussão

A sinusite é facilmente reconhecida por
clínicos e tratados com boa resposta, há
um subgrupo de pacientes cuja sinusite
não é diagnosticada inicialmente, devido à
sua apresentação atípica.

Subgrupo inclui adolescentes saudáveis do
sexo masculino, que se apresentam com
fortes dores de cabeça como o sintoma
mais significativo.
Discussão

Sinusite frontal pode causar um abcesso
pericraniano de inúmeras maneiras.
 A infecção se espalha via trombo séptico.
 Outros trabalhos defendem que a propagação da
infecção acontece através da extensão direta de
material purulento, que é osteolítico, através do
osso frontal.
Discussão

CECT com planos axial e coronal do cérebro e
seios é um instrumento adequado para a
primeira avaliação de pacientes, uma vez que
é rápido e de fácil disponibilidade.

Após os exames iniciais e de estabilização do
paciente, uma RM com Gadolíneo, padrão
ouro para o diagnóstico de complicações
intracranianas, deve ser realizada para
avaliar a extensão da doença.
Discussão

O tratamento visa estabilizar o estado
clínico; tratar a osteomielite; drenagem
do abscesso subperiostal; tratar qualquer
doença do seio que pode ser responsável;
garantir a proteção das áreas intracraniana e tratar eventuais complicações
endocranianas associadas, via craniotomia
com a ajuda de um neurocirurgião.
Discussão

Terapia antibiótica empírica deve ter início
no momento da admissão do paciente e
deve ser posteriormente ajustada.

Alta proporção de patôgenos anaeróbios
como Fusobacterium sp., Bacteroides sp.
e estreptococos anaeróbios, enquanto
Streptococos viridans e estafilococos
patogênicos foram raros.
Discussão

Drenagem cirúrgica do seio frontal.

Se houver suspeita de uma infecção
loculada intracraniana, a intervenção
neurocirúrgica imediata é o tratamento de
escolha.
Considerações finais

A sinusite aguda, em combinação com
cefaléia severa intratável, diferentes graus de
alteração do nível de consciência, déficit
neurológico focal e sinais de irritação
meníngea deve aumentar suspeita clínica
para potenciais complicações intracranianas.

Avaliação precoce e agressiva e a uma
gestão, incluindo estudos de neuroimagem,
acompanhamento
neurocirúrgico
e
antibióticos IV.
Download

Sinusopatia na infância e complicações