UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO O BULLYING E SUAS IMPLICAÇÕES NA SOCIEDADE GRAZIELLE DALÇÓQUIO PAGNIN DECLARAÇÃO “DECLARO QUE A MONOGRAFIA ESTÁ APTA PARA DEFESA EM BANCA PUBLICA EXAMINADORA”. ITAJAÍ, (SC), novembro de 2010 _____________________________________________ Professora Orientadora: MSc. Maria Inês França Ardigó UNIVALI – Campus Itajaí – SC. UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO O BULLYING E SUAS IMPLICAÇÕES NA SOCIEDADE GRAZIELLE DALÇÓQUIO PAGNIN Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito. Orientadora: Professora MSc. Maria Inês França Ardigó Itajaí, novembro de 2010 AGRADECIMENTO Primeiramente a Deus por ter me dado forças e iluminando meu caminho para que pudesse concluir mais uma etapa da minha vida. A minha mãe, por todo amor e dedicação que sempre teve comigo, meu eterno agradecimento. Pelos momentos em que esteve ao meu lado, me apoiando e me fazendo acreditar que nada é impossível, pessoa que sigo como exemplo, mãe dedicada, amiga e muito batalhadora. A minha irmã pelo carinho e atenção que teve comigo nos momentos que mais precisei. Ao meu companheiro, por ser a pessoa que nos momentos em que preciso, mais me apóia e acredita na minha capacidade, meu agradecimento pelas horas em que ficou ao meu lado não me deixando desistir e me mostrando que sou capaz de chegar onde desejo. Fica aqui meu profundo agradecimento. A minha avó Tereza, por estar sempre torcendo e rezando para que meus objetivos sejam alcançados e ao meu avô Alécio, por ter sido minha estrutura familiar por muitos anos, uma pessoa que mostrou que muitas vezes um gesto marca mais que muitas palavras, coração bondoso que dedicou toda sua vida a família, por todo o amor que ambos me dedicaram meu eterno amor e agradecimento. A minha orientadora, professora Maria Inês França Ardigó, pelo ensinamento e dedicação dispensados no auxilio a concretização dessa monografia. Por fim, gostaria de agradecer aos meus amigos e familiares, pelo carinho e pela compreensão nos momentos em que a dedicação aos estudos foi exclusiva. A todos que contribuíram direta ou indiretamente para que esse trabalho fosse realizado meu eterno AGRADECIMENTO. DEDICATÓRIA Com carinho, dedico este trabalho à minha família que foi fonte constante de apoio ao estudo, do qual compartilharam conquista. comigo cada momento desta TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e a Orientadora de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo. Itajaí, novembro de 2010 Grazielle Dalçóquio Pagnin Graduanda PÁGINA DE APROVAÇÃO A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Grazielle Dalçóquio Pagnin, sob o título “O Bullying e suas implicações na sociedade”, foi submetida em xx novembro de 2010 à banca examinadora composta pelos seguintes professores: [Nome dos Professores] ([Função]), e aprovada com a nota [Nota] ([nota Extenso]). Itajaí, novembro de 2010 Profª. MS. Maria Inês França Ardigó Orientadora e Presidente da Banca Professor MS. Antônio Augusto Lapa Coordenação da Monografia ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABRAPIA Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência CC/1916 Código Civil Brasileiro de 1916 CC/2002 Código Civil Brasileiro de 2002 CPB Código Penal Brasileiro CF Constituição Federal Coord. Coordenador CRFB Constituição da República Federativa do Brasil ECA Estatuto da Criança e do Adolescente ed. Edição Org. Organizador p. Página TAG Transtorno de ansiedade generalizada TEPT Transtorno do estresse pós-traumático TOC Transtornos obsessivo-compulsivo v. Volume ROL DE CATEGORIAS Rol de categorias que a autora considera estratégicas à compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais. Adolescente Considera-se adolescente a pessoa que possuí entre 12 e 18 anos1. Afeto O afeto não é somente um laço que envolve os integrantes de uma família. Igualmente tem um viés externo, entre as famílias, pondo humanidade em cada família, compondo, no dizer de Sérgio Resende de Barros, a família humana universal, cujo lar é a aldeia global, cuja base é o globo terrestre, mas cuja origem sempre será, como sempre foi, a família (...) 2. Alvos de Bullying Os alvos são pessoas ou grupos que são prejudicados ou que sofrem as conseqüências dos comportamentos de outros e que não dispõem de recursos, status ou habilidade para reagir ou fazer cessar os atos danosos contra si. São, geralmente, pouco sociáveis. A baixa auto-estima é agravada por intervenções críticas ou pela indiferença dos adultos sobre seu sofrimento. Alguns crêem serem merecedores do que lhes é imposto. Têm poucos amigos, são passivos, quietos e não reagem efetivamente aos atos de agressividade sofridos3. Autor de Bullying O autor de bullying é tipicamente popular; tende a envolver-se em uma variedade de 1 BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília: Senado Federal, 1990. Art. 2. Disponível em <http://www.planalto.gov.br> Acesso em 12 de out. 2010. 2 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 4º ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 63. 3 ESCOREL, Soraya S. Nóbrega. Bullying não é brincadeira. Cartilha. João Pessoa/PB: JB, 2008, p.6. comportamento anti-sociais; pode mostrar-se agressivo inclusive com os adultos; é impulsivo; vê sua agressividade com qualidade; tem opiniões positivas sobre si mesmo; é geralmente mais forte que seu alvo; sente prazer e satisfação em dominar, controlar e causar danos e sofrimentos a outros. Além disso, pode existir um “componente benefício” em sua conduta, com ganhos sociais e materiais 4. Bullying O bullying é diferente de uma brincadeira inocente, sem intenção de ferir. Não se trata de um ato de violência pontual, de troca de ofensas no calor de uma discussão, mais sim de atitudes hostis, que violam o direito à integridade física e psicológica e à dignidade humana. Ameaça o direito à educação, ao desenvolvimento, à saúde e à sobrevivência de muitas vítimas5. CIBERBULLYING É a versão virtual do bullying, à medida que ocorre no espaço da rede mundial de computadores (Internet). Essa modalidade vem preocupando especialistas e educadores, por seu efeito multiplicador do sofrimento das vítimas e pela velocidade em que essas informações são veiculadas6. Criança “(...) Considera-se criança, para os efeitos desta lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos (...)” 7. Escola Sistema pedagógico que se baseia na íntima correspondência entre o físico e o psíquico e na participação ativa da criança, opondo-se aos métodos tradicionais de valores intelectuais e disciplinares8. 4 LOPES NETO, A. A. Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro, 2005, p. 167. 5 FANTE, Cléo e PEDRA, José Agusto. Bullying escolar: perguntas & respostas. Porto Alegre: Artmed, 2008, p. 9. 6 ESCOREL, Soraya S. Nóbrega. Bullying não é brincadeira. p.11. 7 BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília: Congresso Nacional, 2008. 8 DICIONÁRIO AURÉLIO. on line. versão 5.0. Positivo. 2010. Família “A família em um conceito amplo é o conjunto de pessoas unidas por vínculo jurídico de natureza familiar. Em conceito restrito, família compreende somente o núcleo formado por pais e filhos que vivem sobre o pátrio poder” 9. Sociedade Uma sociedade é um grupo de indivíduos que formam um sistema semi-aberto, no qual a maior parte das interações é feita com outros indivíduos pertencentes ao mesmo grupo. Uma sociedade é uma rede de relacionamentos entre pessoas. Uma sociedade é uma comunidade interdependente. O significado geral de sociedade refere-se simplesmente a um grupo de pessoas vivendo juntas numa comunidade organizada10. Testemunhas (Espectadores) de Bullying Os espectadores são aqueles alunos que testemunham as ações dos agressores contra as vítimas, mas não tomam qualquer atitude em relação a isso: não saem em defesa do agredido, tampouco se juntam aos agressores11. Vítimas do Bullying As vítimas típicas são aqueles que apresentam pouca habilidade de socialização, são retraídos ou tímidos e não dispõem de recursos, status ou habilidades para reagir ou fazer cessar as condutas agressivas contra si. Geralmente apresentam aspecto físico mais frágil ou algum traço ou característica que as diferencia dos demais. Demonstram insegurança, coordenação motora pouco desenvolvida, extrema sensibilidade, passividade, submissão, baixa auto-estima, dificuldade de auto-afirmação e de auto-expressão, ansiedade, irritação e aspectos depressivos12. 9 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. Direito de família.10 ed. São Paulo, 2006. 10 RIBEIRO, Darcy. O Processo Civilizatório: etapas da evolução sócio-cultural. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p.56. 11 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010, p. 45. 12 FANTE, Cléo e PEDRA, José Agusto. Bullying escolar: perguntas & respostas. p. 59. Violência A violência pode assumir duas formas distintas: os estados de violência e os atos de violência. Os atos de violência correspondem ao distanciamento de indivíduos ou da sociedade das normas jurídicas e morais preestabelecidas, causando danos a uma ou a várias pessoas em graus variáveis, seja em sua integridade moral ou física, seja à propriedade privada ou em suas participações simbólicas e culturais13. Violência na Escola É aquela que nasce no interior da escola e que atinge diretamente aqueles alunos que estão sob a guarda dos educadores, os quais poderão ser chamados a responder por danos materiais e morais advindos do descumprimento do dever de vigilância14. 13 MICHAUD, Yves. A violência. São Paulo: Ática, 2001, p. 10. 14 ABRAMOVAY, Miriam. Drogas na escola. Brasília: Unesco, 2002, p. 32. SUMÁRIO RESUMO INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 13 CAPÍTULO 1 CONCEITUAÇÃO E BREVE HISTÓRICO DO BULLYING ................................. 16 1.1 CONCEITO E ORIGEM DO BULLYING ........................................................ 16 1.2 SÍNTESE DA HISTÓRIA MUNDIAL SOBRE BULLYING ............................. 19 1.3 UM OLHAR SOBRE A HISTÓRIA BRASILEIRA DO BULLYING ................ 21 1.4 MODALIDADES E MANIFESTAÇÕES DE BULLYING ................................ 22 1.4.1 O Bullying Escolar..................................................................................... 27 1.4.2 Cyberbullying: Um Fenômeno Sem Rosto .............................................. 32 CAPÍTULO 2 ........................................................................................................ 39 BULLYING E SEUS ATORES ............................................................................. 39 2.1 ALVOS DE BULLYING .................................................................................. 39 2.2 AUTORES DE BULLYING............................................................................. 44 2.3 TESTEMUNHAS DE BULLYING ................................................................... 48 2.4 BULLYING E O SEXO FRÁGIL, COMO AS MENINAS AGRIDEM E SÃO AGREDIDAS ............................................................................................. 2.5 COMO IDENTIFICAR POSSÍVEIS PERSONAGENS .................................... 52 CAPÍTULO 3 ........................................................................................................ 55 BULLYING UM DESENVOLVIMENTO DE COMPORTAMENTO AGRESSIVO. 55 3.1 COMPORTAMENTO E CONSEQÜÊNCIAS DO COMPORTAMENTO AGRESSIVO ........................................................................................................ 55 3.2 REFLEXÕES SOBRE A VIOLÊNCIA ............................................................ 59 3.3 CENÁRIO MUNDIAL E BRASILEIRO SOBRE O BULLYING ...................... 62 3.4 ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO / INTERVENÇÃO ................................... 63 3.4.1 Papel da Escola e Sociedade para evitar o Problema ............................ 66 3.4.2 Papel da Família, Sociedade e Governo .................................................. 69 3.5 PROGRAMAS REALIZADOS PARA PREVENÇÃO E DIMINUIÇÃO DO BULLYING ........................................................................................................... 72 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 77 REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS ............................................................. 80 RESUMO O bullying escolar é predominante da violência repetitiva, em um determinado indivíduo, e nos dias de hoje vem avançando cada vez mais em escolas, famílias e sociedade. Nosso país sofre por ser um dos campões em violência escolar. Os atos praticados com violência provocam os direitos da dignidade humana, o respeito e afetam até a integridade física e moral do ser, que não tem como se defender. Com base neste fundamento o estudo, uma pesquisa de método indutivo, teve como objetivo, mobilizar as pessoas para um profundo conhecimento sobre o assunto, responsabilizando o governo e a sociedade, para tomar devidas providencias em razão a violência praticada dentro e fora das escolas. 13 INTRODUÇÃO A presente Monografia tem como objeto tratar do bullying e de suas implicações na sociedade, tendo como objetivo institucional, produzir uma monografia para obtenção do Título de Bacharel em Direito, pela Universidade do Vale do Itajaí-SC Dos objetivos, o geral investiga o bullying e suas implicações na sociedade e, os específicos, mostrarão a visão histórica e origem do bullying, identificando quais os tipos de violência que são praticadas nas escolas no âmbito do direito de família. Desde a existência da escola, a violência escolar sempre fez parte de sua evolução, mas não era divulgada. Com o passar dos anos as agressões se tornaram constante, trazendo consigo a origem do bullying, que por sua vez vêm se propagando cada vez mais entre crianças e adolescentes. O bullying é considerado nos dias atuais o problema mais sério que pais e educadores tem enfrentado, e o objetivo principal é minimizar os abusos praticados com tanta violência em crianças e adolescentes, para que no futuro não venham sofrer conseqüências drásticas. No entanto, essas crianças e esses adolescentes, necessitam urgentemente de atenção, carinho e aprendizado sobre o bullying, para que os valores bons que possuem não sejam corrompidos pela violência. Para tanto, principia-se, no Capítulo 1, do qual trata de uma breve conceituação e origem do bullying escolar no Brasil e demais países. Distingue também diversos tipos de bullying, do qual a maioria se origina dentro do ambiente escolar. Por fim analisa como os meios de comunicação tecnológicos propagam a violência, dando origem ao ciberbullying, um fenômeno virtual. O Capítulo 2, refere-se ao bullying e seus atores: alvos, autores e testemunhas, que vivenciam constantemente todos os abusos decorridos de atos praticados entre si. E mostra como as meninas praticam a violência escolar e de que maneira são agredidas. Com isto identifica-se possíveis personagens que fazem 14 parte deste teatro. No Capítulo 3, trata-se do bullying e do desenvolvimento de diversos comportamentos agressivos, refletindo sobre a violência dos dias atuais, vivenciadas em escolas brasileiras e do mundo todo. Demonstrando quais medidas pais, educadores e sociedade podem tomar para evitar tal problema, tendo como base projetos e programas, como medida de prevenção e diminuição do bullying escolar. O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões sobre o bullying e suas implicações na sociedade. Para a presente monografia foram levantadas as seguintes hipóteses: Primeira hipótese: O governo e a sociedade brasileira visam buscar a redução do fenômeno bullying via projeto de lei, projetos educativos e programas preventivos. Segunda hipótese: A intervenção das escolas na educação e aprendizagem sobre a violência escolar é feita de maneira regular, em que crianças e adolescentes possam estar cientes dos atos violentos e abusos constantes que possam estar prejudicando o próximo e a si mesmo. Terceira hipótese: A família está preparada para lidar com bullying, de maneira que possam proteger seus filhos dos abusos. Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase de Investigação15 foi utilizado o Método Indutivo16, na Fase de Tratamento de Dados o 15 “[...] momento no qual o Pesquisador busca e recolhe os dados, sob a moldura do Referente estabelecido[...]. PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. 10 ed. Florianópolis: OAB-SC editora, 2007. p. 101. 16 “[...] pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma percepção ou conclusão geral [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p. 104. 15 Método Cartesiano 17 , e, o Relatório dos Resultados expresso na presente Monografia é composto na base lógica Indutiva. Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as Técnicas do Referente 18 , da Categoria 19 , do Conceito Operacional 20 e da Pesquisa Bibliográfica21. 17 Sobre as quatro regras do Método Cartesiano (evidência, dividir, ordenar e avaliar) veja LEITE, Eduardo de oliveira. A monografia jurídica. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p. 2226. 18 “[...] explicitação prévia do(s) motivo(s), do(s) objetivo(s) e do produto desejado, delimitando o alcance temático e de abordagem para a atividade intelectual, especialmente para uma pesquisa.” PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p. 62. 19 “[...] palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou à expressão de uma idéia.” PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p. 31. 20 “[...] uma definição para uma palavra ou expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias que expomos [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p. 45. 21 “Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais. PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p. 239. 16 CAPÍTULO 1 CONCEITUAÇÃO E BREVE HISTÓRICO DO BULLYING 1.1 CONCEITO E ORIGEM DO BULLYING O bullying significa, um comportamento agressivo, que ocorre, principalmente, nas escolas, em que um ou mais estudantes, causam em uma única pessoa sofrimento, dor e tortura emocional, tornando impossível sua defesa, em relação aos agressores, por estar tão intimidada. A origem desse fenômeno se dá desde os tempos remotos, porém, sem possuir um nome específico que o determinasse, conforme menciona Silva 22 : “O bullying é um fenômeno tão antigo quanto à própria instituição denominada escola. No entanto, o tema só passou a ser objeto de estudo científico no início dos anos”. Há várias definições para o termo utilizado. Em todos os países do mundo o mais utilizado é o inglês bullying, como, por exemplo, no Brasil não se encontra uma definição exata para o termo, o que se aproxima mais, seria a intimidação. Frente ao exposto, Fante e Pedra23, afirmam que: Entretanto, existem alguns países que utilizam outros termos de sua língua sem que perca o significado. São usados, por exemplo, mobbing, na Noruega e na Dinarmarca; mobbning, na Suécia e na Finlândia; hercélement quotidien, na França; prepotenza ou bullismo, na Itália; yjime, no Japão; Agressionem unter Shülern, na Alemanha; acoso e amenaza entre escolares ou intimidación, na Espanha. 22 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010. 23 FANTE, Cléo e PEDRA, José Agusto. Bullying escolar: perguntas & respostas. Porto Alegre: Artmed, 2008, p. 34-35. 17 Valendo-se do conhecimento de Fante e Pedra 24 , tem-se o entendimento de que “Bullying é uma palavra de origem inglesa adotada por muitos países para definir o desejo consciente e deliberado de maltratar outra pessoa e colocá-la sob tensão”. Já, Pereira25, traz a seguinte definição para a matéria: Definimos por agressividade/bullying o que a literatura refere por comportamentos agressivos de intimidação e que apresentam um conjunto de características comuns, entre as quais se identificam várias estratégias de intimidação do outro e que resultam em práticas violentas exercidas por um indivíduo ou por pequenos grupos, com caráter regular e freqüente. [...]. Os estudos tiveram início, segundo alusão de Silva26, devido o aumento constante nas escolas de suicídios entre as crianças e adolescentes, sendo que a principal causa era o desprezo dos alunos com o colega de sala, alterando o seu lado psicológico, e levando a criança a cometer o suicídio, pelo abalo emocional que vinha sofrendo. Segundo a autora, “tudo começou na Suécia, onde grande parte da sociedade demonstrou preocupação com a violência entre estudantes e suas conseqüências no âmbito escolar”27. Referente ainda ao fato do bullying ocorrer desde há muitas décadas atrás, porém, sem ser visto como um problema social e, de que a Suécia foi a pioneira, conforme a colocação de Silva, complementam os autores Fante e Pedra28, aludindo que: Os estudos tiveram início na década de 1970 na Suécia e na Dinamarca. Na década de 1980, a Noruega desenvolveu grande pesquisa sobre o tema, expandindo os estudos para inúmeros países europeus. Como reflexo desses estudos, o tema chegou ao Brasil no fim dos anos de 1990 e início de 2000. 24 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar: perguntas & respostas, p.33. 25 PEREIRA, Beatriz Oliveira. Para uma Escola sem Violência. Estudo e Prevenção das Práticas Agressivas entre Crianças. Porto: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002, p.16. 26 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010. 27 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas, p. 111. 28 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar: perguntas & respostas, p.36. 18 Valendo-se do conhecimento de Silva29: O bullying sempre existiu nas escolas; no entanto, somente há pouco mais de trinta anos começou a ser estudado sob parâmetros psicossociais e científicos, e recebeu a denominação específica pelo qual é conhecido atualmente em todo mundo. No pensamento de muitos o bullying, é visto como briguinhas costumeiras, pois muitas pessoas ainda não possuem entendimento sobre o assunto ou nunca ouviram falar, relata Haber e Glatzer30: “Na minha infância e adolescência, assumia-se que bullying era um ritual de transição de uma fase para outra.” Nos dias atuais o bullying, se predomina dentro e fora das escolas, e ainda não há muita conscientização por parte da sociedade, das escolas e, principalmente dos pais. No entendimento de Chalita 31 : “O bullying é a manifestação dessa rejeição de ordem social que priva o indivíduo, considerado diferente e inferior, de sua dignidade e de seu direito de participar e de existir.” Para melhor se discernir o que seja bullying, acata-se as 32 explicações de Silva , a qual leciona que: [...] a expressão bullying corresponde a um conjunto de atitudes de violência física e/ou psicológica, de caráter intencional e repetitivo, praticado por um bully (agressor) contra uma ou mais vítimas que se encontram impossibilitadas de se defender. Seja por uma questão circunstancial ou por uma desigualdade subjetiva de poder, por trás dessas ações sempre há um bully que domina a maioria dos alunos de uma turma e “proíbe” qualquer atitude solidária em relação ao agredido. Em algum momento de nossas vidas já se passou por algum transtorno emocional, em que se deparou com o bullying, e seus diversos meios de violência física ou mental, nas escolas, família, nas igrejas, políticas, em fim em todo 29 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p. 161. 30 HABER, Joel e GLATZER, Jena. Bullying Manual Anti-agressão: Proteja o seu filho de provocações, abusos e insultos. Alfragide: Cia das Letras, 2009, p. 20. 31 CHALITA, Gabriel. Pedagogia da Amizade: Bullying: O sofrimento as vítimas e dos agressores. São Paulo: Gente, 2008, p. 126. 32 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas bullying. p.21. 19 contexto social. Neste sentido, Fante e Pedra33 afirmam que: Trata-se de uma dinâmica psicossocial expansiva que envolve um número cada vez maior de crianças e adolescentes, meninos e meninas, à medida que muitas vítimas reproduzem a vitimização contra outro(s). É um problema epidêmico, específico e destrutivo, motivo pelo qual deve ser considerado questão de saúde pública. No entendimento de Oliveira34, “É a intencionalidade de fazer mal e a persistência de uma prática a que a vítima é sujeita o que diferencia o “bullying” de outras situações ou comportamentos agressivos [...].” Logo, a doutrinadora Pereira 35 menciona que o bullying “É praticado sobre crianças ou jovens mais inseguros, mais fáceis de amedrontar e/ou que têm dificuldade em se defenderem ou pedir ajuda.” O Brasil não pode perder as esperanças, os educadores e os pais tem que se unir, para que crianças e adolescentes não sofram mais, como diz Silva: “[...] crer que é possível recuperar a grande maioria dessa juventude amarela que, trancafiada em seus quartos, “brinca” de fazer maldade com os demais”36. 1.2 SÍNTESE DA HISTÓRIA MUNDIAL SOBRE BULLYING O bullying, termo que conceitua os comportamentos agressivos e anti-sociais, segundo Fante 37 utilizado pela literatura psicológica anglo-saxônica nos estudos sobre o problema da violência escolar, não é restrito a um determinado país, pois há registro de casos ocorridos em toda Europa, nas Américas (Latina, Central e do Norte), Japão e Oceania. Existem várias traduções para a palavra inglesa bullying, na Alemanha, França, em Portugal se usa o termo “violência entre pares”, e tantos outros países utilizaram-se de palavras conhecidas em sua língua 33 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 33. 34 PEREIRA, Beatriz Oliveira. Para uma Escola sem Violência. Estudo e Prevenção das Práticas Agressivas entre Crianças. p.18. 35 PEREIRA, Beatriz Oliveira. Para uma Escola sem Violência. Estudo e Prevenção das Práticas Agressivas entre Crianças. p.15. 36 37 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas, p. 140. FANTE, Cléo. Fenômeno Bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Campinas: Versus, 2005, p. 27. 20 para traduzir este fenômeno. No entanto, como leciona Lopes Neto38: A adoção do termo bullying foi decorrente da dificuldade em traduzilo para diversas línguas. Durante a realização da Conferência Internacional Online School Bullying and Violence, de maio a junho de 2005, ficou caracterizado que o amplo conceito dado à palavra bullying dificulta a identificação de um termo nativo correspondente em países como Alemanha, França, Espanha, Portugal e Brasil, entre outros. As pessoas do mundo todo independente de cultura e raça, em algum momento já sofreram com este tipo de transtorno, mesmo em décadas passadas, menciona Chalita39: [...] mesmo sendo tão antigo e já tendo sido objeto de preocupação e investigação por ter comprometido a vida de estudantes, no passado, nada se sabe concretamente sobre o bullying antes da década de 1970. Foi somente com pesquisas realizadas em 1972 e 1973, na Escandinávia, que as famílias perceberam a seriedade dos problemas decorrentes da violência escolar. Em um panorama feito em crianças norte-americanas constatou-se que em todas as escolas alunos sofrem com a repressão do bullying, conforme relata Eisen e Engler 40: “[...] a noticia que 160 mil estudantes faltam à escola todos os dias por causa de bullying, e que 25% de crianças em idade escolar são agredidas diariamente [...].” Nos dias de hoje pais e professores, devem ter profundo conhecimento dos fatos que decorrem de violência escolar, pois, como menciona Chalita 41 : “Reconhecer o fenômeno bullying numa perspectiva mundial significa ampliar os olhares e sensibilizar, para a questão, autoridades educacionais, pais e professores. 38 LOPES NETO, A. A. Bullying – comportamento agressivo entre estudantes. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro, 2005, p. 165. 39 CHALITA, Gabriel. Pedagogia da Amizade: Bullying: O sofrimento as vítimas e dos agressores. p. 100. 40 ENGLER, Linda B. EISEN, Andrew R. Timidez: como ajudar seu filho a superar problemas de convívio social. São Paulo: Gente, 2008, p.82. 41 CHALITA, Gabriel. Pedagogia da Amizade: Bullying: O sofrimento as vítimas e dos agressores. p. 107. 21 O bullying esta por toda parte, em todo o mundo, sendo que vários países possuem projetos, e tentam minimizar o caos que vem causando esse fenômeno da violência nas sociedades. O Brasil agora que passa por esta transformação, mas ainda é pouco visado pela sociedade e, como relata Chalita: “O bullying não é um acontecimento local, mas global, como uma epidemia que cresce e se espalha nos ambientes escolares42”. 1.3 UM OLHAR SOBRE A HISTÓRIA BRASILEIRA DO BULLYING No Brasil o fenômeno bullying é pouco conhecido, pois grande parte da sociedade nunca ouviu falar. A este respeito, se posiciona Silva43: A palavra bullying ainda é pouco conhecida do grande público. De origem inglesa e sem tradução ainda no Brasil, é utilizada para qualificar comportamentos violentos no âmbito escolar, tanto meninos quanto de meninas. Estudos feitos em instituições escolares, mostram que há mais espectadores, e em quantidade menor encontram-se os alunos, os alvos e os agressores do bullying, como explicam Haber e Glatzer44: Por norma e segundo as estatísticas, em determinado dia numa sala de aula, agressores e alvos constituem quinze por cento da população. Isso significa que os restantes oitenta e cinco por cento das crianças têm o papel de observadores na dinâmica do bullying. No entanto grande parte dos grupos de estudos sobre bullying, buscam trazer a tona este grande problema que vêm ocorrendo no âmbito escolar, para que todos se dêem conta, e se mobilizem para ajudar jovens e crianças a ter um futuro com menos violência, diz Silva 45 que: No Brasil, as pesquisas e a atenção voltadas ao tema ainda se dão de forma incipiente. A Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (ABRAPIA) se dedica a 42 CHALITA, Gabriel. Pedagogia da Amizade: Bullying: O sofrimento as vítimas e dos agressores. p. 108. 43 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas, p. 21. 44 HABER, Joel e GLATZER, Jena. Bullying Manual Anti-agressão: Proteja o seu filho de provocações, abusos e insultos, p.35. 45 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas, p.113. 22 estudar, pesquisar e divulgar o fenômeno bullying desde 2001. A visão que compreende o fato bullying, diante das escolas brasileiras, mostra por estudos desenvolvidos, que a violência entre alunos esta cada vez mais cruel, menciona Oliveira46: O bullying adquire diversas formas, algumas mais cruéis do que outras, dependendo de muitos fatores. Os estudos sobre agressividade na escola têm visado o mau trato pessoal, a intimidação psicológica e o isolamento social entre pares, crianças ou jovens. No Brasil há diversos sistemas educacionais, que se utilizam de formas diferentes de aprendizagem, contudo se este não possuir regras determinantes em que os alunos respeitem, a vida social dessas crianças será de extrema violência, menciona Beaudon e Taylor47: Sistemas educacionais que possuem um grande número de regras que são determinadas externamente e implementadas de formas diversas por pessoas diferentes enfrentam mais desrespeito e rebelião do que os sistemas que têm regras significativas e internalizadas como valores pessoais. As pessoas que se utilizam do bullying para aterrorizar as outras, não possuem uma educação correta para saber o que é respeitar valores diferentes, raças, culturas, dentre outras formas que cada ser humano se diferencia do outro, enfim, como menciona Chalita 48 : “Não há crueldade maior do que, propositadamente, desumanizar uma pessoa a ponto de roubar-lhe o desejo de viver. E o único objetivo do bullying é humilhar uma pessoa a ponto de desumanizála”. 1.4 MODALIDADES E MANIFESTAÇÕES DE BULLYING Os estudos relatam que o bullying, é praticado de diferentes 46 PEREIRA, Oliveira Beatriz. Para uma Escola sem Violência. Estudo e prevenção das práticas agressivas entre crianças, p.15. 47 BEAUDOIN e TAYLOR. Bullying e Desrespeito: Como acabar com essa cultura na escola. Rio de Janeiro: Artmed. 2006, p.34. 48 CHALITA, Gabriel. Pedagogia da Amizade: Bullying: O sofrimento as vítimas e dos agressores. p. 116. 23 maneiras, conforme menciona Oliveira49: O bullying adquire diversas formas, algumas mais cruéis do que outras, dependendo de muitos factores. Os estudos sobre a agressividade na escola têm visado o mau trato pessoal, a intimidação psicológica e o isolamento social entre pares, crianças e jovens. As pessoas geralmente tem o hábito de levar consigo, algum tipo de preconceito seja ele qual for, e geralmente sem intenção acabam contaminando as crianças, fazendo com que as mesmas prejudiquem seus colegas desde cedo causando discriminação, ao que aludem Fante e Pedra 50 : “A discriminação é um mal que assola a nossa sociedade e pode ser contra um determinado povo, raça ou grupo, além de outros. A discriminação é uma das ações praticadas contra as vitimas de bullying.” O tipo de manifestação de bullying mais comum, que é utilizado principalmente no interior das escolas, são as agressões físicas. Complementando, relata Einsen e Engler51 que a “A agressão física geralmente ocorre na forma de contato físico direto, por exemplo, batendo, cuspindo, atirando elásticos ou destruindo bens pessoais, como material escolar, roupa ou lanche”. Outro tipo de revelação do bullying, gerador da violência escolar, são as agressões verbais, os insultos entre os alunos, que ocorrem com freqüência, diz Einsen e Engler52: A agressão verbal direta (interações reais) pode ocorrer pessoalmente, pelo telefone ou até pela internet. Às vezes, o assédio é limitado a uma característica específica, como a inteligência (“burro”), o desempenho físico (“lerdo”) ou a aparência física (“feio”). O bullying homofóbico é um dos tipos mais comuns que ocorre em nossa sociedade, os ataques contra homossexuais é freqüente, passam por 49 PEREIRA, Oliveira Beatriz. Para uma Escola sem Violência. Estudo e prevenção das práticas agressivas entre crianças, p.15. 50 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p.42. 51 ENGLER, Linda B. EISEN, Andrew R. Timidez: como ajudar seu filho a superar problemas de convívio social, p.87. 52 ENGLER, Linda B. EISEN, Andrew R. Timidez: como ajudar seu filho a superar problemas de convívio social, p.82. 24 diversas humilhações, são motivo de piada, muitas vezes são perseguidos dentro e fora das escolas. Defende os autores Fante e Pedra53, que: Devido à nossa constituição social e religiosa conservadora, o tema sexualidade ainda é um tabu, motivo pelo qual a homossexualidade é tratada de forma preconceituosa e superficial. Dessa forma, os homossexuais são desrespeitados, desvalorizados e ridicularizados nos diversos contextos, inclusive no escolar, trazendo inúmeros prejuízos ao indivíduo em formação. Nos dias de hoje é preciso saber lidar com as diferenças entre os seres humanos, pois se vive em um mundo evoluído, sendo necessário que se aprenda a respeitar diferentes valores, raças, culturas. Silva54 diz que: Entre as inúmeras funções da educação de nossas crianças e adolescentes está ensinar o respeito pelas diferenças. Educar para o convívio harmonioso entre diversidades é obrigação de todas as instituições de ensino. O despreparo e o preconceito dos adultos no ambiente escolar e/ou familiar tendem a perpetuar e agravar o problema, além de contribuir para a ocorrência de suas cruéis e indesejáveis conseqüências. No entendimento de Fante e Pedra55 o bullying homofóbico: É a prática das diversas formas de ataque bullying contra os homossexuais. É o ato de submeter homossexuais a chacotas, humilhações, ameaças, perseguições e exclusões sociais, dentro ou fora das escolas. O bullying em locais de trabalho (algumas vezes chamado de "Bullying Adulto") é descrito pelo Congresso Sindical do Reino Unido56 como: Um problema sério que muito frequentemente as pessoas pensam que seja apenas um problema ocasional entre indivíduos. Mas o bullying é mais do que um ataque ocasional de raiva ou briga. É uma intimidação regular e persistente que solapa a integridade e confiança da vítima do bully. E é freqüentemente aceita ou mesmo encorajada como parte da cultura da organização. 53 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 43. 54 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas, p.149. 55 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p.42. 56 WADA, Célia. Bullying: Perigo nas Escolas e em todo o Meio Ambiente. Artigo. Jul. 2010. Disponível em: <http://www.cmqv.org/website/artigo.asp?cod=1461&idi=1&moe=212&id=16265>. Acesso em: Set. 2010. 25 Também há a denominação de bullying empresarial, visto que a empresa também muitas vezes sofre dessa doença e é fato que ao invés de mera brincadeira tem se tornado um desafio sério para ser combatido pelos gestores e lideranças. Com relação a este tipo, Ferreira 57 alude que este pode ser definido como “o conjunto de atitudes agressivas intencionais, repetitivas e sem razão aparente cometida por uma pessoa ou por todo o grupo e causa sofrimento ao outro”. O bullying mascara subliminarmente ou de forma evidente um indesejado pelo diferente, inovador, pela quebra de paradigma. São aquelas piadinhas vulgares como “fulano de tal está sem telhado (para os calvos)”, “aquela dá mais que chuchu na cerca” ou mesmo como nós já presenciamos, alguém se referir a uma moça que tinha colocado silicone que “agora ela estava turbinada”. Mas ainda tem o “negrão do departamento”, “é um judeu para abrir aquela mão”, “não mexe com a sicrana se não ela já põe seu nome na encruzilhada porque é de religião”58. Acrescenta ainda Ferreira 59 que insultar, acusar sistematicamente de não servir para nada, interferir com propriedade pessoal em livros, roupas e espalhar rumores negativos de quem for é bullying. Compromete todos os princípios da Cooperação que é fundamental numa organização que deseja ter grupos empreendedoristas. Parafraseando Obama – “Chegou o momento de o mundo avançar numa nova direção. Devemos iniciar uma nova Era de Cooperação, baseada no interesse mútuo e no respeito mútuo”. O Mobbing, como denominam o bullying na Noruega, ocorre em todos os ambientes de trabalho, por pessoas que sentem o prazer de prejudicar o trabalho dos outros, inclusive em escolas ele é freqüentemente visto, local onde todos deveriam estar cientes deste problema, no entanto, muitas vezes e em muitas escolas, ocorre que os professores são incentivos da própria violência60. 57 FERREIRA, Paulo Ricardo Silva. Bullying Empresarial. Disponível em: <http://ogerente.com.br/rede/recursos-humanos/bullying-empresarial/#comments>. Acesso em: Set. 2010. 58 FERREIRA, Paulo Ricardo Silva. Bullying Empresarial. p. 2. 59 FERREIRA, Paulo Ricardo Silva. Bullying Empresarial. p. 3. 60 BEAUDOIN e TAYLOR. Bullying e Desrespeito: Como acabar com essa cultura na escola. 2006. 26 Descreve Wada61 que também denominado bullying doméstico, é o bullying familiar ou acometido na própria casa, o qual não está presente apenas em determinadas classes sociais. Em baixa, médias e altas classes são relatados casos de bullies domésticos. Em alguns países, essa pressão e opressão pode chegar ao suicídio por parte da vítima, principalmente em locais onde o valor moral é considerado determinante da vida e do desempenho. Casos de abusos sexuais também são verificados chegando a limites de brutalidade física e emocional em um nível de selvageria irreparável62. Afirma Fante e Pedra63: O assédio moral nas escolas ocorre quando um indivíduo ou um grupo de indivíduos se dedica às pressões, às ameaças e as outras formas de abusos e maus-tratos contra colegas e subordinados. As conseqüências que podem decorrer do bullying por assédio moral, em relação aos professores, baseando-se no entendimento de Fante e Pedra64: [...] pode ser notado nos comportamentos ofensivos, humilhantes, desqualificantes ou desmoralizantes, praticados de forma repetida e em excesso, nos ataques cruéis, maliciosos, e vingativos, que têm por objetivo rebaixar um indivíduo ou grupo de trabalhadores. No entanto, acredita-se viável aqui se ressaltar que as crianças em sua brincadeiras tem a provocação, como meio de chamar atenção e dispersar a atenção de outra criança, muitas vezes, coincide com o bullying. Inserido no contexto, mencionam Eisen e Engler65: É fácil fazer a distinção entre bullying e provocação por muitas razões, inclusive a freqüência com que ocorre. Na maioria dos casos, os bullying ocorre com freqüência, às vezes ininterruptamente, com a plena intenção de machucar a vitima de alguma maneira. A provocação pode acontecer apenas ocasionalmente e dentro de um 61 WADA, Célia. Bullying: Perigo nas Escolas e em todo o Meio Ambiente, p. 03. 62 WADA, Célia. Bullying: Perigo nas Escolas e em todo o Meio Ambiente, p. 03. 63 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p.79. 64 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p.79. 65 ENGLER, Linda B. EISEN, Andrew R. Timidez: Como ajudar seu filho a superar problemas de convívio social, p.84. 27 contexto ou ambiente positivo. Considera-se assim, que, diante de todos esses fatos decorridos do bullying, se faz importante que a instituição escolar, seja a primeira a tomar iniciativa sobre este assunto, pois é nela que começa a violência entre alunos. Portanto, é fato a necessidade de se conscientizar os alunos de que o respeito está acima de tudo, para um convívio social harmônico, e que violência gera violência. 1.4.1 O Bullying Escolar A escola ocupa um lugar de privilégio na sociedade, por ser uma instituição que sobrevive por muitos séculos, por vivenciar a evolução do homem e por ser o grande vínculo de conhecimento e interação do indivíduo com o mundo. É através dela que passa a maioria dos cidadãos, de todas as camadas sociais, de todas as etnias, com deficiência ou não, pessoas com diferentes personalidades e com diversidades impares66. Tal contexto justifica o fato de que em muitas vezes esta passa a ser a causa absoluta de problemas sociais e educacionais, neste caso em especial, o problema do bullying escolar. O crescimento destas agressões na rede escolar vem assustando a sociedade através da mídia, mas o que a escola deve fazer é enfrentar o problema de frente, no entanto se omite, pois tem medo de sujar o nome da instituição, conforme Silva67: As Varas da Infância e da Adolescência têm recebido um número cada vez mais significativo de denúncias relativas às práticas de bullying. No entanto, um dado chama a atenção: quase a totalidade das denúncias é relativa a agressões ocorridas em escolas públicas, onde a tutela do Estado é direta. Isso aponta para uma realidade preocupante: muitas escolas particulares abafam os casos de bullying em suas dependências por receio de perderem “clientes”. O bullying, de acordo com Pereira68, decorre de indisciplina no contexto escolar, a qual “[...] compreende todo o comportamento que vise o não cumprimento da regra, pelo que pressupõe a definição de 66 FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 40. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005. 67 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas, p.118. 68 PEREIRA, Oliveira Beatriz. Para uma Escola sem Violência. p.18. normas”. 28 Complementando, a autora nos diz que as agressões entre alunos que são vítimas de bullying, ao longo dos anos, irão ter graves conseqüências psicológicas e, acrescenta: O carácter persistente do bullying tem aspectos marcadamente negativos para as vítimas que são diretamente atormentadas no seu dia-a-dia e afetadas no seu rendimento escolar, mas igualmente pelos efeitos a longo prazo que lhe estão associados, tais como a depressão na vida adulta”69. As escolas em um âmbito geral estão deixando de ser um lugar seguro, pelas diversas formas de agressão praticadas pelos bullies com relação às vítimas destes maus tratos, conforme Lopes Neto 70 : “Tanto o bullying como a vitimização têm conseqüências negativas imediatas e tardias sobre todos os envolvidos: agressores, vítimas e observadores.” As instituições de ensino são um grande fator para o desenvolvimento de crianças e adolescentes haja vista que nas palavras de Lopes Neto71, a base da educação está regida: [...] à Constituição da Republica Federativa do Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Convenção sobre os Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas. Em todos esses documentos, estão previstos os direitos ao respeito e à dignidade, sendo a educação entendida como um meio de prover o pleno desenvolvimento da pessoa e seu preparo para o exercício da cidadania. O bullying, ocorre desde há muitas décadas atrás, mas não era visto como um problema social. Leciona Silva72 a respeito do assunto que: Muitas crianças e jovens a partir dos anos 70, estavam se suicidando, e as autoridades escolares, não se prontificavam sobre os fatos, nem mesmo justiça era feita, mas como o número de acontecimentos aumentou, conforme diz Silva, ocorreu uma “mobilização nacional diante dos fatos, O Ministério da Educação da Noruega realizou, em 1983, uma campanha em larga escala, visando ao combate efetivo do bullying escolar”. 69 PEREIRA, Oliveira Beatriz. Para uma Escola sem Violência. p.20. 70 LOPES NETO, A. A. Bullying – comportamento agressivo entre estudantes, p. 165. 71 LOPES NETO, A. A. Bullying – comportamento agressivo entre estudantes, p. 166. 72 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas bullying. p. 111. 29 Neste sentido em que educadores tem o comprometimento de ensinar aos alunos como se comportar diante da sociedade e como se relacionar de forma igualitária, acresce Haber e Glatzer73: “Disciplinar tem que ver com estrutura. As crianças têm de conhecer os limites dos comportamentos aceitáveis e daqueles que não o são.” No entanto, identifica-se que pais e educadores às vezes passam por cima deste fato “bullying”, em relação às crianças e adolescentes porque não querem se comprometer, conforme informa Silva74: [...] a maioria das agressões ocorre no território escolar, especialmente nas salas de aula, os professores e as demais autoridades da instituição educacional estão falhando na identificação do problema. Isso pode ocorrer por desconhecimento ou por negação do fenômeno. No Brasil se pode encontrar o bullying, conforme relata Silva75: “[...] em todas as escolas, independentemente de sua tradição, localização ou poder aquisitivo dos alunos. Pode-se afirmar que está presente, de forma democrática, em 100% das escolas[...], públicas ou particulares.” Porém, não são somente os alunos que sofrem com o assédio do bullying, mas também os professores, são perseguidos moralmente e as vezes assediados sexualmente, principalmente as mulheres. Muitas vezes se procuram, ajuda pela instituição, ainda são interpretados de maneira diferente, até mesmo taxados de incompetentes, não podendo assim reclamar os seus direitos de professor, em que possam ser respeitados por todos. Compete afirmar pelos autores Fante e Pedra76: O estudo mostrou que um quinto dos professores de ensino básico e dois terços dos professores do ensino médio, já foram alvos de bullying. Ainda segundo o estudo, um em cada 20 docentes foi agredido pelo menos uma vez por semana. No Brasil, fizemos um levantamento de dados com cerca de 600 professores da rede 73 HABER, Joel e GLATZER, Jena. Bullying Manual Anti-agressão: Proteja o seu filho de provocações, abusos e insultos, p.101. 74 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 117. 75 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 117. 76 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 45. 30 pública e privada de ensino. Os resultados mostraram que 50% deles se envolveram em bullying quando escolares. O comportamento de bullies infelizmente vem crescendo a cada ano que passa conforme citam os autores Fante e Pedra77: Hoje, os índices evidenciam crescente envolvimento, de 5% a 35%. Dados obtidos pelo Centro Multidisciplinar de Estudos e Orientação sobre Bullying Escolar(Cemeobes), em 2007, revelam que a média de envolvimento dos estudantes brasileiros é de 45% acima dos índices mundiais. É na escola que crianças, tem a primeira noção de socialização, conforme relata Pereira78: “A entrada da criança para a escola é uma nova etapa de socialização. A criança faz aprendizagens reformulando a sua visão do mundo, o que leva à remodelação da sua personalidade.” Os pais também tem grande reflexo no desenvolvimento dos filhos. O envolvimento dos pais na escola pode ser uma via de reduzir as situações de agressividade. Os pais passam a conhecer melhor as atividades aí realizadas, passam a ser elementos dinamizadores dessas atividades e não espectadores passivos79. No entanto, este tipo de violência escolar independe de que tipo seja a instituição escolar, como relata Silva80: O bullying ocorre em todas as escolas, independentemente de sua tradição, localização ou poder aquisitivo dos alunos. Pode-se afirmar que está presente, de forma democrática, em 100% das escolas em todo mundo, públicas ou particulares. A origem do bullying ocorre dentro das escolas, e é diante desse fato, que os educadores tem que estar a par do problema, tendo total conhecimento do tema e do ocorrido, para que possam solucionar os casos da melhor maneira possível. 77 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p.51. 78 PEREIRA, Beatriz Oliveira. Para uma Escola sem Violência. p. 107. 79 PEREIRA, Beatriz Oliveira. Para uma Escola sem Violência. p. 107. 80 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 117. 31 Porém, Silva81 relata que: Se a maioria das agressões ocorre no território escolar, especialmente nas salas de aula, os professores e as demais autoridades da instituição educacional estão falhando na identificação do problema. Para que este problema seja banido da instituição escolar é necessário que professores e pais assumam a devida responsabilidade por seus alunos e filhos, denunciando os casos ocorridos, pois as denuncias não são reais diante dos fatos firmados, como já mencionou anteriormente Silva: “[...] muitas escolas particulares abafam os casos de bullying em suas dependências por receio de perderem clientes”82. Frente as tentativas de solucionar esse problema de violência, uma das formas mais utilizadas pelos professores é a maneira como falam em sala de aula, sempre fazendo com que o aluno por meio de competição, se entusiasme em uma atividade cansativa, no entanto se deve atentar para o que mencionam Beaudon e Taylor 83 : “Para alunos que lutam para deixar de se envolver com o desrespeito e o bullying, a competição é um convite a problemas.” Neste entendimento a competição é um fato gerador de tal maneira aos alunos começarem a praticar o bullying, podendo gerar graves agressões, pois, conforme entendimento de Beaudon e Taylor84 “[...] a competição é mais prejudicial quando é o principal elemento motivador empregado ao longo do dia”. Resta ainda ressaltar que a instituição escolar deve dar real apoio para os professores, porque estes estão à frente dos fatos que decorrem do bullying, pois, são os que passam uma grande parte do tempo com os alunos. Neste sentido se posiciona Silva85: 81 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 116. 82 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 118. 83 BEAUDOIN e TAYLOR. Bullying e Desrespeito: Como acabar com essa cultura na escola. p.31. 84 BEAUDOIN e TAYLOR. Bullying e Desrespeito: Como acabar com essa cultura na escola. p.32. 85 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 165. 32 [...] o papel dos professores é fundamental para detecção precoce dos casos de bullying. Em geral, são eles que mantêm a observação mais privilegiada das interações pessoais que ocorrem entre alunos de uma mesma classe. Sendo assim, para que haja menos violência no ambiente escolar, e que alunos não sejam reprimidos por bullies, com dito popular, Silva diz que: “Em se tratando de bullying, vale a máxima de que é preciso separar a maça podre para que ela não contamine todo cesto.86” Em síntese, concorda Chalita87 prelecionando que a violência surge de todos os lados, e é neste sentido que se deve conscientizar, e ter a educação como a principal base para o melhor convívio social. E, complementa: O fenômeno bullying não escolhe classe social ou econômica, escola pública ou privada, ensino fundamental ou médio, área rural ou urbana. Está presente em grupos de crianças e de jovens, em escolas de países e culturas diferentes. Como se já não bastassem as ameaças dentro das salas de aulas, os jovens são perseguidos, até mesmo pelos meios de comunicação. Consequentemente aumentam as preocupações dos pais e dos professores, pois estão perdendo o controle diante da situação, visto que, “Os praticantes de ciberbullying [...] utilizam, na sua prática, os mais atuais e modernos instrumentos da Internet [...], com o covarde intuito de constranger, humilhar e maltratar suas vítimas”88. 1.4.2 Cyberbullying: um fenômeno sem rosto Os bullies cibernéticos utilizam-se de nomes falsos na Internet, e usam programas como o orkut, para criar comunidades vexatórias as sua vítimas, fazendo com que essa sofra emocionalmente. Além disso, Silva89 menciona que: 86 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p. 116 87 CHALITA, Gabriel. Pedagogia da Amizade: Bullying. O sofrimento as vítimas e os agressores, p. 81. 88 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p. 126 89 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p. 128. 33 Quando as vítimas se deparam com toda essa gama de maldades maquiavelicamente planejadas e executadas, seus nomes e imagens já se encontram divulgados em rede mundial. Não há qualquer possibilidade de sair ileso dessas situações. As conseqüências psicológicas para essas vítimas são incalculáveis e, muitas vezes, chegam a atingir seus familiares ou amigos mais próximos. A evolução cultural alterou muitos comportamentos, e as crianças e os adolescentes foram os que mais sofreram, no entanto a sociedade tem que ter condições para que a violência na forma de ciberbullying não se prolifere ainda mais. Para se discernir o que representa o ciberbullying, recorre-se ao entendimento de Silva90: O cyberbullying é um reflexo perfeito dessa cultura embasada na insensibilidade interpessoal e na total ausência de responsabilidade e solidariedade coletiva. Nesse contexto, o bullying virtual encontra fatores propícios para se proliferar de forma sombriamente imprevisível. Os jovens dos dias de hoje, estão cada vez mais se voltando para atos de violência, essas atitudes vem sendo praticas até pela internet. Frente ao exposto, Silva91 informa que: Os maiores praticantes de ciberbullying são os adolescentes, e não é por acaso. Em termos científicos, a adolescência corresponde a uma fase da vida humana compreendida, aproximadamente, entre 11 e 18 anos. Observa-se que há a necessidade das pessoas tomarem atitudes, para que o bullying virtual, não seja mais um meio de agressão. No entanto, segundo Silva92 “[...] a falta de denúncia dos casos fomenta a ação de bullies virtuais e impossibilita a ação das autoridades, impedindo a punição deles por meio de leis específicas para essas situações.” Nos dias de hoje em que a evolução decorre de maneira muito rápida, existem meios de achar o praticante virtual de bullying, relata Fante e 90 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p. 133. 91 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p. 134. 92 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p. 133. 34 Pedra 93 : “Deve-se lembrar que é possível rastrear o autor do ciberbullying, com ajuda de peritos especialistas em informática”. No Brasil a prática de ciberbullying é crime. O Código Penal Brasileiro (CPB) reconhece no Capítulo V, Dos Crimes contra a Honra, como destacado por Fante e Pedra94: “[...] a lei confere somente e exclusivamente à vítima a legitimidade para a propositura de ação penal privada. Dentre os crimes dessa natureza, estão os crimes contra a honra”: [...] Calúnia (art. 138 do Código Penal): Art. 138: [...] Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime. [...]. [...] Difamação (art.139 do Código Penal): Art. 139: [...] Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação [...]. [...] Injúria (art.140 do Código Penal): Art. 140: [...] Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro [...]. Também se pode mencionar o art. 147 do mesmo diploma legal: Art. 147: [...] Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave [...]. Explica Silva95 a respeito: [...] cabe ação penal privada (por exemplo, para processar criminalmente o agressor que pratique crimes contra a honra, como calúnia, difamação e injúria), e ação penal pública (para processar criminalmente o agressor que pratique o crime ameaça, por exemplo). Entretanto, se as condutas forem praticadas por menores de 18 anos, caberá ao Ministério Publico [...] pleitear ao juiz 93 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p.67. 94 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p.72. 95 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p. 139. 35 competente [...]. A prática de ciberbullying é cada vez mais freqüente, pelo fato de o bullie não se mostrar diretamente, tornando assim, a agressividade mais violenta, pois, [...] O facto de ser anônimo destrói muito do medo de sofrer represálias ou conseqüências e pode também fazer com que desapareçam sentimentos de culpa ou empatia, afinal, o/ou/a agressor/a não tem de ver as lágrimas nos olhos do alvo quando este ou estas recebe as palavras humilhantes96. Os bullies virtual vêem praticando freqüentemente diversas formas de agredir e reprimir suas vítimas, menciona Fante e Pedra97: [...] sua prática utilizam-se as modernas ferramentas da Internet e de outras tecnologias de informação e comunicação, móveis ou fixas; com intuito de maltratar, humilhar e constranger. É uma forma de ataque perversa, que extrapola em muito os muros da escola, ganhando dimensões incalculáveis. Enquanto esses jovens não forem identificados, e as escolas e os pais, não orientarem corretamente seus alunos e filhos ao uso correto dos meios de tecnologia, o aumento de bullies será constante, visto que de acordo com Silva98: O aumento de praticantes de cyberbullying vem ocorrendo, porque na maioria das vezes não são identificados, sua imagem fica oculta [...] Isso ocorre porque os ataques efetuados contra vítimas são virtuais e neles a identidade do agressor não se torna pública. Acredita-se que diante desta violência que vem acometendo assustadoramente não apenas o Brasil mas o mundo todo, as instituições escolares é a melhor fonte de combate, no entanto, devem buscar novos caminhos para prevenir novas formas de ataques virtuais, alertando não apenas às vitimas, mas também aos bullies e espectadores, esclarecendo sobre os perigos que todos correm. Como aludem Fante e Pedra99: “Os alunos devem ser conscientizados sobre 96 HABER, Joel e GLATZER, Jena. Bullying Manual Anti-agressão: Proteja o seu filho de provocações, abusos e insultos, p. 23. 97 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p.65. 98 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p. 131. 99 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p.70. 36 o tema e conduzidos à reflexão sobre os limites éticos na Internet, além das punições judiciais cabíveis na forma da lei.” Vale ressaltar também, que os pais devem ter o controle dos seus filhos e dar limites quanto ao uso da internet, para que a criança não seja comprometida quanto sua saúde e educação. Neste seguimento, enfatiza Silva 100 : “É importante reparar o comportamento dos filhos, especialmente em relação ao uso do computador: quantas horas por dia eles ficam navegando.”, por exemplo. Segundo Fante e Pedra 101 , o ciberbullying acontece de diversas formas, e os seus praticantes agem de forma cruel. Os bullies agem através de e-mails, torpedos, blogs, fotoblogs, Orkut, MSN, de forma anônima, estes insultam espalham rumores e boatos cruéis sobre os colegas e seus familiares e até mesmo sobre os profissionais da escola. Tanto as crianças como os adolescentes que são vítimas do bullying, bem como do bullying virtual, podem ter problemas psicológicos para o resto de suas vidas. Os adolescentes são os mais atingidos por esta manifestação do bullying e são nestes que os problemas apresentam-se em maiores dimensões, visto que são os mais vulneráveis, pois é nessa fase da adolescência que passam por mudanças hormonais e psicológicas. Em outras palavras, afirma Silva102: Qualquer pessoa submetida ao ciberbullying sofre com níveis elevados de insegurança e ansiedade. Quando as vítimas são crianças ou adolescentes, as reações são muito mais intensas e as repercussões psicológicas e emocionais podem ser infinitamente mais sérias. Igualmente essas crianças ou adolescentes deixam de ter um bom desenvolvimento escolar, porque sofrem com ataques de ciberbullying. Conforme vem confirmar a menção de Fante e Pedra103 de que “Muitas vítimas se 100 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p. 137. 101 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p.66. 102 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p. 139. 103 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p.71. 37 isolam ou faltam às aulas com freqüência, na tentativa de cessar os ataques, o que compromete sua vida acadêmica.” Como já elucidado, o professor também deve orientar o aluno sobre a violência caracterizada como bullying, bem como, no caso do ciberbullying, seu papel de orientação deverá abranger os meios corretos para a utilização dos meios tecnológicos. Reafirma Silva104: Educar é fornecer conteúdo e também preparar os jovens para a vida. Dentro desse conceito, é também papel da escola [...] orientar seus alunos para o uso responsável, solidário e ético dos recursos tecnológicos, alertando-os sobre todos os perigos que tais ferramentas podem esconder. Menciona ainda Silva105: Não existe um perfil para ser vítima do bullying virtual. Geralmente ela é escolhida dentre seus iguais, sem motivos reais que possam justificar a perversidade dos ataques. É importante salientar que perversidades não são justificáveis sob nenhum aspecto. Um dos casos que mais atormenta a sociedade, são os casos de pedofilia, que são alimentados por bullies virtuais, diz Silva106 que: As vítimas de cyberbullying podem ainda atrair pessoas inescrupulosas, que no mundo real utilizam sua imagens expostas na rede mundial, como mercadoria que alimenta a industria de pornografia e pedofilia. Com relação ao controle ou com o objetivo de eliminar esse problema, Fante e Pedra107 afirmam haver diversos meios de controlar a propagação da violência virtual, e um deles já está passando por meios de aprovação em nosso país: No Brasil, um projeto de lei polêmico prevê que o provedor de Internet tenha de “informar, de maneira sigilosa, à autoridade policial competente denúncia da qual tenha tomado conhecimento e que contenha indícios de conduta delituosa na rede de computadores sob 104 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p. 139. 105 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p. 130. 106 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p. 130. 107 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 73. 38 sua responsabilidade108. Haja vista de todos os problemas decorrentes em virtude dos meios tecnológicos, utilizados de maneira incorreta é que instituições escolares, pais e sociedade, devem alertar crianças e jovens do bom uso destes meios, para que futuro dos mesmos não seja corrompido pela violência, e sim de atitudes boas e prosperas. Logo, no capítulo 2 seguinte se abordará sobre os atores do bullying, suas características e como reconhecê-los, caracterizando o autor, o personagem e o espectador. 108 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p.73. 39 CAPÍTULO 2 BULLYING E SEUS ATORES Entre os atores do bullying ou agentes do bullying, encontramse: Os alvos, o autor e a testemunha, sobre os quais se dissertará a seguir. 2.1 ALVOS DE BULLYING Frente ao bullying as crianças podem se rebelar de três formas, dependendo do comportamento que apresentar, é desta maneira que é sabido dizer quem é a vítima, o agressor e a platéia que evidencia os shows praticados pelo comportamento de bullying, como menciona Lopes Neto109: As crianças e adolescentes podem ser identificados como vítimas, agressores ou testemunhas de acordo com sua atitude diante de situações de bullying. Não há evidências que permitam prever qual papel adotará cada aluno, uma vez que pode ser alterado de acordo com as circunstâncias. A criança desde cedo começa a desenvolver sua personalidade, através do que visualizam, baseada nas atitudes de pessoas mais próximas, sendo que é desta maneira que ela começa a definir o que é certo e errado. Como menciona Haber e Glatzer110: “Pode-se distinguir cedo se uma criança tem uma personalidade dada à agressão, mas isso não revela se ela se tornará um bully. A natureza é uma parte da adequação, a educação é outra.” Segundo a autora Silva: Se recorrermos ao dicionário, encontraremos as seguintes traduções para a palavra bully: indivíduo valentão, tirano, mandão,brigão. Já a expressão bullying corresponde a um conjunto de atitudes de 109 LOPES NETO, A. A. Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro, 2005, p. 166. 110 HABER, Joel e GLATZER, Jena. Bullying Manual Anti-agressão: Proteja o seu filho de provocações, abusos e insultos. p. 21 40 violência física e/ou psicológica, de caráter intencional e repetitivo, praticado por um bully (agressor) contra uma ou mais vítimas que se encontram impossibilitadas de se defender. Seja por uma questão circunstancial ou por uma desigualdade subjetiva de poder, por trás dessas ações sempre há um bully que domina a maioria dos alunos de uma turma e “proíbe” qualquer atitude solidária em relação ao agredido111. O bullying sempre existiu nas escolas, no Brasil por ele ainda não ser tão considerado pela segurança pública, o tema é pouco visado para que haja um aprofundamento de investigações, em relação a violência entre os jovens fora e dentro das instituições de ensino. As vítimas de bullying como se refere os autores Fante, Cléo e Pedra: [...] são aqueles que apresentam pouca habilidade de socialização, são retraídos ou tímidos e não dispõem de recursos, status ou habilidades para reagir ou fazer cessar as condutas agressivas contra si112. No caso em que a criança é alvo do bullying, é necessário que os pais saibam escutar seus filhos, menciona Haber e Glatzer: Escute os seus sentimentos de forma compreensiva. Se reagir com uma forte explosão emocional, poderá acontecer que ele ou ela se feche por temer, tal como teme o ou a agressor/a. Certifique-se de que se encontra num local calmo quando arranjar tempo para escutar, ou a criança pode perceber que seus sentimentos são demasiado intensos e fechar-se ainda mais113. Os pais, não devem ridicularizar ainda mais seus filhos por estarem sofrendo com a vitimização, por fatos decorridos do bullying escolar, afirma Fante e Pedra: Muitos acham graça ao saber das piadinhas, “zoações”, “sacanagens” ou apelidos que os filhos recebem na escola. Com isso desvalorizam seus sentimentos, dizem que são bobagens, brincadeiras da idade ou os incentivam para que façam o mesmo. Para a vitima é difícil acreditar que são brincadeiras, pois inúmeros sentimentos desagradáveis foram vivenciados, como vergonha, raiva e medo. Revidar é praticamente impossível, pois se tivessem habilidades de defesa já as teriam usado. Os pais devem entender 111 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p. 21. 112 FANTE, Cléo e PEDRA, José Agusto. Bullying escolar: perguntas & respostas. p.59. 113 HABER, Joel e GLATZER, Jena. Bullying Manual Anti-agressão: Proteja o seu filho de provocações, abusos e insultos. p. 58. 41 que não é fácil para um adolescente confessar que é ridicularizado, perseguido ou que apanha dos colegas114. As crianças que estão diretamente envolvidas com a violência, sofrem indiretamente de algum problema que esteja relacionado com seus familiares, relata Haber e Glatzer115: “É mais provável que tanto agressores como alvos sejam mais vezes, testemunhas de violência em casa entre seus pais do que outros miúdos e miúdas.” No entanto o sofrimento maior é causado às vitimas por sofrerem diversos tipos de agressões e transtornos emocionais, relata Oliveira: “As vítimas podem apresentar poucas competências sociais, são pouco assertivas estão em grupo ou respondem de forma provocativa”116. “Violência gera violência”, a melhor maneira dos pais agirem com o bullying, é não revidar a mesma situação, pois isso irá acarretar ainda mais no sofrimento de seu filho, menciona Fante e Pedra: É normal que os pais fiquem com raiva, chateados ou aborrecidos ao descobrir que seu filho se converteu em “bode expiatório” e que não está em segurança na escola. Porém, incentivar o revide, tirar satisfação do agressor ou de seus pais em nada ajudará. Ao contrario, pode acarretar problemas maiores para o filho e para si117. Geralmente as vítimas de bullying são banalizadas dentro e fora das escolas, até mesmo os próprios pais as ridicularizam é por estas razões que Silva118 afirma: “Por conta da incapacidade de reagir perante atos de agressividade verbal e física, esses jovens são, freqüentemente, vítimas da arbitrariedade dos colegas da escola e da incompreensão familiar”. O bullying pode trazer sérios problemas à criança ou ao adolescente, como relata Pereira: 114 FANTE, Cléo e PEDRA, José Agusto. Bullying escolar: perguntas & respostas. p. 124. 115 HABER, Joel e GLATZER, Jena. Bullying Manual Anti-agressão: Proteja o seu filho de provocações, abusos e insultos. p. 27. 116 PEREIRA, Beatriz Oliveira. Para uma Escola sem Violência. Estudo e Prevenção das Práticas Agressivas entre Crianças. p. 25. 117 FANTE, Cléo e PEDRA, José Agusto. Bullying escolar: perguntas & respostas. p. 125. 118 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p. 68. 42 O sofrimento da vítima pode ser físico, psicológico ou ambos, podendo ser o resultado de formas de agressão como o bater, empurrar, tirar dinheiro, chantagear ou ameaçar, chamar nomes, contar histórias amedrontantes, praxar violentamente e excluir sob a forma de marginalização social119. Na maioria das vezes, a vitimização ocorre com crianças que não são sociáveis, no âmbito escolar, e na maioria das vezes são excluídas dos grupinhos de amigos da própria sala, menciona Silva 120: As vítimas típicas são os alunos que apresentam pouca habilidade de socialização. Em geral são tímidas ou reservadas, e não conseguem reagir aos comportamentos provocadores e agressivos contra elas. As crianças que sofrem com a vitimização, geralmente se isolam, então pais e educadores, devem buscar o melhor momento para interagir com esta criança, para entender o que está acontecendo, no entendimento de Fante e Pedra: Deve entender que o silêncio é a pior solução. Por isso, deve buscar ajuda, conversar com os pais, professores, coordenação escolar ou um colega sobre as vivencias desagradáveis que tem sofrido na escola ou em qualquer outro ambiente, procurar não ceder às pressões do grupo e nem ficar em lugares isolados dos demais, para não facilitar a intimidação121. No entendimento de Pereira: [...] as crianças vitimas não são assertivas e não dominam algumas competências sociais. São caracterizadas pelo medo e falta de confiança. São ansiosas e incapazes de reagir por si próprias quando são agredidas. As crianças vitimas apresentam características tais como dificuldade de interação e muitas vezes são excluídas socialmente122. Complementando, relata Pereira 123 que essas crianças, “São 119 PEREIRA, Beatriz Oliveira. Para uma Escola sem Violência. Estudo e Prevenção das Práticas Agressivas entre Crianças. p. 17. 120 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p. 37. 121 FANTE, Cléo e PEDRA, José Agusto. Bullying escolar: perguntas & respostas. p. 122. 122 PEREIRA, Beatriz Oliveira. Para uma Escola sem Violência. Estudo e Prevenção das Práticas Agressivas entre Crianças. p. 26. 123 PEREIRA, Beatriz Oliveira. Para uma Escola sem Violência. Estudo e Prevenção das Práticas Agressivas entre Crianças. p. 26. 43 caracterizadas pelo medo e falta de confiança. São ansiosas e incapazes de reagir por si próprias quando são agredidas”. Por outro lado, outras crianças para fugir dos insultos, revidam com violência, sendo essa a melhor maneira que possuem para se expressar, mas não conseguem se defender. As vítimas denominadas provocadoras são aquelas capazes de insuflar em seus colegas reações agressivas contra si mesmas. No entanto, não conseguem responder aos revides de forma satisfatória.Elas em geral, discutem ou brigam quando são atacadas ou insultadas124. Porém os alvos mais freqüentes, são aquelas crianças que conforme menciona Lopes Neto125: Tem poucos amigos, é passivo, retraído, infeliz e sofre com a vergonha, medo, depressão e ansiedade. Na maioria dos casos decorrentes de bullying a vítima, sempre é rejeitada pelos amigos de classe, pois pelo medo de serem constrangidas, ficam isoladas e possuem poucos amigos, relata Pereira: As vítimas experienciam com mais freqüência pouca aceitação, rejeição ativa e são menos escolhidas como melhores amigos e apresentam fracas competências sociais tais como cooperação, partilha e ser capaz de ajudar os outros126. No entendimento de Fante e Pedra: É importante os pais e educadores considerarem que, antes de repreender os filhos ou alunos, é preciso ouvi-los sem animosidades,com disposição de ajuda ao fortalecimento da autoestima na resolução de seus conflitos. Para isso é necessário que se reforcem (elogiem) os aspectos positivos das crianças e seus acertos, para que se sintam seguras e confiantes. Somente assim é possível o rompimento da barreira que impede a vitima de denunciar127. O que os alvos e agressores têm em comum, pelo 124 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p. 40. 125 LOPES NETO, A. A. Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. p.167. 126 PEREIRA, Beatriz Oliveira. Para uma Escola sem Violência. Estudo e Prevenção das Práticas Agressivas entre Crianças. p. 21. 127 FANTE, Cléo e PEDRA, José Agusto. Bullying escolar: perguntas & respostas. p. 123. 44 entendimento Haber e Glatzer 128: “Ambos são mais propensos a dificuldades na aprendizagem, a problemas relacionados com as emoções, a serem maltratados por prestadores de cuidados e abuso de álcool numa idade mais avançada.” As crianças que são vítimas e reagem a agressão, causam mais violência como leciona Silva: A vítima agressora faz valer os velhos ditos populares “Bateu, levou” [...]. Isso aciona o efeito cascata ou de círculo vicioso, que transforma o bullying em um problema de difícil controle e que ganha proporções infelizes de epidemia mundial de ameaça à saúde pública129. Algumas vitimas da violência escolar ao passar do tempo consegue superar o problema, outras necessitam de ajuda de especialistas, afirma Fante e Pedra: Muitas vitimas recorrem aos profissionais de psicologia, que as ajudam na elevação da auto- estima, nas habilidades de assertividade, resolução de conflitos e auto- superação. Algumas são resilientes e encontram suas próprias soluções e, com o tempo, superam seus traumas. Outras carregam consigo os traumas da vitimização, podendo tornar-se adultos inseguros, tensos, depressivos ou agressivos, capazes de reproduzir no futuro o que sofreram na escola, na constituição familiar ou no local de trabalho130. Os autores do bullying praticando a violência contra suas vítimas sentem prazer, como se constatará a seguir. 2.2 AUTORES DE BULLYING Os autores de bullying sentem prazer em todos seus atos de violência, relata Haber e Glatzer 131 : “[...] um ou uma bully sente satisfação em magoar as pessoas que considera mais fraca para construir a sua própria noção de poder”. 128 HABER, Joel e GLATZER, Jena. Bullying Manual Anti-agressão: Proteja o seu filho de provocações, abusos e insultos. p. 27. 129 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p. 42. 130 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 128. 131 HABER, Joel e GLATZER, Jena. Bullying Manual Anti-agressão: Proteja o seu filho de provocações, abusos e insultos. p. 20. 45 Há diversos termos que se pode utilizar para definir o indivíduo que pratica o bullying. Os bullies compreendem comportamentos agressivos, que de alguma maneira são fatores que ocasionam esses atos, pois geralmente essas crianças, como impulsividade, menciona distúrbios Lopes Neto 132 comportamentais, sofrem de: dificuldades [...] de hiperatividade, atenção, baixa inteligência e desempenho escolar deficiente. Os autores de bullying são mais violentos, e no futuro poderão sofrer diversas conseqüências, pelos atos que praticam com violência, menciona Pereira133: “Para as crianças agressoras, há um risco acrescido de virem a envolverse mais tarde em condutas anti-sociais e em atividades do foro da criminalidade quando adolescentes e jovens adultos.” Às vezes os bullies, utilizam-se da força ou da violência, para se proteger, pois é a maneira que ele se sente seguro. No entendimento de Fante e Pedra: O bullying esconde também outro problema: o agressor acredita que todos devem atender seus desejos de imediato e não consegue, do ponto de vista psicológico, colocar-se no lugar do outro. É alguém que, para se defender, ataca [...]134. De outro lado quando não se espera que seu filho seja um agressor, a primeira reação dos pais é negar a si mesmos que algo aconteceu, no entanto diz Haber e Glatzer: Se negar que o seu filho ou filha tem responsabilidades por ter comportamentos errados, a sua capacidade para alterar a situação desaparece. Aceite que esta possibilidade existe, o seu filho pode ter feito alguma coisa para magoar alguém, e lide com ela da forma mais cuidadosa possível135. 132 LOPES NETO, A. A. Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. p.167. 133 PEREIRA, Beatriz Oliveira. Para uma Escola sem Violência. Estudo e Prevenção das Práticas Agressivas entre Crianças. p. 24. 134 135 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 109. HABER, Joel e GLATZER, Jena. Bullying Manual Anti-agressão: Proteja o seu filho de provocações, abusos e insultos. p. 60. 46 A maior parte dos bullies são populares e intimidam suas vítimas de várias formas, pois tem sempre alguém para aplaudir seus atos, relata Pereira: [...] as crianças agressivas são mais populares do que as vítimas. São activamente rejeitadas, mas geralmente têm um, dois ou três amigos que apóiam nas práticas agressivas, dificilmente são crianças isoladas socialmente136. Algumas crianças ou adolescentes praticantes de bullying assemelham um fato ocorrido em seu âmbito familiar, para favorecer sua agressividade, como relaciona Lopes Neto: Pode-se identificar a desestruturação familiar, o relacionamento afetivo pobre, o excesso de tolerância ou explosões emocionais como forma de afirmação de poder dos pais137. Portanto, entende-se que quanto mais os autores se tornam donos da situação, sentem-se encorajados para agredirem, o que os torna cada vez mais violentos, ao que Haber e Glatzer acrescentam: Os comportamentos negativos tornam-se mais problemáticos e enraizados se o bullying continua, e quanto mais popular se torna o agressor, mais ele ou ela sente que vai safar com isso e mais olha cima para seus alvos138. Os bullies são muito habilidosos em escolher suas vítimas, pois buscam aquelas em que não terão chance de se defenderem, independente de sua idade ou seu porte físico, visualizam desestruturar o seu psíquico no meio de grupos de pessoas para que a mesma passe por constrangimento público. Pode-se afirmar com relação aos sentimentos mais comuns que as vítimas de bullying sofrem, que estes, dependem da estrutura psicológica de cada um, ou conforme entendimento dos autores Fante, Cléo e Pedra139, “o bullying 136 PEREIRA, Oliveira Beatriz. Para uma Escola sem Violência. Estudo e Prevenção das Práticas Agressivas entre Crianças. p. 27. 137 LOPES NETO, A. A. Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. p. 167. 138 HABER, Joel e GLATZER, Jena. Bullying Manual Anti-agressão: Proteja o seu filho de provocações, abusos e insultos. p. 25. 139 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 41. 47 poderá mobilizar ansiedade, tensão, medo, raiva reprimida, angústia, tristeza, desgosto, sensação de impotência e rejeição, mágoa, desejo de vingança e pensamento suicida, dentre outros”. O agressor utiliza-se de sua agressão para conseguir alcançar seus objetivos de qualquer forma, relata Silva140: “O abuso de poder, a intimidação e a prepotência são algumas das estratégias adotadas pelos praticantes de bullying (os bullies) para impor sua autoridade e manter suas vítimas sob total domínio.” Geralmente os bullies, são pessoas comunicativas, e possuem bastante amizades, segundo Haber e Glatzer: Os e as agressores/as são, muitas vezes, populares, espertos/as, encantadores/ as para os adultos e têm muitos amigos e amigas, mesmo que as suas amizades sejam baseadas no medo.141 Neste mesmo diapasão, Beaudoin e Taylor142 aludem que: “os alunos envolvidos com o bullying e o desrespeito normalmente lutam contra um acúmulo de frustração que se amplia por interações distorcidas por essas suposições”. Os agressores necessitam estar cientes, dos problemas que irão sofrer em decorrência da violência que realizam, afirma Fante e Pedra que o bullie: Precisa saber que a escola dispõe de inúmeros profissionais dispostos a ouvi-lo e entende-lo, bem como ajudá-lo a canalizar sua agressividade em ações proativas. A escola deve ensiná-lo a superar seus problemas, respeitar e conviver com as diferenças e usar o dialogo como arma de resolução de conflitos. Por outro lado, precisa saber que o seu comportamento não é aceitável e, como tal, é passível de punição de acordo com regimento interno escolar e o ECA143. As crianças que geralmente utilizam-se dos meios de violência 140 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p. 21 141 HABER, Joel e GLATZER, Jena. Bullying Manual Anti-agressão: Proteja o seu filho de provocações, abusos e insultos.p. 24 142 BEAUDOIN, Nathalie Marie e TAYLOR, Maureen. Bullying e Desrespeito: como acabar com essa cultura na escola. p. 53. 143 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 122. 48 para se relacionar com as outras, podem sofrer conseqüências para o resto de sua vida, relata Lopes Neto 144 : “As possibilidades são maiores em crianças ou adolescentes que adotam atitudes anti-sociais antes da puberdade e por longo tempo”. Os bullies tem que ser exteriorizados do âmbito escolar, da melhor forma possível, porque a maneira como eles agem acabam prejudicando a si próprios, menciona Ana Beatriz: OS AGRESSORES possuem em sua personalidade traços de desrespeito e maldade e, na maioria das vezes, essas características estão associadas a um perigoso poder de liderança que, em gera, é obtido ou legitimado através da força física ou de intenso assédio psicológico145. Os bullies são pessoas extremamente difíceis de lidar como relata Shapiro; Jankowski e Dale: Uma pessoa difícil está sempre mal-humorada, é irracional, sensível ao extremo, exigente obtusa, tirana, ilógica, rude e lidar com ela é sempre uma experiência desagradável, inconveniente e faz muito mal.146 Não existindo platéia para que os agressores, propaguem sua violência, deixa de existir a vitimização, é desta maneira que as testemunhas servem de começo para amenizar o bullying escolar. 2.3 TESTEMUNHAS DE BULLYING Geralmente a maior parte de crianças que presenciam os diversos acontecimentos de bullying na escola, não questionam sobre o assunto, pois tem medo de sofrer a mesma violência, menciona Silva: Os espectadores são aqueles alunos que testemunham as ações dos agressores contra as vítimas, mas não tomam qualquer atitude em relação a isso: não saem em defesa do agredido, tampouco se 144 LOPES NETO, A. A. Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. p. 167. 145 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p. 43 146 SHAPIRO, M. Ronald; JANKOWSKI, A. Mark.; DALE, James. Bullies: tiranos, valentões e pessoas difíceis: como conviver com eles. São Paulo: Butterfly, 2008, p. 21. 49 juntam aos agressores147. Neste sentido, afirma Lopes Neto: A maioria dos alunos não se envolve diretamente em atos de bullying e geralmente se cala por medo de ser a próxima vítima, por não saberem como agir e por descrerem nas atitudes da escola148. Os alunos que presenciam as cenas de agressão com seus amigos de classes, ficam reprimidos, e se calam, como diz Silva: 149 “[...] os espectadores passivos assumem essa postura por medo absoluto de se tornarem a próxima vítima.” Os espectadores servem de começo para que seja amenizado o bullying no ambiente escolar, pois de acordo com a alusão de Fante e Pedra: Em nossas experiências, percebemos que ao converter os espectadores em “alunos solidários” a ação dos agressores passa a ser inaceitável. Portanto, se os agressores perdem os aplausos e o incentivo da platéia, conseqüentemente sua popularidade se reduzirá, bem como a motivação para os ataques150. As testemunhas que presenciam cenas de bullying, geralmente não conseguem lidar com a situação, pois não é fácil conviver com um agressor, relata Haber e Glatzer: O que dificulta tanto lidar com este tipo de agressores é o fato de serem, muitas vezes, difíceis de reconhecer e de ser difícil para os espectadores e espectadoras curiosos/as imporem-se a pessoas como eles ou elas151. A maneira com que a testemunha de bullying é identificada, se dá pelo fato de ficarem somente olhando, desta forma contribuem para que os atos de violência ocorram, menciona Lopes Neto152: “A forma como reagem ao bullying 147 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p. 45 148 LOPES NETO, A. A. Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. p. 167. 149 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p. 45. 150 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 122. 151 HABER, Joel e GLATZER, Jena. Bullying Manual Anti-agressão: Proteja o seu filho de provocações, abusos e insultos.p. 24. 152 LOPES NETO, A. A. Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. p. 168. 50 permite classificá-los como auxiliares [...], incentivadores [...], observadores [...] ou defensores.” Diante de toda esta situação, Silva relata que há dois tipos de espectadores: ESPECTADORES ATIVOS - Estão inclusos nesse grupo os alunos que, apesar de não participarem ativamente dos ataques contra as vítimas, manifestam “apoio moral” aos agressores, com risadas e palavras de incentivo. ESPECTADORES NEUTROS - Dentre eles, podemos perceber os alunos que, por uma questão sociocultural(advindos de lares desestruturados ou de comunidades em que a violência faz parte do cotidiano), não demonstram sensibilidade pelas situações de bullying que presenciam153. As testemunhas para não se tornarem alvos dos ataques de bullies, não reagem a nenhum confronto, e somente observam as agressões, já, as meninas neste casos reagem de maneira diferente, como se verá a seguir. 2.4 BULLYING E O SEXO FRÁGIL, COMO AS MENINAS AGRIDEM E SÃO AGREDIDAS Considera-se que o comportamento começa logo que as crianças se tornam capazes de relacionamentos significativos, como menciona Franzen154, sendo que aos três anos, há mais meninas relacionalmente agressivas que meninos, uma diferença que se amplia à medida que as crianças amadurecem. Numa série de estudos, as crianças citaram a agressão relacional como o “comportamento irado, ferino mais comum (...) praticado em grupos de meninas”, independente do sexo alvo. Na fase intermediária da infância, os principais pesquisadores nessa área relatam que “os agressores físicos são na maior parte meninos e os agressores relacionais, na maior parte meninas”155. Diante do bullying, a predominância dos autores está nos meninos, porém também há meninas envolvidas nestes casos, porém, os meninos 153 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p. 46. 154 FRANZEN, Gelson. Bullying. Artigo, 2008. Disponível em: http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=1025>. Acesso em out. 2010. < 155 SIMMONS, Rachel. Garota fora do jogo: a cultura oculta da agressão nas meninas. Rio de Janeiro: Rocco, 2004, p. 55. 51 por sua vez são mais rebeldes, e geralmente agridem mais que as meninas, menciona Beaudoin e Taylor156: [...] o bullying geralmente acontece nas culturas em que os meninos precisam mostrar que são durões; os adolescentes somente rebelam-se contra os adultos naquelas culturas que lhes conferem pouco poder na juventude. Em seu livro, Simmons 157 , usa a expressão “bullying das meninas”, para se referir ao bullying indireto, alternativo. Em nenhum momento ela diz que as meninas sentem raiva de uma maneira diferente dos meninos, apenas que mostram sua raiva/agressividade de outra forma, velada, mas igualmente cruel. Algumas agressões alternativas são invisíveis aos olhos dos adultos. Para se esquivarem da desaprovação social, as meninas se escondem sob uma fachada de doçura para se magoarem mutuamente em segredo. Elas passam olhares dissimulados e bilhetes, manipulam silenciosamente o tempo todo, encurralam-se nos corredores, dão as costas, cochicham e sorriem. Esses atos, cuja intenção é evitar serem desmascaradas e punidas, são epidêmicos em ambientes de classe média, em que regras de feminilidade são mais rígidas158. As meninas por serem mais frágeis, necessitam se sentir seguras para que possam, falar que estão sendo agredidas pelos bullies. As raparigas precisam de se sentir valorizadas antes de desabafarem, e a melhor maneira de demonstrá-lo é através de um elogio verdadeiro (refira-lhes algo que valoriza nelas): que gosta verdadeiramente da forma como ela pode ser uma amiga ou meiga para uma irmã ou irmão159. Estatísticas demonstram que os meninos, praticam o bullying de forma mais violenta, no entendimento de Pereira 160 : “Os rapazes são mais violentos do que as raparigas. Também são os alunos mais violentos aqueles que 156 BEAUDOIN, Nathalie Marie e TAYLOR, Maureen. Bullying e Desrespeito: como acabar com essa cultura na escola. p. 25. 157 SIMMONS, Rachel. Garota fora do jogo: a cultura oculta da agressão nas meninas. 2004. 158 SIMMONS, Rachel. Garota fora do jogo: a cultura oculta da agressão nas meninas, p. 33. 159 HABER, Joel e GLATZER, Jena. Bullying Manual Anti-agressão: Proteja o seu filho de provocações, abusos e insultos.p. 50 160 PEREIRA, Oliveira Beatriz. Para uma Escola sem Violência. Estudo e Prevenção das Práticas Agressivas entre Crianças. p. 34 52 menos conversam com os pais acerca da escola.” O bullying é praticado mais por meninos do que por meninas, diz Beaudoin e Taylor161: [...] o bullying geralmente acontece nas culturas que os meninos precisam mostrar que são durões [...]. Afirma Simmons 162 que existe uma cultura oculta da agressividade nas meninas na qual o bullying é epidêmico, característico e destrutivo. No entanto, diante de uma violência deste porte, há diversas formas de identificar, quem são as crianças que sofrem com o bullying escolar, pois as mesmas não têm apoio da escola e alguém que as proteja, sobre o que se dissertará no próximo tópico. 2.5 COMO IDENTIFICAR POSSÍVEIS PERSONAGENS É importante que professores e pais saibam identificar por qual situação seu aluno ou filho está passando para que possa ajudá-lo a enfrentar o problema, como ressalta Silva: Identificar os alunos que são vítimas, agressores ou espectadores é de suma importância para que as escolas e as famílias dos envolvidos possam elaborar estratégias e traçar ações efetivas contra bullying163. Os alunos tornam-se personagens, por não terem estrutura escolar que os apóiem, diz Beaudoin e Taylor 164 que existem múltiplos e diversificados fatores que contribuem para que alguém se envolva em condutas de bullying e de desrespeito. “Os alunos não são os problemas: o sentimento da falta de opções é que é o problema”. 161 BEAUDOIN, Nathalie Marie e TAYLOR, Maureen. Bullying e Desrespeito- como acabar com essa cultura na escola. p. 26. 162 SIMMONS, Rachel. Garota fora do jogo: a cultura oculta da agressão nas meninas, p. 11. 163 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p. 47. 164 BEAUDOIN, Nathalie Marie e TAYLOR, Maureen. Bullying e Desrespeito: como acabar com essa cultura na escola. p. 45. 53 Na maioria dos casos todos os personagens que participam do bullying irão sofrer, pois o seu emocional esta diretamente ligado com os fatos decorridos da violência escolar. É interessante aqui salientar que o estresse vivenciado pelas vítimas de bullying ocasiona baixa imunidade fisiológica, debilitando o organismo como um todo, predispondo-o a várias enfermidades165. Os personagens do bullying podem ser identificados pela figura de seus pais, visto que conforme menciona Pereira: As teorias de vinculação, “attachment”, vêem os problemas de vitimização como sendo sobretudo de natureza relacional, desvios de pertubação a nível da vinculação entre a criança e os seus progenitores166. Para que pais e professores saibam identificar crianças que sofrem com o bullying, devem perceber inicialmente, se a mesma não está se isolando dos demais coleguinhas ou familiares, pois como aludem Haber e Glatzer: O tratamento para a maior parte dos abusos e intimidações é a amizade. Quando as crianças se sentem tão marginalizadas que se afastam dos contatos sociais, chegamos a um ponto realmente perigoso167. Para que os alunos, não tenham mais envolvimento com o bullying, a instituição escolar, deve ressaltar que essas ações são prejudiciais a todos que participam, afirma Beaudoin e Taylor: Os jovens envolvidos em questões de desrespeito e de bullying precisam de um auxílio que lhes crie experiências de opções de forma que eles realmente possam fazer escolhas diferentes168. Para que os personagens sejam identificados, os professores devem ter cuidado na abordagem de cada individuo, pois, segundo relata Silva: 165 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p. 49. 166 PEREIRA, Beatriz Oliveira. Para uma Escola sem Violência. Estudo e Prevenção das Práticas Agressivas entre Crianças. p. 26. 167 HABER, Joel e GLATZER, Jena. Bullying Manual Anti-agressão: Proteja o seu filho de provocações, abusos e insultos. p. 37. 168 BEAUDOIN, Nathalie Marie e TAYLOR, Maureen. Bullying e Desrespeito: como acabar com essa cultura na escola. p. 44. 54 Os espectadores não costumam ter um comportamento tão marcante. A Identificação deles depende de observação mais freqüente e cuidadosa, pois seu comportamento não costuma apresentar sinais explícitos que denunciem a situação que estão vivendo169. Os personagens do bullying, em sua vida futura, como já mencionado, poderão sofrer sérios problemas. Confirmando, Lopes Neto 170 ensina que os “Alvos, autores e testemunhas enfrentam conseqüências físicas e emocionais de curto e longo prazo, as quais podem causar dificuldades acadêmicas, sociais, emocionais e legais”. Todos os personagens que atuam mediante a violência escolar, devem ser compreendidos e respeitados, no entanto precisam de ajuda para se estruturarem no convívio social, visto que, de acordo com o aludido por Silva 171 : “Tais jovens, mesmo com atitudes erradas, merecem nossa ajuda e precisam dela, pois eles sofrem com seus atos e suas respectivas conseqüências.” 169 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p. 51 170 LOPES NETO, A. A. Bullying – comportamento agressivo entre estudantes. p. 168 171 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. p.52 55 CAPÍTULO 3 BULLYING UM DESENVOLVIMENTO DE COMPORTAMENTO AGRESSIVO 3.1 COMPORTAMENTO E CONSEQÜÊNCIAS DO COMPORTAMENTO AGRESSIVO A família tem uma importante influência na aquisição de modelos agressivos pelas crianças. Segundo Gomide 172 , as crianças podem aprender modelos cognitivos e comportamentais a partir de modelos ou cópias de eventos diários, incluindo-se a observação de seus pais em situações interparentais. Explica ainda que os pais, os quais utilizam a punição, estão mostrando a seus filhos que a violência é uma forma apropriada de resolução de conflitos e de relacionamento entre homens e mulheres. Azevedo e Guerra 173 assinalam, que os modelos de comportamento aprendidos na primeira infância em interações com os outros são automaticamente usados em novas situações. Segundo esses, por meio dessa aprendizagem, a criança adiciona táticas de agressão, podendo aprender a manipular, persuadir, coagir e mostrar, desde o início, comportamentos anti-sociais, podendo ainda exibir tais comportamentos em interações sociais com seus pares, fora do lar. Um dos fatores que se pode considerar frente ao aludido pelos autores acima, está incluso ao que descreve a autora Pereira174: Hoje em dia observamos alguns filmes e desenhos animados que 172 GOMIDE, P. I. C. Estilos parentais e comportamento anti-social. In: A. Del Prette, & Z. A. P. Del Prette. (Org.) Habilidades sociais, desenvolvimento e aprendizagem: questões conceituais, avaliação e intervenção. Campinas: Alínea, 2003, p. 58. 173 AZEVEDO, M. A. & GUERRA, V. N. A. Mania de bater: A punição corporal doméstica de crianças no Brasil. São Paulo: Iglu, 2001, p. 27. 174 PEREIRA, Oliveira Beatriz. Para uma Escola sem Violência. Estudo e Prevenção das Práticas Agressivas entre Crianças. p. 10 56 mostram o valor funcional da agressão, múltiplo e atraente, o que reforça o comportamento das crianças agressoras ainda que a nível de outras criança, este efeito seja atenuado. Alguns entendem que os bullies, são crianças que já trazem consigo pela personalidade forte, este tipo de comportamento, mas no entendimento de Haber e Glatzer 175 : “Pode-se distinguir cedo se uma criança tem uma personalidade à agressão, mas isso não revela se ela se tornará um bully. A natureza é uma parte da equação, a educação é outra.” Aqui está relacionado os comportamentos mais utilizados pelos bullies, como relata Haber e Glatzer 176 : “Estes são os mais fáceis de identificar. Murros, pontapés, puxões de cabelo, puxões dos elásticos do sutiã, rasteiras, empurrões e encarceramentos, todos estes podem ser episódios de bullying”. Nos dias de hoje a criança, não possui uma vida considerada saudável, pois a maioria dos pais vive em função do trabalho não estando presente com seus filhos na fase do seu desenvolvimento, no entanto as crianças passam a maior parte do tempo assistindo televisão, videogame e computador e na maioria dos programas e jogos trazem cenas de lutas, trazendo assim desde a infância um comportamento agressivo da criança. Frente a tal fato, Pereira177 assevera que: A educação e a cultura deveriam tender a eliminar as formas agressivas de resolução de tensões que provocam as diferenças individuais. A educação deveria valorizar e promover os comportamentos de empatia, a negociação verbal, o intercâmbio de idéias, a cedência de ambas as partes na procura da justiça, no direito à igualdade de oportunidades para todos e no direito à diferença de cada um. Educar para a liberdade com igualdade de direitos e obrigações em que os direitos de um terminam onde começam os direitos dos outros. 175 HABER, Joel e GLATZER, Jena. Bullying Manual Anti-agressão: Proteja o seu filho de provocações, abusos e insultos, p. 21 176 HABER, Joel e GLATZER, Jena. Bullying Manual Anti-agressão: Proteja o seu filho de provocações, abusos e insultos, p. 29 177 PEREIRA, Oliveira Beatriz. Para uma Escola sem Violência. Estudo e Prevenção das Práticas Agressivas entre Crianças. p. 11. 57 A violência escolar traz problemas para o futuro de crianças e adolescentes, abalando totalmente a saúde mental de este ser, diz Silva 178 : “A prática de bullying agrava o problema preexistente, assim como pode abrir quadros graves de transtornos psíquicos e/ou comportamentais que, muitas vezes trazem prejuízos irreversíveis”. A criança, geralmente que se envolve com bullying é aquela, em que a educação foi comprometida pela sua estrutura familiar, sendo que os pais dão de tudo para os filhos, não reprimem no momento do erro, não demonstram satisfação quando o mesmo faz algo de bom, não o esforçam a exercer um trabalho, para que conquiste algo no final. Pereira179 comenta: No ultimo caso, os pais fazem tudo à criança, dando-lhe o que ele quer, e por isso ela não tem que fazer esforço para conquistar as coisas. A escola, ao exigir esforço e concentração, não é bem aceita por esta que não está habituada a empenhar-se nas tarefas, a exigir de si mesma. A educação permissiva contrapõe-se, desta forma, à educação dos seus pais que se baseou numa autoridade rígida e austera. Em matéria de educação dos filhos, os pais não se podem demitir da sua autoridade. Um dos principais tipos de comportamentos, que é gerador do fato bullying, é a criança que desde pequena venha se envolvendo em discussões e brigas freqüentemente provocados pelos seus pais, essas atitudes as vezes provocam determinado tipo de revolta na criança, como esclarecido anteriormente pelas colocações de Gomide. Pereira 180 , concordando, ressalta que “Os conflitos parentais e a desarmonia na família são fatores que emergem quando analisados o padrão de comportamento das crianças que se envolvem no bullying.” A criança quando está envolvida com bullying, pode sofrer diversos transtornos, porque não consegue se livrar de situações em que estão relacionadas ao seu emocional, e ficam inteiramente abaladas, conseqüentemente 178 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 25 179 PEREIRA, Oliveira Beatriz. Para uma Escola sem Violência. Estudo e Prevenção das Práticas Agressivas entre Crianças. p. 12 180 PEREIRA, Oliveira Beatriz. Para uma Escola sem Violência. Estudo e Prevenção das Práticas Agressivas entre Crianças. p. 14 58 estressadas, como relata Fante e Pedra181: Vale lembrar que o estresse é responsável por cerca de 80% das doenças da atualidade, pelo rebaixamento da resistência imunológica e sintomas psicossomáticos diversificados, principalmente ao horário de ir à escola [...]. Há diversas conseqüências do sofrimento das crianças com a violência escolar, as quais irão carregar para o resto de suas vidas, se não superadas. Portanto é imprescindível que estas crianças e adolescentes tenham a ajuda principalmente de suas famílias. Como exemplo dessas conseqüências, Silva182 cita que: Ultimamente o transtorno do pânico já pode ser observado em crianças bem jovens (6 a 7 anos de idade), muito em função de situações de estresse prolongado a que são exposta. O bullying, certamente, faz parte dessa condição183. Prosseguindo com Silva 184 destacam-se algumas conseqüências, que surgem ao longo da violência escolar: FOBIA ESCOLAR: Caracteriza-se pelo medo intenso de freqüentar a escola, ocasionando repetências por faltas, problemas de aprendizagem e/ou evasão escolar. FOBIA SOCIAL: Quem apresenta fobia social, também conhecida por timidez patológica, sofre de ansiedade excessiva e persistente, com temor exacerbado de se sentir o centro das atenções ou de estar sendo julgado e avaliado negativamente. TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA (TAG): Geralmente são pessoas impacientes, que vivem com pressa, aceleradas, negativistas e que têm a impressão constante de que algo ruim pode acontecer a qualquer momento. Elas costumam sofres de insônia, irritabilidade e, sem tratamento adequado, os sintomas podem se exacerbar e provocar outros transtornos muito mais graves. DEPRESSÃO: [...] trata-se de uma doença que afeta o humor, os pensamentos, a saúde e o comportamento. [...] Porém, atualmente, os estudos sugerem um alto nível de incidência de sintomas depressivos na população escolar. TRANSTORNOS OBSESSIVO-COMPULSIVO (TOC): [...] o portador de TOC passa adotar comportamentos repetitivos (conhecidos como compulsões), de forma sistemática e ritualizada. 181 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 81 182 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 26 183 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 26 184 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 26-31. 59 Momentos de forte estresse, como pressões psicológicas (tal qual bullying), podem abrir um quadro de TOC em pessoas com predisposição genética ou até mesmo intensificar o problema preexistente. TRANSTORNO DO ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO (TEPT): Este transtorno se caracteriza por idéias intrusivas e recorrentes do evento traumático, como flashbacks [...]. Por fim a criança que era para estar em um ambiente seguro, que é a escola sofre com tudo que é tipo de abusos emocionais e físicos, e com o mais crescente de transtorno emocional, que é o TEPT, como menciona Silva185: Observa-se um número crescente de TEPT em adolescentes que estiveram envolvidos com bullying, especialmente quando sofreram agressões ou presenciaram cenas de extrema violências e abusos sexuais. Em um contexto social a criança que sempre vivenciou com a violência escolar, [...] tem grande probabilidade de adotar comportamentos anti-sociais ou delinqüentes, devido à falta de limites ou de modelos educativos que direcionem seu comportamento de auto-realização na vida para ações proativas e solidárias186. Enquanto as escolas e a sociedade não refletirem a fundo sobre o problema social do bullying, a violência ira aumentar cada vez mais, e o futuro de crianças e jovens, estará comprometido. Sendo assim, se faz necessário que a sociedade, pais e escolas, reflitam sobre este fato, para que mais tarde as crianças não se tornem jovens violentos ou constrangidos. 3.2 REFLEXÕES SOBRE A VIOLÊNCIA A doutrinadora Pereira187 menciona que o bullying: “É praticado sobre crianças ou jovens mais inseguros, mais fáceis de amedrontar e/ou que têm dificuldade em se defenderem ou pedir ajuda.” 185 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 31 186 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 90 187 PEREIRA, Oliveira Beatriz. Para uma Escola sem Violência. p.15. 60 Num primeiro sentido, com melhor entendimento, pode-se afirmar, baseados no que exprime os autores Fante e Pedra188, que “O bullying é uma forma de violência que resulta em sérios prejuízos, não apenas ao ambiente escolar, mas a toda a sociedade, pelas atitudes de seus membros.” O bullying é de certa forma muito severo, fazendo com que a criança chegue ao seu extremo, chegando à níveis de violências muito alto, causando-lhe até mesmo a morte. Segundo Pereira189: A conseqüência mais severa do bullying na escola é o suicídio [...], podendo este ser o resultado direto ou indireto da vitimização constante a que é sujeito(todas as semanas ou diariamente), até ao limite da sua capacidade de suportar as agressões. Para que se possa distinguir o bullying e identificar o comportamento das pessoas que o praticam, os autores Fante e Pedra 190 dizem que: Os critérios estabelecidos são: ações repetitivas contra a mesma vítima num período prolongado de tempo; desequilíbrio de poder, o que dificulta a defesa da vítima; ausência de motivos, que justifiquem os ataques. Acrescenta-se ainda que se deva levar em consideração os sentimentos negativos mobilizados e as seqüelas emocionais, vivenciados pelas vítimas de bullying. Complementando, menciona Silva 191 que: “O aumento do comportamento agressivo entre adolescentes é um fenômeno que mais preocupam e angustiam os pais e todos que, de forma direta ou indireta, lidam ou se ocupam com os jovens.” No entanto, deve-se ressaltar que a violência não decorre somente nas escolas, às vezes os pais são os próprios autores da agressão em seus filhos, fazendo com que a criança seja constrangida por diversas vezes em seu próprio lar. 188 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 37 189 PEREIRA, Oliveira Beatriz. Para uma Escola sem Violência. p. 23 190 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 39. 191 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas, p. 66. 61 Neste diapasão, Fante e Pedra192 destacam: Muitas crianças e adolescentes são vitimas da violência doméstica e do excesso de correção disciplinar. A escola deve, primeiramente, proteger a criança ou o adolescente e encaminhar o caso ao Conselho Tutelar ou ao Ministério Público. Em hipótese alguma se deve falar aos pais sobre as suspeitas, pois a criança poderá sofrer represálias ou ser retirada da escola. Os lugares que são mais propícios a ocorrer determinado tipo de violência dentro das instituições escolares, é no recreio, pelo fato dos alunos não estarem sendo supervisionados diretamente, relata Pereira 193 : É, contudo, nos recreios que ocorrem mais práticas de agressão e vitimação. No Brasil já ocorreu condenação por bullying, em que o bully teve que arcar com indenização, no entanto quem sofre as conseqüências são os próprios pais, pois, na maioria das vezes, o mesmo é de menor. O juiz Luiz Artur Rocha Hilário, da 27ª Vara Cível de Belo Horizonte, condenou um estudante da 7ª série a indenizar a sua colega de classe em R$ 8 pela prática de bullying, atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo194. Por outro lado, uma escola particular de Ceilândia, cidade próxima a Brasília, foi condenada no começo de agosto (2008) a pagar indenização de R$ 3 mil à mãe de um aluno vítima de bullying. De acordo com o defensor público Ruy Cruvinel Filho, a mãe comunicou à direção da escola inúmeras vezes que ele era agredido por colegas, mas os ataques continuaram. Depois de apanhar por um ano, o menino de sete anos, que estava na segunda série, ficou com medo de voltar à escola e teve dificuldades de aprendizado. “Cabia ao colégio cuidar, zelar, evitar e não se omitir nessas agressões reiteradas, já que elas foram comprovadas. A partir do momento que o colégio se omite, ele se torna responsável pelas conseqüências”, afirma o defensor195. 192 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 126. 193 PEREIRA, Oliveira Beatriz. Para uma Escola sem Violência. p. 2. 194 JUSBRASIL NOTÍCIAS. On line. Aluno é condenado por bullying. 21 Maio de 2010. Disponível em: < http://www.jusbrasil.com.br/noticias/2198457/aluno-e-condenado-por-bullying>. Acesso em: Nov. 2010, p. 123. 195 ESCOLA DO DF pagará indenização de R$ 3 mil a vítima de bullying. G1. Jornal Bom-dia. Globo on line. 13.08.2008. Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,MUL722569-5598,00escola+do+df+pagara+indenizacao+de+r+mil+a+vitima+de+bullying.html>. Acesso em: Nov. 2010. 62 No entanto alguns magistrados relatam que a responsabilidade de educar, não é de inteiro teor das escolas é também da criação familiar. O exercício do poder familiar, do qual decorre a obrigação de educar, segundo o art. 1634, inciso I, do Código Civil, é atribuição dos pais ou tutores [...]196.” Contudo se faz necessário, que sejam aplicadas normas mais severas a todos os tipos de casos que decorram da violência escolar, haja vista que o Brasil esta se tornando um dos países mais violentos em decorrência do não conhecimento do assunto. Veja-se a seguir as estáticas realizadas em escolas brasileiras que sofrem com o bullying. 3.3 CENÁRIO MUNDIAL E BRASILEIRO SOBRE O BULLYING O mundo está passando por um índice alto de violência, dentro do âmbito escolar que crianças e adolescentes, sofrem com diversos tipos de situações que estão expostos a enfrentar, relata Fante e Pedra197: Dados indicam que os índices mundiais de alunos envolvidos no fenômeno variam de 6 a 40%. Na Noruega, os estudos por Dan Olweus (1991) demonstraram que 1 em cada 7 estudantes estava envolvido em casos de bullying, isto é, 15% do total de alunos matriculados na educação básica seriam vítimas ou agressores. No mundo todo, o bullying é praticado da mesma maneira, e também, de modo geral, as crianças tem como meio de aprendizagem os programas de televisão, os quais mostram a violência com clareza, em horários impróprios, como diz Pereira198: Segundo a teoria de aprendizagem social de Bandura (1973), o comportamento agressivo é socialmente aprendido, tendo os meios de comunicação social, em particular a TV, um papel de modelagem importante199. 196 Art. 1.634. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores: I - dirigir-lhes a criação e educação; [...]. (BRASIL. Código Civil brasileiro. Lei 10.406, de 10.01.02, atualizado até as alterações introduzidas pela Lei Complementar nº 128, de 19.12.08, p. 124). 197 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 49. 198 PEREIRA, Beatriz Oliveira. Para uma Escola sem Violência. p. 10. 199 PEREIRA, Oliveira Beatriz. Para uma Escola sem Violência. p. 10. 63 Segundo as estáticas, o Brasil é o pais que mais sofre com a violência escolar. Confirma Fante e Pedra200: “Pesquisas realizadas na Argentina, no México, no Brasil, na Espanha e no Chile revelaram que somos campeões em bullying escolar”. Em um panorama geral dos fatos decorridos em todos os países, a violência é a mesma, menciona Fante e Pedra201: Não existem diferenças entre o bullying praticado no Brasil e nos EUA, ou qualquer outro lugar do mundo. O que vária são os índices encontrados em cada país. Estudos que são feitos mundialmente em diversas escolas sobre o bullying, mostram, sustentado por Fante e Pedra202: O resultado foi surpreendente, pois o Brasil foi apontado como campeão de bullying. A pesquisa contou a participação de 4.025 alunos, de escolas públicas e particulares, de 6º e 8ª séries do ensino fundamental e 2º ano de ensino médio. É necessário, portanto, a mudança de pais, educadores e da sociedade, com relação ao bullying, para que o Brasil seja visto como exemplo. No entanto ainda é o primeiro em violência escolar, por isso o melhor passo a seguir é intervir, e montar estratégias positivas alertando os alunos sobre comportamentos que são vistos como corretos diante da sociedade. 3.4 ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO / INTERVENÇÃO Diante da urgente necessidade da diminuição dos casos de bullying, assim se posiciona Silva203: “[...] quando ocorrer lesão corporal, calúnia, injúria ou difamação, os pais ou responsáveis devem registrar o fato em uma delegacia de polícia, através de um boletim de ocorrência.” É desta maneira que os dados estatísticos podem produzir efeito, para diminuição de violência escolar. A escola deve ser um espaço em que alunos possam conviver 200 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p 130. 201 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 51. 202 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 50. 203 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 168. 64 de modo igual, contudo deve mudar seus hábitos e métodos motivacionais, ao que acrescenta Pereira: A escola inovadora deve ser um local onde os pais possam participar com as sua experiências de vida, os seus conhecimentos, as suas habilidades profissionais; onde os alunos possam expor, sem receio, os seus sonhos, onde cada matéria tenha sentido para o estudante e, finalmente, um local com boas condições de trabalho204. A prevenção contra a violência escolar deve começar dentro das instituições escolares, pois, como menciona Fante e Pedra: Acreditamos que a prevenção começa pelo conhecimento. É preciso que a escola reconheça a existência do fenômeno e, sobretudo, esteja consciente de seus prejuízos para a personalidade e o desenvolvimento sócioeducacional dos estudantes205. Para que a violência escolar se torne menos freqüente, em nossas escolas, é necessário que estudos sejam feitos como forma de prevenção, de casos que possam vir a ocorrer. Diante dessa alusão, Pereira206 alerta que: A investigação sobre os comportamentos de agressão e vitimização na escola pode ajudar a esclarecer algumas das questões que se relacionam com os padrões de comportamentos desviantes e seus percursos desenvolvimentais207. Os recreios são um espaço vago para que o bullying ocorra com freqüência, pois é nesse espaço livre que as agressões acontecem, porque os alunos não são supervisionados pelos educadores, menciona Pereira 208: Os recreios escolares são um espaço de desenvolvimento motor, pessoal e social. As crianças nos recreios podem gerir seus tempos livres. Esta capacidade de autogestão é utilizada no sentido do seu bem-estar e do prazer, mas também pode visar as lutas, as 204 PEREIRA, Oliveira Beatriz. Para uma Escola sem Violência. p. 145. 205 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 106. 206 PEREIRA, Beatriz Oliveira. Para uma Escola sem Violência. p. 21. 207 PEREIRA, Beatriz Oliveira. Para uma Escola sem Violência. p. 21. 208 PEREIRA, Beatriz Oliveira. Para uma Escola sem Violência. p. 21. 65 agressões e a violência209. O mundo gira em torno da evolução, que decorre de maneira muito rápida, é neste entendimento, que as instituições escolares, devem melhorar seu conteúdo programático, e aprimorar os alunos tão somente a conviver com as diferenças e o respeito, uns com os outros. Silva210 declara: “É necessário modificar não somente a organização escolar, os conteúdos programáticos, os métodos de ensino e estudo, mas, sobretudo, a mentalidade de educação formal.” Para que estratégias e intervenções sejam praticadas e surtam efeito imediato, com base para crianças e adolescentes, consiste na certeza de que todos devem reconhecer a violência como um problema social, ao que menciona Fante e Pedra211: “[...] a escola tem papel fundamental na sua redução, por meio de ações e programas preventivos, em parceria com as famílias dos alunos e os diversos atores sociais, para garantir a sua eficácia.” A escola deve prevenir, e a família intervir, em todas as atitudes praticadas mediante violência pelas crianças e adolescentes, relata Silva212: “Para que haja um amadurecimento adequado, os jovens necessitam que profundas transformações ocorram no ambiente escolar e familiar.” Para que a escola seja um lugar em que todos possam circular livremente, sem que seja “apedrejado”, é necessário que alunos respeitem as diferenças do outro, e os professores devem intervir quando houver algo de inconveniente e errado. “É preciso respeitar às diferenças de cada um e conviver em harmonia. Somente assim teremos a escola legal, a escola inclusiva, a escola que sonhamos”.213 Contudo a maneira com que se pode minimizar o bullying das escolas, é através da informação que os professores possam passar para seus 209 PEREIRA, Beatriz Oliveira. Para uma Escola sem Violência. p. 1. 210 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 63. 211 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 105 . 212 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 63. 213 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 130. 66 alunos, diz Silva214: “É importante destacar que, apesar do diálogo compreensivo e acolhedor, o entrevistador precisa ser firme e expor aos agressores todas as conseqüências que podem advir do seu comportamento inadequado.” Para que estratégias e intervenções sejam praticadas e surtam efeito imediato, com base para crianças e adolescentes, é que todos devem reconhecer a violência como um problema social, menciona Fante e Pedra215: “[...] a escola tem papel fundamental na sua redução, por meio de ações e programas preventivos, em parceria com as famílias dos alunos e os diversos atores sociais, para garantir a sua eficácia.” Logo, é necessário desde cedo que a intervenção seja feita, e que a escola busque todos os meios de prevenção, para que crianças e jovens não necessitem viver no meio da violência, e aprendam a conviver com as diferenças e o respeito. Menciona Ferreira216: É necessário investigar a realidade escolar por meio de observação, anotações, divulgação de indicadores, exposição em jornadas sobre violência, para poder modificar a realidade escolar com estratégias de intervenção e prevenção, com medidas de supervisão e observação dos alunos solidários, serviço de denúncia, encontros semanais para avaliação e discussão sobre o andamento do trabalho, a execução de trabalhos que envolvam os assuntos vida escolar e vida familiar, entrevistas pessoais e em grupos com vítimas e agressores. O capítulo seguinte demonstra como o problema “bullying”, poderia ser evitado, afim de que a escola e a sociedade busquem meios para extinguir os atos decorrentes dentro das escolas e fora delas. 3.4.1 Papel da escola e sociedade para evitar o problema Para que não ocorra bullying virtual entre crianças e adolescentes, dentro e fora do âmbito escolar, a instituição de ensino tem que ser 214 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 167. 215 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 105. 216 FERREIRA, Lima Tatiana. Bullying na escola: A intervenção do Psicólogo Escolar. Disponível em: <http://www.webartigos.com/articles/20228/1/Bullying-na-escola-A-intervencao-do-Psicologo-Escolar/pagina1.html#ixzz14WY1QMn8>. Acesso em novembro 2010. 67 responsabilizada, e ensinar como utilizar os meios tecnológicos, bem como, de acordo com Silva: Essa responsabilidade escolar deve ser compartilhada com os pais e familiares dos alunos por meio de palestras, indicação de livros e filmes, divulgação de texto por e-mail, distribuição de cartilhas, desenvolvimento de projetos artísticos que premiem o combate do ciberbullying217. No entendimento de Fante e Pedra218: [...] a escola tem papel fundamental na sua redução, por meio de ações e programas preventivos, em parceria com as famílias dos alunos e os diversos atores sociais, para garantir a sua eficácia. Os alunos às vezes não são tratados de forma agradável por seus educadores, pois na maioria das vezes, os mesmos não foram instruídos e capacitados a lidar com o bullying. Diante do contexto, Ferreira219 diz que: A escola também tem se mostrado inabilitada a trabalhar com a afetividade. Os alunos mostram-se agressivos, reproduzindo muitas vezes a educação doméstica, seja por meio dos maus-tratos, do conformismo, da exclusão ou da falta de limites revelados em suas relações interpessoais. Para que as vítimas de bullying, não sejam submetidas a papeis constrangedores os educadores, devem dar total apoio e ajuda a essas crianças que sofrem determinado tipo de agressão, sendo que, conforme menciona Pereira220: “Numa escola sensibilizada para o problema, em que o clima é adequado, a vítima pode receber apoio dos adultos e dos pares, em vez de ser ridicularizada.” A violência escolar tornou-se um problema de todos, e agora necessita de soluções, para que vitimas e agressores sejam amparados, neste sentido, Fante e Pedra221 se posicionam aludindo que: 217 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 139. 218 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 105. 219 FERREIRA, Lima Tatiana. Bullying na escola: A intervenção do Psicólogo Escolar. Disponível em: <http://www.webartigos.com/articles/20228/1/Bullying-na-escola-A-intervencao-do-PsicologoEscolar-/pagina1.html#ixzz14WY1QMn8>. Acesso em novembro 2010. 220 PEREIRA, Oliveira Beatriz. Para uma Escola sem Violência. p. 3. 221 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 105. 68 [...] a escola tem papel fundamental na sua redução, por meio de ações e programas preventivos, em parceria com as famílias dos alunos e os diversos atores sociais, para garantir sua eficácia. A nova geração de jovens necessita grande ajuda de todos os educadores, pois, percebe-se a cada dia que passa maior dificuldade entre estes no conviver socialmente. Os amigos ou grupo de amigos possuem um poder de influência sobre cada jovem significativamente superior aquele que pautava as relações entre eles nas gerações precedentes. Isso representa um grande desafio para os adultos envolvidos no processo de educação desses jovens222. Na maioria das vezes os educadores não sabem converter a situação do bullying, pois estão exaustos e desgastados da sua profissão, visto que os gestores não viabilizam projetos novos para a escola. Neste sentido, Ferreira 223 alude: Os professores não conseguem detectar os problemas, e muitas vezes, também demonstram desgaste emocional com o resultado das várias situações próprias do seu dia sobrecarregado de trabalhos e dos conflitos em seu ambiente profissional. Muitas vezes, devido a isso, alguns professores contribuem com o agravamento do quadro, rotulando com apelidos pejorativos ou reagindo de forma agressiva ao comportamento indisciplinado de alguns alunos. É fundamental o papel das escolas para que ocorra a exclusão do bullying, visto que no entendimento de Fante e Pedra224: As escolas possuem um grande instrumento para reduzir o bullying e seus efeitos negativos. Os profissionais que atuam junto aos alunos, especialmente os professores, devem disseminar nos corações dos educandos as sementes da paz: a solidariedade, o respeito, a tolerância às diferenças, a justiça, a cooperação, a amizade e o amor. Com isso as crianças aprendem a respeitar e a valorizar as diferenças individuais, resolver seus conflitos e viver em harmonia225. Para que toda batalha contra o bullying se torne válida diz 222 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 65. 223 FERREIRA, Lima Tatiana. Bullying na escola: A intervenção do Psicólogo Escolar. Disponível em: <http://www.webartigos.com/articles/20228/1/Bullying-na-escola-A-intervencao-do-PsicologoEscolar-/pagina1.html#ixzz14WY1QMn8>. Acesso em novembro 2010. 224 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 129. 225 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 129. 69 Silva226: “[...] é necessário que a instituição escolar atue em parceria com as famílias dos alunos e com todos os setores da sociedade que lutam pela redução da violência em nosso dia-a-dia.” A família e a sociedade servem de base para as crianças e adolescentes, mas é necessário que investimentos sejam feitos, para que escolas estejam preparadas para enfrentar o bullying e que programas de incentivo antibullying sejam realizados, na necessidade de que a sociedade tenha conhecimento sobre o assunto. 3.4.2 Papel da família, sociedade e governo O governo é o que mais pode atuar, nas instituições escolares brasileiras, auxiliando com verbas no incentivo contra a violência escolar, no entanto a ajuda é escassa, ao que adverte Silva227: “Já está mais do que na hora de políticos de todos os estados brasileiros tomarem consciência da importância do combate ao bullying.” No entendimento de Ferreira228: A educação do jovem no século XXI tem se tornado algo muito difícil, devido à ausência de modelos e de referenciais educacionais. Os pais de ontem, mostram-se perdidos na educação das crianças de hoje. Estão cada vez mais ocupados com o trabalho e pouco tempo dispõem para dedicarem-se à educação dos filhos. Esta, por sua vez, é delegada a outros, ou em caso de famílias de menor poder aquisitivo, os filhos são entregues à própria sorte. A família é muito importante na formação da personalidade da criança, pois ela precisa que alguém a ensine como se comportar diante de toda a sociedade, pois ainda não sabe lidar com certas situações. A pouca habilidade em lidar com suas emoções e afetos, bem como a reduzida competência para racionalizar as conseqüências de seus atos, fazem dos adolescentes indivíduos com grandes chances de 226 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 161 227 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 119 228 FERREIRA, Lima Tatiana. Bullying na escola: A intervenção do Psicólogo Escolar. Disponível em: <http://www.webartigos.com/articles/20228/1/Bullying-na-escola-A-intervencao-do-PsicologoEscolar-/pagina1.html#ixzz14WY1QMn8>. Acesso em novembro 2010. 70 cometer atos delinqüentes229. egoístas, impulsivos, irresponsáveis e até No entendimento de Silva230: “Cabe à sociedade, dentro desse contexto, transmitir às novas gerações valores e modelos educacionais nos quais os jovens possam pautar sua caminhada rumo à sua vida adulta de cidadão ético e responsável.” Nos dias de hoje, o papel da família é muito importante para que a violência não se propague, e que os pais possam se interar mais com os seus filhos, mostrando-lhes que para viver em sociedade é necessário ser solidário e respeitar o próximo, mas geralmente não decorre desta maneira, diz Pereira 231 que: “Hoje, a família vive mais isolada, em prédios ou bairros populosos, onde a solidão é maior e a solidariedade mais rara.” É preciso que novos valores sociais, sejam reavidos, e que a família e a sociedade reintegre as crianças a este novo estilo, para que não sofram futuramente. Diante deste contexto, Silva complementa que: Com tantas mudanças sociais, culturais, econômica e políticas, a educação transformou-se de forma veloz e um tanto confusa. Essas mudanças criaram, em pouco tempo, novos valores e novas referências que passaram a ser aplicadas na formação educacional dos jovens de então232. Muitas vezes os pais são os principais culpados, do fator bullying, pois não dão a devida atenção aos seus filhos quando eles mais necessitam. Inserido neste fato, Pereira concorda alegando de forma censurável a: Falta de disponibilidade para atender os filhos devido à telenovela, ao futebol ou telejornal, que não se podem perder, e que cortam os poucos períodos de diálogo possíveis, gerando indisponibilidade para uma troca de afeto, de carinho ou de preocupações233. Em razão da evolução estar acontecendo rapidamente, o 229 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 135. 230 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 57. 231 PEREIRA, Oliveira Beatriz. Para uma Escola sem Violência. p. 12. 232 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 59. 233 PEREIRA, Oliveira Beatriz. Para uma Escola sem Violência. p. 14. 71 jovem tem que estar preparado para aceitar as diferenças, raça, cultura, opção sexual dentre outros, em razão disto que a família e a sociedade, deve estruturar este cidadão, pois segundo os ensinamentos de Silva 234 : “Tudo isso gerou um verdadeiro vácuo de valores, o que não se mostrou benéfico para a sociedade como um todo, em especial para as novas gerações.” A sociedade tem a obrigação de instruir os adolescentes a não praticar atos de violência, sendo que Silva235, no seu discernimento nos informa que: Auxiliar e conduzir as novas gerações na construção futura da humanidade mais atenta a seus excessos e enganos, mais justa e menos violenta, é um imperativo categórico de que todos nós, que habitamos o planeta Terra, deveríamos nos incumbir. Frente à vitimização, ressalta-se que esta faz com que as crianças se sintam tão impotentes, que de certa forma acabam não revelando seu problema para a família, no entanto os pais tem o dever de interagir com seus filhos para que este se sinta seguro, e possa revelar seus problemas. De acordo com Haber e Glatzer236, “é suposto que a agressão humilhe, e que o faça de uma forma bastante eficaz. Com freqüência, miúdos e miúdas, ficam tão envergonhados/as que nem sequer querem contar aos pais237. Os pais desempenham um papel de suma importância, fundamental no desenvolvimento de seus filhos, cuidando, educando, auxiliando e dando-lhes tranqüilidade para que, estes enfrentem as situações que se lhes apresentarem na vida, inclusive superem as frustrações que possam ocorrer. No entanto, existem pais que diante de problemas e, mesmo no caso do bullying, objeto do estudo, conforme Silva238, [...] costumam fingir que nada ocorreu, adotam uma postura de falso 234 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 59. 235 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 60. 236 HABER, Joel e GLATZER, Jena. Bullying Manual Anti-agressão: Proteja o seu filho de provocações, abusos e insultos. p. 45. 237 HABER, Joel e GLATZER, Jena. Bullying Manual Anti-agressão: Proteja o seu filho de provocações, abusos e insultos. p. 45. 238 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 61. 72 entendimento ou, pior que isso, censuram os filhos de maneira tão débil que suas reprimendas e orientações quase não são obedecidas e executadas. No entanto, há também, muitos pais que não sabem lidar com este tipo de problema, não são capacitados, sentem-se intimidados e acabam prejudicando ainda mais seus filhos, neste diapasão, Silva239 se posiciona afirmando que: Em função do sentimento de culpa que carregam por não acompanharem a vida dos filhos como deveriam, os pais cedem praticamente a todas as vontades deles e toleram quase tudo, inclusive posturas intoleráveis. Imprescindível é, que desde criança os pais ensinem aos seus filhos que todas as pessoas devem ser respeitadas e que regras devem ser obedecidas, devem impor-lhes limites e cobrar-lhes obediência, caso contrário, como relata Silva240: A indiferença dos pais equivale a uma renúncia oficial em educar seus filhos. E educar é confrontar com as regras e os limites, além de fornecer-lhes condições para que possam aprender a tolerar e enfrentar as frustrações do cotidiano. Há diversos programas de apoio aos pais com relação à educação dos filhos bem como, com relação ao problema do bullying, existem programas a serem desenvolvidos nas escolas brasileiras, para que esta violência seja banida. Com isto, o rendimento escolar dos alunos irá melhorar e os alunos não irão sofrer com esta violência da qual gera dor e sofrimento à ambas as partes. 3.5 PROGRAMAS REALIZADOS PARA PREVENÇÃO E DIMINUIÇÃO DO BULLYING Existem diversos meios que podem ser realizados, para que a violência escolar seja minimizada, mas tudo que é feito necessita de ajuda financeira, menciona Pereira 241 : “A implementação de um projeto educativo de 239 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 61. 240 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 62. 241 PEREIRA, Beatriz Oliveira. Para uma Escola sem Violência. p. 143. 73 escola exige meios, pois implica formação de professores e apetrechamento da escola, sendo necessário um esforço de verbas para educação.” Dentre diversos trabalhos que estão sendo realizados, contra o bullying escolar, um deles é o projeto defendido por Fante e Pedra242: Inúmeras ações e programas antibullying estão sendo desenvolvidos nas mais diversas partes do mundo, com resultados extraordinários. No Brasil, desenvolvemos o programa antibullying Educar para a Paz, composto por um conjunto de estratégias psicopedagógicas que visam à redução do comportamento agressivo e a formação de uma nova geração de paz nas escolas. Um dos programas mais conhecido mundialmente, baseado nos estudos de Olweus, como menciona Silva243: “[...] deram origem a um programa de intervenção antibullying [...].” Em que consiste no aumento da conscientização sobre o bullying e o apoio as vítimas, contra a violência escolar. É na hora do recreio que a vitimização ocorre, como já mencionado anteriormente neste estudo, pois neste espaço de tempo, a vitima fica isolada de todos. Nesta ocasião então, é que se vê a possibilidade de que os próprios alunos possam ser aliados em solucionar o problema contra o bullying. Ou seja, conforme relata Fante e Pedra244, a escola pode criar uma rede antibullying transformando espectadores em “alunos solidários”, portanto, estes devem ser treinados a auxiliar seus colegas dentro e fora das escolas. Um material que pode estimular a criança para um aprendizado em relação ao bullying, como cita Pereira 245 : “o questionário de olweus, sobre bullying na escola e dirigido à criança, é o instrumento que se encontra mais difundido.” Os professores são de muita importância nesta luta contra o bullying, sendo assim, é necessário que todos possuam uma formação adequada. 242 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 127. 243 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 112. 244 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 122. 245 PEREIRA, Beatriz Oliveira. Para uma Escola sem Violência. p. 29. 74 Concorda e complementa Silva246: Para que essa batalha tenha um final feliz, devemos fortalecer nossos guerreiros: exigir políticas públicas e privadas que disponibilizem recursos significativos para formação intelectual, técnica, psicológica e pessoal de nossos educadores. Frente ao contexto de intervenções com o propósito de exterminar com o bullying nas escolas, entre as propostas mencionadas por Ferreira tem-se: Incluir nos currículos escolares e programas de ensino, proposta de conscientização acerca da origem e conseqüência da violência entre os seres humanos; estabelecendo atividades educativas, profiláticas, etc., para enfrentamento e erradicação desta. Conscientizar o estudante a identificar através da observação, a presença da violência no cotidiano, na família, no trabalho, no trânsito, nos esportes, na escola, em todas as camadas sociais, na ecologia, em pessoas escolarizadas da mais alta formação intelectual, etc. Identificando preliminarmente, através da observação da violência existente em si mesmas, devido à presença do ego em cada um de nós247. Todas as crianças e adolescentes devem estar cientes quanto à legislação pertinente, bem como às conseqüências que poderão sofrer, se praticarem bullying, no entendimento de Fante e Pedra248: É muito importante que os jovens tenham conhecimento e entendimento da nossa legislação. Somente assim poderão refletir sobre as conseqüências dos seus atos. O monitoramento dos casos é fundamental para que não se abram lacunas à revitimização. Um dos meios mais práticos e rico em conhecimento para que todos obtenham o conhecimento do bullying é através da literatura, conforme menciona Pereira 249 : “A literatura especializada em bullying e, em particular, em programas de intervenção, indica que o maior empenhamento da comunidade educativa resulta em maior eficácia[...].” 246 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 174. 247 FERREIRA, Lima Tatiana. Bullying na escola: A intervenção do Psicólogo Escolar. Disponível em: <http://www.webartigos.com/articles/20228/1/Bullying-na-escola-A-intervencao-do-PsicologoEscolar-/pagina1.html#ixzz14WY1QMn8>. Acesso em novembro 2010. 248 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 125. 249 PEREIRA, Beatriz Oliveira. Para uma Escola sem Violência. p. 137. 75 De acordo com Silva250: Um projeto educativo gerador de tais transformações deverá seguir paradigmas simples e comuns, que sejam capazes de revelar o valor da paz e da tolerância, bem como do respeito ao outro e, sobretudo, à vida em suas diversas manifestações. O mais importante é que sejam elaborados meios de prevenção em todos os ambientes escolares, menciona Fante e Pedra251: “O ideal é que todas as escolas tenham em seu projeto político pedagógico programas preventivos contra o bullying.” A justiça brasileira já está tomando devidas precauções em relação ao problema social que é o bullying, relata Silva: No Brasil existe um Projeto de Lei (nº 350, de 2007) [...], no qual o Poder Executivo fica autorizado a instituir o Programa de Combate ao Bullying, de ação interdisciplinar e de participação comunitária nas escolas públicas e privadas de São Paulo252. Silva253 ainda ressalta que uma das formas possíveis para que o bullying seja banido, é trazer a mídia o assunto radicalmente, para que o governo e a sociedade busquem uma solução para o problema, menciona ainda, que “A imprensa e os grandes veículos de comunicação, têm como tarefa divulgar o assunto, contribuindo para a conscientização de toda a sociedade.” O dia “D”, é um dos projetos que pode melhorar ainda mais a visão da criança em relação ao bullying, como afirma Ferreira254: Instituir um dia de cada ano, para passar os nossos feitos negativos a limpo, refletir sobre os nossos defeitos, nossos erros, que quase sempre engendram violências; arrependermos de possuí-los e tomarmos atitudes sérias para emendarmos deles, combatê-los e erradicá-los, para o bem de nosso semelhante e da empatia da massa social. 250 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 60. 251 FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying Escolar. p. 127. 252 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 119. 253 SILVA, Beatriz Ana Barbosa. Bullying: Mentes perigosas nas escolas. p. 120. 254 FERREIRA, Lima Tatiana. Bullying na escola: A intervenção do Psicólogo Escolar. Disponível em: <http://www.webartigos.com/articles/20228/1/Bullying-na-escola-A-intervencao-do-PsicologoEscolar-/pagina1.html#ixzz14WY1QMn8>. Acesso em novembro 2010. 76 Os programas e os projetos de incentivo que vão contra o bullying, servem de total apoio para pais, educadores e para toda a sociedade, sendo que, desta maneira, ocorre a minimização do fenômeno, pois, a conscientização, é a melhor forma de abolir o problema. 77 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho tratou do bullying e suas implicações na sociedade, demonstrando que desde há várias décadas o bullying sempre existiu, mudando somente o nome e suas características. Frente o fato da evolução ter ocorrido de forma muito rápida, os valores sociais tiveram sua estrutura abalada, surgindo de forma mais agravante a violência escolar. Estudos realizados perpassam a rapidez com que o bullying vem se propagando, atrelado ao fato da evolução ter ocorrido de forma acelerada, o que ocasionou que os valores sociais tivessem sua estrutura abalada, surgindo de forma mais agravante a violência escolar. Diante de tal constatação percebe-se que as escolas e a sociedade brasileira, não estão preparadas para solucionar este fenômeno da violência. Por outro lado, existem diversos projetos e programas que podem minimizar o problema se utilizados de forma eficaz. De imediato os pais necessitam de ajuda para que tenham um relacionamento de afeto e diálogo com seus filhos e um profundo conhecimento do assunto, buscando de tal maneira a intervenção à violência, dentro do âmbito familiar e escolar. Pode-se concluir com este trabalho que o governo, somente menciona que projetos antibullying estão sendo elaborados, mas a aplicação ainda é escassa. Este trabalho criou a possibilidade do aprofundamento do tema bullying, o qual é visto na decorrência de nossas vidas, no âmbito familiar e principalmente nas escolas. 78 A pesquisa também salientou que os meios tecnológicos, são propensos a violência virtual, mas que há soluções de banir casos que decorrem deste disparato, por meio da justiça. O ciberbullying é crime no Brasil, e o praticante sofre sérias conseqüências. Ao identificar os tipos de bullying, verifica-se que os atos estão cada vez mais cruéis, e no momento o único meio de solucionar o problema é buscando através do conhecimento, maneiras de abordar crianças e adolescentes, mostrando-lhes as conseqüências que podem sofrer, ao dispersar da lei em relação aos direitos e ao respeito com outro. Conclui-se esta pesquisa, de modo que todos tenham uma base sobre o estudo realizado, e que o bullying escolar, seja visto como repudiação em decorrência dos alunos que sofrem a vitimização no dia-a-dia. Por fim, referente às hipóteses levantadas na Introdução do presente Relatório de Pesquisa, concluiu-se que: A Primeira hipótese: O governo e a sociedade brasileira visam buscar a redução do fenômeno bullying via projeto de lei, projetos educativos e programas preventivos. Considera-se esta hipótese confirmada, porém, se deve ressaltar que há uma grande carência envolvendo os programas preventivos quanto ao seu adequado desenvolvimento. Segunda hipótese: A intervenção das escolas na educação e aprendizagem sobre a violência escolar é feita de maneira regular, em que crianças e adolescentes possam estar cientes dos atos violentos e abusos constantes que possam estar prejudicando o próximo e a si mesmo. Esta hipótese, também considerada confirmada, havendo no entanto, a necessidade de se ressaltar que ainda há muito por se fazer nesse sentido. Terceira hipótese: A família está preparada para lidar com 79 bullying, de maneira que possam proteger seus filhos dos abusos. Não se pode considerar confirmada esta hipótese, visto que, se está ciente da falta de capacitação da maioria dos pais para que cumpram com seu dever de educar seus filhos, bem como pela grande polêmica em torno da interação pais e escola, o que se considera imprescindível nesta luta contra a violência escolar. 80 REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS ABRAMOVAY, Miriam. Drogas na escola. Brasília: Unesco, 2002. AZEVEDO, M. A. & GUERRA, V. N. A. Mania de bater: A punição corporal doméstica de crianças no Brasil. São Paulo: Iglu, 2001. BEAUDOIN e TAYLOR. Bullying e Desrespeito: Como acabar com essa cultura na escola. Rio de Janeiro: Artmed. 2006. BRASIL. Código Civil Brasileiro. 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