Celular e Saúde: Os efeitos das ondas eletromagnéticas na saúde humana
Com o crescimento dos usuários de telefones celulares, é natural que surjam dúvidas sobre saúde e segurança
no uso diário de tais aparelhos.
Este tutorial procura elucidar essa questão, apresentando valores limites e condições de exposição de pessoas
às radiações eletromagnéticas geradas pelos sistemas celulares, e os órgão que mantém informações e
recomendações para o uso e implantação desses sistemas.
Marilson Duarte Soares
Engenheiro de Telecomunicações com onze anos de experiência na área de rádio e sistemas móveis celulares.
Duração estimada: 15 minutos
Publicado em: 12/03/2007
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Celular e Saúde: Introdução
Com o crescimento dos usuários de telefones celulares, é natural que surjam dúvidas sobre saúde e segurança
no uso diário de tais aparelhos.
Em 1997, o número de aparelhos no mundo girava em torno de 150 milhões e nos dias atuais podem-se
observar números superiores aos 2 bilhões.
O aumento dos usuários implica na melhoria da cobertura dos sistemas, com o respectivo crescimento do
número de antenas instaladas em torres e postes, gerando uma maior atenção e questionamento por parte da
sociedade.
Estudos procuram garantir o bem estar da população mundial, apontando limites seguros para exposição às
ondas eletromagnéticas dos celulares e das ERB’s (Estações Rádio Base).
Entretanto, é importante verificar qual a fonte de tais estudos, afinal, uma parte dos boatos sobre malefícios
acaba tendo origem em trabalhos científicos não compreendidos, ou não reconhecidos, sendo impossível que
outros pesquisadores possam reproduzir a maioria deles.
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Celular e Saúde: Espectro de Freqüências
A OMS (Organização Mundial da Saúde – www.who.int/peh-emf) tem um extenso banco de dados com
evidências científicas sobre possíveis efeitos à saúde provocados por campos eletromagnéticos. Vale
ressaltar que esses estudos também estão relacionados com outras transmissões de ondas eletromagnéticas e
não somente com sistemas móveis celulares.
Afinal, a sociedade vive exposta a uma série de fontes de ondas eletromagnéticas no dia a dia, entre elas
podemos rapidamente destacar: linhas de transmissão de energia elétrica, radiodifusão sonora (AM e FM),
radioamador, TV, fornos de microondas, lâmpadas, a luz do sol, etc.
A OMS afirma que nenhum dos recentes trabalhos científicos concluiu que a exposição a campos de
radiofreqüência (RF) de telefones celulares ou por suas ERB’s, cause quaisquer conseqüências adversas à
saúde.
É importante destacar que uma ERB apresenta potências na ordem de 50 Watts, enquanto fontes como
transmissores de TV e rádio (AM/FM) chegam a potências da ordem de 500.000 Watts, ou seja, uma
potência dez mil vezes maior.
Figura 1: Espectro eletromagnético (baseada na OMS).
Na figura 1, pode-se observar que os campos eletromagnéticos são classificados em ionizantes e nãoionizantes. O primeiro tipo é extremamente nocivo a saúde quando utilizado sem o devido controle, sendo
geralmente aplicável à área de instrumentação médica, onde temos o raio-X, que pode quebrar ligações
químicas e danificar o material genético das células, ocasionando doenças como o câncer.
O segundo tipo apresenta freqüências mais baixas que a luz, podendo ser encontrado em praticamente todas
as aplicações da área de telecomunicações, não possuindo capacidade para quebrar ligações químicas. A
interação dos campos não-ionizantes com os seres vivos gera efeito térmico através do aquecimento dos
tecidos, resultado da absorção da energia. Para o corpo humano essa absorção varia com a freqüência e a
potência do campo eletromagnético.
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Celular e Saúde: Limites para Celulares
Diretrizes internacionais regulam a exposição às ondas eletromagnéticas, como pode ser observado na C95.1
adotada pelo ANSI (American National Standards Institute) e também nas recomendações do CENELEC
(Comitté Européen de Normalisation Eletrotechnique), que aplicam valores padrões que garantam uma
margem substancial de segurança, com o objetivo de proteger todas as pessoas, independente da idade ou da
condição de saúde. Os telefones celulares são fabricados atendendo a esses limites padrões.
O padrão de exposição dos telefones celulares emprega uma unidade de medição conhecida como Nível de
Absorção Especifica (SAR - “Specific Absorption Rate”). A Resolução 303, de julho de 2002, publicada pela
ANATEL, segue as diretrizes internacionais e adota o valor de 2 W/kg, na faixa de freqüência dos aparelhos
utilizados no Brasil, independente da tecnologia.
Os telefones celulares são certificados em sua potência máxima, abaixo do limite de 2W/kg, porém, durante
o uso, o valor da potência que os mesmos podem estar emitindo costuma situar-se abaixo do máximo. Isso
ocorre porque o aparelho celular opera com vários níveis de potência, sendo o valor máximo encontrado
somente quando o aparelho está longe de uma ERB e o sinal está muito fraco. Desta forma, quanto mais
perto de uma ERB a pessoa estiver, menor a potência utilizada pelo telefone.
Outra pergunta que as pessoas sempre fazem é sobre os fones de ouvido, pois esses são bem populares entre
os usuários de telefones celulares, graças à flexibilidade que proporcionam. Todos os testes feitos pela
indústria e por laboratórios independentes demonstram que o SAR produzido quando se usa o fone de ouvido
em sua posição normal é significativamente menor que o produzido sem o fone.
Sobre uso de celulares em postos de gasolina, o relatório “Exponent Failure Analysis Associates”
(http://www.wow-com.com/consumer/issues/health/articles.cfm?ID=1040), publicado em 1999 nos EUA,
concluiu que “o uso de telefones celulares em postos de gasolina, sob condições normais de operação,
apresenta um risco insignificante”, e que a probabilidade de tal incidente, sob quaisquer condições, “é muito
remota”. “Os automóveis, que têm várias fontes potenciais de combustão, possuem um maior risco de causar
combustão”, afirmou o relatório. “Finalmente, outras fontes potenciais de combustão estão presentes, como a
descarga estática entre uma pessoa e um veículo”.
Uma análise do Centro de Estudos de Compatibilidade Eletromagnética Sem Fio, da Universidade de
Oklahoma, encontrou uma conclusão similar, em agosto de 2001. De acordo com essa análise, as pesquisas
sobre esses assuntos “não forneceram qualquer evidência sugerindo que os telefones celulares apresentam
riscos em postos de gasolina”.
A opinião desses especialistas também se apóia no fato de que não houve, no mundo, nenhum incidente em
postos de gasolina causados pelo uso de telefone celular, sendo esses usados a mais de uma década pela
população mundial.
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Celular e Saúde: Limites para ERB's
Segundo a Resolução 303, para os níveis de exposição associados à irradiação das ERB’s, deve ser
observado o valor de densidade de potência, expresso pela fórmula f / 200, onde f é a freqüência em MHz,
definido pela ICNIRP (International Commission on Non-Ionizing Radiation Protection).
Desta forma, devem ser encontrados valores iguais ou menores que 4,35 W/m2, para medidas ao redor de
uma estação operando em 870 MHz, e valores iguais ou menores que 9 W/m2, para estações operando em
1,8 GHz. Essas medidas devem ser realizadas onde possam residir ou passar pessoas.
Utilizando os valores acima, pode-se concluir que uma distância mínima de seis metros da frente de uma
antena nas faixas de operação dos sistemas móveis é suficiente para garantir medidas que não gerem
malefícios à saúde. Essa distância está considerando um indivíduo no mesmo nível que a antena, ou seja,
podendo ver à frente da antena a seis metros desta.
Uma antena instalada em uma torre ou poste (ERB) costuma estar entre 10 a 50 metros de altura. Portanto, a
única forma de um indivíduo estar a seis metros do centro da antena e com visada direta (em sua frente),
seria em um apartamento próximo, que nesse caso precisaria estar afastado desta distância mínima.
As pessoas podem andar na área interna reservada a operadora e, até mesmo tocar na torre da ERB, que vão
receber uma densidade de potência muito menor que os limites especificados pela ICNIRP.
Figura 2: As ondas eletromagnéticas (sinal) e suas direções.
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Quando a antena é colocada no topo de um prédio, as ondas eletromagnéticas enviadas por ela serão
direcionadas para frente, a fim de alcançar os telefones celulares que estejam nas ruas próximas ao edifício.
Como as antenas possuem esse direcionamento de energia, a quantidade de energia irradiada para baixo (na
direção dos telhados) passa a ser praticamente nula, reduzindo a distância mínima em alguns centímetros na
direção do telhado, não resultando em riscos para pessoas que estejam no último andar.
No caso de antenas de micro-células em operação nas fachadas de prédios, as distâncias passam a ser de
alguns centímetros, pois a potência transmitida por esse tipo de antena é cerca de dez vezes menor quando
comparada a uma ERB.
Quando a aplicação passa a ser “indoor”, ou seja, pequenas antenas para sistemas móveis dentro de lojas,
prédios, etc, a potência transmitida passa a ser cerca de cinqüenta vezes menor que a potência de uma ERB.
Portanto, pouquíssimos centímetros são suficientes para garantir segurança.
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Celular e Saúde: Considerações Finais
Avaliações técnicas, operacionais e civis, vão permitir a implantação das ERB’s em cidades e municípios,
garantindo a segurança e o bem estar da população. Essas avaliações são de competência da ANATEL,
quando os aspectos são relacionados com a prestação do serviço, e das prefeituras, governos estaduais e
federais, quando são relacionados com aspectos civis.
Figura 3: Distribuição correta das competências para garantir segurança.
O aumento no uso de telefones móveis gera dúvidas na sociedade em relação à sua segurança, sendo grande
parte destas dúvidas relacionadas a problemas de acesso a informações especializadas de instituições sérias
como a OMS (Organização Mundial da Saúde) e ANATEL, bem como a falta de sua apresentação de forma
inteligível à população em geral.
Portanto, a divulgação destas informações par a sociedade passa a ser de grande importância para evitar
confusões e temores infundados que podem gerar um atraso em nossa sociedade com a não utilização dos
benefícios que a comunicação móvel pode oferecer.
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Celular e Saúde: Teste seu Entendimento
1. Qual é a ordem de grandeza da potência emitida pelas ERB’s das redes celulares e sua comparação
com a potência emitida por transmissores de Rádio e TV?
ERB – 500.000 Watts (média), Rádio e TV – 50 Watts (média), 10.000 vezes inferior.
ERB – 50 Watts (média), Rádio e TV – 500.000 Watts (média), 10.000 vezes superior.
ERB – 50 Watts (média), Rádio e TV – 50 Watts (média), mesma ordem de grandeza.
ERB – 500.000 Watts (média), Rádio e TV – 500.000 Watts (média), mesma ordem de grandeza.
2. Qual é o limite de exposição aceitável para as pessoas ao utilizarem o telefone celular? Quando esse
limite é atingido?
O valor limite é 0,2 W/kg, atingido apenas quando o celular está muito longe de uma ERB e o sinal
está muito fraco, fato que ocorre raramente.
O valor limite é 2 W/kg, atingido apenas quando o celular está muito perto de uma ERB e o sinal está
muito forte.
O valor limite é 2 W/kg, atingido apenas quando o celular está muito longe de uma ERB e o sinal está
muito fraco, fato que ocorre raramente.
O valor limite é 2 W/kg, atingido apenas quando o celular está muito perto de uma ERB e o sinal está
muito fraco, fato que ocorre frequentemente.
3. Qual é o limite de exposição associados à irradiação das ERB’s aceitável para as pessoas? Qual a
distância mínima da frente da antena para garantir que esse limite não seja atingido?
O valor limite é 4,35 W/m2, para uma estação operando em 870 MHz, e 9 W/m2, para estações
operando em 1,8 GHz. A distância mínima para garantir esses valores é de 6 metros da parte traseira da
antena.
O valor limite é 4,35 W/m2, para uma estação operando em qualquer freqüência. A distância mínima
para garantir esses valores é de 600 metros da frente da antena.
O valor limite é 0,35 W/m2, para uma estação operando em 870 MHz, e 0,9 W/m2, para estações
operando em 1,8 GHz. A distância mínima para garantir esses valores é de 0,6 metros da frente da
antena.
O valor limite é 4,35 W/m2, para uma estação operando em 870 MHz, e 9 W/m2, para estações
operando em 1,8 GHz. A distância mínima para garantir esses valores é de 6 metros da frente da
antena.
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