Universidade Regional de Blumenau A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS DO ENSINO NA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO ADOLFO GIORDANI DO MUNICÍPIO DE GRAMADO DOS LOUREIROS – RS. Gladenice Teresinha da Silva1 Vilisa Rudenco Gomes2 RESUMO: Analisou-se a participação da família na solução dos problemas do ensino. Objetivou-se a compreensão das implicações da família para a solução dos problemas e, elencou-se como objetivos específicos, a identificação das estratégias utilizadas frente ao ato de aprender, dos problemas de aprendizagem e, posteriormente, a realização de uma reflexão sobre a responsabilidade das instituições família e escola para o desenvolvimento humano. A pesquisa foi realizada em uma escola da rede pública estadual de um pequeno município do interior do estado do norte do RS, mediante a aplicação de um questionário dirigido a um grupo de docentes. Este estudo remete à constatação da existência grandes barreiras a serem vencidas para a participação mais assídua das famílias no acompanhamento da aprendizagem e da educação dos indivíduos em processo de formação. Palavras-chave: Ensino-aprendizagem. Planejamento. Docência. 1 Introdução Este artigo traz como tema, a participação da família na solução de problemas do ensino e sugere estratégias que podem vir a favorecer a escola na promoção do sucesso dos seus educandos. A investigação foi realizada junto a Escola Estadual de Ensino Médio Adolfo Giordani do município de Gramado dos Loureiros – RS. Avaliou-se o grau de escolaridade dos docentes envolvidos na pesquisa, os recursos por eles utilizados, bem como, a relação de integração da escola com as 1 Aluna do curso de pós-graduação lato sensu em Gestão Escolar e graduada em Ciências Biológicas/ Licenciatura. 2 Professora orientadora: Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2000). Pós Graduada Pela ACE Joinville-SC e Mestranda na FURB Blumenau SC. 2 famílias, o planejamento de projetos e o envolvimento da família em reuniões pedagógicas, conselhos de classes, palestras, SOE3 e demais formações. A abordagem do tema apresentado neste artigo está organizada em sub-itens da fundamentação teórica que compreendem: - Resgate histórico da escola e da família no Brasil; - Os valores humanos na família e na escola; - Estratégias facilitadoras para escola e famílias: práticas que induzem o educando ao sucesso. A escolha deste tema justifica-se a partir de apontamentos da escola, onde são necessárias sequentes intervenções comportamentais dos sujeitos em processo de construção e desenvolvimento, os quais, muitas vezes, são atípicos e, que geram perturbações em seu processo de aprendizagem. Revela-se, pois, no âmbito escolar, a preocupação com a qualidade da aprendizagem dos educandos, empenho e comprometimento com seu sucesso, com sua inclusão social adequada, com a integridade ética, moral. A partir desse contexto eis que surge o problema desta pesquisa: Como a família participa na solução de problemas de ensino e aprendizagem? O objetivo geral da pesquisa em relação ao tema visa compreender as implicações da família para a solução de problemas de ensino. Para se chegar e este objetivo fez-se necessária elencar alguns objetivos específicos, assim definidos: Identificar as estratégias utilizadas frente o ato de aprender; - Identificar problemas de aprendizagem; - Refletir sobre a responsabilidade das instituições família e escola para o desenvolvimento humano. Os autores que fundamentam esta pesquisa são: Antunes (2008), Bolsanello (2006), Bossa (1999), Chaves (2009), Soifer (1982), Freinet (1991), Libâneo (1985), Machado (1975), Oliveira (1993), Poli (2009), Pelt (2006), Gadotti (2000), Tardif (2009), Villamarín (2001), entre outros. 2 Metodologia A investigação é de natureza quantitativa, pois, considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de correlação, 3 Serviço de Orientação Educacional (SOE) 3 análise de regressão, etc.). Resultados precisam ser replicados (MINAYO, 2007; LAKATOS et al, 1985). Focaliza para uma pesquisa de campo, pois é uma “investigação empírica realizada no local onde ocorreu ou ocorre um fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo”. (VERGARA apud CHAVES, 2009, p. 22). A pesquisa de campo foi eleita como meio para esta investigação científica, tendo em vista a pretensão e a necessidade de apurar um fato constatado junto à escola. A pesquisa de campo envolveu 10 professores de Ensino Fundamental e Médio sendo que destes, 09 atuam nas séries finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio e, apenas 01 docente atua nas séries iniciais do Ensino Fundamental, no Currículo por Atividade – CPA. Foram questionados docentes de variadas áreas curriculares, numa tentativa de constatar a existência do trabalho integrado com a família em prol da educação global do ser humano. Segundo Oliveira (2005) “O questionário permite que o pesquisador conheça algum objeto de estudo”. Para tanto, um questionário com cinco perguntas fechadas foi aplicado junto aos professores como forma de coleta de dados para esta análise. 3 Resgate histórico da família e da escola no Brasil Rivière (apud SOIFER,1982) conceitua a família como sendo uma estrutura social básica, que se configura pelo entrejogo de papéis diferenciados (pai, mãe, filho) entrejogo que constitui o modelo natural de interação e grupo. Contudo, mediante a constante evolução que se configura no mundo atual, é perceptível a mudança na estrutura familiar vivenciada neste século XXI que se compõem de diversas formas como por exemplo, pai e filhos, mãe e filhos, mãe ou pai solteiros, avós e netos, tios e sobrinhos, casais e filhos adotados, homossexuais progenitores e/ou filhos adotados, dentre outros. Neste sentido, amplia-se a visão estrutural de família em concordância com Soifer (1982, p.22 a) quando se refere à família como um núcleo de pessoas que convivem em determinado lugar, durante um lapso de tempo, mais ou menos longo e que se acham unidas (ou não) por laços consanguineos. Este núcleo se acha relacionado com a cultura e ideologia particulares, bem como, recebem dele influências específicas. Bossa (2000) revela que a escola, enquanto instituição formal surge no século XVIII a partir da necessidade que surgia de educar a população, especialmente as 4 crianças e adolescentes para a importância da higiene e da disciplina como um meio de evitar epidemias. Houve a participação dos religiosos que proporcionaram para a instituição escola um aspecto de educação moralista, religiosa e disciplinar, mais precisamente sob o ponto de vista da Educação Sexual. O ensino-aprendizagem e a construção do conhecimento eram reservados à nobreza que recebia em suas moradas os preceptores para orientá-los. Percebe-se, pois, que num primeiro momento a vocação da escola não era a de ensinar. (BOSSA, 2000) Questões como a disciplina, autoridade e comportamento imperam o processo do conhecimento que, fora arrastado pela tradição escolar e pelas teorias pedagógicas. As metodologias de ensino originaram-se permeadas por pensadores da autoridade do educador que devia ser capaz de ensinar/instruir e, ao educando, cabia a obrigatoriedade de absorver a aprendizagem oferecida, munir-se da disciplina e se enquadrar nos padrões comportamentais, além de que, devia obediência e respeito ao educador. A partir dessa visão, se constituíram as teorias pedagógicas que passarão a fundamentar as metodologias e práticas de ensino dentro da instituição escola. Com o passar dos tempos ocorre mudanças no enfoque sobre a escola enquanto instituição, mas os pilares permanecem praticamente os mesmos. Essa percepção se dá, da observação quanto à distribuição dos alunos nas salas de aula, da maneira com que a docência pensa sua relação com o discência, pois, praticamente três séculos de história se passaram e não se nota mudanças significativas desde que a escola teve origem. Segundo Bossa(2000) escola deve ser observada como uma instituição multicultural, onde habita uma rica diversidade de formas, de pensamentos, crenças, ações, enfim, ao pensar a escola como uma instituição única, então sim, é possível identificar os pilares e teorias pedagógicas a que se propõem à escola, as políticas educacionais que a regem, bem como, suas características particulares e demais elementos como as facilidades e dificuldades a fim de conhecer as diferentes queixas e/ou virtudes. Se a queixa existe, deve existir um objetivo maior que é o de prevenção do fracasso a fim de minimizar os prejuízos decorrentes dele. Há concordância com Bossa por acreditar que: A dificuldade de aprendizagem pode ser pensada como um sintoma (...). Porque o fracasso escolar ou dificuldade de aprendizagem não é a causa em si, e sim o resultado de uma série de fatores que criaram aquela 5 situação desfavorável. (...) O fracasso escolar tem uma função importantíssima, a função de dizer que é hora de mudar, que passou da hora de mudar, que é preciso modificar a vocação da escola, é preciso pesquisar, construir conhecimento para que a escola faça, de fato, a sua função. (BOSSA, 2000, p.21) O ato de aprender deve se visto pela escola, como uma atividade mobilizada no embasamento da realidade concreta da vida do educando e, que proporciona a ação e a reflexão com ênfase no processo de apropriação do saber individual e/ou coletivo, a partir da problematização, do diálogo e da criticidade, estando ainda, sujeita a proceder uma auto e hetero-avaliação com o objetivo de transformar a realidade que se apresenta como desfavorável. Para Gadotti (2000, p. 42) A escola não deve apenas transmitir conhecimentos, mas também preocupar-se com a formação global dos alunos, numa visão onde o conhecer e o intervir no real se encontrem. Mas, para isso, é preciso saber trabalhar com as diferenças, isto é, é preciso reconhecê-las, não camuflá-las, e aceitar que para me conhecer, preciso conhecer o outro. Nesse sentido, o docente, deverá ter como meta durante sua estada nesta área profissional, a capacidade de gerenciar suas práticas pedagógicas, voltadas também ao desenvolvimento do Ser, no ser humano. 3.1 Os valores humanos na família e na escola Toda criança é vista como portadora do futuro do mundo. Mas, a vulnerabilidade da sua proteção e segurança do seu desenvolvimento social e psicológico pautado na normalidade e na manutenção do equilíbrio do ambiente em que está inserida, se expressa como requisito que ainda exige cuidados. Se um dia os homens souberem raciocinar sobre a formação dos seus filhos como o bom jardineiro raciocina sobre a riqueza do seu pomar, deixarão de sentir os eruditos que, nos seus antros, produzem frutos envenenados que matam ao mesmo tempo quem os produziu e que os come. Restabelecerão valorosamente o verdadeiro ciclo da educação: escolha da semente, cuidado especial do meio em que o indivíduo mergulhará para sempre as suas raízes poderosas, assimilação pelo arbusto da riqueza desse meio. A cultura humana será, então, a flor esplêndida, promessa segura do fruto generoso que amadurecerá amanhã. (FREINET, 1991, p.7) Presencia-se atualmente, outra geração em que, com medo de repetir os percalços do passado, dá-se muito poder aos filhos, que por imatura competência submetem os pais à tirania das suas vontades. O enfraquecimento da autoridade dos pais, como conseqüência direta da falta de valores, permite que as crianças hoje sejam informadas de certas coisas muito precocemente e tomem contato com assuntos inadequados a sua idade. Por falta de uma disciplina firme, ditada por uma autoridade autentica vinda dos pais, as crianças vêem tudo o que querem na TV, em 6 revistas e em videogames, nos horários em que bem entendem, sem que haja um direcionamento dessas informações que recebem. (POLI, 2009, p.15) Ao pensar a aprendizagem do educando, vislumbra-se o contexto familiar e escolar ligados diretamente à formação do ser humano. Bossa (2000) lembra que “até o início da vida escolar do educando, a família é a única responsável pela formação psíquica da criança”. Portanto, algumas práticas familiares se embasam nos elementos fundamentais como valores éticos e morais, bons pensamentos e desejos para a efetivação da aprendizagem do educando. Libâneo (1985, p.67) evidencia que “o que um aluno é, depende daquilo que o meio social permite que ele seja. A ação pedagógica pressupõe a compreensão do significado social de cada comportamento, no conjunto das condições de existência em que ocorre”. Neste contexto, entro em concordância com Bossa (2000) quando considera que o peso da participação da família é essencial, não somente ao longo do processo de aprendizagem, nem somente ao longo da vida escolar, mas desde o nascimento da criança. E, neste século XXI, em que pais e mães trabalham fora, para manter a família constituída, os filhos ficam a mercê de outras pessoas, estranhas à família e muitas vezes, sem preparo para educar com responsabilidade. Para compensar a ausência dos pais, quando estes estão em casa, junto dos filhos, acabam deixando-os fazer o que bem entendem o que bem querem e, de posse da liberdade posta pelos seus genitores, abusam. Faz parte da educação, assumir a responsabilidade de estabelecer regras e limites, participar do desenvolvimento da auto-estima e propiciar uma comunicação de mão dupla com os filhos.. (BRUSCAGIM apud PELT 2006, p.3) Os pais que se fazem presentes na educação e na aprendizagem dos filhos estão estabelecendo a comunicação de mão dupla. Para Villamarín (2001) os pais devem dar aos seus filhos uma educação capaz de transformá-los em pessoas responsáveis, honestas e produtivas, pois, o futuro de cada indivíduo e da coletividade, dependem, da qualidade do trabalho educativo que os pais fizerem. E, isso refletirá na aprendizagem junto à escola. O embasamento tecnológico e científico é o alicerce que garante a qualidade do ensino, mas, recai na figura do profissional docente, o papel de encantar, de seduzir, de fascinar em sua jornada e, a exigência de que este seja um sujeito ativo, 7 criativo, que possua a capacidade de superar os preconceitos e as dificuldades da profissão. E, que esteja apto a agir com segurança e repúdio frente aos interesses particulares e vantagens individualistas. 3.2 Estratégias facilitadoras para escola e famílias: práticas que induzem o educando ao sucesso Atribuir maior importância ao desenvolvimento e comportamento humano, sobre tudo, durante a infância, se faz imprescindível, pois, a educação recebida nessa fase, se torna decisiva para a formação da personalidade da criança. No que se refere á família e sua função social, entra-se de acordo com Oliveira (1993, p. 92) quando diz uma das funções principais da família é a função educacional e, que esta é a responsável pela transmissão à criança dos valores e padrões culturais da sociedade. A família é tida como primeira agência que socializa a criança. A família de hoje repassa à escola, em grandes parcelas, a tarefa de educar, resta à escola abrir as portas a elas e ajudá-las nessa tarefa educativa visando a integridade da formação do ser humano, a diminuição da violência e o pleno desenvolvimento, em todos os aspectos, principalmente no que se refere à aprendizagem. Nesse sentido, entro em acordo com Machado (1975), pois, acredita que família e escola tornam-se as promotoras da criança e do adolescente no auxílio do seu desenvolvimento da aprendizagem, da educação e no fortalecimento para a convivência social. 3.2.1 As reuniões de pais na escola Para Gadotti (2000) as reuniões de pais na escola devem informá-los sobre a estrutura e o funcionamento, devem ser realizadas, posteriormente aos conselhos de classes sempre priorizando os informativos gerais, as programações e elaborando uma análise dos resultados obtidos até o dado momento. Nesse sentido, a escola e seus profissionais precisam oportunizar os pais e/ou responsáveis pelos educandos a oportunidade de fazer colocações e sugerir melhorias para o processo educativo 8 Além disso, os pais possuem o livre arbítrio ao acesso à escola, pode e deve, de fato, participar da vida escolar dos seus educandos. 3.2.2 A função do SOE O Serviço de Orientação Educacional (SOE) ou ainda a Supervisão Escolar, permite aos pais uma maior participação e acompanhamento daqueles que se encontra com dificuldades, bem como, permite a qualquer momento, que os pais e/ou responsáveis façam o acompanhamento da vida escolar dos seus educandos. 3.2.3 O trabalho interdisciplinar e a pesquisa orientada A proposta de trabalho interdisciplinar e pesquisa orientada nas escolas, os educandos passam ter a possibilidade de relacionar os conteúdos das diversas áreas do conhecimento em todos os projetos elaborados pela escola e/ou propostos pelos discentes. “A superação da fragmentação do conhecimento é estimulada por meio da interdisciplinaridade. [...] duas questões se impõem como fundamentais para efetivar essa mudança: a capacidade da escola de concretizar na prática os princípios de interdisciplinaridade e de contextualização do currículo e a organização e aproveitamento do tempo escolar.” (RIO GRANDE DO SUL, 2009, p.31 a) O trabalho interdisciplinar, em conjunto com a pesquisa orientada torna-se um elemento indispensável para a instituição escola. Nesse sentido concorda-se com Morim (2000, p. 35-36) quando nos coloca: Para articular e organizar os conhecimentos e assim reconhecer os problemas do mundo, é necessária a reforma do pensamento. [...] existe inadequação cada vez mais ampla, profunda e grave entre, de um lado, os saberes desunidos, divididos, compartilhamentados e, de outro, as realidades ou problemas cada vez mais multidisciplinares, transversais, multidimensionais, transnacionais, globais e planetários. Essa reforma de pensamento, onde aparece a proposta de trabalhar a interdisciplinaridade em conjunto com a pesquisa orientada, é uma das apostas dos estudiosos capaz de reverter ou amenizar a problemática que dificulta a efetivação da aprendizagem. Zitkoski (2000) coloca que, “o processo educativo deve ser desencadeado nas condições de aprender criticamente. Tal processo se dá quando encontram-se educandos e educadores permeados pela criação, investigação, curiosidades, humildade e persistência”. Sendo assim, o trabalho docente necessita ser elaborado com cuidado e maior interação no contexto escolar. Tardif (2009, p.38) nos deixa bem claro que: 9 Em síntese, trabalho docente não consiste apenas em cumprir ou executar, mas é também a atividade de pessoas que não podem trabalhar sem dar um sentido ao que fazem, é uma interação com outras pessoas: alunos, os colegas, os pais, os dirigentes da escola, etc. Essa relação de interação no espaço escola contribui para a efetivação do trabalho interdisciplinar e de pesquisas orientadas, pois, envolve a participação de todos em prol da aprendizagem. 4 Análise dos dados Esta pesquisa focaliza as implicações da família para a solução de problemas de ensino, numa averiguação realizada a partir da identificação e caracterização das diferentes práticas de abordagens metodológicas da escola. Para a coleta dos dados realizou-se a aplicação de um questionário (Anexo I), com cinco (05) questões, aplicado para dez (10) professores, no âmbito educacional da Escola Estadual de Ensino Médio Adolfo Giordani do município de Gramado dos Loureiros – RS. O presente estudo selecionou cinco variáveis: I) Formação do educador (magistério; superior incompleto; superior completo; especialização); II) Recursos utilizados pelo docente para ensinar e/ou aprender; III) Trabalho integrado entre a família e a escola; IV) Planejamento de projetos, pesquisas ou temáticas transversais; V) Participação faz famílias em reuniões, conselhos de classes, SOE, ou palestras na escola. No que se refere à variável I, constatou-se que dos dez (10) entrevistados apenas 01 possui apenas o magistério, 08 docentes possuem algum tipo de especialização e 01 docente está cursando o mestrado. A maior parte dos docentes são portadores de título de especialistas, a responsabilidade de a escola propiciar aos seus discentes um ensino e aprendizagem que garanta a qualidade fica sendo ainda maior. Neste caso, a compreensão da relação entre a teoria e a prática desenvolvida pelos professores 10 na construção de saberes na sala de aula, traduz uma perspectiva de práxis transformadora. Quanto à variável II, todos os docentes responderam que trabalham com quadro e giz, livro didático, Xerox, pesquisas (nem sempre orientadas), e apresentação de trabalhos individuais e coletivos. A aula constitui-se em um espaço onde professor e aluno realizam o contínuo processo de ensino e aprendizagem e, é no recinto da sala de aula que o processo desencadeia o conhecimento, que então, passa a efetivar o ato educativo e tornar real o trabalho do profissional docente. Portanto, quanto mais recursos o docente dispor para o enriquecimento de sua prática, melhores serão os resultados. Nesse sentido, Tardif (2009) nos coloca que “a docência se desenvolve num espaço já organizado que é preciso avaliar”. Assim, acredita-se que a docência necessita olhar mais a fundo para metodologias de trabalho, as quais promovam o ato educativo de forma mais ampla e envolvendo mais diretamente o trabalho interdisciplinar e a pesquisa orientada, seja ela no âmbito escolar ou familiar. Concordo com Antunes (2008, p.27) quando diz que: O professor favorece a autonomia de seu aluno, e o trabalho em grupo estimula o confronto de ideias que favorece tanto os alunos mais adiantados quanto os menos adiantados. Como verdadeiro estimulador da aprendizagem, propõe desafios, interroga, debate, arquiteta problemas e estimula seus alunos a pesquisar e a descobrir. Dessa forma estará, o docente, utilizando a pesquisa orientada como uma estratégia pedagógica que favorece o interesse pela aprendizagem do educando. Na variável III e IV, 100% as respostas indicaram que a escola trabalha de forma integrada e realiza planejamentos com a família dos educandos, somente às vezes, dependendo da temática, o que causa muita preocupação e inviabiliza a qualidade do ensino prestado pela escola, pois família e escola poderiam ser parceiras no que se refere ao ato de ensinar, aprender e educar. A parceria entre a escola e a família é a garantia para uma formação integral e eficaz, pois a escola é uma extensão de cunho científico para aprimorar tudo o que a família e a sociedade impõem e/ou necessitam dos seus indivíduos. Embora a família se incumbisse outrora da educação e até da instrução de sua prole, desde que uma determinada atividade reunisse os requisitos de certa complexidade e distância do ambiente doméstico, que a educação formal – a escola- fez sua aparição no meio social. Ela é assim, por excelência, a agência encarregada da educação formal dos indivíduos. (MACHADO, 1975, p.152-153) 11 Mediante o exposto por Machado (1975) vê-se a necessidade de a escola buscar ampliar as parcerias junto às famílias dos educandos no que se refere ao planejamento e a participação, por acreditar que assim, a família passaria a exercer com maior responsabilidade o seu papel social que é o de educar fora do contexto cientifico, e, dessa forma, auxiliando a escola a melhorar o desempenho na socialização da educação formal que é a de discutir e promover o saber de cunho científico junto aos discentes. Para a última questão da investigação, os docentes, quando questionados sobre a participação dos pais em visitas informais, reuniões pedagógicas, reuniões de pais, conselhos de classe, conversas com o Serviço de Orientação Educacional (SOE), em palestras e/ou outro tipo de formação, 02 responderam que os pais participam somente às vezes quando convidados; 05 somente quando convidados e 03 responderam que os pais não participam na vida escolar dos filhos nem mesmo, quando a escola os chama. Considerando os dados obtidos, observe a Figura 01: Pais que particípam quando convidados Pais que não participam Pais que participam às vezes, quando convidados Tabela 1: Demonstra o índice de participação de pais na vida dos discentes na escola pesquisada, segundo informação da docência. As proporções indicam que a participação das famílias superam distâncias consideradas, comparando-as às sociedades passadas, quando que as famílias tradicionalmente constituídas e com problemas cotidianos menos expressivos se faziam mais presentes na educação e na aprendizagem dos seus indivíduos. Mas, cabe aqui ressaltar que em acordo com o que nos coloca Bolsanello (2006) quando diz que: “ Pode-se adotar qualquer técnica, qualquer metodologia, qualquer sistema ou escola pedagógica, mas jamais algum deles poderá substituir o esforço pessoal do estudante”. 12 Acredita-se que, tais situações aqui levantadas a partir da pesquisa e a partir de uma visualização global da sociedade, são indispensáveis para a percepção da necessidade de uma reflexão-ação severa a fim de recuperar o domínio do processo educativo como forma de transformação social, tendo em vista, que sem uma transformação mais radical das estruturas sociais, não se conseguirá restituir as famílias seu compromisso para com a educação e apoio à aprendizagem dos educandos. Todavia, nada justifica o distanciamento e o descaso das famílias no acompanhamento do processo de ensino e aprendizagem dos seus descendentes. 5 Considerações finais A educação parece ser, atualmente, a mais árdua tarefa e o mais difícil dos desafios de uma sociedade. Isso, pois, mediante a pesquisa realizada no que se refere às implicações da família para a solução dos problemas do ensino, constatouse a existência de grandes barreiras a serem vencidas no que se refere ao âmbito educacional fazendo-se necessária uma participação mais assídua dos pais no acompanhamento da aprendizagem e da educação dos filhos. Percebe-se o descaso, a pouca participação das famílias nos chamamentos da escola para reuniões de pais, palestras e no departamento do SOE. As famílias repassam à escola a totalidade da responsabilidade da educação dos educandos, esquecendose que à escola cabe a responsabilidade pela construção do saber científico. Notase a precariedade na dedicação dos pais frente o contexto da educação informal e formal ao mesmo tempo. Quanto às estratégias utilizadas frente ao ato de aprender acredita-se que por parte da escola, exista a necessidade de insistência nos chamamentos realizados às famílias e, mudança estratégicas na forma de realizar as reuniões e/ou fazer os chamamentos. Necessita-se maior firmeza por parte da escola e impor maior participação das famílias nas atividades promovidas pela escola, sempre esclarecendo sobre importância do tempo de dedicação dos pais no acompanhamento da aprendizagem do educando, numa tentativa de sanar os percalços que dificultam a construção do saber científicos e, da educação informal dos seus descendentes. Torna-se primordial para a escola essa parceria, para que se consiga maior excelência na efetivação das práticas pedagógicas quando que, se sucede a construção do conhecimento científico na classe discente. Percebe-se 13 também a existência de muitas limitações e entraves com relação à formação docente contínua, embasada puramente num contínuo aprendizado docente. É preciso que a classe docente esqueça-se parcialmente dos processos burocráticos que compõem os planos de carreira do magistério público estadual e passem a dar maior vasão à construção da aprendizagem que se propõe nas formações continuadas. Fazem-se urgentes e necessárias as parcerias capazes de garantir potencialidades geradoras de transformação das metodologias e das práticas pedagógicas do meio educacional. Com vistas aos problemas de aprendizagem vivenciou-se a necessidade de uma prática docente mais qualitativa e voltada para a solução dos problemas de ensino e aprendizagem. Visualizou-se a existência de uma consciência bem elaborada sobre a tarefa de educar e de efetivar a aprendizagem junto à classe discente, a qual exige um ser pensante, inteligente, criativo e democrático e, que proporcione a abertura de novas perspectivas no processo sistêmico da aprendizagem que envolve uma ampla claridade política e graus elevados de competência científica. Outro fator considerável a ser lembrado aqui, é mais uma vez, o descaso das famílias frente ao real papel da educação informal e às cobranças, na maioria das vezes infundadas, por parte dos pais, que acabam gerando desconforto e desmotivando a classe docente. Vê-se que a família e a escola necessitam repensar suas funções frente ao contexto da educação e elevar a consciência frente à solução dos problemas do ensino. Necessita-se de um pensar mais profundo em relação ao futuro dos seus aprendizes. Necessita-se aguçar a capacidade e superar os limites diários da prática educativa e seus conflitos, sempre avançando para novas estruturações na ação pedagógica e educativa, direcionando-a para a construção de hábitos mais criativos, participativos e decisivos na formação de sujeitos sociais conscientes e aptos à experimentação das práticas cotidianas embasadas no conhecimento cientificamente adquirido. A reafirmação da autoridade do educador, sem autoritarismo, se faz imprescindível, tanto na escola quanto na família, propondo regras e limites aos educandos; - família e escola devem planejar juntas, alguns momentos de reflexão-ação em prol de uma formação psíquica mais equilibrada e sadia, longínqua de qualquer tipo de violência ou agressão; - a promoção da autoestima e do diálogo sadio deve prevalecer no convívio escolar e familiar. 14 6 Referências ANTUNES, C. Piaget, Vygotsk, Paulo Freire e Maria Montessori em minha sala de aula. – São Paulo: Ciranda Cultural. 2008. – (Um olhar para a educação). BOLSANELLO, A. Análise do comportamento humano: conselhos para crianças: educação, saúde, psicologia [Et.al.} – Belo Horizonte, MG: Editora FAPI, 2006. BOSSA N. Psicopdagogia. --Ed. Revisada. CEDIC – LTDA,1999. CHAVES, L. C. P. Metodologia da pesquisa científica. Blumenau: Edifurb; Gaspar: SAPIENCE Educacional, 2009. FREINET, C. Pedagogia do Bom senso, tradução J. Baptista, 2 ed. Martins Fontes, 1991. GADOTTI, M. Perspectivas atuais da educação. – Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A.: Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo. Ed. Atlas, 1985. Disponível em http://www.webartigos.com/articles/10409/1/Conceitos-Em-PesquisaCientifica/pagina1.html#ixzz1QR5duITp em 22/06/2011. LIBÂNEO, J.C. Democratização da escola pública. São Paulo: Loyola, 1985. MACHADO, A.L.N. Sociologia básica. -São Paulo: Saraiva, 1975. MINAYO MC. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. Rio de Janeiro: Abrasco; 2007. Disponível em http://www.webartigos.com/articles/10409/1/Conceitos-Em-PesquisaCientifica/pagina1.html#ixzz1QR4ZLxPD em 22/06/2011. OLIVEIRA, P. S. Introdução à sociologia da educação. -São Paulo: Ática, 1993. __________ D. P.R, Sistemas, organização e métodos: uma abordagem gerencial. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2005. PELT, N. V. Como formar filhos vencedores. Brasileira, 2006. Tatuí, SP: Casa Publicadora POLI, C. Viva a infância!: ajude seu filho a ser criança para se tornar um adulto realizado. – São Paulo: Editora Gente, 2009. RIO GRANDE DO SUL. Secretaria de Estado da Educação. Departamento pedagógico. Referenciais Curriculares do Rio Grande do Sul: Ciências da Natureza e suas Tecnologias. – Porto Alegre: SE/DP, 2009. TARDIF, M. O trabalho docente: elementos para a teoria da docência como profissão de interações humanas/ Maurice Tradif, Claude Lessard; tradução de João Batista keuch. 5 ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. 15 VILLAMARÌN, A. J.G. A educação racional. Porto Alegre: AGE, 2001. ZITKOSKI, J.J. A construção da postura pedagógica e a reflexividade da consciência. Pesquisa em Ciências Humanas – Série pesquisas. Org. Edite Mª Sudbrack. Frederico Westphalen, Ed. URI, 2000. ABSTRACT It was examined whether the participation of the family in solving the problems of education. Objectified if the understanding of the implications for the solution of family problems and presented themselves as specific objectives, the identification of strategies used in front of the Act of learning, learning problems, and subsequently, the realization of a reflection on the responsibility of the institutions of family and school for human development. The survey was conducted in a public school of a small town in the State of the interior of the Northern State of RS, by applying a questionnaire directed to a group of teachers. This study refers to the finding of the existence of major barriers to be overcome for more assiduous participation of households in the monitoring of learning and education of individuals in the process of training. Keywords: teaching and learning. Planning. Teaching. 16 ANEXO I Questões de pesquisa QUESTÕES DE PESQUISA PARA EDUCADORES “[...] PESQUISAR EM ENSINO É, SOBRETUDO REFLETIR CRITICAMENTE SOBRE A PRÁTICA DOCENTE [...]” (Moreira, 1990) 1) ( ( ( ( ( ( O seu grau de escolaridade é: ) Fundamental Incompleto; ) Médio Incompleto; ) Magistério ) Superior completo. ) Superior Incompleto. ) Pós- graduação – especialização/mestrado/doutorado 2) Quais dos recursos abaixo que você mais utiliza para aprender ou ensinar? ( ) Quadro verde, giz, livro didático, xérox e audiovisuais; ( ) Quadro verde, giz, livro didático, xérox, audiovisuais pesquisas orientadas, apresentação de trabalhos individuais e coletivos; ( ) Quadro verde, giz, livro didático, xérox, audiovisuais, pesquisas orientadas, apresentação de trabalhos individuais e coletivos e aulas práticas com visitação interna/externa à escola, quando necessário; ( ) Quadro verde, giz, livro didático, xérox, audiovisuais pesquisas orientadas, apresentação de trabalhos individuais e coletivos, aulas práticas com visitação interna/externa à escola, quando necessário e portfólios; ( ) Quadro verde, giz, livro didático, xérox, audiovisuais, pesquisas orientadas, apresentação de trabalhos individuais e coletivos, aulas práticas com visitação interna/externa à escola, quando necessário, portfólios, dinâmicas diferenciadas com uso de mensagens e outras técnicas. 17 3) Sua escola trabalha de forma integrada com a família? ( ) sim ( ) não ( ) as vezes, em projetos 4) Os trabalhos/projetos/ pesquisas e/ou estudos temáticos transversais na sua escola são planejados juntamente com a família? ( ) sim, sempre ( ) não ( ) as vezes, dependendo da temática 5) A família dos seus educandos participa efetivamente da escola em visitas informais, reuniões pedagógicas, reuniões de pais, conselhos de classe, conversas com o SOE, em palestras e/ou outro tipo de formação? ( ) sim, sempre ( ) sim, quando julgam necessário ( ) as vezes, quando convidado ( ) somente quando convocado ( ) não participa