UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS E CIÊNCIAS EXATAS GIRLAINE SOUZA DA SILVA ALENCAR CÓDIGO DE CONDUTA: UMA POTENCIALIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA FLORICULTURA DO AGROPOLO CARIRI/CE Rio Claro - SP 2013 GIRLAINE SOUZA DA SILVA ALENCAR CÓDIGO DE CONDUTA: UMA POTENCIALIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA FLORICULTURA DO AGROPOLO CARIRI/CE Tese de Doutorado apresentada ao Instituto de Geociências e Ciências Exatas do Campus de Rio Claro, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutora em Geografia. Orientadora: Profa. Dra. Sandra Elisa Contri Pitton Rio Claro - SP 2013 GIRLAINE SOUZA DA SILVA ALENCAR CÓDIGO DE CONDUTA: UMA POTENCIALIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA FLORICULTURA DO AGROPOLO CARIRI/CE Tese de Doutorado apresentada ao Instituto de Geociências e Ciências Exatas do Campus de Rio Claro, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutora em Geografia. Comissão examinadora __________________________________________ Profa. Dra. Sandra Elisa Contri Pitton (Orientadora) __________________________________________ Profa. Dra. Roseana Corrêa Grilo __________________________________________ Prof. Dr. João Medeiros Tavares Júnior __________________________________________ Prof. Dr. Antônio Carlos Tavares __________________________________________ Profa. Dra. Iara Regina Nocentini André Rio Claro- SP, 16 de Abril de 2013. Resultado: APROVADA A Deus, Senhor de todas as coisas, dedico mais esta conquista. A Hugo, meu marido, pelas contribuições, apoio e carinho dado em dobro os nossos filhos nas minhas ausências. A Maria-Vitória, Henrile e Athos, meus filhos, pelo amor e pela paz dos seus sorrisos. Aos meus pais Antônio Pereira da Silva e Geuza Souza da Silva pelo estímulo e dedicação. AGRADECIMENTO A minha orientadora, Profa. Dra. Sandra Elisa Contri Pitton, pela dedicação e pelas inestimáveis contribuições para o aprimoramento deste trabalho. Aos professores Dra. Iára Regina Nocentini André e Dr. Antônio Carlos Tavares pelas ricas contribuições na Qualificação desta tese. Aos professores da Pós-Graduação do IGCE, pela atenção prestada durante e após as aulas, especialmente ao Prof. Dr. João Afonso Zavattini pelo fornecimento de material sobre Climatologia. Ao Reitor do IFCE, o Prof. Cláudio Ricardo Gomes de Lima, pelo empenho para a consolidação do convênio IFCE/UNESP Rio Claro, sem o qual não seria possível a realização desta capacitação. A Sandra Sartori, Rosemeide Franchin e Vera Lúcia de Almeida, secretárias dedicadas, meu abraço e meus sinceros agradecimentos. Aos trabalhadores do setor da floricultura do Agropolo Cariri/CE, pela oportunidade de realizarmos este trabalho juntos. A Rita de Cássia Feitosa e Raimunda Felipe, por me ajudarem a contar a história da floricultura do Cariri. Aos meus colegas do doutorado, em especial Benedita Lopes Rocha e Severina Gadelha, pelo companheirismo e amizade. Aos bolsistas Paulina Moreno, bolsista e Cícero Antônio Amorim dos Santos, que muito contribuíram na elaboração dos mapas desta tese. A Damiana Benjamin pelas contribuições na formatação de fotos e mapas. A coordenação e aos bolsistas do setor de informática do IFCE Campus Juazeiro do Norte pelos constantes ajustes nos computadores do Laboratório. Aos motoristas do IFCE Campus Juazeiro do Norte pelas viagens em busca das propriedades de flores do Agropolo Cariri/CE. À FUNCAP, CNPq e IFCE pela concessão de bolsas. “Cabe ao Homem compreender que o solo fértil, onde tudo o que se planta dá, pode secar. Que o chão que dá frutos e flores, pode dá ervas daninhas. Que a caça se dispersa e a “Terra da fartura” pode se transformar na “Terra da penúria e da destruição”. O Homem precisa entender que da sua boa convivência com a Natureza depende a sua subsistência e que a destruição da Natureza é a sua própria destruição. Pois a sua essência é a Natureza, a sua origem e o seu fim.” (Elisabete Jhin, 2012). RESUMO O estado do Ceará tem se destacado no âmbito nacional como um importante produtor e exportador de flores e plantas ornamentais. O Agropolo Cariri/CE, devido às condições edafoclimáticas adequadas a esta atividade e aos incentivos do governo também tem expandido a sua produção. Entre os anos de 2000 e 2010 a área plantada evoluiu 1.837,29%. Entretanto, o setor da floricultura, assim como as demais atividades produtivas, gera impactos ambientais que devem ser bem gerenciados, especialmente nesta região devido à suscetibilidade de contaminação do lençol freático por insumos químicos, pelo fato da sua formação geológica ser essencialmente sedimentar. Estudos realizados nesta região apontam a necessidade de um gerenciamento ambiental no setor, especialmente no controle do uso de agrotóxicos e fertilizantes e saúde e segurança dos trabalhadores. Esta pesquisa foi realizada nas quatro cidades do Agropolo Cariri/CE que têm base produtiva organizada no setor da floricultura: Barbalha, Crato. Jardim e Juazeiro do Norte. E teve como objetivo sistematizar de um Código de Conduta para o setor no sentido de amenizar os impactos socioambientais gerados pela atividade. Para isto, foram utilizadas como parâmetros as exigências dos programas de rotulagem socioambiental Milieu Programma Sierteelt – MPS e EUREPGAP Flowers and Ornamentals Version 1.1-Jan04 e da Legislação brasileira que dispõe sobre o setor agrícola. O levantamento das propriedades foi feito junto aos órgãos de assistência técnica (EMATERCE, Instituto Agropolos e SEBRAE/CE) e associações de produtores. Em seguida foram feitas expedições para localização das propriedades e aplicação dos formulários para levantamento de dados sobre a realidade do setor. Posteriormente realizou-se uma comparação entre a realidade da floricultura da região em estudo e a produção sustentável. Os instrumentos utilizados foram: conversas informais e entrevistas com produtores, levantamento bibliográfico, filmagens e registro fotográfico. Constatou-se que a situação do setor da floricultura do Agropolo Cariri/CE é de extrema vulnerabilidade, principalmente referente à saúde e segurança dos trabalhadores, uso e manuseio de agrotóxicos e fertilizantes. Foi sistematizado um Código de Conduta que tem o objetivo de minimizar os impactos socioambientais do setor. Entretanto, é indispensável à participação de todos os agentes envolvidos na sua gestão e principalmente dos consumidores exigindo produtos gerados dentro de critérios sustentáveis. Palavras-chave: Sustentabilidade. Rotulagem ambiental. Segurança no trabalho. Gestão ambiental. ABSTRACT The state of Ceará has grown nationally as a leading producer and exporter of flowers and ornamental plants. The Agropolo Cariri/CE has also expanded its production, due to suitable soil and climatic conditions for this activity and also government incentives. Between the years of 2000 and 2010 the area planted grew 1.837,29%. However, the floriculture sector, as well as other productive activities, makes environmental impacts that must be well managed, especially in this region, for its geological formation is essentially sedimentary, which makes it susceptible to groundwater contamination by chemicals. Research conducted in this region showed the necessity for an environmental management in this sector, especially in controlling the use of pesticides and fertilizers as well as the health and the safety of workers. This research was undertaken in the four cities which compose the “Agropolo Cariri/CE” and which have organized production based on the floriculture sector Barbalha, Crato. Jardim and Juazeiro do Norte. This study aimed at systematize a Code of Conduct for the sector in order to mitigate the environmental impacts generated by the activity. In order to achieve this objective, the requirements environmental labeling programs Milieu Programma Sierteelt MPS and EUREPGAP Flowers and Ornamentals Version 1.1-Jan04 have been used as parameters. So have been the requirements of Brazilian legislation, which are related to the agricultural sector. The survey to find out the number of properties was conducted in the organs of technical assistance (EMATERCE, Institute Agropolos and SEBRAE/CE) and in the producer associations. Then expeditions were made to locate the properties and to apply forms in order to collect data on the reality of the sector. Later it was made a comparison between the reality of floriculture in the region under study and the sustainable production. The following data collection instruments were used: informal conversations and interviews with producers, review of literature, film and photographic record. It was found that the situation of the floriculture sector Agropolo Cariri/CE is of extreme vulnerability, especially regarding the health and safety of workers and the use and handling of pesticides and fertilizers. Was systematized a Code of Conduct which aims at minimizing the environmental impacts of the sector. However, it is vital the participation of every party involved in the sector management and especially consumers demanding products generated within sustainable criteria. Key Words: Sustainability. Environmental labeling. Security at work. Environmental management. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Fluxograma de desenvolvimento da tese................................... 20 Figura 2: Localização das propriedades de flores e plantas ornamentais 22 do Agropolo Cariri/CE.............................................................. Figura 3: Localização das propriedades envolvidas na pesquisa............. 23 Figura 4: Uso indiscriminado de agrotóxicos na floricultura do Ceará.... 35 Figura 5: Localização dos principais países importadores da floricultura 37 no mundo................................................................................... Figura 6: Localização dos principais países exportadores da floricultura 39 no mundo................................................................................... Figura 7: Distribuição percentual da área cultivada com flores e 40 plantas ornamentais no Brasil, por técnica de produção........... Figura 8: Principais destinos dos produtos da floricultura cearense em 42 2011........................................................................................... Figura 9: Evolução da área cultivada com produtos da floricultura no 42 Ceará.......................................................................................... Figura 10: Aumento do consumo de flores no estado do Ceará................. 43 Figura 11: Tempo gasto no transporte dos produtos da floricultura 44 cearense até os principais mercados importadores.................... Figura 12: Localização do Agropolo Cariri/CE e delimitação do pólo 62 produtor da floricultura investigado.......................................... Figura 13: Localização dos Agropolos produtores de flores no estado do 66 Ceará...................................................................................... Figura 14: Evolução da área plantada com produtos da floricultura no 67 Ceará, por pólo produtor........................................................... Figura 15: Médias mensais das precipitações do Agropolo Cariri/CE 69 (1974-2009)............................................................................... Figura 16: Médias anuais das precipitações do Agropolo Cariri/CE 70 (1974-2009)............................................................................... Figura 17: Precipitação anual dos municípios produtores de flores e 71 plantas ornamentais (1974-2009).............................................. Figura 18: Precipitação mensal dos municípios produtores de flores e 72 plantas ornamentais (1974-2009).............................................. Figura 19: Temperaturas média, máxima e mínima mensais dos 73 municípios produtores de flores e plantas ornamentais (19742009) ......................................................................................... Figura 20: Perfil da Chapada do Araripe.................................................... 74 Figura 21: Formação geológica do Agropolo Cariri/CE............................. 75 Figura 22: Ordens de solo do Agropolo Cariri/CE..................................... 76 Figura 23: Cronologia da floricultura do Agropolo Cariri/CE............................... 80 Figura 24: Prepraração do solo e da estufa demonstrativa de Gérbera 83 (Gerbera sp) da Associação Condomínio Rural Santo Antônio de Crato – Crato/CE.................................................... Figura 25: Detalhes da construção de estufas da Associação Condomínio 83 Rural Santo Antônio de Crato – Crato/CE............................... Figura 26: Evolução da área plantada com flores e plantas ornamentais 85 (2000-2010)............................................................................... Figura 27: Produtos da floricultura: mudas de Minilacre (A1) e 87 Samambaia (A2) – Barbalha/CE; estufa com mudas de Gérbera (B1) e Helicônias (B2) – Crato/CE; mudas de Palmeira (C1) e Coqueiro (C2) – Juazeiro do Norte/CE; mudas de Cróton (D1) e Orquídea (D2) – Jardim/CE............... Figura 28: Pessoas envolvidas no setor da floricultura, por sexo .............. 88 Figura 29: Nível de escolaridade dos produtores e trabalhadores.............. 88 Figura 30: Distribuição do pessoal envolvido no setor da floricultura 89 segundo as relações de trabalho............................................... Figura 31: Técnicas de cultivo: telado, estufa, sombreamento natural e 89 campo aberto............................................................................. Figura 32: Distribuição percentual por técnicas de cultivo........................ 90 Figura 33: Fontes de água para irrigação.................................................... 91 Figura 34: Tecnologias utilizadas para irrigação........................................ 91 Figura 35 Localização dos fornecedores de material vegetativo............... 92 Figura 36: Principais espécies cultivadas................................................... 93 Figura 37: Localização dos principais mercados consumidores ................ 93 Figura 38: Condições de trabalho dos floricultores.................................... 94 Figura 39: Aplicadores de agrotóxicos ...................................................... 95 Figura 40: Responsáveis pela recomendação de dosagens de agrotóxicos. 96 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Países produtores de flores e plantas ornamentais na Europa, área e 38 custo de produção.............................................................................. Quadro 2: Procedimentos Padrões de operação do EUREPGAP recomendado 55 pela Europa e USA............................................................................ Quadro 3: Síntese das exigências do MPS, do EUREPGAP e da legislação 56 brasileira que dispõe sobre o setor agrícola....................................... Quadro 4: Agropolos, municípios produtores de flores e plantas ornamentais 67 e seus produtos.................................................................................. Quadro 5: Características edafoclimáticas dos Agropolos produtores de flores 68 e plantas ornamentais no Ceará......................................................... Quadro 6: Caracterização das fontes dos pólos produtores de flores do 75 Agropolo Cariri/CE........................................................................... Quadro 7: Descrição dos principais tipos de solos que ocorrem no pólo 76 produtor de flores e plantas ornamentais do Agropolo Cariri/CE..... Quadro 8: Relação de agrotóxicos utilizados na floricultura do Agropolo 96 Cariri/CE........................................................................................... Quadro 9: Realidade do setor da floricultura do Agropolo Cariri/CE em relação às exigências do MPS, EUREPGAP Flowers and Ornamentals e da legislação brasileira que dispõe sobre o setor agrícola.............................................................................................. 98 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 14 2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....................................... 18 2.1 Definição e elaboração dos instrumentos de coleta de dados ................. 21 2.2 Levantamento das propriedades de flores e plantas ornamentais do 22 Agropolo Cariri/CE, georreferenciamento e elaboração de mapas ...... 2.3 Aplicação e resultado do pré-teste.......................................................... 23 2.4 Aplicação do Formulário II..................................................................... 23 2.5 Elaboração de gráficos e quadros............................................................ 24 2.6 Análise e interpretação dos dados coletados........................................... 24 3 A PERSPECTIVA AMBIENTAL SOB DIFERENTES TEMPOS 25 E ABORDAGENS ................................................................................ 3.1 Ambientalismo no mundo e sua evolução .............................................. 27 3.2 A produção agrícola sob a perspectiva da sustentabilidade ambiental.... 31 4 A FLORICULTURA NO MERCADO MUNDIAL E REGIONAL. 37 4.1 O mercado mundial de flores.................................................................. 37 4.2 A floricultura no Ceará............................................................................ 41 5 DA 45 ADMINISTRAÇÃO ECOLÓGICA À ROTULAGEM AMBIENTAL NO CONTEXTO DA FLORICULTURA................. 5.1 O Milieu Programma Sierteelt - MPS .................................................... 50 5.2 O EUREPGAP Flowers and Ornamentals ............................................. 52 5.3 A legislação brasileira que dispõe sobre o setor agrícola........................ 56 6 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO.............................. 61 6.1 Os Agropolos ......................................................................................... 65 6.2 O Agropolo Cariri .................................................................................. 69 7 A 78 FLORICULTURA NO AGROPOLO CARIRI/CE E SITUAÇÕES ENCONTRADAS ........................................................ 7.1 O início da floricultura ........................................................................... 78 7.2 Situações encontradas.............................................................................. 85 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................ 101 REFERÊNCIAS.................................................................................................. 108 Formulário I - Levantamento de dados sobre a floricultura 117 APÊNDICE A: do Agropolo Cariri/CE......................................................... APÊNDICE B: Formulário II - Levantamento de informações sobre a 119 produção de flores e plantas ornamentais do Agropolo Cariri/CE............................................................................... APÊNDICE C: Produtos da floricultura do Agropolo Cariri/CE................. 125 APÊNDICE D: Minuta do Código de conduta para o setor da floricultura 129 do Agropolo Cariri/CE......................................................... APÊNDICE E: Checklist para auditoria do Código de Conduta da 133 floricultura do Agropolo Cariri/CE...................................... APÊNDICE F: Formulário de controle do consumo de agrotóxicos........... 136 APÊNDICE G: Formulário de controle do consumo de fertilizantes............ 137 APÊNDICE H: Formulário de controle do consumo de água........................ 138 APÊNDICE I: Formulário para relatório mensal do consumo de 139 agrotóxicos, fertilizantes, água e energia.............................. ANEXO A: Decreto 4.074 de 04/01/2002................................................ 140 ANEXO B: Decreto 23.705 de 08/06/1995.............................................. 141 ANEXO C: ABNT NBR 9.843: 2004...................................................... 142 ANEXO D: Lei 9.456 de 25/04/1997....................................................... 147 ANEXO E: Resolução nº 357 do CONAMA........................................... 148 ANEXO F: NR 31 ................................................................................... 155 ANEXO G: Lei 12.651 de 25/05/2012..................................................... 160 1 INTRODUÇÃO A partir da segunda metade do século XX, o setor agrícola teve um intenso desenvolvimento tecnológico, com o objetivo de aumentar a produção. Entretanto, esta “revolução tecnológica” incluiu o uso intensivo de agrotóxicos e fertilizantes, causando muitos impactos ambientais como a contaminação do solo, da água e dos trabalhadores. Com a intensificação do movimento ambientalista a partir da década de 1980, começou-se a discutir os padrões de consumo e, na década de 1990, aumentou a demanda por produtos gerados dentro de critérios sustentáveis, surgindo um novo nicho de mercado: o de produtos verdes, e com eles a rotulagem ambiental. A rotulagem ambiental diferencia os produtos e os preços, melhora a competitividade, aumenta o compromisso dos produtores com as questões ambientais e trabalhistas e assegura o mínimo de impacto ambiental na sua geração. Esses rótulos abrangem todos os tipos de produtos, dentre eles: papéis, móveis, lâmpadas, produtos agrícolas, baterias, equipamentos eletrônicos, eletrodomésticos. Em relação ao setor da floricultura, o primeiro rótulo ambiental surgiu em 1993, na Holanda, devido a denúncias sobre problemas gerados pela atividade, principalmente relacionados ao uso excessivo de água e a utilização de agrotóxicos. Este foi um marco na rotulagem ambiental do setor, pois a partir desse rótulo, surgiram outras iniciativas por parte dos países produtores de flores e plantas ornamentais. A partir do ano 2000 houve uma diminuição da área plantada com flores na Europa devido aos elevados custos de produção e a adequação dos aeroportos de países como Colômbia, Equador, Brasil e países da África, com câmaras frigoríficas para o escoamento da produção. Nesses países, as condições ambientais são mais adequadas ao cultivo (água, solo e clima), a mão de obra é abundante e os custos de produção não sofrem variações significativas durante o ano. Assim, a floricultura pôde se expandir nessas regiões sem a perda da qualidade dos produtos. No Brasil, especificamente no Ceará, essas características têm colocado o estado, nos últimos anos, como um importante produtor e exportador dos produtos da floricultura. Devido à diversidade de ecossistemas (litoral, sertão e serras úmidas), é possível o cultivo de flores e plantas ornamentais em várias regiões do estado como o Maciço de Baturité (Sertão Central), Agropolo Metropolitano (Extremo Norte), Agropolo Ibiapapa (Oeste) e o Agropolo Cariri (Extremo Sul), como se observa na figura 9. Contudo, a floricultura como qualquer atividade agrícola gera externalidades negativas, por isto faz-se necessário um estudo dos impactos socioambientais gerados por este incremento da produção. Neste pensamento, é que se defende a tese de que, um Código de Conduta para a floricultura do Agropolo Cariri/CE além da geração de emprego e renda, trará melhoria da qualidade de vida para o pequeno produtor rural. A justificativa para a escolha deste tema foram estudos realizados por Alencar (2006) no Agropolo Cariri/CE e os conhecimentos adquiridos durante a execução dos projetos de pesquisa intitulados: “Diagnóstico da floricultura do Agropolo Cariri/CE” e “Análise da floricultura do Agropolo Cariri/CE”. A partir desses estudos, da experiência como coordenadora de projeto de pesquisas na região, que permitiu visitas frequentes às áreas pesquisadas, da observação in loco das etapas do processo produtivo e entrevistas com produtores e trabalhadores do setor, surgiram alguns questionamentos: • Como a adoção de um Código de Conduta pelos floricultores do Agropolo Cariri/CE poderá melhorar da qualidade de vida dos trabalhadores? • A adoção de critérios de gerenciamento sustentável pelos floricultores do Agropolo Cariri/CE trará benefícios para os consumidores e para o meio ambiente? Com base nestas indagações e sob a ótica da produção sustentável, esta tese teve como objetivo geral sistematizar um Código de Conduta que possibilite a rotulagem socioambiental dos produtos da floricultura do Agropolo Cariri /CE, tendo como parâmetros programas de rotulagem ambiental e a legislação que dispõe sobre o setor agrícola. Estabeleceram-se como objetivos específicos para esta investigação: • Detectar os impactos ambientais causados pela floricultura do Agropolo Cariri com ênfase ao uso de insumos químicos, a utilização dos recursos naturais e a destinação dos resíduos, tendo por parâmetro os programas de rotulagem ambiental e a legislação que dispõe sobre o setor agrícola. • Identificar os problemas ligados à saúde e segurança dos trabalhadores do setor da floricultura no Agropolo Cariri/CE com base nos programas de rotulagem ambiental e na legislação que dispõe sobre o setor agrícola. • Identificar processos sustentáveis de produção de flores no Agropolo Cariri, correlacionando-os aos programas de rotulagem ambiental existentes. • Gerar informações que possam subsidiar a elaboração de um Código de Conduta visando à rotulagem socioambiental dos produtos da floricultura do Agropolo Cariri, como forma de reduzir os impactos gerados por essa atividade. Neste estudo, adotou-se o estudo de caso com abordagem qualitativa contando com o auxílio de dados quantitativos, aos quais vieram auxiliar a compreensão da realidade investigada. Para o alcance dos objetivos realizou-se: • Levantamento bibliográfico de modo a fundamentar a análise dos fatos e dados; • Análise de leis e documentos referentes aos processos de rotulagem ambiental e às exigências da Legislação para o setor agrícola brasileiro; • Levantamento de dados oficiais do setor da floricultura; • Uso da geotecnologia como ferramenta importante para a apresentação das informações relativas ao lugar; • Uso da geomorfologia da região em estudo, por meio de mapas e dados climáticos; • Filmagem e registros fotográficos dos processos produtivos. Este trabalho está organizado em sete capítulos. Após a Introdução, no segundo capítulo, são abordados os procedimentos metodológicos realizados nesta pesquisa. O terceiro fala da perspectiva ambiental sob diferentes tempos e abordagens, com ênfase no ambientalismo no mundo e sua evolução, do surgimento do mercado verde e da importância da globalização para adequação das empresas frente às novas exigências. E também sobre a produção agrícola na perspectiva da sustentabilidade ambiental, na visão de teóricos e estudiosos como Veiga, Guterres e Márquez, dentre outros. A rotulagem ambiental no contexto da floricultura é o tema do quarto capítulo o qual descreve os impactos socioambientais causados pela atividade, o surgimento da rotulagem ambiental e os principais certificados do setor. No quinto capítulo é feito um estudo sobre a floricultura no mercado mundial e regional, como a atividade teve início no estado do Ceará e no Agropolo Cariri e sua importância socioeconômica. Utilizaram-se dados do Instituto Brasileiro de Floricultura (IBRAFLOR), da Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (ABCSEM) e da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (ADECE), dentre outros. Além de informações coletadas pelos produtores sobre o início da floricultura na região. No sexto capítulo caracterizou-se a região estudada: localização geográfica, regime pluviométrico, temperatura, aspectos edáficos e formação geológica, hidrografia e principais limitações como forma de delimitar o espaço geográfico onde acontecem as relações sociais, política e econômica do Agropolo nele instalado. O sétimo capítulo tratou dos resultados encontrados, essência desta investigação, que geraram informações às quais subsidiaram a elaboração do Código de Conduta para o setor da floricultura do Agropolo Cariri, objeto de estudo deste trabalho de pesquisa. As Considerações e as referências utilizadas finalizam este trabalho, assim como os apêndices e anexos completam o presente documento. Acredita-se que esta tese possa contribuir para a melhoria das condições socioambientais do setor da floricultura do Agropolo Cariri/CE, bem como servir de ponto de partida para investigações futuras nessa região. 2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Neste capítulo foram discutidas as bases metodológicas, os materiais e procedimentos utilizados na elaboração da pesquisa e os caminhos adotados nesta investigação. A metodologia permite a compreensão dos caminhos a serem seguidos e os instrumentos a serem utilizados para que a pesquisa seja eficiente, conforme afirma Castro (2006): “[...] o objetivo da metodologia é o de compreender, nos seus termos mais amplos, não os produtos da pesquisa, mas o próprio processo” (p. 31). Através dela, podem-se definir os métodos mais adequados para se chegar ao objetivo da pesquisa. Segundo Ruiz (1991) a palavra método “[...] significa o conjunto de etapas e processos a serem vencidos ordenadamente na investigação dos fatos ou na procura da verdade” (p. 131). Em relação à natureza desta pesquisa, optou-se por um estudo de caso com abordagem qualitativa, pois para atingir os objetivos propostos nesta tese, foi necessária a compreensão de todo o processo produtivo. Silva e Menezes (2001) afirmam que o estudo de caso é um procedimento técnico que permite o estudo profundo e exaustivo de objetos de maneira que haja o amplo e detalhado conhecimento dos mesmos. Em relação à abordagem qualitativa Godoy (1995, p.2) assegura que: [...] um fenômeno pode ser melhor compreendido no contexto em que ocorre e do qual é parte, devendo ser analisado numa perspectiva integrada. Para tanto, o pesquisador vai a campo buscando ‘captar’ o fenômeno em estudo a partir da perspectiva das pessoas nele envolvidas, considerando todos os pontos de vista relevantes. Vários tipos de dados são coletados e analisados para que se entenda a dinâmica do fenômeno. Desta forma, os dados levantados permitiram o conhecimento das etapas do processo produtivo do setor da floricultura da região em estudo, tornando possível atingir os objetivos propostos. O universo pesquisado foi constituído pelas propriedades de flores e plantas ornamentais do Agropolo Cariri/CE. As variáveis utilizadas relativas ao processo produtivo foram: rastreabilidade, registro das atividades realizadas nas propriedades, aplicação de agrotóxicos e fertilizantes, consumo e qualidade da água utilizada na irrigação, estrutura física das propriedades, saúde, segurança e bem estar dos trabalhadores. Estas variáveis são relacionadas às exigências dos programas de rotulagem ambiental Milieu Programma Sierteelt – MPS e EUREPGAP Flowers and Ornamentals Version 1.1-Jan04 e da Legislação brasileira que dispõe sobre o setor agrícola. Para seleção das propriedades utilizadas nesta pesquisa, foram estabelecidos dois critérios, são eles: propriedades com área de produção igual ou superior a dois mil metros quadrados, pois em áreas menores não se observa a estrutura física necessária às exigências dos certificados utilizados nesta pesquisa, como banheiros e depósito de insumos. Considerou-se como área de produção toda a estrutura da propriedade necessária ao cultivo de flores: packing house (casa de embalagem), escritório, banheiros, depósito de insumos, estufas, canteiros, áreas de circulação e reservatórios de água. O outro critério foi que na propriedade tivesse pelo menos um trabalhador, em virtude dos certificados considerarem além dos aspectos ambientais, aspectos ligados à saúde e segurança. Dessa forma, foi possível o levantamento de dados a respeito das condições de trabalho às quais eles são submetidos. Estes certificados foram escolhidos devido à credibilidade dos mesmos no mercado internacional e por atenderem às exigências dos dois principais mercados consumidores da floricultura cearense: o europeu e o norte americano. Os procedimentos técnico-metodológicos utilizados no desenvolvimento desta pesquisa estão enumerados na Figura 1. Figura 1 – Fluxograma de desenvolvimento da tese. Elaborado por Alencar, 2013. Iniciou-se o trabalho com a definição do tema e estabelecimento dos objetivos com vistas à elaboração da investigação. Foi feita uma revisão bibliográfica sobre a evolução do ambientalismo no mundo e suas interfaces com o período de desenvolvimento em várias épocas. Estudou-se a importância da globalização no surgimento dos rótulos ambientais na floricultura, sua evolução para rótulos socioambientais e a contribuição destes para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores; o início da floricultura no Ceará e no Agropolo Cariri; a importância socioeconômica da atividade, mediante a geração de emprego e renda e as limitações edafoclimáticas da região em estudo. Essas informações foram coletadas em livros, artigos, anais de congressos, internet e em conversas informais sobre o tema. 2.1 Definição e elaboração dos instrumentos de coleta de dados Em relação à técnica de coleta de dados, optou-se pelo formulário devido a sua utilização ser possível em grupos heterogêneos, possibilitar a inclusão de observações e por contar com a presença do pesquisador, garantindo o melhor entendimento possível na coleta dos dados, como asseveram Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 53): O formulário é uma lista informal, catálogo ou inventário, destinado a coleta de dados resultantes quer de observações quer de interrogações, e seu preenchimento é feito pelo próprio investigador. Entre as vantagens que o formulário apresenta, podemos destacar a assistência direta do investigador, a possibilidade de comportar perguntas mais complexas e a garantia da uniformidade dos dados e dos critérios pelos quais são fornecidos. [...] pode ser aplicada a grupos heterogêneos, inclusive analfabetos, o que não ocorre com o questionário. Foram elaborados dois formulários: o Formulário I (APÊNDICE A) para o levantamento de dados preliminares sobre o setor da floricultura da região pesquisada e seleção das propriedades a serem estudadas. E o Formulário II (APÊNDICE B), que possibilitou o levantamento de informações sobre o setor. Esse instrumento foi baseado em um cheklist, elaborado por Alencar (2006) que fez estudos nesta região sobre rotulagem ambiental, nas exigências dos certificados que nortearam este estudo e na Legislação brasileira que dispõe sobre o setor agrícola. Para localização das vias de acesso, utilizaram-se mapas do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE) e da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (COGERH). Foi realizado o georreferenciamento das propriedades para a criação das representações cartográficas dos mapas utilizadas nesta tese, utilizando-se o GPS Garmin modelo eTrex Vista H, mapas da base de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e COGERH, dentre outras e os sotwares PhilCarto módulo Basic e ArcGIS Versão 9.3, para a elaboração dos mapas. Para melhor compreensão das etapas do processo produtivo e identificação dos impactos gerados pela atividade, utilizou-se a máquina fotográfica digital para registrar algumas etapas do manejo das culturas como: colheita, adubação e preparo do solo, detalhes dos produtos, técnicas de cultivo, packing house e armazenamento de agrotóxicos e fertilizantes. Utilizou-se filmadora digital para registrar o preparo e aplicação de agrotóxicos. 2.2 Levantamento dos produtores de flores e plantas ornamentais do Agropolo Cariri/CE, georreferenciamento e elaboração de mapas O levantamento das propriedades foi realizado em três etapas: A primeira consistiu no levantamento dos produtores junto à Empresa de Assistência Técnica de Extensão Rural do Ceará (EMATERCE), ao Instituto Agropolos, ao Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE/CE) e à Associação de Produtores de Flores e Planta Ornamentais CaririFlora. Na segunda etapa foram realizadas várias expedições entre os meses de março e junho de 2010 para aplicação do Formulário I. Nessa oportunidade foi feita localização das propriedades e levantamento de suas coordenadas para a criação dos mapas utilizados nesta tese. Após a análise dos dados coletados, as propriedades foram localizadas nos municípios de Barbalha, Crato, Jardim e Juazeiro do Norte (Figura 2). Ceará Figura 2 - Localização das propriedades de flores e plantas ornamentais do pólo produtor do Agropolo Cariri/CE. Fonte: IBGE – 2011. Elaborado por Alencar, 2013. Foram selecionadas para este estudo apenas oito propriedades por atenderem aos critérios estabelecidos (Figura 3). Ceará Figura 3 - Localização das propriedades envolvidas na pesquisa. Fonte: IBGE – 2011. Elaborado por Alencar, 2013. Na terceira etapa, foi aplicado o Formulário II nos meses de setembro e outubro de 2010 em função de anteceder uma das maiores demandas anuais de flores do Agropolo Cariri/CE que é o feriado de 2 de novembro, dia de finados. Nessa oportunidade foram feitos registros fotográficos e filmagens. Os dados e informações obtidos subsidiaram a elaboração dos textos e das figuras deste trabalho. 2.3 Aplicação e resultado do pré-teste O Formulário II foi aplicado aos responsáveis pelas sete propriedades que não atenderam aos critérios estabelecidos nesta pesquisa, a fim de se comprovar a sua fidedignidade, validade e operatividade, premissas indispensáveis a um instrumento de pesquisa. O resultado do pré-teste foi satisfatório e não houve necessidade de ajustes. 2.4 Aplicação do Formulário II O Formulário II foi aplicado aos responsáveis das oito propriedades selecionadas para esta pesquisa e, nesta oportunidade, também foram realizadas conversas informais com os trabalhadores. 2.5 Elaboração de gráficos e quadros No decorrer da pesquisa foram elaborados gráficos e quadros que contribuíram para a caracterização dos aspectos edáficos e climáticos da região, localização das propriedades e dados gerais do setor da floricultura da área de estudo. 2.6 Análise e interpretação dos dados coletados Para a análise e interpretação dos dados coletados, elaborou-se um quadro das exigências dos certificados que nortearam este estudo, da legislação brasileira e da realidade do setor, para melhor compreensão dos resultados. 3 A PERSPECTIVA AMBIENTAL SOB DIFERENTES TEMPOS E ABORDAGENS O estudo da história e da filosofia retrata que a partir do momento em que o Homem passou a estabelecer um valor para as mercadorias, começou a extrair da natureza o máximo possível não levando em consideração os impactos causados por essa atitude. Até o século V a.C. filósofos gregos do período pré-socrático aglutinavam homem e natureza em um só contexto: eram indissociáveis. Posteriormente, os pensadores gregos passaram a valorizar o Homem e suas idéias em contraposição à natureza, tornando-a elemento secundário no processo de desenvolvimento da sociedade (GIANSANTI, 1998). O estabelecimento da visão antropocêntrica de mundo instalou-se a partir do pensamento judaico-cristão, dando ao homem o posto de senhor da natureza, permitindo que ele a dominasse e a explorasse. Esse pensamento deixa claro que a natureza é um recurso, um bem a ser apropriado pelos homens. Visão esta disseminada, também, por Descartes. Na visão cartesiana, além do antropocentrismo outro ponto é fundamental na relação homem-natureza: o caráter utilitário, onde admite que a natureza foi concebida para servir ao homem, reafirmando a oposição entre a natureza e o homem. O homem seria superior a todos os elementos naturais ou inanimados. Nessa perspectiva, quando os europeus conquistavam novas terras e se deparavam com nativos que adoravam elementos da natureza eles os comparavam a animais ou quando encontravam povos de religiões diferentes que respeitavam a vida dos animais e até dos insetos, os tratavam com desdém. Thomas (1996) afirma que esta era a visão dominante em toda a sociedade européia nos séculos XVI a XVIII. Com o advento da Revolução Industrial, em meados do século XVIII, a produção passou a ser a geradora de riqueza e o desenvolvimento estreitamente ligado ao domínio da natureza (SILVA, 2006), “gerando a necessidade de incrementar a eficiência produtiva e o âmbito natural” (LEFF, 2007, p. 23). Silva (2006, p. 23) corrobora com esta afirmação enfatizando que houve uma sucessão de fatos nessa transição, criando uma nova realidade econômica que refletiu na relação homem/natureza. O resultado dessas mudanças foi uma significativa alteração de comportamento das sociedades humanas frente à natureza. Houve uma grande mudança na concepção de natureza, passando de um todo orgânico para uma simples idéia mecanicista e materialista, que produziu efeitos que ainda hoje perduram, notadamente sobre a atitude das pessoas em relação ao meio ambiente natural. A partir deste período, os recursos naturais passaram a ser vistos como matériasprimas para geração de novos produtos, dissociando a relação da sociedade com a natureza, havendo uma intensificação da degradação ambiental. Neste contexto, a civilização estava dependendo do domínio da natureza. Assim, o homem moderno passou a antropomorfizar a natureza, para dela extrair, transformar e reprocessar materiais, instituindo-se como “senhor da terra” (grifo do autor) (CAPISTRANO, 2010). Dessa forma, estabeleceu-se uma perspectiva materialista à produção científica e a natureza passou a ser um meio de produção e geradora de riqueza (MONTIBLLER- FILHO, 1993). As externalidades ambientais tiveram que ser internalizadas, gerando a problemática ambiental vivenciada desde as últimas décadas do século XX. Como forma de conciliar o desenvolvimento tecnológico e a sobrevivência do Planeta, é criado um novo modelo de desenvolvimento: o desenvolvimento sustentável. Assim, a consciência ambiental passou a se manifestar como uma necessidade (grifo nosso) de reintegrar o homem à natureza (LEFF, 1999). Almeida (2002, p.65) ressalta que O processo de mudança do antigo paradigma para o novo – o da sustentabilidade – está em andamento e envolve literalmente todas as áreas do pensamento e da ação humana. [...]. Os desequilíbrios socioambientais são resultado do velho paradigma cartesiano e mecanicista, com sua visão fragmentada do mundo – o universo visto como um conjunto de partes isoladas, funcionando como um mecanismo de relógio, exato e previsível. [...]. No mundo sustentável, uma atividade [...] não pode ser pensada em separado, porque tudo está inter-relacionado, em permanente diálogo. Este novo paradigma foi fundamental, pois levou a sociedade a pensar o ambiente de forma holística. Para Sachs (2002) esta revolução ambiental influenciou o pensamento sobre o desenvolvimento, levando-o à ecologização, ampliando as perspectivas de preservação para séculos e milênios, além da consciência de que ações locais podem causar conseqüências planetárias. 3.1 O ambientalismo no mundo e sua evolução Segundo Curi (2011), até 1960, a prioridade era a produção. As medidas para evitar acidentes como explosões e vazamentos tóxicos eram obrigações de proteção ambiental suficientes. Quando os níveis de poluição atingiam escalas insuportáveis, as indústrias eram transferidas de lugar. A autora descreve sobre o pensamento existente nesse período: A própria sociedade ainda não tinha uma visão holística de meio ambiente, tolerando sua depredação desde que seus efeitos fossem mantidos fora da comunidade. Aliás, ninguém se queixava muito: tinham certeza de que a “mãe natureza” estaria sempre de mãos abertas, doando seus recursos ilimitadamente. Sinônimo de progresso, a poluição era até vista com certo orgulho (grifo da autora) (p. 100). Somente a partir da década de 1960 é que surgiram os primeiros movimentos ambientalistas, como o Clube de Roma, grupo constituído por cientistas, industriais e políticos, que tinham uma visão ecocêntrica e seu objetivo era discutir e analisar os limites do crescimento econômico, levando em conta o uso crescente dos recursos naturais. Em 1962, Rachel Carson publica o livro Silent Spring (Primavera Silenciosa) no qual aborda os problemas ambientais gerados pelas atividades humanas, especificamente sobre o uso indiscriminado de agrotóxicos. Essa publicação deu início ao surgimento de várias discussões a respeito do problema ambiental no mundo. É interessante frisar que, até a década de 1970, as empresas tinham uma perspectiva passiva em relação aos aspectos ambientais, limitavam-se, apenas, a evitar acidentes locais e a cumprir normas estabelecidas pelos órgãos reguladores de poluição (MAIMON, 1996), ou seja: “poluíam para depois despoluir”. Essa prática onerava os produtos, pois necessitava de investimento em equipamentos para a despoluição. Por este motivo, os empresários consideravam as práticas de proteção ambiental incompatíveis com o crescimento econômico. Assim, os problemas ambientais eram considerados “um mal necessário” para o desenvolvimento (MOREIRA, 2001). Em 1972, é publicado um livro intitulado Limits to growth (Limites do crescimento) conhecido como “Relatório Meadows”, resultado de um estudo feito por um grupo de cientistas, a pedido do Clube de Roma, que baseado em estudos matemáticos fez uma projeção para cem anos de desenvolvimento. O estudo apontou que para atingir a estabilidade econômica e respeitar a finitude dos recursos naturais seria necessário “congelar” o crescimento da população global e do capital industrial, voltando à discussão a teoria malthusiana sobre os problemas resultantes do aumento populacional. Esse livro foi especialmente importante para as discussões da Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, realizada no mesmo ano em Estocolmo, organizada pela Organização das Nações Unidas – ONU (VALLE, 1995). A partir desta conferência começou-se a vincular o debate do desenvolvimento à sustentabilidade. Em 1973, Maurice Strong propôs o conceito de ecodesenvolvimento, visando um desenvolvimento alternativo das áreas rurais dos países subdesenvolvidos, cujas comunidades não se enquadravam no modelo ocidental. Esta proposta é baseada na utilização criteriosa dos recursos naturais e nas especificidades locais. Sachs (1986) reformula o conceito de ecodesenvolvimento e o estende às zonas urbanas dos países da América Latina, dando-lhe um enfoque estratégico e multidisciplinar. Para este autor ecodesenvolvimento significa o [...] desenvolvimento endógeno e dependente de suas próprias forças, tendo por objetivo responder à problemática da harmonização dos objetivos sociais e econômicos do desenvolvimento com uma gestão ecologicamente prudente dos recursos e do meio (SACHS, apud MONTIBLLER-FILHO, 1993, p. 132). Nos anos de 1980 aconteceram vários avanços na área ambiental, um deles foi o lançamento do documento “Estratégia mundial para conservação”, cujo objetivo foi elaborar políticas de desenvolvimento sustentável. O relatório “Nosso futuro comum” ou “Relatório de Brundtland”, publicado em 1987, define o desenvolvimento sustentável como “aquele que atenda as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras de atenderem às suas” (p. 9). Porém, não ficam claras quais são as necessidades básicas e comuns às sociedades. Vale salientar que caso houvesse um aumento do consumo no terceiro mundo, seria necessário sua diminuição nos países desenvolvidos para que o equilíbrio ecológico fosse mantido. Muitos autores criticam o conceito de desenvolvimento sustentável, alegando que desenvolvimento e sustentabilidade são antagônicos: o primeiro pressupõe homogeneidade e desigualdade e o segundo, equilíbrio dinâmico, estabilidade, interdependência e complementaridade. Um deles, Giansanti (1998, p.11-13) afirma que [...] desenvolvimento remete ao desenvolvimento econômico. [...] o desenvolvimento econômico leva em conta os fatores de crescimento econômico acompanhados pela melhoria dos padrões de vida de uma população. Nesta perspectiva, consideram-se também as repercussões sociais desse processo. Entretanto, esse bem-estar social é caracterizado, de forma geral, pela posse de bens materiais e pelo aumento da capacidade de consumo (grifo do autor). [...] O termo sustentável remete-nos à idéia daquilo que se pode sustentar. Advindo das ciências naturais, diz respeito à estabilidade, ao equilíbrio dinâmico, a funcionarem na base da interdependência e da complementaridade, reciclando matérias e energias, [...](grifo do autor). Dessa forma, Mueller (1996) acredita que a viabilidade técnica deste conceito não seja efetiva, pois o grande desafio é aliar a sustentabilidade do patrimônio natural ao desenvolvimento econômico e social. Na perspectiva do desenvolvimento sustentável proposto pelo “Relatório de Brundtland”, para que todos tenham acesso ao consumo sem a necessidade de diminuí-lo e sem comprometer a sustentabilidade ambiental, foi sugerido um incremento nas inovações tecnológicas porque se atribuiu à pobreza o agravamento da crise ambiental e não ao consumo exagerado. Por este motivo, Layrargues (1997) afirma que este desenvolvimento sustentável proposto, nada mais é do que uma roupagem nova ao desenvolvimento atual. Sachs (2002, p.55) também critica este conceito asseverando que “o desenvolvimento sustentável é, evidentemente, incompatível com o jogo sem restrições das forças de mercado”. Para ele, o ecodesenvolvimento é o caminho mais apropriado para harmonização dos objetivos sociais e ecológicos se forem considerados os aspectos culturais, sociais, econômicos, políticos e ambientais, e que só será possível com a participação da comunidade local, que deve ser inclusive, recompensada pelo aproveitamento dos seus saberes. Donaire (1995, p. 45) chama a atenção para as especificidades locais, dizendo: [...] as soluções propostas pelos ecodesenvolvimentistas, em relação ao meio ambiente, dizem respeito à necessidade de correção do estilo de desenvolvimento que requer soluções específicas em cada região, à luz dos dados culturais e ecológicos, bem como das necessidades de curto e logo prazos. Em síntese, Almeida (2008) afirma que não há consenso em relação ao conceito de desenvolvimento sustentável devido aos interesses envolvidos. Apesar das discussões conceituais, o desenvolvimento sustentável é um termo atual e presente nas áreas política, científica e econômica. A despeito dos avanços na área ambiental, no que se refere à preocupação com a sustentabilidade, as décadas de 1970 e 1980 foram marcadas por grandes acidentes ligados ao mundo industrial em várias partes do mundo como: o vazamento químico em Seveso (Itália, 1976); os acidentes nucleares de Three Mile Island (EUA, 1979) e Chernobyl (URSS,1986); o vazamento de gazes tóxicos em Bhopal (Índia, 1984) e o vazamento do petroleiro Exxon Valdez (Alasca, 1989). Essas catástrofes causaram o envenenamento das águas, do solo, e do ar, além de elevadas perdas humanas e materiais. Muitos deles aconteceram devido à falta de políticas de desenvolvimento nacional e internacional que preservassem a saúde dos trabalhadores e da população (MARTINE, 1993). Um fato, porém, foi importante para que os processos produtivos fossem repensados: a crise energética e do petróleo (1973 e 1979) e seus consequentes aumentos de preço (MAIMON, 1996). Diante deste novo contexto, no final da década de 1980, surge uma nova postura nas empresas que descarta a velha perspectiva e práticas relativas ao meio ambiente, e a responsabilidade ambiental passa a ser uma necessidade de sobrevivência, constituindo um novo e promissor mercado, principalmente para aquelas empresas que almejavam o mercado internacional, especialmente, o europeu e norte americano. A partir de então essas organizações passaram a ver as práticas de conservação ambiental como uma nova oportunidade de negócio sob o ponto de vista tecnológico, organizacional e de consumo, consolidando assim, o mercado de consumidores verdes. Dessa forma, A preservação do meio ambiente converteu-se em um dos fatores de maior influência da década de 1990, com grande rapidez de penetração de mercado. Assim, as empresas começaram a apresentar soluções para alcançar o desenvolvimento sustentável e ao mesmo tempo aumentar a lucratividade de seus negócios (ANDRADE; TACHIZAWA; CARVALHO, 2000, p.7). Nessa perspectiva, a gestão ambiental passa a ser considerada pró-ativa, isto é, começou-se a tomar medidas de prevenção de poluição no ponto de geração. Surge a partir daí, a organização responsável, cujo discurso corresponde à ação efetiva, e é capaz de transformar uma restrição ambiental em oportunidade de negócio (MAIMON, 1996). O marco principal da década de 1990 foi a Conferência de Cúpula das Nações Unidas sobre Meio ambiente e Desenvolvimento - CNUMAD, no Rio de Janeiro em 1992, que consolidou o desenvolvimento sustentável e aprovou a Agenda 21. Compromisso assumido pelos chefes de Estado reunidos durante o evento, com uma série de ações relevantes para o meio ambiente, a serem desenvolvidas ao longo do século 21, tendo como ponto básico, o desenvolvimento sustentável. A partir daí, várias ações começaram a ser desenvolvidas em diferentes partes do mundo, visando à melhoria do meio ambiente, como a implantação de sistemas de gestão ambiental e a rotulagem de produtos, a qual passou a funcionar como fator diferencial e valorizado pelo mercado globalizado (MOREIRA, 2001). Como estabeleceu a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança no Clima na RIO-92, em 1997 em Quioto, no Japão, os países em desenvolvimento tomaram a liderança no combate ao aquecimento global e foi decidido por consenso o Protocolo de Quioto. Neste acordo, os países desenvolvidos aceitaram compromissos diferenciados de redução ou limitação de emissões antrópicas do efeito estufa, entre os anos de 2008 e 2012. A redução é de pelo menos 5% no total de países desenvolvidos, em relação às emissões combinadas de gases de efeito estufa do ano de 1990. Em 2002, foi realizada em Johanesburgo, a Conferência Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável que declara o compromisso dos chefes de Estado e Governos reunidos, com a construção de uma sociedade mundial humanitária e generosa, objetivando a dignidade humana de todos os povos. Para isto, reafirmaram o compromisso para alcançar o desenvolvimento sustentável, baseado nos três pilares inseparáveis: “a proteção ao meio ambiente, o desenvolvimento social e o desenvolvimento econômico a nível local, nacional, regional e mundial” estabelecidos na Comissão Mundial Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada em 1991. 3.2 A produção agrícola sob a perspectiva da sustentabilidade ambiental A partir da segunda metade do século XX, visando o aumento da produção e da produtividade, houve um intenso desenvolvimento tecnológico na agricultura (PAULUS; SCHLINDWEIN, 2001). Esses avanços no setor agrícola geraram inevitáveis alterações nos sistemas naturais devido ao emprego de técnicas “modernas” (grifo do autor) de manejo, como a motorização e mecanização pesada, e de uso intensivo de pesticidas e fertilizantes (VEIGA, 2008; SARANDON, 2002; BALSAN, 2001). Essas práticas trouxeram consequências sociais e ambientais altamente negativas, dentre elas, a poluição da água e do solo, a contaminação dos trabalhadores e a perda da biodiversidade devido ao uso indiscriminado de produtos químicos (SOARES; PORTO, 2007; PONCIANO; SOUZA; MATA, 2008) e assoreamento de rios, várzeas e represas, pela erosão (VEIGA, 2008). Choudhury e Melo (2005) acrescentam que o uso intensivo de agrotóxicos e fertilizantes, aliados aos sistemas de monocultura, pode ocasionar vários impactos ambientais como a [...] alteração da decomposição da matéria orgânica e as ciclagens de nitrogênio, fósforo, potássio, entre outros, ocasionando uma dependência de fertilizantes; redução da biodiversidade, interferindo na fauna e na flora nativa da região; desertificação, fator ocasionado pelo uso indiscriminado dos recursos naturais devido ao uso abusivo do solo para pasto e plantações e o mau uso da irrigação [...]. Ainda em relação aos problemas ambientais, Márquez (1997) já alertava que este setor exigia um manejo especial dos recursos naturais, especialmente do solo, onde aplicações sucessivas de fertilizantes químicos tendem a aumentar a sua salinidade, além de acumular nitratos, sódio e outros elementos, podendo chegar até o lençol freático e contaminá-lo. A autora também chama a atenção para o uso racional da água: A água é um recurso imprescindível à produção agrícola. A falta ou excesso afetam drasticamente o crescimento e o desenvolvimento das plantas. Portanto, o uso racional e a otimização das práticas de sua gestão, são essenciais para manter a sustentabilidade dos recursos e da produção (MÁRQUEZ,1997, p. 32). Mais especificamente em relação à floricultura, um fator que causa preocupação é a quantidade de resíduos que a atividade gera. Esta quantidade está diretamente relacionada com a quantidade de insumos necessários e a natureza do cultivo. Os principais são plásticos, papelão, papel, madeira e metal. Há também os resíduos vegetais provenientes de podas, desbrota e capinas que se mal manejados, também podem causar problemas ambientais como poluição do solo, proliferação de ratos e insetos. Diante do cenário de insustentabilidade da produção agrícola e da nova perspectiva que começou a ser moldada, a partir da década de 1980, com a conscientização da finitude dos recursos naturais e do novo modelo de desenvolvimento proposto - o desenvolvimento sustentável (MACHADO; CAMPOS, 2008), as empresas agrícolas precisaram buscar outras alternativas tecnológicas menos agressivas ao meio ambiente e mais ajustada à produção sustentável. Para Rosa (1998) este paradigma foi especialmente impactante nos sistemas produtivos agrícolas dos países em desenvolvimento como o Brasil, onde a reestruturação no processo produtivo foi inevitável para se manter competitivo no mercado internacional, cujos aspectos ecológicos passaram a ser usados como barreiras não-tarifárias. Assim, visando atender à demanda crescente de uma parcela do mercado que passou a exigir uma agricultura sustentável, os produtores tiveram que identificar práticas e gerar tecnologias que atendessem a estas condições e fossem econômica e socialmente viáveis (QUIRINO, 1998). Pode-se dizer, então, que no âmbito nacional, a variável ambiental só foi incorporada ao setor empresarial devido a pressões locais e internacionais, que passaram e exigir produtos gerados dentro de critérios sustentáveis (VIRTUOSO, 2004). Entretanto, discutir a sustentabilidade socioambiental no atual modelo agrícola é um tema complexo devido à necessidade crescente do uso de insumos químicos nas monoculturas, dos desequilíbrios ambientais e dos malefícios á saúde dos trabalhadores. Sobre o assunto Guterres (2006, p.18) comenta: Não podemos esquecer que a terra está contaminada e dependente dos insumos químicos. Ao redor continuam as práticas da monocultura e do uso intensivo de venenos. O pequeno agricultor não é uma ilha. As práticas dos vizinhos afetam as suas. E muitos conhecimentos básicos de uma agricultura diversificada, ecológica e sem venenos foram esquecidos. [...]. [...]. As monoculturas atraem cada vez mais doenças nas plantas. Isso é fruto do desequilíbrio do meio ambiente, da falta de biodiversidade, do empobrecimento do solo. Peres et al. (2011) asseveram que no meio rural brasileiro além das conseqüências ambientais já citadas, o uso inadequado dos pesticidas tem causado graves e complexos problemas à saúde dos trabalhadores, desde dor de cabeça e tontura até desmaios e convulsões. Afirmam, ainda, que a contaminação se dá não somente por contato direto com os produtos, mas, também, por meio do contato com ambiente ou objetos contaminados e da contaminação da biota de áreas próximas às plantações agrícolas. Entretanto, ressaltam que os processos através dos quais as populações humanas estão expostas aos produtos, constituemse verdadeiros mistérios, dada a multiplicidade de fatores que estão envolvidos. No caso da floricultura, Gómez-Arroyo et al. (2000), ao realizarem estudo com trabalhadores no México, detectaram alterações celulares na mucosa bucal e atribuíram este problema à exposição aos agrotóxicos. Breilh (2007) também encontrou um cenário semelhante no setor da floricultura do Equador. O seu estudo evidenciou várias consequências ambientais causadas pela atividade, dentre as quais cita: contaminação da água e do solo, devido ao uso indiscriminado de agrotóxicos e fertilizantes e consumo excessivo de água. E enumerou vários problemas de saúde nos trabalhadores como: pressão arterial alta, anemia tóxica, leucopenia, inflamação hepática, instabilidade genética e sofrimento mental. Um outro estudo realizado por Idrovo e Sanín (2007) sugere um maior surgimento de abortos espontâneos e má formação congênita em bebês de mulheres colombianas que trabalham na floricultura. Fonseca et al. (2007), após realizarem estudo em Barbacena/MG no setor da floricultura, afirmaram que a exposição dos trabalhadores aos agrotóxicos ocorre de várias formas: durante o transplante, pulverização, corte e embalagens das flores. Apesar de reconhecer a importância socioeconômica da floricultura para a Etiópia, 6º maior produtor de flores do mundo, Getu (2009) demonstra preocupação em relação aos impactos socioambientais causados pela atividade nas populações que moram próximo às propriedades que cultivam flores, como o aumento da incidência de câncer em bebês, encefalite, aumento da acidez e salinização do solo e eutrofização dos corpos d’água, dentre outros. Apesar de no âmbito nacional não haver dados específicos sobre o setor da floricultura, Araújo (2010) afirma que de 150 a 200 mil trabalhadores rurais brasileiros sofrem intoxicação por agrotóxicos, anualmente. Entretanto, enfatiza que os dados relativos a esta temática não refletem a realidade do país devido à insuficiência de informações. Embora a pesquisa brasileira no que se refere ao impacto do uso de agrotóxicos na saúde humana também tenha crescido nos últimos anos, ainda é insuficiente para conhecer a extensão da carga química de exposição ocupacional e a dimensão dos danos à saúde, decorrentes do uso intensivo de agrotóxicos. Um dos problemas apontados é a falta de informações sobre o consumo de agrotóxicos e a insuficiência dos dados sobre intoxicações por estes produtos (ARAÚJO, 2010, p. 10). No Ceara, no município de Paraipaba, a justiça proibiu o uso de agrotóxicos pela Companhia de Bulbos do Ceará (CBC), empresa que atua no segmento de flores e plantas ornamentais, após a constatação em 2011, da morte de animais de grande porte por intoxicação e problemas respiratórios e dermatológicos em moradores residentes nas proximidades da mesma (Figura 4). Figura 4 - Uso indiscriminado de agrotóxicos na floricultura do Ceará. Fonte: Reportagem do Diário do Nordeste, 10/02/2011. Por tudo que foi exposto, faz-se necessária a adoção de novas práticas e formas de manejo para este setor, que incluam a sustentabilidade socioambiental, com uso racional dos recursos naturais, medidas de proteção aos trabalhadores e que seja lucrativo em longo prazo. 4 A FLORICULTURA NO MERCADO MUNDIAL E REGIONAL 4.1 O mercado mundial de flores O comércio internacional de flores gira em torno de três grandes mercados: União Européia, Estados Unidos e Ásia (Figura 5). A Holanda é o centro da floricultura mundial, principal produtor, exportador e importador. Produz em torno de 60% das flores comercializadas e é responsável por 85% do mercado europeu (MOTOS; PACHECO, 2004). Figura 5 – Localização dos principais países importadores de produtos da floricultura no mundo. Fonte: Kyiuna et al., (2004). De acordo com Kling (2004), a partir dos anos de 2000 houve uma diminuição da área plantada com produtos da floricultura devido ao alto custo de produção, principalmente nos países de invernos rigorosos, onde há a necessidade da utilização de estufas para o cultivo de rosas, flores e folhagens. Na Holanda, em 2004, por exemplo, o custo por hectare era em torno de € 242,00 na Suécia o custo era de aproximadamente € 3.159,00 o menor custo de produção era de € 19,73 no Reino Unido (Quadro 1). Quadro 1 - Países produtores de flores e plantas ornamentais na Europa, área e custo de produção. País Suécia Dinamarca Finlândia Holanda França Alemanha Bélgica Itália Espanha Reino Unido Área (ha) 63 444 141 8479 6628 7056 1721 8463 7617 7297 Custo de produção (€/ha) 3158,73 797,29 539,00 242,59 226,76 160,85 138,29 101,5 45,29 19,73 Fonte: Kling (2004). De acordo com o United States Department of Agriculture - USDA (2011) esta tendência também foi verificada nos EUA desde os anos de 2002, pois 72% da área plantada com produtos da floricultura localiza-se nos estados do Sul Ocidental dos EUA, e 75% desta área de produção necessita de proteção (estufas), onerando os produtos. Isto levou os EUA a comprarem produtos de países da América Central e do México. Em 2009, por exemplo, o país comprou rosas colombianas por 25 centavos de dólar canadense a unidade. Entretanto, para o escoamento da produção de países mais distantes como Colômbia, Equador, Brasil e países da África (Figura 6), onde as condições ambientais são mais adequadas ao cultivo, a mão-de-obra é abundante e os custos de produção não sofrem variações significativas durante o ano (MÁRQUEZ, 2004), foi necessário a adequação dos aeroportos ao transporte de flores. E esses países puderam entrar nos mercados dos EUA e Europa com preços mais competitivos, desestimulando a produção local, pois os produtos frescos têm maior valor agregado e o estoque neste setor é impensável devido à fragilidade do produto e a vida pós-colheita curta (LAMAS, 2003). Figura 6 – Localização dos principais países exportadores de produtos da floricultura no mundo (2000). Fonte: Kyiuna et al. (2004). Sabe-se que a floricultura é um dos ramos da horticultura e de acordo com Marques e Caixeta Filho (2002) abrange o cultivo de flores e plantas ornamentais com variados fins, desde cultivos de flores de corte até a produção de mudas arbóreas. Uma das suas principais características é a necessidade de pequenas áreas para o cultivo, sendo uma atividade típica de pequenos produtores (ADISSI, 2002). Utilizam-se além do cultivo em campo aberto, cultivos em estufas e telado. Em países de clima tropical como o Brasil, o custo da flor pode ser até 50% menor do que a produzida em outros países, visto que a técnica mais utilizada é a de campo aberto. A produtividade por m2 é mais elevada devido às condições edafoclimáticas serem favoráveis, além de apresentar produtos com maior durabilidade. Enquanto uma flor tradicional dura em média 5 dias, uma flor tropical pode durar até 20 dias. Apesar de possuir grande potencial para a produção e comercialização de flores destinadas ao mercado externo, visto que o custo da produção é relativamente baixo em relação a outros países, de acordo com a Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas - ABCSEM (2010), 95% da produção nacional de produtos da floricultura brasileira destina-se ao mercado interno. O Brasil possui cerca de 8 mil produtores de plantas e flores ornamentais e uma área cultivada de aproximadamente 9 mil hectares (IBRAFLOR, 2011). O tamanho médio das propriedades é de 1,5 ha e emprega 3,8 pessoas/ha (média nacional) e 18,7% desta mão de obra é de origem familiar (MITSUEDA; COSTA; D’OLIVEIRA, 2011; IBRAFLOR, 2011). O rendimento fica entre R$ 50.000,00 e R$ 100.000,00 por ha/ano, apresentando grande potencial de emprego e renda para pequenos produtores. A produção é distribuída em três técnicas: telado (3%), estufa (26%) e a maior parte da produção (71%) é realizada em campo aberto (Figura 7), o que diminui significativamente os custos, como citado anteriormente. Figura 7 – Distribuição percentual da área cultivada com flores e plantas ornamentais no Brasil, por técnica de produção. Fonte: IBRAFLOR (2011). O consumo per capita dos produtos da floricultura no Brasil é de R$ 20,00/habitante/ano (IBRAFLOR, 2011), considerado baixo se comparado ao consumo per capita da Europa (US$ 70,00 habitante/ano) (ABCSEM, 2011) e dos EUA (US$ 29,00 habitante/ano) (AGRICULTURE AND AGRI-FOOD CANADA, 2011). Apesar das exportações dos produtos da floricultura brasileira terem tido um desempenho negativo em 2010 (- 8,8% em relação a 2009), houve um crescimento de 15% deste mercado no mesmo período (KIYUNA et al., 2011). Segundo o IBRAFLOR (2011), uma das razões para este crescimento é o aumento do consumo interno das Classes C e D (em supermercado e garden centers) e das Classes A e B (via internet). Junqueira e Peetz (2011, p. 1) atribuem a diminuição das exportações de produtos da floricultura à recessão econômica dos principais mercados consumidores e à valorização da moeda brasileira: O desempenho decrescente do comércio internacional da floricultura brasileira reflete a conjuntura econômica depressiva nos principais mercados importadores mundiais (zona do Euro, EUA e Japão), além da sustentada valorização da política cambial do real, que induz à perda de competitividade das flores e plantas brasileiras no mercado mundial. Porém, com o aumento da demanda por produtos da floricultura no mercado interno, este setor continua em expansão. 4.2 A floricultura no Ceará O início da floricultura no Ceará se deu entre os anos de 1919 e 1921, na cidade de Fortaleza com a Chácara das Rosas e o Jardim Japonês. Nas décadas de 1970 e 1980, houve a expansão dos plantios para a Serra de Baturité, sendo que a produção destinava-se ao atendimento local (ALENCAR, 2006). A partir de 1994 e 1996, iniciaram-se os primeiros cultivos em estufas de flores de corte e em vaso e os primeiros projetos voltados para a exportação. Em 1998, a Secretaria de Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (SEAGRI) criou o Projeto Flores responsável pela expansão da floricultura no estado e, a partir de 1999, formou um grupo de profissionais para coordenar ações no setor no âmbito estadual, com a implantação de grandes projetos de produção de flores (SEAGRI, 2003). Já em 2002 aconteceu a primeira exportação de rosas cearenses (e do Brasil) para a Holanda, no valor de US$ 76.608,00. Em 2011, o principal mercado importador dos produtos da floricultura cearense foi o europeu. A Holanda foi responsável por 58,4% das exportações, seguida pelos EUA (41%), Cabo Verde (0,4%) e Portugal (0,1%), conforme figura 8. Os principais produtos exportados foram: bulbos, folhagens, mudas, flores de corte e rosas (ADECE, 2011). Figura 8 - Principais destinos dos produtos da floricultura cearense em 2011. Fonte: ADECE - 2012. Elaborado por ALENCAR, 2013. Devido às exportações dos produtos da floricultura, houve um aumento significativo na área plantada no Ceará. Entre os anos de 1999 e 2009, esse aumento foi de 1.887,360%, passando de 19 para 358,6 ha (Figura 9). Figura 9 - Evolução da área cultivada com produtos da floricultura no Ceará. Fonte: Instituto Agropolos/ADECE (2011). Segundo dados da ADECE (2012), nos anos de 2009 e 2010, as exportações dos produtos da floricultura cearense tiveram uma significativa redução, em virtude da situação econômica recessiva dos principais importadores. Mas, em 2011 as exportações cresceram 52% e o estado continua sendo um dos maiores exportadores nacionais de produtos da floricultura e é o 3° exportador brasileiro de rosas. Seguindo a tendência nacional, o Ceará praticamente dobrou o consumo de produtos da floricultura no primeiro semestre de 2012, em relação ao mesmo período de 2011, conforme reportagem editada pelo jornal Diário do Nordeste (Figura 10). A média de consumo de produtos da floricultura no estado que era de R$ 14,00, aumentou para R$ 26,00 per capita, superando a média nacional. Figura 10 - Aumento do consumo de flores no estado do Ceará. Fonte: Jornal Diário do Nordeste (28/08/2012). O sucesso da produção de flores e plantas ornamentais no estado do Ceará é devido às condições edafoclimáticas favoráveis, resultando numa elevada produtividade e coloca o estado em grande vantagem competitiva no mercado exportador. Sua produção de rosas, por exemplo, chega a 180 botões/m2/ano, podendo chegar a 220 botões/m2/ano, enquanto que a Colômbia e Equador, os maiores exportadores de rosas da América Latina, chegam a 80 e 90 botões/m2/ano, respectivamente. Outra vantagem competitiva é sua localização próxima dos principais mercados importadores (EUA e Europa) gastando apenas 7 horas para chegar ao destino por via aérea (Figura 11). Figura 11 - Tempo gasto no transporte dos produtos da floricultura cearense até os principais mercados importadores. Fonte: Flora Brasilis Ceará (2004); IBGE (2012). Modificado por Alencar, 2013. Possui, também, o primeiro terminal aeroportuário refrigerado do Brasil destinado exclusivamente à exportação de flores, imprescindível para a logística de exportação dos produtos da floricultura, especialmente para flores de corte. O estado possui dois portos internacionais (o Porto do Mucuripe e o Porto do Pecém) e apoio técnico do governo na viabilização da produção e exportação. 5 DA ADMINISTRAÇÃO ECOLÓGICA À ROTULAGEM AMBIENTAL NO CONTEXTO DA FLORICULTURA Desde a Segunda Grande Guerra, em especial, na Europa, os objetivos sociais foram somados aos econômicos. No início da década de 1990, em virtude do crescimento da consciência ambiental, grandes mercadólogos viram nos produtos ecológicos uma possibilidade de aumentar as vendas. E a partir deste período, difundiu-se em muitos países europeus a idéia de que se houvesse políticas de práticas de negócios ecologicamente corretas, as agressões ao meio ambiente poderiam ser substancialmente reduzidas e os investimentos nesta área passariam a ser vistos como vantagem competitiva. Durante a década de 1980, o conceito de administração na Alemanha foi gradualmente ampliado até incluir a dimensão ecológica. Inicialmente, os programas eram feitos de forma esporádica e independente pelos administradores, como reciclagem, medidas para poupar energia e outras inovações ecológicas. Um destes programas foi o “Modelo de Winter”, cujos princípios da administração com consciência ecológica baseiam-se em seis razões: sobrevivência humana; consenso público; oportunidade de mercado; redução de riscos; redução de custos e integridade pessoal (CALLENBACH, et al. 1993). O objetivo era associar o sucesso nos negócios com a preocupação ambiental. Os programas de rotulagem ambiental são assim organizados: programas de primeira parte, gerenciados pelas organizações envolvidas na produção, transporte ou comercialização dos produtos, ou seja, o fabricante ou produtor é o responsável pelas informações contidas no rótulo, por isso geram polêmica no mercado, pois deixam dúvida quanto à credibilidade das informações fornecidas (BIAZIN, 2002); programas de segunda parte, onde o órgão emissor do rótulo está indiretamente ligado à cadeia produtiva, e geralmente é uma associação comercial interessada em divulgar a gestão ambiental no setor e programas de terceira parte, nos quais as entidades responsáveis pela emissão do rótulo são independentes. Podem ser organizações governamentais ou civis que não tenham vínculos de interesse com o projeto avaliado, por isso são os rótulos de maior credibilidade perante os consumidores. Baseiam-se em verificação independente e utilizam critérios prefixados (CASTRO et al., 2004; GODOY; BIAZIN, 2000). A comunidade empresarial da Alemanha Ocidental foi uma das primeiras a assumir essas práticas. Os empresários com visão de futuro começaram a adotar administrações ecologicamente corretas e passaram a fazer alianças com movimentos ecológicos e a colocar em prática projetos de “eco-tecnologias” formulados por ambientalistas, como programas para o desenvolvimento da energia solar, programas de reciclagem, dentre outros. Essas práticas foram bem aceitas por consumidores e empresários (CALLENBACH et al. 1993). Apesar da preocupação com os impactos ambientais gerados pelas atividades agrícolas não serem recentes, pois Castro et al. (2006) e Coelho (2005) afirmam que os rótulos para produtos orgânicos surgiram na década de 1970, foi a década de 1980 que marcou o início de novas oportunidades no setor, no que diz respeito ao meio ambiente, levando a uma crescente demanda de bens e serviços gerados dentro de processos sustentáveis, os chamados “mercados verdes” (ARIAS; GÓMEZ, 2004). Ressalta-se que em 1978, a Alemanha já havia criado o seu primeiro rótulo ecológico, o Blauen Engel (Anjo Azul), destinado a rotular produtos considerados ambientalmente corretos (VALLE, 1995) e até hoje “é o país europeu líder em normas regulamentadoras de impacto ambiental” (MÁRQUEZ, 1997, p. 276). No âmbito da floricultura, no início da década de 1990, ocorreram algumas denúncias de maus tratos aos trabalhadores e ao uso excessivo de água e agrotóxicos nos cultivos de flores. A Colômbia, por exemplo, o maior produtor de flores da América Latina, até 1995 usava nas suas plantações o Captan, agrotóxico proibido na Finlândia, Suécia e Noruega por possuir substâncias cancerígenas (MENEZES, 1987), em uma proporção duas vezes maior do que o utilizado pela Holanda. E consumia 150.000 litros de água por semana para produzir um hectare de Crisântemo. No Equador, metade das mulheres que trabalhavam no cultivo de flores, apresentava sintomas de envenenamento (GROTE, 1999) e muitas apresentavam problemas quando engravidavam devido ao trabalho com agrotóxicos (LUCAS, 2004). A denúncia destes problemas pelo Centro de Estudos e Assessoria em Saúde (CEAS) do Equador e por ONG´s resultou numa queda significativa no consumo dos produtos da floricultura, principalmente na Europa (GROTE, 1999), levando muitos mercados a exigirem uma garantia de que os produtos tinham sido processados sob critérios sustentáveis. Este fato desencadeou uma série de mudanças no setor, uma delas foi a rotulagem ambiental. Entende-se que a rotulagem ambiental é: [...] a certificação de produtos/serviços com qualidade ambiental que atesta, através de uma marca colocada no produto ou na embalagem, que determinado produto/serviço (adequado ao uso) apresenta menor impacto ambiental em relação a outros produtos "comparáveis" disponíveis no mercado (ABNT, 2012) (grifo do autor). Para Arias e Gómez (2004, p. 52) a rotulagem ambiental além de agregar valor ao produto ajuda na melhoria dos aspectos socioambientais. E conotam: [...] é uma estratégia de Diferenciação de Produtos com alto conteúdo de responsabilidade social, que contribui para melhoria da qualidade de vida do Homem, conservação dos ecossistemas e preservação dos recursos naturais, ou seja, que opera no contexto do Desenvolvimento Sustentável, cujos valores intrínsecos são tão apreciados e solicitados neste novo século XXI pelos consumidores (tradução nossa). Os princípios básicos para os rótulos ambientais foram estabelecidos, em 2000, pela International Organization for Standardization (ISO) com a criação da família de normas da série 14020 (CURI, 2011), que prevê três tipos de rotulagem: Tipo I – São rótulos concedidos por organismos independentes (entidades de terceira parte). Por serem voluntários e multicriteriosos, geralmente tornam-se instrumentos de marketing das empresas. Tipo II – São rotulagens feitas pelos fabricantes e produtores, também chamadas autodeclarações ambientais. São os rótulos que mais geram polêmica no mercado, pois deixam dúvida quanto à credibilidade das informações fornecidas (BIAZIN, 2002). Tipo III – São rótulos de informações sobre dados ambientais do produto, como a avaliação do ciclo de vida. A empresa não precisa cumprir metas e obtém este rótulo independentemente do seu desempenho ambiental (CURI, 2011 p. 139). A rotulagem ambiental de produtos assume várias denominações: eco-rótulo ou ecoselo (CALLENBACH, et al. 1993), selo ambiental (DONAIRE, 1995), selo verde (CORRÊA apud GODOY; BIAZIN, 2001), ecoselo (ARIAS; GÓMEZ, 2004), selo ecológico ou ecolabelling (OROZIMBO, 2009). Porém, todos se referem a qualquer programa de rotulagem que evidencia um aspecto ambiental e asseguram que o produto causou menos impacto na sua geração do que os similares disponíveis no mercado. Os ecoprodutos (produtos que possuem rótulo ambiental) destinam-se a um grupo de consumidores preocupados com o meio ambiente e representam um mercado muito promissor, os consumidores verdes. Em países europeus como Suíça, Alemanha e Inglaterra, esses consumidores representam 50% da população e nos EUA representam 37% deles (ANDRADE; TACHIZAWA; CARVALHO, 2000 p. 07). No âmbito nacional, Campanhol, Andrade e Alves (2003) citam uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em 1998, com 2000 pessoas onde 68% diziam estar dispostas a pagar mais por produtos menos agressivos ao meio ambiente. Essa nova perspectiva de produção, fez surgir oportunidades de comercialização de bens e serviços, garantindo a competitividade nas empresas, a preservação da sua imagem e a sua responsabilidade social, inclusive permitindo o acesso e a permanência a mercados importantes. Entretanto, para que estes produtos tenham aceitabilidade no mercado internacional, é necessária uma comprovação de que são produzidos dentro dos critérios sustentáveis. O mercado europeu valoriza o selo verde, já os EUA valorizam os produtos que atendem às normas ISO 9000 e 14000 (LUCCAS, 2001). Por esta razão, países como Kenya e Japão buscaram rotular seus produtos para diferenciá-los e manterem-se competitivos no mercado (FENTON, 2005). No campo da floricultura, com vistas ao potencial de mercado para os seus produtos com rótulo ambiental, os países produtores de flores começaram a elaborar “Códigos de Conduta com a participação de vários agentes ligados ao setor: trabalhadores, produtores e sociedade civil [...].” (ALENCAR; PINHEIRO; ADISSI, 2006, p.270). Nessa perspectiva, em 1993 produtores holandeses, juntamente com educadores e pesquisadores, criam o Milieu Programma Sierteelt – MPS (Programa Ambiental da Floricultura). Em 1994, produtores do Kenya elaboraram juntamente com os Ministérios da Agricultura e Trabalho, o Conselho Da FLor do Kenya - KFC , visando o controle do uso de agrotóxicos, boas práticas trabalhistas e ambientais. A Associação dos Exportadores de Flores Colombianas (ASOCOLFLORES) criou, em 1996, o Programa Florverde destinado a melhorar o meio ambiente e o contexto social. E, os importadores alemães, juntamente com a Associação de Produtores de Flores e Exportadores do Equador (EXPOFLORES), criaram, em 1998, o Flower Label Program – FLP (Programa de Certificação da Floricultura), que se baseia em organizações e convenções internacionais para qualificar o manejo ambiental, social e trabalhista no setor. Em 1998, a União Internacional dos Trabalhadores do Alimento (IUF) e ONG´s da Alemanha, Holanda e Suíça, propuseram o Código Internacional de Conduta (ICC). Este código visa o respeito aos direitos trabalhistas, proteção ambiental e uso limitado de agrotóxicos. Porém não valoriza os produtos certificados, ela objetiva atrair consumidores socialmente conscientes dos países importadores. Em 2002, produtores de flores europeus e de varejistas do setor, criam o EUREPGAP Flowers and Ornamentals. Também na perspectiva de conquistar mercados e alcançar o desenvolvimento sustentável na floricultura, exportadores etíopes desenvolveram em 2007, um Código de Conduta para o setor, o qual está baseado na legislação local e nas exigências de rótulos internacionais, especialmente o Milieu Programma Sierteelt (MPS) - Programa Ambiental da Floricultura, uma vez que 70% das exportações do país destinam-se à Holanda. O Código de Conduta possui um conjunto de regras que orientam e disciplinam a conduta dos floricultores, com o fim específico de minimizar os impactos socioambientais do setor (GETU, 2009). Existe ainda o Programa de Certificação Agrícola – PCA, ligado à Rede de Agricultura Sustentável, que utiliza o certificado e o selo socioambiental Rainforest Alliance Certified, que tem grande aceitação no mercado norte-americano. Este Programa não possui padrões fixos, é construído com os agentes envolvidos (ambientalistas, produtores, pesquisadores e consumidores). Baseia-se nos três pilares do desenvolvimento sustentável: produção agrícola realizada de maneira ambientalmente adequada, socialmente justa e economicamente viável. No Brasil, o setor da floricultura começou a se organizar a partir de 1993, com reuniões anuais de representantes de diversos segmentos (ensino, pesquisa, extensão, produção, atacado, varejo e paisagismo), onde estabeleceram metas para o setor (KAMPF, 1997). E, em 1994, foi criado o Instituto Brasileiro de Floricultura (IBRAFLOR), instituição não-governamental que centraliza interesses da produção e comercialização de flores e plantas ornamentais. Porém, não existe nenhuma empresa certificadora oficial brasileira no setor de flores, apenas iniciativas voluntárias (LOBO, 2005), como é o caso do estado de Santa Catarina que criou o Sistema de Certificação de Flores e Plantas: o Flora Brasilis Santa Catarina (FBSC), resultado de uma parceria com o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), organismo oficial de acreditação brasileiro reconhecido pelo International Accreditation Forum (IAF) - Fórum Internacional de Acreditação. Vale salientar que o custo da implantação destes programas é bastante elevado. De acordo com Godoy e Biazin (2000), o custo da implantação de um programa de rotulagem ambiental na Europa varia de US$ 197,00 (Alemanha) até US$ 1.655,00 (Suécia). Por este motivo, Alencar (2007, p. 3) afirma que: [...] a maioria dos produtos certificados se destinam à exportação devido aos custos do processo. Fato que limita a adesão dos pequenos produtores aos programas, especialmente dos selos Tipo I, que são fornecidos por terceiros, têm maior credibilidade e permite maior competitividade do produto em relação aos seus similares. Com a globalização dos mercados, é imprescindível que a estrutura de acreditação e os Programas de Avaliação da Conformidade de cada país alcancem reconhecimento junto aos devidos fóruns internacionais. O fórum de reconhecimento multilateral de organismos de Sistemas de Gestão é o IAF que agrega vários países membros, do qual o Brasil, através do INMETRO, é signatário desde 1995. Para Gueron (2003), a harmonização dos programas de rotulagem ambiental é a tendência atual entre os diversos programas existentes, pois além da redução dos custos, abrange diferentes mercados. 5.1 O Milieu Programma Sierteelt – MPS Devido à queda nas vendas de produtos da floricultura, no início dos anos de 1990, em função de denúncia de grupos ambientalistas e ONG´s sobre maus tratos aos trabalhadores e uso excessivo de água e agrotóxicos em propriedades do Equador e Colômbia, como relatado anteriormente, os países produtores tiveram que adequar-se a exigências do mercado: a produção sustentável. Nesta perspectiva, a Holanda, maior entreposto comercial de produtos da floricultura do mundo, visando mudar a imagem do setor e reduzir os impactos ambientais, cria em 1993 um Código de Conduta para a horticultura nacional, o Milieu Programma Sierteelt – MPS (Programa Ambiental da Floricultura), primeiro rótulo ambiental para produtos da floricultura do mundo. O MPS é um conjunto de normas desenvolvido como padrão ambiental para os produtores de flores e plantas ornamentais dos Países Baixos. Porém, a partir de 1997 produtores estrangeiros também começam a utilizá-lo transformando-o em um padrão internacional (BRASIL, 2002, p.26). Baseia-se na melhoria das práticas hortículas cotidianas e visa reduzir os impactos do setor, aliando padrões ambientais e sociais, como afirma Hincapié et al. (2007, p. 13): O programa envolve cumprimento das exigências ambientais e sociais. Ele inclui o registro e gestão de agrotóxicos, fertilizantes, água, resíduos e energia. Também inclui condições sociais (saúde, segurança e condições de trabalho) e de responsabilidade social das empresas (registro e uso de agrotóxicos, obrigações trabalhistas, inventário e avaliação de riscos). O MPS é um dos programas mais adiantados e de maior credibilidade do setor. De acordo com o Brasil (2002, p. 26) mais de 60% das flores vendidas em leilões e agências holandesas é composta por produtos que têm este selo. Este programa adota uma pontuação específica para cada classe (exigência) que varia conforme cada país ou região, de acordo com as carências ou abundâncias de recursos naturais. Os aspectos avaliados são: 1. Manutenção e registro de todas as atividades; 2. Gestão de solo e substrato (realizar rotação de cultura e reciclagem de substrato; utilizar técnicas que evitem a erosão do solo); 3. Material de propagação (exigir certificado de sanidade e comprovação de resistência e tolerância do material adquirido; respeitar o direito de propriedade intelectual); 4. Saúde e segurança dos trabalhadores (capacitar os trabalhadores para realização das atividades e fazer registro dos treinamentos; garantir o uso adequado de equipamentos de proteção individual; disponibilizar água potável e instalações básicas (sanitários e banheiros) e higienizadas; treinar os trabalhadores para as emergências, acidentes e primeiros socorros; sinalização das áreas perigosas; disponibilizar material de primeiros socorros); 5. Gestão de resíduos (elaborar um plano para redução e eliminação de forma ambientalmente correta); 6. Agrotóxicos (dar destinação correta às embalagens vazias e aos produtos vencidos; o local de armazenamento deve ser seguro, atender a legislação local e preferencialmente, separados dos fertilizantes; Os locais de aplicação devem ser sinalizados; O uso deve ser recomendado por profissional habilitado e o excedente deve ser armazenado ou eliminado de forma responsável (por exemplo, por aspersão nas parcelas não tratadas); o período de carência dever ser obedecido; registrar o uso); 7. Fertilizantes (realizar análise de risco antes da utilização; devem ser armazenados em local seguro e atender a legislação local; registrar o uso); 8. Uso da água (deve ser adquirida de fonte sustentável e analisada pelo menos uma vez ao ano; registrar o uso); 9. Uso de energia (deve ser elaborado um plano de gerenciamento de energia para evitar o desperdício; registrar o uso); 10. Plano de conservação da natureza (desenvolver ações para melhorar os habitats e aumentar a biodiversidade; locais improdutivos devem ser convertidos em áreas de conservação); 11. Reclamação (as queixas e reclamações devem ser registradas) (MPS, 2011). São avaliados aspectos como: técnica de cultivo (estufa ou campo aberto) uso de agrotóxicos e fertilizantes (fósforo e nitrogênio), uso da água (avaliação dos vazamentos, tipo de irrigação, consumo médio) e energia, avaliação do desperdício (matéria orgânica, papel, plástico), práticas de reciclagem e bem estar dos trabalhadores (acesso a instalações básicas como banheiros, alojamento e restaurante, quando aplicável). 5.2 O EUREPGAP Flowers and Ornamentals Como já amplamente discutido, a crescente preocupação dos consumidores em relação aos impactos causados pela agricultura provocou mudanças significativas nos processos produtivos, não só em relação à segurança alimentar e meio ambiente como também em relação à saúde e segurança dos trabalhadores, culminado com o surgimento de novas regras de mercado. De acordo com Pelição (2003) tais regras são ditadas pelos mercados mais desenvolvidos. Atualmente, no mercado europeu, o poder está nas mãos dos distribuidores que por estarem em contato direto com os consumidores, têm conhecimento das suas exigências, e dessa forma, estão em condições de comandar toda a cadeia produtiva. Este fato tornou obrigatória a formação de parcerias ao longo da cadeia. Assim, para atender aos interesses de produtores de flores europeus e de varejistas do setor, o Euro-Retailer Producer Working Group (EUREP), cooperativa de varejistas europeus, cria em 2002 o EUREPGAP Flowers and Ornamentals. Este certificado é uma garantia de que os produtos são gerados atendendo a critérios sustentáveis. Em 1997, o EUREP havia criado um protocolo para o desenvolvimento de boas práticas na agricultura (Good Agricultural Practice – GAP) para frutos e hortaliças frescas. A GAP inclui critérios sobre gerenciamento de áreas, uso de agrotóxicos e fertilizantes, gerenciamento de pragas, de colheita e pós-colheita, saúde e segurança dos trabalhadores. O EUREPGAP é um documento normativo de certificação internacional, acreditado segundo a normativa ISO 65 – certificação do produto, portanto pode ser aplicado globalmente. Tem como meta a padronização da qualidade dos produtos que comercializam. Inicialmente, o programa era restrito a certificação de frutas e legumes. Posteriormente, incluiu flores e plantas ornamentais, devido à pressão de produtores e compradores que reconheceram a gravidade dos impactos ambientais causados pelo setor e viram que a certificação conquistaria um mercado importante no que se refere à sustentabilidade agrícola. Diante disso, foi criado um grupo técnico de trabalho com o nome Comitê Técnico e Normativo (TSC) para Flores e Plantas Ornamentais. Este grupo desenvolveu e testou novos documentos normativos do Protocolo EUREPGAP para Flores e Plantas Ornamentais e, em 2002, o protocolo foi introduzido em Amsterdã. Os primeiros Organismos de Certificação (OCs) iniciaram o processo de certificação do EUREPGAP Flores e Plantas Ornamentais, no final de 2003, cujo objetivo era fornecer aos consumidores produtos seguros, baseado em três pontos: proteção ao meio ambiente, o qual fornece ferramentas que verificam as melhores práticas agrícolas para minimizar os impactos ambientais e que sejam economicamente viáveis; melhoria das condições de trabalho, saúde e segurança dos trabalhadores com o intuito de estabelecer um nível global de critérios de higiene e segurança no trabalho nas unidades de produção, a conscientização e a responsabilidade em relação a assuntos sociais e o bem estar animal (quando aplicável) com vistas a estabelecer um nível global de critérios de tratamento dos animais nas unidades de produção. Objetiva, ainda, desenvolver um Sistema de Boas Práticas Agrícolas para equivalência (benchmarking) de certificados existentes, incluindo a rastreabilidade, melhoria contínua e a manutenção da comunicação entre consumidores, produtores, exportadores e importadores (EUREPGAP, 2005). Para atender as exigências do EUREPGAP Flores e Plantas Ornamentais é necessário o cumprimento dos Pontos de Controle, que são auditados periodicamente. Os Pontos de Controle dividem-se em 15 seções referentes a: 1. Rastreabilidade; 2. Manutenção dos registros das atividades realizadas nas unidades produtivas; 3. Variedades e porta-enxertos (qualidade das sementes e mudas, resistência a pragas e doenças, preparação e tratamento das sementes, qualidade do material vegetativo); 4. Histórico e gestão da unidade de produção (existência de um sistema de registro para cada unidade produtiva e visual identificação, avaliação de riscos para cada novo canteiro, considerando o uso anterior da terra e o impacto potencial das culturas adjacentes, comprovação da rotação de cultura); 5. Gestão de solo e dos substratos (mapas de solo, utilização de técnicas culturais que minimizem os riscos de erosão, tipo de desinfecção do solo, manejo de substratos); 6. Uso de fertilizantes ( desenvolvimento de estratégias que assegurem a uma perda mínima de nutrientes, recomendações feitas por técnico competente, registro das aplicações incluindo frequência, intervalo e equipamentos utilizados, armazenamento adequado, utilização de adubo orgânico); 7. Irrigação e fertirrigação (exigência da irrigação, considerando a previsão das chuvas, método de irrigação, qualidade e procedência da água utilizada); 8. Proteção de culturas (uso mínimo de agrotóxicos; utilização de produtos seletivos e apropriados para o cultivo de flores; implementação de estratégias para evitar a resistência de produtos; existência de restrições de produtos por parte dos consumidores; manutenção de lista atualizada dos produtos utilizados e autorizados para o uso; competência técnica dos responsáveis pelo manejo dos produtos; quantidade aplicada;registro das aplicações incluindo frequência, intervalo e equipamentos utilizados; segurança e treinamento dos aplicadores; respeito ao intervalo de segurança; destinação dos excedentes de aplicação, das embalagens vazias, e dos agrotóxicos vencidos; transporte e armazenamento adequado); 9. Colheita (higiene pessoal, empacotamento na propriedade); 10. Tratamento pós-colheita (produtos utilizados, qualidade da água utilizada); 11. Gestão de poluição e resíduos, reciclagem e reutilização (identificação dos resíduos possíveis e das fontes de poluição, plano de ação para redução de resíduos e poluentes); 12. Saúde, segurança e bem estar dos trabalhadores (avaliação dos riscos, treinamento específico para manuseio de equipamentos perigosos ou complexos e dos procedimentos em caso de emergência; sinalização dos locais de perigo potencial; manuseio de agrotóxicos, utilização de vestuário e equipamento de proteção adequado; registro de reunião de intercâmbio entre gerência e empregados; alojamentos em bom estado e com os equipamentos básicos necessários; segurança dos visitantes); 13. Questões ambientais (compreensão por parte dos produtores dos impactos das atividades agrícolas sobre o meio ambiente, política de conservação da vida selvagem, uso de energia); 14. Reclamação (disponibilização de formulários de reclamação, registro das ações tomadas); 15. Auditorias internas (realização e registro de pelo menos uma anualmente para verificação dos critérios EUREPGAP, ações corretivas baseadas nos resultados dessas auditorias (EUREPGAP, 2005). De acordo com Velloso (2005), os Procedimentos Padrões de Operação do EUREPGAP atendem às exigências do mercado europeu e norte americano conforme se visualiza no Quadro 2. Quadro 2 – Procedimentos Padrões de Operação do EUREPGAP e recomendados pela Europa e EUA. Procedimentos Padrões de Operação EUREPGAP Variedades Histórico de manejo do solo/seleção Manejo de solos e substratos Uso de fertilizantes Manejo da água Controle de pragas Colheita Pós-colheita Manejo de resíduos e contaminação Saúde, segurança e bem-estar do trabalhador Recomendado pelos USA Fonte: Velloso (2005). x x x x x x Recomendado pela Europa x x x x x x x x x x Por atender as exigências dos maiores mercados importadores da floricultura mundial, a adoção dos critérios de gerenciamento deste certificado se configura como importante estratégia para conquista destes mercados. Além de assegurar aos consumidores que os produtos foram gerados atendendo a padrões sustentáveis. 5.3 A legislação brasileira que dispõe sobre o setor agrícola As certificações ambientais do setor da floricultura utilizadas nesta pesquisa exigem que o gerenciamento da propriedade atenda a legislação local. Portanto, para a elaboração do Código de Conduta destinado à rotulagem socioambiental da floricultura do Agropolo Cariri/CE foi utilizada também a legislação brasileira que dispõe sobre transporte, armazenamento e destino final das embalagens vazias e compra de agrotóxicos (Decreto nº 4.074 de 04 de janeiro de 2002 – ANEXO A); normas para o seu armazenamento (ABNT NBR 9.845:2004 – ANEXO C) e garantia de EPI para os aplicadores (Decreto Nº 23.705 de 08 de junho de 1995 – ANEXO B); respeito à propriedade intelectual (Lei Nº 9.456 de 25 de abril de 1997 – ANEXO D); exigências da qualidade da água utilizada (CONAMA Resolução Nº 357 de 17 de março de 2005 – ANEXO E); garantia de segurança e saúde no trabalho na agricultura (NR 31 – ANEXO F); e uso e ocupação do solo das propriedades rurais (Lei nº 12.651 de 25 de maio de 2012 – ANEXO G). Com base nas exigências do Milieu Programm Siertelt – MPS, do EUREPGAP Flowers and Ornamentals Version 1.1-Jan04 e da legislação brasileira que dispõe sobre o setor agrícola, foi elaborado o Quadro 3: Quadro 3: Síntese das exigências do MPS, do EUREPGAP e da legislação brasileira que dispõe sobre o setor agrícola. PONTOS DE CONTROLE MPS EUREPGAP LEGISLAÇÃO BRASILEIRA Registros Registro do manejo de todas as atividades e manutenção dos mesmos por pelo menos 2 anos. Registro do manejo das atividades e manutenção dos registros por 2 anos. - Elaborado por Alencar, 2013. Quadro 3: Síntese das exigências do MPS, do EUREPGAP e da legislação brasileira que dispõe sobre o setor agrícola (Continuação) PONTOS DE CONTROLE MPS Registros Manter registros em relação à qualidade, variedade, saúde e produtos. (Continuação) EUREPGAP LEGISLAÇÃO BRASILEIRA - Material de propagação No caso de propagação na propriedade, deverá demonstrar a sanidade das plantas mediante acompanhamento dos pais. Caso sejam adquiridas fora da propriedade, exigir um atestado de sanidade. Respeitar o direito de propriedade intelectual. Cultivares adaptados à região e resistentes a pragas e doenças importantes. Caso sejam adquiridas fora da propriedade, exigir um atestado de sanidade. Respeitar o direito de propriedade intelectual. Histórico e gestão da unidade de produção Identificação visual Cada unidade produtiva com sistema de registro próprio e análise de risco para cada novo canteiro. Identificação visual Cada unidade produtiva com sistema de registro próprio e avaliação de risco para cada novo canteiro. Gestão de solos e substratos Deverá ser feito análise do solo para conhecimento do tipo de solo; Usar tratamento mecânico, sempre que possível para manter ou melhorara estrutura do solo; Adotar técnicas que minimizem a erosão; Evitar desinfecção do substrato com Quando utilizar produtos químicos deve registrar e cumprir o intervalo de carência. Fazer mapas de solo para cada unidade de produção e adotar medidas que minimizem riscos de erosão. Evitar a fumigação e utilização de substratos apenas quando se fizer necessário. A propagação de uma cultivar patenteada só poderá ser feita mediante a autorização do seu titular (Art. 9º da Lei Nº 9.456, de 25/04/1997 – ANEXO D) que poderá ou não exigir o pagamento pela sua exploração comercial. Elaborado por Alencar, 2013. - - Quadro 3: Síntese das exigências do MPS, do EUREPGAP e da legislação brasileira que dispõe sobre o setor agrícola (Continuação). PONTOS DE CONTROLE MPS EUREPGAP LEGISLAÇÃO BRASILEIRA Fertilizantes A quantidade de fertilizantes aplicados devem ser comprovadamente calculados para cada aplicação, mediante recomandação técnica; Manter inventário atualizado; O local de armazenamento deve ser limpo, seguro, seco e estar de acordo com a legislação local. Usar fertilizantes químicos mediante recomendação técnica, análise de solo e de produtos colhidos. Irrigação Deve-se utilizar o métodos mais eficiente, combinado às necessidades da cultura. Usar água de fontes sustentáveis e analizá-la pelo menos uma vez ao ano. Utilizá-la de forma eficiente e fazer o registro do seu uso. O método utilizado deve ser o mais eficaz e prático do ponto de vista econômico e garantir a boa utilização do recurso.A água deve ser captada de fonte sustentável. Usar água doce das classes I e II (Resolução nº 357 do CONAMA Cap. I, Seção II, Art. 4º, inciso II, alínea “d”, e inciso III, alínea “d” (ANEXO E) e salobras da classe I para irrigação (Resolução nº 357 do CONAMA Cap. I, Art. 6º da Seção III, inciso II, alínea “e” - ANEXO E); O monitoramento da qualidade da água deve ser feito pelo Poder Público (Resolução nº 357 do CONAMA Cap. I Art. 8º – ANEXO E). Agrotóxicos Reduzir o número de agrotóxicos e usar apenas os autorizados para cada cultura; Manutenção de um inventário atualizado destes produtos; Armazená-los de acordo com a legislação vigente; Realizar a tríplice Restrição a produtos não seletivos de impactos indesejáveis e uso apenas de substâncias químicas registradas no Brasil e com base em recomendações técnicas; Capacitar os trabalhadores para o manuseio destes produtos; Armazenálos de acordo com a Usar apenas produtos registrados e autorizados no país (NR 31 subitem 31.8.2 – ANEXO F) e indicados para acultura pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA através do Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários– AGROFIT; Estes produtos não podem ser manipulados por menores de dezoito anos, maiores de sessenta anos e por gestantes (NR 31 subitem 31.8.3 – ANEXO F);A aplicação deve ser feita com base em recomendação técnica de profissional - Elaborado por Alencar, 2013. Quadro 3: Síntese das exigências do MPS, do EUREPGAP e da legislação brasileira que dispõe sobre o setor agrícola (Continuação). PONTOS DE CONTROLE MPS EUREPGAP LEGISLAÇÃO BRASILEIRA Agrotóxicos lavagem das embalagens e devolução das mesmas aos órgãos responsáveis; Eliminar o excedente de forma responsável (ex: por aspersão em parcelas não tratadas). legislação vigente; Realizar a tríplice lavagem das embalagens vazias e encaminhá-las aos órgãos responsáveis habilitado (inciso VI do Art. 20º do Decreto Estadual Nº 23.705, de 08 de Junho de 1995 – ANEXO B);Disponibilizar informações sobre o uso de agrotóxicos (NR 31 subitem 31.8.10 alíneas “a”, “b”, “c”, “d”, “e”, “f”, “g” e “h” - ANEXO F); Realização da tríplice lavagem das embalagens vazias e devolução das mesmas ao estabelecimento comercial de onde foram adquiridas (Art. 53 parágrafos 5º e 6º do Decreto 4.074 de 04/01/2002, respectivamente - ANEXO A); O transporte de destes produtos deve ser feito em compartimento separado de alimentos e utensílios de uso pessoal e doméstico (NR 31 subitem 31.8.19.1 ANEXO F), e seu armazenamento deve ser feito em local seguro (ABNT NBR 9.843:2004 - ANEXO C), de acesso restrito e sinalizado (NR 31 subitem 31.8.17 alíneas “b” e “d” ANEXO F); Plano de reciclagem de substrato inerte. Plano de ação para resíduos e poluentes. Rotação de culturas Fazer rotação culturas. de Fazer rotação de culturas sempre que possível. Saúde segurança e bem estar dos trabalhadores Avaliação de análise de risco. Capacitação para o manuseio de produtos Perigosos; Acesso a equipamentos de proteção individual (EPI’s) adequados, Obedecer o período de carência dos agrotóxicos; Acesso a banheiros higienizados; sinalização dos locais de perigo potencial. Poderão trabalhar Avaliação de riscos referentes a higiene e segurança, acesso a instalações sanitárias limpas e próximas ao local de trabalho, sinalização dos locais de perigo potencial, treinamento específico dos procedimentos a serem seguidos em caso de acidente e emergência, vestuários e equipamentos de proteção adequados. Poderão trabalhar (Continuação) Gestão de poluição e resíduos, Reciclagem e reutilização Os resíduos do processo produtivo deverão ser eliminados de forma a não provocar contaminação ambiental (NR 31 subitem 31.9.1 – ANEXO F); - Realizar avaliações de risco e implementar medidas de segurança e saúde para os trabalhadores ( NR 31 subitem 31.3.3 alíneas “a” e “b” – ANEXO F); Capacitar os trabalhadores para uso o manuseio de agrotóxicos (NR 31 subitens 31.8.7 e 31.8.8 – ANEXO F) e fornecer equipamentos de aplicação apropriados e seguros (NR 31 subitem 31.8.12 alíneas “a”, “b”, “c” e “d” – ANEXO F); Acesso a a equipamentos de proteção individual (EPI’s) adequados (NR 31 subitem 31.20.1.1 – ANEXO F) e em perfeito estado de conservação (NR 31 subitem 31.8.9 alínea “b”– ANEXO F); Sinalização das áreas recém-tratadas por agrotóxicos (NR 31 subitem 31.8.10.1 – ANEXO F) e obedecer o intervalo de Elaborado por Alencar, 2013. Quadro 3: Síntese das exigências do MPS, do EUREPGAP e da legislação brasileira que dispõe sobre o setor agrícola (Continuação). PONTOS DE CONTROLE MPS EUREPGAP LEGISLAÇÃO BRASILEIRA Saúde segurança e bem estar dos trabalhadores (Continuação) adolescentes maiores que 15 anos de idade, em atividade que não sejam insalubres e não comprometa o seu rendimento escolar. adolescentes maiores que 15 anos de idade, em atividade que não sejam insalubres e não comprometa o seu rendimento escolar reentrada após cada aplicação (NR 31 subitem 31.8.5– ANEXO F); Acesso a instalações sanitárias higienizadas (NR 31 subitem 31.23.3.2 – ANEXO F); Dispor de material necessário à prestação de primeiros socorros (NR 31 subitem 31.5.1.3.6 – ANEXO F). Questões ambientais Baseado na carência ou abundância dos recursos naturais da região estabelece critérios específicos para seu uso. Compreensão por parte dos produtores sobre os impactos sua da atividade, estabelecimento de um plano de conservação ambiental, estabelecimento de um plano para minimizar o consumo de energia. Reserva legal de 20% da área da propriedade - Art. 12 da Lei nº 12.651, de 25/05/2012 (ANEXO G) Reclamações Disponibilização de formulário de reclamação. Disponibilização formulário reclamação. de de - Elaborado por Alencar, 2013. Pelo exposto, conclui-se que há uma equivalência entre as exigências dos programas de rotulagem socioambiental Milieu Programma Sierteelt (MPS) e EUREPGAP Flowers and Ornamentals Version 1.1-Jan04 e a Legislação brasileira que dispõe sobre o setor agrícola, em relação aos aspectos socioambientais. 6 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO A região em estudo localiza-se no Semiárido nordestino, extremo Sul do estado do Ceará no Agropolo Cariri (Figura 12). As regiões áridas e semiáridas representam 55% das terras do mundo. Estão localizadas em 150 países e abrangem quase um bilhão de pessoas. Na América do Sul, estas regiões localizam-se na Argentina, Chile e Brasil (SILVA et al., 1993). Segundo Brasil (2005), os critérios utilizados para delimitar as áreas Semiáridas brasileiras são: • Índice de aridez de Thornthwaite (1941) de até 0,50, baseado na evaporatranspiração potencial, utilizando como indicadores: a precipitação pluvial e a temperatura da região no período de 1961-1990; • Precipitação pluviométrica média anual inferior a 800 mm; • Déficit hídrico em pelo menos 60% do tempo no período de 1970-1990, ocorrendo quando a lâmina evaporada das superfícies líquidas é maior que a precipitada (ANDRADE; MEIRELES; PALÁCIO, 2010). O Semiárido brasileiro ocupa 982.563,3 km2, compreende 1.133 municípios, abrange 57,53% da região Nordeste e possui uma população de aproximadamente 25 milhões de habitantes (BRASIL, 2005; IBGE, 2010). A2 A1 B2 C2 D2 D1 C1 Figura 12 - Localização do Agropolo Cariri/CE e delimitação do pólo produtor da floricultura investigado. Fonte: IBGE (2011). Modificado por Alencar, 2013. B1 Segundo Nimer (1964), a circulação atmosférica regional é controlada pela Massa Tropical Atlântica e correntes perturbadas de Norte. Ainda de acordo com o autor, a Massa Tropical Atlântica compõe-se de duas correntes: uma inferior fresca e úmida, carregada de umidade oriunda da evaporação do oceano e outra superior muito quente e seca em virtude da forte inversão de temperatura que a separa da superfície, a qual não permite o fluxo vertical e a mistura das mesmas. Nas suas bordas, no doldrum ou no litoral, a descontinuidade térmica se eleva e enfraquece bruscamente, permitindo uma ascensão violenta das duas camadas. Desse modo, a massa torna-se instável, causando fortes chuvas equatoriais. Porém, à medida que vai adentrando no Semiárido as precipitações diminuem devido ao choque da massa Tropical Atlântica com o Planalto da Borborema, que funciona como barreira natural, causando a elevação dessas massas de ar, que ao se elevarem, favorecem a ocorrência de chuvas orográficas. Enquanto no litoral leste as precipitações são superiores a 1.000 mm, no sertão chega a alcançar valores médios inferiores a 500 mm anuais. Entretanto, algumas regiões centrais apresentam tipos climáticos específicos devido à topografia elevada, como é o caso das serras, que apresentam valores superiores a 1.500 mm (MOURA et. al., 2007). Em virtude da intensa radiação solar e dos ventos do quadrante Leste, oriundos das altas pressões tropicais ou do anticiclone semifixo do Atlântico Sul, chegarem ao Nordeste durante todo o ano, a Massa de ar Tropical Atlântica possui temperaturas mais ou menos elevadas. Devido à inversão de temperatura, a partir de 1.500m de altitude, os ventos alísios, embora carregados de altas temperaturas, atingem o litoral dando um caráter de homogeneidade e estabilidade à região. Esta estabilidade é cessada com a chegada das correntes perturbadas de Sul (Frente Polar Atlântica), correntes perturbadas de Norte (Convergência Intertropical – CIT) e das correntes perturbadas de Oeste e as de Leste (NIMER, 1972; SOUZA, 2003; SANTOS, COSTA, SANTOS, 2007). Entretanto, Nimer (1972) e Souza (2003) afirmam que as correntes perturbadas de Norte são as que têm maior influência sobre o regime anual de precipitação do Semiárido nordestino. Esta descontinuidade é oriunda da convergência dos alísios do Norte e Sul e representada pelo deslocamento da convergência intertropical (CIT). Nessa região de baixas pressões e ventos calmos, o ar instável provoca chuvas e trovoadas geralmente muito intensas. Porém, estas correntes “somente adquirem significância de meados do verão a meados do outono” (NIMER, 1972, p. 336). Em virtude da localização, no extremo leste da América do Sul, a região Semiárida brasileira sofre influência de fenômenos meteorológicos aos quais lhe conferem características climáticas únicas em relação a outras regiões semiáridas do mundo (MOLION; BERNARDO, 2012). Apresenta médias pluviométricas anuais de 200 a 800 mm com chuvas irregulares no tempo e no espaço, com anos extremamente secos e outros extremamente chuvosos (SUDENE, 2011; ASA, 2012) e duas estações climáticas distintas: uma chuvosa, que se estende de dezembro a abril, com maiores totais pluviométricos nos meses de março e abril e a uma seca e longa de maio a novembro (MOURA et al., 2007). Esta variabilidade climática do ponto de vista pluviométrico, segundo Nimer (1972, p.300), “decorre fundamentalmente da posição geográfica, relevo, natureza da sua superfície e dos sistemas de pressão atuantes na região”. Suassuna (2002, p.1) também assegura que a posição geográfica interfere nas características climáticas do Nordeste brasileiro: As baixas latitudes condicionam à região temperaturas elevadas (média de 26° C), número também elevado de horas de sol por ano (estimado em cerca de 3.000) e índices acentuados de evapotranspiração, devido à incidência perpendicular dos raios solares sobre a superfície do solo (o Semiárido evapotranspira, em média, cerca de 2.000 mm/ano, e em algumas regiões a evapotranspiração pode atingir cerca de 7 mm/dia). Assim, a lâmina de água evaporada das superfícies líquidas é maior que a precipitada na maioria dos meses do ano. Como conseqüência deste regime climático, Ab’Saber (1980, p.8) escreve: Disso resulta um balanço hídrico altamente desfavorável, que se traduz diretamente nos fatos hidrológicos regionais, através de rios intermitentes sazonais, interessando áreas de centenas de milhares de quilômetros quadrados de extensão. A temperatura média anual varia entre 23ºC a 27ºC. A proximidade da linha do Equador também confere à região pouca amplitude anual da temperatura, que “varia de 5ºC a menos de 2ºC” (NIMER, 1972, p. 311). A umidade relativa do ar gira em torno de 50% (SILVA et al., 2010) e a insolação é de 2.900 a 3.400 horas de luz solar, por ano (DUQUE, 2004a). Em relação ao relevo desta região, Bastos e Cordeiro (2012, p. 469) afirmam que há [...] uma grande variedade de feições geomorfológicas [...] com predomínio das depressões sertanejas [...], porém existem inúmeras feições residuais, como campos de inselbergs e maciços cristalinos, relevos formados em bacias sedimentares, como cuestas, planaltos, morros testemunhos e depressões periféricas, além de planícies de deposição sedimentar cenozóica como os terraços fluviais e os tabuleiros pré-litorâneos. Quanto ao aspecto edáfico, o Semiárido nordestino apresenta solos rasos a medianamente profundos e chão pedregoso com afloramento rochoso, areno-argilosos, pobres em matéria orgânica e com predominância do embasamento cristalino (JACOMINE, 1996; SUDENE, 2011). A cobertura vegetal típica desta região é a caatinga, que ostenta vários padrões florísticos e fisionômicos, com predominância de vegetação xerófita aberta e espinhosa de folhas pequenas e caducas, constituída por arbustos e árvores de pequeno porte, rica em cactáceas, bromeliáceas, euforbiáceas e leguminosas (ANDRADE et al., 2010). 6.1 Os agropolos Agropolo é um modelo de gestão originalmente ligado ao desenvolvimento tecnológico, adotado pelo Brasil no final dos anos de 1990, baseado em experiências européias (França, Bélgica e Escandinávia). Entretanto, no Brasil o modelo evoluiu para uma visão sistêmica, onde procura contemplar a dimensão social, ambiental e o desenvolvimento sustentável. Visa o desenvolvimento regional com melhoria da qualidade de vida da população mediante o aumento do emprego e renda (SACHETO, 2006). Procura conciliar duas visões de mundo: inserção do produtor numa lógica empresarial, mantendo as características da agricultura familiar (lógica de produção e respeito à diversidade cultural) e identificação das cadeias produtivas inexploradas na região (FILGUEIRA; SANTOS; VITURI, 2011). Nessa perspectiva, o Governo do estado do Ceará criou, em 2002, o Instituto Agropolos e dividiu o estado em 18 áreas de concentração do agronegócio que visam à valorização das atividades agrícolas e não agrícolas atuais e potenciais, os Agropolos. Essas áreas abrangem todos os elos das cadeias produtivas e têm o objetivo de impulsionar o desenvolvimento dos municípios componentes para consolidar a opção do Ceará pela agricultura sustentável, especialmente os produtos da agricultura irrigada (frutas, hortaliças e flores). Os Agropolos que apresentam potencial para a produção de flores no Ceará são o Metropolitano, Ibiapaba, Maciço de Baturité e Cariri (ADECE, 2011), como é demonstrado na Figura 13. Produzem rosas, flores tropicais e temperadas, folhagens, bulbos e plantas ornamentais (FLORA BRASILIS CEARÁ, 2004). Figura 13 - Localização dos Agropolos produtores de flores no estado do Ceará. Fonte: IBAMA/ADECE (2010). Modificado por Alencar, 2013. No período de 2000 a 2009 houve um aumento da área plantada com produtos da floricultura em todos os Agropolos. Não obstante, os Agropolos com maior evolução de área plantada foram os Agropolos Ibiapaba e Metropolitano. Neste período, o Agropolo Cariri teve um incremento de 516,39 % na sua área de produção (Figura 14). Figura 14 - Evolução da área plantada com produtos da floricultura no Ceará, por pólo produtor (período de 2000 - 2009). Fonte: ADECE (2011). Esse incremento na produção foi devido às condições climáticas favoráveis como: diversidade de ecossistemas (litoral e serras), que com seus microclimas diferentes propiciam o cultivo de uma grande diversidade de espécies, como mostra o Quadro 4. Quadro 4 – Agropolos, municípios produtores de flores e plantas ornamentais e seus produtos. AGROPOLOS Cariri MUNICÍPIOS PRODUTORES PRODUTOS Barbalha Crato Jardim Juazeiro do Norte Tianguá Plantas ornamentais. Plantas ornamentais. Plantas ornamentais. Plantas ornamentais. Dendratherma sp. (de corte), folhagens e Solidago sp. Rosa sp. Dendratherma sp. (em vaso) e plantas ornamentais. Plantas ornamentais. Plantas ornamentais, Dendratherma sp. em vaso, flores tropicais, forrações. Ibiapaba Metropolitano São Benedito Guaraciaba do Norte Fortaleza Euzébio Fonte: SEBRAE/CE (2005). Quadro 4 – Agropolos, municípios produtores de flores e plantas ornamentais e seus produtos (Continuação). AGROPOLOS MUNICÍPIOS PRODUTORES Maranguape Metropolitano (Continuação) Paracuru Aquiraz Baturité Serra de Baturité Guaramiranga Pacoti Palmácia PRODUTOS Dendratherma sp. em vaso/corte, flores tropicais e forrações. Flores tropicais: Ananas sp. e Heliconia sp. Plantas ornamentais. Flores tropicais, flores em vaso diversas: Gerbera sp. Dendratherma sp., Saintpaulia ionantha e Kalanchoe. Dendratherma sp. de corte, Zantedeschia aethiopica, e flores tropicais. Flores tropicais, Rosa sp., Gypsophila, Solidago sp., Strelitzia sp. e Zantedeschia aethiopica. Nephrolepsis sp. e flores tropicais. Fonte: SEBRAE/CE (2005). Esses Agropolos apresentam características edafoclimáticas que favorecem o cultivo de flores e plantas ornamentais como: insolação elevada, conferindo a flores e plantas cores mais intensas; temperatura adequada e pouco variáveis, permitindo que a produção se estenda por todo o ano, resultando numa elevada produtividade e rentabilidade; baixos índices pluviométricos e de umidade (com exceção do Agropolo Metropolitano que apresenta umidade elevada) , diminuindo a incidência de pragas e doenças, conforme se pode visualizar no Quadro 5. Água e solo de excelente qualidade, além de estrutura apropriada para a exportação, como uma câmara refrigerada, garantindo o bom desempenho do estado na exportação de flores e incentivos governamentais como o financiamento para infraestrutura e a assistência técnica. Quadro 5 - Características edafoclimáticas dos Agropolos produtores de flores no Ceará. Agropolo Metropolitano Ibiapaba Baturité Cariri Temperatura (ºC) Mínima Média Máxima Mínima Média Máxima Mínima Média Máxima Mínima Média Máxima 23,5 26,6 29,9 16,8 22,8 31,5 16 18 27 18 25 34 Precipitação (mm/ano) Umidade relativa do ar (%) Insolação (h/ano) Solo 1.275,6 73-85 2500-3000 Argissolo 1252,2 45-95 2000-3000 Neossolo 1400 40-95 2000-3000 Argissolo 943,5 49-80 2500-3000 Latossolo Fonte: Mosca (2011); SRH/CE (2011). Modificado por Alencar, 2013. Dentre as áreas de concentração da floricultura do Ceará, está o Agropolo Cariri/CE. Com condições adequadas ao cultivo, políticas governamentais incentivadoras e outros investimentos como eletrificação rural, perfuração de poços profundos e abertura de linha de crédito para infraestrutura. 6.2 O Agropolo Cariri O Agropolo Cariri localiza-se no extremo Sul do estado e compreende 13 municípios. O tipo climático predominante nesta região é o BSh (de acordo com Koeppen). A estação chuvosa estende-se entre os meses dezembro a maio e a seca de junho a novembro. Porém as chuvas são irregulares e escassas e concentradas em curto espaço de tempo (Figura 15). Figura 15 - Médias mensais das precipitações do Agropolo Cariri/CE (1974-2009). Fonte: SRH/CE (2011)1. Elaborado por Alencar, 2013. O padrão habitual de chuvas para o Agropolo Cariri é classificado como climaticamente anômalo do ponto de vista da precipitação, com anos muito chuvosos e outros muito secos, conforme é demonstrado na Figura 16. Em 1985, por exemplo, a precipitação anual nos municípios desse Agropolo foi de 1.803,12 mm enquanto que em 1983 choveu apenas 542,9 mm. !"# $%&'#(!)"*+,*&-"+" ./0" $1 !+2!!+03-" "4"5 Figura 16 - Médias anuais das precipitações do Agropolo Cariri/CE (1974-2009). Fonte: SRH/CE (2011)2. Elaborado por Alencar, 2013. A produção de flores e plantas ornamentais não se dá de forma homogênea nesse Agropolo, concentra-se nos municípios de Barbalha, Crato, Jardim e Juazeiro do Norte, objetos deste estudo. O tamanho médio dos estabelecimentos agropecuários desses municípios é de 7,66 ha e a renda per capita da população rural é de R$ 220,43 (IPECE, 2012). Esses municípios apresentam uma atipicidade climática, no que se refere à pluviometria, em relação a outros municípios do Semiárido brasileiro que apresentam precipitação pluviométrica anual inferior a 800mm. Barbalha, Crato, Jardim e Juazeiro do Norte apresentam médias pluviométricas anuais de 1.061 mm, 1.135,8 mm, 715,39 mm e 950,11 mm, respectivamente, como é demonstrado na Figura 17. O padrão de chuvas nesses municípios apresenta distribuição espacial e temporal muito variável, características de regiões Semiáridas. As séries históricas apresentadas na Figura 17 também mostram que o regime pluviométrico se caracteriza, por anos consecutivos, pela precipitação total abaixo da média, intercalados por anos muito chuvosos. Algumas vezes, equivalente ao dobro da precipitação média. !"# $%&'#(!)"*+,*&-"+" ./0" $1 !+2!!+03-" "4"5 No ano de 1981, por exemplo, o município de Barbalha apresentou uma precipitação 46% abaixo da média anual, enquanto que em 1985 apresentou uma precipitação 102% acima da média, fenômeno que se repete ao longo dos anos pesquisados. Figura 17 - Precipitação anual dos municípios produtores de flores e plantas ornamentais (19742009)3. Fonte: SRH/CE (2011). Elaborado por Alencar, 2013. Outra característica do regime pluviométrico desses municípios é a concentração das chuvas em curto espaço de tempo. Em Crato, por exemplo, enquanto a média histórica (19742009) para o mês de março é de 284,75 mm (mês de maior precipitação), em agosto (mês de menor precipitação), a média é de apenas 1,45 mm. Constata-se ainda que no período de dezembro a maio, o valor médio acumulado de precipitações é de 1.259,28 mm, ou seja, 93,44% da média de precipitação anual do município ocorre em apenas seis meses do ano, contribuindo para o surgimento de incisões erosivas. # $*+,"*&-"+"5 O regime pluviométrico também apresenta uma distribuição unimodal com máximas nos meses de março e abril e a estação seca de junho a dezembro, com os menores registros nos meses de agosto e setembro nos quatro municípios (Figura 18). Figura 18 - Precipitação mensal dos municípios produtores de flores e plantas ornamentais (19742009)4. Fonte: SRH/CE (2011). Elaborado por Alencar, 2013. A dinâmica de temperaturas é semelhante nos quatro municípios, onde apresentam baixa variação térmica e temperatura média anual em torno de 25°C, com mínima de 20°C e máxima de 31°C. As médias mais elevadas ocorrem entre os meses de agosto a janeiro. Porém, não apresentam grandes variações (Figura 19). # $*+,"*&-"+"5 Figura 19 - Temperaturas média, máxima e mínima mensais dos municípios produtores de flores e plantas ornamentais (1974-1990)5. Fonte: SRH/CE (2011). Essa região apresenta elevados índices de evaporação, geralmente baixa umidade relativa do ar e forte insolação, em torno de 2.848 horas anuais (DNPM, 1996). Em relação ao relevo, a área de estudo apresenta uma feição de chapada a Oeste (a Chapada do Araripe) e na encosta Leste, o Vale do Cariri. A chapada do Araripe é um tabuleiro de relevo quase plano com altitude entre 900 e 1.000 metros. De formação sedimentar, é constituído por arenitos grosseiros com porosidade elevada (Formação Exu), que permite a percolação da água da chuva até atingir camadas com predomínio de arenitos finos com menor porosidade e por isto pouco permeáveis (Formação Arajara) e camadas de siltitos que apresentam grande impermeabilidade, formando um lençol de infiltração (Formação Santana), Figura 20. # $*+,"*&-"+"5 '!" Figura 20 - Perfil da Chapada do Araripe (sem escala). Fonte: DNPM (1996 p.45). Modificado por Alencar, 2013. No contato entre a Formação Exu e a Formação Arajara há ressurgência de águas subterrâneas (CPRM, 2011). Neste sentido, encontra-se nesta região um número significativo de fontes, às quais segundo Mont’alverne (1993) apud Brito (2001), cento e cinqüenta e uma localizam-se no pólo produtor de flores do Agropolo Cariri. O Vale do Cariri possui 5.000 km2 e abrange os municípios de Crato, Missão Velha, Brejo Santo, Jardim, Juazeiro do Norte e Barbalha (DUQUE, 2004b). É bordejado ao Sul pela escarpa da Chapada do Araripe e apresenta grande número de fontes perenes formadas pela infiltração de água da chapada, formando paisagens de exceção na sua encosta e nos pés-deserra, às quais Ab’Sáber (1980, p.5) denominou de “brejos”. No solo, predominam rochas calcárias que lhe conferem grande fertilidade. Em relação à geologia, a região em estudo possui solos com embasamento cristalino e camada sedimentar. Entretanto, a litologia predominante é a sedimentar (Figura 21). Figura 21 - Formação geológica do Agropolo Cariri/CE. Fonte: COGERH/IBAMA (2011). Modificado por Alencar, 2013. Por este motivo, o Agropolo Cariri apresenta aquíferos de excelente qualidade, situados a uma profundidade média de 52 m (ANA, 2007) e vazão superior às fontes de embasamento cristalino, conforme demonstra o Quadro 6. Quadro 6 - Caracterização das fontes dos pólos produtores de flores do Agropolo Cariri/CE. Município Crato Barbalha Jardim Total Número de fontes 79 33 39(12*) 151 Vazão média (m3/h) 18,1 44,1 10,2 24,13 (*) vazão não medida Fonte: Mont’Alverne (1996) apud Brito (2001). Adaptado por Alencar, 2013. O solo desta região é bastante diversificado, com predomínio das ordens Latossolo e Luvissolo, apresentando manchas de Argissolo e Neossolo (Figura 22). Figura 22 - Ordens de solo do Agropolo Cariri/CE. Fonte: EMBRAPA (2006); COGERH/IBAMA (2011). Modificado por Alencar, 2013. Esta distinção de ordens se dá devido às acentuadas condições climáticas, geológicas e geomorfológicas que refletem em variações significativas nos processos de sua formação (JACOMINE, 1996). As ordens de solo mais representativas são Latossolo, Luvissolo e Neossolo. O primeiro apresenta baixa fertilidade e os dois últimos boa fertilidade. Entretanto, apresentam alta suscetibilidade à erosão e deficiência de água (Quadro 7). Quadro 7 - Descrição dos principais tipos de solos que ocorrem no pólo produtor de flores e plantas ornamentais do Agropolo Cariri/CE. Ordem Características Argissolo Apresentam um horizonte subsuperficial com elevado teor de argila, textura e estrutura geralmente em blocos e apresentam cerosidade. Profundidade Fertilidade Limitações para uso agrícola Alta Elevada De e susceptibilidade à medianamente fertilidade profundos a acidez moderada. erosão e deficiência de água. Necessita profundos. de correção de acidez e adubação. Fonte: EMBRAPA (2006); Romero e Ferreira (2010); Cunha et al., (2010). Organizado por Alencar, 2013. Quadro 7 - Descrição dos principais tipos de solos que ocorrem no pólo produtor de flores e plantas ornamentais do Agropolo Cariri/CE (Continuação). Ordem Características Profundidade Fertilidade a Boa. Limitações para uso agrícola Ocorrência de pedregosidade, altamente suscetibilidade à erosão e deficiência de água. Luvissolo Apresentam alta De rasos atividade de argila e pouco. elevada saturação por base, por isto, são quimicamente férteis com elevado potencial nutricional e grande reserva de nutrientes. Neossolos Pouco evoluídos por terem sofrido ação pouco pronunciada dos processos de formação de solos. Apresentam-se de moderadamente a fortemente ácidos. De rasos a muito rasos. Apresentam baixa fertilidade devido a limitada camada de matéria orgânica. Sua profundidade limitada restringe o desenvolvimento radicular das plantas. A restrição agrícola se dá pela rochosidade, deficiência de água, e pela baixa profundidade do solo. Latossolo Apresentam um horizonte superficial pouco espesso com baixos teores de matéria orgânica, predominantemente ácidos e quimicamente pobres. Profundos. Baixa. Baixa disponibilidade de nutrientes (distróficos) e toxicidade por alumínio (álicos). Para o uso agrícola é necessário aplicação adequada de corretivos e fertilizantes, além de manejos conservacionistas cuidadosos. Fonte: EMBRAPA (2006); Romero e Ferreira (2010); Cunha et al., (2010). Organizado por Alencar, 2013. Pelo exposto, a região apresenta as limitações características das regiões Semiáridas como alta evaporação potencial, déficit hídrico e baixa precipitação pluvial. Entretanto, possui também características que favorecem a prática da floricultura como abundância de água subterrânea, temperatura e umidade relativa adequada e insolação intensa. 7 A FLORICULTURA NO AGROPOLO CARIRI/CE E SITUAÇÕES ENCONTRADAS 7.1 O início da floricultura O interesse por plantas ornamentais no Agropolo Cariri se deu no final da década de 1930 com o prefeito do Crato Alexandre Arraes. Preocupado com a arborização da cidade, implantou um horto florestal na década de 1940 para produção de mudas e construiu jardins nas praças com plantas ornamentais que trazia da capital federal, na época o Rio de Janeiro. Na década de 1950, a sua irmã, dona Benigna Arraes ia frequentemente ao Recife/PE e encantada com a beleza das flores tropicais, começou a trazer mudas de Helicônias (Heliconia spp), Alpínias (Alpinia spp) e Gengibres (Zingiber officinale) para o jardim de sua residência, o Sítio Fundo da Maca, localizado nas proximidades da cidade de Crato. Nessa época, começa a fornecer flores para enterros, eventos religiosos e casamentos. Posteriormente, devido ao espaço restrito, ela repassa algumas mudas para dona Aline Arraes, sua sobrinha, que as produz no Sítio Helveccia, de propriedade da família, também na cidade de Crato. A partir desse período, a produção se expande e, na década de 1960, dona Aline Arraes começa a vender seus produtos, principalmente flores tropicais como Bastão do Imperador (Etlingera elatior) e Helicônias, Antúrios (Anthurium andreanum), Rosa Amélia (Rosa spp) e Sorriso de Maria (Aster hyb. ericoides) na Casa Hernane Silva & Cia, loja de propriedade do seu esposo que comercializava máquinas de costura naquela cidade. Entre os anos de 1968 e 1969, o casal Lino e Adalgisa Zábulom deu início ao comércio de Sorriso de Maria (Aster hyb. ericoides), Cactos (Cactus sp.), Rosas (Rosa spp.) e Samambaias (Asplenium spp.), dentre outras flores e plantas ornamentais, produzidas em sua residência no Bairro Pimenta em Crato. Com a morte do Sr. Lino Zábulom, em 1978, a produção diminui, mas foi mantida até 1989. Entre os anos de 1970 e 1975, dona Aline Arraes abre a primeira floricultura do Agropolo Cariri, a Roseline Flores e Decorações, e passa a vender flores para toda a região e para cidades do interior do Piauí, como Picos e Floriano. Além de produtos da floricultura, vende objetos de decoração (como anjos e bibelôs6), xaxins, adubos e equipamentos para 6 Pequenos objetos decorativos. jardinagem. Interrogado sobre o período em que mais vendiam flores, um ex-funcionário da floricultura comentou: “A gente começava a trabalhar na véspera para dar conta das encomendas”, referindo-se ao dia de finados. A qualidade das flores comercializadas por Roseline Flores e Decorações era reconhecida pela sociedade. Uma produtora afirmou que “quando diziam que no casamento de fulano tinha as ‘flores das Arraes’, todos sabiam que era de gente rica, porque todo casamento chique tinha que ter as ‘flores das Arraes’!” No início a produção era própria, porém, com a expansão das vendas, dona Aline passou a comprar mudas de roseiras (Rosa spp) e Gladíolos (Gladiolus ssp) da Floricultura Roselândia, de São Paulo. Quando as encomendas eram grandes, ela comprava flores e ornamentais da Floricultura Kato Flores, do Recife/PE. A Roseline Flores e Decorações fechou em 1981 com o falecimento de dona Aline Arraes. Também, na década de 1970, dona Julieta Sampaio começa a produzir flores e plantas ornamentais no Sítio Cumbe, em Jardim/CE. Mas, a produção era pouco representativa e destinava-se apenas ao comércio local, especialmente, para atender parte da demanda de datas especiais como dia das mães, dia dos namorados e dia de finados, fornecimento de pequenas quantidades de flores e plantas ornamentais para festas locais como aniversários, casamentos e pequenos eventos, para obras de jardinagem e paisagismo. A partir dos anos de 1990, a produção aumentou e, atualmente, é uma referência na floricultura da região. A partir da década de 1980, surgem várias propriedades de flores e plantas ornamentais no Agropolo Cariri: Estrela Plantas e Ornamentais – Barbalha (1988), Verde Vida - Crato (1990), Encanto Tropical – Crato (1994), Viana Garden – Juazeiro do Norte (2000), Encosta das Flores – Crato (2002), Associação Condomínio Rural Santo Antônio de Crato – Crato (2002), Sítio Fábrica – Crato (2003), Associação dos Pequenos Produtores do Sítio Santo Antônio de Arajara – Barbalha (2003), Vivenda Verdes Matos - Barbalha (2005) e Silvestre & Agreste – Crato (2006), como mostra a cronologia da floricultura do Agropolo Cariri/CE (Figura 23). Figura 23 - Cronologia da floricultura do Agropolo Cariri/CE. Elaborado por Alencar, 2013. Essas informações foram levantadas em conversas informais com produtores, exfuncionário e familiares, uma vez que não há dados oficiais sobre o assunto. A organização do setor deu-se a partir da criação da Associação Condomínio Rural Santo Antônio de Crato, em 2002, por um grupo de moradores da comunidade do Santo Antônio. Esta comunidade está situada no Distrito de Santa Fé, a 14 km da cidade do Crato. Nela viviam cerca de 150 famílias que habitavam casas de taipa e chão batido, sem energia elétrica e pouca infraestrutura. A água destinada ao consumo humano e animal era proveniente da captação da água das chuvas por meio de barreiros e quando estes secavam tinham que coletá-las das nascentes no sopé na serra, como relatou um dos moradores para Duarte (2007, p. 35): “... para beber água na época em que os barreiros secavam, tínhamos de pegar água nas nascentes do sopé da serra, distantes duas léguas7”. A maioria desses habitantes era nativa da região e descendentes dos índios Cariris. Devido ao baixo nível de escolaridade e à falta de qualificação profissional, a coleta do pequi (Caryocar coriaceum), a produção de carvão vegetal e o plantio da mandioca (Manihot esculenta) para produção de farinha e goma eram as principais fontes de renda, porém de baixo retorno financeiro, devido à baixa produtividade e qualidade em função da precariedade dos sistemas de produção, além dos impactos ambientais causados pelo depósito da manipueira8 e cascas de mandioca, resíduos gerados pela atividade. Em 2000, o governo do estado do Ceará cria um programa chamado “Caminhos de Israel” que tem como objetivo organizar pequenos produtores rurais em forma de condomínio para implantar projetos de agricultura irrigada em diversas regiões do estado. A Secretaria de Agricultura e Pecuária – SEAGRI envia um técnico para identificar as oportunidades de investimento de agricultura irrigada no município de Crato. O estudo aponta que devido às condições edafoclimáticas semelhantes às regiões produtoras de flores do estado, a floricultura é viável para a comunidade de Santo Antônio. Embora a floricultura seja uma atividade realizada em pequenas áreas, exige certa especialização dos trabalhadores, água de qualidade e um expressivo investimento financeiro para a construção das edificações. A comunidade do Santo Antônio não possuía nada do que era necessário: área para o cultivo, água e dinheiro para investimento. 7 8 Antiga unidade de medida brasileira de medida itinerária, equivalente a 6.600 metros. Resíduo tóxico originado no processo de industrialização da mandioca. Além desses problemas, os trabalhadores passaram por outra situação: o preconceito dos próprios moradores da comunidade que falavam: “Ah vão trabalhar com florzinhas?” e de alguns administradores públicos que comentavam: “O projeto deveria ser implantado em outro lugar, pois o pessoal da serra só sabe fazer carvão, e são uns preguiçosos!” Em 2002 deram início à organização e fundação da Associação Condomínio Rural Santo Antônio de Crato. Inicialmente, havia 24 associados, onde a maioria era de trabalhadores oriundos de atividades como produção de carvão vegetal, plantio de mandioca e coleta do pequi e que possuíam vínculo afetivo ou familiar entre eles, como: irmãos, compadres, primos, sobrinhos ou vizinhos. De forma organizada adquiriram um imóvel rural de 60 hectares para a implantação do Projeto. A negociação constou no parcelamento do montante e seu pagamento iniciado após um período de carência de 12 meses. A infraestrutura foi custeada pelo governo do estado e a aquisição de insumos foi financiada por um banco público. A assistência técnica foi realizada pelo órgão de extensão do estado (EMATERCE) e tiveram capacitação gerencial do SEBRAE/CE. E sob a orientação dos órgãos ambientais, criaram uma reserva de 12 hectares. O ano de 2002 foi de intenso trabalho para os integrantes da Associação de Santo Antônio. Definiram junto com os parceiros as ações estratégicas para a execução do projeto que incluía a capacitação de mão de obra, visita aos pólos produtores de flores no estado do Ceará como a Serra da Ibiapaba e a Serra de Baturité e em outros estados do Nordeste como Pernambuco e Alagoas. Além da participação em eventos do segmento de floricultura como feiras, seminários e simpósios, cursos de produção de flores, vendas e gestão de negócios. A melhoria de infraestrutura na área de implantação do projeto deu-se com a perfuração de um poço profundo pelo governo do estado, a construção de um reservatório de água, a instalação da rede de energia elétrica e melhoria nas vias de acesso. Ainda em 2002 foi montada a primeira estufa demonstrativa de Gérbera (Gerbera sp) (Figura 24), para que os associados se habituassem ao manejo da nova atividade. A B A Figura 24 - Prepraração do solo (A) e da estufa demonstrativa de Gérbera (Gerbera sp) (B) da Associação Condomínio Rural Santo Antônio de Crato – Crato/CE. Foto: Arquivo da Associação (2002). Posteriormente foram construídas mais dezesseis estufas, financiadas por um banco público (Figura 25). Figura 25 - Detalhes da construção de estufas da Associação Condomínio Rural Santo Antônio de Crato – Crato/CE. Foto: Arquivo da Associação (2002). No ano de 2003, a produção semanal foi de 700 pacotes, incluindo folhagens e flores de corte como Samambaias (Asplenium nidus, Polypodium persicifolium, Platycerium bifurcatum) Crisântemo (Dendratherma sp.), Gladíolo (Gladiolus sp.), Gipsofila (Gypsofila paniculata), Lisianthus (Eustoma grandifolia), Gérbera (Gerbera jamesonii), Tango (Solidago canadensis L.), Statice (Limonium sinuatum), Boca-de-leão (Antirrhinum majus), Girassol (Helianthus annus) e flores de vaso como Crisântemo, Antúrio (Anthurium andraeanum), Begônia (Begonia sp.), Cravinha (Dianthus sp.), Cavalinha (Equisetum arvense), Cactos (Cactus sp.) e Impatiens (Impatiens sultani). A receita bruta mensal girava em torno de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) (ALENCAR, 2006). Atendiam mercados de cidades do estado do Ceará como Crato, Juazeiro do Norte, Brejo Santo, Mauriti, Campos Sales e Fortaleza e de outros estados do Nordeste como Exu (PE), Petrolina (PE), Araripina (PE), Juazeiro (BA), Maceió (AL) e São Luis (MA). Muitos pedidos não podiam ser atendidos devido à falta de um veículo refrigerado para a distribuição dos produtos, que são altamente perecíveis. No ano de 2006, a Associação do Santo Antônio teve alguns problemas que comprometeram a produção: a interrupção da assistência técnica pelo agrônomo da EMATERCE, uma praga nas culturas de crisântemo, principal produto da Associação, provavelmente adquirida por mudas contaminadas compradas de São Paulo, e a queda da bomba de água no poço profundo, que forçou os produtores a contratarem um caminhão pipa para o fornecimento de água. Devido a esses problemas, muitos produtores tiveram que voltar a trabalhar como diaristas em terras vizinhas porque não tinham como manter as suas famílias apenas com a atividade da floricultura. Essas dificuldades foram suficientes para ocasionar a saída de muitos associados e os que permaneceram ficaram responsáveis para saldar as dívidas adquiridas pela Associação. Em 2007, o grupo decide fazer algumas mudanças na gestão e tomou algumas medidas: estudou a praga que assolava o crisântemo, a ferrugem-branca-do-crisântemo causado pelo fungo Puccinia horiana P. Henn., aprendeu a identificá-la precocemente e a conviver com ela. Assim, conseguiu pagar parte das dívidas e alguns deles construíram moradias de alvenaria. Atualmente, a Associação conta com apenas oito associados, tem quatro empregados contratados, filhos de associados, possui uma boa clientela fixa. No dia de finados, chega a vender 2,5 toneladas de flores e plantas ornamentais. A renda mensal média de cada associado é de um salário mínimo. O sucesso da implantação da Associação Condomínio Rural Santo Antônio de Crato trouxe novos projetos e investimentos para o setor da floricultura no Agropolo Cariri, como a criação da Associação Santo Antônio do Arajara em 2003 e a Associação de produtores de flores e plantas ornamentais e tropicais do Cariri, CaririFlora, em 2005. Além de outras propriedades que viram na floricultura, perspectiva para geração de emprego e renda e melhoria da qualidade de vida. 7.2 Situações encontradas O setor da floricultura do o Agropolo Cariri tem se destacado no agronegócio cearense devido aos incentivos do Governo do estado como a isenção do ICMS para produtos da floricultura, assistência técnica e linhas de créditos para o setor. O reflexo desta política é a evolução da área plantada e a melhoria da qualidade dos produtos. No ano de 2000, quando os dados começaram a ser levantados no Agropolo Cariri, a área plantada era apenas de 2,44 ha e em 2010 já contava com 45,43 ha. Ou seja, uma evolução de 1.861,88% entre os anos de 2000 e 2010 (Figura 26). Figura 26 - Evolução da área plantada com flores e plantas ornamentais (2000-2010). Fonte: ADECE (2009); Pesquisa de campo (2010). Elaborado por Alencar, 2013. O pólo de produção da floricultura do Agropolo Cariri possui quinze propriedades: cinco em Barbalha (Figura 26A1 e A2), oito em Crato (Figura 26B1 e B2), uma em Juazeiro do Norte (Figura 26C1 e C2) e uma em Jardim (Figura 26D1 e D2). Ocupa cinquenta e um trabalhadores, dos quais trinta e três são proprietários. A maioria dos produtores está organizada em três associações: Associação Condomínio Rural Santo Antônio de Crato (oito associados), Associação dos Pequenos Produtores do Sítio Santo Antônio do Arajara (nove associados) e Associação dos Produtores de Flores e Plantas Ornamentais do Cariri - CaririFlora (dezesseis associados). Nas duas primeiras, os associados têm área de produção comum, e nesta última, os associados podem produzir em áreas independentes, mas reúnem-se periodicamente para traçar metas para o setor. Três produtores são independentes, ou seja, não participam de nenhuma das associações existentes. A produção é bastante diversificada, como mostram a Figura 27 e o Apêndice C. As propriedades selecionadas para este estudo localizam-se: duas no município de Barbalha, quatro em Crato, uma em Jardim e uma em Juazeiro do Norte. A área de produção é de 43 ha e ocupa quarenta e uma pessoas das quais vinte e seis são proprietários. O setor não dispõe de grandes avanços tecnológicos e as propriedades são bastante heterogêneas: umas dispõem de boa estrutura física e tecnológica (irrigação com microaspersão, uso de hormônios para enraizamento, estufas, telados, packing house, escritório, banheiros, depósito para insumos) e outras possuem estrutura física precária e ainda usam irrigação com mangueira e regador. Na região não existe posto de recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos e o comércio local não dispõe da maioria dos insumos necessários para o setor, sendo necessário trazê-los de Fortaleza e de outros estados. A2 A1 B2 C2 D2 D1 C1 Figura 27 - Produtos da floricultura: mudas de Minilacre (A1) e Samambaia (A2) – Barbalha/CE; estufa com mudas de Gérbera (B1) e Helicônias (B2) – Crato/CE; mudas de Palmeira (C1) e Coqueiro (C2) – Juazeiro do Norte/CE; mudas de Cróton (D1) e Orquídea (D2) – Jardim/CE. Fonte: Pesquisa de campo (2010). Elaborado por Alencar, 2013. B1 Os dados coletados mostraram que a maioria dos proprietários (61,53%) e todos trabalhadores do setor é do sexo masculino (Figura 28). Figura 28 - Pessoas envolvidas no setor da floricultura, por sexo. Fonte: Pesquisa de campo (2010). Elaborado por Alencar, 2013. Em relação ao nível de escolaridade dos agentes envolvidos, 19% dos proprietários têm curso superior, porém a maioria (62%) tem Ensino Fundamental completo. No que se refere aos trabalhadores, o maior nível de escolaridade é o ensino médio com apenas 15%, a maioria (62%) tem Ensino Fundamental incompleto (Figura 29). Figura 29 - Nível de escolaridade de produtores e trabalhadores. Fonte: Pesquisa de campo (2010). Elaborado por Alencar, 2013. Quanto às características de relação de trabalho do pessoal envolvido, 63,41% são proprietários, 73,33% são diaristas (trabalhadores temporários) e 26,66% têm contrato formal (carteira assinada) (Figura 30). Figura 30 - Distribuição do pessoal envolvido no setor da floricultura segundo as relações de trabalho. Fonte: Pesquisa de campo (2010). Elaborado por Alencar, 2013. Segundo dados da pesquisa, as técnicas utilizadas para o cultivo na região são: telado, estufa, sombreamento natural e campo aberto, como se pode observar na Figura 31. A B C D Figura 31 - Técnicas de cultivo: telado (A), estufa (B), sombreamento natural (C) e campo aberto (D). Fonte: Pesquisa de campo (2010). Foto: Alencar, 2013. O sombreamento natural consiste na utilização da sombra de árvores de grande porte, frutíferas ou não, para o cultivo principalmente de flores tropicais. A maioria dos cultivos é realizada em telado e campo aberto, 37% em ambos, (Figura 32), apenas em 21% das propriedades há estufas, estruturas que necessitam de um investimento maior na propriedade. Figura 32 – Distribuição percentual por técnicas de cultivo. Fonte: Pesquisa de campo (2010). Elaborado por Alencar, 2013. Em 50% das propriedades, utiliza-se água de nascente para a irrigação das culturas (Figura 33) e em nenhuma delas há hidrômetro ou outro tipo de controle eficiente no uso da água. Vale salientar que nas propriedades que utilizam água de cacimba e de poço profundo é mantido um controle mínimo do uso desse recurso, devido os custos com energia elétrica para a captação da mesma. Figura 33 - Fontes de água para irrigação. Fonte: Pesquisa de campo (2010). Elaborado por Alencar, 2013. As tecnologias mais utilizadas para a irrigação são microaspersão (43%) e mangueira (36%) (Figura 34). Figura 34 - Tecnologias utilizadas para irrigação. Fonte: Pesquisa de campo (2010). Elaborado por Alencar, 2013. Quanto ao material vegetativo (mudas), a maioria é produzida pelos próprios produtores e parte deste material é adquirida de empresas localizadas em municípios cearenses como Fortaleza, Jardim e São Benedito e de outros estados como São Paulo e Minas Gerais (Figura 35). Figura 35 - Localização dos fornecedores de material vegetativo. Base de dados: PHILCARTO (2011). Fonte: Pesquisa de campo (2010). Modificado por Alencar, 2013. As principais espécies cultivadas são: Ornamentais diversas, Rosa (Rosa ssp.), Pingo de ouro (Duranta repens aurea), Palmeiras diversas (Cycas ssp., Dypsis ssp., Rhapis ssp.) Polypodium persicifolium, Platycerium bifurcatum), Tango (Solidago canadensis) Samambaias (Asplenium nidus, Flores tropicais (Heliconia ssp., Zingiber spectabilis, Alpinia ssp.), Minilacre (Ixora ssp.), Gladíolo (Gladiolus sp.), Gipsofila (Gypsofila paniculata), Gérbera (Gerbera sp), Folhagens, Crisântemos (Dendratherma sp.) e Cactos (Cactus ssp.) (Figura 36). Figura 36 - Principais espécies cultivadas. Fonte: Pesquisa de campo (2010). Elaborado por Alencar, 2013. Os principais mercados consumidores dos produtos da floricultura do Agropolo Cariri/CE, segundo os produtores, são os municípios de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha. São abastecidas também outras regiões do estado do Ceará (Fortaleza e Tauá) e estados circunvizinhos como Pernambuco (Ouricuri, São José do Egito e Salgueiro) e Paraíba (Conceição e Cajazeiras) (Figura 37). Figura 36 - Localização dos principais mercados consumidores. Fonte: Base de dados PHILCARTO (2011). Adaptado por ALENCAR, 2013. A investigação mostrou que a maioria dos trabalhadores não utiliza os equipamentos de segurança indispensáveis para o trabalho diário (luvas e botas). E em apenas duas propriedades há caixas de primeiros socorros acessíveis e, em caso de acidente, em apenas uma dessas propriedades existe uma pessoa com treinamento de primeiros socorros. O habitual são as pessoas trabalharem nas condições mostradas na figura 38. Figura 38 - Condições de trabalho dos floricultores. Fonte: Pesquisa de campo (2010). Foto: Alencar, 2013. Das oito propriedades estudadas, duas não possuem sanitário e nem local para tomar banho, cinco possuem apenas sanitário e em apenas uma há sanitário e local para tomar banho disponível. Em relação aos equipamentos de proteção individual (EPI’s) necessários ao manuseio e aplicação de agrotóxicos, apenas uma propriedade tem equipamentos novos disponíveis, entretanto, os vestuários são guardados no mesmo local que os agrotóxicos. Outra possui EPI’s incompleto para a realização dessa atividade (Figura 39), as demais não possuem esses equipamentos. Figura 39 - Aplicadores de agrotóxico. Fonte: pesquisa de campo (2010). Foto: Alencar, 2013. Apesar da maioria dos aplicadores de agrotóxicos não usarem os equipamentos adequados para o manuseio desses produtos, em apenas uma propriedade foi registrado o desmaio de um trabalhador durante esta atividade. Em duas propriedades, os aplicadores de agrotóxicos reconheceram que nunca leram a bula de um produto. Vale ressaltar que em duas propriedades não se faz uso de agrotóxicos para o controle de pragas e doenças, os responsáveis afirmam que utilizam produtos alternativos como nim indiano, fumo, alho, pimenta, urina de gado e outros. Quanto às dosagens de agrotóxicos, na maioria das propriedades (72%) é feita pelo proprietário, lendo a bula dos produtos, e em apenas 14% dos casos é feita por Técnico Agrícola ou Engenheiro Agrônomo (Figura 40). O transporte desses produtos geralmente é feito em carro fechado, junto com outros produtos, inclusive junto com alimentos. Quanto ao armazenamento, todos os agrotóxicos são mantidos nas embalagens originais, porém, o local não é sinalizado e nem apresenta estrutura segura. Em nenhuma propriedade estudada há inventário disponível e atualizado dos produtos existentes e não são colocados avisos nos locais de aplicação, para evitar a circulação de pessoas. Não realizam a tríplice lavagem das embalagens vazias e o destino delas quase sempre é o lixo comum ou a incineração, ao invés de serem entregues nas unidades de recebimento, mesmo porque nenhuma cidade do Agropolo Cariri dispõe deste serviço. Figura 40 - Responsáveis pela recomendação de dosagens de agrotóxicos. Fonte: Pesquisa de campo (2010). Elaborado por Alencar, 2013. Quanto à utilização dos agrotóxicos, 50% dos produtos são utilizados de acordo com a classe recomendada pelo Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários – AGROFIT do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA. Porém, três agrotóxicos utilizados: Confiodor, Barrage e Caltrin, não constam na relação do AGROFIT, ou seja, não deveriam estar sendo utilizados, e o Folisuper não tem indicação para o uso na floricultura. Constatouse que os produtos Alto 100 e Pironin (produto orgânico) estão sendo usados em dosagens abaixo da recomendada e o Decis 25 Ec acima da dosagem recomendada, conforme demonstrado no Quadro 8. Quadro 8: Relação de agrotóxicos utilizados na floricultura do Agropolo Cariri/CE. Produto Decis 25 Ec Mirex-S Confiodor Alto 100 Pironin Uso na Dosagem Dosagem Classificação propriedade utilizada recomendada toxicológica Inseticida 50ml /20L 30ml/100L III de água água Inseticida à vontade 10g/m2 IV Inseticida 10g/20L de * água Ferrugem 10ml/100L 20ml/100L de III de água água Inseticida 50ml/100L 300ml/100L de orgânico de água água Fonte: Pesquisa de campo (2010). Elaborado por Alencar, 2013. Classificação Ambiental I III II - Quadro 8: Relação de agrotóxicos utilizados na floricultura do Agropolo Cariri/CE. (Continuação) Produto Barrage Caltrin Folisuper 600 BR Uso na Dosagem propriedade utilizada Fungicida 10ml/100L de água Inseticida Inseticida 40ml/20L de água Dosagem recomendada * Classificação toxicológica - Classificação Ambiental - * - - ** I II Legenda: Classificação toxicológica: I - Extremamente Tóxico; - III - Medianamente Tóxico; IV - Pouco Tóxico. Classificação ambiental: I - Produto Altamente Perigoso ao Meio Ambiente; II - Produto Muito Perigoso ao Meio Ambiente; III - Produto Perigoso ao Meio Ambiente. * Não consta na relação dos produtos do Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários – AGROFIT do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA. ** Não tem indicação para a floricultura. Fonte: Pesquisa de campo (2010). Elaborado por Alencar, 2013. Em relação aos fertilizantes, todas as propriedades usam adubação orgânica e química. Cinco delas fazem compostagem, utilizando restos dos tratos culturais. Em geral, não armazenam fertilizantes, mas das quatro propriedades que tem estoque desses produtos, em três delas, os fertilizantes e agrotóxicos são armazenados no mesmo local. Quanto ao grau de influência das regulamentações ambientais para o crescimento e competitividade das empresas, os produtores afirmam que é nenhuma. Alguns depoimentos são esclarecedores: “Geralmente eles (clientes) sabem que a gente usa pouco produto (agrotóxico) nas plantas, mas como não se come os nossos produtos eles não estão nem ai... mas outro dia, uma cliente perguntou se a gente usava produtos (agrotóxicos) porque ela trabalha descalça na floricultura e os pés dela rachavam muito e depois que ela começou a comprar nossos produtos, os pés não racharam mais”. Outro produtor colocou: “Se eu usar muito defensivo vou gastar mais então, a gente só usa quando precisa e trabalho sem medo, mas os clientes não perguntam não.” Produtores mais conscientes afirmaram que: “ Os clientes não perguntam, mas a gente informa, porque é bom pra nós né? pra saúde da gente, mas eles nunca perguntaram nada.” De acordo com os dados levantados e com base nas exigências dos certificados EUREPGAP Flowers and Ornamentals Version 1.1-Jan04 e no Milieu Programm Siertelt – MPS e na legislação brasileira que dispõe sobre o setor agrícola, foi elaborado o Quadro 9 para analisar o setor da floricultura no Agropolo Cariri/CE, no tocante à produção sustentável. Quadro 9: Realidade do setor da floricultura do Agropolo Cariri/CE em relação às exigências do MPS, EUREPGAP Flowers and Ornamentals e da legislação brasileira que dispõe sobre o setor agrícola. PONTOS DE CONTROLE Registros AGROPOLO CARIRI/CE Não há registros sistemáticos do manejo das atividades. Material de propagação Dão preferência a variedades mais resistentes devido aos custos de manejo, mas não exigem certificado de sanidade das mudas adquiridas de outras propriedades e não há como demonstrar a sanidade das plantas propagadas nas propriedades. Não utilizam cultivares patenteadas. Histórico e gestão da unidade de produção Não há identificação nas unidades e não há sistema de registro e avaliação de risco para cada novo canteiro. Gestão de solos e substratos Em apenas uma propriedade foi feita análise de solo antes da implantação das culturas. Não há evidência de erosão em nenhuma propriedade. A fumigação não é praticada e algumas propriedades realizam compostagem e não fazem desinfecção química. Não sabem a origem do substrato que usam. Fertilizantes A utilização de fertilizantes em quatro propriedades é feita mediante recomendação de técnico responsável, nas demais é feita pelos proprietários. Irrigação Os métodos mais utilizados para irrigação são microaspersão e gotejamento, mas também utilizam mangueira. A água utilizada nas propriedades são provenientes nascentes, mas também usam água de cacimbas e de poços profundos. Não existe nenhum controle eficiente de uso deste recurso. Não é realizada análise periódica da água utilizada. Agrotóxicos Dos oito agrotóxicos utilizados nas propriedades, três não constam na relação dos produtos do AGROFIT. São manipulados apenas por trabalhadores do sexo masculino e maiores de dezoito anos; Em apenas uma propriedade o uso destes produtos é recomendado por técnico habilitado. Não realizam tríplice lavagem das embalagens vazias e a maioria é descartada com o lixo comum. Na região não há unidade de recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos. Elaborado por Alencar, 2013. Quadro 9: Realidade do setor da floricultura do Agropolo Cariri/CE em relação às exigências do MPS, EUREPGAP Flowers and Ornamentals e da legislação brasileira que dispõe sobre o setor agrícola. (Continuação). PONTOS DE CONTROLE AGROPOLO CARIRI/CE Agrotóxicos (Continuação) Não há capacitação para uso e manuseio destes produtos; O armazenamento é feito em edificações precárias e sem sinalização; O transporte é feito de forma perigosa, às vezes junto com alimentos e produtos de uso pessoal. Gestão de poluição e resíduos, Reciclagem e reutilização Não há nenhum plano de gestão de resíduos. Rotação de culturas Não fazem rotação de cultura sistematicamente. Saúde segurança e bem estar dos trabalhadores Nenhum trabalhador teve treinamento para desempenhar suas e nem sabem os procedimentos de emergência necessários. Em apenas uma propriedade os equipamentos de proteção individual (EPI’s) para aplicação de agrotóxicos estão em bom estado de conservação, nas demais propriedades não há equipamentos disponíveis. Não há menores de 15 anos de idade trabalhando nas propriedades; Os visitantes não são informados sobre os potenciais perigos. Em seis propriedades os trabalhadores têm acesso a instalações sanitárias limpas e próximas ao local de trabalho e em apenas uma há banheiro. Não há sinalização dos locais de potencial perigo. Em duas propriedades há material para prestação de primeiros socorros disponível e em apenas uma há pessoa treinada para usá-los. Questões ambientais Apenas uma propriedade tem reserva legal e não permite a caça. Não há plano para minimizar o consumo de água e energia. Reclamações Não existe formulário de reclamação disponível. Elaborado por Alencar, 2013. A análise do Quadro 9 permite afirmar que não há sustentabilidade no setor da floricultura da região pesquisada. Subsidiado pelos dados coletados elaborou-se uma minuta de Código de Conduta para o setor de floricultura do Agropolo Cariri, lócus da realização desta pesquisa (APÊNDICE D). O documento final deverá ser elaborado com a participação dos representantes dos agentes envolvidos no setor: produtores, trabalhadores e consumidores. A elaboração desse documento era um dos objetivos deste trabalho e está contemplado nas considerações finais. 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS A floricultura é um dos setores do agronegócio que mais tem se destacado nos últimos anos no estado do Ceará. Os primeiros plantios tiveram início no município de Fortaleza entre os anos de 1919 e 1921, porém foi a partir de 1998 que ocorreu a expansão dos cultivos para outras regiões devido à criação do Projeto Flores pela Secretaria da Agricultura e Pecuária (SEAGRI), que passou a coordenar ações no setor e deu início à implantação de grandes projetos, gerando uma enorme expansão de área cultivada pelo setor da floricultura. Apesar das condições climáticas adversas e dos recursos naturais limitarem a maioria das atividades produtivas na região, paradoxalmente, essas características favorecem a prática da floricultura. Esses fatores diminuem a incidência de pragas e doenças e os custos de produção, em virtude de não haver necessidade de cultivos protegidos, estruturas que oneram os produtos, e exigirem menos gastos com agrotóxicos. A baixa variação térmica, elevada insolação anual, luminosidade intensa, baixa precipitação, ausência de granizo e neblina, água e solo de excelente qualidade para esse tipo de cultura permitem que a produção se estenda por todo o ano e que as flores e plantas apresentem cores mais vivas. Investimentos na infraestrutura, visando o adequado escoamento da produção foi outro fator que contribuiu para o crescimento dessa atividade agrícola. Devido à necessidade de pequenas áreas para o cultivo, a floricultura se configura como uma prática de grande importância socioeconômica para a geração de emprego e renda para o produtor rural cearense. Apesar de sua importância para a economia das regiões onde a prática está implantada, estudos apontam que ela pode gerar impactos socioambientais relevantes como contaminação do solo, da água e afetar a saúde dos trabalhadores. A despeito dos impactos gerados pela atividade, há poucos estudos realizados sobre os problemas causados pela prática da floricultura no estado do Ceará. Com base nesta constatação e sob a ótica da produção sustentável, esta tese teve como objetivo geral sistematizar um Código de Conduta que possibilite a rotulagem socioambiental dos produtos da floricultura do Agropolo Cariri/CE, no sentido de amenizar os impactos gerados pela atividade. Os procedimentos adotados para a coleta de dados e a realização da pesquisa de campo por meio dos formulários aplicados às pessoas que trabalham na atividade da floricultura nas propriedades selecionadas, permitiu o conhecimento do processo produtivo como o preparo e aplicação de agrotóxicos, armazenamento de insumos, técnicas de cultivo, propagação das plantas, observação às exigências legais e normativas, dentre outros, o que permitiu que o objetivo proposto fosse parcialmente atendido, uma vez que os dados possibilitaram a elaboração da minuta de um Código de Conduta para a área em estudo, ou seja, o Agropolo Cariri/CE. Detectar os impactos ambientais causados pela floricultura do Agropolo Cariri, com o uso de insumos químicos, a utilização racional dos recursos naturais e a destinação dos resíduos, tendo por parâmetro os programas de rotulagem ambiental e a legislação brasileira que dispõe sobre o setor agrícola, foi um dos objetivos específicos estabelecidos para esta investigação. Ficou constatado que o cultivo de flores e plantas ornamentais mudou o perfil socioeconômico das regiões cearenses onde a prática está instalada, com a melhoria da qualidade de vida não só do pequeno produtor rural como também das comunidades próximas às propriedades, através do acesso à eletrificação rural, água potável (com perfuração de poços profundos), melhoria das vias de acesso, emprego e renda. Outro aspecto importante é a redução do desmatamento, devido essa atividade agrícola não requerer grandes áreas para o cultivo, evitando assim, os processos erosivos e a desertificação. Entretanto, pontos negativos e fora das normas ambientais foram detectados como, por exemplo, o uso indevido dos agrotóxicos seja em relação a sua dosagem (alta ou baixa), seja pela proibição de aplicação de alguns deles, além de sua manipulação ser realizada por pessoas despreparadas para tal mister. Ademais, o intervalo de segurança após a aplicação desses produtos não é obedecido, aumentando o risco de intoxicação, uma vez que a contaminação pode ocorrer por via dérmica e inalatória. Outro aspecto negativo observado remete-se ao fato de não haver nenhum plano de gestão de resíduos. O local de armazenamento de insumos químicos não é seguro e nem sinalizado e em nenhuma propriedade há inventário dos produtos existentes, pondo em risco a saúde e segurança dos trabalhadores. Aumentando todo esse risco cita-se o fato de não existir na região, onde a atividade é desenvolvida, unidades de recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos, sendo essas embalagens descartadas junto com lixo comum, o que poderá acarretar contaminação ambiental. Na região, em relação à água, percebeu-se não haver nenhum controle eficiente na utilização desse recurso natural, e quanto à realização de análise periódica da água a ser utilizada, a norma não é obedecida. O uso excessivo de água aliado ao uso abusivo de agrotóxicos e fertilizantes é extremamente danoso para esta região devido a sua formação geológica (essencialmente sedimentar). A alta permeabilidade do solo pode ocasionar a lixiviação desses produtos vindo a contaminar o lençol freático. Para esta investigação outro objetivo foi colocado e tinha como foco identificar os problemas ligados à saúde e segurança dos trabalhadores do setor da floricultura no Agropolo Cariri/CE. Vários foram os problemas que se apresentaram: o armazenamento de insumos químicos é feito em edificações precárias e sem sinalização, a falta de treinamento para o trabalhador desempenhar as atividades com conhecimento e segurança, como também dos procedimentos necessários em caso de emergência e de material para prestação de primeiros socorros, a carência, quase total, de equipamentos de proteção individual (EPI) para aplicação de agrotóxicos. Aliado aos fatores de risco está o transporte que é feito de forma perigosa, às vezes, junto com alimentos e produtos de uso pessoal. O transporte dos agrotóxicos geralmente é feito em carro fechado e junto com outros produtos, aumentando a possibilidade de contaminação das pessoas e dos produtos. O armazenamento de EPI junto com agrotóxicos, a falta de capacitação e a utilização inadequada desses equipamentos de segurança poderão acarretar vários problemas à saúde dos trabalhadores, como o aumento da incidência de câncer, problemas respiratórios e neurológicos, dentre outros. Identificar processos sustentáveis de produção de flores no Agropolo Cariri, correlacionando-os aos programas de rotulagem ambiental existente e na Legislação brasileira que dispõe sobre o setor agrícola foi outro objetivo estabelecido nesta pesquisa. De acordo com os dados levantados constatou-se não haver sustentabilidade na produção de flores e plantas ornamentais na região estudada. Os principais problemas encontrados são relativos ao controle do uso de agrotóxicos e fertilizantes, saúde e segurança dos trabalhadores, corroborando outros estudos feitos na região. Também, não é feita rotação de cultura, sistematicamente e não há registros sistemáticos do manejo das atividades. Devido aos custos de manejo a preferência recai sobre variedades mais resistentes, e não é exigido certificado de sanidade das mudas adquiridas de outras propriedades, não havendo como demonstrar a sanidade das plantas propagadas nas propriedades. Não são utilizadas cultivares patenteadas. Tudo isso só confirma o não cumprimento da legislação brasileira e das exigências dos certificados que referendam a rotulagem ambiental, já comentada neste estudo. Os procedimentos metodológicos mostraram-se pertinentes uma vez que os dados e as informações levantadas possibilitaram a compreensão da realidade do setor da floricultura do Agropolo Cariri/CE e a identificação dos impactos socioambientais gerados pela atividade, alcançando-se, dessa forma, os objetivos intrínsecos a esta tese. Mais um e último objetivo foi delineado, como forma de buscar e gerar informações que pudessem subsidiar a elaboração de um Código de Conduta, para a rotulagem socioambiental dos produtos da floricultura do Agropolo Cariri, como forma de reduzir os impactos gerados por essa atividade. Diante dos problemas encontrados no setor da floricultura e das limitações ambientais na região em estudo, sugere-se um programa de rotulagem ambiental para o setor, com a finalidade de minimizar os impactos gerados. Nesta perspectiva, foi elaborada uma minuta do Código de Conduta para os floricultores para posterior discussão com representantes dos produtores, trabalhadores e consumidores para elaboração do documento final. Foi proposto um checklist com 42 Pontos de Controle (APÊNDICE E) para servir de base para a realização de auditorias externas nas propriedades. Os Pontos de Controle são exigências do Código de Conduta relativas ao processo produtivo de flores e plantas ornamentais com o objetivo de reduzir a contaminação da água e do solo; a geração de resíduos; o consumo de energia e de recursos naturais; os impactos sobre o ecossistema e os problemas relacionados à saúde e segurança dos trabalhadores. Esta minuta do Código de Conduta possui um conjunto de exigências (Pontos de Controle) que orientam e disciplinam a conduta dos floricultores para a rotulagem socioambiental dos produtos deste setor, baseado nos programas ambientais de maior credibilidade do setor da floricultura no mercado internacional, o Euro-Retailer Produce Working Group - EUREPGAP Flowers and Ornamentals Version 1.1-Jan04 e o Milieu Programm Siertelt – MPS. E também atende a legislação brasileira que dispõe sobre o setor agrícola em relação ao transporte, armazenamento, aplicação, destino final das embalagens vazias de agrotóxicos e dos resíduos de produção (Decretos nº 4.074 de 04/01/2002 e nº 23.705 de 08/06/1995 e ABNT NBR 9.843:2004), condições e padrões de qualidade da água destinada a irrigação (CONAMA - Resolução nº 375), segurança e saúde no trabalho na agricultura (NR 31), o Código Florestal (Lei 12.651 de 25/05/2012) e direitos relativos à propriedade intelectual referente à proteção de cultivares (Lei 9.456 de 25/04/1997). Apresenta como objetivos específicos: • Reduzir os impactos ambientais no setor da floricultura; • Estabelecer critérios mínimos de condições de trabalho, saúde e segurança dos trabalhadores; • Fornecer aos consumidores produtos gerados dentro de critérios sustentáveis; Com os Pontos de Controle busca-se: a redução dos impactos ambientais; a rotação de culturas sempre que possível; a exigência do certificado de sanidade das mudas e sementes compradas; o respeito aos direitos de propriedade intelectual, conforme Art. 9º da Lei nº 9.456 de 25/04/1997 (ANEXO D); a elaboração e implementação de um plano que possua um inventário dos resíduos de produtos potenciais da empresa, com vistas a minimizar os resíduos e detalhar o descarte dos mesmos e que após a utilização dos agrotóxicos, deve-se realizar a tríplice lavagem das embalagens vazias como estabelece o Art. 55 do Decreto nº 4.074 DE 04/01/2002 (ANEXO A). Orienta, ainda, que o transporte, armazenamento, destino final dos resíduos e embalagens de agrotóxicos deve estar de acordo com o Decreto nº 4.074 DE 04/01/2002 (ANEXO A) e a ABNT NBR 9.843:2004 (ANEXO C); o registro das manutenções dos equipamentos de aplicação de agrotóxicos e o seu armazenamento deve obedecer a ABNT NBR 9.843:2004 (ANEXO C) e devem estar em local diferente dos fertilizantes; a utilização de fertilizantes somente após análise de solo, para evitar o uso excessivo e sua lixiviação, priorizando a adubação orgânica e fazendo registro das aplicações. Os Pontos de Controle recomendam que o proprietário deve manter um inventário atualizado dos agrotóxicos e fertilizantes armazenados na propriedade; que as culturas devem ser irrigadas com tecnologias eficientes, combinando as necessidades da cultura e economia de água com uma forma eficiente de controle do uso da água e energia e que o uso da água deve ser registrado; sempre que possível deve-se utilizar fontes sustentáveis de água para irrigação e não utilizar a água de esgoto; que a fonte de água deve ser analisada pelo menos uma vez por ano, utilizando como base os padrões aceitos para a agricultura, em observância às condições de qualidade da água destinada a irrigação, estabelecidas pelos Artigos 15º, 16º e 21º da Resolução do CONAMA nº 357 (ANEXO E) e, principalmente, que deve haver um Plano de conservação da Natureza que inclua: ações de melhoria dos habitats e da biodiversidade, proibição da caça predatória e minimização de desmatamento. Quanto à preocupação com as condições de trabalho, saúde e segurança dos trabalhadores, estabelece que os procedimentos a serem seguidos em caso de acidente e emergência devem ser claros e entendidos por todos; as áreas perigosas e de risco devem ser claramente sinalizadas; a realização de uma avaliação dos riscos na propriedade deve ser feita de modo a promover a saúde e segurança dos trabalhadores, conforme subitem 31.3.3 da NR 31 (ANEXO F); os proprietários deverão incentivar os trabalhadores a retornar a escola; os adolescentes maiores que 15 anos de idade poderão trabalhar nas propriedades, exceto em atividades insalubres, como aplicação de agrotóxicos, desde que não haja prejuízo no rendimento escolar; além do que todos os trabalhadores devem ter contrato de trabalho, e nele deverão constar especificação mínima quanto à descrição do trabalho, as horas de trabalho exigido, a remuneração e as condições gerais de emprego; trabalhadoras grávidas não deverão realizar qualquer tipo de trabalho nocivo no período anterior à licença de maternidade, em especial, o manuseio de produtos químicos e pesticidas, conforme subitem 31.8.3 da NR 31 (ANEXO F); que todos os trabalhadores devem ter acesso à água potável e a serviços básicos necessários (sanitário e banheiro) em bom estado de conservação e limpeza. Adiciona-se a esses pontos a obrigação de pelo menos um trabalhador receber treinamento de primeiros socorros e disponibilidade na propriedade de material de primeiros socorros, conforme subitem 31.5.1.3.6 da NR 31 (ANEXO F); como também treinamento para a correta aplicação dos produtos químicos, conforme subitem 31.8.7 da NR 31 (ANEXO F) e informações a respeito do armazenamento, manuseio e medição de produtos concentrados. O proprietário deve garantir os EPI’s necessários para a realização das atividades em bom estado e manter registro de todas as operações, conforme subitem 31.20.1.1 da NR 31 (ANEXO F); manter o registro de todas as aplicações de agrotóxicos, indicando, data, o nome do operador, produtos químicos utilizados, dosagem e localização da cultura subitem 31.8.10 da NR 31 (ANEXO F). Os locais em que foram feitas as pulverizações de agrotóxicos devem ser sinalizados e a reentrada nas áreas tratadas deve obedecer aos seguintes intervalos de segurança: pesticidas altamente tóxicos (OMS Toxidade I) e carcinogênicos: 24 horas; pesticidas tóxicos (OMS Toxidade II): 12 horas; pesticidas menos tóxicos (OMS Toxidade III + IV): 6 horas. O respeito aos consumidores é outro ponto tratado. Deve ser disponibilizado um formulário de reclamação para os consumidores, fazer o registro das mesmas e das medidas corretivas. Para auxiliar o registro das atividades de manejo, foram elaborados quatro formulários para o controle do uso de agrotóxicos (APÊNDICE F), fertilizantes (APÊNDICE G), água (APÊNDICE H) e energia (APÊNDICE I). Para que essas medidas se efetivem se faz necessária a participação de todos os agentes envolvidos: produtores na gestão do programa, governos (municipal, estadual e federal) no suporte técnico (capacitação dos trabalhadores), incentivos fiscais e financiamentos de projetos e dos consumidores, exigindo produtos gerados dentro de critérios sustentáveis. Mediante o resultado da pesquisa pode-se afirmar que a tese formulada foi plenamente comprovada, ou seja, que o setor da floricultura gera benefícios e ganhos socioeconômicos, ao mesmo tempo em que causa impactos negativos ao meio ambiente e aos trabalhadores do setor e um Código de Conduta contribuirá para minimizar esses impactos. Vale salientar que a adoção dos critérios de gerenciamento ambiental deste Código de Conduta poderá aumentar os custos de produção e, por este motivo, limitar a adesão dos produtores. Porém, mesmo que a adoção dos critérios seja parcial, contribuirá para minimizar os impactos socioambientais do setor da floricultura do Agropolo Cariri/CE. Espera-se que esta tese venha contribuir com a sustentabilidade do setor da floricultura do Agropolo Cariri/CE e que seja fonte de informação para subsidiar outras pesquisas nesta área. Dentre as recomendações para trabalhos futuros, sugere-se que esta metodologia seja aplicada em outras regiões produtoras de flores e plantas ornamentais para identificação dos impactos socioambientais gerados e a sistematização de Códigos de Conduta para rotulagem socioambiental dos produtos. REFERÊNCIAS ABCSEM – Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas. Floricultura do CE quer exportar US$ 5,5 mi. Disponível em: <http://www.abcsem.com.br/noticia.php?cod=1208>. Acesso em: 11 nov 2011. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Rotulagem ambiental. <http://www.abntonline.com.br/rotulo/>. Acesso em: 11 jul 2011. AB’ SABER, A. N. 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Razão Social (ou nome do proprietário):________________________________________ Entrevistado:______________________________________________________________ Endereço________________________________________________Fone:____________ Área da propriedade:________________ Área cultivada:__________________________ Ano de implantação:______________________ Ano de operação: _______________ A empresa é: 1.( ) Independente 2.( ) Parte de um Grupo (Associação) 7. Responsável pela parte técnica da empresa e sua formação: Responsável técnico Formação 1.( )O próprio dono 1.( )Nível Superior 2.( )Sócio 2.( )Técnico de nível médio 3.( )Técnico contratado 3.( )Ensino médio 4.( )Técnico terceirizado 4.( )Ensino fundamental 5.( )Outro: Citar______________ 5.( )Outro: Citar____________ II – EMPREGO 8. Número de pessoas que trabalham na empresa, segundo características das relações de trabalho: Tipo de relação de trabalho 1.( ) Sócio proprietário 2.( ) Contratos formais 3.( ) Estagiário 4.( ) Serviço temporário (diarista) 5.( ) Terceirizados 6.( ) Familiares sem contrato formal Total Número de pessoal ocupado Masculino Feminino Total APÊNDICE B FORMULÁRIO II LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES SOBRE A PRODUÇÃO DE FLORES E PLANTAS ORNAMENTAIS DO AGROPOLO CARIRI/CE Número do questionário_____Ponto GPS_________________________________________ Pesquisador(a)______________________________________________________________ Data: ____/___/____ I – IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA 1. 2. Razão Social (ou nome do proprietário)______________________________________ Endereço__________________________________________Fone:____________ II – PRODUÇÃO, MERCADOS E EMPREGO. 1. Escolaridade do pessoal ocupado (situação atual): Ensino 1.( ) Analfabeto 2.( ) Ensino fundamental incompleto 3. ( ) Ensino fundamental completo 4.( ) Ensino médio incompleto 5.( ) Ensino médio completo 6.( ) Superior incompleto 7.( ) Superior completo 8.( ) Pós-Graduação Total 2. Tipo de cultivo ( ) 1. Telado ( ) 2. Estufa ( ) 3. Campo aberto 3. Espécies cultivadas (especificar em m2) 1.( 2.( 3.( 4.( ) ) ) ) Crisântemo Gipsofila Aster Gerbera Número do pessoal ocupado 5.( 6.( 7.( 8.( 9.( 10.( 11.( 4. 5. 6. ) ) ) ) ) ) ) Gypsofila Solidago Alpinia Shampoo Heliconia Samambaia Outros Especificar:____________ Onde adquire as mudas? 1.( 2.( 3.( 4.( ) ) ) ) Principal(is) produto(s). 1.( 2.( 3.( 4.( 5.( 6.( 7.( 8.( 9.( 10.( 11.( ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) Produção própria Fortaleza São Paulo Outro.Especificar:_____________ Crisântemo Gipsofila Aster Gerbera Gypsofila Solidago Alpinia Shampoo Heliconia Samambaia Outros Especificar:____________ Principais mercados consumidores. 1.( ) Crato – Especificar produtos______________________________ 2.( ) Juazeiro – Especificar produtos ____________________________ 3.( ) Barbalha – Especificar produtos ___________________________ 4.( ) Outros. Especificar:_____________________________________ III – SAÚDE, SEGURANÇA E BEM ESTAR DOS TRABALHADORES 1. Foi registrado algum tipo de problema de saúde por parte dos trabalhadores durante o trabalho de manejo das culturas? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não Caso afirmativo, qual (is) ?_____________________________________________________ 2. Foi dado treinamento específico ou instruções a todos os operadores de equipamentos perigosos ou complexos? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 3. Existe registro de treinamento de cada trabalhador? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 4. Está sempre presente uma pessoa com treinamento de primeiros socorros durante as atividades? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 5. Todos os trabalhadores sabem dos procedimentos em caso de acidentes? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 6. Existem caixas de primeiros socorros próximas ao local de trabalho? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 7. Os perigos estão claramente identificados com sinais de aviso? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 8. Todos os trabalhadores utilizam os equipamentos de proteção individual recomendados no rótulo dos produtos utilizados? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 9. O vestuário e equipamentos de proteção são guardados em local separado dos agrotóxicos? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 10. Os trabalhadores têm acesso a serviços e equipamentos básicos necessários? (banheiro, saniário) 1. ( ) Sim 2. ( ) Não IV –GESTÃO AMBIENTAL E TECNOLOGIAS 1. A propriedade já foi notificada por algum órgão de fiscalização ligado ao meio ambiente? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não Caso afirmativo, qual? ______________________Por que? ___________________________ 2. Fonte de água para uso na propriedade. 1.( 2.( 3.( 4.( 5.( 6.( 3. ) ) ) ) ) ) Poço profundo (semi artesiano) Água da empresa distribuidora de água Água de açude Poço de água Nascente Outro. Especificar: ______________________________________ Tipo de tecnologia utilizada para irrigação das culturas. 1.( 2.( 3.( 4.( 4. ) ) ) ) Aspersão Gotejamento Mangueira Hidroponia Existe algum tipo de controle do uso de água? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não Caso afirmativo, qual?________________________________________________________ 5. A empresa possui algum sistema de registro de aplicação de agrotóxicos? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 6. Os aplicadores de agrotóxicos receberam treinamento para desempenharem a função? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 7. Os aplicadores de agrotóxicos já leram a bula de algum produto? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 8. Quem faz a recomendação das dosagens de agrotóxicos? O proprietário (lendo a 1.( ) bula) 2.( ) O vendedor 3.( ) Um técnico 4.( ) Um engenheiro agrônomo 9. Os agrotóxicos estão armazenados de acordo com a legislação vigente no Brasil? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 10. É realizada tríplice lavagem das embalagens vazias de agrotóxicos? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não Ilustrar com depoimentos ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 11. Os agrotóxicos são transportados de acordo com a legislação local? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 12. Todos os agrotóxicos estão armazenados na embalagem original? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 13. As embalagens vazias de agrotóxicos são reutilizadas? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não De quê forma? _______________________________________________________________ Ilustrar com depoimentos ___________________________________________________________________________ 14. Existe algum inventário disponível e atualizado dos agrotóxicos existentes? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não Caso positivo, qual é o inventário? _______________________________________________ 15. Tipos de agrotóxicos utilizados na empresa. Produto Uso na Dosagem empres recomenda a da Dosagem utilizada 16. Quem faz a recomendação das dosagens de fertilizantes? 1.( ) O proprietário (lendo a bula) 2.( ) O vendedor 3.( ) Um técnico 4.( ) Um engenheiro agrônomo Caso a empresa não use fertilizantes químicos, passar para a nº 23 17. A empresa possui algum sistema de registro de aplicação de fertilizantes? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 18. Tipos de fertilizantes utilizados na empresa Produto Indicação para uso na floricultura Dosagem recomendada Dosagem utilizada 19. Os fertilizantes estão armazenados em área coberta? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 20. Os fertilizantes estão armazenados em área seca? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 21. Os fertilizantes estão armazenados em área higienizada? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 22. Existe algum inventário disponível e atualizado dos fertilizantes existentes? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não 23. Grau de influência das regulamentações ambientais (normas e legislações) sobre o crescimento e competitividade da empresa. ( ( ( ( ( ) 1. ) 2. ) 3. )4 ) 5. Extremamente influente Influente Pouco influente Influência negativamente Sem qualquer influência OBSERVAÇÕES GERAIS: ___________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ APÊNDICE C PRODUTOS DA FLORICULTURA DO AGROPOLO CARIRI/CE Nome vulgar: Helicônia Nome científico: Helicônia bihai Foto: Alencar, 2013. Nome vulgar: Bastão do imperador Nome científico: Etlingera elatior Foto: Alencar, 2013. Nome vulgar: Helicônia Nome científico: Helicônia rauliniana Foto: Alencar, 2013. Nome vulgar: Alpínia vermelha Nome científico: Alpinia purpurata Foto: Alencar, 2013. Nome vulgar: Orquídea Nome científico: Orchidaceae Foto: Alencar, 2013. Nome vulgar: Crisântemo Nome científico: D. grandiflorum Foto: Alencar, 2013. Nome vulgar: Rosa Nome científico: Rosa ssp Foto: Alencar, 2013. Nome vulgar: Orquídea Nome científico: Orchidaceae Foto: Alencar, 2013. Nome vulgar: Crisântemo Nome científico: Dendranthema grandiflorum Foto: Alencar, 2013. Nome vulgar: Rosa Nome científico: Rosa ssp. Foto: Alencar, 2013. Nome vulgar: Samambaia Nome científico: Nepholepis exaltata Foto: Alencar, 2013. Nome vulgar: San. Robusta Nome científico: Sanseveriana Foto: Alencar, 2013. Nome vulgar: Bouganvile Nome científico: Bougainvillea spectabilis Foto: Alencar, 2013. Nome vulgar: Gérbera Nome científico: G. jamesonii Foto: Alencar, 2013. Nome vulgar: Palmeira Nome científico: H. trifasciata Foto: Alencar, 2013. Nome vulgar: Bromélia Nome científico: Neoregelia Foto: Alencar, 2013. Nome vulgar: Gérbera Nome científico: G. jamesonii Foto: Alencar, 2013. Nome vulgar: Gérbera Nome científico: Gerbera jamesonii Foto: Alencar, 2013. Nome vulgar: Pingo-de-ouro Nome científico: Duranta erecta Foto: Alencar, 2013. Nome vulgar: Lírio da paz Nome científico: S. wallisii Foto: Alencar, 2013. Nome vulgar: Lírio Nome científico: Lilium sp. Foto: Alencar, 2013. Nome vulgar: Cravo Nome científico: Dianthus caryophyllus Foto: Alencar, 2013. Nome vulgar:Agave Nome científico: Agave attenuata Foto: Alencar, 2013. Nome vulgar: Dracena vermelha Nome científico: C. terminalis Foto: Alencar, 2013. Nome vulgar: Hortência Nome científico: Hydrangea macrophilla Foto: Alencar, 2013. APÊNDICE D MINUTA DO CÓDIGO DE CONDUTA PARA O SETOR DA FLORICULTURA DO AGROPOLO CARIRI/CE Este Código de Conduta foi elaborado com o objetivo de minimizar os impactos resultantes do processo produtivo de flores e plantas ornamentais desta região. Possui um conjunto de exigências (Pontos de Controle) que orientam e disciplinam a conduta dos floricultores para a rotulagem socioambiental dos produtos deste setor. E baseou-se nos programas ambientais de maior credibilidade do setor da floricultura no mercado internacional, o Euro-Retailer Produce Working Group - EUREPGAP Flowers and Ornamentals Version 1.1-Jan04 e o Milieu Programm Siertelt – MPS e na legislação brasileira. Atende a legislação sobre transporte, armazenamento, aplicação, destino final das embalagens vazias de agrotóxicos e dos resíduos de produção (Decretos nº 4.074 de 04/01/2002 e nº 23.705 de 08/06/1995 e ABNT NBR 9.843:2004), condições e padrões de qualidade da água destinada a irrigação (CONAMA - Resolução nº 375), segurança e saúde no trabalho na agricultura (NR 31), o Código Florestal (Lei 12.651 de 25/05/2012) e direitos relativos à propriedade intelectual referente à proteção de cultivares (Lei 9.456 de 25/04/1997). 1. Objetivos • Reduzir os impactos ambientais no setor da floricultura; • Estabelecer critérios mínimos de condições de trabalho, saúde e segurança dos trabalhadores; • Fornecer aos consumidores produtos gerados dentro de critérios sustentáveis; 2. Pontos de Controle 2.1 Redução dos impactos ambientais • Fazer rotação de culturas sempre que possível; • Exigir certificado de sanidade das mudas e sementes compradas; • Respeitar os direitos de propriedade intelectual, conforme Art. 9º da Lei nº 9.456 de 25/04/1997 (ANEXO D); • Elaborar e implementar um plano que possua um inventário dos resíduos de produtos potenciais da empresa, com vistas a minimizar os resíduos e detalhar o descarte dos mesmos; • Após utilização dos agrotóxicos, deve-se realizar a tríplice lavagem das embalagens vazias como estabelece o Art. 55 do Decreto nº 4.074 DE 04/01/2002 (ANEXO A); • O transporte, armazenamento, destino final dos resíduos e embalagens de agrotóxicos deve estar de acordo com o Decreto nº 4.074 DE 04/01/2002 (ANEXO A) e a ABNT NBR 9.843:2004 (ANEXO C); • Deve haver registro das manutenções dos equipamentos de aplicação de agrotóxicos; • O armazenamento de agrotóxicos deve obedecer a ABNT NBR 9.843:2004 (ANEXO C) e devem estar em local diferente dos fertilizantes; • A utilização de fertilizantes só deve ser realizada após análise de solo, para evitar o uso excessivo e sua lixiviação; • Priorizar adubação orgânica e fazer registro das aplicações; • O proprietário deve manter um inventário atualizado dos agrotóxicos e fertilizantes armazenados na propriedade; • As culturas devem ser irrigadas com tecnologias eficientes, combinando as necessidades da cultura e economia de água; • Deve haver uma forma eficiente no controle do uso da água e energia; • O uso de água deve ser registrado; • Sempre que possível, utilizar fontes sustentáveis de água para irrigação; • Não utilizar a água de esgoto; • A fonte de água deve ser analisada pelo menos uma vez por ano, utilizando como base os padrões aceitos para a agricultura, em observância às condições de qualidade da água destinada a irrigação, estabelecidas pelos Artigos 15º, 16º e 21º da Resolução do CONAMA nº 357 (ANEXO E); • Deve haver um Plano de conservação da Natureza que inclua: ações de melhoria dos habitats e da biodiversidade, proibição da caça predatória e minimização de desmatamento; 2.2 Condições de trabalho, saúde e segurança dos trabalhadores • Os procedimentos a serem seguidos em caso de acidente e emergência devem ser claros e entendido por todos; • As áreas perigosas e de risco devem ser claramente sinalizadas; • Deve ser realizada uma avaliação dos riscos na propriedade para promover a saúde e segurança dos trabalhadores, conforme subitem 31.3.3 da NR 31 (ANEXO F); • Os proprietários deverão incentivar os trabalhadores a retornar a escola; • Adolescentes maiores que 15 anos de idade poderão trabalhar nas propriedades, exceto em atividades insalubres, como aplicação de agrotóxicos, desde que não haja prejuízo no rendimento escolar; • Todos os trabalhadores devem ter contrato de trabalho, neste deverá haver especificação mínima quanto à descrição do trabalho, as horas de trabalho exigido, a remuneração e as condições gerais de emprego; • Trabalhadoras grávidas não deverão realizar qualquer tipo de trabalho nocivo no período anterior à licença de maternidade, em especial, o manuseio de produtos químicos e pesticidas, conforme subitem 31.8.3 da NR 31 (ANEXO F); • Todos os trabalhadores devem ter acesso à água potável e a serviços básicos necessários (sanitário e banheiro) em bom estado de conservação e limpeza; • Ao menos um trabalhador deve receber treinamento de primeiros socorros e deve haver material de primeiros socorros disponível na propriedade, conforme subitem 31.5.1.3.6 da NR 31 (ANEXO F); • Os aplicadores de agrotóxicos deverão receber treinamento, para correta aplicação dos produtos químicos, conforme subitem 31.8.7 da NR 31 (ANEXO F); • O proprietário deve garantir os EPI’s necessários para a realização das atividades em bom estado e manter registro de todas as operações, conforme subitem 31.20.1.1 da NR 31 (ANEXO F); • O proprietário deve manter o registro de todas as aplicações de agrotóxicos, indicando, data, o nome do operador, produtos químicos utilizados, dosagem e localização da cultura subitem 31.8.10 da NR 31 (ANEXO F); • Os locais em que foram feitas as pulverizações de agrotóxicos devem ser sinalizados e a reentrada nas áreas tratadas deve obedecer aos seguintes intervalos de segurança: pesticidas altamente tóxicos (OMS Toxidade I) e carcinogênicos: 24 horas; pesticidas tóxicos (OMS Toxidade II): 12 horas; pesticidas menos tóxicos (OMS Toxidade III + IV): 6 horas; • Todos os trabalhadores deverão receber informações a respeito do armazenamento, manuseio e medição de produtos concentrados; 2.3 Respeito aos consumidores • Disponibilizar um formulário de reclamação para os consumidores; • Registrar as reclamações e as medidas corretivas; Para auxiliar o registro das atividades de manejo, foram elaborados quatro formulários para o controle do uso de agrotóxicos (APÊNDICE F), fertilizantes (APÊNDICE G), água (APÊNDICES H) e energia (APÊNDICE I). Entretanto é necessária a participação de todos os agentes envolvidos: produtores na gestão do programa, governos (municipal, estadual e federal) no suporte técnico (capacitação dos trabalhadores), incentivos fiscais e financiamentos de projetos e dos consumidores exigindo produtos gerados dentro de critérios sustentáveis. APÊNDICE E CHECKLIST PARA AUDITORIA DO CÓDIGO DE CONDUTA DA FLORICULTURA DO AGROPOLO CARIRI/CE Nº Pontos de Controle 1. Redução de impactos Ambientais 1.1 É realizada rotação de cultura? 1.2 Respeita-se o direito de propriedade intelectual? 1.3 É exigido certificado de sanidade das mudas adquiridas? 1.4 Há inventário atualizado dos resíduos gerados e o destino dos mesmos? 1.5 Os agrotóxicos utilizados são específicos para a floricultura? 1.6 A recomendação técnica para o uso de agrotóxico é feita por profissional habilitado? 1.7 O armazenamento de agrotóxicos está de acordo com a legislação brasileira? 1.8 O transporte de agrotóxicos é realizado de acordo com a legislação brasileira? 1.9 O destino final dos resíduos de agrotóxicos está de acordo com a legislação brasileira? 1.10 É realizada a tríplice lavagem das embalagens vazias de agrotóxicos? 1.11 As embalagens de agrotóxicos são inutilizadas e devolvidas ao vendedor? 1.12 Há registro das aplicações de agrotóxicos? 1.13 Há inventário atualizado dos agrotóxicos existentes na propriedade? 1.14 Há registro das manutenções dos equipamentos de aplicação de agrotóxicos? 1.15 Os fertilizantes são armazenados em local separado dos agrotóxicos? 1.16 Não havendo possibilidade de armazenar fertilizantes em agrotóxicos em salas separadas, é possível separá-los fisicamente e identificá-los? 1.17 Os fertilizantes estão armazenados em local apropriado, de modo a reduzir os riscos de contaminação de fontes de água? Cumpre Sim Não Observações Nº Pontos de Controle 1.18 Cumpre Sim Não É realizada análise de solo antes da aplicação de fertilizantes químicos? 1.19 Há registro das aplicações de fertilizantes químicos? 1.20 A irrigação das culturas é feita com tecnologia eficiente (combinando necessidade e economia d água)? 1.21 Há registro do uso da água? 1.22 A água utilizada é de fonte sustentável? 1.23 São feitas análises anuais da água? 1.24 Há registro das análises de água? 1.25 Há prioridade da adubação orgânica em relação à adubação química? 1.26 Há registro das aplicações de adubos orgânicos? 1.27 É utilizada água de esgoto? 1.28 Há um Plano de Conservação da Natureza que inclua ações de melhoria de habitats e da biodiversidade, proibição da caça predatória e minimização de desmatamento? 2. Condições de trabalho, saúde e segurança dos trabalhadores 2.1 Os trabalhadores entendem os procedimentos a serem seguidos em caso de acidente e emergência? 2.2 As áreas perigosas e de risco são claramente sinalizadas? 2.3 Os trabalhadores são incentivados a retornar a escola? 2.4 É realizada anualmente uma avaliação dos riscos na propriedade para promover a saúde e segurança dos trabalhadores? 2.5 Adolescentes maiores que 15 anos de idade trabalha em atividade insalubre? Todos os trabalhadores têm contrato de 2.6 2.7 2.8 2.9 2.10 trabalho? Trabalhadoras grávidas trabalham n o manuseio de produtos químicos e pesticidas? Os trabalhadores têm acesso à água potável e a serviços básicos necessários (sanitário e banheiro) em bom estado de conservação e limpeza? Ao menos um trabalhador recebeu treinamento de primeiros socorros? Há material de primeiros socorros disponível na propriedade? Observações Nº Pontos de Controle 2.11 Os aplicadores de agrotóxicos receberam treinamento para desempenhar a função? Os trabalhadores têm acesso aos EPI’s necessários para a realização das atividades? Há registro de todas as aplicações de agrotóxicos, indicando, data, o nome do operador, produtos químicos utilizados, dosagem e localização da cultura 2.12 2.13 2.14 2.15 2.16 Cumpre Sim Não Os locais em que foram feitas as pulverizações de agrotóxicos são sinalizados? Os intervalos de segurança das áreas tratadas com agrotóxicos são obedecidos? Todos os trabalhadores receberam informação a respeito do armazenamento, manuseio e concentrados? medição de produtos 3. Respeito aos consumidores 3.1 Há formulário de reclamação disponível e acessível para os consumidores? 3.2 Há registro das reclamações e das medidas corretivas? Observações Nome do produto Princípio ativo Tipo de cultivo Município/Estado Quantidade utilizada (l/g) Identificação da propriedade Área de aplicação (m2) Intervalo de segurança Fonte: Alencar (2006). Modificado por Alencar, 2013. Equipamento utilizado Data de aplicação Controle do Consumo de Agrotóxicos Tipo de cultura APÊNDICE F Nome do aplicador Recomendação técnica (Justificativa) Mês/Ano Técnico responsável Quantidade (l/g) Área de aplicação (m2) Via ** Método utilizado *** Fonte: Alencar (2006). Modificado por Alencar, 2013. Data da aplicação Controle do Consumo de Fertilizantes Tipo de cultura APÊNDICE G * Químico ou orgânico ** Foliar ou ao solo *** Fertirrigação, distribuição mecanizada, distribuição manual ou distribuição semi-mecanizada Tipo* (Especificar) Tipo de cultivo Município/Estado Identificação da propriedade Recomendação técnica (Justificativa) Mês/Ano Técnico responsável Período * Tecnologia utilizada ** * Manhã, tarde, noite ** Aspersão, microaspersão, gotejamento Dia Tipo de cultivo Município/Estado Identificação da propriedade Duração (min) Fonte: Alencar (2006). Modificado por Alencar, 2013. Quantidade (m3) Controle do Consumo de Água Tipo de cultura APÊNDICE H Observações Mês/Ano Água Consumo * Químico ou orgânico Agrotóxico Nome do produto/princípio ativo Tipo de cultivo Município/Estado Identificação da propriedade Energia Consumo Fonte: Alencar (2006). Modificado por Alencar, 2013. m 3 Quantidade (g/ml) Relatório Mensal Mês/Ano Fertilizante Tipo* (Especificar) Tipo de cultura APÊNDICE I Kw/h Quantidade (kg/l) ANEXO A Decreto nº 4.074, de 4 de janeiro de 2002 Dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências. (...) "Art. 53. Os usuários de agrotóxicos e afins deverão efetuar a devolução das embalagens vazias, e respectivas tampas, aos estabelecimentos comerciais em que foram adquiridos, observadas as instruções constantes dos rótulos e das bulas, no prazo de até um ano, contado da data de sua compra. (...) § 5º As embalagens rígidas, que contiverem formulações miscíveis ou dispersíveis em água, deverão ser submetidas pelo usuário à operação de tríplice lavagem, ou tecnologia equivalente, conforme orientação constante de seus rótulos, bulas ou folheto complementar. § 6º Os usuários de componentes deverão efetuar a devolução das embalagens vazias aos estabelecimentos onde foram adquiridos e, quando se tratar de produto adquirido diretamente do exterior, incumbir-se de sua destinação adequada. (...) Art. 64. Os agrotóxicos e afins só poderão ser comercializados diretamente ao usuário, mediante apresentação de receituário próprio emitido por profissional legalmente habilitado. ANEXO B Decreto Nº 23.705, de 08 de Junho de 1995 Dispõe sobre o uso, a produção, o consumo, o comércio e o armazenamento dos agrotóxicos, componentes e afins, bem como a fiscalização, do uso, do comércio, do armazenamento e do transporte interno destes produtos no território do Estado do Ceará. (...) Art. 20 - Toda pessoa física ou jurídica que utiliza agrotóxicos e outros biocidas fica obrigado a: (...) V. fornecer aos operários encarregados de sua aplicação, equipamentos de segurança adequados ao grau de risco de intoxicação apresentado pelo produto utilizado; VI. aplicá-los somente de acordo com as recomendações técnicas contidas no receituário emitido por profissional habilitado; ANEXO C ABNT NBR 9.843:2004 Norma para armazenamento de agrotóxicos 1. LOCAL DO ARMAZÉM: 1.1- O armazém deve ser construído em locais não propícios a inundações ou enxurradas; 1.2- A mais de 30m das habitações e locais onde são conservados ou consumidos alimentos, medicamentos ou outros materiais; 1.3- A mais de 1000m de corpos de água. 2. CONSTRUÇÃO 2.1- Edificação: A edificação deve estar de acordo com os seguintes requisitos: • A área deve ser compatível com o volume de produtos a ser estocado; • O armazém deve ser total ou parcialmente construído em alvenaria; • Quando o armazém for parcialmente construído em alvenaria, as partes abertas devem possuir telas ou outros elementos vazados; • O pé direito do armazém deve ter, no mínimo, 4 m, para otimizar a ventilação natural diluidora; • O armazém deve ser coberto. 2.2- Pavimentação: A pavimentação deve estar de acordo com os seguintes requisitos: • As paredes devem ser de alvenaria, inclusive as internas; • O armazém deve ter piso impermeável e acabamento liso para facilitar a limpeza; • A cobertura deve ser leve, adequada a proteção dos produtos contra intempéries; • Deve ser evitado o uso de forros; • O armazém deve ter um sistema adequado de contenção de resíduos, de modo a evitar que os mesmos entrem no sistema de águas pluviais ou mananciais; • As instalações elétricas devem ser adequadas, de forma a se evitarem sobrecargas; a chave geral deve ser instalada em local de fácil acesso. 2.3- Ventilação: O armazém deve ter, no mínimo, ventilação natural diluidora a qual pode ser obtida através de aberturas inferiores (constituída de elementos vazados e tela de proteção) e lanterim (telhado sobreposto). No caso de ser usado um sistema de ventilação artificial (ou forçada), o sistema deve ser à prova de explosão e de acordo com as normas existentes. 2.4 - Iluminação: Iluminação deve ser boa, de modo que permita a fácil leitura dos rótulos dos produtos, podendo ser natural, através do uso de telhas translúcidas, ou artificiais à prova de explosão e de acordo com as normas. 2.5- Instalação elétrica: • Deve ser adequada, de forma a se evitarem sobrecargas; • A chave geral deve ser instalada em local de fácil acesso; • As fiações não devem ficar expostas; • Utilizar energia elétrica o mínimo possível. 3. CUIDADOS A SEREM TOMADOS NOS LOCAIS DE ARMAZENAMENTO 3.1 - Deve existir em lugar visível as seguintes frases: • Produtos tóxicos; • Proibida a entrada de pessoas estranhas ou não autorizadas. 3.2 - Estar sempre limpo. 3.3 - Estar isolado e protegido de agentes físicos ou químicos que venham a prejudicar os produtos armazenados. 3.4- Estar protegido contra os riscos de incêndio (NR-23): 3.4.1 - Disposições gerais: I- Todas as empresas deverão possuir: • Proteção contra incêndio; • Saídas suficientes para a rápida retirada do pessoal em serviço, em caso de incêndio; • Equipamento suficiente para combater o fogo em seu início; • Pessoas treinadas no uso correto desses equipamentos II- Saídas: • Em número suficiente e dispostas de modo que aqueles que se encontrem nesses locais possam abandoná-los com rapidez e segurança, em caso de emergência; • A largura mínima das aberturas de saída deverá ser de 1,20m; • O sentido de abertura da porta não poderá ser para o interior do local de trabalho; III- Extintores: • Devem ser utilizados extintores que obedeçam às normas brasileiras ou regulamentos técnicos do INMETRO; • Todo extintor deve ter uma ficha de controle de inspeção; • Independente da área ocupada deverá existir pelo menos dois extintores; • Deverão ser colocados em locais: • De fácil acesso; • De fácil visualização; • Onde haja menos probabilidade de o fogo bloquear o seu acesso. 3.4.2- Prevenção: Devem ser fixados cartazes de proibição ao fumo na entrada e em todos os pontos estratégicos do depósito; Fazer manutenção permanente das instalações elétricas, mantendo a fiação e o isolamento bem protegidos, localizados de tal forma que evitem acidentes com produtos, empilhadeiras, “pallets” ou pessoas. 3.5 - Estar devidamente aparelhado com equipamento de proteção coletiva tais como: Vestiário, chuveiro, armários individuais duplos (para evitar que haja mistura de roupas civis com as de trabalho), chuveiro de emergência, lava-olho e caixa de emergência. Deve constar na caixa de emergência: • Respirador com filtro de carvão ativo apropriado; • Luva de PVC com forro; • Bota de PVC; • Óculos do tipo ampla visão; • Macacão de algodão. 3.6 - Manter em local visível: • Placas ou cartazes com aviso de risco dos produtos conforme NBR 7500; • Telefones de emergência do: Corpo de bombeiros; Médico, hospital ou pronto socorro; Fabricante dos produtos envolvidos; • Materiais absorventes, adsorventes e neutralizantes conforme constante da ficha de emergência (NBR7503) ou conforme indicação do fabricante. 3.7 - Deve ser obrigação do fabricante enviar, juntamente com o produto, as respectivas fichas de emergência. 3.8 - No caso de derrame ou vazamento: • Não utilizar água para lavagem e/ou limpeza; • Adsorver o produto derramado ou que tenha vazado, com material absorvente, adsorvente e neutralizante, conforme constante da ficha de emergência (NBR 7503) ou em caso de dúvida, seguir as instruções do fabricante do produto; • No caso de produto sólido, varrer; • O material resultante da limpeza deve ser guardado em recipientes fechados e em lugar seguro e bem identificado; • Solicitar informações ao fabricante sobre o destino do produto. 4. CUIDADOS NO ARMAZENAMENTO 4.1 - Deve ser deixado um espaço livre (mínimo de 0,50m) entre as paredes externas e os volumes mais próximos, assim como entre as pilhas de produtos. 4.2 - Manter um espaço mínimo de 1m entre as lâmpadas e os produtos; 4.3 - Manter os produtos afastados do telhado; 4.4 - Manter os produtos com os dispositivos de abertura voltados para cima; 4.5 - Os produtos não devem ser colocados diretamente no chão; devem ser utilizados estrados, “pallets” ou chapas de volume; 4.6 - Estabelecer um esquema de armazenagem de modo: • A não permitir que diferentes classes de produtos para uso agrícola possam ficar juntos, evitando desta forma contaminações denominadas cruzadas (por ex.: inseticidas ou fungicidas com herbicidas); • Que produtos inflamáveis sejam colocados intercalados com produtos não inflamáveis, evitando desta forma o agravamento do risco de incêndio no caso de ser um local único de armazenamento. Caso contrário armazenar inflamáveis e não inflamáveis em locais separados. 4.7 - A estocagem deve obedecer ao critério de rotatividade, isto é, o primeiro volume a entrar deve ser o primeiro a sair. Em caso de empilhamento por bloco, deve ser providenciado um remanejamento periódico dos volumes para prevenir o envelhecimento e deterioração dos produtos. ANEXO D Lei nº 9.456, de 25 de abril de 1997 Institui a Lei de Proteção de Cultivares e dá outras providências Art. 9º A proteção assegura a seu titular o direito à reprodução comercial no território brasileiro, ficando vedados a terceiros, durante o prazo de proteção, a produção com fins comerciais, o oferecimento à venda ou a comercialização, do material de propagação da cultivar, sem sua autorização. ANEXO E CONAMA Resolução nº 357, de 17 de março de 2005 (...) Art. 2o Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições: I - águas doces: águas com salinidade igual ou inferior a 0,5 ‰; II - águas salobras: águas com salinidade superior a 0,5 ‰ e inferior a 30 ‰; (...) Art. 4º As águas doces são classificadas em: I - classe especial: águas destinadas: a) ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção; b) a preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; e, c) a preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral. II - classe 1: águas que podem ser destinadas: a) ao abastecimento para consumo humano, apos tratamento simplificado; b) a proteção das comunidades aquáticas; c) a recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000; d) a irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película; e e) a proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas. III - classe 2: águas que podem ser destinadas: a) ao abastecimento para consumo humano, apos tratamento convencional; b) a proteção das comunidades aquáticas; c) a recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA no 274, de 2000; d) a irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o publico possa vir a ter contato direto; e e) a aquicultura e a atividade de pesca. IV - classe 3: águas que podem ser destinadas: a) ao abastecimento para consumo humano, apos tratamento convencional ou avançado; b) a irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras; c) a pesca amadora; d) a recreação de contato secundário; e e) a dessedentação de animais. V - classe 4: águas que podem ser destinadas: a) a navegação; e b) a harmonia paisagística. (...) Art. 6º As águas salobras são assim classificadas: I - classe especial: águas destinadas: a) a preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral; e, b) a preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas. II - classe 1: águas que podem ser destinadas: a) a recreação de contato primário, conforme Resolução CONAMA no 274, de 2000; b) a proteção das comunidades aquáticas; c) a aquicultura e a atividade de pesca; d) ao abastecimento para consumo humano apos tratamento convencional ou avançado; e e) a irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película, e a irrigação de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o publico possa vir a ter contato direto. III - classe 2: águas que podem ser destinadas: a) a pesca amadora; e b) a recreação de contato secundário. IV - classe 3: águas que podem ser destinadas: a) a navegação; e b) a harmonia paisagística. (...) Art. 8º O conjunto de parâmetros de qualidade de agua selecionado para subsidiar a proposta de enquadramento deverá ser monitorado periodicamente pelo Poder Público. (...) Art. 14. As águas doces de classe 1 observarão as seguintes condições: I - condições de qualidade de agua: a) não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os critérios estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro método cientificamente reconhecido. b) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes; c) óleos e graxas: virtualmente ausentes; d) substancias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes; e) corantes provenientes de fontes antrópicas: virtualmente ausentes; f ) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes; g) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato primário deverão ser obedecidos os padrões de qualidade de balneabilidade, previstos na Resolução CONAMA no 274, de 2000. Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite de 200 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais, de pelo menos 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com frequência bimestral. A E. coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente; h) DBO 5 dias a 20°C ate 3 mg/L O2; i) OD, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg/L O2; j) turbidez ate 40 unidades nefelométrica de turbidez (UNT); l) cor verdadeira: nível de cor natural do corpo de água em mg Pt/L; e m) pH: 6,0 a 9,0. II - Padrões de qualidade Art 15. Aplicam-se as águas doces de classe 2 as condições da classe 1 previstos no artigo anterior, a exceção do seguinte: I - não será permitida a presença de corantes provenientes de fontes antrópicas que não sejam removíveis por processo de coagulação, sedimentação e filtração convencionais; II - coliformes termotolerantes: para uso de recreação de contato primário deverá ser obedecida a Resolução CONAMA no 274, de 2000. Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite de 1.000 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 (seis) amostras coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. A E. coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente; III - cor verdadeira: ate 75 mg Pt/L; IV - turbidez: ate 100 UNT; V - DBO 5 dias a 20°C: ate 5 mg/L O2; VI - OD, em qualquer amostra: não inferior a 5 mg/L O2; VII - clorofila a: ate 30 ȝg/L;69 VIII - densidade de cianobactérias: ate 50000 cel/mL ou 5 mm3/L; e, IX - fósforo total: a) até 0,030 mg/L, em ambientes lênticos; e, b) até 0,050 mg/L, em ambientes intermediários, com tempo de residência entre 2 e 40 dias, e tributários diretos de ambiente lêntico. Art. 16. As águas doces de classe 3 observarão as seguintes condições: I - condições de qualidade de agua: a) não verificação de efeito tóxico agudo a organismos, de acordo com os critérios estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro método cientificamente reconhecido; b) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes; c) óleos e graxas: virtualmente ausentes; d) substâncias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes; e) não será permitida a presença de corantes provenientes de fontes antrópicas que não sejam removíveis por processo de coagulação, sedimentação e filtração convencionais; f ) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes; g) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato secundário não deverá ser excedido um limite de 2500 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. Para dessedentarão de animais criados confinados não devera ser excedido o limite de 1000 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite de 4000 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano, com periodicidade bimestral. A E. coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente; h) cianobactérias para dessedentação de animais: os valores de densidade de cianobactérias não deverão exceder 50.000 cel/ml, ou 5mm3/L; i) DBO 5 dias a 20°C: ate 10 mg/L O2; j) OD, em qualquer amostra: não inferior a 4 mg/L O2; l) turbidez: ate 100 UNT; m) cor verdadeira: ate 75 mg Pt/L; e, n) pH: 6,0 a 9,0. (...)de Água Art. 21 As águas salobras de classe 1 observarão as seguintes condições: I - condições de qualidade de água: a) não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os critérios estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro método cientificamente reconhecido; b) carbono orgânico total: ate 3 mg/L, como C; c) OD, em qualquer amostra: não inferior a 5 mg/ L O2; d) pH: 6,5 a 8,5; e) óleos e graxas: virtualmente ausentes; f ) materiais flutuantes: virtualmente ausentes; g) substancias que produzem cor, odor e turbidez: virtualmente ausentes; h) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes; e i) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato primário deverá ser obedecida a Resolução CONAMA no 274, de 2000. Para o cultivo de moluscos bivalves destinados a alimentação humana, a media geométrica da densidade de coliformes termotolerantes, de um mínimo de 15 amostras coletadas no mesmo local, não deverá exceder 43 por 100 mililitros, e o percentil 90% não deverá ultrapassar 88 coliformes termolerantes por 100 mililitros. Esses índices deverão ser mantidos em monitoramento anual com um mínimo de 5 amostras. Para a irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película, bem como para a irrigação de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o publico possa vir a ter contato direto, não deverá ser excedido o valor de 200 coliformes termotolerantes por 100mL. Para os demais usos não deverá ser excedido um limite de 1.000 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano, com frequência bimestral. A E. coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente. ANEXO F NR 31 Norma regulamentadora de segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aqüicultura (...) 31.3.3 Cabe ao empregador rural ou equiparado: a) garantir adequadas condições de trabalho, higiene e conforto, definidas nesta Norma Regulamentadora, para todos os trabalhadores, segundo as especificidades de cada atividade; b) realizar avaliações dos riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores e, com base nos resultados, adotar medidas de prevenção e proteção para garantir que todas as atividades, lugares de trabalho, máquinas, equipamentos, ferramentas e processos produtivos sejam seguros e em conformidade com as normas de segurança e saúde; (...) 31.5 Gestão de Segurança, Saúde e Meio Ambiente de Trabalho Rural 31.5.1 Os empregadores rurais ou equiparados devem implementar ações de segurança e saúde que visem a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho na unidade de produção rural, atendendo a seguinte ordem de prioridade: a) eliminação de riscos através da substituição ou adequação dos processos produtivos, máquinas e equipamentos; b) adoção de medidas de proteção coletiva para controle dos riscos na fonte; c) adoção de medidas de proteção pessoal. 31.5.1.1 As ações de segurança e saúde devem contemplar os seguintes aspectos: a) melhoria das condições e do meio ambiente de trabalho; b) promoção da saúde e da integridade física dos trabalhadores rurais; c) campanhas educativas de prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho. 31.5.1.2 As ações de melhoria das condições e meio ambiente de trabalho devem abranger os aspectos relacionados a: a) riscos químicos, físicos, mecânicos e biológicos; b) investigação e análise dos acidentes e das situações de trabalho que os geraram; c) organização do trabalho; 31.5.1.3 As ações de preservação da saúde ocupacional dos trabalhadores, prevenção e controle dos agravos decorrentes do trabalho, devem ser planejadas e implementadas com base na identificação dos riscos e custeadas pelo empregador rural ou equiparado. (...) 31.5.1.3.6 Todo estabelecimento rural, deverá estar equipado com material necessário à prestação de primeiros socorros, considerando se as características da atividade desenvolvida. (...) 31.8.2 É vedada a manipulação de quaisquer agrotóxicos, adjuvantes e produtos afins que não estejam registrados e autorizados pelos órgãos governamentais competentes. 31.8.3 É vedada a manipulação de quaisquer agrotóxicos, adjuvantes e produtos afins por menores de dezoito anos, maiores de sessenta anos e por gestantes. (...) 31.8.4 É vedada a manipulação de quaisquer agrotóxico, adjuvantes e produtos afins, nos ambientes de trabalho, em desacordo com a receita e as indicações do rótulo e bula, previstos em legislação vigente. 31.8.5 É vedado o trabalho em áreas recém-tratadas, antes do término do intervalo de reentrada estabelecido nos rótulos dos produtos, salvo com o uso de equipamento de proteção recomendado. (...) 31.8.7 O empregador rural ou equiparado, deve fornecer instruções suficientes aos que manipulam agrotóxicos, adjuvantes e afins, e aos que desenvolvam qualquer atividade em áreas onde possa haver exposição direta ou indireta a esses produtos, garantindo os requisitos de segurança previstos nesta norma. 31.8.8 O empregador rural ou equiparado, deve proporcionar capacitação sobre prevenção de acidentes com agrotóxicos a todos os trabalhadores expostos diretamente. 31.8.8.1 A capacitação prevista nesta norma deve ser proporcionada aos trabalhadores em exposição direta mediante programa, com carga horária mínima de vinte horas, distribuídas em no máximo oito horas diárias, durante o expediente normal de trabalho, com o seguinte conteúdo mínimo: a) conhecimento das formas de exposição direta e indireta aos agrotóxicos; b) conhecimento de sinais e sintomas de intoxicação e medidas de primeiros socorros; c) rotulagem e sinalização de segurança; d) medidas higiênicas durante e após o trabalho; e) uso de vestimentas e equipamentos de proteção pessoal; f) limpeza e manutenção das roupas, vestimentas e equipamentos de proteção pessoal. 31.8.9 O empregador rural ou equiparado deve adotar, no mínimo, as seguintes medidas: (...) b) fornecer os equipamentos de proteção individual e vestimentas de trabalho em perfeitas condições de uso e devidamente higienizadas responsabilizando-se pela descontaminação dos mesmos ao final de cada jornada de trabalho, e substituindo-os sempre que necessário; c) orientar quanto ao uso correto dos dispositivos de proteção; d) disponibilizar um local adequado para a guarda da roupa de uso pessoal; (...) 31.8.10 O empregador rural ou equiparado deve disponibilizar a todos os trabalhadores informações sobre o uso de agrotóxicos no estabelecimento, abordando os seguintes aspectos: a) área tratada: descrição das características gerais da área da localização, e do tipo de aplicação a ser feita, incluindo o equipamento a ser utilizado; b) nome comercial do produto utilizado; c) classificação toxicológica; d) data e hora da aplicação; e) intervalo de reentrada; f) intervalo de segurança/período de carência; g) medidas de proteção necessárias aos trabalhadores em exposição direta e indireta; h) medidas a serem adotadas em caso de intoxicação. 31.8.10.1 O empregador rural ou equiparado deve sinalizar as áreas tratadas, informando o período de reentrada. (...) 31.8.12 Os equipamentos de aplicação dos agrotóxicos, adjuvantes e produtos afins, devem ser: a) mantidos em perfeito estado de conservação e funcionamento; b) inspecionados antes de cada aplicação; c) utilizados para a finalidade indicada; d) operados dentro dos limites, especificações e orientações técnicas. (...) 31.8.17 As edificações destinadas ao armazenamento de agrotóxicos, adjuvantes e produtos afins devem: a) ter paredes e cobertura resistentes; b) ter acesso restrito aos trabalhadores devidamente capacitados a manusear os referidos produtos; c) possuir ventilação, comunicando-se exclusivamente com o exterior e dotada de proteção que não permita o acesso de animais; d) ter afixadas placas ou cartazes com símbolos de perigo; e) estar situadas a mais de trinta metros das habitações e locais onde são conservados ou consumidos alimentos, medicamentos ou outros materiais, e de fontes de água; f) possibilitar limpeza e descontaminação. (...) 31.8.19.1 É vedado transportar agrotóxicos, adjuvantes e produtos afins, em um mesmo compartimento que contenha alimentos, rações, forragens, utensílios de uso pessoal e doméstico. 31.9 Meio Ambiente e resíduos 31.9.1 Os resíduos provenientes dos processos produtivos devem ser eliminados dos locais de trabalho, segundo métodos e procedimentos adequados que não provoquem contaminação ambiental. (...) 31.12.13 O empregador rural ou equiparado deve substituir ou reparar equipamentos e implementos, sempre que apresentem defeitos que impeçam a operação de forma segura. (...). 31.12.15 O empregador rural ou equiparado se responsabilizará pela capacitação dos operadores de máquinas e equipamentos, visando o manuseio e a operação seguros. (...) 31.20.1.1 Os equipamentos de proteção individual devem ser adequados aos riscos e mantidos em perfeito estado de conservação e funcionamento. (...) 31.23.3.2 As instalações sanitárias devem: a) ter portas de acesso que impeçam o devassamento e ser construídas de modo a manter o resguardo conveniente; b) ser separadas por sexo; c) estar situadas em locais de fácil e seguro acesso; d) dispor de água limpa e papel higiênico; e) estar ligadas a sistema de esgoto, fossa séptica ou sistema equivalente; f) possuir recipiente para coleta de lixo. 31.23.3.3 A água para banho deve ser disponibilizada em conformidade com os usos e costumes da região ou na forma estabelecida em convenção ou acordo coletivo. (...) 31.23.9 O empregador rural ou equiparado deve disponibilizar água potável e fresca em quantidade suficiente nos locais de trabalho. 31.24.10 A água potável deve ser disponibilizada em condições higiênicas, sendo proibida a utilização de copos coletivos. ANEXO G Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012 Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa. (...) Art. 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por: (...) III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa; (...) Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente, observados os seguintes percentuais mínimos em relação à área do imóvel: I - localizado na Amazônia Legal: a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas; b) 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado; c) 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais; II - localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cento).