O caminho das flores: de Holambra para todo o Brasil As Flores levando trabalho nas pequenas propriedades A cidade de Holambra (SP), cujo nome é formado pelas palavras Holanda, América e Brasil, é conhecida nacionalmente como referência na produção de flores e de plantas ornamentais, por sua tecnologia apurada de produção e pelos processos sofisticados de comercialização que atingem todo o mercado nacional. Em 2002, 6% dos habitantes do Estado de São Paulo viviam na zona rural. Naquele ano, Holambra tinha uma população de pouco mais de 8 mil moradores, com quase a metade vivendo na zona rural. O cultivo de flores e plantas ornamentais para o setor da floricultura representava mais da metade da área cultivada do município e empregava diretamente mais de 40% da população. O termo floricultura não se refere somente ao ponto-de-venda, mas ao setor como um todo. Os principais integrantes desse setor são os produtores, o mercado de venda para o atacado, os atacadistas, que geralmente também são os distribuidores, as empresas de acessórios1 e as lojas de venda para o consumidor final. A entidade que representa a floricultura brasileira é o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor). O imigrante holandês Kees Schoenmaker, presidente do Ibraflor em 2006, queria encontrar uma forma de fazer com que os brasileiros comprassem mais flores. Sabia que precisava conseguir que os representantes do setor sentassem em torno da mesma mesa e, se esse objetivo fosse alcançado, todos ganhariam. Porém, eles se enxergavam como concorrentes. A conseqüência era que o instituto atendia, isoladamente, solicitações que poderiam gerar resultados potencialmente mais efetivos se direcionados para toda a cadeia. O setor ainda tinha a visão forte de concorrência, resquício das divergências que trouxeram da Holanda para o Brasil. A falta de cooperação refletia nos resultados obtidos pela cadeia produtiva como um todo. As forças eram divididas ao invés de somadas. Por outro lado, todos estavam obtendo resultados positivos e satisfatórios. O setor crescia consistentemente, aumentando sua representatividade na pauta do comércio exterior. Não havia algo que os motivasse à cooperação. Em 2004, o Ibraflor havia tentado implantar um projeto de incremento às vendas, o Projeto Pólen. Mas não conseguiu gerar envolvimento suficiente dos representantes que permitisse a implantação desse projeto em sua totalidade, o que foi frustrante para a diretoria do instituto. Kees imaginava que isso ocorrera porque o Projeto Pólen foi entregue pronto aos elos da cadeia, que não se sentiram suficientemente envolvidos com a iniciativa. Valeria a pena tentar novamente a implantação de um plano de incentivo ao consumo de flores? Dirigido a quem? Ao comprador final, como era o caso do Pólen, ou ao fortalecimento de outros elos da cadeia? Como trabalhar as diferenças e o comportamento institucional das entidades? Era preciso incentivar o trabalho conjunto para um mesmo objetivo comum. Isto exigiria a amarração e o aval do plano por uma instituição séria e com credibilidade, conhecida por todos, desde o produtor até o ponto-de-venda, para que aceitassem experimentar uma iniciativa que beneficiaria todo o setor. 1 Acessórios: todos os itens que agregam valor ao produto flores nos pontos-de-venda, como, por exemplo, vasos, cestas, cachepôs, cartões, bichos de pelúcia, etc. O Caminho das Flores prontas para o consumidor Autora: Taís Fernanda Camargo Antônio