CMYK 2 • Superesportes • Brasília, sábado, 9 de agosto de 2014 • CORREIO BRAZILIENSE FUTEBOL BRASILEIRO Na contramão de nomes consagrados como Michael Jordan, Tiger Woods e Roger Federer, times resistem ao coaching, uma ferramenta que continua na moda e poderia ter auxiliado a Seleção na Copa Fabrice Coffrini/AFP - 28/6/14 A BOLA RESISTE FELIPE SEFFRIN ão Paulo — Nem sempre a psicologia é capaz de transformar as lágrimas de um Seleção Brasileira aos prantos depois de uma vitória no limite sobre o Chile, nas oitavas de final de uma Copa disputada dentro de casa, em força mental para os desafios seguintes. Uma nova ferramenta com bons resultados principalmente com atletas olímpicos tenta conquistar um novo campo, principalmente depois do fracasso no Mundial de 2014, com os vexames de 7 x 1 diante da Alemanha e 3 x 0 contra a Holanda. Você já ouviu falar em coaching esportivo? A metodologia criada na década de 1970 pelo então treinador de tênis norte-americano, Timothy Gallwey, visa ao desenvolvimento mental de atletas e pessoas comuns. Se, no exterior, clubes tradicionais e ídolos como Michael Jordan, Roger Federer e Tiger Woods jamais abriram mão do suporte de coaches ao lado dos treinadores tradicionais, por aqui a prática ainda encontra barreiras, principalmente no futebol. Mas, (bem) aos poucos os times brasileiros abrem suas portas para essa ciência que promete turbinar desempenhos. Um dos principais nomes do país na área é Lulinha Tavares, cofundador da Sociedade Brasileira de Coaching Esportivo. Em meados de 2009, contratado pelo Fluminense a pedido do treinador Cuca, ele foi um dos responsáveis por ajudar o elenco a contrariar as estatísticas e a fugir do rebaixamento iminente. Em seis anos, Lulinha trabalhou com mais de 20 clubes e 100 atletas, como Luis Fabiano, Léo Moura, Aloísio e Renato Abreu, além dos treinadores Jorginho e Adilson Batista. “O coaching possibilita que o atleta melhore seu nível de concentração, se conheça melhor e se prepare mentalmente para exercer sua atividade”, destaca Lulinha. S Segundo ele, a psicologia trabalha o passado para desenvolver uma cura no presente. O coaching trabalha o presente para desenvolver a pessoa para o futuro. “O coaching permite que o atleta exerça sua função em um nível neurológico acima”, explica Lulinha. Apesar de ser comum no exterior nos meios esportivo e empresarial, no país a ferramenta engatinha. “É pura falta de conhecimento dos dirigentes. Nosso futebol está ultrapassado. Os atletas são lançados sem estarem preparados para as adversidades, para superar a pressão e lidar com a fama e os próprios medos”, critica Lulinha. Rogério Martins, presidente da Academia Brasileira de Coaching, explica como a metodologia pode ser aplicada no esporte. “O coaching é uma ciência de desenvolvimento humano onde pode-se trabalhar o lado comportamental. Muitas vezes, o atleta tem uma parte técnica apurada, mas não sabe lidar sob pressão, com a competitividade, com a fama”, afirma Rogério. “No Brasil, temos treinadores voltados para a área técnica e não para a área mental. Mas, para você se tornar um atleta de sucesso, precisa se condicionar mentalmente”, defende. “O coaching ainda vai crescer muito no meio esportivo. Ele é pouco explorado por aqui, mas faz a diferença.” 5 Número de coaches que tinha Michael Jordan, maior jogador de basquete de todos os tempos Publishing/Divulgação Coaching é realidade olímpica Coach do Flu na histórica reação de 2009, Lulinha Tavares ajudou a evitar a queda tricolor Esperança O Flamengo apostou recentemente no coaching esportivo com a esperança de sair da crise. No fim de julho, o time da Gávea contratou Fernando Gonçalves, ex-diretor executivo da Traffic, para desenvolver as habilidades mentais do elenco apoiado em técnicas da psicologia, da sociologia e da neurociência. Na Série A, no entanto, a prática ainda é novidade. Além do Flamengo, apenas Fluminense, Palmeiras e Figueirense requisitaram o apoio do coaching esportivo para seus atletas em temporadas passadas. Neymar desaba em lágrimas na Copa: para especialistas, a técnica não basta no momento de pressão Os atletas são lançados sem estarem preparados para as adversidades, para superar a pressão e lidar com a fama e com os próprios medos” Se no futebol o coaching esportivo ainda é pouco conhecido, entre os esportes olímpicos ele tem se tornado cada vez mais comum. O nadador César Cielo, a saltadora Mauren Maggi e o exjudoca Flávio Canto, todos medalhistas olímpicos, são alguns dos atletas brasileiros de renome que adotaram o coaching como ferramenta auxiliar na conquista de objetivos. A judoca Rafaela Silva, nome forte para as Olimpíadas de 2016, exemplifica bem a transformação do atleta. Desclassificada em Londres- 2012 por um golpe ilegal, Rafaela quase abandonou o tatame. Mas, com o apoio da coaching Nell Salgado, voltou a competir e tornouse a primeira brasileira campeã mundial de judô. “Ela sofreu bullying, racismo, não queria mais lutar. Hoje, mudou seu comportamento psicológico como pessoa e atleta. Com o apoio do coaching, transformamos potencial em resultados”, comemora Nell, voluntária no Instituto Reação, do ex-judoca Flávio Canto. Especialista em coaching esportivo, Nell tentou oferecer seus serviços gratuitamente a diversos clubes de futebol. Nunca conseguiu. “Existe preconceito. Dei uma palestra para vários treinadores e percebi o descaso. Trabalho com jogadores famosos, até da Seleção, mas não posso citar nomes. Eles acham que essa informação pode prejudicálos, ser confundida com fraqueza”, revela Nell. O único atleta dela que não se incomoda é Willians, volante do Internacional e adepto do coaching há anos. “Os clubes de futebol são totalmente fechados”, lamenta. Paulo Whitaker/Reuters - 7/8/13 Ex-jogador entra no mercado Lulinha Tavares, coaching esportivo Saiba mais Pioneiro Tim Gallwey formou-se em Literatura, em Harvard, onde era capitão da equipe de tênis. A partir da década de 1970, ele começou a exercer a função de treinador e a disseminar seu método de capacitação que batizou “The Inner Game” ou “Jogo Interior”, que utiliza técnicas das ciências comportamentais como psicologia, sociologia, neurologia, pedagogia e filosofia para desenvolver as capacidades mentais de qualquer pessoa, com reflexos profundos na vida pessoal e profissional. Aos poucos, a prática do coaching migrou para o meio empresarial, no qual fez sucesso. Gallwey escreveu oito livros sobre o tema e vendeu milhões de exemplares no mundo inteiro. “O oponente dentro da cabeça de alguém é mais extraordinário do que aquele do outro lado da rede”, escreveu Gallwey no livro “The Inner Game of Tennis”, em 1974, que foi a base para a popularização do coaching nos Estados Unidos. O nadador César Cielo não abre mão de um coach em seu estafe FLAMENGO O atacante Rodrigão pendurou as chuteiras em abril, aos 36 anos, após passar por 20 clubes, como Santos, Internacional e Palmeiras, em quase duas décadas de carreira. A aposentadoria levou Rodrigão a procurar diversos cursos com o objetivo de seguir carreira como empresário. Foi aí que ele conheceu o coaching esportivo, prática que adotou de cara. Em breve, Rodrigão terá o seu próprio diploma de coach pela Academia Brasileira de Coaching. “Eu era leigo no tema, mas vi que nos Estados Unidos é bem comum. Todo grande atleta tem o seu próprio coach”, conta Rodrigão. “Na NBA todos os atletas têm coaches. Infelizmente no Brasil ainda estamos engatinhando. O coach pode transformar o rendimento de qualquer atleta”, argumenta. Ivo Gonzalez/Agência O Globo - 26/2/14 Brocador se despede do rubro-negro criança. É muito difícil, mas fico feliz, é uma oportunidade que esperei por algum tempo, jogar no exterior. Agradeço ao Vanderlei (Luxemburgo), que me apoiou. Espero deixar as portas abertas e voltar ao clube que aprendi a gostar de verdade”, emocionou-se. Campeão da Copa do Brasil com o Rubro-Negro, o jogador torce para que o clube escape do rebaixamento e livre-se o mais rápido possível da crise que vive na disputa do Campeonato Brasileiro. Aos 27 anos, ele coleciona 87 jogos e 45 gols pelo Flamengo — 36 deles marcados no ano passado. “O recado que tenho para dar para a torcida é ter paciência, pois o momento é delicado. Ano passado, o time superou esse momento, ganhou título e pode acontecer esse ano novamente”, salientou. E completou dizendo que não tem recomendações à diretoria sobre o que fazer com o dinheiro que irão receber pela negociação — aproximadamente R$ 7 milhões. Considerando que o idioma árabe é “muito rabisco”, Hernane disse que ainda não conhece a história do clube. “Sei que é grande, com uma torcida apaixonada. Vou saber mais lá na cidade.” CMYK Após uma excepcional temporada em 2013, o atacante Hernane Brocador se despediu do Flamengo, ontem, com direito a choro e promessa de “até logo”. O jogador foi negociado com o Al Nassr, da Arábia Saudita. O centroavante embarca amanhã rumo ao Oriente para ser submetido a exames médicos e assinar o contrato de três anos com o novo clube. “Antes de qualquer coisa, eu queria agradecer aos meus companheiros, à diretoria, à torcida... Foi maravilhoso, dois anos e três meses em que me dediquei. Queria muito jogar nesse clube desde Três volantes contra Sport O técnico Vanderlei Luxemburgo já tem o Flamengo armado para enfrentar o Sport, amanhã, às 16h, no Maracanã. No treino de ontem, o treinador fez duas modificações: sacou o atacante Eduardo da Silva e o meia Lucas Mugni para a entrada do atacante Paulinho e do volante Luiz Antonio. A equipe que entrará em campo diante do Leão da Ilha será: Paulo Victor, Léo Moura, Marcelo, Wallace e João Paulo; Cáceres, Canteros, Luiz Antonio, Everton e Paulinho; Alecsandro. Hernane embarca hoje para a Arábia Saudita: Al Nassr é o novo clube