CE-V/1-04-015-PT-C Manual Prático Emprego & Fundo Social Europeu sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal C o m i s s ã o E u ro p e i a Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal Comissão Europeia Direcção-Geral do Emprego e Assuntos Sociais Unidade A4 Manuscrito concluído em Agosto de 2004 O conteúdo desta publicação não reflecte necessariamente a opinião ou posição da Comissão Europeia, Direcção-Geral do Emprego e Assuntos Sociais. Para mais informação sobre as actividades da Comissão Europeia relativas ao desenvolvimento do emprego ao nível local visite o site em: http://europa.eu.int/comm/employment_social/local_employment/index_en.htm Exemplares em formato electrónico deste manual, bem como aqueles relativos a outros países, podem ser obtidos através deste site. Se estiver interessado em receber o boletim informativo em formato electrónico "ESmail" da Direcção-Geral do Emprego e Assuntos Sociais da Comissão Europeia, por favor envie uma mensagem por correio electrónico para [email protected]. O boletim informativo é publicado regularmente em Inglês, Francês e Alemão. Unidade A4 CE-V/1-04-015-PT-C Manuscrito concluído em Agosto de 2004 Agradecimientos. Este Manual foi desenvolvido por ECOTEC Research & Consulting (http://ecotec.com), para a Direcção Geral do Emprego e Assuntos Sociais. 2 PREÂMBULO PREÂMBULO O desenvolvimento do emprego ao nível local é claramente importante para as comunidades regionais e locais, mas também é importante aos níveis nacional e europeu. É cada vez mais reconhecido que os objectivos nacionais e europeus em termos de emprego - e em particular a Estratégia Europeia para o Emprego - não podem ser atingidos sem o envolvimento activo de intervenientes ao nível regional e local. Em Novembro de 2001 a Comissão Europeia adoptou uma Comunicação sobre a dimensão local da Estratégia Europeia para o Emprego (EEE) . Esta Comunicação indicava formas de ajudar os intervenientes locais a desempenhar plenamente o seu papel na EEE, em cooperação com autoridades nacionais e instituições comunitárias, sublinhando que os novos Estados Membros deveriam estar totalmente envolvidos neste processo. Desde a aprovação da Comunicação, a Comissão tem feito esforços no sentido de desenvolver uma estratégia coerente, bem como actividades específicas, a fim de fazer avançar as prioridades da União na área do emprego ao nível local. Uma preocupação especial da Comissão tem sido a de desempenhar um papel de apoio para intervenientes locais, nomeadamente: assegurando melhor informação e uma utilização mais coerente das políticas e dos instrumentos existentes; sendo mais acessível; e promovendo o intercâmbio de práticas adequadas e de experiências. De acordo com essa estratégia, estamos agora a publicar este manual destinado a intervenientes locais. Fornece àqueles envolvidos no desenvolvimento do emprego ao nível local em Estados Membros, uma ferramenta prática que indica as melhores abordagens para conceber, desenvolver, implementar, acompanhar e avaliar com sucesso o desenvolvimento de estratégias locais de emprego. Os princípios fundamentais são apresentados, documentados com exemplos concretos já testados no desenvolvimento de estratégias locais de emprego. Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal A acção ao nível local conquistou o seu lugar por direito entre as políticas gerais, à medida que cada vez mais intervenientes locais estão envolvidos não só na aplicação, mas também na concepção e desenvolvimento de políticas de criação de emprego e de inclusão. Espero que este manual contribua para incentivar mais pessoas e organizações a participar. Odile Quintin Directora-Geral para o Emprego e os Assuntos Sociais Comissão Europeia 1 ‘'Reforçar a dimensão local da Estratégia Europeia para o Emprego' - COM (2001) 629, 6 Nov. 01. 3 4 ÍNDICE ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO 6 2. A DIMENSÃO EUROPEIA 8 3. CRIAR AS CONDIÇÕES CERTAS 11 4. IMPLEMENTAÇÃO 20 5. CONTEXTO DE GOVERNAÇÃO EM PORTUGAL 32 Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal 6. CONTEXTO POLÍTICO EM PORTUGAL 39 7. ESTABELECER E GERIR UMA PARCERIA EM PORTUGAL 42 8. IMPLEMENTAR A ESTRATÉGIA 47 9. ACESSOA FINANCIAMENTO 51 5 INTRODUÇÃO 1. INTRODUÇÃO 1.1 Um Manual Prático para Desenvolver Estratégias Locais de Emprego Os intervenientes locais podem dar um contributo único para o emprego na sua localidade. Mas o seu esforço é particularmente eficaz se se unirem em parceria e desenvolverem uma estratégia partilhada. As estratégias locais de emprego podem reforçar o valor dos esforços da União Europeia (UE), dos governos nacionais e dos governos regionais. De facto, a experiência demonstra que podem ter um impacto real sobre problemas persistentes de desemprego, ausência de competências e desigualdade por toda a Europa. Este Manual Prático apresenta práticas adequadas no desenvolvimento dessas estratégias locais de emprego. Não recomenda uma fórmula única limitada. Em alternativa, descreve características e princípios cruciais, bem como exemplos individuais específicos nas Secções 2, 3 e 4. A partir da Secção 5, apresenta conselhos e exemplos específicos de Portugal. Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal Seja eficiente - aprenda com a prática adequada 1.2 O que é o Desenvolvimento do Emprego ao Nível Local? O desenvolvimento do emprego ao nível local abrange uma gama alargada de acções que lidam com o desemprego e reduzem a desigualdade. Envolve um processo que é concebido, implementado e 'dominado' pelos intervenientes locais. Outras actividades, por exemplo programas comunitários e nacionais, poderão desenvolver o emprego numa localidade. Mas o desenvolvimento do emprego ao nível local pode reforçar o valor dessas outras actividades ao mobilizar intervenientes locais e ao reconhecer as necessidades e as potencialidades de uma determinada localidade. Por exemplo, podem ser criados tipos completamente novos de empregos que podem simultaneamente reduzir o desemprego e satisfazer as necessidades locais em termos de serviços. Muitas destas novas fontes de emprego têm potencialidades para atrair para o mercado de trabalho pessoas com diferentes atributos, competências e aspirações. Muitos destes novos empregos criados ao nível local podem ser ocupados facilmente por aqueles que estão fora do mercado de trabalho geral. Podem ajudar a promover a igualdade entre sexos porque a natureza local dos empregos pode torná-los mais 'favoráveis-à-família'. Por exemplo, podem ser concebidos novos empregos adequados às necessidades de pais trabalhadores. As abordagens locais ao desenvolvimento de 6 INTRODUÇÃO competências e à formação também podem atrair tipos diferentes de pessoas para a aprendizagem, como primeiro passo para o emprego. O impacto do desenvolvimento do emprego ao nível local numa localidade, quando somado ao de outras localidades, pode reduzir significativamente o desemprego e a desigualdade por toda a Europa. Por isso o desenvolvimento do emprego ao nível local é importante por si mesmo, mas também pelo seu contributo para as políticas económicas e sociais europeias. De facto, a política comunitária actualmente reconhece a importância da acção ao nível local. A UE também disponibiliza recursos para testar e promover abordagens inovadoras ao desenvolvimento do emprego ao nível local. (Ver Secção 2 adiante.) O desenvolvimento do emprego ao nível local melhora as partes que a política comunitária e nacional não consegue atingir. 1.3 O que Funciona Melhor no Desenvolvimento do Emprego ao Nível Local? Embora o desenvolvimento do emprego ao nível local possa assumir muitas formas, os melhores exemplos tendem a revelar um conjunto de factores cruciais de sucesso. Estes são: ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ conhecimento do contexto nacional; uma parceria de intervenientes locais dos sectores público, privado e terciário; diálogo significativo entre parceiros; coordenação com política regional, nacional e comunitária; uma dimensão europeia; uma compreensão exaustiva das necessidades e potencialidades locais; uma concentração na igualdade entre sexos e na inclusão social; coordenação de actividades ao nível local; uma estratégia e um plano de acção; actividades inovadoras; boa gestão; domínio local; recursos suficientes; e aprendizagem com a experiência. Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal As Secções 3 e 4 explicam estes factores cruciais de sucesso de forma mais detalhada e apresentam exemplos práticos de práticas adequadas. Mas primeiro verificamos aquilo que a Europa pode oferecer àqueles envolvidos no desenvolvimento do emprego ao nível local. Uma estratégia de parceria é extremamente eficaz para o desenvolvimento do emprego ao nível local 7 A DIMENSÃO EUROPEIA 2. A DIMENSÃO EUROPEIA 2.1 Mais e melhor emprego Ao analisar evoluções recentes da política comunitária, em primeiro lugar verificamos como a UE colocou a tónica no emprego em termos gerais. Em segundo lugar, podemos ver como é que a UE agora reconhece o contributo único que as parcerias locais podem dar para os seus objectivos ao nível do emprego. 'Mais e melhor emprego e maior coesão social' é um dos objectivos gerais da política da UE. Este objectivo está reflectido na Estratégia Europeia para o Emprego da UE. A estratégia foi concebida para permitir à UE criar as condições para o pleno emprego e fortalecer a coesão até 2010. Constitui a ferramenta fundamental para coordenar as políticas de emprego dos Estados Membros da UE. A Estratégia tem três objectivos principais: ■ ■ ■ Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal pleno emprego; qualidade e produtividade no trabalho; e coesão social e inclusão. Também inclui metas específicas para o emprego na Europa: ■ ■ ■ uma taxa geral de emprego de 70% em 2010; uma taxa de emprego para mulheres de 60% em 2010; e uma taxa de emprego de 50% para trabalhadores mais velhos (55-64 anos) em 2010 O desenvolvimento do emprego ao nível local tem um papel fundamental a desempenhar na concretização dos objectivos e metas da Estratégia. Isto está reflectido nas Directrizes para o Emprego que a UE elabora para orientar as políticas de emprego dos Estados Membros e para assegurar a coordenação com a Estratégia. As Directrizes emitidas em 2003 incentivam especificamente os Estados Membros a apoiar o desenvolvimento do emprego ao nível local. Ao orientar os Estados Membros, afirmam que: "Deveria ser apoiado o potencial de criação de postos de trabalho a nível local, incluindo na economia social, e deveriam ser incentivadas as parcerias entre todos os intervenientes relevantes." A Comissão Europeia reconheceu a importância do desenvolvimento do emprego ao nível local para a Estratégia Europeia para o Emprego em várias Comunicações2. Estas Comunicações reflectem a política e o pensamento actuais europeus. 8 2 http://europa.eu.int/comm/employment_social A DIMENSÃO EUROPEIA As entidades locais do projecto LEAPS na Escócia reconheceram o valor da Estratégia Europeia para o Emprego. Consideraram que a Estratégia era uma ferramenta analítica valiosa para identificar lacunas e sobreposições em estratégias e iniciativas ao nível local. Por isso usaram as Directrizes para o Emprego como enquadramento para desenvolver um plano de acção ao nível local para o emprego. www.cosla.gov.uk Assim, a UE reconhece a necessidade de informar intervenientes regionais e locais sobre a Estratégia Europeia para o Emprego. Também os incentiva a dinamizar o desenvolvimento do emprego ao nível local. Isto irá garantir que todos os níveis trabalham em conjunto de forma coerente para atingir as metas em termos de emprego que a UE definiu, abordando ao mesmo tempo os seus próprios problemas de emprego. A Estratégia Europeia para o Emprego promove o desenvolvimento do emprego ao nível local. 2.2 Apoio da UE As parcerias locais envolvidas no desenvolvimento do emprego ao nível local podem beneficiar de diversas formas do apoio da UE. Podem receber financiamento para as suas actividades directamente através de programas comunitários (ver Secção 4.3.3). Também podem participar em acções experimentais e acções-piloto com outros parceiros internacionais. Para além disso, uma dimensão europeia proporciona um maior reconhecimento dos seus esforços. Por exemplo, a UE tem apoiado uma vasta gama de trabalhos experimentais no desenvolvimento do emprego ao nível local. Isto inclui o Programa de Acção para o Desenvolvimento Local do Emprego, os Pactos Territoriais para o Emprego, o Programa Terceiro Sector e Emprego, as Acções-Piloto Locais de Capital Social e as Medidas Preparatórias de Acção Local para o Emprego. Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal O projecto Quartiers en Crise em Bruxelas (Bélgica) recebeu o apoio da UE através das Medidas Preparatórias de Acção Local para o Emprego. Isto permitiu-lhe ir além do seu ponto de concentração na recuperação urbana e considerar questões como empregabilidade e criação de emprego. www.qeconline.org Através destes programas, a UE promove os princípios fundamentais de desenvolvimento do emprego ao nível local por toda a Europa. De facto, foram retiradas muitas lições destes programas. São apresentadas em relatórios de avaliação e outros documentos, igualmente disponíveis no site da Comissão. Mas as lições também foram integradas nos conselhos apresentados nas secções finais deste Manual Prático. As parcerias locais também podem esperar obter mais reconhecimento e apoio dos seus governos nacionais, através dos Planos Nacionais de Emprego e dos Planos Nacionais para a Inclusão Social. Todos os anos, cada Estado Membro elabora os Planos, de acordo com as directrizes definidas ao nível da UE. Os Planos incentivam os governos nacionais a adoptar a prática adequada em política de emprego e de inclusão social. Reflectem o envolvimento crescente das autoridades locais e regionais em acções de emprego na maioria dos Estados Membros. Por exemplo, o Plano Nacional sueco (2003) reconhece os esforços da Associação Sueca de Autarquias, da Federação Sueca de 9 A DIMENSÃO EUROPEIA Concelhos Municipais e de um conjunto de municípios na elaboração de planos de acção ao nível local para o emprego. A UE promove e financia práticas adequadas no desenvolvimento do emprego ao nível local. 2.3 Lições da OCDE A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE)3 também estuda e promove práticas adequadas no desenvolvimento do emprego ao nível local. Os intervenientes locais podem aprender muito com os princípios e exemplos de práticas adequadas no âmbito do programa da OCDE Desenvolvimento Local da Economia e do Emprego. Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal 10 3 www.oecd.org CRIAR AS CONDIÇÕES CERTAS 3. CRIAR AS CONDIÇÕES CERTAS Desenvolver uma estratégia bem-sucedida de emprego ao nível local não pode ser feito à pressa. Os factores cruciais de sucesso identificados na Secção 1.3 são o resultado de passos cuidadosos que reúnem grupos locais com interesses comuns e ajudam-nos a agir de forma estratégica e a desenvolver actividades. Isto exige a disponibilização de tempo e de recursos numa fase preparatória. A preparação é particularmente importante em localidades com pouca experiência em desenvolvimento do emprego ao nível local e nas quais a capacidade tem de ser criada. Poderá até dar-se o caso de ser a primeira vez que se verifica verdadeira actividade ao nível local. Deve ser tido em conta um conjunto de passos práticos desde o início do processo. Estes passos não têm necessariamente de ser dados segundo esta ordem particular. De facto, alguns ou todos podem ser dados em simultâneo, dependendo das circunstâncias locais. ■ ■ ■ ■ Verificar qual o apoio dado pelo sistema político e administrativo existente ao desenvolvimento do emprego ao nível local. Definir a melhor gama geográfica para intervenção. Ponderar o recurso a uma parceria. Coordenar as actividades da parceria local tanto no sentido ascendente para o governo regional e central; como no sentido exterior - para administrações vizinhas e para outras parcerias por toda a UE. Esta secção apresenta a forma como esses passos práticos devem ser dados para criar as condições certas em que uma parceria local pode conceber, desenvolver, implementar, acompanhar e avaliar uma estratégia bem-sucedida de emprego ao nível local. A Figura 1 abaixo ilustra este processo. Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal Comece bem - crie boas condições para o emprego ao nível local. Figura 1: Criar as condições certas Estudar o contexto nacional e local Definir a localidadealvo Ponderar uma parceria Fazer ligações com os outros Compreender a política nacional Ter em conta áreas do mercado de trabalho Escolher um formato eficaz Ligação com responsáveis pela definição de políticas regionais, nacionais e comunitários Examinar a capacidade local Ter em conta áreas administrativas Garantir uma boa liderança Ligação com localidades vizinhas Verificar parceiros existentes Ter uma atitude estratégica mas local Envolver os parceiros certos Ligação com localidades semelhantes por toda a Europa 11 CRIAR AS CONDIÇÕES CERTAS 3.1 Conhecer o contexto para o desenvolvimento do emprego ao nível local As práticas adequadas no desenvolvimento do emprego ao nível local tendem a surgir quando os intervenientes locais compreendem o contexto mais alargado que enfrentam e trabalham com ele, em vez de contra ele. Este contexto mais alargado inclui política nacional, capacidade local e iniciativas de parceria existentes. A experiência indica três factores cruciais de sucesso neste caso. 3.1.1 Compreender a forma como a política nacional apoia o desenvolvimento económico local Nalguns países e regiões, o governo nacional já poderá oferecer um papel definido para o desenvolvimento do emprego ao nível local, talvez até com um enquadramento legal ou constitucional. Este papel muitas vezes faz parte de um padrão mais alargado de devolução de poder do governo central para os governos regionais e locais. Assim, as parcerias locais já poderão ter responsabilidades claras e financiamento real para o desenvolvimento do emprego ao nível local nesses países. A Irlanda, a Itália e zonas da Áustria e da Espanha são exemplos disso. O Programa Local de Desenvolvimento e Inclusão Social (2000-06) da República da Irlanda reconhece e disponibiliza financiamento a parcerias e grupos comunitários 'que adoptem uma abordagem de parceria para lidar com questões locais com base em planos de acção locais integrados e exaustivos concebidos para combater a exclusão'. Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal www.adm.ie Mas outros países têm mantido uma posição mais centralizadora, com menos devolução de poder ao nível local. Logo, os governos nacionais ou regionais poderão estar menos receptivos. Terão de ser convencidos da necessidade de oferecer flexibilidade e recursos para o desenvolvimento do emprego ao nível local. Os novos Estados Membros e alguns dos Estados Membros do sul da Europa poderão encontrar-se nesta situação. 3.1.2 Saber qual a capacidade existente para desenvolvimento do emprego ao nível local Nos casos em que existe alguma experiência ou tradição de desenvolvimento do emprego ao nível local, também é provável que exista a capacidade para o pôr em prática. Isto inclui capacidade institucional, como a autoridade para agir ao nível local e ter uma capacidade de resposta rápida, bem como a possibilidade de receber financiamento e de gerir contratos. Também inclui capacidade pessoal em termos de liderança, conhecimento da localidade e comunicação com os outros. Alguns países, particularmente aqueles da Europa Ocidental, também dispõem de uma longa tradição de sociedade civil e de parceria. Muitas organizações do sector terciário nesses países têm experiência na compreensão e satisfação das necessidades dos grupos desfavorecidos. Também têm experiência em trabalhar de perto com entidades empregadoras e com o responsabilidade empresarial, que inclui acção ao nível local. Nesses países, as parcerias locais podem ser criadas com relativa facilidade e avançar mais depressa para desenvolver estratégias e actividades. 12 CRIAR AS CONDIÇÕES CERTAS Nos casos em que existe uma capacidade local limitada, adopte uma abordagem paciente e faça investimentos a longo prazo. Analise os princípios básicos de desenvolvimento do emprego ao nível local, descubra o que é que funciona localmente e vá trabalhando lenta e pacientemente a partir daí. Tente igualmente incentivar os governos regionais e nacionais a estar receptivos a iniciativas com origem ao nível local. 3.1.3 Verificar quais as parcerias que já existem Dependendo da política nacional e da tradição local, já poderão existir uma ou mais parcerias relevantes para o emprego ao nível local e a trabalhar em qualquer localidade. Um factor crucial de sucesso na criação das condições certas é portanto a criação de estruturas de parceria que tenham em conta aquilo que já existe. Nos países com limitações de devolução de poder para o nível local, e uma tradição reduzida de acção ao nível local e de sociedade civil, poderá ser necessário formar uma parceria totalmente nova. Nesse caso será importante reunir organizações públicas, privadas e do sector terciário, possivelmente pela primeira vez. Irá ser necessário tempo para estabelecer confiança e entendimento entre os parceiros, antes de se definirem quaisquer objectivos ambiciosos. Alguns países atribuíram às parcerias de desenvolvimento do emprego ao nível local um enquadramento legal e constitucional claro. Logo, não será necessário criar uma nova parceria ou justificar a sua existência. O ponto de concentração poderá ser a obtenção de resultados. Noutros países, como o Reino Unido, tem havido muitas iniciativas ao nível local. Já existe uma rede alargada de parcerias locais. Isto pode causar problemas como concorrência na obtenção de financiamento e duplicação de papéis. Por isso, nessas localidades o ponto de concentração poderá ser a coordenação ou combinação das parcerias existentes, em alternativa à criação de novas parcerias. Por exemplo, as parcerias locais para investimento interno e inclusão social poderiam ser combinadas numa parceria local de emprego. Quando a região de South Tyneside (UK) recebeu financiamento para um Pacto Territorial para o Emprego, optou por não criar uma nova parceria. Em alternativa, o papel de uma parceria existente para a iniciativa - a South Tyneside Enterprise Partnership - foi alargado para abranger o emprego ao nível local. Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal www.southtyneside.info/communitysupport/step.asp 3.2 Definir a localidade-alvo Alguns intervenientes individuais, como os municípios, intervêm em localidades claramente definidas. Mas uma das incertezas relativas às parcerias, na realidade um possível ponto forte, é o facto da zona-alvo para intervenção não estar necessariamente limitada. Nos casos em que uma parceria surgiu de forma voluntária, poderá haver uma margem de manobra considerável para escolher a zona em que irá intervir. Naturalmente, nos casos em que a política nacional oferece um papel claramente definido para o desenvolvimento do emprego ao nível local, a localidade já poderá estar claramente definida. 13 CRIAR AS CONDIÇÕES CERTAS Para parcerias a desenvolver actividades no âmbito do desenvolvimento do emprego ao nível local, a experiência indica três factores cruciais de sucesso a ter em conta ao definir uma localidade para intervenção. 3.2.1 Ter em conta a geografia do mercado de trabalho local Os problemas e as oportunidades de emprego raramente respeitam limites administrativos. Logo, uma abordagem estratégia poderá exigir que uma parceria defina como alvo uma zona que é maior do que um único município, por exemplo, uma zona de passagem-para-o-trabalho. A principal vantagem desta abordagem é o facto das soluções locais poderem ser desenvolvidas como resposta directa aos problemas e às potencialidades de emprego de qualquer localidade. Por exemplo, o Pacto Territorial para o Emprego de Tampere-Pirkkala (Finlândia)4 desenvolveu um plano de acção para vários municípios vizinhos que tinham todos sofrido um declínio das indústrias têxteis, de confecções e de calçado. 3.2.2 Ter em conta limites administrativos Poderá ser útil definir uma localidade de acordo com limites administrativos locais, por exemplo um município. Isto pode simplificar a actividade, uma vez que muitos intervenientes locais cruciais já estarão a trabalhar na mesma zona. Também permite evitar alguns dos problemas envolvidos na reunião de várias parcerias provenientes de diversos municípios. Também poderá ser fácil recolher dados sobre a zona. No entanto, a localidade-alvo poderá não reflectir a geografia do mercado de trabalho local e os problemas a ser abordados. Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal 3.2.3 Avaliar bem a dimensão A parceria local de emprego deveria ser suficientemente grande para ser estratégica, mas suficientemente pequena para ser local. Os parceiros precisam de ter conhecimento e influência suficientes sobre a localidade para poder deixar a sua marca. Poderão ter de ser capazes de reagir rapidamente a novos acontecimentos. 'Local' pode certamente designar os níveis sub-regional, local (municipal) ou vizinho mas a sua escala, dimensão, amplitude e limites administrativos irão variar. Uma parceria responsável por uma zona com um número muito elevado de habitantes poderá ser pesada e dispersa, sem uma concentração nas necessidades realmente locais. As parcerias que abrangem populações inferiores a um município (como uma zona vizinha) poderão ser demasiado pequenas para ser eficazes em qualquer sentido estratégico. Diferentes tipos de acção são mais eficazes a diferentes níveis. Por exemplo, o Proyecto Pléyade (Espanha)5 definiu zonas-alvo para análise com base em mercados de trabalho locais abrangendo vários municípios. Mas criou planos de acção individuais para cada município dentro da zona-alvo. Em geral, um município poderá ser mais adequado para a integração de grupos desfavorecidos. Mas uma sub-região ou região poderá ser mais adequada para investimento interno e desenvolvimento de infra-estruturas. Tenha uma atitude estratégica, local, viável. 4 http://europa.eu.int/comm/regional_policy/innovation/innovating/pacts/en/list/fin_tampere.html or www.tampere.fi/english 14 5 www.femp.com/pleyade/eng/index.htm CRIAR AS CONDIÇÕES CERTAS 3.3 Desenvolver uma parceria eficaz. Embora o desenvolvimento do emprego ao nível local possa ser assegurado sem uma parceria, a experiência revela que uma parceria pode acrescentar valor que não pode ser obtido de outra forma. Mas tem de ser uma verdadeira parceria para que este efeito atinja o seu ponto alto. Nos casos em que, por exemplo, as parcerias são meramente simbólicas ou 'casamentos de conveniência', os resultados serão menos certos. Uma abordagem de parceria pode ser mais eficaz porque tem potencial para: ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ Envolver um conjunto mais alargado de interesses, incluindo a indústria, o comércio e os parceiros sociais; Gerar apoio político alargado e 'domínio' local da actividade; Dar poder às pessoas, em especial aos grupos desfavorecidos; Reduzir a duplicação de esforços e produzir acção concentrada; Aumentar os recursos financeiros, físicos e humanos disponíveis; Proporcionar serviços mais coerentes ou integrados; Compreender, prever e satisfazer as necessidades locais; Injectar inovação e criatividade em projectos de desenvolvimento regional e local; e Combinar os efeitos de vários programas, optimizando assim o seu impacto. É importante que uma parceria local de emprego tenha o formato, liderança e participação adequados, para conseguir ser eficaz. A vantagem fundamental da parceria é uma governação local melhorada. 3.3.1 Formato Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal O formato mais eficaz para a parceria irá depender das suas circunstâncias particulares, como política nacional, capacidade local e parcerias existentes. Logo, haverá uma grande variedade entre diferentes localidades. No entanto, a experiência passada indica um conjunto de factores cruciais de sucesso na forma como a parceria está estruturada e é gerida. ■ ■ ■ Uma verdadeira abordagem 'ascendente' que incentiva iniciativas e ideias do nível 'popular'. Uma base alargada de participação de organizações dos sectores público, privado e terciário com interesse na questão do emprego ao nível local. Um objectivo comum para as unir independentemente das suas responsabilidades individuais. ■ Um acordo de parceria que reforça a responsabilização através da distribuição de responsabilidades entre os parceiros. Uma estrutura formal, enquanto entidade legal distinta (como uma empresa limitada por garantia) ou enquanto associação mais informal de parceiros. ■ Diálogo aberto e franco entre parceiros. ■ 15 CRIAR AS CONDIÇÕES CERTAS Uma avaliação do Programa Piloto para o Progresso Económico e Social na Irlanda identificou três modelos de parceria: ■ A Abordagem de Cumprimento, em que a parceria concebe, desenvolve, financia e dirige a actividade, normalmente segundo uma base piloto/de demonstração de duração limitada e em que a actividade geralmente dá resposta a uma situação de ausência de serviços locais ou de nível insuficiente de prestação por parte dos serviços gerais. ■ A Abordagem de Agência, que também aborda uma necessidade identificada mas cuja resposta está mais centrada na concepção, ou por vezes na atribuição de recursos em alternativa a um envolvimento directo na prestação concreta de serviços ao grupo-alvo. ■ A Abordagem de Mediação, que proporciona uma estrutura de apoio aos intervenientes locais. Os principais papéis são planeamento, coordenação, apoio, facilitação e pressão. www.combatpoverty.ie 3.3.2 Liderança Uma parceria eficaz exige uma boa liderança organizacional e individual. Mas o parceiro líder não deve assumir o domínio exclusivo da parceria e da sua actividade. Em vez disso, proporciona o ambiente e as condições adequadas para a intervenção da parceria. Também incentiva o envolvimento activo de todos os intervenientes locais. O parceiro líder deve manifestar empenho político genuíno na parceria. Deve pôr o interesse geral acima do seu interesse institucional. Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal Um bom parceiro líder já terá um papel local estabelecido ao nível de desenvolvimento económico, formação profissional e inclusão social. Também poderá precisar da capacidade financeira para ser responsável por quantias elevadas em nome da parceria. Muitas vezes as autoridade locais estão em melhor posição para liderar uma parceria local de emprego. São eleitas, responsáveis perante a população local e reconhecidas por responsáveis pela definição de políticas regionais, nacionais e comunitários. Têm a capacidade de prestar serviços locais, muitos dos quais são relevantes para o emprego ao nível local, como a segurança social. Muitos governos nacionais também estão a devolver a implementação da política pública de emprego às autoridades locais. Mas algumas autoridades não têm a experiência, o poder e os recursos necessários para liderar uma parceria local de emprego. Por isso outros parceiros poderão ser mais indicados, particularmente se já são responsáveis ao nível local pelo desenvolvimento económico ou pela formação profissional. Todas as parcerias precisam igualmente de um líder individual eficaz com autoridade política forte. Por exemplo, experiências em Itália e na Grécia revelam que o presidente da câmara normalmente é o líder mais adequado. Mas o líder também precisa de competências e atributos pessoais para liderar a parceria e controlar a sua estratégia numa base diária. Por isso talvez fosse melhor ter um executivo a trabalhar juntamente com o líder político. 16 CRIAR AS CONDIÇÕES CERTAS A avaliação do projecto de Medidas Preparatórias liderado pela KEDKE em Atenas (GR) concluiu que o líder de uma parceria local de emprego precisa de: ■ comunicação com intervenientes locais; ■ conhecimento de intervenientes locais e da forma como trabalham; ■ realismo; ■ conhecimento e experiência com fontes de financiamento; e ■ inovação e espírito empreendedor. www.kedke.gr 3.3.3 Participação como membros A parceria deve incluir todos os intervenientes locais com o conhecimento, especialização e poder de orientação necessários para contribuir para o desenvolvimento do emprego ao nível local. Estes podem incluir: ■ autoridades locais e regionais e os representantes locais das autoridades nacionais; ■ entidades empregadoras locais como grandes empresas, instituições financeiras, representantes de pequenas empresas e organismos de economia social; ■ comissões responsáveis pelo acompanhamento do apoio estrutural da UE; ■ associações de desenvolvimento local; ■ organizações de parceria social; ■ organizações não-governamentais; ■ organizações comerciais, Câmaras de Comércio, Associações Comerciais; ■ delegações locais do Serviço Público de Emprego; e ■ organizações de educação, formação e investigação. Mas não existe uma 'combinação' única, uniforme, ideal de parceiros. A participação irá variar de forma significativa, de localidade para localidade. Tal como os papéis, responsabilidades e estruturas organizacionais, mesmo dentro do mesmo Estado Membro. Alguns parceiros estarão totalmente envolvidos na implementação. Mas outros poderão estar envolvidos apenas como consultores. A chave reside em assegurar uma consulta alargada bem como uma tomada de decisões eficaz. Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal 3.4 Fazer a ligação com os outros O sucesso da parceria local de emprego depende em parte da influência que pode ter além da sua localidade imediata. Isto porque outros tomam decisões que têm impacto sobre o emprego ao nível local. Por isso é importante estabelecer e manter boas ligações com níveis nacionais e regionais, localidades vizinhas e outras localidades por toda a Europa. 17 CRIAR AS CONDIÇÕES CERTAS 3.4.1 Níveis nacionais e regionais A maioria dos governos nacionais está a descentralizar a implementação das suas políticas de emprego. Isto é feito sobretudo através de delegações locais dos serviços públicos de emprego. Mas também envolve parcerias com diferentes tipos de intervenientes locais. Logo, existe uma oportunidade real para as parcerias locais influenciarem a implementação da política nacional ao nível local. Podem fazer com que esta seja mais receptiva às necessidades das suas próprias localidades. Por exemplo, o New Deal for the Unemployed6 do governo britânico envolve parcerias de entidades empregadoras locais, autoridades locais, sindicatos e organizações do sector terciário. Estas parcerias aconselham o serviço público de emprego relativamente à concepção e implementação do programa New Deal na sua localidade. Ao mesmo tempo, os governos nacionais também definem directrizes para o desenvolvimento do emprego, inclusive ao nível local. Estas directrizes são cada vez mais encorajadoras em relação ao desenvolvimento de estratégias locais de emprego. A UE também está a incentivar os governos nacionais a envolver intervenientes locais na concepção da política nacional, incluindo o Plano Nacional de Emprego e o Plano Nacional para a Inclusão Social. Logo as parcerias locais de emprego têm a oportunidade de fazer com que a política nacional apoie mais as suas actividades. As parcerias locais de emprego deveriam procurar: Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal ■ ter voz activa e um papel interventivo reconhecidos ao nível nacional e regional; ■ agir de acordo com a política regional e nacional, particularmente os Planos de Acção Nacionais; ■ desenvolver ligações institucionais com os níveis regional e nacional; e ■ fazer parte do processo de definição de políticas ao nível regional e nacional. Política nacional: compreenda-a, influencie-a, trabalhe com ela. 3.4.2 Localidades vizinhas Os problemas e as oportunidades de emprego muitas vezes ultrapassam os limites administrativos locais. Por isso é útil estabelecer ligações com intervenientes locais e parcerias em localidades vizinhas para lidar com problemas e oportunidades partilhados. A cooperação pode incluir: 18 ■ Coordenar estratégias para garantir complementaridade; ■ Pressão junto de autoridades regionais, nacionais e comunitárias para salientar problemas partilhados e para influenciar políticas; ■ Contratar ou partilhar investigação relativa a problemas comuns; ■ Projectos específicos a funcionar além dos limites (administrativos); ■ Promover oportunidades de emprego e de formação em localidades vizinhas; e ■ Garantir que as entidades empregadoras e os habitantes locais recebem apoio consistente para além dos limites municipais. 6 www.newdeal.gov.uk CRIAR AS CONDIÇÕES CERTAS 3.4.2 Localidades semelhantes por toda a Europa As localidades com características semelhantes poderão viver problemas e ter oportunidades semelhantes. Por isso há muito a ganhar com a cooperação entre parcerias em localidades semelhantes por toda a Europa. A cooperação pode incluir pressão conjunta perante autoridades nacionais e comunitárias. Também pode incluir a partilha de informação e de práticas adequadas relativas ao emprego ao nível local. A cooperação muitas vezes é mais eficaz se fizer parte de uma rede estabelecida. As redes permitem o acesso a meios não dispendiosos de divulgação de actividades como seminários, conferências, sites, jornais e boletins informativos. Uma parceria também poderá criar uma nova rede com uma ou mais parcerias. As parcerias locais de emprego de cinco grandes cidades do norte da Europa reuniram-se para criar a Rede Metronet. Trata-se de Pactos Territoriais para o Emprego de Berlin (D), Bremen (D), Copenhaga/Malmo (DK/S), Dublin (IRL), Hamburg (D), Tottenham (UK) e Vienna (A). A rede desenvolveu temas comuns, partilhou práticas adequadas e ponderou uma abordagem comum à avaliação. Deu origem a um projecto conjunto sobre exclusão social, bem como à cooperação na elaboração de candidaturas à iniciativa comunitária EQUAL. www.aforesund.org/eng/oresund_employment_pact.aspx Uma rede existente importante é o Comité das Regiões7. Trata-se de um organismo consultivo da UE, constituído por representantes de autoridades regionais e locais. A UE tem de consultar o Comité sobre assuntos que dizem respeito ao governo local e regional, como o emprego. Outras redes reúnem regiões ou localidades com características geográficas ou económicas comuns. Os exemplos destas redes incluem a Eurocities8 e a Associação Europeia de Regiões Industriais9. Algumas redes assumem uma abordagem temática. Por exemplo, cinco Grupos Temáticos Europeus reúnem profissionais locais de parcerias de desenvolvimento da EQUAL de toda a Europa para partilhar práticas adequadas entre profissionais . Também garantem que a política comunitária tem em conta as experiências de actividades locais de toda a Europa. Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal 7 www.cor.eu.int 8 www.eurocities.org 9 www.eira.org 19 IMPLEMENTAÇÃO 4. IMPLEMENTAÇÃO Logo que esteja criada uma boa parceria local, com um papel claramente definido, o passo seguinte consiste em conceber e implementar uma estratégia. A experiência revela que o impacto de uma estratégia local de emprego depende de alguns factores cruciais de sucesso. Estes são: ■ Conhecer a localidade e o seu mercado de trabalho; ■ Desenvolver uma estratégia alargada; ■ Implementar a estratégia; e ■ Analisar o progresso e retirar lições. A aprendizagem a partir destes factores cruciais de sucesso poderá indicar um processo semelhante ao 'mapa de estradas' apresentado na Figura 2 adiante. Mas o mapa é uma ferramenta flexível que pode ser adaptado de acordo com as circunstâncias locais. Por exemplo, alguns passos podem já ter sido dados durante a 'criação das condições certas' (apresentadas na secção anterior). Para além disso, alguns passos podem ser dados em simultâneo ou segundo uma ordem diferente daquela aqui descrita. Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal Em todo o caso, o desenvolvimento do emprego ao nível local é um processo contínuo e dinâmico. As lições que uma parceria retira do acompanhamento e avaliação da sua estratégia devem salientar novas oportunidades e problemas. Compreender essas oportunidades e problemas poderá exigir a recolha de mais informação ao nível local, conduzindo a uma estratégia nova e revista e a novas acções. Figura 2: Implementar uma estratégia Conhecer a zona Desenvolver uma estratégia alargada Implementar a estratégia Analisar o processo e aprender com ele Compreender o mercado de t rabalho local Determinar objectivos e acções Acções-piloto Escolher indicadores de desempenho Descobrir o que os outros estão a fazer Gerar domínio local Encontrar recursos Acompanhar o progresso Garantir igualdade Implementar totalmente a estratégia Avaliar o impacto Promover os sucessos 20 IMPLEMENTAÇÃO 4.1 Conhecer a Zona 4.1.1 Compreender o mercado de trabalho local Uma parceria local precisa de compreender os problemas que pretende abordar. A melhor maneira de fazer isso é através da recolha de forma sistemática de informação sobre emprego ao nível local. A informação pode então ser analisada, o que irá orientar a escolha de objectivos e de acções. A recolha contínua de informação também permite medir o impacto das actividades relativas a emprego ao nível local. A estratégia também pode ser revista à medida que surgirem novos problemas e oportunidades. A recolha de informação de forma sistemática é importante porque alguns ou todos os parceiros podem não ter consciência de alguns problemas e oportunidades. A gravidade e a origem dos problemas poderá não ser conhecida. Em todo o caso, a situação do emprego ao nível local irá mudar com o tempo. Uma parceria local de emprego provavelmente terá de recolher informação sobre: ■ Níveis de emprego e de desemprego; ■ Características dos empregados e dos desempregados (idade, graus de competência, localização, etc.); ■ Competências necessárias para as entidades empregadoras locais; ■ Competências disponíveis na mão-de-obra local; ■ Principais ocupações; ■ Principais sectores económicos; ■ Igualdade entre sexos; ■ Demografia; ■ Necessidades de grupos desfavorecidos; ■ Tendências sociais e económicas mais alargadas; e ■ Tendências futuras. Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal Uma parceria provavelmente terá de reunir informação proveniente de várias fontes diferentes para permitir uma aferição exaustiva da situação local. O volume de informação recolhida deverá ser proporcional à dimensão da parceria e das suas actividades. Os governos nacionais normalmente divulgam informação sobre tendências gerais de emprego, bem como informação estatística detalhada. Os dados nacionais constituem um bom ponto de partida mas nem sempre reflectem as experiências reais das comunidades locais e dos habitantes locais. Logo, também é necessária informação local. Alguns intervenientes locais podem já estar a recolher informação para os seus próprios fins. Por exemplo, poderá estar relacionada com as necessidades de grupos desfavorecidos. Também poderá ser necessário contratar novos trabalhos de investigação, quando existirem lacunas ao nível de informação. Algumas parcerias criaram 'observatórios' locais ou regionais. Os observatórios recolhem informação sobre o emprego através de várias fontes e usam-na para criar uma análise exaustiva da situação local. Em seguida distribuem-na de forma alargada para ajudar os intervenientes locais a planear as suas actividades. 21 IMPLEMENTAÇÃO O Nottinghamshire Research Observatory reúne informação e investigação local sobre questões económicas e sociais no condado de Nottinghamshire (UK). Disponibiliza online relatórios de investigação recentes e publica boletins sobre o desemprego. Esta investigação pode então orientar a concepção e implementação de estratégias e projectos no âmbito do emprego ao nível local. O Observatório também promove parcerias na realização e divulgação de investigação. Isto ajuda a aumentar a cooperação, a evitar a duplicação e a preencher lacunas de informação. www.theobservatory.org.uk 4.1.2 Descobrir as actividades que já estão a ser desenvolvidas O desenvolvimento do emprego ao nível local não ocorre isoladamente. Faz parte de um padrão de actividade mais alargado. Na Secção 3 foi ponderada a importância de verificar quais os intervenientes e as parcerias que já estão a trabalhar ao nível local. Também é importante verificar quais as actividades que estes intervenientes estão realmente a desenvolver. As novas actividades deverão reforçar o valor das actividades existentes. Examine as seguintes actividades e tente reforçar o seu valor: Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal ■ Programas 'gerais' comunitários, nacionais e regionais a funcionar ao nível local. Estes programas deverão oferecer muitos mais recursos do que aqueles disponíveis ao nível local. Por isso é importante trabalhar juntamente com eles em vez de contra eles. Mas eles não satisfazem necessariamente os objectivos locais e podem ser inflexíveis. Por isso é importante tentar influenciá-los para que possam satisfazer melhor as necessidades locais. ■ Outras estratégias locais que podem influenciar indirectamente o emprego ao nível local. Estas podem incluir estratégias para desenvolvimento sustentável, inclusão social ou investimento interno. Uma estratégia local de emprego deverá reforçar o seu valor trabalhando juntamente com elas em vez de contra elas. A parceria local de emprego também pode influenciar estas outras estratégias para que também contribuam para os objectivos em termos de emprego. ■ As iniciativas locais podem já estar a lidar com o emprego, sem fazer parte de uma estratégia de parceria. As organizações do sector terciário, em particular, poderão concentrar-se nas necessidades dos seus grupos-alvo. Poderão não ter conhecimento de políticas e actividades mais alargadas. Na realidade, as estruturas de apoio do sector terciário poderão mesmo coexistir juntamente com aquelas dos serviços públicos. Compare estas actividades com a aferição de problemas e oportunidades locais. Esta comparação irá salientar as prioridades de acção. Reforçar o valor daquilo que já está a acontecer. 22 IMPLEMENTAÇÃO 4.2 Desenvolver uma estratégia alargada A experiência revela que as iniciativas de emprego ao nível local são mais eficazes se fizerem parte de uma estratégia. Isto permite que toda a actividade seja coordenada no sentido de atingir objectivos comuns. A estratégia normalmente deverá incluir acções para criar empregos, bem como acções para ajudar as pessoas a chegar até esses empregos. Por outras palavras, deverá ter em conta a 'procura' de mão-de-obra bem como a 'oferta' de mão-de-obra. Deverá ser 'dominada' ao nível local e abordar a questão da desigualdade. 4.2.1 Determinar objectivos e acções Uma estratégia local de emprego poderá ter quatro objectivos gerais: ■ criar novos empregos; ■ melhorar a empregabilidade dos habitantes locais; ■ ajudar as pessoas a chegar até aos empregos; e ■ reduzir a desigualdade. Algumas ideias para atingir cada um destes quatro objectivos são apresentadas abaixo. Criar novos empregos: ■ promover a localidade junto de investidores internos ■ incentivar a criação de novas empresas ■ criar empresas de carácter social ■ incentivar uma cultura local de iniciativa ■ identificar vagas de emprego em localidades vizinhas Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal Melhorar a empregabilidade: ■ identificar as necessidades das entidades empregadoras em termos de competências e formar as pessoas para satisfazer essas necessidades ■ identificar sectores em expansão e formar pessoas para trabalhar nesses sectores ■ reconhecer a experiência e competências anteriores das pessoas e das suas comunidades ■ criar oportunidades de emprego 'intermédias' ou 'apoiadas' para ajudar pessoas desempregadas há muito tempo a regressar ao trabalho ■ identificar e formar de novo pessoas em riscos de despedimento ■ incentivar aqueles com as competências certas a transitar para outras zonas 23 IMPLEMENTAÇÃO Ajudar as pessoas a chegar até aos empregos ■ oferecer novas infra-estruturas para o cuidado de dependentes ■ cobrir custos de deslocação ■ resolver problemas de transporte ■ fornecer melhor informação sobre vagas de emprego ■ incentivar as entidades empregadoras a adoptar práticas de trabalho flexíveis ■ realizar eventos que reúnam entidades empregadoras e pessoas à procura de emprego Reduzir a desigualdade ■ criar empregos adequados para grupos desfavorecidos ■ adaptar os serviços de orientação e aconselhamento às necessidades de grupos desfavorecidos ■ reagir contra a discriminação em termos de educação, formação e emprego ■ incentivar as entidades empregadoras a recrutar pessoal junto de grupos desfavorecidos, particularmente nos casos em que não há o hábito de o fazer ■ dar aos diferentes grupos conhecimento de sectores e de empregos a que normalmente não têm acesso ■ conceder poder aos grupos-alvo e às comunidades através da sua inclusão no planeamento e na implementação de projectos 4.2.2 Domínio local Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal A principal vantagem do desenvolvimento do emprego ao nível local é o facto de poder satisfazer especificamente as necessidades locais. Os parceiros locais muitas vezes estão melhor posicionados para identificar e satisfazer essas mesmas necessidades locais. Logo, devem estar inteiramente envolvidos na concepção e na implementação de uma estratégia local de emprego. Devem 'dominá-la'. ■ oferecer a participação na parceria a qualquer interveniente local com interesse na questão do emprego; ■ criar estruturas de parceria que envolvam intervenientes locais de forma regular; ■ partilhar o poder de tomar decisões; ■ obter consenso em relação aos objectivos gerais da estratégia; ■ fazer com que a parceria defenda actividades específicas; ■ envolver um número elevado de intervenientes na implementação; ■ procurar obter contribuições financeiras de vários diferentes parceiros; e ■ manter todos os intervenientes locais e todos os habitantes locais informados do progresso alcançado. Assegurar o domínio local demora tempo. Pode envolver: 24 IMPLEMENTAÇÃO A Intervenção Piloto para Promoção do Emprego ao Nível Local na Grécia recorreu a conferências públicas para reforçar o domínio local do seu plano de acção. As conferências tornaram as decisões e as promessas mais visíveis, tornando mais difícil para os parceiros não cumprir os seus compromissos. www.eetaa.gr/tsda 4.2.3 Garantir a igualdade Para além de tomar medidas específicas para reduzir a desigualdade, uma parceria local de emprego deverá integrar a igualdade de oportunidades em todas as suas actividades. Isto inclui o funcionamento da parceria e todas as acções relativas a emprego, quer estejam ou não directamente relacionadas com a questão da igualdade. Uma parceria deverá assegurar cinco passos fundamentais para garantir a igualdade. Estes passos fazem parte integrante da concepção, implementação, acompanhamento e avaliação da estratégia: ■ desenvolver uma política de igualdade de oportunidades em que todos os parceiros se possam empenhar. ■ baborar um 'ponto de partida' a partir do qual o progresso possa ser avaliado. ■ definir metas para objectivos em termos de igualdade. ■ recolher dados de acompanhamento de forma sistemática ao longo da duração da estratégia. ■ avaliar progressos e analisar política e metas com regularidade. 4.3 Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal Implementar a estratégia Tendo criado as condições certas, estudado a zona local e desenvolvido uma estratégia, uma parceria local de emprego pode então implementar plenamente essa estratégia. Isto envolve testar a eficácia de acções numa fase experimental, encontrar recursos para a totalidade da estratégia e então conceber e implementar um plano de acção. 4.3.1 Acções-piloto Os projectos-piloto permitem testar abordagens ao desenvolvimento do emprego ao nível local. Proporcionam feedback valioso com base em experiência prática, bem como comentários de quaisquer grupos-alvo. Podem ser usados para melhorar a abordagem. Ao implementar mudanças apontadas por projectos-piloto ou por feedback, registe quaisquer mudanças e as respectivas circunstâncias para utilização posterior na avaliação. A dimensão e extensão dos projectos-piloto irá depender dos fins e objectivos da estratégia. Poderá envolver testar materiais de formação com um pequeno grupo de voluntários, antes de recrutar formandos reais. Um projecto na sua totalidade poderia ser 25 IMPLEMENTAÇÃO um trabalho-piloto. Por exemplo, testar uma abordagem para lidar com o desemprego local no âmbito de um grupo desfavorecido específico. Se forem bem-sucedidos, os projectos-piloto podem ser expandidos no contexto da estratégia mais alargada. Os projectos-piloto pequenos ajudam a melhorar um plano de acção e a aumentar a sua eficácia. 4.3.2 Encontrar recursos A implementação da estratégia naturalmente irá exigir recursos financeiros. Alguns dos parceiros terão os seus recursos próprios. Mas provavelmente será necessário procurar obter financiamento adicional junto de várias fontes externas. Isto pode criar problemas se o processo não for gerido de forma cuidadosa. Alguns princípios fundamentais deverão ser respeitados. Em primeiro lugar, desenvolver a estratégia a longo prazo da parceria independentemente do financiamento para projectos individuais. A estratégia deverá concentrar-se naquilo que tem de ser feito. Deverá continuar independentemente dos limites de qualquer fonte individual de financiamento. Em segundo lugar, procurar obter financiamento sustentável proveniente de várias fontes, tanto para toda a estratégia como para projectos individuais. Estas fontes incluem programas europeus, nacionais, regionais e locais. Combine as diferentes fontes de financiamento num programa coerente e evite criar uma lista de projectos ad hoc. Analise cuidadosamente cada fonte de financiamento antes de se candidatar junto da mesma. As fontes de financiamento que não são relevantes ou que têm condições onerosas irão desviar a atenção e o esforço das principais prioridades da estratégia. Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal Em terceiro lugar, assegure-se de que a parceria tem a capacidade necessária para gerir as diferentes fontes de financiamento recebido. Isto não significa que todo o financiamento tem de ser recebido e gerido por um parceiro. Diferentes parceiros podem assumir a responsabilidade de receber e gastar dinheiro. Mas algumas parcerias poderão exigir um 'parceiro principal' para gerir o financiamento e assegurar a prestação de contas. Este parceiro principal pode então disponibilizar o financiamento a outros parceiros, talvez através de um acordo de sub-contratação. A próxima secção analisa algumas fontes de financiamento específicas da UE. As fontes nacionais de financiamento para o desenvolvimento do emprego ao nível local são analisadas em secções posteriores deste Manual Prático. Uma estratégia deve ser sustentada pelo financiamento, não determinada pelo financiamento. 4.3.3 Fontes de financiamento da UE Os Fundos Estruturais da UE são uma fonte de financiamento importante para o desenvolvimento do emprego ao nível local. Apoiam acções que criam empregos, ajudam as pessoas a chegar até aos empregos, melhoram a empregabilidade e reduzem a desigualdade ao nível local. O Fundo Social Europeu (FSE) é o principal instrumento financeiro comunitário na base da Estratégia Europeia para o Emprego. É portanto o mais importante para o desenvolvimento do emprego ao nível local. No actual período de programação (200006), o FSE disponibiliza cerca de €9 biliões por ano. Este dinheiro apoia programas regionais estratégicos de longo prazo que actualizam e modernizam as competências da mão-de-obra e incentivam a iniciativa. Existem três tipos de programas regionais: 26 IMPLEMENTAÇÃO ■ Objectivo 1: para regiões cujo desenvolvimento está a ficar atrasado; ■ Objectivo 2: para conversão económica e social em zonas industriais, rurais, urbanas ou dependentes das pescas que enfrentam dificuldades estruturais; e ■ Objectivo 3: para modernizar sistemas de formação e promover o emprego em todas as zonas excepto regiões abrangidas pelo Objectivo 1. Os programas são planeados pelos Estados Membros juntamente com a Comissão Europeia. São implementados através de uma vasta gama de organizações públicas e privadas, incluindo organizações não-governamentais e parcerias locais. Estas organizações podem candidatar-se a receber apoio do FSE através de programas regionais. O FSE oferece um apoio considerável para acção ao nível local nos programas para 2000-06. Na realidade, o desenvolvimento local é considerado como um 'objectivo horizontal' para todas as operações do FSE. Isto significa que deve ser tido em conta em cada uma das cinco 'áreas de intervenção' do FSE. Logo, todos os programas regionais do FSE disponibilizam financiamento específico para o desenvolvimento do emprego ao nível local. Áreas de Intervenção do FSE ■ Desenvolver e promover políticas activas para o mercado de trabalho ■ Promover igualdade de oportunidades para todos no acesso ao mercado de trabalho ■ Promover e melhorar a formação, a educação e o aconselhamento como parte de uma política de aprendizagem ao longo da vida ■ Promover uma mão-de-obra competente, qualificada e adaptável ■ Melhorar o acesso e participação das mulheres no mercado de trabalho O Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) disponibiliza financiamento para o desenvolvimento económico mais alargado, tais como serviços de apoio a empresas ou novas infra-estruturas. Está disponível para regiões consideradas como tendo direito a apoio no âmbito do Objectivo 1 ou do Objectivo 2. Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal Para além dos programas regionais, os intervenientes locais também podem receber financiamento de outros programas da UE. A Iniciativa Comunitária EQUAL disponibiliza financiamento do FSE para novas abordagens ao combate à discriminação e à exclusão, com base nos princípios 'ascendentes' para criação de estratégia, parceria e atribuição de poder. A EQUAL financia as actividades implementadas de 'parcerias de desenvolvimento' estratégicas. Uma parceria local de emprego poderá candidatar-se à obtenção de fundos EQUAL para as suas actividades ou poderá cooperar com uma parceria de desenvolvimento EQUAL na sua localidade. O financiamento do FSE do Artigo 6 está disponível para intervenientes locais e destina-se a acções inovadoras. Os projectos Artigo 6 devem incentivar uma cooperação estreita entre os níveis europeu, nacional, regional e local, bem como com os parceiros sociais e com as organizações do sistema terciário. Exploram novas abordagens ao conteúdo e à organização do emprego, incluindo formação profissional e adaptação industrial. As medidas Artigo 6 incluem projectos-piloto, estudos, intercâmbio de experiência e actividades relacionadas com informação. Três convites anuais à apresentação de propostas, em 2004-2006, estão centrados no tema 'Abordagens inovadoras à gestão da mudança'. Dentro deste tema, as medidas inovadoras devem concentrar-se em dois sub-temas: 27 IMPLEMENTAÇÃO ■ gestão de mudança demográfica: apoiando iniciativas inovadoras para promover um envelhecimento activo e para aumentar a taxa de emprego de trabalhadores mais velhos; e ■ gestão de reestruturação: apoiar soluções inovadoras para a reestruturação melhorando a capacidade de adaptação e de previsão de trabalhadores, empresas e entidades públicas. A Iniciativa Comunitária Leader+ incentiva novas abordagens ao desenvolvimento integrado e sustentável em zonas rurais. Pode apoiar o desenvolvimento do emprego ao nível local como parte de uma abordagem mais alargada com base na zona. A tónica é colocada no estabelecimento de capacidade, na atribuição de poder aos intervenientes locais e na definição de alvos ao nível da actividade local. A Acção 1 é mais relevante para o desenvolvimento do emprego ao nível local. Financia estratégias de desenvolvimento territorial integrado dos 'Grupos de Acção Local'. A Acção 2 apoia a cooperação entre localidades rurais. A Acção 3 divulga informação do nível nacional ao nível local. A Iniciativa Comunitária Urban II apoia estratégias inovadoras para a recuperação económica e social sustentável num número limitado de zonas urbanas por toda a Europa. Mais uma vez, a tónica é colocada no estabelecimento de capacidade, na atribuição de poder aos intervenientes locais e na definição de alvos ao nível da actividade local. As actividades apoiadas incluem a criação de empregos e a integração de grupos desfavorecidos na educação e na formação. Os programas actuais de Fundos Estruturais são válidos até 2006. Um novo programa irá funcionar em 2007-2013 centrado nos objectivos da convergência, da competitividade e da cooperação. Para além do FEDER, o FSE e o Fundo de Coesão constituirão um novo instrumento legal para ultrapassar obstáculos à cooperação transfronteiriça, o Agrupamento Europeu de Cooperação Transfronteiriça (AECT). Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal 4.3.4 Implementação total Tendo testado as acções através de projectos-piloto e tendo obtido o financiamento para a estratégia no seu conjunto, a parceria pode então implementar toda a estratégia. A implementação total normalmente exige que os fins e os objectivos da estratégia sejam convertidos num plano de acção. O plano de acção irá incluir acções específicas e mensuráveis, bem como as responsabilidades de cada parceiro. Proporciona uma base para analisar o progresso. 4.4 Analisar o progresso e aprender com ele Analisar o progresso é essencial porque permite à parceria: 28 ■ clarificar o 'ponto de partida' e permitir comparação posterior; ■ identificar problemas e resolvê-los; ■ demonstrar o progresso e os resultados do plano de acção; ■ identificar práticas adequadas para partilhar com os outros; e ■ salientar novos problemas e oportunidades que exigem nova investigação e nova acção. IMPLEMENTAÇÃO 4.4.1 Escolher indicadores de desempenho Escolher e desenvolver 'indicadores de desempenho' mensuráveis permite à parceria demonstrar os resultados do seu plano de acção. Os indicadores de desempenho podem demonstrar o sucesso na concretização de objectivos mas também ajudam a tornar claros para todos os critérios de avaliação do sucesso. Não devem ter em conta apenas o resultado imediato da actividade, como os empregos criados ou as pessoas formadas. Também devem ter em conta o impacto alargado sobre o emprego ao nível local. Os indicadores devem ser o mais relevantes e objectivos possível. Idealmente, todos os parceiros devem aceitar a selecção de indicadores. A selecção final deverá incluir indicadores 'quantitativos' e 'qualitativos'. Os indicadores quantitativos (números e estatísticas) são específicos e mensuráveis. São úteis para demonstrar posições iniciais e factos e resultados concretos, como dispêndio financeiro ou número de pessoas a receber formação. Mas nem sempre revelam o 'quadro geral'. Use definições standard sempre que for possível, para permitir a comparação com outras localidades. Os indicadores qualitativos (opiniões e atitudes) reflectem as experiências de vida de indivíduos e de organizações. Podem ser elementos importantes de avaliação de competências, como a capacidade de comunicação e de relacionamento inter-pessoal, que normalmente são negligenciadas por indicadores quantitativos. Podem ser particularmente importantes para projectos de trabalho com grupos desfavorecidos uma vez que podem ajudar a revelar o progresso pessoal no sentido de arranjar um emprego. Use uma Matriz de Indicador para ligar os objectivos do plano de acção a indicadores específicos. A Matriz deverá apresentar os objectivos hierarquicamente e definir actividades e marcos para cada objectivo. Seleccione um 'cabaz' de indicadores para corresponder a resultados esperados para cada objectivo. 4.4.2 Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal Acompanhamento O acompanhamento do plano de acção é um processo constante que deverá continuar ao longo da implementação do plano de acção. Consiste no registo de resultados de acordo com os indicadores de desempenho. Acompanhar o plano de acção é importante porque: ■ permite à parceria verificar se está dentro do calendário definido; ■ ajuda a analisar o desempenho constante; ■ mantém a parceria informada de questões emergentes; e ■ satisfaz os pedidos de informação de entidades financiadoras e de outras partes interessadas. Os sistemas de acompanhamento deverão permitir recolher eficaz e eficientemente a informação necessária de uma forma utilizável. Poderá não ser possível desenvolver um sistema de acompanhamento standard para todos os projectos devido às diferenças ao nível de grupos de clientes, de posições iniciais e do contexto em que intervêm. No entanto, os dados comuns relativos a todos os projectos deverão ser introduzidos nos sistemas de acompanhamento do plano de acção no seu conjunto. Os sistemas de 29 IMPLEMENTAÇÃO acompanhamento não devem ser demasiado complicados. Devem recolher apenas dados essenciais. Para garantir que os sistemas de acompanhamento estão a funcionar correctamente, pondere a realização de um pequeno teste-piloto dos sistemas. Um bom sistema de acompanhamento permite acompanhaa sobretudo: ■ contributos de recursos como tempo e dinheiro para garantir que os orçamentos são respeitados; e ■ resultados, usando indicadores para aferir o progresso no sentido da concretização dos objectivos do plano de acção O acompanhamento ajuda a controlar as actividades do dia-a-dia. 4.4.3 Avaliação A avaliação determina o valor do plano de acção analisando a concretização geral de metas e de objectivos. Julga o sucesso global e o impacto alargado da estratégia. A avaliação envolve a análise e interpretação dos dados do plano de acção fornecidos pelos sistemas de acompanhamento para identificar resultados e pontos fracos. Mas a avaliação é muito mais do que o mero controlo de informação. Permite responder a perguntas sobre a razão porque e a forma como as coisas aconteceram. A avaliação do plano de acção salienta factores e circunstâncias que afectaram aquilo que resultou e aquilo que não resultou. Ao recolher essa informação, a parceria estará melhor preparada para compreender os seus sucessos e para aprender com os seus erros. Podem ser realizados dois tipos de avaliação: Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal ■ Avaliação interna (ou 'auto-avaliação') por alguém dentro da parceria. Os responsáveis pela avaliação deverão ser suficientemente competentes, ou deverão receber a formação adequada. Devem dispor do tempo e dos recursos necessários para realizar uma avaliação eficaz. Adicionalmente, terão de saber que dados lhes serão disponibilizados, para além de terem alguma experiência em métodos de investigação, análise de dados e apresentação de dados. ■ Avaliação externa (ou 'independente'). Os responsáveis pela avaliação externos podem oferecer conhecimento especializado e vasta experiência. A sua independência e objectividade dão credibilidade à avaliação, particularmente perante entidades financiadoras e responsáveis pela definição de políticas externos. Recorrer a um responsável pela avaliação externo também evita sobrecarregar a parceria com uma tarefa para cuja realização eficaz poderá não ter o tempo e as competências necessárias. Uma avaliação somatória ou final é essencial para aferir lições gerais a retirar do plano de acção. Algumas parcerias também realizam avaliações formativas, que se debruçam sobre pontos-chave do plano de acção. Controlam o progresso e tornam possível a realização de ajustamentos. O âmbito de uma avaliação deverá ser proporcional à escala da actividade da parceria. 30 IMPLEMENTAÇÃO O ponto de concentração da avaliação irá depender de: ■ os objectivos da estratégia, que irão influenciar aquilo que é avaliado; ■ o fim da avaliação e aquilo para que será usada; e ■ o público da avaliação; por exemplo, a parceria, a comunidade mais alargada ou entidades financiadoras e responsáveis pela definição de políticas externos. 4.4.4 Promover os sucessos Uma parceria local de emprego deverá promover as suas actividades e sucessos de três formas. Todas as três estão intimamente ligadas e deverão realizar-se ao longo da duração de um plano de acção. Em primeiro lugar, 'publicidade', que faz com que as pessoas tomem conhecimento da parceria e da sua actividade. A publicidade pode ajudar a manter apoio público e político importante à parceria. Poderá ser exigida pelas entidades financiadoras, que querem garantir o reconhecimento público do seu apoio financeiro. Por exemplo, os projectos que recebem financiamento do FSE ou do FEDER são obrigados a apresentar de forma destacada o respectivo logótipo. A publicidade também é importante para incentivar indivíduos a aproveitar novas oportunidades de formação ou empresas a usar novos serviços de apoio. Em segundo lugar, 'divulgação', que promove os resultados obtidos pela parceria. Fornece informação sobre a qualidade, relevância e eficácia de novos produtos e processos. O objectivo é convencer os outros a usar estes novos produtos e processos ou pelo menos a retirar as lições daí decorrentes. Por exemplo, a parceria poderia promover novos materiais de formação junto de redes de prestadores de serviços de formação para criar rendimentos comerciais. Em terceiro lugar, 'generalização', que visa garantir que os resultados obtidos pela parceria passam a fazer parte de provisões ou práticas regulares. Destina-se sobretudo a responsáveis pela definição de políticas e a entidades financiadoras em todos os níveis. A generalização visa convencer os responsáveis pela definição de políticas e as entidades financiadoras a adoptar novos métodos ou abordagens para lidar com um problema. Permite às políticas comunitárias, nacionais e regionais reagir perante as lições aprendidas ao nível local. A generalização também pode garantir que a parceria recebe financiamento sustentável a longo prazo dos programas comunitários, nacionais ou regionais. Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal O projecto HOME em Puglia (I) formou desempregados locais na manutenção e recuperação de casas e em questões ambientais locais. A parceria publicitou o projecto junto dos habitantes locais para os manter informados dos resultados e para os recrutar para a formação. Também divulgou informação a outros profissionais através de uma brochura em papel, um seminário internacional e um relatório de avaliação. Através desta actividade, deu conhecimento aos organismos públicos nacionais daquilo que podia ser feito através de actividades inovadoras ao nível local. Promover a parceria e a sua actividade ao longo da duração do plano de acção. 31 CONTEXTO DE GOVERNAÇÃO EM PORTUGAL 5. CONTEXTO DE GOVERNAÇÃO EM PORTUGAL O desenvolvimento do emprego em Portugal tradicionalmente tem sido responsabilidade do governo nacional. Os programas têm sido bastante centralizados com flexibilidade local limitada. Logo, as oportunidades de parcerias locais autónomas são limitadas. Mas tem havido uma descentralização crescente para os níveis regional e local nos últimos anos, incentivada em parte pelos Fundos Estruturais europeus. É provável que isso continue a verificar-se. Logo, é importante para os intervenientes locais, primeiro compreender e trabalhar com o nível nacional. Segundo, os intervenientes locais deverão tentar estabelecer capacidade local para poderem beneficiar de novas oportunidades proporcionadas por qualquer descentralização futura. Esta secção apresenta a situação actual em termos de governação para o desenvolvimento do emprego ao nível nacional, regional e local em Portugal. 5.1 Governação nacional Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal Segundo a Constituição, o desenvolvimento local é responsabilidade do governo nacional (excepto no caso dos Açores e da Madeira). Esta responsabilidade está sob a alçada do Ministério da Segurança Social e do Trabalho, do Ministério da Economia e do Ministério da Agricultura e das Pescas. A coordenação de acções é atribuída ao Ministério das Finanças e assegurada pela Direcção-Geral do Desenvolvimento Regional (DGDR). O Conselho Económico e Social é responsável pela consulta e coordenação relativamente às políticas económicas e sociais. Participa na elaboração dos principais planos de desenvolvimento económico e social. Estes planos podem incluir programas territoriais específicos, incluindo medidas políticas e administrativas especiais para os Açores e a Madeira. A implementação desses planos nacionais é descentralizada. Os Açores e a Madeira constituem regiões autónomas com estatuto político e administrativo próprio e instituições de auto-governação próprias. Em cada caso, o governo regional responde perante a assembleia legislativa regional, a qual por sua vez é eleita por sufrágio universal. Nestas regiões o governo regional é responsável pelo desenvolvimento do emprego. 5.2 Governação regional No território continental português, até há pouco tempo as políticas foram implementadas de uma forma descentralizada através de Comissões de Coordenação Regional (CCRs) em cada uma das cinco regiões. Estas são Norte, Centro, Lisboa e o Vale do Tejo, Alentejo e Algarve. O Governo introduziu recentemente novas medidas de descentralização, através da criação de Comissões de Coordenação e Desenvolvimento 32 CONTEXTO DE GOVERNAÇÃO EM PORTUGAL Regional (CCDRs). As CCDRs substituem as CCRs e as Direcções Regionais do Ambiente e de Ordenamento do Território (DRAOT). Agora asseguram as responsabilidades anteriormente asseguradas pelas CCRs e as DRAOT, bem como competências adicionais incluindo planeamento regional e preservação do ambiente e da biodiversidade. Principais órgãos existentes no sistema português para políticas regionais e locais sobre o emprego. Órgãos responsáveis pela definição de políticas Governo da República Conselho Económico e Social ■ Governo da Região Autónoma dos Açores ■ Governo da Região Autónoma da Madeira ■ Ministério das Finanças (MF) Administração Geral de Políticas de Desenvolvimento ■ Ministério das Cidades, do Ordenamento do Território Regional e do Ambiente (MCOTA) ■ Ministério da Economia (ME) ■ Ministério da Segurança Social e do Trabalho (MSST) ■ Comissão de Gestão do QCA 2000-2006 Administração de Programas ■ Ministério da Segurança Social e do Sectoriais para o Emprego Trabalho (MSST) ■ Instituto de Gestão do Fundo Social Órgãos de coordenação e de supervisão Europeu (IGFSE) ■ Gabinete de Gestão do Programa Operacional do Emprego, Formação e Desenvolvimento Social (POEFDS) ■ Gabinete de Gestão do Programa Operacional da Economia (POE) ■ Instituto do Desenvolvimento Rural e Hidráulica (IDRHa) ■ Direcção Regional de Estudos e Planeamento (Açores) (DREPA) ■ Instituto de Gestão dos Financiamentos Comunitários (Madeira) (IFC) ■ Direcção Regional de Planeamento e Finanças (Madeira) (DRPF) ■ CCDRs (anteriores CCRs)- Comissões de Órgãos consultores e regulamentadores Coordenação Regional ■ Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) ■ Serviços Públicos de Emprego: Delegações Órgãos executivos e prestadoresde serviços Locais de Emprego (IEFP) ■ Serviços públicos locais (públicos) ■ Associações de Desenvolvimento Regional e Local Órgãos executivos e prestadores de serviços (privados) ■ ■ Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal Ao reorganizar este nível da administração e ao substituir as CCRs pelas CCDRs, o governo visa envolver os intervenientes mais importantes do desenvolvimento sustentável ao nível local e regional. Estes são os municípios, as ONGs, as universidades e os institutos politécnicos, os sindicatos e as associações industriais ou comerciais. O seu envolvimento é assegurado através da sua participação nos Conselhos Regionais. Estes conselhos têm o poder de propor ao Governo pessoas a ser nomeadas como Director-Executivo da CCDR. A implementação de políticas de emprego é coordenada por uma estrutura de planeamento e de acompanhamento a funcionar ao nível nacional, regional e local. Um objectivo fundamental é a harmonização de metas, políticas e instrumentos nacionais com aqueles definidos no Quadro Comunitário de Apoio (QCA). O actual QCA português é um documento aprovado pela Comissão Europeia, com o acordo das autoridades portuguesas, que define as principais prioridades estratégicas de 33 CONTEXTO DE GOVERNAÇÃO EM PORTUGAL intervenção para o Fundo Estrutural Europeu para o período de programação 20002006. Apresenta uma descrição da situação socio-económica portuguesa e contém uma estratégia para desenvolvimento, prioridades de acção, objectivos, a divisão dos recursos dos Fundos Estruturais e as condições para actividade. A estrutura do QCA compreende três níveis de acção: ■ o nível de execução global do QCA; ■ a implementação de cada Fundo Estrutural; e ■ a implementação de Programas Operacionais específicos incluídos no QCA. Na prática, as instituições que constituem a estrutura podem pertencer tanto à área de "coordenação e gestão" como à área de "acompanhamento" ou "controlo". Dentro da estrutura de coordenação e gestão, e especificamente orientada para acompanhar a execução geral do QCA, existe a Comissão Portuguesa de Gestão do QCA 2000-2006. Esta é composta por funcionários do Ministério das Finanças e por representantes do governo responsáveis por cada Fundo Comunitário. O QCA é realizado através de Programas Operacionais. Estes Programas Operacionais descrevem em pormenor as intervenções que serão efectuadas ao nível regional e sectorial. Os Programas Operacionais Regionais são o principal instrumento de política de desenvolvimento regional descentralizado. Os CCDRs são responsáveis pela coordenação dos Programas Operacionais Regionais. Os Programas Operacionais Sectoriais permanecem sob a alçada de Departamentos Ministeriais. 5.3 Governação local Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal As autoridades locais são instituições representativas que servem os interesses particulares da população no seu território. Dispõem de activos e de recursos financeir os próprios, bem como de instrumentos executivos próprios. Em Portugal, as autoridades locais incluem: ■ freguesias; ■ municípios; ■ regiões administrativas; e ■ as regiões autónomas dos Açores e da Madeira. Historicamente, as autoridades locais têm tido uma margem de manobra limitada para trabalhar fora do enquadramento nacional de políticas e de processos de desenvo lvimento. Para além disso, instituições regionais como as CCRs são agências descentralizadas das instituições do governo central. Não funcionam de forma autónoma. No entanto, nos últimos anos os municípios começaram a receber poderes novos mais abrangentes ao nível do planeamento regional. Logo, existe uma possibilidade crescente de assumirem um papel activo em parcerias locais de emprego. 34 CONTEXTO POLÍTICO EM PORTUGAL 6. CONTEXTO POLÍTICO EM PORTUGAL 6.1 Introdução As oportunidades para as parcerias locais trabalharem para o desenvolvimento do emprego em Portugal aumentaram nos últimos anos. Isto deve-se em parte à disponibilidade de fundos nacionais e comunitários. Também se deve à descentralização de responsabilidades e de financiamentos para o desenvolvimento do emprego nos últimos anos. A responsabilidade pelo desenvolvimento do emprego tem sido cada vez mais transferida do nível nacional para o nível regional e até para o nível local. Um dos principais canais de descentralização tem sido a criação de estruturas para implementação do QCA. Estas deram ao municípios maior responsabilidade não só pelo emprego mas também pelo planeamento regional, sustentabilidade, ambiente, cultura, educação e sociedade. Juntamente com isso aumentou a capacidade das autoridades locais fomentarem actividades para o emprego ao nível local. De facto, agora dispõem de melhores estruturas de investimento, equipamento e serviços. Com o apoio de políticas e financiamento nacional e comunitário, também surgiram inúmeras organizações associativas que se tornaram mais fortes. Por isso agora os intervenientes locais encontram-se numa posição melhor para formar parcerias e fomentar o desenvolvimento do emprego ao nível local. Apesar destas oportunidades crescentes, as abordagens ascendentes ao desenvolvimento do emprego ainda não amadureceram por completo. Tendem a reproduzir estratégias nacionais em vez de criar processos verdadeiramente locais com base na satisfação de necessidades especificamente locais. As parcerias locais de emprego continuam a depender muito de intervenientes dos sectores público e terciário. A participação do sector privado mantém-se limitada. As parcerias continuam dependentes de financiamento nacional e comunitário. Por isso é importante para qualquer parceria local maximizar as oportunidades disponíveis através dessas fontes de financiamento. Também devem continuar a criar capacidade local para o desenvolvimento do emprego ao nível local. Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal 6.2 Políticas Nacionais O principal instrumento para as políticas de emprego ao nível nacional, é o Plano Nacional de Emprego (PNE). O PNE apresenta todas as medidas existentes concebidas para dar resposta às directrizes da Estratégia Europeia para o Emprego (EEE). O PNE descreve o desenvolvimento do emprego e medidas correlacionadas no âmbito de: ■ Programas Operacionais de Fundos Estruturais; ■ Programas de Iniciativas Comunitárias; ■ Programas de iniciativa nacional; e ■ Medidas específicas para as regiões dos Açores e da Madeira. 35 CONTEXTO POLÍTICO EM PORTUGAL Outro instrumento de planeamento importante é o Plano Nacional para a Inclusão (PNAI), para a promoção da inclusão social. O PNAI sublinha a importância da acção ao nível local para a inclusão. Logo, representa uma oportunidade importante para parcerias locais de emprego. A implementação destes instrumentos ao nível nacional, regional e local dá origem a acções adicionais especificamente adaptadas aos contextos locais e às sensibilidades territoriais. 6.2.1 Plano Nacional de Emprego (PNE) O PNE reconhece a importância do desenvolvimento do emprego ao nível local em Portugal. A Directriz 2 (criação de emprego e espírito empresarial) em particular, contém medidas para promover a acção ao nível local. A Directriz 8 (Tornar o trabalho compensador através de incentivos para aumentar o seu carácter atractivo) inclui medidas para simplificar e dar flexibilidade ao processo de constituição de empresas. O PNE também reconhece a necessidade de simplificar os enquadramentos legal e fiscal, a fim de os tornar atractivos para o investimento. A Rede Nacional de Centros de Formalidades de Empresas (CFEs) é uma das medidas incluídas no PNE. Trata-se de uma iniciativa que melhora a flexibilidade do apoio à Rede Nacional de Centros de Formalidades de Empresas (CFEs) Os obstáculos administrativos e o tempo necessário para estabelecer uma empresa foram reduzidos através da Rede Nacional de Centros de Formalidades de Empresas (CFEs). A Rede é constituída por 7 centros. Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal Em 2001, os centros registaram um total de 107.223 pedidos de informação e o tempo médio necessário para criar uma empresa variou entre os 23 dias (Lisboa) e os 33 dias (Coimbra). Em 2000, a Rede Nacional de Centros de Formalidades de Empresas recebeu o "Prémio de Qualidade para os Serviços Públicos Portugueses 1999" e foi reconhecida como um exemplo de prática adequada pela UE. criação de novas empresas. URBCOM - Sistema de Incentivos a Projectos de Urbanismo Comercial O URBCOM é o sistema de incentivos do POE (Programa Operacional da Economia do QCA português 2000-2006), criado a fim de promover a modernização do comércio e dos serviços, através da promoção do desenvolvimento das cidades. Os projectos de planeamento comercial urbano podem ser desenvolvidos através de parcerias formadas por PMEs, associações comerciais, municípios e as unidades de acompanhamento e coordenação (UAC) do URBCOM. Desde 2001, o URBCOM tem estado a apoiar pequenos investimentos efectuados por comerciantes implementados em mercados municipais. As parcerias locais também são apoiadas através do URBCOM. O Quadro Comunitário de Apoio (QCA) português também oferece incentivos para a criação de micro e pequenas empresas, bem como para o trabalho por conta própria. Bons exemplos desse tipo de iniciativas incluem os seguintes casos (ver secção 5.2 para dados de contacto para obter mais informação sobre estes programas): 36 CONTEXTO POLÍTICO EM PORTUGAL ■ sistema de Incentivos a Pequenas Iniciativas Empresariais (SIPIE); ■ sistema de Incentivos à Modernização Empresarial (SIME); e ■ programa de Estímulo à Oferta de Emprego (PEOE), promovido pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). O PNE também apoia activamente actividades relevantes para a Directriz 4 da EEE (Investimentos no capital humano, na aprendizagem ao longo da vida e na economia do conhecimento). Estas incluem: ■ serviços em zonas que precisam de competências elevadas e TICs; ■ serviços de apoio à família; e ■ serviços de segurança, higiene e saúde. Ainda mais importante, o PNE incentiva as autoridades locais e regionais a desenvolver estratégias para promover o emprego. Segundo o PNE, essas estratégias deverão: ■ promover parcerias locais; ■ ser coerentes com perspectivas de desenvolvimento endógeno de cada território; ■ reforçar a competitividade e a capacidade da economia social gerar empregos; e ■ melhorar a capacidade dos Serviços Públicos de Emprego de identificar oportunidades locais de emprego e de regulamentar o mercado de trabalho local. Logo, o nível nacional agora reconhece estratégias de emprego ao nível regional e local. A próxima secção analisa estas estratégias de forma mais detalhada. 6.3 Políticas Regionais e Sub-Regionais Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal 6.3.1 Planos Regionais de Emprego Existem Planos Regionais (Planos Regionais de Emprego PREs) para quatro regiões em Portugal. Estas regiões debatem-se com necessidades particulares diferentes das do resto do país. Primeiro, os Açores e a Madeira têm necessidades particulares devido a motivos geográficos. Segundo, as regiões da Zona Metropolitana do Porto e do Alentejo têm dificuldades particulares em termos de mercado de trabalho. Estas duas regiões beneficiam por isso do Plano Regional da Área Metropolitana do Porto (PREAMP) e do Plano Regional de Emprego do Alentejo (PREA). Os PREs reflectem as metas e objectivos da Estratégia Europeia para o Emprego bem como do Plano Nacional de Emprego. Também adaptam instrumentos de política nacional ao nível regional. Como tal, visam melhorar a eficácia das actividades de desenvolvimento do emprego. O Programa Iniciativa Piloto de Promoção Local de Emprego no Alentejo (PIPPLEA) proporciona um exemplo útil neste caso. 37 CONTEXTO POLÍTICO EM PORTUGAL PIPPLEA - Programa Iniciativa Piloto de Promoção Local de Emprego no Alentejo O PIPPLEA constituiu uma experiência interessante de promoção do emprego ao nível local. Iniciado como projecto-piloto em 1998, o PIPPLEA visava apoiar projectos locais. Estes incluíam uma variedade de acções que "através da celebração de contratos de programas entre o IEFP e agentes públicos e privados, propõem projectos de intervenção local destinados às regiões que sofrem de problemas graves de despovoamento e de desemprego". O PIPPLEA foi financiado através de fundos nacionais e durou três anos. Adoptou uma abordagem ascendente. As acções foram implementadas através de parcerias. Foi definido um conjunto de objectivos incluindo a criação de emprego, a formação para determinados grupos-alvo, a satisfação de necessidades sociais e a abordagem de dinâmicas culturais. Os promotores do projecto receberam apoio para um conjunto de intervenções como a criação de emprego ou a formação para grupos-alvo específicos. A avaliação intermédia salientou pontos fortes e pontos fracos fundamentais do PIPPLEA: Pontos fortes Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal ■ Uma das prioridades dos 23 Projectos de Intervenção Local (PILs) foi a promoção de serviços locais para apoiar indivíduos e PMEs considerados inovadores em Portugal. ■ A implementação de Projectos de Intervenção Local envolveu um conjunto alargado de diferentes parceiros locais; em particular, explorou e desenvolveu a rede regional LEADER II. ■ Um impacto significativo foi a criação de emprego ao nível local nomeadamente através da migração de profissionais com educação de nível terciário das zonas urbanas para as zonas rurais. Pontos fracos ■ Muitos parceiros poderiam ter tido um papel mais activo na implementação de projectos. ■ Apenas 10% dos fundos foram aplicados no desenvolvimento através da exploração das potencialidades endógenas da zona. ■ Os resultados do Programa não foram devidamente divulgados (falta de visibilidade). 6.3.2 Redes Regionais para o Emprego As Redes Regionais para o Emprego (RREs) são uma iniciativa do governo nacional, lançada em 1998. Constituem outro método para aumentar as acções concertadas em territórios com uma identidade social e económica coerente. As RREs também são um modelo de parcerias entre intervenientes públicos e privados. Através da parceria visam aproveitar ao máximo os recursos disponíveis para a região. As RREs reúnem serviços públicos administrativos descentralizados, municípios, associações profissionais e empresariais, associações de desenvolvimento, instituições de solidariedade social, escolas, centros de formação e empresas privadas. O Ministério da Segurança Social e do Trabalho (MSST) supervisiona as RREs em colaboração com os Ministérios das Finanças, da Educação e da Economia. 38 CONTEXTO POLÍTICO EM PORTUGAL As Redes Regionais para o Emprego actualmente abrangem todo o território continental português. Logo, qualquer parceria local de emprego deverá ter em conta as acções das RREs e procurar cooperar com elas. 6.4 Rede de Desenvolvimento Social A Rede de Desenvolvimento Social (RDS) cria oportunidades de inserção social e profissional para pessoas que enfrentam condições de vida precárias. Faz isso através do reconhecimento e da promoção do trabalho de redes locais de solidariedade social. A Rede está integrada no Plano Nacional para a Inclusão. 6.4.1 Os Programas Operacionais Regionais A política regional é apoiada sobretudo pelos Programas Operacionais Regionais do QCA. Estes programas incluem políticas descentralizadas de emprego ao nível local. Para além disso, alguns Programas Operacionais Regionais também definem políticas de desenvolvimento territorial, embora não especificamente concentradas na criação de emprego ao nível local. O Programa Operacional do Norte e o Programa Operacional do Alentejo são exemplos relevantes neste caso. 6.4.2 Políticas Regionais e Locais Descentralizadas nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira O Programa Operacional da Madeira (POPRAM) e o Programa Operacional dos Açores (PRODESA) são os principais instrumentos no âmbito da estratégia de desenvolvimento das duas Regiões Autónomas portuguesas. Estes programas integram um conjunto coerente e interligado de medidas que são apoiadas pelos Fundos Estruturais (FEDER, ESF, FEOGA e IFOP). Em particular, o PRODESA e o POPRAM incluem um conjunto de subsistemas de apoio vocacionados para o desenvolvimento do emprego ao nível local. Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal Estas duas Regiões Autónomas portuguesas são arquipélagos e por isso constituem territórios distintos a definir como alvos. Os municípios muitas vezes assumem um papel importante na implementação dos Programas Operacionais nestas Regiões Autónomas. São apoiadas por outros elementos dinâmicos a operar no âmbito da ou perto da administração municipal. 6.4.3 Pactos Territoriais para o Emprego Os Pactos Territoriais para o Emprego (PTEs) assentam numa abordagem territorial. São parcerias para o desenvolvimento do emprego ao nível sub-regional ou local. Três PTEs receberam financiamento comunitário, os do Norte Alentejano, do Vale do Sousa e da Marinha Grande. Estes três projectos-piloto têm características diferentes em termos de contexto socio-económico e em termos da natureza dos projectos apoiados. 39 CONTEXTO POLÍTICO EM PORTUGAL ■ O PTE do Vale do Sousa (Norte de Portugal) estava centrado em "Qualificação de Emprego e Sustentabilidade". Este PTE abordou problemas de emprego resultantes de infra-estruturas sociais fracas, escolaridade inadequada, taxas elevadas de desistência do ensino secundário, um sector de serviços débil e uma dependência excessiva em relação a indústrias de capacidade e de valor acrescentado reduzidos como o calçado, as confecções e o mobiliário em madeira. ■ O PTE da Marinha Grande (PTE-MG) visava criar oportunidades em empresas de tecnologia avançada. Isto a fim de reduzir a excessiva dependência do município em relação às indústrias do vidro e do plástico e de diversificar a economia local. ■ O PTE do Norte Alentejano abrangeu vários municípios na região menos desenvolvida do Alentejo. Esta região tem uma população envelhecida e uma taxa elevada de desemprego. Concentrou-se na promoção de actividades artesanais e do turismo local. Desta forma visou aproveitar as potencialidades da região em termos de crescimento endógeno. Todos os três PTEs reuniram diversos intervenientes incluindo entidades públicas e privadas, associações e ONGs. O Vale do Sousa foi provavelmente o PTE com mais sucesso a este respeito. Mesmo no PTE-MG (um PTE com uma área de intervenção mais restrita) um número importante de intervenientes locais uniu esforços para trabalhar em conjunto. No entanto, foi difícil envolver empresas privadas, bem como instituições financeiras nas parcerias do PTE, o que criou dificuldades na obtenção de financiamento de desenvolvimento para os projectos. PTE da Marinha Grande O PTE-MG foi particularmente inovador através dos seus projectos cruciais e das fortes sinergias existentes entre eles. Estes incluíram: Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal ■ Centro de Formação para a Indústria do Vidro e do Cristal; ■ Centro de Apoio à Criação de Empresas (CACE); e ■ Escola Profissional e Agência de Desenvolvimento, relacionadas com uma empresa de capital de risco. Outra inovação importante foi um novo processo de certificação para produtos artesanais. http://europa.eu.int/comm/regional_policy/innovation/innovating/pacts/en/list/pt_ma rinha.html Em termos globais, os principais resultados dos PTE portugueses foram o seu sucesso na criação de parcerias locais e no desenvolvimento de planos de acção coerentes. A sua experiência de trabalho em parceria proporciona um exemplo importante que outras regiões e localidades podem seguir. Também demonstraram como é que uma parceria pode desenvolver uma estratégia e um plano de acção coerentes, com base numa análise exaustiva das oportunidades e dos problemas na região ou na localidade. 40 CONTEXTO POLÍTICO EM PORTUGAL Os PTE portugueses também revelam alguns factores cruciais de sucesso para parcerias locais de emprego. ■ Identificar fontes de financiamento a longo prazo. O período de programação dos PTEs coincidiu com os últimos dois anos do Quadro Comunitário de Apoio 1994-1999, criando alguma incerteza quanto ao financiamento. ■ Desenvolver a capacidade financeira dos principais parceiros. Isto é necessário para receber financiamento e para o distribuir pela parceria e pelos seus projectos. ■ Criar um diálogo positivo com os ministérios governamentais relevantes. Os PTEs tiveram de desenvolver relações de trabalho com o Ministério do Equipamento, do Planeamento e da Administração do Território e com o Ministério do Trabalho e da Solidariedade. ■ Estar preparados para uma curva de aprendizagem acentuada. Não existia tradição anterior em Portugal de trabalho em parceria. Por isso os PTEs tiveram de dedicar tempo e recursos ao processo de aprendizagem. O PTE do Vale do Sousa e o PTE-MG mantêm alguma actividade, embora inferior àquela do período de financiamento comunitário. No entanto, os PTEs partilham muitas características comuns com as Redes Regionais para o Emprego (RREs), incluindo uma parceria alargada, uma estratégia integrada e uma tónica na dimensão local. As RREs são uma iniciativa nacional a funcionar no território continental português. Trabalharam a partir dos resultados dos PTEs e por isso podem ser uma importante fonte de informação e de práticas adequadas para outros intervenientes locais. Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal 41 ESTABELECER E GERIR UMA PARCERIA EM PORTUGAL 7. ESTABELECER E GERIR UMA PARCERIA EM PORTUGAL 7.1 Definir um território Uma parceria local deve definir o seu território de acordo com os seus objectivos e com os problemas que pretende abordar. Mas a experiência em Portugal indica que o nível sub-regional normalmente é o nível mais adequado para uma estratégia local de emprego. Por exemplo, as RREs têm estado sedeadas ao nível sub-regional, dentro de cada região continental. Cada RRE abrange vários municípios vizinhos que partilham uma identidade socio-económica comum. A formação das RREs tem tido em conta o reconhecimento consensual de problemas de emprego e de qualificação, a riqueza do tecido institucional e a capacidade de assegurar o desenvolvimento regional e local. Da mesma forma, o PTE do Norte Alentejo abrangia cerca de 16 municípios dentro da Região do Alentejo, abrangendo uma população de 138.000 habitantes. Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal Em contraste, o programa PIPPLEA não dependia de limites administrativos específicos. Em alternativa, a parceria definiu territórios-alvo em função de cada projecto, mas dentro do enquadramento geral do programa. Por isso os territórios-alvo variavam muito. Alguns projectos tinham como alvo uma única freguesia ou um grupo de freguesias. Outros definiam como alvo um município ou um grupo de municípios. 7.2 Encontrar espaço para uma parceria Como apontado anteriormente, a descentralização do desenvolvimento do emprego em Portugal é ainda relativamente recente. As parcerias locais de emprego ainda não estão amadurecidas. Ainda enfrentam restrições legais, técnicas e financeiras. Por isso, a curto prazo, irão continuar a depender de e a reflectir políticas e programas nacionais. No entanto, a política nacional e comunitária nos últimos anos tem apoiado parcerias locais de emprego. Em particular os fundos comunitários têm gerado novas oportunidades. Algumas parcerias conseguiram produzir resultados e impactos úteis. Os pontos fracos administrativos poderão ser menos problemáticos no futuro em consequência da descentralização continuada. Logo, é muito aconselhável que os promotores potenciais de iniciativas locais de emprego se baseiem em enquadramentos, programas e parcerias pré-existentes. Constituir uma parceria inteiramente informal ou autónoma continua a ser potencialmente difícil e arriscado. Mas sempre que possível, as parcerias locais de emprego deverão continuar a estabelecer capacidade a fim de beneficiar de oportunidades futuras resultantes da descentralização. 42 ESTABELECER E GERIR UMA PARCERIA EM PORTUGAL 7.3 Parceiros A descentralização está a envolver um conjunto mais alargado de intervenientes no desenvolvimento do emprego ao nível local. Estes intervenientes locais são a base sobre a qual diferentes tipos de parcerias podem ser estabelecidos. Incluem: ■ municípios e associações de municípios; ■ associações de desenvolvimento regional ou local; ■ parceiros sociais; e ■ organizações do sistema terciário. A administração pública é representada ao nível local através de uma rede de unidades locais. Isto é verdade em primeiro lugar para o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) cujas Delegações Locais de Emprego estão distribuídas por todo o território continental português. O Serviço Público de Emprego nas Regiões Autónomas também é organizado através de delegações locais, que por sua vez respondem perante cada governo regional. A experiência em Portugal revela dois tipos de intervenientes que são particularmente importantes para qualquer parceria local de emprego: ■ Intervenientes institucionais relacionados com centros de decisão política, como as CCDRs, o IEFP, municípios, freguesias e alguns serviços descentralizados do governo central sob a alçada de Ministérios. ■ Organizações do sistema terciário como as ONGs ou Instituições Privadas de Solidariedade Social (IPSSs). Dentro deste grupo, pode fazer-se uma distinção entre instituições cujo trabalho depende sobretudo de trabalho voluntário e instituições profissionais. Aquelas que dependem de trabalho voluntário muitas vezes enfrentam restrições financeiras, técnicas e de recursos humanos. As instituições profissionais têm a capacidade técnica e a experiência necessárias para receber financiamento nacional e comunitário. No entanto, algumas instituições profissionais poderão ter problemas de estruturas internas precárias e sustentabilidade financeira reduzida. Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal Embora as empresas do sector privado estejam presentes na maioria dos programas e projectos locais de desenvolvimento, a sua participação não é suficientemente activa ou autónoma. Em consequência, os processos de desenvolvimento local continuam a depender de financiamento público. O maior desafio para as parcerias locais de emprego em Portugal consiste em envolver as empresas e os empresários locais na sua actividade. A experiência de Portugal, como os PTEs e as RREs, indica que continua a ser difícil envolver empresas privadas em parcerias locais de emprego. Consequentemente, qualquer parceria ainda tem de se voltar para serviços de administração pública descentralizados regionalmente e ONGs para que tomem a iniciativa. Independentemente de quem toma a iniciativa, as parcerias devem tentar encontrar formas de envolver o mais possível o sector privado. 43 ESTABELECER E GERIR UMA PARCERIA EM PORTUGAL Parcerias RRE A composição de parcerias RRE foi ditada pelo enquadramento legal das RRE. Este determina que Serviços e Instituições de Administração Pública (ao nível central, regional ou local) e Instituições de Carácter Associativo participem nas RREs. Estes incluem: ■ municípios e associações de municípios; ■ sindicatos e associações empresariais; ■ associações de desenvolvimento local e escolas; ■ instituições de interesse público; e ■ gestores de empresas do tecido económico regional, etc. Embora a participação nas RREs seja muito variável, em todas as RREs está presente um elemento forte de Instituições Estatais, Municípios e IPSSs, em contraste com uma representação reduzida de empresas. Pacto Territorial para o Emprego do Norte Alentejano O PTE do Norte Alentejano atingiu um bom equilíbrio entre instituições públicas e associações sem fins lucrativos, tanto ao nível local como regional. Idealmente, as instituições financeiras e as empresas de capital de risco também deveriam ter sido parceiros. Esse tipo de parceiros poderia ter enriquecido o PTE com capacidade humana e técnica e teria aumentado as suas possibilidades de sustentabilidade financeira. Mas revelou-se difícil conseguir o envolvimento desse tipo de intervenientes. No entanto, o PTE obteve progressos importantes através do envolvimento de associações privadas. Estas conseguiram reforçar a parceria ao contribuir com uma 'perspectiva' do sector privado. Incluíram a: Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal ■ Associação de Artesãos no Norte Alentejano ■ Associação de Agricultores do Distrito de Portalegre ■ Associação para o Desenvolvimento em Espaço Rural do Norte Alentejano ■ Agrupamento de Produtores Agrícolas e Florestais do Norte Alentejano ■ Núcleo Empresarial da Região de Portalegre - Associação Empresarial 7.4 Gestão A experiência de Portugal indica que a eficácia de uma parceria depende em primeiro lugar de condições regionais e locais, como a participação eficaz de todos os parceiros. Mas a concepção de estruturas de gestão e de acompanhamento continua a ser importante. As parcerias RRE e PTE revelam um tipo possível de abordagem à gestão. Os dois tipos de parceria incluíram um órgão de coordenação apoiado por uma unidade técnica e um fórum regional ou local. Futuras iniciativas locais de emprego poderão optar por adoptar este tipo de estrutura coerente. 44 ESTABELECER E GERIR UMA PARCERIA EM PORTUGAL Redes Regionais de Emprego (RREs) A gestão de cada RRE consiste de três elementos. ■ Fórum Regional para o Emprego, que assegura acção estratégica concertada por toda a rede. Inclui todas as partes interessadas que assinam o protocolo de cooperação. ■ Núcleo de Coordenação responsável pelo estabelecimento e desenvolvimento da rede e constituído pelo Representante Regional do IEFP (i.e. o director da Direcção Regional do IEFP, que também é o presidente do Núcleo de Coordenação), os directores das delegações locais do IEFP e os representantes do Município e da CCDR regional. ■ Unidade de Apoio Técnico, a unidade executiva da rede que planeia projectos, organiza acções e mobiliza recursos. PTE do Norte Alentejano A coordenação geral do PTE-NA foi assegurada pela CCDR-Alentejo com o apoio da Direcção Regional do IEFP no Alentejo. O PTE-NA tinha a seguinte estrutura: ■ O Fórum, que envolvia todos os parceiros. Estes incluíam aqueles com um papel activo, como os promotores de projecto ou aqueles com um mero papel passivo como os consultores. ■ A Comissão Executiva, ou seja, todos os promotores de projecto, e ■ O Núcleo de Coordenação Técnica que envolveu dois representantes da CCDR e um representante do IEFP. As suas funções incluíam: 1. 2. 3. 4. 5. 6. diagnóstico da situação regional; definir objectivos e metas a ser alcançados; seleccionar, contactar e informar intervenientes cruciais; coordenar e supervisionar a implementação; apoio administrativo e logístico; e organizar reuniões da parceria. Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal 7.5 Apoio de outros níveis de governo O apoio quer de serviços regionais de administração pública, quer de serviços centrais de administração pública, juntamente com a cooperação do Serviço Público de Emprego, demonstrou ser muito valioso em iniciativas passadas. As RREs e os PTEs revelaram uma dinâmica particular à medida que davam azo a um conjunto de iniciativas localizadas relacionadas com serviços públicos locais. Estes incluem o Serviço Público de Emprego (o IEFP), que por si só implementa um conjunto de medidas para o emprego e a formação profissional ao nível local. No entanto, as ligações a ser estabelecidas no contexto de intervenções localizadas também poderão exigir uma cooperação estreita com outros serviços de administração pública localizados no território de intervenção, para além do Serviço Público de Emprego. De facto, os municípios e as freguesias têm desempenhado um papel cada vez mais relevante na definição e implementação de estratégias de desenvolvimento local. 45 ESTABELECER E GERIR UMA PARCERIA EM PORTUGAL O PTE do Norte Alentejano oferece experiência útil na criação de ligações com diferentes níveis de governo. PTE do Norte Alentejano O PTE desenvolveu ligações eficazes com os serviços de administração pública regionais descentralizados. Estes incluíam: ■ DRA-IEFP; ■ Direcção Regional de Educação - Alentejo; e ■ Direcção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural - Alentejo. As ligações do PTE com os Serviços Centrais de Administração Pública também foram cruciais. Estes serviços incluíam em particular a Direcção-Geral do Desenvolvimento Regional (DGDR) e a Direcção-Geral do Emprego e Formação Profissional (DGEFP). A DGEFP foi também o serviço que coordenou o lançamento do programa. Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal 46 IMPLEMENTAR A ESTRATÉGIA 8. IMPLEMENTAR A ESTRATÉGIA 8.1 Aferir as necessidades do território Ao aferir as necessidades de um território, as seguintes instituições podem fornecer informação importante sobre os programas e regulamentações em cada região do território continental português. ■ CCDR (anteriores CCR) ■ Delegações Regionais do IEFP ■ Instituto de Gestão dos Financiamentos Comunitários (IFC) - Madeira ■ Direcção Regional de Estudos e Planeamento (DREPA) - Açores Estas instituições possuem os dados ou os contactos necessários para apoiar a análise e o diagnóstico de: ■ condições gerais de mercado de trabalho; ■ necessidades territoriais e sociais; ■ oportunidades de investimento; e ■ formação profissional disponível. A uma escala menor, os seguintes contactos também são úteis para recolha de informação: ■ regiões e municípios, ■ a delegação local do Serviço Público de Emprego, ■ associações locais de desenvolvimento ou até instituições sociais ou humanitárias Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal ANIMAR A ANIMAR é uma federação de associações locais e regionais de desenvolvimento de todo o país. A ANIMAR oferece os contactos mais adequados em cada região, tanto para constituir parcerias futuras como para obter apoio para o lançamento de iniciativas locais. 47 IMPLEMENTAR A ESTRATÉGIA 8.2 Implementar a estratégia Programas como as Redes Regionais de Emprego (RREs) e os Pactos Territoriais de Emprego (PTEs) têm sido particularmente eficazes na promoção de novas parcerias de emprego ao nível local e na expansão daquelas já existentes. A sua experiência proporciona lições importantes sobre a implementação de estratégias locais de emprego em Portugal. Redes Regionais de Emprego (RREs) As RREs revelam que as parcerias locais em Portugal podem proporcionar benefícios através de: ■ ■ ■ ■ ■ partilha de experiência; melhoramentos na coordenação de projectos; melhor exploração de recursos escassos; acumulação de conhecimento e reflexão; promoção do desenvolvimento local; Mas as RREs também revelam que uma parceria local em Portugal irá enfrentar estes desafios: ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal gerar trabalho de equipa eficaz; lidar com burocracia e formalidades; mobilizar um número elevado de parceiros, mas mantendo a parceria viável; assegurar coordenação e articulação; desenvolver verdadeiro consenso; disponibilizar informação aos parceiros; e garantir apoio financeiro. Pacto Territorial para o Emprego do Norte Alentejano O PTE do Norte Alentejano abrangeu uma parte significativa do Alentejo, a região menos desenvolvida em Portugal. O PTE foi desenvolvido entre 1997 e 2001, assente em dois eixos de prioridades: ■ Eixo 1 - Turismo e Artesanato; e ■ Eixo 2 - Atracção de População e Desenvolvimento Empresarial. A fundamentação e os objectivos dos PTEs relativos ao apoio para parcerias locais continuaram para além do período de financiamento comunitário, através da sua integração noutros instrumentos políticos. Isto foi feito particularmente através do Programa Operacional para o Alentejo 2000-2006 e através da Acção Integrada no Norte Alentejano (Eixo 2 do PO). 8.3 Acompanhamento e avaliação Realizaram-se muitas avaliações de programas recentes em Portugal incluindo as RREs, os PTEs e outras intervenções europeias como a EQUAL, a LEADER+ e a INTERREG. Estas avaliações tiveram em conta efeitos quantificáveis. Mas também 48 IMPLEMENTAR A ESTRATÉGIA tiveram em conta outros efeitos que, embora não sendo quantificáveis, não deixam de ser importantes. As avaliações de iniciativas locais de emprego apoiadas por Fundos Estruturais comunitários salientam a importância de ponderar esse efeitos. Os Fundos Estruturais comunitários em Portugal As avaliações de programas de Fundos Estruturais em Portugal salientaram os resultados de iniciativas locais ao: ■ reforçar e mobilizar associações de desenvolvimento local e outros promotores de projectos; ■ fortalecer a capacidade desses intervenientes; ■ desenvolver projectos centrados numa localidade específica; ■ fortalecer a cultura de parceria no âmbito do desenvolvimento local de projectos; ■ entender a cultura de parceria como a forma através da qual a sociedade civil é mobilizada para o desenvolvimento do emprego ao nível local; ■ aproximar os serviços públicos das populações locais através de projectos e de redes de apoio (particularmente fora dos principais centros urbanos); ■ identificação ■ criar actividade local inovadora que possa ser reproduzida em diferentes contextos por diferentes agentes, contribuindo para formação, teste e divulgação de práticas adequadas; ■ criar redes local que abordem a exclusão social. de necessidades e de lacunas na intervenção através de uma abordagem ascendente; 8.4 Redes e divulgação O PTE do Norte Alentejano e o programa PIPPLEA proporcionam experiência útil na divulgação de resultados das suas actividades. Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal PTE do Norte Alentejano O Norte Alentejano divulgou a sua experiência através de: ■ um Boletim Informativo regular; ■ um site; ■ um vídeo promocional; ■ seminários e conferências; ■ brochuras promocionais; ■ feiras temáticas; ■ campanhas na imprensa; e ■ materiais promocionais como canetas, blocos de notas, etc. 49 IMPLEMENTAR A ESTRATÉGIA PIPPLEA Todos os promotores no âmbito do programa PIPPLEA realizaram uma divulgação intensiva dos seus projectos. Os métodos de divulgação incluíram: ■ ■ ■ ■ materiais publicados e brochuras; apresentações públicas; comunicados de imprensa; e brochuras promocionais. Em termos gerais, a experiência em Portugal sugere que os materiais publicados e as apresentações públicas são os meios mais eficazes de divulgar informação sobre projectos. Também são eficazes no que toca à aproximação das populações-alvo. Os 'Serviços de Informação' são outro método eficaz de divulgação que foi testado em Portugal. Por exemplo, o SinPME - Serviço de Informação à Micro e Pequena Empresa é um serviço especial prestado pelo IAPMEI (Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento) a fim de facilitar o aceso de PME a informação fundamental (incentivos e programas, legislação, contactos importantes, etc.). Os serviços de informação são apoiados por uma rede de delegações regionais, promovida pelo IAPMEI ou por outras entidades com um acordo (protocolo) com o IAPMEI. O SinPME também dispõe de uma linha telefónica de assistência a PMEs. Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal 50 ACESSO A FINANCIAMENTO 9. ACESSO A FINANCIAMENTO 9.1 Fontes de financiamento O PNE é a fonte de informação mais útil sobre possíveis fontes de financiamento. Descreve as várias políticas e programas a funcionar em Portugal. O quadro abaixo apresenta alguns dos instrumentos mais relevantes para o desenvolvimento do emprego ao nível local. Os PNEs para Portugal estão disponíveis no site Europa: http://europa.eu.int/comm/employment_social/employment_strategy/ Instrumentos PNE para apoio directo ou indirecto ao desenvolvimento local: Directriz PNE Instrumentos 8 Reduzir significativamente as despesas gerais e administrativas das empresas ■ 9 Incentivar o acesso a actividades empresariais ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ 10 Novas oportunidades de emprego na sociedade do conhecimento e nos serviços ■ ■ ■ 11 Acção regional e local em prol do emprego ■ ■ ■ ■ ■ 12 Reformas fiscais ao serviço do emprego e da formação ■ ■ ■ Centros de Formalidades de Empresas (CFEs rede nacional com 7 centros já em funcionamento) Gabinetes de Investimento Serviço de Informação à Micro e Pequena Empresa (SinPME) Centros de Apoio à Criação de Empresas (CACEs) "Ninhos" de Empresas Sistema de Incentivos a Pequenas Iniciativas Empresariais (SIPIE) Sistema de Incentivos à Modernização Empresarial (SIME) Programa de Estímulo à Oferta de Emprego (PEOE) Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal Sistema de Incentivos a Produtos Turísticos de Vocação Estratégica (SIVETUR) Sistema de Incentivos a Projectos de Urbanismo Comercial (URBCOM) Apoio a Projectos Integrados Turísticos de Natureza Estruturante de Base Regional (PITER) Planos Regionais de Emprego (PREs) Redes Regionais para o Emprego (RREs) Mercado Social de Emprego (MSE) Programa de Desenvolvimento Cooperativo (PRODESCOOP) Apoio ao investimento em iniciativas locais visando a criação directa de empregos Incentivo fiscal para empresas que promovam o emprego domiciliário de pessoas com deficiência Incentivo fiscal para micro e pequenas empresas Isenção de IRC para micro e pequenas empresas 51 ACESSO A FINANCIAMENTO Alguns destes instrumentos, como o Programa de Estímulo à Oferta de Emprego (PEOE) estão contidos no âmbito dos Programas Operacionais Regionais. O Programa ILE (Iniciativas Locais de Emprego) é uma medida exemplar abrangida pelo PEOE. O Programa ILE - Iniciativas Locais de Emprego O Programa ILE teve origem numa iniciativa da OCDE em 1986. A política da UE relativa ao desenvolvimento local e à criação de emprego também influenciou a sua concepção. Os seus principais objectivos são a promoção e o reforço de projectos de criação de emprego, bem como o estímulo à sinergia e ao dinamismo do desenvolvimento local. O Programa ILE sofreu diversas alterações desde a sua criação e agora está integrado no âmbito do Programa de Estímulo à Oferta de Emprego ou PEOE (www.iefp.pt). Actualmente apoia projectos de criação de emprego para trabalhadores por conta própria e para empresas com menos de 20 trabalhadores. Isto é feito sob condição de que pelo menos 50% dos participantes estejam desempregados actualmente. Os projectos podem ascender a €150.000. As iniciativas locais deverão estar orientadas para actividades económicas definidas no seu enquadramento legal. Através do Programa ILE, são concedidos três tipos de apoio: Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal ■ subsídios de criação de emprego equivalentes a 18 vezes o salário mínimo por cada posto de trabalho criado e preenchido; ■ subsídios de investimento equivalentes até 40% do investimento total ou €12.500 por cada posto de trabalho criado; ■ fundos especiais para iniciativas que não cumpram o requisito de ter 50% dos participantes desempregados actualmente e de apoiar actividades económicas definidas pelo enquadramento legal; nestes casos o ILE oferece empréstimos isentos de juros equivalentes até 40% do capital investido (máximo €50.000). O apoio do ILE pode ser aumentado se os trabalhadores desfavorecidos forem definidos como alvo. O Programa ILE também fornece apoio técnico ao nível da gestão de iniciativas e de empresas. As entidades empregadoras que recebam apoio são obrigadas a manter quaisquer novos postos de trabalho durante um período de 4 anos. 9.2 Contactos úteis 9.2.1 Contactos UE Organização Site Europa Direcção-Geral do Emprego e Assuntos Sociais Desenvolvimento local http://europa.eu.int http://europa.eu.int/comm/employment_social EQUAL 52 http://europa.eu.int/comm/employment _social/local_employment/index_en.htm http://europa.eu.int/comm/employment _social/equal/index_en.html ACESSO A FINANCIAMENTO Artigo 6 http://europa.eu.int/comm/employment _social/esf2000/article_6-en.htm Direcção-Geral de http://europa.eu.int/comm/regional_policy Política Regional FEDER http://europa.eu.int/comm/regional_ policy/funds/prord/prord_en.htm FSE http://europa.eu.int/comm/regional_ policy/funds/prord/prords/prdsb_en.htm URBAN II http://europa.eu.int/comm/regional_ policy/urban2/index_en.htm Política 2007-13 http://europa.eu.int/comm/regional_ policy/debate/forum_en.htm Leader + http://europa.eu.int/comm/agriculture/ rur/leaderplus/index_en.htm Eurostat http://europa.eu.int/comm/eurostat Rede de Regiões Inovadoras www.innovating-regions.org da Europa (IRE) 9.2.2 Contactos portugueses Organização Site Ministério da Segurança Social e do Trabalho Ministério da Economia Ministério das Cidades, do Ordenamento do Território e do Ambiente Comissão de Coordenação Regional - Norte Comissão de Coordenação Regional - Centro Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional Direcção Regional de Estudos e Planeamento - Açores Instituto de Gestão dos Financiamento Comunitários (Madeira) Direcção Regional de Planeamento e Finanças (Madeira) Comissão de Gestão do QCA III Instituto de Gestão do Fundo Social Europeu Comissão do Mercado Social de Emprego Departamento de Prospectiva e Planeamento Direcção-Geral das Autarquias Locais Direcção-Geral do Desenvolvimento Regional Direcção-Geral de Estudos e Previsão Direcção-Geral de Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano Gabinete de Estudos e Prospectiva Económica Observatório do Emprego e Formação Profissional Programa Operacional do Emprego, Formação e Desenvolvimento Social Programa Operacional da Economia Gabinete de Gestão do EQUAL www.msst.gov.pt www.min-economia.pt www.ambiente.gov.pt www.ccr-n.pt www.ccr-c.pt www.ccr-alg.pt www.drepa.raa.pt [email protected] Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal [email protected] www.qca.pt www.igfse.pt www.cmse.gov.pt www.dpp.pt www.dgaa.pt www.dgdr.pt www.dgep.pt www.dgotdu.pt www.gepe.pt www.oefp.iefp.pt www.poefds.pt www.poe.min-economia.pt www.equal.mts.gov.uk 53 ACESSO A FINANCIAMENTO Organização Site Instituto do Emprego e Formação Profissional Instituto do Desenvolvimento Rural e Hidráulica Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local Gabinete de Lisboa www.iefp.pt Programa CFEs, Gabinetes de Investimento, SimPME [email protected] [email protected] [email protected] Dados de Contacto Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento (IAPMEI) www.iapmei.pt www.cfe.iapmei.pt SIPIE, SIME, URBCOM, SIVETUR, PITER Programa de Incentivos à Modernização da Economia (PRIME) www.prime.min-economia.pt PREs; RREs; PEOE, PRODESCOOP Instituto do Emprego e Formação e outros esquemas de apoio ao Profissional (IEFP) investimento em iniciativas locais visan Departamento de Emprego do a criação directa de emprego www.iefp.pt CACEs IEFP - Delegação Regional do Norte www.iefp.pt IEFP - Delegação Regional do Centro www.iefp.pt Pactos Territoriais de Emprego http://europa.eu.int/comm/regional_policy/ innovation/innovating/pacts/en/list/pt.html Manual Prático sobre Desenvolvimento de Estratégias Locais de Emprego em Portugal 54