UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CAMPUS DO ARENITO
NIZARETH FENNER DA ROCHA
EFEITO DA APLICAÇÃO DA TORTA DE FILTRO SOBRE A
PRODUTIVIDADE E CARACTERES MORFOLÓGICOS DO
MILHO E NOS ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO
CIDADE GAÚCHA-PR
SETEMBRO – 2009
NIZARETH FENNER DA ROCHA
EFEITO DA APLICAÇÃO DA TORTA DE FILTRO SOBRE A PRODUTIVIDADE E
CARACTERES MORFOLÓGICOS DO MILHO E NOS ATRIBUTOS FÍSICOS DO
SOLO
Orientadora: Profª. M.Sc. Daiane Cristina Lenhard
Trabalho de conclusão de curso
apresentado à Universidade Estadual de
Maringá, como parte das exigências do
curso de Engenharia Agrícola para
obtenção do título de Engenheira Agrícola.
CIDADE GAÚCHA – PR
SETEMBRO – 2009
NIZARETH FENNER DA ROCHA
EFEITO DA APLICAÇÃO DA TORTA DE FILTRO SOBRE A PRODUTIVIDADE E
CARACTERES MORFOLÓGICOS DO MILHO E NOS ATRIBUTOS FÍSICOS DO
SOLO
Trabalho de conclusão de curso
apresentado à Universidade Estadual de
Maringá, como parte das exigências do
curso de Engenharia Agrícola para
obtenção do título de Engenheira Agrícola.
APROVADO: 10 de setembro de 2009.
________________________________
_______________________________
Prof. Dr. Marcelo Augusto Batista
Prof. Dr. Edmar Soares de Vasconcelos
Examinador
Examinador
_______________________________
Profª. M.Sc. Daiane Cristina Lenhard
Orientadora
ii
A Deus que me permitiu viver para lutar e
vencer, meu fiel amigo e companheiro, fortaleza
e meu refúgio. À minha família, pelo apoio e
força para seguir em busca do conhecimento,
pelo incentivo em seguir em frente, e ao meu
noivo pela força e compreensão.
Dedico.
iii
AGRADECIMENTOS
À Universidade Estadual de Maringá, Campus do Arenito, pela oportunidade da
realização do curso de Engenheira Agrícola.
À professora Doutora Maritane Prior, por sua dedicação e ensinamento durante a
realização do experimento.
À professora Daiane Cristina Lenhard pelo auxílio e orientação.
Aos colegas de curso, Fernanda, Maria Silvana, Alessandra, Elton e Adriano, pela
amizade e ajuda que prestaram durante os cinco anos.
A todos os funcionários da Universidade Estadual de Maringá, Campus do Arenito de
Cidade Gaúcha que de alguma forma contribuíram para a realização do projeto.
À minha família pelo seu apoio e força.
A todos que de alguma forma contribuiu para minha formação.
iv
SUMÁRIO
Página
Lista de figuras .......................................................................................................................vi
Lista de tabelas...................................................................................................................... vii
Resumo ................................................................................................................................ viii
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 1
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................ 3
2.1 A cultura do milho ............................................................................................................. 3
2.2 O uso da torta de filtro ...................................................................................................... 4
2.3 Características físicas do solo: densidade, teor de água, limites de liquidez e
plasticidade............................................................................................................................. 5
2.4 Efeito da aplicação de substrato: matéria orgânica.......................................................... 7
3 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................... 9
3.1 Descrição da área............................................................................................................. 9
3.2 Caracterização do solo ..................................................................................................... 9
3.3 Demarcação das parcelas .............................................................................................. 10
3.4 Análise da torta............................................................................................................... 10
3.5 Insumos Agrícolas .......................................................................................................... 11
3.5.1 Sementes..................................................................................................................... 11
3.5.2 Defensivos ................................................................................................................... 11
3.6 Controle de plantas daninhas ......................................................................................... 12
3.7 Tratamentos.................................................................................................................... 12
3.8 Parâmetros avaliados da cultura .................................................................................... 12
3.8.1 Altura de plantas.......................................................................................................... 13
3.8.2 Diâmetro do colmo....................................................................................................... 13
3.9 Produtividade.................................................................................................................. 13
3.10 Características físicas do solo avaliadas...................................................................... 13
3.10.1 Teor de água do solo................................................................................................. 14
3.10.2 Densidade do solo ..................................................................................................... 15
3.10.3 Determinação do limite de plasticidade ..................................................................... 16
3.10.4 Determinação do limite de liquidez............................................................................ 18
3.10.5 Índice de plasticidade ................................................................................................ 19
3.11 Análise estatística dos dados ....................................................................................... 20
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................... 21
5 CONCLUSÕES.................................................................................................................. 25
v
6 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 26
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura
Página
1. Coleta da amostra do solo para a densidade do cilindro: área para do coleta do solo (a),
coleta do solo (b), remoção do anel volumétrico do solo (c), uniformização do solo no
anel volumétrico (d), balança de precisão (e), solo seco em estufa à 105ºC por 24 horas
(f), realizadas no Campus do Arenito em Cidade Gaúcha, ano de 2009. ..................... 15
2. Densidade do solo: material utilizado para a coleta do solo (a), cilindro utilizado em todas
as parcelas do experimento (b), realizada no Campus do Arenito em Cidade Gaúcha,
ano de 2009. .................................................................................................................. 16
3. Solo amostrado para a determinação do limite de plasticidade: Solo destorroado (a), solo
destorroado passado na peneira (b), solo saturado (c), parte do solo saturado (d),
formando o bastonete com o solo (e), amostra do bastonete para levar à estufa (f),
bastonete seco em estufa á 105ºC por24 horas (g), realizada no Campus do Arenito em
Cidade Gaúcha, ano de 2009. ....................................................................................... 17
4. Método de Casagrande para determinação do limite de liquidez: aparelho de Casagrande
(a), .aplicação do solo na concha (b), ranhura no solo com o bicel (c), golpes no solo
(d), amostra do solo seco em estufa à 105ºC por 24 horas (e), realizado no Campus do
Arenito em Cidade Gaúcha, ano de 2009...................................................................... 19
vii
LISTA DE TABELAS
Tabela
Página
1. Análise Granulométrica do solo realizada em Maringá, ano de 2009. .................................9
2. Resultados da análise química da torta de filtro realizada em Maringá, ano de 2009. ......10
3. Resultados da análise química da torta de filtro realizada em Maringá, ano de 2009. ......11
4. Especificações dos tratamentos utilizados no experimento realizado o Campus do Arenito
em Cidade Gaúcha, ano de 2009. ..................................................................................12
5. Classificação da consistência do solo de acordo com o índice de plasticidade.................20
6. Resumo da análise de variância das variáveis para altura de plantas aos 58 DAS (cm),
diâmetro do colmo (cm), produtividade (kg ha-1) da cultura do milho e densidade do solo
(g.cm3) em Cidade Gaúcha, ano de 2009 ......................................................................21
7. Resultados médios de altura de plantas aos 58 DAS (cm), diâmetro do colmo (cm),
produtividade (kg ha-1) e densidade para área com a cultura do milho sob diferentes
doses de N aplicado no solo via torta de filtro em Cidade Gaúcha, ano 2009 ...............22
8. Resultados de teor de água do solo (%), do limites de liquidez, limites de plasticidade e
índice de plasticidade, para área com a cultura do milho sob diferentes doses de
aplicação de torta de filtro para área com a cultura do milho sob diferentes doses de
aplicação de torta de filtro em Cidade Gaúcha, ano de 2009.........................................23
viii
RESUMO
A incorporação no solo de subprodutos agroindustriais da cana-de-açúcar influencia
positivamente as condições físico-químicas, e também no desenvolvimento do milho. O
objetivo do trabalho foi analisar os efeitos da aplicação de diferentes quantidades de torta de
filtro sob a cultura do milho analisando a sua produtividade e caracteres morfológicos em um
Latossolo Vermelho distrófico de classe textural areia franca analisando os efeitos nos
atributos físicos do solo. O experimento foi realizado no Campus do Arenito da Universidade
Estadual de Maringá-UEM, no município de Cidade Gaúcha. A área foi demarcada em 20
parcelas com 4x5 m, sendo incorporada ao solo as quantidades de 0,0, 60, 120, 150 e 200 kg
ha-1 de N aplicado via torta de filtro o experimento teve 4 repetições. Durante o ciclo da
cultura foram retirados dados, da altura de plantas e diâmetro de colmo e foi determinada a
produtividade. Foram realizadas coletas de solo para a determinação da densidade, teor de
água e limite de liquidez e plasticidade do solo, para comparação das características físicas.
Foi usado delineamento inteiramente casualizado para implantar o experimento. As diferentes
doses de torta de filtro avaliadas não tiveram influencia sobre a produtividade e as
características morfológicas do milho e nem nos atributos físicos do solo. Isto se deu,
possivelmente, ao curto período de tempo da aplicação da torta ao solo até a necessidade de
nutriente disponível para a planta, esse período possivelmente não foi suficiente para a
mineralização do N e disponibilização do mesmo.
1
1 INTRODUÇÃO
Em 2008, no Brasil foram produzidos cerca de 571 milhões de toneladas de canade-açúcar e a produtividade alcançou 81,5 ton ha-1. Foram gerados 12 milhões de toneladas
de torta de filtro, o que equivale a 5 ton ha-1 (PORTAL DO AGRONEGÓCIO, 2009, (b)).
A cana-de-açúcar é responsável por 58% do volume global de restos culturais e
resíduos industriais como, a torta de filtro, bagaço e a vinhaça. A produção média de torta
de filtro é de 30 quilos por tonelada de cana moída, esse resíduo é utilizado como
complemento de adubação mineral (VALLEJO, 2006).
A torta de filtro é resultado da clarificação do caldo nas moendas, nesse processo o
caldo aquecido recebe uma solução de hidróxido de cálcio e enxofre, o que favorece o
aumento do pH possibilitando a floculação das substâncias orgânicas coloidais. Esse caldo
clarificado e limpo é evaporado para produzir o açúcar, e o lodo, formados pelos compostos
insolúveis após um período de decantação, e segue para a filtração a vácuo. O lodo se
mistura com o bagaço da cana bem fino e moído, que dá origem à torta de filtro (BUSATO et
al., 2009).
A torta de filtro apresenta uma concentração de 1,2 a 1,8 % de fósforo e cerca de
70% de umidade, tem alto teor de cálcio e quantidades consideráveis de micronutrientes. A
torta de filtro é produzida de 2,5 a 3,5% da cana moída, apresentando elevados teor de
umidade, teor de matéria orgânica, fósforo, cálcio, magnésio e nitrogênio elevados
(ROSSETTO e SANTIAGO, 2007).
A incorporação no solo de subprodutos agroindustriais da cana-de-açúcar pode
influenciar positivamente as suas condições físico-químicas. Os atributos físicos e químicos
do solo podem variar em função dos diferentes teores do subproduto agroindustrial. Na
cultura do milho a aplicação de torta de filtro pode melhorar seu crescimento, e a
produtividade da cultura.
A cultura do milho tem grande importância para o agronegócio no Brasil, serve de
base para a sustentação de pequenas propriedades, sendo também uma das principais
culturas brasileira, e no uso na rotação de culturas (TEIXEIRA, 2004).
É utilizado como alimento humano ou como ração animal. Os maiores produtores de
milho são os Estados Unidos e o Brasil. O Estado de São Paulo e o Paraná são os maiores
responsáveis pela produção de milho brasileira. O milho também é utilizado na produção de
óleo, na Europa o uso do milho é para a produção do etanol que é utilizado como
combustível, o que tem encarecido seu uso para a alimentação (WIKIPÉDIA, 2009).
No Brasil o milho tem um grande potencial produtivo, comparado por produtividades
de 10 e 7 t ha-1 de grãos e forragens, com o emprego de tecnologia adequada, sendo que a
2
produção de milho é muito baixa, de 2,0 a 3,0 t.ha-1 de grãos e 10,0 a 45,0 t.ha-1 de massa
verde. O milho tem maior exigência de nitrogênio, potássio, cálcio, magnésio e fósforo,
enquanto que os micronutrientes são pouco absorvidos pela cultura (CHRISTMANN, 1999).
Segundo os dados da Compainha Nacional de Abastecimento (CONAB) o Estado do
Paraná é o maior produtor de milho, com uma área de 1,37 milhões de hectares e, com uma
produção de 9,6 milhões de toneladas em 2007/08, (FAEP, 2008).
Segundo dados do levantamento do Departamento de Economia Rural (2007) o milho
ocupa na região noroeste 1% da área estimada para a safra de 2007/08 que é de quase 17
mil hectares (PORTAL DO AGRONEGÓCIO, 2007, (a)).
A recomendação da adubação nitrogenada em cobertura para a cultura do milho de
sequeiro, varia de 40 a 70 kg de N.ha-1. Quase todo o nitrogênio do solo se faz presente na
forma orgânica, sendo que o desenvolvimento de absorção dos nutrientes é afetada pelo
clima, cultivares e sistemas de cultivo, pode-se dizer que os nutrientes são absorvidos
durante todo o ciclo (COELHO e FRANÇA, 2009).
O responsável pela produtividade baixa do milho, é principalmente a fertilidade do
solo, pela baixa quantidade de nutrientes ele se torna pobre, por uso inadequado de calagem
e adubação com nitrogênio e potássio. A planta absorvendo os nutrientes que estão
incorporados no solo irá devolver grande parte desses nutrientes para o solo, principalmente
o cálcio e o potássio que estão contidos na palhada.
Devido a produção de açúcar e álcool que gera uma grande quantidade de resíduos e
para que esses resíduos não sejam descartados, podem ser aproveitados como adubação
no solo, pois com o uso desse resíduo pode-se observar melhor desempenho das culturas,
por ser rico em matéria orgânica, Ca, P, N e principalmente o Fe, além de melhorar a
estrutura do solo.
A cultura do milho depende do preparo do solo, e de adubações. A incorporação de
resíduos agroindustriais no solo, pode contribuir para que se possa obter uma quantidade de
nutrientes ao solo que é recomendada pela cultura e, que não seja de maneira supérflua,
sendo que a planta irá absorver somente o que ela necessita para o bom desenvolvimento da
cultura, melhorando também as propriedades físicas e químicas do solo. A falta de
informação sobre a quantidade adequada de aplicação do uso da torta de filtro, limita o
produtor ao uso.
Considerando a grande quantidade de resíduos gerados na produção de açúcar e
álcool e considerando as produtividades observadas na torta de filtro, que contém elevada
carga orgânica, os nutrientes Ca, P, N e Fe, este trabalho tem o objetivo analisar os efeitos
da aplicação de diferentes quantidades de torta de filtro sob a cultura do milho analisando a
sua produtividade e caracteres morfológicos em um Latossolo Vermelho distrófico de classe
textural areia franca analisando os efeitos nos atributos físicos do solo.
3
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 A cultura do milho
O milho é um cereal cultivado em grande parte do mundo. É utilizado como alimento
humano ou como ração animal. Os maiores produtores de milho são os Estados Unidos e o
Brasil. O Estado de São Paulo e o Paraná são os maiores responsáveis pela produção de
milho brasileira. No Brasil 65% do milho é utilizado na alimentação animal e 11% é
industrializado. O milho também é utilizado na produção de óleo, na Europa o uso do milho
é para a produção do etanol que é utilizado como combustível, o que tem encarecido seu
uso para a alimentação (WIKIPÉDIA, 2009).
De acordo com Rodrigues (2008) o milho é também conhecido como Zea mays –
“Zea” vem do grego “grão” e “mays” é uma referência ao povo maia. Atualmente o milho é a
terceira cultura mais cultivada do mundo. Abre-se um espaço para o Brasil se tornar o
grande exportador do cereal. Em 2006/07 o Brasil exportou 10,9 milhões de toneladas,
espera-se que em 2008 este recorde se repita ou, até se aproxime a 12 milhões de
toneladas.
No Brasil a produção de milho se caracterizou pelo cultivo em duas épocas de
semeadura, de verão ou primeira safra e safrinha ou segunda safra. A cultura do milho
ocupou em 2006 uma área de 12,9 milhões de hectares, com uma produção de 4 milhões
de toneladas de grãos, com um rendimento médio de 3.198 kg ha-1 nesta safra. Muitas
vezes o milho é semeado no período chuvoso devido à necessidade de água que é de 30%,
que será definida pelas condições físico-hídrico do solo. Se a temperatura e a umidade do
ar estiverem adequadas, a emergência acontece em 4 a 5 dias após a semeadura
(EMBRAPA, 2006).
Queiroz et al. (2007), avaliaram a influência de algumas leguminosas perenes nos
teores de 60 kg ha-1 de N, 60 kg ha-1 de P e 40 kg ha-1 de K e, na produtividade do milho
cultivado sem adubação fosfatada. As leguminosas e a adubação NPK não apresentaram
um efeito positivo no índice de espigas da cultura do milho, e gerou menor massa de grãos.
As características fitotécnicas do milho apresentaram um aumento durante o segundo ciclo
de cultivo, pela eficiência hídrica acontecida durante o florescimento da cultura do milho, no
primeiro ciclo de cultivo.
De acordo com Coelho et al. (2002) quanto ao consumo de nutrientes, para uma
produtividade de 3,65 t.ha-1, a cultura do milho extrai uma quantidade de nutrientes de 9 kg
ha-1 de P, 10 kg ha-1 de Ca e Mg, 77 kg ha-1 de N e 83 kg ha-1 de K.
4
2.2 O uso da torta de filtro
Segundo Busato et al. (2009) no processo de fabricação do açúcar, cada tonelada de
cana processada gera em média 30 kg de torta de filtro, resultado da clarificação do caldo
nas moendas. Nesse processo o caldo aquecido recebe uma solução de hidróxido de cálcio
e enxofre, o que favorece o aumento do pH possibilitando a floculação das substâncias
orgânicas coloidais. Esse caldo clarificado e limpo é evaporado para produzir o açúcar, e o
lodo, formados pelos compostos insolúveis após um período de decantação, e segue para a
filtração à vácuo. O lodo se mistura com o bagaço da cana bem fino e moído, que dá origem
à torta de filtro. Em regiões de produção de açúcar no Brasil, agricultores fertilizam o solo
somente com a torta de filtro, reduzindo os custos com a produção. Em função da
concentração de nutrientes na torta, ela tem condições específicas de substituir a aplicação
de fertilizantes fosfatados quando utilizada em doses maiores que 20 mg ha-1.
Segundo Orlando Filho et al. (1983) citados por Rodrigues et al. (2005) a torta de
filtro é um resíduo proveniente da filtragem a vácuo da mistura de lodo dos decantadores
com bagacinho, no processo de produção de açúcar. O resíduo é rico em matéria orgânica,
cálcio, fósforo e nitrogênio, dos micronutrientes, o ferro é mais encontrado. Este subproduto
é utilizado em áreas cultivadas com cana-de-açúcar, principalmente em solos arenosos.
O uso da torta de filtro prepara um efeito positivo em relação à nutrição da planta e
as propriedades físicas do solo. A aplicação da torta de filtro apresenta resultados em
relação ao crescimento e produção do algodoeiro BRS Marrom, as condições do solo
apresentam uma influência devido seu efeito nutricional. As doses que mais influenciaram
foram de 62, 53 e 54 t ha-1, melhorando as propriedades físicas do solo, sendo que o uso de
62 t ha-1 de torta de filtro de cana-de-açúcar permitiu o alcance das melhores produtividades
e crescimento em altura do algodoeiro BRS Marrom (PEREIRA et al., 2005).
Leite e Silva (2009) analisando diferentes sombreamentos e dose de torta de filtro na
produção de mudas de cedro, verificaram que a aplicação da torta de filtro como substrato
teve um resultado positivo na altura das plantas.
Nardin (2007) observou que a aplicação de torta de filtro não apresentou diferença
no perfilhamento e emergência das variedades de cana-de-açúcar (SP89-1115 e IAC873396), mas tem efeito varietal para emergência mais rápida na variedade SP89-1115,
independente da aplicação da torta de filtro. A torta de filtro não promoveu maior
aprofundamento do sistema radicular, e não influenciou o aumento na produtividade.
De acordo com Morgado (2000) o uso de resíduos agroindustriais, como o bagaço da
cana, torta de filtro e casca de coco melhoram o desenvolvimento da cana-de-açúcar.
Segundo o autor na aplicação de torta de filtro em cana-de-açúcar com o tratamento 70%
5
bagaço de cana mais 30% de torta de filtro se obteve melhor resultado, devido sua maior
quantidade de nutrientes.
De acordo com Matzner (1992) e Dabraval’Skii (1997) citados por Belai (2006) os
resíduos da cana-de-açúcar são ricos em nutrientes, portanto podem melhorar as
características físico-químicas do solo. A matéria orgânica do solo tem uma propriedade
importante que é sua capacidade de formar complexo e quelatos com íons metálicos do
solo, nutrientes ou tóxicos, podendo controlar sua disponibilidade para as plantas.
2.3 Características físicas do solo: densidade, teor de água, limites de liquidez e
plasticidade
De acordo com Kay e Angers (1999) citados por Dufranc (2004) as características do
solo que determinam sua estrutura estão ligadas à textura, mineralogia das argilas, matéria
orgânica, ao material inorgânico não cristalino, à composição dos fluídos do meio poroso, às
plantas e organismos do solo, e a profundidade do perfil do solo.
Segundo Albuquerque et al. (1995) citados por Costa et al. (2003) a qualidade física
do solo pode ser afetada devido ao sistema de manejo em que a maior parte das causas
depende do tempo, uso do solo e das condições climáticas. A estrutura é uma propriedade
sensível ao manejo em meio a propriedade física do solo, podendo analisar sua qualidade
segundo sua forma.
Segundo Kiehl (1979) densidade aparente é a semelhança entre a massa da
amostra de um solo seco a 110ºC e a soma de volumes que as partículas do solo ocupa.
Geralmente a densidade aparente aumenta com a profundidade do solo, onde as camadas
superiores causam uma pressão sobre as camadas abaixo, provocando a compactação e
diminuindo a porosidade. A eluviação também diminui os espaços de poros e o aumento da
densidade na camada do solo, devido a movimentação do material fino dos horizontes
superiores e inferiores. Pode-se afirmar que quanto maior a densidade aparente maior será
a compactação, menor a estruturação, a porosidade total e, maior será a limitação para o
crescimento e desenvolvimento da planta.
De acordo com Sengik (2005) o manejo incorreto do solo pode provocar a
compactação, alterando sua estrutura e consequentemente sua densidade aparente. A
determinação da densidade aparente do solo permite avaliar suas propriedades como a
drenagem, a condutividade hidráulica, a permeabilidade ao ar e a água, a capacidade de
saturação, nos proporcionando informações sobre o manejo atual do solo. Para reduzir o
valor da densidade aparente é recomendado o uso de resíduos orgânicos e um bom manejo
6
do solo. A aração com um bom teor de umidade contribui para a agregação do solo e
também a manutenção e incorporação de restos de cultura no solo.
Schmitz et al. (2002) avaliaram as características químicas e físicas de cinco
materiais, estudaram as propriedades químicas e físicas do substrato mineral e orgânico. A
formulação solo+areia aumentou a densidade seca devido ao acordo que acontece entre as
partículas e espaço de poros dos materiais. O solo e a areia apresentaram valor de pH
próximo ou dentro da faixa 5,8 – 6,3.
Tormena et al. (2000) avaliando a densidade do solo com diferentes preparos no
cultivo da mandioca, verificaram que ocorre uma ação entre as camadas do solo e o
tratamento. O que mostra os efeitos do implemento na fração dos agregados criando poros
no sistema preparo mínimo e preparo convencional, esses sistemas proporcionaram
aumento na porosidade do solo em relação ao plantio direto, na microporosidade teve
aumento no plantio direto e preparo convencional devido à densidade do solo ter
aumentado.
Segundo Silva et al. (2005) o revolvimento na estrutura do solo provoca, distribuições
de tamanho dos poros e teor de carbono orgânico, alteram a distribuição e a retenção de
água no solo. O preparo do solo modifica também a rugosidade superficial com aplicação de
resíduos vegetais causando diminuição de infiltração e a evaporação da água do solo. Outro
fator que influencia na retenção de água é a granulometria e a constituição do solo, fatores
que permite a solos argilosos uma maior retenção de água com alto teor da matéria
orgânica.
De acordo com Klein et al. (2006) para determinar o volume de água no solo
disponível para as plantas deve-se quantificar o teor de água do solo (TAS), a capacidade
de campo (CTC) e o ponto de murcha permanente (PMP).
Plasticidade é a propriedade do solo fino que consiste em uma maior ou menor
capacidade de ser moldado sob certas condições de umidade. As partículas que
apresentam a plasticidade são os argilo-minerais, as micas e os humos. No limite de
liquidez mede-se a resistência ao cisalhamento do solo para um teor de umidade, através
do número de golpes necessários para o deslizamento dos taludes. O limite de liquidez do
solo é o teor de umidade que separa o estado de consistência líquido do plástico e que no
qual apresenta uma pequena resistência ao cisalhamento. O índice de plasticidade
representa a quantidade de água que é necessário acrescentar ao solo para que passe do
estado plástico para o líquido (MECÂNICA DO SOLO, 2009).
Segundo Caputo (1994) citado por Souza et al. (2000) o comportamento plástico do
solo depende de suas características, das frações de tensão-deformação determinadas ao
solo. As características do solo determinam o comportamento do solo antes de
determinadas tensões e deformações; o grau de consistência do solo exerce influência
7
sobre o regime de água do solo; é determinante na resistência do solo à penetração e a
compactação o que possibilita saber o momento certo do uso de técnicas para favorecer um
bom manejo do solo.
De acordo com o autor quanto maior for a porcentagem de argila contida no solo,
maior será sua influência sobre o método do limite de liquidez. Para solos com baixa
porcentagem da fração argila pode ser utilizado o método de Casagrande por um ponto
para a determinação do limite de liquidez.
Segundo Pires et al. (2008) a substituição do adubo mineral pelo adubo vegetal ou
animal tem influência positiva com a matéria orgânica, nas propriedades químicas, físicas e
biológicas do solo. Em relação às características físicas, melhora a estrutura do solo, reduz
plasticidade e a coesão, aumenta a capacidade de retenção de água e aeração penetrando
mais nas raízes. A aplicação de torta de filtro influencia significativamente na granulometria
da camada superior do solo, verificando-se maior teor de silte e argila, diminuindo o teor de
areia.
2.4 Efeito da aplicação de substrato: matéria orgânica
Matéria orgânica é toda substância morta no solo, originária de plantas,
microorganismos, excreções animais. A matéria orgânica possui em média 58% de carbono,
em parte como folhas, raízes mortas e, outra parte como produtos intermediários de
decomposição e, às vezes em parte como substâncias húmicas. A matéria orgânica fornece
substâncias agregantes do solo, ácidos orgânicos e álcoois durante sua decomposição,
possibilidade de vida aos microorganismos, alimento aos organismos ativos, substâncias
intermediárias que podem ser absorvidos pela planta aumentando seu crescimento
(PRIMAVESI, 2002).
Braida (2004) observou que o enriquecimento da matéria orgânica pode ser usado
para reduzir os efeitos daninhos ao solo, do tráfego de máquinas e pisoteio de animais.
Verificou ainda que a matéria orgânica no solo aumenta a sua umidade crítica
para a
compactação e ao mesmo tempo reduz a densidade máxima, o que contribui para aumento
do intervalo de umidade em que o solo está apto para suportar tráfego sem causar
compactação excessiva do solo. De acordo com o autor a matéria orgânica está associada
ao aumento do limite de elasticidade do solo.
Segundo Henin et al. (1976) citados por Dufranc (2004) a matéria orgânica controla o
comportamento do solo por intermédio de sua estrutura de cadeias de carbono agregando
8
partículas minerais. Grande parte da matéria orgânica é pouco úmido o que protege os
agregados contra umedecimento e quebra.
Silva et al. (2006) verificaram que a aplicação da vinhaça em solos causa diferenças
nas frações físicas da matéria orgânica, assim como também no sistema radicular da canade-açúcar, as condições híbridas provocam diferenças na matéria orgânica. Os autores
observaram que teve uma relação positiva entre limite de plasticidade e teor de carbono
orgânico total (COT) nesse solo com aplicação da vinhaça.
Barroso et al. (1998) avaliaram o comportamento de mudas de sabiá e aroeira, tendo
como substrato o bagaço de cana e torta de filtro peneirado, submetidos a diferentes
adubações. Verificaram que as doses de nitrogênio influenciaram no aumento da altura,
diâmetro, área foliar, matéria seca e o sistema radicular com relação as características
morfológicas. O aumento de nitrogênio apresentou maiores teores de nitrato e diminuiu os
teores de fósforo, cloro e potássio. O nitrogênio foi o fator limitante no uso desse substrato
para as espécies.
Andreotti et al. (2000) avaliando o beneficiamento dado à adubação com potássio e a
saturação do solo por base, na produção de matéria seca e absorção de nutrientes pelo
milho verificaram que devido a aplicação de carbonato para elevar a saturação por base, os
teores de Ca e Mg apresentam uma diferença nos três tipos de solo.
De acordo com Rosolem (1995) citado por Andreotti et al. (2000) o solo arenoso tem
maior teor de N nas folhas de plantas, o que pode ser resultado de que o sistema radicular
tem maior desenvolvimento no solo arenoso devido à quantidade de poros e aeração que
favorece esse processo, sendo que a absorção de N pelo milho depende do crescimento da
raiz.
Segundo Berton (1996) citado por Corrêa et al. (2001) o teor de matéria orgânica
diminui com a profundidade, com o cultivo contínuo, apesar do retorno da torta de filtro e
vinhaça, que são ricos em carbono.
Segundo Bowman et al. (1990) citados por Corrêa et al. (2001) devido ao cultivo,
ocorre a perda da matéria orgânica, que é favorecida pelo aumento da exposição do solo,
que proporciona a erosão e aumenta a taxa de decomposição.
Araújo et al. (2004) relatou que o uso adequado do nitrogênio na cultura do milho,
aumenta sua produtividade e diminui o risco de poluição da água.
De acordo com Escosteguy et al. (1997), citados por Araújo et al. (2004), para a
produção de 1000 kg ha-1 de grão de milho, são necessários 20 kg ha-1 de N.
A adubação mineral com a adição do esterco bovino (4-14-8) na cultura do milho,
reduz o tamanho médio dos agregados, reduz os teores de Ca, Mg e K do solo, mas
aumenta o teor de P do solo, tendo também um aumento nos teores de carbono orgânico,
Ca, Mg, K e P do solo com compostos orgânicos (PIRES et al., 2008).
9
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Descrição da área
O experimento foi realizado no Campus do Arenito da Universidade Estadual de
Maringá-UEM, no município de Cidade Gaúcha, localizado na região Noroeste do Estado do
Paraná, rodovia PR 482, km 45. Está localizado a 23º 22’ 45”S de latitude, com 52º 56’ 41” de
longitude e 404 m de altitude. O clima da região é subtropical úmido mesotérmico.
3.2 Caracterização do solo
Foi realizada a coleta do solo com seis amostras aleatórias para constituir uma
amostra composta visando realizar a análise granulométrica, essa amostra composta foi
encaminhada para o Laboratório de Solos da Universidade Estadual de Maringá-UEM, em
Maringá-PR.
Na Tabela 1 está o resultado da análise granulométrica do solo.
Tabela 1. Análise Granulométrica do solo realizada em Maringá, ano de 2009.
Amostra
Granulometria
Areia grossa
Área Experimental
50%
Areia fina
36%
Silte
Argila
01%
13%
Nota: Análise realizada pelo Laboratório de Solos da Universidade Estadual de Maringá.
O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Vermelho distrófico de
textura areia franca, seguindo critérios de classificação apresentados pela EMBRAPA,
1999.
10
3.3 Demarcação das parcelas
A área experimental foi dividida em 20 parcelas de 4x5 m totalizando 20 m2 por
parcela, sendo deixado 1 m entre parcelas como carreador. O delineamento experimental
foi inteiramente casualizado (DIC), usando-se cinco tratamentos e quatro repetições
totalizando 20 parcelas experimentais.
3.4 Análise da torta
A torta de filtro analisada foi fornecida pela Usaciga – Açúcar, Álcool e
Energia Elétrica de Cidade Gaúcha, resultado da clarificação do caldo das moendas que
passa por uma filtragem a vácuo, os bagaços se misturam com o lodo e dá origem a torta de
filtro. Foram retiradas quatro amostras aleatórias da torta depositada na proximidade do
experimento, para constituir uma amostra composta da torta de filtro. A amostra foi
encaminhada ao Laboratório de química e mineralogia do solo, da Universidade Estadual de
Maringá-UEM, em Maringá-PR, para análise química da torta de filtro. A aplicação da torta
foi a lanço e incorporada ao solo com o auxílio de um enxadão aos 30 dias antes da
semeadura.
Nas Tabelas 2 e 3 são apresentados os resultados da análise química da torta de
filtro.
Tabela 2. Resultados da análise química da torta de filtro realizada em Maringá, ano de
2009.
P
K
Ca
Mg
Na
Cu
Zn
Fe
20
42
4.851
Mn
Amostra
mg kg-1
553/08
4.518
1.490
4.627
1.504
75
Nota: Análise realizada no Laboratório de química e mineralogia do solo.
Elementos determinados após digestão nítrico-perclórica do material seco em estufa a 75 ºC por 75 horas.
Ca e Mg: determinados por espectroscopia de absorção atômica.
K e Na: determinados por fotometria de emissão de chama.
P: determinação por colorimetria, método metavanadato.
Elementos determinados após digestão nítrico-perclórica do material seco em estufa a 75 ºC por 75 horas.
Cu, Zn, Fé e Mn determinados por espectroscopia de absorção atômica.
420
11
Tabela 3. Resultados da análise química da torta de filtro realizada em Maringá, ano de
2009.
M.O
Amostra
553/08
N
g kg-1
576,60
18,87
Nota: Análise realizada no laboratório de química e mineralogia do solo.
M.O : determinada após secagem do material a 105 ºC por 24 horas, com base na perda de massa do material
após incineração a 550 ºC por 4 horas.
N: determinação pelo método de Kjeldahl feita no material após secagem em estufa a 75 ºC por 72 horas.
3.5 Insumos Agrícolas
3.5.1 Sementes
No experimento foi utilizado o híbrido CD 308C3L, oriundo da Coodetec
(Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola) unidade de Palotina-PR. A semeadura foi
realizada manualmente, foram semeadas 3 sementes por cova, com espaçamento entre
plantas de 0,50 m e espaçamento de 0,80 m entre linhas de acordo com as recomendações
da AGRONLINE (2009), totalizando em 5 fileiras com 10 covas, com total de 150 sementes
por tratamento. Durante a emergência das plântulas não houve o desbaste.
3.5.2 Defensivos
Durante o experimento houve a presença de formigas cortadeiras e lagarta-docartucho (Spodoptera frugiperda) sendo aplicado Isca para formigas Bravo® atrativo e
veículo, e para a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) foi utilizado o Inseticida
Piretróide Karate Zeon® 50 CS, fazendo uma aplicação de 20 ml de inseticida diluído em 10
L de água, utilizando na aplicação um pulverizador costal.
12
3.6 Controle de plantas daninhas
O controle de plantas daninhas foi feito através de capinas manuais de acordo com a
necessidade.
3.7 Tratamentos
O cálculo da quantidade de torta aplicada ao solo foi em função da quantidade de N
contida na análise química da torta de filtro e da recomendação de NPK na região Noroeste.
Para a quantidade de torta de filtro aplicada por tratamento, partirá da necessidade de N
para a cultura. De acordo com Fancelli e Dourado Neto (2000) a cultura do milho necessita
de 80 kg.N.ha-1.
De acordo com Brady (1983) apenas 2 a 3% do N imobilizado está disponível para
mineralização.
Os tratamentos estão indicados na Tabela 4.
Tabela 4. Especificações dos tratamentos utilizados no experimento realizado o Campus do
Arenito em Cidade Gaúcha, ano de 2009.
Aplicação da torta de filtro
Tratamentos
kg de N ha-1
kg parcela-1
T1
0,0
0,0
T2
60
6,6
T3
120
13
T4
150
17
T5
200
23
3.8 Parâmetros avaliados da cultura
13
3.8.1 Altura de plantas
Foi utilizada uma trena graduada em cm, para medir a altura da planta entre a
superfície do solo até a inserção da última folha. Aos 39 dias após a semeadura fez-se a
primeira medida, e aos 60 dias fez-se a segunda medida e aos 81 dias fez-se a terceira
medida durante o desenvolvimento da planta. Avaliaram-se cinco plantas, escolhidas ao
acaso por parcela.
3.8.2 Diâmetro do colmo
A determinação do diâmetro de colmo foi realizada, utilizando-se um paquímetro de
precisão, medindo-se o diâmetro em cm, a 10 cm acima do solo, escolhendo ao acaso 5
plantas por parcela, as medidas foram realizadas aos 60, 81 e 116 dias.
3.9 Produtividade
A colheita foi realizada manualmente de uma linha central da parcela, deixando
todas as plantas da extremidade da parcela, resultando em aproximadamente 24 plantas
por linha. As espigas foram debulhadas com o auxilio de um debulhador adaptado, em
seguida acondicionada em sacos de papel e pesadas em balança de precisão. Os valores
de produtividade foram corrigidos para 13 % de umidade (teor de armazenagem padrão do
milho). Para analisar o teor de água das sementes, estas foram pesadas na balança digital
e levadas a uma estufa por 24 horas a uma temperatura de 105°C, sendo pesadas
novamente após a retirada da estufa.
3.10 Características físicas do solo avaliadas
14
3.10.1 Teor de água do solo
A determinação do teor de água do solo seguiu a metodologia descrita em
EMBRAPA (1999). A amostra de solo coletada para densidade no cilindro, a uma
profundidade de 0 a 20 cm (Figura 1 b), foi deformada na cápsula de alumínio, após este
procedimento as cápsulas foram fechadas para não perder umidade no transporte do campo
ao laboratório.
No laboratório, as cápsulas foram pesadas em balança de precisão de 0,01 g (Figura
1 e) e colocadas na estufa a uma temperatura de 105oC por 24 horas (Figura 1 f). Passado
esse período as cápsulas foram retiradas da estufa, e novamente pesadas.
15
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
(f)
Figura 1. Coleta da amostra do solo para a densidade do cilindro: área para do coleta do
solo (a), coleta do solo (b), remoção do anel volumétrico do solo (c), uniformização
do solo no anel volumétrico (d), balança de precisão (e), solo seco em estufa à
105ºC por 24 horas (f), realizadas no Campus do Arenito em Cidade Gaúcha, ano
de 2009.
3.10.2 Densidade do solo
Para a densidade do solo foi empregado o método do anel volumétrico, descrito em
Kiehl (1979), usando-se um anel de bordos cortantes com a capacidade interna conhecida
(Figura 2 b) para todas as parcelas na mesma época e profundidade de 0 a 20 cm.
Cravando o anel no solo utilizando um castelo e aplicando pancadas com o auxílio de uma
marreta (Figura 2 a), removendo o excesso de solo com o auxílio de uma faca igualando as
16
bordas do anel, o solo colhido é transferido para recipientes de alumínio e levados para
pesar e colocados em uma estufa para obter sua massa. Para o teor de água utilizou-se
esse mesmo processo.
(a)
(b)
Figura 2. Densidade do solo: material utilizado para a coleta do solo (a), cilindro utilizado em
todas as parcelas do experimento (b), realizada no Campus do Arenito em Cidade
Gaúcha, ano de 2009.
3.10.3 Determinação do limite de plasticidade
Ao final do experimento, no momento da colheita do milho, foram retiradas amostras
de solo em cada parcela na profundidade de 20 cm. As amostras de solo foram
acondicionadas em sacos de papel, secas a sombra e ao ar, destorroadas (Figura 3 a) e
passadas na peneira n 40, malhas com 0,42 mm de abertura (Figura 3 b). Após, as
amostras foram saturadas para a determinação do ensaio (Figura 3 c). Foram retirada uma
porção de 10 g do solo (Figura 3 d), sendo a mesma apertada entre os dedos, rolando sobre
uma placa de vidro até formar um bastonete de 3 mm de diâmetro até perder a umidade a
apresentar sinais de ruptura (Figura 3 e). Uma amostra do bastonete de cerca de 1 cm foi
retirada e colocada em cápsulas de alumínio (Figura 3 f) levadas a estufa a 105ºC por 24 h
(Figura g), conforme a metodologia descrita em Khiel (1979).
17
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
(f)
(g)
Figura 3. Solo amostrado para a determinação do limite de plasticidade: Solo destorroado
(a), solo destorroado passado na peneira (b), solo saturado (c), parte do solo
saturado (d), formando o bastonete com o solo (e), amostra do bastonete para
levar à estufa (f), bastonete seco em estufa á 105ºC por24 horas (g), realizada no
Campus do Arenito em Cidade Gaúcha, ano de 2009.
18
3.10.4 Determinação do limite de liquidez
Ao final do experimento foi utilizado um aparelho de Casagrande (Figura 4 a)
fazendo sua calibração com um aparelho de 1 cm de espessura, para verificar a altura do
ponto mais elevado da concha. Do mesmo solo usado para o ensaio de limite de
plasticidade, foram utilizadas cerca de 100 g de solo de cada tratamento, utilizando 30 g do
solo saturado e espalhado na concha formando uma camada de 1 cm de espessura (Figura
4 b), após cortar com o bisel no solo fazendo uma ranhura (Figura 4 c) e após girar a
manivela procurando aplicar dois golpes por segundo na concha (Figura 4 d), anotou-se o
número de golpes necessários para que as bordas do solo cortado com o bisel se tocaram,
o número de golpes variou entre 12 e 38. Após os golpes foi retirada uma amostra do solo e
colocado em cápsulas de alumínio e levados a estufa por 24 h a 105ºC para a determinação
da umidade do solo (Figura 4 e), assim segue a metodologia descrita em kiehl (1979). O
material que ficou na concha foi retirado para a limpeza e secagem, a amostra ensaiada foi
misturada novamente ao restante do material, no qual foi adicionada mais água para
aumentar a umidade, para fazer a homogeneização do solo, este processo foi repetido por
cinco vezes para obter cinco pares de valores de umidade.
19
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
Figura 4. Método de Casagrande para determinação do limite de liquidez: aparelho de
Casagrande (a), aplicação do solo na concha (b), ranhura no solo com o bicel (c),
golpes no solo (d), amostra do solo seco em estufa à 105ºC por 24 horas (e),
realizado no Campus do Arenito em Cidade Gaúcha, ano de 2009.
3.10.5 Índice de plasticidade
O solo foi caracterizado pelo índice de plasticidade a qual foi determinada através
dos limites de liquidez e plasticidade, ao final do experimento (no momento da colheita). O
índice de plasticidade pode ser classificado pela seguinte maneira:quando os valores de IP
encontrados estiverem entre 1 a 7 o solo é classificado de consistência fracamente plástico,
20
se estiver entre 7 a 15 o solo é de consistência medianamente plástico e se estiver acima de
15 o solo é de consistência altamente plástico.
Tabela 5. Classificação da consistência do solo de acordo com o índice de plasticidade.
Índice de plasticidade
Consistência
De 1 a 7
Fracamente plástico
De 7 a 15
Medianamente plástico
Acima de 15
Altamente plástico
Fonte: Manual de edafologia 1979
3.11 Análise estatística dos dados
Os dados foram submetidos ao teste de Lilliefors para verificar a normalidade dos
mesmos. Quando possível empregou-se a análise de variância dos dados das variáveis
mensuradas. A análise estatística foi realizada com auxílio do aplicativo computacional
Genes (CRUZ, 2006).
21
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As variáveis altura de plantas, diâmetro do colmo, produtividade e densidade
apresentaram normalidade dos erros, sendo submetidas à análise de variância (Tabela 6).
As variáveis que não apresentaram normalidade dos erros foram submetidas às análises
descritivas (Tabela 8).
Na Tabela 6 encontra-se o resumo da análise de variância (ANOVA) para altura de
plantas aos 58 DAS, diâmetro de colmo, produtividade da cultura do milho e densidade do
solo em razão da aplicação da torta de filtro.
Tabela 6. Resumo da análise de variância das variáveis para altura de plantas aos 58 DAS
(cm), diâmetro do colmo (cm), produtividade (kg ha-1) da cultura do milho e
densidade do solo (g cm-3) em Cidade Gaúcha, ano de 2009
Fontes de
Graus de
Variação
Liberdade
Quadrado Médio
Altura de
Plantas
Diâmetro do
Colmo
Produtividade
Densidade
do solo
Tratamentos
4
174,00ns
0,03ns
18126918,08 ns
0,02ns
Resíduo
15
241,32
0,03
17247451,62
0,01
Média Geral
153,25
1,54
13174,15
1,66
CV (%)
10,14
10,38
31,52
5,48
ns: não significativo.
A análise de variância possibilitou verificar que as diferentes doses de torta de filtro
aplicada ao solo não influenciaram a altura de plantas aos 58 DAS, nem o diâmetro do
colmo e nem a produtividade do milho. Esse comportamento possivelmente deve ter
ocorrido pela não mineralização do N no solo, portanto não liberando o N para a absorção
da planta. As diferentes doses da torta de filtro também não geraram diferenças na
densidade do solo, conforme pode ser verificado na Tabela 6.
De acordo com Brady (1983), a mineralização é a conversão de um elemento a partir
da forma orgânica para uma condição inorgânica, em conseqüência da decomposição de
um material originário.
A cana possui em média 390 a 450 g kg-1 de carbono e 4,6 a 6,5 g kg-1 de N (relação
C/N média de 75,7/1) (Trivelin et al., 1995). Fenille e Souza (1999) encontraram relação C/N
de 93 quando o bagaço da cana é moído e peneirado. A incorporação de bagaço de cana,
que é um resíduo com alta relação C/N, leva o solo, inicialmente, a uma deficiência de N
22
(Davey & Papavizas, 1963), pois a adição desse resíduo motiva a competição pelo N
disponível entre as plantas e os microorganismos.
Se a adição do resíduo tiver baixa relação C/N pode favorecer desenvolvimento
microbiológico no processo de decomposição, resultando em uma maior quantidade de N
mineralizado (ADUBAÇÃO ORGÂNICA, 2009).
Segundo Severino (2004) citado por Araújo et al. (2009), a velocidade de
mineralização da torta de mamona medida pela respiração microbiana, é cerca de seis
vezes mais rápida que a de esterco bovino e quatorze vezes mais rápida que o bagaço de
cana, de maneira que o bagaço de cana apresenta maior tempo para mineralização dos
nutriente. Evidenciando que a torta de filtro deve ser aplicada com antecedência à
semeadura da cultura de interesse. Corroborando o que foi evidenciado neste trabalho, cuja
aplicação da torta de filtro imediatamente antes da semeadura do milho não gerou
diferenças significativas na produção e nem no desenvolvimento da cultura, conforme pode
ser verificado nas médias apresentadas na Tabela 7.
Tabela 7. Resultados médios de altura de plantas aos 58 DAS (cm), diâmetro do colmo
(cm), produtividade (kg ha-1) e densidade para área com a cultura do milho sob
diferentes doses de N aplicado no solo via torta de filtro em Cidade Gaúcha, ano
2009
Doses de N aplicado via torta de filtro (kg.ha-1)
Variáveis
0,0
60
120
150
200
Altura de
plantas
1,92
1,65
1,81
1,75
2,00
Diâmetro do
colmo
2,00
2,00
1,75
1,50
1,77
Produtividade
678,75
567,00
709,00
468,75
711,75
Densidade
2,00
2,00
2,00
2,00
1,75
A aplicação da torta de filtro como substrato teve resultado positivo na altura das
plantas de cedro segundo Leite e Silva (2009). Trabalhos realizados com a aplicação desse
resíduo verificaram efeitos positivos e diferenciados entre as doses aplicadas com períodos
mais longos (mais de um ciclo da cultura).
Segundo Leite e Silva (2009) a ação entre o sombreamento e o teor de torta de filtro
sobre a altura das plantas de cedro foi significativa pela análise de variância, o aumento do
teor da torta de filtro elevou o diâmetro das mudas nessa espécie.
23
Na Tabela 8 encontra-se os resultados médios do teor de água do solo, limite de
liquidez, limite de plasticidade e índice de plasticidade obtidos para cada dose de N (0, 60,
120, 150 e 200 kg ha-1) aplicado via torta de filtro.
De acordo com Matzner (1992) e Dabraval’Skii (1997) citados por Belai (2006) os
resíduos da cana-de-açúcar são ricos em nutrientes, portanto podem melhorar as
características físico-químicas do solo. Os dados apresentados na Tabela 8 mostram que o
teor de água do solo teve maior porcentagem para o tratamento com 200 kg ha-1 nitrogênio
aplicado via torta de filtro, tendo 25% a mais de água que o solo em que não foi aplicado
torta de filtro (testemunha). Observa-se que o tratamento com 120 kg ha-1 de nitrogênio
aplicado via torta de filtro foi 15% maior, enquanto que o tratamento com 150 kg ha-1 de
nitrogênio aplicado via torta de filtro foi menor comparado com a testemunha e o tratamento
com 60 kg ha-1 de nitrogênio aplicado via torta de filtro. Isso pode estar relacionado devido a
torta de filtro apresentar melhorias nas características físicas do solo, devido a sua
concentração de matéria orgânica.
Segundo Pires et al. (2008) a adição de partículas finas no solo arenoso, como a
torta de filtro proporciona melhoria da qualidade do solo, o que desenvolve a superfície
específica e os atributos químicos e físicos dependentes, como a capacidade de retenção
de água e cátions. Tratamentos compostos com a torta de filtro com ou sem cobertura morta
melhora as características químicas do solo.
Tabela 8. Resultados de teor de água do solo (%), do limites de liquidez, limites de
plasticidade e índice de plasticidade, para área com a cultura do milho sob
diferentes doses de aplicação de torta de filtro para área com a cultura do milho
sob diferentes doses de aplicação de torta de filtro em Cidade Gaúcha, ano de
2009.
Doses de N aplicado via torta de filtro (kg.ha-1)
Variáveis
1
0
(%)1
60
(%)1
120
(%)1
150
(%)1
200
(%)1
Teor de água do
solo
5,0
100
5,0
100
5,75
115
4,50
90
6,25
125
Limite de liquidez
23,50
100
23,50
100
24,50
105
24,75
105
24,25
103
Limite de
Plasticidade
17,58 100
16,93
96
17,60
100
17,34
99
17,28
98
Índice de
Plasticidade
5,96
6,56
110
6,84
115
7,58
127
6,88
115
100
- Porcentagem do tratamento avaliado em relação à testemunha.
24
Observa-se na Tabela 8 para Limites de Liquidez que os tratamentos com 120 e 150
kg ha-1 de nitrogênio aplicado via torta de filtro foi maior em 5% quando comparados com o
tratamento de 60 kg ha-1 de nitrogênio aplicado via torta de filtro e a testemunha. O
tratamento com 200 kg ha-1 nitrogênio aplicado via torta de filtro foi maior em 3% quando
comparado com a testemunha. O LP não apresentou resultados significativos, com
porcentagens menores para os demais tratamentos quando comparados com a testemunha,
considerando uma plasticidade pouco acentuada, que é bom para o solo no ponto de vista
da compactação, porque solos mais plásticos são mais fáceis de serem compactados. O
índice de plasticidade do solo com 150 kg ha-1 de nitrogênio aplicado via torta de filtro foi
maior com 27% quando comparado com a testemunha 0 kg ha-1 de nitrogênio aplicado via
torta de filtro.
Os valores de plasticidade encontrados estão de acordo com os observados por
Souza et al. (2000), os autores trabalhando com solo franco-argiloso-arenoso, encontraram
valores de limite de plasticidade com a metodologia de Casagrande de 25,43.
Os limites de consistência do solo são parâmetros importantes para o estudo da
plasticidade do solo. Os valores relacionados ao índice de plasticidade de acordo com a
metodologia de (KIEHL, E.J., 1979), os tratamentos com 0, 60, 120 e 200 kg ha-1 de
nitrogênio aplicado via torta de filtro indicam solo fracamente plástico, pois apresentam
valores menores que 7. Apenas o tratamento com 150 kg ha-1 de nitrogênio aplicado via
torta de filtro apresenta valor acima de 7, indicando valores mediamente plástico. Percebese que esses valores de IP indicam características plásticas pouco acentuadas, o que é bom
para o solo do ponto de vista da compactação, uma vez que solos mais plásticos são mais
fáceis de serem compactados.
De acordo com Pires et al. (2008) a substituição do adubo mineral por vegetal tem
influência positiva com a matéria orgânica, nas propriedades químicas, físicas e biológicas
do solo. Em relação às características físicas, melhora a estrutura do solo, reduz
plasticidade e a coesão, aumenta a capacidade de retenção de água e aeração penetrando
mais nas raízes. No estudo realizado não foi observada redução na plasticidade do solo em
função da aplicação da torta de filtro. Nota-se, para o limite de plasticidade uma sensível
redução numérica com relação à testemunha essa resposta deve estar relacionada ao curto
espaço de tempo, que a torta de filtro ficou disposta no solo, sendo um espaço curto para
verificar diferenças na estrutura física do solo.
Segundo Kiehl (1979), quanto maior a densidade aparente maior será a
compactação, menor a estruturação, a porosidade total e, maior será a limitação para o
crescimento e desenvolvimento da planta.
25
5 CONCLUSÕES
•
As diferentes doses de torta de filtro avaliadas não tiveram influencia sobre a
produtividade e as características morfológicas do milho e nem nos atributos físicos
do solo. Isto se deu, possivelmente, ao curto período de tempo da aplicação da torta
ao solo até a necessidade de nutriente disponível para a planta, esse período
possivelmente não foi suficiente para a mineralização do N e disponibilização do
mesmo.
•
A torta de filtro de usina sucroalcooleira não trouxe melhorias para as condições de
solo e cultura estudada no período analisado.
•
A aplicação da torta de filtro gerou maiores porcentagens do limite de liquidez e o
limite de plasticidade, em relação a testemunha.
•
O solo do experimento foi classificado como de consistência fracamente plástico.
26
6 REFERÊNCIAS
ADUBAÇÃO ORGÂNICA. Apostila adubos orgânicos 3. Disponível em:<
http://www.ufsm.br/petagronomia/apostilas/adubacaoorganica_ufu.pdf>. Acesso em: 19 de
setembro de 2009.
AGRONLINE. Arranjo de plantas pode determinar rendimento no milho. 2009. Disponível
em: http://www.agronline.com.br/agronoticias/noticia.php?id=1825. Acesso em: 10 de
dezembro de 2008.
ANDREOTTI, M. et al. Produção de matéria seca e absorção de nutrientes pelo milho em
razão da saturação por bases e da adubação potássica. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, Brasília, v. 35, n. 12, p. 2437-2446, 2000.
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Nizareth Fenner da Rocha