NÁSSARA 100 ANOS DE UM MESTRE DA CARICATURA
Autor de Alá-la-ô, clássico do Carnaval, elefoi apontado como a mais perfeita síntese do Rio por seus desenhos, suas músicas e suascores.
PÁGINAS 32 E33
Órgão oficial da Associação Brasileira de Imprensa
m
Outubro
2010
\
i
i
I
m
Aarte reflexiva
de Rubem Grilo
A volta do
Sua criatividade e seu domínio técnico dão-lhe
10, II112
especial destaque na História da xilogravura.
PÁGINAS 34, 35 e 36
COMPANHEIRO DE GLÁUBER
MOSTRARÁ INÉDITOS DELE
UMA NOVA HISTÓRIA
JUIZ GARZÓN quer
O JB QUE AMÁVAMOS
PARA OS QUADRINHOS
PUNIR TORTURADORES
ATRAI ESTUDANTES
CENTENAS DE ALUNOS DE COMUNICAÇÃO
ClNEGRAFISTA, ROQUE ARAÚJO SEGUIU A
MUDANÇA NO PERFIL DO CONSUMIDOR
Autor da ordem de prisão do
RECEITA DO CRIADOR DE DEUS E O DIABO E
ALTERA ESTRATÉGIA DE LANÇAMENTOS DAS
ditador plnochet, ele sustenta
LOTARAM A ABI NUM SEMINÁRIO
COM A CÂMERA NA MÃO O FLAGROU EM
EDITORAS E AMPLIA ESPAÇO NAS LIVRARIAS.
que tortura não é crime político
REPASSADO DE DOCES LEMBRANÇAS.
CENAS JAMAIS EXIBIDAS. PÁGINA 17
PAGINAS 3, 4, 5,6,7 E 8
e não prescreve. página 29
PÁGINAS 13, 14, 15 E 16
Adolfo: Repórter tem de ser rebeldeJ
0 criador da Folha Dirigida diz que as boas matérias estão na rua; o dever do repórter, inconformado, é buscá-las.
PÁGINAS 19, 20, 21, 22 E Z
_
Aconteceu na ABI
Jornal Ex-: histórias da imprensa
de vanguarda nos anos 70
por José Reinaldo Marques
Um ato de celebração e exaltação do
jornalismo de vanguarda praticado no
Brasil nos anos 70 foi a solenidade de lan
Lançamento da edição fac-simile da publicação enseja
depoimentos de alguns dos ases que a fizeram: Dácio Nitrini,
sobreascoisas queaconteciamno
Brasil. Vale registrar que naquele
Mylton Severiano da Silva e Fernando Morais.
lefoneera um artigo de luxo. En
tempo não existia internet e o te
tão era a partir dessas publicações
çamento da coleçãodo antigo jornalEx-,
quase artesanais, passando de mão
realizada em 5 de outubro na sede da ABI.
em mão, circulando pelovelho Cor
A edição comemorativa é um trabalho con
junto da ImprensaOficialdoEstadodeSão
Paulo edoInstituto Vladimir Herzog, que
reúne 20 ediçõesem fac-simile da publi
cação,as 16ediçõesque foram exibidasem
bancas eumaespecial inéditaquenaépoca
foi censurada e não pôde circular.
O Ex- era um jornal de periodicidade
mensal, quedevido àspressões quesofreu
reio, que aspessoas sabiam oque es- *sl
ex
ANO l-N!1-NOVEMefiO II
tava se passando no País e articulavam o
movimento de resistência."
Herzog diz que os veículos sindicais
também têm uma participação muito
JORNAL DE TEXTO, HISTORIA EM
QUADRINHO, FOTOS ECOMETAS
do Governo militar foi editado no curto
período de 1973a 1975.Uma publicação
que, em face do seu projeto editorial ou
sado, entrou para a História da impren
sa do País comouma das mais importan
tes publicações independentesque circu
importante nesse processo. Por isso o
projeto do Instituto inclui a realização
de dez documentários para a televisão
separados por temas, nos quais se fará
uma abordagem sobreas publicaçõesdos
sindicalistas e outras que trataram da
questão da mulher. "Todos esses seg
mentos tinham um grupo significativo
de títulos e fizeram um trabalho muito
importante", diz Ivo Herzog.
laram durante a ditadura militar.
A solenidade de lançamento foi com
plementada com um debate sobre o tema
A imprensa alternativa dos anos 70, do
O título
O bate-papo sobre imprensa alterna
tiva na década de 70 foi realizado na Sala
qual participaramjornalistasque traba
lharam na Redação do Ex-, como Myl-
Belisário de Souza, localizada no 7° an
dar da sede da ABI. Entre os assuntos
ton Severiano da Silva, Dácio Nitrini e
abordados, a platéia ficou sabendo da
origem do título Ex-. Foi Mylton Seve
riano, conhecidocomoMyltainho, quem
Fernando Morais. Entre os debatedores
estiveram presentes também o Presiden
te do Instituto Vladimir Herzog, Ivo
contou para os presentes como nasceu
Herzog; o Presidente da ABI, Maurício
a idéiade lançamento do jornale o nome
Azedo, e os Conselheiros MárioAugusto
com o qual ele foi batizado:
Jakobskind, Lênin Novaes e Arcírio
GouvêaNeto. A platéia era formada por
convidados e associados da Casa.
"O Ex- é mais um dos brilhantes títu
BC.Cnm*.fmhmta
los do Sérgio de Souza, um dos funda
dores do jornal, que teve a interessante
idéia de reunir um grupo que era ex-Bondinho, ex-Realidade, ex-Folhade S.Paulo.
fl l>ipi Jipoteã»
O projeto
A idéia da organização da coleção foi
do jornalista Dácio Nitrini, que ingres
sou no£x- como estagiário e juntou-se
ao time de craquesda imprensa que fun
daram o jornal, como Mylton Severia
no, Paulo Patarra, Narciso Kalili,Hamil
ton AlmeidaFilho,Sérgiode Souza, José
Hamilton Ribeiro, José Carlos Marão e
o fotógrafo Amâncio Chiodi.
Dácio Nitrini disse que se sentia fe
liz porter tido maistempo paratocar um
projeto que considera uma conquista
pessoal, com grande significado para a
memória da imprensa alternativa, que
hoje já é vista sem barreiras e desperta
curiosidade no mundo acadêmico:
"A concepção das pautas, o vanguardismo das histórias em quadrinhos, tudo
isso desperta o interesse pelos conteú
dos que os jornais alternativos publica
vam há 35 anos. Hoje os blogs, o twitter e o facebook não contemplam os ní
veis de discussão e reflexão como os al
ternativos fizeram", afirmou Nitrini.
Foi ele quem apresentou a idéia da
organização do acervo do Ex- ao Insti
tuto VladimirHerzogquando soubeque
a instituição se preparava para desenvol
ver um trabalho de preservação da His-
10 (Jornal da ABI 359 Outubro de 2010
tória recente da imprensa no Brasil,que
é muito pouco conhecida:
Distrito Federal. Ofx- é o primeiro pro
duto desse projeto maior."
"Um dos primeiros projetos que a
gente realizou com um bom aproveita
mento foia recuperaçãodos exemplares
do jornalEx-. Coma parceria da Impren
sa Oficial de São Paulo, conseguimos
colocar esse acervo disponível para con
sulta totalmente digitalizadoatravés do
site Memórias Reveladas do Arquivo
As décadas de 60 e 70 foram marcan
tes na produção de publicações alterna
tivas no Brasil. Ivo Herzog analisa esse
período como a forma que esse setor da
imprensa encontrou para articular a luta
de oposição ao autoritarismo:
"Ele teve esse estalo de colocar esse tí
tulo no jornal, que por sinal é origina
líssimo."
Contou Myltainho que o grupo que
lançou o Ex- tinha trabalhado na revista
Realidade e na Folha de S.Paulo, no perí
odo de 1959 a 1964. Entre eles estavam
também Murilo Felizberto e José Carlos
porque não faziam parte da grande mí
Azevedo. Todos tinham passagem pela
Redação deQuatro Rodas, quenaopinião
Nacional (o acervo entrou no ar às 20h
dia, eram menores, artesanais e tinham
dele "foi o laboratório da Realidade''.
dessedia 5 de outubro), para ser consul
tado via internet.", disse Ivo Herzog.
Informou Ivo Herzog que o Institu
to está desenvolvendo outro projetoque
queusardemuita criatividade einteligên
cia para passar as mensagens burlando os
órgãosdecensura.Então,do ponto devis
ta ativo, foi um período riquíssimo. Sea
pretende reunir toda a História da im
prensa no Brasil produzida entre 1964
gente pegar como exemplo o Ex-,vamos
verificar que as ilustrações e os textos são
Revelou Myltainho que o cerco que
os militares impuseram à imprensa aca
bou por precipitar o lançamento do Ex-.
Segundo ele, a ditadura pressionou a
Editora Abril, que resolveu se desfazer
e 1979, desde os jornais que iam para as
bancas até os que circulavam clandesti
fantásticos. Eu as considero verdadeiras
"Eles são chamados de alternativos
da toda a equipe. Quando veio o AI-5,
eles ficaram "queimados no mercado" e
semlugarparaexercera profissão, o que
os obrigou a criar o seu próprio jornal
lho de pesquisa, catalogação, contextu-
obras de arte", disse Herzog.
Na lista dos jornais irreverentes que
circularam no período do autoritarismo,
Ivo ressalta aqueles que ficaram mais co
nhecidos, comoMovimento, Pasquim, Pif-
de Arte da Realidade, e ao Narciso Kali
li e fundaram a A&C (Arte e Comunica
ção), que lançou OBondinho (1971-1972).
Publicação cult, O Bondinho não durou
namente e o que era editado no exílio:
"Trata-se de um acervo com mais de
300 publicações. Vamos fazer um traba
alização de cada uma das edições. Vamos
Paf,e os títulos menos conhecidos como
editar também um üvro sobre esse acer
o FBI, de Frente Brasileira de Informa
vo, além da criaçãode um portal que vai
reunir todo esse material. Está prevista
ainda a realizaçãode exposições, que irão
ção, que era editado no exílio:
percorrer todas as capitais do Brasil e o
encontraram para se manter informados
"O FBI era editado no Chile, França e
Itália. Foi uma maneira que os exilados
para não ficar sem trabalho:
"O Sérgio de Souza se juntou com o
Eduardo Barreto, que tinha sido editor
mais do que dois anos, por falta de anun
ciantes. Em 1973, juntamente com o
Amâncio Chioti, eles criaram outra edi
tora e aí começa a história do Ex-."
"Nós enfrentamos muita dificuldade.
Eu comi muito sanduíche de pão com
Aprincipal proposta editorial erafa
zer jornalismo, quadrinhos e humor. A
frente do projeto estavam Paulo Patar
ra, que foi um dos responsáveis pela
sustentação econômica, Hamilton Al
mida. A cada edição eram vendidos en
tre 7 e 8 mil exemplares.
Somente na sua segunda fase - em
meida Filho, Palmério Dória, Mylton
Severiano e os repórteres-fotográficos
Elvira Alegre e Amâncio Chiodi, entre
outros "ex-editores".
Como o dinheiro era curto, o jornal se
sustentava da venda em banca e da aju
Diz Myltainho que uma das reporta
gens mais interessantes doEx- foi aque
relatava o assassinato do jornalista Vla
mortadela. O jornaltinha umavendatí
dimir Herzog, nos porões do Doi-Codi
de SãoPaulo, em 25 de outubro de 1975:
"Essafoia definitivaeque determinou
o fechamento do jornal. Foi uma repor
meados de 1975, já próximo do seu fe
chamento - é que o Ex- ganhou um fô
lego financeiro, com um investimento
do Paulo Patarra, que tirou dinheiro do
tagem feita debaixo de medo, mais que
isso: era o terror. Mas nós éramos mais
jornalistas doquenósmesmos imaginá
próprio bolso (a indenização que ele ti
^^
nha recebido quando foi demitido da
Abril) para injetar no veículo.
Myltainho lembra-se com carinho de
da de um amigo que garantia pequenos
anúncios. Toda a equipe andava de ôni
bus,otelefone daRedação eraumorelhão
que ficava na esquina daruaonde selo
calizava a Redação.Eramcompradas vá
rias fichas e cada repórter recebia a sua
cota, como lembra Myltainho:
A morte
na primeira página uma montagem em
va um sósia de Hitler banhando-se nu em
vocou a ira dos censores, que passaram a
taca a entrevista que Fernando Morais
fez com Fidel Castro, que foi capa de
pressionar cada vezmais o jornal.
uma das edições.
umapraia. Nomês seguinte, o jornal pôs
que oPresidente Nixon aparecevestido de
presidiário. Esse jornalismo satírico pro
"Eupergunteia ele: o queo senhorvai
"Eraum jornal que atraía militância,
mas chamava a atenção também dos jo
vens, uma faixa muito grande da contra-
Naopinião deFernando Morais, oExeraum jornal"iconoclasta eherege", que
se permitia essas ousadias:
média, a família enquanto instituição,
ou defender o uso de drogas."
pessoal dabase doPartidão que eles (agen
tes da ditadura) prenderam, comoPaulo
horado pau, da tortura, era perguntado:
queporr... oFernando Morais foi fazer em
Cubai Que m... elefoifazerláque até hoje
após três meses em Cuba
onde passou três meses sem que tives
nãopublicou reportagem nenhuma^ En
tãodealguma maneira essacapa do£x-me
protegeu dobraço da repressão."
Dirigindo-se à platéia, Fernando Mo
rais disseque consideravaoEx- uma pu
blicação revolucionária, tanto nosentido
político quanto do pontodevistaesté
cussões sobre sexualidade, entre outros
bomba" de alto valor destrutivo de al
mento houve um recrudescimento da re
derados ultrapassados:
Fidel Castro, e que
"Eu estava desesperado para tornar
depois se transfor
mou no livro A Ilha.
Na época Fernan
do trabalhava na re
vista Visão, que re
solveu não publicar a
matéria e ainda por
cima o demitiu. Isso
público quea minha ida a Cuba não ti
nha sidoparabuscararmas,dinheiro ou
fazer curso de guerrilha, mas que era uma
viagem profissional empleno exercício do
jornalismo. E publicamos a reportagem
no Ex-, comigocomo entrevistado."
Aediçãoque exibiuessaentrevista pu
blicou acapafamosa emqueaatriz Bruna
acabou por lhe cau
sar um problema po
lítico. Como era de conhecimento públi
coque elehaviafuradoo bloqueioecon
Lombardi aparece mandando Fidel Cas
tro raspara barba,desenhadaporJaime
seguido chegar a Cuba, osórgãos dese
gurança ficaram intrigados tentando
descobrir oqueeletinhaidofazer nailha,
cubano sobre o que ia fazer no momen
to em que sua barba começasse a mos
Leão(ao lado). Aidéianasceu de uma per
guntaqueFernando Morais fezaolíder
trar fios brancos:
zíamos um jornalismo que mexia com
a cabeça das pessoas. A lição é essa, de
que é possível fazer um veículo de re
sistência debaixo da ditadura militar,
que não era frouxa, que matava as pes
soas nas ruas. Mas nós fazíamos essa
imprensa de briga, sem nenhum tipo de
ditadura militar."
que apurou na viagem.
Isso deixou-o aflito, porque nesse mo
Cuba, entrevistando
a impressão dos jornais, no entanto fa
ditadura, eles faziam crítica aos valores
da sociedadeburguesa,promoviamdis
doEx- desde o tempodojornalBondinho,
gem que ele fez em
vamos. Não havia dinheiro para pagar
como o Ex-. Além do enfrentamento da
aspectos, quefuncionavam como "uma
entrevistado por cau
sa da longa reporta
"Não tínhamos dinheiro às vezes para
pagar oaluguel dos imóveis queutilizá
tico. Essa era, na sua opinião, uma das
grandesmarcasdos jornaisalternativos
do profissionalepoliticamente ao pessoal
pressão. MataramVladimir Herzog; to
dosos outros colegas jornalistas que iam
sendo presos, acusados de comunistas,
eram pressionados sobtortura a revelar
aos agentes da ditadura o que ele, Mo
rais, tinha ido fazer em Cuba:
Considera Fernando Morais que o
grande legado que osjornais independen
tes deixaram paraa prática profissional é
o deque é possível fazer bomjornalismo
partindo do nada, comzero de recursos:
apoio. Não éramos heróis, queríamos
fazer um bom jornalismo e derrubar a
se publicado uma linha sequer sobre o
se deu não como jor
nalista, e sim como
gueses. Porque uma das maneiras de
combate à ditadura era combater a classe
Markun e Rodolfo Konder, a todos eles na
Como uma entrevista
salvou Fernando Morais
cultura, pelos ataques aos valores bur
Iconoclasta, herege
causa da publicaçãodessa matéria, mas o
queríamos fazer um
quando este retornou do exílio, e des
fazer4- E ele me respondeu: 'Ou eu pin
to, ou corto'. Mas na verdadeacabouque
"Provavelmente eu não fui preso por
mas a sua participa
ção mais expressiva
uma matéria que ele próprio fez com o
compositor Geraldo Vandré {Dispara
da; Para não dizer que não falei de flores)
Uma das coisasque mais chamavam a
atenção no Ex- eram as suas capas extra
ordinárias.Ado primeironúmero mostra
não fez nem uma coisa nem outra."
Fernando Morais contou que era liga
vamos.Estavano sangueda gente,tínha
mosque fazer aquela reportagem."
guns valores morais do período, consi
"Lição de vida
e de adesão ao
interesse social
u
Aodar por encerradoo evento, o Pre
sidente da ABI, Maurício Azedo, elogiou
"osensinamentos que os depoentes trou
xeram nas suas intervenções", e o traba
lho de Ivo Herzoge do Instituto Vladi
mir Herzog, que "patrocinou e avançou
nessaidéiade reproduçãoda coleção do
jornal Ex-".
Maurício fez um agradecimento espe
cial aosjornalistas Dácio Nitrini, Mylton
Severiano e Fernando Morais, que na sua
opinião apresentaram ao plenário "uma
lição de jornalismo, de vidae de adesão
ao interesse social como raramente a
gente encontra emqualquer reunião".
Sobrea sugestãodeFernandoMorais
de reunir de novo o grupo para produ
zir o tipo de jornalismoque osveículos
independentes inauguraram no Brasil,
disse o Presidente da ABI:
IJornal da ABI 559 Outubro de 2010
11
"Quero assinalar que essa idéia de
Fernando Morais pode ser o ponto de
partida para a mudançade que se cogi
ta e de que "Ex", OBondinho e essas pu
blicações foram pioneiras. Penso que
poderemos avançar diante do objetivo
de todos nós, que é a democratização da
informação e da implantação da digni
dade da vida humana aqui no Brasil."
Lembrou o Presidente da ABI a exis
fessora e pesquisadora BeatrizKushnir,
organizou para a Editora da Universidade
Federal Fluminense sobo tituloMaços na
gaveta, que reúne colaboraçõesde jornalis
tas e pensadoressobrequestõesda áreade
comunicação. Entreos trabalhos publica
dos figuraum estudo da ProfessoraSandra
Alves HortasobotítuloImprensa Alterna
tiva - Comentários ao Acervo:
tênciade umacoleção deimprensaalter
nativa que foi depositada no Arquivo
Geral daCidade doRiodeJaneiro, aqual
"O estudocontéminformação preci
osa sobreessacoleção da imprensa alter
nativa de que é proprietário o Municí
pio do Rio de Janeiro. Isto é, o povo ds
compreende cerca de 700 títulos reuni
cidade através do seu Poder Público.
dos durante anos por uma sériede pes
quisadores, sob a liderança de Maria
AméliaMello,queatualmente é Diretora
da Editora José Olympio.
DisseMaurícioque as informaçõesso
bre esse acervo figuram emumlivro que a
Diretora doArquivoGeral daCidade, pro
Aofinaldoencontro,dirigindo-se aos
debatedores, o Presidente da ABI afir
mou que vai torcer para que sejam cria
das outras oportunidades "para que a
gente possa reproduzir, em conjunto ou
individualmente, essaliçãode jornalis
Os ex-editores: naprimeira fila, apartir da esquerda, José Trajano; Luiz Fernando Vitral e
Palmério Dória; atrás, Cláudio Faviere, Armindo Machado, Mylton Severiano, Hilton Libos,
Alex Solnik, Márcia Guedes, Luiz Herrero, Hamilton Almeida Filho e Ivo Patarra (encoberto).
mo e de vida que vocês nos ofereceram".
rumandoo cintodascalças. Ou seja, 'de
sarmado' e se imaginando protegido,
aplicaram em seu traseiro um 'pé na
bunda'. Na campanha de 2010, jamais
Um estímulo à reflexão
sobre a mídia atual
Por Paulo Chico
Atual Diretor de Jornalismo da TV
Gazeta, de São Paulo, Dácio Nitrini, 58
anos, considera que o lançamento do Exno Rio de Janeiro não só lançou luz so
bre o passado, resgatando a história de
um marco da chamada imprensa alter
za, colega morto em 2008 e que foi Edi
tor do Ex-. Porém, acho que o olhar dos
que querem ser independentes deve se
deslocar do papel paraa telado compu
tador. A saída está no mundo web, no
meio digital. Épreciso reorganizar asre
des sociais em busca de um espaço co
mum para publicações."
nativa dos anos 1970, como também
permitiu, na revisita às páginas do jor
Nova forma de censura
nal, uma reflexão sobre a mídia atual.
Também membro da equipe do Ex-,
Afinal, um dos temas políticos mais
no qual chegou a exercer a função de
Editor-Executivo, Mylton Severiano tem
uma visão menos positiva em relação à
explorados nas eleiçõesdeste ano foi exa
tamente a liberdade de imprensa e a re
laçãoda imprensa com o poder.
"O lançamento da coleçãodo£x- éuma
imprensa no Brasil:
feliz coincidência com o debate que se
"Para a grande imprensa, ou mídia
gorda, como eu a chamo, há total liber
travanessemomento.Os termos freqüen
tementeutilizados paraqualificaro jornal
(nanico, alternativo, pequena imprensa...)
são,na verdade, merasmetáforas imper
feitas para a expressãoque nós achamos
dade. Ela dizoquequer, publica qualquer
barbaridade como se fosse jornalismo.
Nos meus 50 anos de profissão, nunca
imagineique a nossa imprensa chegaria
exata: jornal independente. Espero queo
debate atualleve emcontaqueimprensa
independentenãoéapenasaquelalivre das
pressõesgovernamentais, dos conglome
radoseconômicos e igrejas. Quem relera
coleção veráqueoúnicocompromisso da
publicação eracoma liberdade depensa
a tal nível de mediocridade. Sem dúvi
da, ela vive atrelada a outros interesses
e compromissos, que terminam por re
presentar uma nova espécie de censura,
uma modalidade de controle. Basta lem
brar o recenteepisódio em queoEstadão
demitiu sua colaboradora Maria Rita
mento, opinião e criação dos jornalistas,
Kehl, tão apenas por escrever que o
Governo Luladeixará importantes fei
quea produziam a partirda realidade que
tos sociais como legado."
viviam e observavam", diz ele.
Myltainho, um dos participantes do
evento realizado na ABI, aprofunda sua
análise sobre a conturbada relação entre
Nitrini reconhece que há, de fato, li
berdade total deimprensa edeexpressão
no País. Mesmoeventuais compromissos
e interesses econômicos da grande im
prensa não impedem que os cidadãos
sobretudo quando se discute a liberda
tenham acesso a outros meios de infor
de de imprensa, na medida em que
mação. Basta ver a blogosfera,o Twitter
ecanaisdetv internacionais, que podem
ser acessados por assinatura ou através
da internet. Ou mesmopoucas publica
nosso jornal circulava durante a
pior ditadura que o Brasilenfren
tou. Hoje, estamos em democra
cia ascendente. Como o Lula res
ções impressas.
saltou, nunca a imprensa teve tanta
"Há, no mercado, alguns veículos se
melhantes, comoaCarosAmigos, nãoco
incidentemente criada pelo Sérgio deSou-
liberdade. Sóparaexemplificar, a Veja
12 (Jornal da ABI 359]
poder e mídia nos últimos anos:
"O relançamento do£x-éimportante
pôs na capa na campanha de 2006 o Pre
sidente de costas, numa foto malsã, ar-
vi tanto deboche na imprensa contra um
candidato do Governo. Sem falar nas
calúnias, invencionices e falta de repu
blicanismo. Incentivam a acusação de
que a Dilma é a favor de matar crianci
Alguns episódiosde controle ecensura
préviada informação, em respeitoaosin
teressesdas própriasorganizações deco
municação, chegam a ser escandalosos.
"De Santa Catarina, onde vivo, até os
confins do RioGrande do Sul,há um mo
nopóliodainformaçãonasmãosdafamília
Sirotsky.Eveja que curiosa coincidência:
há coisade dois ou três meses, um meni
nhas! Diante do menor sinal de contra-
no de 14 anos, membro dessa mesma fa
riedade doPresidente ouda própria can
didata, reclamamque o Governo quer
atropelar a Überdade de expressão".
mília, barbarizou eestuprou umacolega,
HonoráveisBandidos, UmRetrato doBrasil
na companhiade outros dois rapazesdo
colégio. Isso,evidentemente,não saiunos
jornais nemnatevê. PauloHenriqueAmorim foio únicoque vi pôr no ar uma ma
tériaa respeito, noDomingoEspetacular, na
TV Record. Nela, uma mulher humilde,
ouvidanasruasdeFlorianópolis, foidireto
naEra Sarney - escrito em parceriacom
ao ponto: se fosse um filho dela o autordo
"Sistema avassalador"
Colaborador de várias publicações,
Myltainho colhe frutos do sucesso de
PalmérioDória, atualmente o título mais
vendido da Geração Editorial, e prepa
ra livro sobre outra publicaçãohistóri
ca: a Realidade, considerada a melhor
revista de reportagens já feita no País. Ele
vê a extinção das publicações alternati
vas como resultado do cerceamento da
liberdade nos anos de chumbo.
"Essaé mais uma herança maldita da
ditadura. Equase impossível lançar um
jornal hoje em dia, mediante mexidas no
preço do papel, dificuldades de impres
são. Aliás, melembro dequeoEstadão cer
ta, vez se recusou a imprimir o Ex-.O mes
mo jornalão que faz coro com a mídia
talestupro, jáestaria enjaulado naFebem",
diz Mylton Severiano.
Faltou tempo ao Ex-
Dácio Nitrini lembra que dos anos
1960 até o final da década de 1970 o
Brasil assistiua um boomde publicações
contestadoras, com questionamentos
comportamentais e, é claro, políticos.
"Havia algumas claramente Ügadas a
grupospolíticos ou partidosdeesquerda,
na época ainda clandestinos. Outras, de
perfilanárquico, libertários.Algumas com
batiam opreconceito sexual, comoopau-
gorda, dizendo queo Governo quercer
hst3.noLampião. Outros atuavam no underground, como o carioca Flor doMal.
cear a liberdade. Os alternativos e inde
Todos unidos contra a ditadura. OEx- não
pendentesque resistemnada podemdi
ante do sistema avassalador que temos
na mídiabrasileira. SeidojornalPequeno,
de São Luís/MA, dojornal Pessoal, de
Belém/PA, e uns poucos outros. Sãovo
zes de estreito alcance,perto da meiadú
zia defamílias que desdeo golpemilitar
se assenhorearam dos principais canais
tevetempodealcançaraestruturaempre
sarial conquistada, porexemplo, pelofiisquim. Malchegavaa bancasem outras ca
de tevê, dos jornais e das revistas."
pitais. Sua presença forte estava em São
Paulo, uma cidade de difícil cobertura na
distribuição. Ele era lido sobretudo por
universitários, intelectuais e artistas. Em
borasarcástico ebem-humorado, eramais
voltado parareflexões doquePasquim, um
jornal satírico por excelência".
O Mago de Id:Os
quadrinhos tinham
espaço no jornal.
Como consultar
Comobaseparaa reflexão sobreo pa
pelda mídia, todaa coleção do£x-, digi
talizada, pode servista no portal do Ar
quivo Nacional - no site Memórias Re-
-p-j— veladas. Basta acessar www.memorias
~l T
reveladas.gov.br
157
r>T/— AABI ad<1uiriu exemplar dessa coleção fac-simile de
J-T-- Ex-, a qual está à disposição dos associados e usuários
da Biblioteca BastosTigre, sediada no 12"andar do
Edifício Herbert Moses, diariamente, das 8 às 17 horas.
Direitos humanos
Tarso Gemo eleito Governador do Rio Grande do Sul, eoMinistro Paulo Vannuchi (à esquerda) vieram ao Rio para prestigiar oJu,z Baltazar Carzón que
defendeu na OAB-RJ atese que ambos sustentam: Tortura não écrime político enõo pode ser alcançada pela Lei de Anistia, como entendeu oSupremo Tribunal.
Mensaéens
Juiz que mandou prender
Aplauso de
o ditador Pinochet reclama
a abertura dos arquivos
Thiers à entrevista
com Geneton
Em mensagem enviada à Casa, o
Aconvite da OAB-RJ, Baltazar Garzón faz conferência
em que sustenta que tortura não é crime político.
Presidente do Tribunal de Contas
do Município do Rio de Janeiro,
Conselheiro Thiers Montebello,
manifestou seu aplauso à Edição
Emconferência pronunciada, dia 13
n° 357 dojornal da ABI e
especialmente à "excelente
deoutubro na OrdemdosAdvogados
do Brasil/Seção do Estadodo RiodeJa
entrevista com o jornalista
neiro,oJuizespanholBaltazarGarzón,
conhecido por ter determinado a pri
são do ditador chilenoAugusto Pino
chet, defendeu aabertura dosarquivos
Geneton Moraes Neto sobre a
missão de fazer jornalismo". Diz
Thiers Montebello:
"Agradeçoo envio dojornal da
ABI- agosto de 2010-, que traz
excelente entrevista com o
jornalista Geneton Moraes Neto
sobre a missão de fazer jornalismo.
Tive oportunidade de assistir à sua
entrevista inédita com o
compositor Geraldo Vandré, tão
ansiada por todos.
Quanto à matéria relativa ao
TCU, parece-meque a decisãode
rever as indenizações determinadas
pela Comissão de Anistia refere-se
exclusivamenteàquelas
convertidas em aposentadoria.
O Jornal da ABI enaltece o
jornalismo e fortalece a
importância do papel exercido pela
imprensa. Parabéns por mais essa
contribuição.
Com meu cordial abraço (a)
Thiers Montebello, Presidente"
da ditadura militar no Brasil e afirmou
que desaparecimentos e crimes de tor
tura cometidos por agentes do Estado
não podem ser tratados como crimes
e o ex-Ministro da Justiça e Governador
eleito do Rio Grande do Sul Tarso Gen
ro, participantes da mesa, ressaltaram
que a visita de Garzón fortalece as cam
à época, o Conselho Federal da OAB."
Não se estava pedindo a revisão da Lei
da Anistia, o que seria inconstitucio
nal,masumanovainterpretação dela.
panhas em prol da abertura dos arqui
O pleito também foi considerado um
vos da ditadura rnilitar no Brasil.
"Esta visita é um momento de ins
ataque às ForçasArmadas, quando o
piração eencorajamento paralutasque
buscam esclarecer o que exatamente
ocorreu no período da ditadura", afir
que estava sendo questionado era a
punição deagentes civis emilitares que
praticaram a tortura", afirmou.
Compuseram a mesa do evento,
políticos. Énecessário, disse, que as ins
mou Vannuchi, lembrandoqueo pro
também, os Presidentes da Comissão
jeto de lei que cria a Comissão da Ver
tituições representativas da sociedade
dade, destinada a apurar casosde vio
lação de direitos humanos, foi envia
do em maio ao Congresso.
O ministro afirmou também que
de Anistia do Ministério da Justiça,
civil saiam dainércia ebusquem aapu
ração dos fatos.
Integrante da mesa e primeiro ora
dor da sessão, o Presidente daOAB/RJ,
Wadih Damous, entregou uma placa
em homenagem a Garzón e anunciou
acriação deumgrupodetrabalhopara
organizar campanha em solidariedade
ao juiz espanhol, afastado das inves
tigações que conduzia sobre os crimes
cometidos pelo regime franquista. O
Conselho Geral do PoderJudicial da Es
PauloAbrão, da Associação Brasileira
de Imprensa, Maurício Azedo, e da
OAB/Pará, Jarbas Vasconcelos.
o País aguarda a decisão da Corte In
ternacional de Direitos Humanos da
Organização dos Estados America-
nos-OEAsobre açõesde repressão re
alizadas pelas Forças Armadas entre
1972 e 1975 no combateàguerrilha do
Araguaia.
O ex-Ministro Tarso Genro fez crí
panha considerou suas investigações
ticas à interpretação do Supremo Tri
bunal Federal, emabril,dequea Lei de
"ilegais e abusivas".
Anistia alcançava os torturadores. Para
O Ministro da SecretariaEspecial
dosDireitos Humanos, Paulo Vannuchi,
ele, a maior parte da mídia propagou
uma visãodistorcida do que pleiteava,
Desagravo
Após a sessão, Garzón viajou para
Brasília, onde teria encontro com o
Presidente Lula. Ele se reuniria também
com estudantes da Universidade de
Brasília. No dia 14, Garzón concedeu
coletiva na Assembléia Legislativa do
Estadodo Rio, onde participou de ato
dedesagravo promovido pelo Deputa
do Alessandro Molon (PT).
Reportagem da Tribuna do Advogado, órgão oficial
da OAB-RJ.
(jomaldaABI35¥ Outubro de 2010 29
Direitos humanos
tem com .
ade ambieni
gradando ao
njdor, que
«assostentáví
üfcJWg.
ma das br?
Anistiados e anistiandos pedem
"uma atenção mais cidadã"
Encontro de entidades de vítimas da ditadura aprova declaração em que expõe 10 aspectos negativos da tramitação dos
processos de anistia eformula sete proposições para reversão de um quadro de "omissão, resistência eaté negligência".
Sem merecer a atenção da grande
mídia, numeroso conjunto de associ
ações de perseguidos políticos discutiu
em Brasília, em agosto passado, o an
damento dos processos de anistia, so
breosquaisemitiramextensadeclara
ção em que reclamam "uma atenção
mais cidadã". O texto da declaração,
encaminhado ao Jornal da ABI pelo
cumprimento é feito com omissão, re
sistência e até negligência.
Nossas diligências no decorrer deste
período, em que pesetodo o nossoem
penho, é frustrante, o que nos obrigou
a solicitara atençãodo ConselhoFederal
daOrdemdosAdvogados doBrasil, além
dejátermos recorrido, emapelo, aoCon
gresso, onde assinalamos as seguintes
ga, Paraíba, é o seguinte:
"Nós, os homens e mulheres que so
anomalias, na maioria dos processos em
curso na Comissão de Anistia, a saber.
1. os autores de pedido de reparação
nhavam com um Brasil mais humano
ou seus representantes não recebem
e justo, posicionamo-nos pelas refor
masedepois lutamos contra aditadu
ra. Fomos punidos pelo Estado de en
notificações da data de julgamento;
tão e continuamos carentes de uma
do processo;
3. decisões discrepantes em proces
jornalista Paulo Conserva, deItaporan-
atenção mais cidadã para recebermos
os benefícios concedidos pelo Congres
so. Já são transcorridos mais de trinta
2. as decisões são tomadas sem levar
em conta as provas contidas nos autos
tia cara para o País, pois muito mais
cara em vidas, em desarticulação social
e financeiramente foi a DITADURA,
decujosresponsáveis deveriamserexi
gidosos recursosindenizatórios ou re
paração ao Estado;
8. se a anistia foi ampla, geral e irres
trita para ambos os lados em disputa,
como sentencia o STF, que sejam aber
tos os arquivos da ditadura e reconhe
cidos os responsáveis;
9.declaramos que quanto aos traba
lhadores não tem sido considerada pela
Comissão de Anistia a situação jurídica
das categorias profissionais a que per
10. nos manifestamos contra a limi
nar que suspendeu a anistia dos cam
poneses do Araguaia e, nessesentido,
solicitamos que seja dada atenção es
pecial por parte da Comissão da Anis
tia do Ministério da Justiça na análise
do requerimento e defesa dos campo
neses do Araguaia, tendo em vista as
dificuldades intelectuais e financeiras
de eles contratarem profissionais ho
nestos e competentes para a condução
dos seus processos.
Nos manifestamos também contra
as contínuas intromissões do Ministé
rio da Defesa buscando suspender a
tencia ou pertence o anistiado, escudando-se errônea e propositalmente os
anistia dos trabalhadores do Arsenal da
Marinha e dos ex-cabos da FAB.
parâmetros de "média salarial" da
Manifestamos ainda pela continui
dade da Ceanisti em perfeita consonân
4. recursos: - Foi julgado apenas um
"Data-Folha salários", lesando o anis
tiado ao rebaixar salários, não obser
anos sem vermos as leis conveniente
pequeno número de recursos; alguns
vandoo quadrodecarreiras dasempre
nos e Minorias da Câmara dos Deputa
mente aplicadas ou, no máximo, são
lá dormem há mais de seis (£) anos;
sas e acima de tudo burlando na repa
dos, já que são inúmeras as tentativas
de levar ao esquecimento e apagar da
memóriado povobrasileiro as lutas dos
anistiandos, e anistiados que são verda
sos semelhantes;
apÜcadas pormetade,reiteradamente.
Este período se apresenta em duas
etapas: a primeiraaté chegarmos à Lei
tegrar os anistiados na sua condição
pregressa de trabalho, conformeesta
de Anistia - 6.638/79 -, a segunda, a
beleceuo Congresso;permanece a dis
partir daLei n° 10.559/02, queregula
criminação sub-reptícia para com os
anistiados na administração militar;
menta o art. 8o do ADCT-CF-88, elu
5. há resistência do Estado em rein
ração o consubstanciado no princípio
e espírito da Lei n° 10.559/2002, que
diz: "ovalor da prestação mensal per
manente e continuada será igual ao da
remuneração que o anistiado político
receberia se na ativa estivesse". Sem
6. não estão sendo observados os
tergiversação contra ostrabalhadores,
terpretações.
prazos dereparação econômica confor
A legislação pertinente é quase sa
tisfatória, porém a correção em sua in
terpretação e aplicaçãofoi e está sen
do distorcida, ignorada e até mesmo sa
me o art. 12,§4o, combinado com o art.
dia,a mesma que sustentou o golpe e
o valor da prestação deveria ser esta
belecido conforme o quadro salarial/
carreiras das empresas públicas, priva
dasou empresas mistassobcontrolees
tatal a que o anistiado pertencer ou
botada. Na melhor das hipóteses o
ainda o defende, como sendo uma anis
estevevinculado". Éa Lei;
cida e acrescenta a abrangência de in
30 (1omaldaABI359
de 2010
18 da referida Lei de Anistia;
7. não aceitamos a pregação da mí
cia com a Comissão de Direitos Huma
deiros heróis da construção da democra
cia do nosso País,restando ainda milha
res de processosa serem analisados.
Exigimos a imediata abertura dos
arquivos militares e civis da ditadura
visando à preservação da memória e
elucidação dos fatos no sentido de im
pedirque parcelas significativas daso
ciedade brasileira tenham um discurso
democrático, mas ainda mantenham
uma postura altamente autoritária e
Caravana de Niterói
discriminatória.
Destas atitudes o Conselho Federal
da OAB, em reunião de n° 66 da Dire
toria, Protocolo 310045501/2010, so
licitou ao Sr.Ministro da Justiça infor
mações de que, até à presente data, não
temos qualquer notícia.
Este é o panorama das dificuldades
quetodosestamosenfrentando,eque
anistia 19 perseguidos
Ato na Faculdade de Direito emocionou aassistência que superlotava seu Salão Nobre.
está carecendo de uma UNIÃO NA
CIONAL, a fim de buscarmos acolhi
Em sessões realizadas em 18 de ou
mento pleno de nossas pretensões -
Mais do Rio de Janeiro, eÂngelo Ma-
tubro na Faculdade de Direito da Uni
versidade Federal Fluminense, em Ni
sulloReis, representandoo Centro Aca
dêmico Evaristo da Veiga, da Faculda
terói, RJ, a Comissão de Anistia do Mi
deFigueiredo, parcialmente, represen
tado por Eliane Pratesde Figueiredo;
Adelino Carlos Oliveira, parcialmente,
de de Direito.
e RafaelFrancisco, parcialmente.
legais - obstruídas e torpedeadas soIertemente.
Nãonos tratam como ex-persegui
dos políticos e, sim, continuamos a ser
PERSEGUIDOS, agora pela democra
ciapelaqualtanto lutamos eajudamos
a estabelecer!!!
Que fique claro: buscávamos a de
mocracia da Nação, humana, e não a
democraciado capital de interesse dos
grupos econômicos somente.
NOSSA PRETENSÃO:
QUE o Governo cumpraasdetermi
nações da Lei n° 10.559/02, respeitan
do o que está expresso no texto, sem
tergiversações;
QUE aComissão deAnistia julgue os
requerimentos e recursos pendentes
nistério da Justiça aprovou a concessão
deanistiaa 19perseguidos políticos ra
Os anistiados
dicados na antiga capitalfluminense,
A Comissão de Anistia deferiu os re
quefoiumdosmaisimportantescená
querimentosdeJoãoPedro deOliveira;
rios da resistência ao golpemilitar de Hugo Chor, parcialmente; Jorge Gonçal
Iodeabrilde 1964. Entreos processos
ves da Silva; Maria Felisberta Baptista
figurava o do jornalista Achylles Ar
de Andrade; Zélia Leocádia da Trinda
mandoJalul Peret, sócio da ABI, que deJardim; Delacy deAlcântara, parcitramita desde2005, cujaapreciação foi . almente; StelaChor, parcialmente; Pau
adiada,em razãode pedidodevista. Os
loMachado Marques, representado por
membros de três Turmas de Conselhei
Marilda Medina de Souza Marques;
rosdaComissão deAnistia quejulgam Eufrasiano Nunes Galvão, representa
processos examinaram no total 29 re
doporMaria Edith Maciel Mendes; Aloquerimentos, dos quais um foi indefe
ísioJorge Soares Lages, parcialmente;
rido e nove adiados.
Aldair Leal deCarvalho, parcialmente,
A apreciação dos processos consti
num prazo compatível com a idade dos
representado por EleniceLealde Carva
tuiu o clímax da 45a Caravana da Anis
requerentes, deferindo ou indeferindo;
QUEo tratamento aos requerentes
tia organizada pelo Ministério da Jus
lho; José Mendonça da Silva, parcial
mente; Pedro Izaías de Souza, parcial
ou seus representantes volte a ser res
peitoso e coerente com o Estado Demo
crático de Direito.
QUE o Sr. Ministro volte a receber
as entidades representativas, dando
cumprimento aoqueestabelecem os§§
Io e 2o do art. 12 da Lei, para que os
anistiados possamacompanhar os tra
tiça,na qualo Presidente daComissão,
Paulo Abrão Pires Júnior, ressaltou o
empenho do órgão de fazer justiça,
pedindo-lhes desculpas em nome do
ModestodaSilveira, igualmente mem
bro da ABI, o qual defendeu a transfor
mação do Estádio Caio Martins em
memorial da luta pelo Estado de Direi
ção dos que cometeram crimes contra
décadas de 60/70, bem como buscarem
o ressarcimento ao erário público dos
gastos com as indenizações através de
ações regressivas contra as pessoas,
.políticos eorganizações queparticipa
ramdogolpe, quederamsustentação e
justificama destruição dasInstituições
to, em homenagema centenas decida
dãos que ficaram presos em suas de
pendências apóso golpe; o advogado
Manoel MartinsFilho, de87anos, que
emocionou a assistência que superlo
tava o Salão Nobre da Faculdade ao
relatar as violências sofridas no anti
go Estado do Rio por militantes soci
ais e pessoascomuns após o Iode abril
de1964, ea Professora Vitória Grabois,
cujo pai, ex-Deputado Maurício Gra
bois, constituinte em 1946, figura en
vigentes em 1964;
tre osmortos na GuerrilhadoAraguaia,
QUE a "Nota da Comissão de Anis
tia sobre a Decisão do TCU em Rever
cujo corpo não foi descoberto, passa
as Anistias às Vítimasdo Regime Mi
dos mais de 30 anos.
Àmesa quepresidiu asessão tiveram
litar" seja inserida no relatório do IV
assento o Diretor da Faculdade de Di
Seminário Latino-Americano de Anis
reito, Professor EdsonAlvisi Neves, are
presentante do Governador Sérgio Ca
bral, Patrícia Waked Pontes, Assessora
tia e encaminhada a organismos inter
nacionais de direitos humanos;
QUE fique registrado o repúdioà in
vestidadoTCU,que,extrapolando suas
atribuições constitucionais, se arvora
ilegitimamente em submeter revisões
deatoslegal elegitimamente decididos
pela Comissão deAnistia ematos(por
tarias) do Ministério da Justiça.
Nossa UNIÃO nos garante confian
çanaAPLICAÇÃO DOSBENEFÍCIOS
DALEI e nos proporcionará condições
para recorrer a outros tribunais.
Brasília/DF, 16 de agosto de 2010."
Assis Silva Barreto, Valdir Jorge Rodri
gues e Mário Rubens Rodrigues. O
processo de Carlos Moreira da Rocha
foi indeferido; ode Paulo Cezar Duque
de Pinho, convertido em diligência.
Seis anistiados não viveram o sufi
ciente para usufruir da anistia institu
ída há maisde 20anos pelaConstitui
ção de5 deoutubro de 1988: aolongo
da tramitação de seus processos mor
reramPaulo Machado Marques, Pedro
Izaías deSouza, Roberto Bussinger de
Figueiredo, Eufrasiano NunesGalvão,
Jorge Gonçalves da Silva e José Men
donça da Silva.
perseguições da ditadura militar. Tam
bém falaram na sessão o advogado
QUE o Governo e sua base aliada se
comprometam a acionar os tribunais
as instituições e de lesa-humanidade nas
mes, parcialmente; Roberto Bussinger
sessão da Turma 3, também tiveram a
apreciação adiada os processos de Elízio Gomes de Souza, Wilson Vieira,
José Ventura de Oliveira, Francisco de
Estado, a quantos foram vítimas de
balho da CA.
internacionais paraocumprimento dos
tratadosedecisões pararesponsabiliza
mente, representado por Maria das Gra
ças Nunes de Souza;, Claudionor Go
Alémdo processo deAchylles Jalul
Peret, emquehouvepedido devistana
da Secretaria de Estado de Assistência
Social e Direitos Humanos, o advoga
do Fernando José Dias, representando
a Subseção de Niterói da Ordem dos Ad
vogados do Brasil-RJ, o Presidente da
ABI, Maurício Azedo,o ex-Vereador Be
nedito Joaquim dos Santos, Presidente
do Fórum de Anistiados de Niterói e São
Gonçalo e ex-Presidente do Sindicato
dos Operários Navais do Estado do Rio
em abrilde 1964, VitóriaGrabois, VicePresidente do Grupo Tortura Nunca
"Arrancaram minha mãe
da cama como um embrulho"
Jovens de Betim, MG, ouvem com emoção orelato de Herculano Pinto Filho,
de 84 anos, que, em cadeira de rodas, narrou seus padecimentos sob aditadura.
"Emnome do Estadobrasileiro, o
nosso pedidode desculpas". Foi com
esta frase que a Vice-Presidente da
Comissão de Anistia, Sueli Bellato,
concedeu anistia a cada um dos sete
ex-perseguidos políticosjulgados na
Caravana de Betim no dia 11 de ou
Foram julgados também osrequeri
mentos de anistia de Maria de Fátima
Nolasco, HervêdeMelo,RenatoSantos
PereiraeMarydeSouzaMuniz, alémdos
casos postmortemcteMariadaSilvaGon
çalves e José Deolindo de Oliveira.
Estafoia 44aediçãoda Caravana da
tubro de 2010.
Anistia, a terceira no Estado de Minas
A emoção tomou conta de todos os
que acompanhavam a Caravana do Mi
Gerais. Os julgamentos integraram a
nistério daJustiçalogo noprimeiro jul
gamento da tarde. Herculano Pinto Fi
lho,de84anos, chegou à sessão emca
deirade rodas eacompanhado damu
lher. Ele erafuncionário público eradi
alista na época da ditadura. Fundou e
trabalhou em jornais da cidade de La
vras, interiordeMinasGerais, efoipre
soinúmeras vezes aolongo doregime.
"Piordo que ser preso, era a forma
comoelesagiam.Lembrodelesentran
do na minhacasa, revirando tudo, ar
rancando minha mãe da cama como
se fosse um embrulho. Passei muitas
dificuldades, masgraças a Deusestou
aqui hoje",contou Herculano, sob os
aplausos de mais de 250 jovens que
acompanharam o julgamento.
programação do I Encontro Brasileiro
de Universitários Cristãos-Ebruc e
teve o apoio da Conferência Nacional
dos Bisposdo Brasil-CNBB.
"Aditadura foi uma duríssima reali
dade vivida em nosso País. O controle
dasforças derepressão erabrutalevio
lento.Os jovensprecisam saberahistó
riadaqueles quelutaram pelaliberdade",
afirmou o Presidente do CNBB, Dom
Geraldo Lyrio, reforçando a importân
cia educativa da Caravana da Anistia.
"Nós queremos que vocês conhe
çam hojeas pessoas que acreditaram
em suas convicções e foram capazes
dedizerbasta", completou aVice-Presidente da Comissão de Anistia.
Fonte: Núcleode Comunicação-Setor de Assessoría
e Projetos da Comissão de Anistia.
(Jornal da ABÍ35Õ]
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