Dor em Medicina Física e de Reabilitação Unidade de Ensino de Medicina Física e de Reabilitação Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa Dor Experiência sensorial e emocional desagradável, associada a uma lesão tecidular real ou potencial, ou que é vivida como tal International Association for the Study of Pain (IASP), 1994 Dor Défice funcional Ansiedade Depressão Nicholson and Verma. Pain Med. 2004;5 (suppl. 1):S9-S27 Perturbações do sono Agressão Dor aguda Dor crónica ≥3–6 meses • Desempenha um papel protector • Em geral, identifica-se uma agressão • Não tem um papel protector • Deteriora a saúde e a funcionalidade Dor nociceptiva Dor causada por lesão tecidular (musculoesquelética, cutânea ou visceral) Raja et al. in Wall PD, Melzack R (Eds). Textbook of Pain. 4th Ed. 1999.;11-57 Dor nociceptiva Experiência sensorial, traduzindo-se numa resposta de neurónios sensoriais periféricos específicos (nociceptores) a estímulos nóxicos (nocivos) Habitualmente, a região dolorosa situa-se no local da lesão Dor nociceptiva Frequentemente descrita como latejante, moinha ou rigidez Pode ser crónica, mas geralmente é transitória, desaparecendo após cura dos tecidos lesados Responde aos analgésicos “convencionais” Dor nociceptiva crónica Percepção da dor Informação ascendente Lesão tecidular Modulação descendente Medula espinhal Nervo periférico Activação de nociceptores locais Dor Neuropática Dor iniciada ou causada por disfunção ou lesão primária do sistema nervoso central ou periférico (incluindo o sistema nervoso autónomo) International Association for the Study of Pain. IASP Pain Terminology Dor neuropática Frequentemente como “descarga”, descrita “choque eléctrico” ou “queimadura” Muitas vezes associada a “formigueiro” ou “dormência” The Journal of Pain, Vol 8, No 2 (February), 2007: pp 118-126 Dor neuropática A região dolorosa não se situa, necessariamente, no local da lesão; a dor ocorre no território nervoso da estrutura afectada (nervo, raiz, medula espinal, cérebro) Quase sempre uma situação crónica (por exemplo nevralgia pós-herpética ou dor pós-AVC) Fraca resposta aos analgésicos “convencionais” Exemplo de dor neuropática: lesão do nervo cubital após fractura óssea Nervo Cubital Percepção da dor Lesão nervosa Informação ascendente Modulação descendente Impulsos gerados no nervo cubital Medula espinhal Lesão Nociceptores periféricos Dor neuropática Exemplos Neuropatia diabética periférica (NDP) Descritores frequentes “Descarga” “Choque eléctrico” Lesão nervosa pós-cirurgia “Queimadura” Nevralgia pós-herpética “Formigueiro” (NPH) Radiculopatia lombar Dor pós-AVC “Dormência” Dor neuropática – causas centrais AVC’s Lesões vértebro-medulares Esclerose múltipla Neoplasias Dor neuropática – causas periféricas Traumáticas: cirurgia, encarceramento do nervo, amputação Metabólicas: Diabetes Mellitus, urémia Infecciosas: Herpes Zoster, VIH Tóxicas: quimioterapia, alcoolismo Vasculares: Lupus Eritematoso, Poliarterite Nodosa Nutricionais: niacina (ácido nicotínico), tiamina (vit. B1), piridoxina (vit. B6) Neoplasias: metástase, infiltração Dor neuropática – sintomas “positivos” Dor espontânea Sensação dolorosa sem estímulo evidente Alodínia Resposta dolorosa a um estímulo habitualmente não doloroso (toque, movimento, frio, calor) Hiperalgesia Resposta aumentada a um estímulo habitualmente doloroso (frio, calor, picada) Disestesia Sensação desagradável, espontânea ou evocada (por exemplo sensação de descarga) Parestesia Sensação anormal não desagradável, espontânea ou evocada (por exemplo sensação de formigueiro, zumbido, vibração) Dor neuropática – sintomas “negativos” Hipoestesia Diminuição da sensibilidade a estímulos, excluindo os sentidos especiais (por exemplo: toque, dor) Anestesia Perda total de sensibilidade Analgesia Ausência de dor em resposta a estímulos habitualmente dolorosos Hipoalgesia Diminuição da dor em resposta a estímulos habitualmente dolorosos A geração da dor neuropática ocorre ao nível do próprio sistema de transmissão da dor, com envolvimento de fibras Aβ, Aδ e C Função do nervo Normal Diminuida Estímulo Aferente primário Sensação Inócuo, mecânico Aβ Toque normal Nociceptivo, (mecânico, térmico ou químico) Nociceptores Aδ, C Dor “normal” Inócuo, mecânico Aβ Hipostesia táctil Nociceptivo, (mecânico, térmico ou químico) Nociceptores Aδ, C Hipoalgesia mecânica, ao calor ou frio Inócuo, mecânico Aβ alodínia Nociceptivo, (mecânico, térmico ou químico) Nociceptores Aδ, C Hiperalgesia mecânica, ao calor ou frio Aumentada Adaptado de: Wall PD, Melzack R (Eds). Textbook of Pain. 4th Ed. 1999.;165-182 Dor Nociceptiva Dor neuropática Dor Nociceptiva Dor Mista Dor neuropática Dor mista ou combinada A coexistência dos dois tipos de dor tem sido referida como estado de dor “mista” ou “combinada” e pode surgir em múltiplas situações, tais como síndrome do canal cárpico, dor lombar associada a radiculopatia e dor neoplásica O seu tratamento efectivo requer uma abordagem terapêutica abrangente, para aliviar as componentes nociceptiva e neuropática da dor Exemplo de dor mista: hérnia discal com radiculopatia Activação dos nociceptores periféricos – componente nociceptiva da dor Compressão e inflamação da raíz nervosa – componente neuropática da dor Dor não localizada: referida ou radicular? Em geral, a dor nociceptiva é localizada; porém, quando a lesão ocorre em estruturas profundas, a dor pode ser referida A dor referida é uma dor nociceptiva descrita pelos doentes como: “latejante” ou “moinha” dor “aborrecida”, A dor radicular é uma dor neuropática descrita pelos doentes como “descarga”, “choque eléctrico” ou “queimadura” e muitas vezes associada a “formigueiro” e “dormência” Abordagem “dos 3L” no diagnóstico diferencial Os descritores verbais são sugestivos de DNe? Sim Não Provável dor nociceptiva Detecta alterações sensoriais com os ‘testes de cabeceira’? Não Sim Identificar a lesão/ disfunção do sistema nervoso responsável Não Considerar tratamento Considerar envio a consulta de referência Sim Confirmação do diagnóstico iniciar tratamento para dor neuropática Referenciação da Dor Neuropática (Finnerup et al., 2007) Complexidade Baixa Moderada M.G.F. M.G.F. Elevada M.G.F. C.Dor M.F.R. C.Dor Ort. Neur. M.F.R. Psiq. Ort. Psiq. Neur. Direcção Geral da Saúde Circular Normativa nº 9, de 14 de Junho de 2003 Registo sistemático da intensidade da dor Utilização para registo de escalas validadas Escalas de intensidade da dor Escala visual analógica Escala numérica Escala qualitativa Escala de faces Avaliação clínica da dor Intensidade Distribuição Qualidade Limiar de tolerância Comportamento Evolução temporal Sono Fadiga “Stress” Suporte social Analgesia em Medicina Física e de Reabilitação Tratamento Farmacológico Agentes Físicos Massagem Cinesiterapia Hidroterapia/Balneoterapia Analgesia em Medicina Física e de Reabilitação Intervenção em casos seleccionados Hierarquização do acesso ao tratamento Monitorização dos resultados Analgesia em Medicina Física e de Reabilitação Contribuir para o alívio da dor e evitar a deterioração funcional Analgesia em Medicina Física e de Reabilitação Contribuir para o alívio da dor e evitar a deterioração funcional Nunca esquecer que... “...dor é quando o doente diz que dói !”