XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008
UMA PROPOSTA DE SOFTWARE WEB
PARA COLETA DE DADOS E
APLICAÇÃO DE MÉTODOS
ELEMENTARES DE AUXÍLIO À
DECISÃO MULTICRITÉRIO
MARIA ALCILEIA ALVES ROCHA (UENF)
[email protected]
André Luís Policani Freitas (UENF)
[email protected]
Nos tempos atuais, as organizações usam a Tecnologia da Informação
como aliada ao proceder pesquisas de mercado ou usar métodos de
auxílio à decisão multicritério objetivando o sucesso. Este artigo
comenta sobre alguns sistemas de suporte aa decisão (SSD) executados
via Internet, bem como sobre as técnicas e ferramentas adotadas para
desenvolvê-los, além de relacionar as características observadas em
problemas decisórios e pesquisas de mercado. Neste contexto, este
artigo apresenta a proposta de um software web modular capaz de
cadastrar problemas decisórios ou projetos de pesquisa de mercado,
suas variáveis e respectivas avaliações. Em especial, o software
proposto deve permitir a análise dos dados coletados, a princípio,
através de alguns métodos elementares de auxílio à decisão
multicritério.
Palavras-chaves: Engenharia de Software, Internet, Multicritério, SSD
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A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008
1. Introdução
A velocidade das transformações no mundo globalizado é impulsionada pelo
desenvolvimento tecnológico, que tem como um de seus marcos a criação e difusão da
Internet. Assim, muitas pessoas e organizações aprenderam a usá-la em benefício próprio, a
partir do compartilhamento e publicação de informações, via computadores conectados numa
rede capaz de abranger lugares geograficamente distribuídos. Esta prática aliada aos métodos
científicos tem contribuído com a inovação tecnológica, que segundo Jung (2004), refere-se
ao desenvolvimento constante de novos métodos, técnicas e equipamentos com a finalidade
de reduzir o esforço humano quando da realização de quaisquer atividades ligadas ao trabalho
ou lazer, proporcionando uma melhoria da qualidade de vida.
Diante deste cenário dinâmico, cujas decisões são imprescindíveis, uma forma de conduzir as
organizações ao sucesso é usar ou desenvolver métodos de auxílio à decisão que consideram
aspectos objetivos e subjetivos de problemas decisórios que envolvem vários critérios a fim
de auxiliar na ordenação, priorização ou classificação de diversas alternativas.
Analogamente, realizar pesquisas de mercado através de métodos adequados, visando
assegurar a conquista e manutenção de clientes, é uma estratégia que pode culminar num
diferencial competitivo e fornecer informações que auxiliam nas decisões.
Normalmente, estes métodos são implementados através de sistemas computacionais, usados
tanto no ambiente acadêmico quanto empresarial, denominados: Sistemas de Suporte à
Decisão (SSD) que englobam funcionalidades para coleta e interpretação de informações,
auxiliando na tomada de decisão gerencial; e Sistemas de Informações de Marketing (SIM)
que consistem num conjunto formalizado de procedimentos que auxiliam na coleta,
armazenamento, análise de dados e distribuição aos responsáveis pelas decisões de mercado
(MALHOTRA, 2006). Entretanto, quando se deseja obter uma decisão mais apurada, a partir
da comparação de resultados obtidos por diversos métodos, é preciso recadastrar os
problemas, suas variáveis e respectivas avaliações, pois, em geral, os sistemas possuem baixo
suporte à importação e exportação de dados. Além disto, atualmente, poucos sistemas de
suporte à decisão permitem a execução de métodos multicritério através da Internet.
Neste contexto, o objetivo deste artigo é apresentar a proposta de um software web modular
(ou seja, executado através da Internet) que contemple o cadastro de problemas
decisórios/projetos de pesquisa de mercado, suas variáveis e respectivas avaliações. Este
software deve permitir a análise dos dados coletados, a princípio, através de alguns métodos
elementares de auxílio à decisão multicritério, e apresentação dos resultados em forma tabular
ou gráfica, além de facilitar a importação ou exportação dos dados cadastrados.
Este artigo está estruturado da seguinte forma: a seção 2 relaciona os problemas decisórios e
os problemas de pesquisa de mercado, além de resumir os métodos elementares de auxílio à
decisão multicritério e alguns sistemas de suporte à decisão executados através da Internet,
bem como a tecnologia usada, atualmente, para desenvolver software para Internet; a seção 3
descreve o software proposto contemplando um modelo funcional e um modelo estrutural; e,
finalmente, a seção 4 apresenta as considerações finais e sugestões para trabalhos futuros.
2. Referencial Teórico
2.1. A Pesquisa de Mercado e os Problemas Decisórios
Malhotra (2006), quando versa sobre pesquisa de mercado, a define como identificação,
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coleta, análise, e disseminação de informações, de forma sistemática e objetiva, visando
assessorar a gerência na tomada de decisões relacionadas à identificação e solução de
problemas (e oportunidades) do mercado. Já Costa (2002) considera que uma situação ou
problema de decisão caracteriza-se por uma necessidade de avaliação de um conjunto de
alternativas, em relação a determinadas características, para que se realize uma escolha ou
decisão. Mesmo assim, salientamos que, tanto em problemas decisórios quanto em
determinadas pesquisas de mercado, os conceitos envolvidos podem ser definidos como:
− Os objetos ou alternativas representam as opções que podem ser adotadas para solucionar
o problema;
− Os critérios representam as características que regem as comparações entre as alternativas
e podem ter sua importância determinada através da definição de pesos;
− As conseqüências relacionadas às alternativas que comparadas entre si supõe os efeitos da
implementação de cada uma delas;
− As incertezas e os riscos que podem influenciar os resultados e o sucesso;
− Os atores são as pessoas envolvidas no processo decisório, entre elas podemos destacar: o
decisor, o analista de decisão e o avaliador;
− As avaliações ou julgamentos que representam os valores atribuídos à determinada
alternativa considerando determinado critério;
− Os métodos consistem nas técnicas adotadas ao realizar as diversas etapas do trabalho.
Assim, na fase de coleta de informações, mais especificamente de avaliação ou julgamento,
em muitos casos, é necessário estipular procedimentos de medição e escalonamento, que pode
culminar na construção e pré-teste de questionário ou formulário adequado. Segundo
Malhotra (2006), os questionários constituem uma técnica estruturada para coleta de dados,
que consiste em uma série de perguntas, escritas ou orais, que um avaliador deve responder
visando fornecer informações sobre o objeto da pesquisa. As perguntas podem ser nãoestruturadas e estruturadas. No primeiro caso, os avaliadores respondem com suas próprias
palavras. No segundo, especifica-se o conjunto de respostas alternativas e o formato da
resposta (dicotômica, em que são apresentadas apenas duas alternativas de resposta; múltiplaescolha, de forma que o avaliador deve escolher uma ou mais alternativas de reposta dentre as
disponíveis; ou escalonadas por intervalo ou razão). Para Roy (2005), cada medida na escala
pode ser caracterizada por uma declaração verbal, um número, ou um pictograma.
Nesta perspectiva, consideramos que, ao estruturar um problema decisório ou uma pesquisa
de mercado, deve-se considerar o contexto e as características do objeto observado, bem como
perfil dos avaliadores em relação ao instrumento de coleta de dados, de forma que esteja
adequado e favoreça a confiabilidade e integridade dos dados coletados.
2.2. Os Métodos Multicritério de Auxílio à Decisão
Atualmente, inúmeros problemas decisórios são envoltos por questões complexas cujos
resultados influenciam e são influenciados pelo ambiente. Assim, surgem diversos métodos
englobados pelo Auxílio Multicritério à Decisão, uma área da Pesquisa Operacional que
objetiva fornecer algumas ferramentas que auxiliem ao decisor no tratamento de um problema
decisório onde vários – e freqüentemente contraditórios – critérios e pontos de vista devem
ser considerados (FREITAS, et. al. 2005). Para Roy (1999), os métodos devem fornecer
subsídios para que o decisor possa decidir considerando a melhor alternativa de forma mais
racional e fundamentada, visto que aumenta o conhecimento que ele tem do problema.
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Os métodos de apoio à decisão, conforme organizados pela literatura (GOMES, et. al., 2004 e
VINCKE, 1992), podem ser classificados como: métodos elementares, métodos baseados na
teoria da utilidade e métodos de subordinação. De acordo com o escopo deste trabalho serão
abordados, resumidamente, três métodos elementares.
2.2.1. O Método da Média Ponderada
É utilizado como método de auxílio à decisão elementar e pressupõe a utilização de uma
escala auxiliar ao avaliar as alternativas em relação aos critérios, de forma que os dados
possam ser normalizados. Assim, todos os desempenhos nos critérios são expressos em
unidades idênticas, fato que permite que as diferenças entre os valores nos diferentes critérios
sejam comparáveis e compensatórios (VINCKE, 1992).
Além disto, é necessário estabelecer a importância (peso) para os critérios e considerar a
direção das preferências (crescente ou decrescente). Dadas duas alternativas a e b, a direção
de preferência de um critério é crescente quando a preferência é dada à alternativa que possui
maior valor. Analogamente, a direção de preferência de um critério é decrescente quando a
preferência é dada à alternativa que possui menor valor. A figura 1 apresenta o esquema de
execução deste método.
Definir o problema
Definir as alternativas
Definir os Critérios
Definir os pesos
Escolher escala apropriada
Avaliar as alternativas em relação a cada critério, através da escala estabelecida
Normalizar os dados da avaliação, considerando preferência crescente ou decrescente
Calcular a média ponderada para o desempenho de cada alternativa nos critérios
Ordenar as alternativas, a partir da maior média
Figura 1– Diagrama de Atividades:Etapas do Método da Média Ponderada
2.2.2. Método de Borda (soma dos ranks)
É fundamentado no método desenvolvido por Jean-Charles de Borda (1770), originado de
processos eleitorais, podendo ser adaptado como método multicritério de auxílio à decisão em
problemas de ordenação, seleção ou escolha. Para Vincke (1992) é um caso particular de
média ponderada e pode ser visto como um ancestral da teoria da utilidade multiatributo.
A regra deste método consiste em atribuir maior nota à alternativa que obteve melhor
desempenho no critério focado, quando comparando as demais alternativas; atribuir a maior
nota-1 a segunda melhor alternativa, e assim sucessivamente, até atribuir a nota 1 à alternativa
com pior desempenho no critério. A Figura 2 apresenta o esquema de execução deste método.
Segundo Mello et. al. (2004), uma desvantagem deste método está em não ser indiferente às
alternativas irrelevantes, logo, a retirada de uma alternativa pode levar a modificações na
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ordenação relativa de outras alternativas.
Maior nota para
alternativa com
melhor
desempenho e
nota igual a 1
para alternativa
com pior
desempenho.
Definir o problema
Definir os Critérios
Definir as alternativas
Avaliar comparativamente as alternativas em relação a cada critério, atribuindo notas
Somar a notas obtidas por cada alternativa nos critérios
Ordenar as alternativas, a partir da maior soma (melhor ranking)
Figura 2– Diagrama de Atividades: Etapas do Método de Borda
2.2.3. O Método de Condorcet (Regra Majoritária)
Foi concebido pelo matemático francês Marquês de Condorcet no século XVIII, e refere-se a
um sistema de votação que compara candidatos dois a dois (LACERDA & AMARO, 2007).
Pode ser utilizado em problemas de escolha, seleção ou ordenação.
É um método elementar de aplicação simples, considerado por Vincke (1992) como um
ancestral dos métodos de sobreclassificação, de forma que uma alternativa a é preferível a
uma alternativa b, quando o número de critérios em que a é melhor que b é maior que o
número de critérios em que b é melhor que a. A Figura 3 apresenta as etapas deste método.
Definir o problema
Definir os critérios
Definir as alternativas
Avaliar as alternativas em relação a cada critério
Comparar as alternativas, par a par, com relação ao desempenho em cada critério
Ordenar as alternativas, conforme o maior número de vezes que foi preferível
Figura 3 – Diagrama de Atividades: Etapas do Método Condorcet
As considerações sobre este método referem-se ao fato de que a maior ou menor diferença na
avaliação de determinado critério, das alternativas, não interfere no resultado final. Também,
de acordo com Kurrild-Klitgaard (2001), há a possibilidade de ocorrência do ‘Paradoxo de
Condorcet’, ou seja, situações onde a preferência transitiva individual de três ou mais
decisores, sobre três ou mais alternativas, ao serem combinadas geram uma preferência
coletiva intransitiva, também conhecida como cíclica.
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2.3. Os Sistemas Computacionais
Os métodos multicritério de auxílio à decisão normalmente são executados com apoio de
sistemas computacionais, denominados sistemas de suporte à decisão. Estes sistemas possuem
características específicas conforme elementos da problemática de decisão que se deseja
resolver, ou a fim de viabilizar a execução de um determinado método cientificamente
elaborado. Neste caso, é adequado a diversos problemas decisórios, com uso disseminado em
ambientes acadêmicos, fato que não impede a adoção por parte de empresas. Turban &
Aronson (1998) apresentam várias razões para se usar um sistema de suporte a decisão em
problemas relacionados à pesquisa e planejamento de mercado; planejamento estratégico e
operacional; e apoio às vendas.
Weistroffer et. al. (2005) destacam que os sistemas desenvolvidos na década de 70 eram
essencialmente orientados para o estudo de problemas de programação matemática com
múltiplos objetivos para propósitos acadêmicos, não tinham capacidade de representação
visual, essencialmente devido à capacidade limitada da tecnologia de computadores daquela
época. Entretanto, na década de 80 a ênfase mudou, visando fornecer suporte aos decisores
em problemas multicritério. Atualmente, a maioria dos sistemas de suporte à decisão prove
interface gráfica que ajuda a visualizar os efeitos de mudanças nos parâmetros do problema,
além de alguns serem disponibilizados para uso interativo via Internet.
O Institute for Operations Research and the Management Sciences publica levantamentos
bienais sobre sistemas de suporte à decisão a partir de questionários respondidos pelos
fornecedores dos mesmos. Na publicação de 2006, observa-se que vinte organizações
responderam por um total de trinta e oito pacotes de software, dos quais a maioria continua
sendo escrita para plataforma Windows, embora haja um incremento significante de versões
disponíveis para plataformas Mac Os e Unix. Mas, quando a vertente é execução do sistema
através da Internet, cinco sistemas foram identificados, conforme tabela 1.
Algumas questões consideradas pelo OR/MS Today (2006)
Permite decisão em grupo com entrada e visualização de dados
de forma simultânea?
Há interface para outras aplicações ou é possível importar ou
exportar (banco de dados, apresentação gráfica)?
Trechos do modelo podem ser facilmente copiados?
Trechos do modelo podem ser facilmente alterados?
A estrutura do modelo pode ser mostrada na tela?
A estrutura do modelo pode ser impressa?
Os dados podem ser protegidos de outros usuários?
Os resultados analíticos podem ser representados graficamente?
Fonte: adaptado de Maxwell (2006)
Software
Joint Opinions RICH Smart- WebGains -Online Decisions Swaps HIPRE
Sim
Sim
Não
Não
Sim
Não
Não
Não
Não
Não
Sim
Sim
Não
Sim
Não
Não
Não
Sim
Não
Não
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Não
Sim
Sim
Não
Sim
Não
Não
Não
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Tabela 1 – Características de Sistemas de Suporte à Decisão executados através da Internet.
Destes sistemas, o Joint Gains auxilia em problemas de negociação (EHTAMO, et. al., 2001);
o Opinions-Online é um sistema de suporte à decisão em grupo que pode ser usado em
eleições e pesquisas de mercado; o RICH Decisions é baseado no método RICH (Rank
Inclusion in Criteria Hierarchies) (SALO & PUNKKA, 2005); o Smart-Swaps baseia-se nos
métodos Even Swaps e Smart Choices (MUSTAJOKI & HÄMÄLÄINEN, 2005); e o WebHIPRE implementa os métodos Value Tree e AHP (Analytic Hierarchy
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Process)(MUSTAJOKI & HÄMÄLÄINEN, 2000).
Observando a tabela 1, percebemos que nenhum destes sistemas prove interface para outras
aplicações ou permite importação e exportação dos dados cadastrados. Além disto, apenas o
Opinions-Online propõe seu uso em pesquisas de mercado e processos eleitorais. Porém,
podemos citar ainda um sistema não mencionado por Maxwell (2006), mas que está
disponível para execução através da Internet: o CIVS (Condorcet Internet Voting Service)
elaborado para conduzir processos eleitorais e pesquisas de mercado (MYERS, 2007).
2.4. O Desenvolvimento de Software para Internet
O funcionamento da Internet consiste, basicamente, em ter computadores conectados numa
rede com abrangência mundial. A transmissão de dados nesta rede ocorre a partir de
protocolos e iteração entre diversos tipos de hardware e software. Para Deitel & Deitel
(2003), a Internet ou World Wide Web (WWW) funde tecnologias de computação e
comunicações, permitindo que usuários de computador localizem e visualizem documentos
baseados em multimídia sobre diversos assuntos, de forma instantânea; tornando-se um dos
principais mecanismos de comunicação do mundo.
É possível publicar informações através desta rede, ‘hospedando-as’ em servidores de
website, ou portal de Internet, em formato de documento que é acessível a partir de sua
associação com um domínio registrado em órgão competente. Desta forma, qualquer
computador conectado à rede mundial que utilize um browser poderá exibir o documento,
desde que seja instruído com respectiva URL (Uniform Resource Locators), correspondente
ao endereço virtual dos documentos (SAVOLA, 1997) definido pelo domínio registrado.
A elaboração das páginas de Internet normalmente é realizada através da HTML(Hypertext
Markup Language), uma linguagem de marcação padrão que pode ser usada em diversas
plataformas. Ou seja, de acordo com Savola (1997), HTML é uma linguagem neutra que pode
ser perfeitamente transportada para qualquer ambiente computacional. Bax (2001) comenta
sobre outros padrões internacionais de linguagens de marca (SGML, XHTML, XML) que
permitem a criação de sistemas portáveis. Contudo, outras tecnologias foram desenvolvidas
com intuito de permitir a elaboração de páginas dinâmicas, cujo conteúdo exibido é formatado
pelo computador servidor no momento que o internauta acessa. Dentre estas tecnologias,
destaca-se o PHP (Personal Home Pages), que possui código aberto (open source) resultante
de contribuições de uma comunidade de programadores utilizando as linguagens C, Java e
Perl; está disponível em muitos servidores e facilita o acesso a banco de dados.
Atualmente, as páginas dinâmicas acessam bancos de dados através dos Sistemas
Gerenciadores de Banco de Dados (SGBDs) que dispõem de recursos e proporcionam a
segurança e integridade ao administrar grandes massas dos dados. Há uma diversidade de
sistemas disponíveis como: Oracle, MySQL e FireBird. Ao adotar um SGBD, os dados
gerados por determinada interface de aplicativo tornam-se independentes deste aplicativo,
podendo ser manipulados por outros sistemas ou plataformas.
Além disto, com o aumento da abrangência e complexidade dessas páginas, seu processo de
desenvolvimento segue os preceitos da Engenharia de Software, que se ocupa de todos os
aspectos envolvidos na produção de software, definindo um conjunto de atividades, métodos e
práticas para gerenciar o processo produtivo. Algumas destas atividades são fundamentais:
− Especificação – consiste em efetuar o levantamento e análise de requisitos do cliente
visando identificar funcionalidades e restrições para o produto de software;
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− Projeto e Implementação – consistem em desenvolver o software conforme especificado;
− Validação - consiste em verificar se o software foi desenvolvido em conformidade com os
requisitos técnicos e funcionais definidos nas etapas anteriores;
− Evolução – consiste na manutenção do software visando atender as necessidades mutáveis
dos clientes.
Nestas atividades, tudo que é executado visa fornecer um produto de qualidade. Além disto,
os avanços tecnológicos aliados às experiências relatadas pela Engenharia de Software têm
disponibilizado técnicas que facilitam o processo de desenvolvimento de software, como por
exemplo, o paradigma orientado a objetos que consiste em especificar, projetar e codificar o
software baseando-se em objetos do mundo real, suas características, comportamentos,
responsabilidades e relacionamentos. Esta técnica permite claLssificar os objetos a partir da
observação de suas similaridades, daí o conceito de classe que deverá ter o potencial para se
tornar um valioso patrimônio de software podendo ser usado posteriormente, inclusive por
outros programadores, facilitando a integração dos componentes de software e favorecendo
sua evolução (DEITEL & DEITEL, 2003). Porém, ao desenvolver software orientado a
objetos, há necessidade de adotar ferramentas ou linguagens de programação que ofereçam
suporte para tal, como Java e PHP. O mesmo é válido para a etapa de especificação, momento
em que o sistema pode ser modelado através da UML(Unified Modeling Language).
A definição dada por Rumbaugh et. al. (1999) para UML refere-se a uma linguagem de
modelagem com recursos visuais, que é usada para descrever, idealizar, planejar e documentar
os artefatos de um sistema, permitindo que seja modelado sob diferentes perspectivas, com
uma notação e semântica pré-definida e padronizada. De acordo com Booch et al. (2000), o
vocabulário da UML tem três tipos de blocos de construção: itens e relacionamentos que
formam diagramas que podem representar a estrutura do sistema (por exemplo, o Diagrama
de Classes mostra um conjunto de classes, com suas características, métodos e
relacionamentos); diagramas que definem tipos gerais de comportamento (como o Diagrama
de Casos de uso que mostra atores/usuários e seus relacionamentos com as funcionalidades do
sistema, e o Diagrama de Atividades, que exibe o fluxo de execução de tarefas num sistema
ou processo); e diagramas que representam diferentes aspectos de interação.
3. O SOFTWARE PROPOSTO
3.1. Apresentação e Escopo
Ao formular esta proposta, consideramos que as tecnologias da informação disponíveis e o
acesso facilitado à Internet contribuem com um ambiente ideal para o desenvolvimento de um
software multiusuário que permita registrar problemas decisórios, bem como suas variáveis e
respectivas avaliações, de forma que facilite a iteração com diversos algoritmos e técnicas
para tratamento de dados, no contexto da Análise Multicritério de Auxílio à Decisão. Além
disso, com base nos conceitos e tipo de variáveis observadas em problemas decisórios, é
possível modelar o sistema padronizando e generalizando de forma que abranja também
outros tipos de problemas, como pesquisas de mercado, por exemplo.
Portanto, a estrutura dos problemas registrados, os dados coletados e os métodos para
tratamento dos mesmos devem ser armazenados num SGBD remoto, ou seja, disponibilizado
pelo servidor de páginas para Internet. Assim, tais informações podem ser incluídas, alteradas
ou visualizadas através de qualquer computador conectado à rede mundial, a partir do acesso
autenticado para usuários previamente cadastrados.
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Considerando a experiência de Repoussis et. al. (2007), a idéia básica é estruturar um sistema
com módulos independentes: interface para definição e entrada de dados que abrange os
cadastros, elaboração e validação do instrumento de coleta dos dados; interface para seleção
de dados que viabilizará consultas diversas ao banco de dados; e interface para elaboração,
aplicação de métodos sobre os dados previamente selecionados e apresentação dos resultados.
Cabe ressaltar aqui que os métodos multicritério adotados, visando aplicar nos problemas
decisórios cadastrados neste sistema, serão implementados de forma gradativa, iniciando
pelos métodos elementares de auxílio à tomada de decisão supracitados, pois são menos
complexos, sugerindo a necessidade de menos recursos para processamento, e maior
facilidade na implementação. Entretanto, devem ser observadas as características de outros
métodos multicritério, nas etapas de especificação e desenvolvimento, no intuito de facilitar
futuras conexões com os mesmos.
3.2. Aspectos funcionais do sistema
Quanto aos aspectos funcionais do sistema proposto, algumas categorias de ator que podem
interagir com o mesmo, bem como algumas funcionalidades que eles podem executar são
vislumbradas através do modelo de Casos de Uso preliminar, apresentado na figura 4, e
comentados brevemente a seguir.
Figura 4 – Diagrama de Casos de Uso : versão preliminar
A funcionalidade a ser executada pelo administrador do sistema refere-se ao credenciamento
dos usuários, que consiste em liberar o acesso requisitado por pesquisadores que desejam
cadastrar problemas com respectivas variáveis. Assim, receberá uma senha para autenticar seu
acesso remotamente.
O pesquisador é definido aqui como responsável pelo cadastramento de problemas no sistema,
delimitando-os; implementando ou selecionando a abordagem adequada à problemática; pela
elaboração e validação dos instrumentos para coleta de dados; definindo, quando for o caso,
os perfis e informações sobre avaliadores; e finalmente, pela apresentação da análise, ou seja,
solicitando que o sistema processe a análise dos dados registrados a partir das “observações”
dos avaliadores, em consonância com abordagem selecionada para determinado problema,
apresentando os resultados de forma tabular ou gráfica. Aqui também deve ser facultada ao
pesquisador a opção de exportar os resultados para outros sistemas computacionais.
As funcionalidades de elaboração e validação do instrumento para coleta de dados consistem
em instruir o sistema a gerar formulários ou questionários, impressos ou exibidos em browser,
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a partir da definição de dimensões, itens e respectivas escalas ou formato de respostas às
questões, de forma que os avaliadores manifestem seus pontos de vista com consistência.
O papel do ator avaliador, nesta proposta, está relacionado à observação dos “objetos” com
intuito de atribuir valor a determinados aspectos de forma qualitativa ou quantitativa,
considerando um período de tempo, ou seja, no caso de problemas decisórios, consiste em
avaliar alternativas à luz de determinados critérios em dado momento no tempo.
Ressalta-se aqui que, em certas circunstâncias, o avaliador para determinado aspecto de um
problema pode ser um equipamento interfaceado a um sistema computacional de forma a
transmitir os valores medidos. Porém, no caso da solução proposta, haverá necessidade de
implementação de método capaz de captar dados gerados por outro sistema, sempre que
possível.
Quanto ao caso de uso ‘selecionar abordagem’, este consiste em escolher o algoritmo
adequado, dentre os implementados, de forma que sejam executados e apresentem os
resultados através da Internet. Porém, não está descartada a possibilidade da abordagem
selecionada pelo pesquisador ser implementada por outro sistema. Neste caso, os dados
disponíveis na Internet seriam apenas consultados e exportados, conforme preferência ou no
formato adequado ao outro sistema, por exemplo, dados tabulados.
3.3. Aspectos estruturais do sistema
Observando-se os conceitos-chave envolvidos nos procedimentos seguidos, ao executar uma
pesquisa de mercado e ao conduzir um problema decisório, percebem-se algumas
similaridades. Embora uma diferença seja destacada por Malhotra (2006) quando afirma que
problemas de decisão gerencial são orientados para ação, enquanto problemas de pesquisa de
mercado são orientados para informações; as similaridades sugerem a padronização dos
mesmos em um único modelo, tal que ambos os problemas possam ser tratados por um único
sistema computacional.
Visando representar isto, um diagrama de classes, que mostra a estrutura do sistema
relacionando os tipos de elementos envolvidos em problemas decisórios e problemas de
pesquisa de mercado, bem como suas características e comportamentos; é exposto na figura 5.
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Figura 5 – Diagrama de Classes: Elementos relacionados a problemas decisórios e pesquisa de mercado
Mais especificamente, tanto em pesquisas de mercado quanto em problemas decisórios os
objetos podem ser classificados e se relacionam da seguinte forma: uma organização pode
desenvolver projetos relacionados a problemas que envolvem objetos, que por sua vez
possuem comportamentos e características avaliáveis adotando-se uma escala adequada e
definida conforme as questões presentes no instrumento de coleta de dados. Assim, os
julgamentos (avaliações) dos avaliadores são analisados através de um método adotado,
conforme abordagem adequada ao problema.
Além disto, analisamos que uma questão presente num instrumento de coleta de dados, para
pesquisa de mercado, pode ser avaliada através da utilização de uma escala apropriada, e este
conceito pode ser adaptado para problemas decisórios se considerarmos tal questão como o
enunciado para designar um critério. Além disto, um objeto observado, numa pesquisa de
mercado, refere-se a uma alternativa no outro caso.
3.4. Recursos e Métodos
Ao proceder o desenvolvimento do software proposto, será adotada a abordagem de
prototipação. Assim, as etapas da Engenharia de Software são executadas a fim de construir
protótipos que são sempre avaliados pelo usuário, pois se for identificada necessidade de
mudança no sistema, esta pode ser considerada sem maiores prejuízos. Em relação a
metodologia adotada para implementação do software propriamente, seguirá o paradigma da
análise e programação Orientada a Objetos (OO).
Além disto, alguns recursos específicos precisam ser alocados e respectivos custos devem ser
estimados. Esses envolvem linguagens de modelagem e programação; sistema gerenciador de
banco de dados; computadores; servidor de páginas para internet; analista e programador,
entre outros. Visando reduzir custos serão selecionadas, sempre que possível, ferramentas
open source (software livre) ou freeware.
No intuito de obter algumas informações sobre os serviços de ‘hospedagem’ oferecidos pelos
servidores de páginas de Internet, que influenciam na seleção de alguns recursos, foi efetuada
uma busca na Internet que coletou dados sobre cinco servidores que, potencialmente, podem
ser utilizados para ‘hospedar’ o software desenvolvido, cujos valores e respectivos critérios
disponíveis são apresentados na tabela 2. Desta forma, observou-se que , dentre os servidores
localizados, apenas um oferece suporte a JSP (Java Server Pages), fato que pode ser
considerado uma limitação ao escolher tal ferramenta para desenvolver o software. Portanto,
optou-se pela ferramenta de programação PHP que oferece suporte ao paradigma da
Orientação a Objetos, disponibiliza recursos para conexão com o sistema gerenciador de
banco de dados (MySQL) e documentação de apoio.
Critérios
A
SIM
Servidores
B
C
D
SIM SIM SIM
Suporta PHP e MySQL?
Suporta JSP?
Limite de armazenamento relativo ao valor mensal (em GB) 5000,0 1,4
Valor mensal (em R$)
194,90 74,9
0
5,0
35,0
0
0,5
24,9
0
E
SIM
SIM
20,0
23,9
0
Tabela 2 – Dados sobre alguns servidores de páginas para Internet
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A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
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Com relação a outros recursos necessários, ressaltamos que será adotada a UML para modelar
os aspectos estruturais e funcionais do software; serão usados os componentes de hardware
disponíveis no laboratório de informática do Departamento de Engenharia de Produção da
universidade. As tarefas do analista e programador serão desempenhadas por especialistas
(bolsista CAPES).
No mais, enfatizamos que a escolha de um servidor para ‘hospedar’ o software proposto deve
considerar outras alternativas, outros critérios e a relação custo-benefício.
4. Considerações finais e trabalhos futuros
Em relação à solução proposta, de forma preliminar, é possível vislumbrar algumas
vantagens que apóiam seu desenvolvimento:
− Acesso geograficamente distribuído que facilita o trabalho dos usuários, pois poderão
interagir com o sistema a partir de qualquer local que disponibilize acesso à Internet;
− O repositório de dados originado poderá ser alvo de pesquisas em outros segmentos, uma
vez que o software será modular e utilizará sistemas gerenciadores de banco de dados;
− A preocupação com a segurança pode ser contornada pelo recurso de autenticação de
usuário através de criptografia, além de outras medidas adotadas ao programar;
− A integridade dos dados pode ser garantida por mecanismos disponibilizados pelos
próprios sistemas gerenciadores de banco de dados;
− O custo de desenvolvimento é relativamente baixo, pois muitos artefatos de software livre
ou freeware podem ser reusados neste trabalho. E, o custo com ‘hospedagem’ do software
na Internet varia conforme condições do mercado, com expectativa de redução ocasionada
pelos avanços tecnológicos.
Além disto, Costa et al. (2007) afirmam que em problemas decisórios, geralmente, os
julgamentos dependem da avaliação de diversos critérios simultaneamente e de interpretações
pessoais múltiplas, as quais variam de acordo com a experiência/preferência do avaliador, e
esta proposta, de disponibilizar um sistema na Internet, viabiliza o tratamento multiavaliador
dos problemas decisórios. Nesta perspectiva, a proposta também pode incentivar o
desenvolvimento de outros métodos para auxílio à decisão, a partir da percepção de padrões
existentes entre os diversos tipos de problemas submetidos à ferramenta, muito embora
considerando as devidas restrições e limitações.
Porém, há de se considerar que uma página dinâmica desenvolvida para Internet pode ter
instruções que são processadas pelo servidor e instruções que são processadas pela máquina
do cliente (scripts). Entretanto é necessário que se pondere sobre os dois casos, pois o
processamento no servidor aumenta a interação na rede, fato que pode contribuir para lentidão
da aplicação; já o processamento na máquina do cliente aumenta o índice exceções na
execução, pois depende da configuração e dos recursos disponíveis neste equipamento. Daí a
necessidade de conhecer o perfil de usuário e tipos de recursos que dispõe. Assim, a escolha
da ferramenta e da técnica de programação precisa estar adequada à problemática e considerar
a disponibilidade de recursos tanto do cliente (equipamento do usuário) quanto do servidor
(equipamentos do servidor de páginas de Internet), além do próprio mecanismo de conexão
envolvido entre cliente e servidor.
Enfim, espera-se contribuir para que organizações possam contar com uma ferramenta
acessível através da Internet, permitindo que vários indivíduos previamente credenciados
possam emitir seus julgamentos, em relação às características dos objetos observados, de
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forma que a decisão final reflita o consenso desses diversos indivíduos.
Quanto aos trabalhos futuros, visto que este artigo apresenta apenas a proposta do software,
supõe-se a execução de tarefas específicas relacionadas à Engenharia de Software. Além
disso, é desejável que este software seja disponibilizado na Internet para que outros
pesquisadores possam validá-lo através de diversos testes, relatando eventuais erros e
apresentando sugestões que possam ser consideradas e implementadas antes da apresentação
da versão final. Existe também a necessidade de fazer um levantamento sobre os servidores
que potencialmente podem ser contratados para tal, verificando os custos relativos.
Assim que o sistema estiver pronto e disponível, deve ser definido um problema, no âmbito da
análise multicritério de auxílio à decisão, e submetido ao sistema a fim de averiguar os
resultados, bem como sua aplicabilidade e desempenho, momento em que poderão ser
apresentadas eventuais sugestões de melhoria ou adaptação.
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