UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO CURSO DE CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRCA DE PEQUENOS PORTES SARCOMA VACINAL EM FELINOS DOMÉSTICOS Vanessa Daloia Souza Martins São José do Rio Preto – SP Janeiro de 2008 Vanessa Daloia Souza Martins Aluna do Curso de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais São José do Rio Preto da UCB SARCOMA VACINAL EM FELINOS DOMÉSTICOS Trabalho monográfico de conclusão de Curso de CMCPA 2006 – São José do Rio Preto. TCC apresentado à UCB como requisito parcial para obtenção do Título de Licenciado em CMCPA – S. J. do Rio Preto – SP, sob a orientação da Profª Drª Débora Aparecida P. C. Zuccari. São José do Rio Preto – SP Janeiro de 2008 SARCOMA VACINAL EM FELINOS DOMÉSTICOS Elaborado por Vanessa Daloia Souza Martins Aluna do Curso de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais São José do Rio Preto da UCB Foi analisado e aprovado com Grau......................................... Rio de Janeiro, ________de _____________ de _________ _______________________________ Membro __________________________________ Membro _______________________________________________ Profª Drª Débora Aparecida P. C. Zuccari. Professora Orientadora São José do Rio Preto – SP Janeiro de 2008 ii Ao meu marido, pois com sua compreensão suportei a ansiedade, que compreendendo a minha ausência contribuiu com um objetivo que deixou apenas de ser meu, passando a ser o principal objetivo nosso. iii Aos meus Pais, ao meu Marido e a minha Filha, que foram presença marcante na minha solidão, respeitando profundamente a minha maneira única de ser. Suas palavras foram expressões de amor profundo. Nos mérito de minhas conquistas há muito da presença de vocês. Á Profª Drª Débora Aparecida P. C. Zuccari, pelo carinho e pela didicação nas suas orientações. Iv RESUMO Daloia, Souza Martins, Vanessa Sacoma Vacinal em Felinos Domésticos Na década de 90, houve um grande aumento na incidência de sarcomas em gatos e 75% desses sarcomas localizavam em regiões comumente utilizada para aplicação de injeção, inclusive vacinas. O sarcoma pós vacinal em felinos é um grupo de neoplasias de origem mesenquimal, que possui comportamentos biológicos similar e podem desenvolver a partir de uma grande variedade de tecidos:adiposo, muscular, fibroso,vascular e nervosa. Objetiva-se com esse trabalho ampliar o conhecimento sobre a avaliação do risco de reação pós vacinal; o diagnostico, prevenção e o tratamento do sarcoma felino pós vacinal. A causa destes tumores ainda é desconhecida, assim, na ausência de uma causa reconhecida, numerosas teorias têm sido lançadas, e a maioria sem muito suporte técnico comprovado. A melhor teoria de fator de rico é que haveria uma forte predisposição genética para o problema. Recentes estudos comprovam que não há uma marca particular de vacina ou medicamentos injetáveis que teriam relacionados com a formação fé sarcomas em gatos. PALAVRAS CHAVES: Sarcomas-Felinos-Vacinas-Causas-Tratamento v ABSTRACT Daloia,Souza Martins,Vanessa Vaccine Sarcoma in Domestic Felinos In the decade of 90, it had a great increase in the incidence of sarcomas in cats and 75% of these sarcomas located comumente in used regions for application of injections, also vaccines. Sarcomas after vaccine in felinos is a group of neoplasias of mesenquimal origin that possess similar biological behavior and can be devoloped from a great variety of fabrics: muscular, fibroso, vascular and nervous adipose. Objetiva with this work to extend the knowledge on the evaluation of the risk of reaction after vaccine. the diagnosis, prevention and the treatment of sarcoma felino after vaccine.The cause of these tumors still is unknown,thus,in the absence of a recongnized cause,numerous theories have been launched,and the majority without support technician very proven.The best theory of risk factor is that it would have one strong genetic predisposition for the problem.Recent studies prove that it does not have a particular injectable medicine ar vaccine mark that would be related with the formation of sarcomas in cats. WORD KEYS: Sarcoma –Felinos-Vaccines-Causes-Treatment vi SUMÁRIO RESUMO………………………………………………………………………………..v ABSTRCT………………………………………………………………………………vi INTRODUÇÃO....................................................................................................08 1.ETILOGIA........................................................................................................09 2.VACINAS.........................................................................................................13 3.HIDRÓXIDO DE ALUMÍNIO............................................................................17 4.PREDISPOSOÇÃO GENÉTICA......................................................................21 4.1 Fatores por traços genéticos.........................................................................22 4.2 Hormônio......................................................................................................22 4.3 Trauma..........................................................................................................22 5.AVALIAÇÃO DE RISCO DE REAÇÃO PÓS-VACINAL.................................24 6.ASPECTOS CLINICOS...................................................................................24 7.PREVENÇÃO..................................................................................................25 8.DIAGNÓSTICO................................................................................................27 9.HISTOPATOPATOLÓGIA...............................................................................30 10.TRATAMENTO 10.1 TRATAMENTO CIRÚRGICO......................................................................32 10.2 QUIMIOTERAPIA.......................................................................................32 10.3ªA DROGA...................................................................................................32 10.4 A RADIOTERAPIA.....................................................................................33 CONCLUSÃO....................................................................................................35 BIBLIOGRAFIA.................................................................................................36 INTRODUÇÃO O sarcoma pós vacinal felino, também chamado de sarcoma das partes moles, sarcoma de locais de injeção, patologia de ocorrência crescente na clínica de pequenos animais é um desafio para os médicos veterinários, pois é de difícil tratamento e potencialmente evitáveis. Desenvolve-se após a aplicação de substâncias injetáveis, principalmente vacinas. A formação de um nódulo no local da aplicação, em geral, é decorrente de uma resposta inflamatória desencadeada pela vacina, sendo considerada normal e até esperada em até 3% dos animais. (David R. Hustead, Médico Veterinário.Boletim Técnico For Dodge Saúde Animal 2000). Os nódulos pós-vacina costumam desaparecer em 15 dias, a não ser que evoluam para a formação de um granuloma, reação de hipersensibilidade de tipo IV ou tardia, no local de aplicação. Considere-se normal a persistência de um pequeno granuloma no local de aplicação por um período de até 3 meses, desde que não evolua em tamanho e a partir de então, preconiza-se a realização de medidas diagnósticas precisas, como a biópsia incisional ou excisional. 1. ETIOLOGIA O sarcoma pós vacinal felino tornou-se um grande desafio para a Medicina Veterinária atual. Sua primeira descrição foi em 1991 e desde então inúmeros estudos estão sendo realizados objetivando a elucidação da sua etiologia e etiopatogenia. .( David R. Hustead, Médico Veterinário.Boletim Técnico Fort Dodge Saúde Animal, 2000) Embora a aplicação das vacinas anti-rábicas e antiFelv, sejam as mais implicadas com a ocorrência do tumor, existem relatos que citam a ocorrência destes após a aplicação subcutânea e intramuscular da vacina tríplice felina (parvovírus, herpesvírus-1 e calicivírus) e de fármacos como antibióticos, dexametasona, metoclopramida, corticosteróides, fluidoterapia subcutânea, e anti-pulicidas injetáveis. O sarcoma vacinal é um tumor de baixíssima incidência estatística ( 0,01 a 0,3% dos animais vacinados – referência de estudo internacionais), que ocorre em gatos. Sua etiologia ainda é desconhecida, mas acredita-se que uma resposta inflamatória exagerada com a formação de um granuloma pós vacinação subctutânea seja transformação maligna e desenvolvimento do tumor. fator predisponente para a Por estes motivos, a conduta é evitar a aplicação de medicações subcutâneas em excesso e realizar uma revisão dos procedimentos indispensáveis. De forma geral, o sarcoma relatado é agressivo e invasivo, e apresenta alta taxa de recorrência após procedimentos cirúrgicos. É ainda, pouco responsivo à quimioterapia e à radioterapia. .( David R. Hustead, Médico Veterinário.Boletim Técnico Fort Dodge Saúde Animal, 2000). Segundo OGILVIE & MOORE (2001), Na maioria dos casos, os sarcomas felinos pós-vacinais são fibrossarcomas, mas também estão relacionados a osteossarcomas, histiocitomas fibrosos malignos, tumores de células gigantes, sarcomas miofibroblásticos, rabdomiossarcomas, leiomiossarcomas, condrossarcomas, neurofibrossarcomas, lipossarcomas e sarcomas indiferenciados. Os sarcomas pós vacinais felinos, são grupos de neoplasias de origem mesenquimal, que possuem comportamento biológico similar e podem se desenvolver a partir de uma grande variedade de tecido como :adiposo, muscular, fibroso, vascular e nervoso. Eles correspondem a 7% de todos os tumores em pele e tecido subcutâneo que acometem os gatos, sendo o fibrossarcoma o tipo histológico mais freqüente. Estes tumores são de crescimento rápido e invariavelmente fatais. Conforme MEYER (2001), dentre as reações adversas pós-vacinais reconhecidas estão os casos de alergia, a ocorrência de vasculite localizada no ponto de aplicação (comumente levando à ocorrência de alopecia no local da aplicação), os danos causados aos fetos de mães vacinadas com vacinas vivas-atenuadas e, em casos mais graves, a ocorrência de sarcomas no ponto de aplicação. Para MORRISON e START (2001), esse tipo de tumor localizado nos locais de injeção pode estar relacionado à presença de mutações nos genes supressores de tumor e às diferentes formas com que alguns gatos respondem ao estímulo inflamatório. Conforme TIZARD (2002) o aumento da ocorrência destas neoplasias pareceu coincidir com a introdução de novas vacinas para felinos, de maior potência e longa duração, como a anti- raiva e a Anti-Felv l. Não se sabe de que forma o tipo e o grau de inflamação interagem na formação de um sarcoma. Não se pode determinar se uma resposta inflamatória tem potencial para desenvolver um sarcoma. Até o final dos anos 80 a incidência de fibrossarcoma em gatos era muito baixa e acometia principalmente animais idosos. Apresentava-se clinicamente como uma formação solitária, pseudoencapsulada, de crescimento lento e baixo potencial metastático, mas localmente evasiva e com recidivas locais freqüentes. Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia (EUA) relacionaram este aumento à promulgação de uma Lei Estadual em 1987 que obrigava a vacinação anti-rábica de todos os gatos, já que 75% desses sarcomas eram localizados em locais comumente utilizados para aplicação de injeções, principalmente vacinas. Em 1985, a indústria de vacinas mudou a produção de vacinas anti-rabica, até então de vírus vivo modificado com aplicação intramuscular para vírus morto, com aplicação subcutânea, além de aprovar a vacina morta com alumínio contra FeLV. A literatura mostra que este sarcoma sempre ocorreu em gatos, porém, desde a última década, o sarcoma felino tem sido extremamente discutido no âmbito científico devido ao aumento de sua freqüência na clínica de felinos. A causa destes tumores é desconhecida. Assim, na ausência de uma causa reconhecida, numerosas teorias, conforme relato abaixo, foram lançadas sendo que a maioria não apresenta suporte técnico comprovado . Segundo Archivaldo (2004) há também relatos associando traumas à indução de sarcomas em felinos. Desta forma, há autores que consideram que os termos “sarcoma associado à vacina”, “sarcomas pós-vacinais” e “sarcomas vacinais” não são adequados e que o termo sarcoma no local de injeção” seria melhor, pois estes sarcomas também têm sido associado à aplicação de outros produtos que não são vacinas, como por exemplo dexametasona e amoxicilina. 2. VACINAS A vacinação deve ser considerada um procedimento médico, sendo que os riscos e benefícios devem ser avaliados pelo Médico Veterinário e apresentados ao proprietário do animal para decisão de sua utilização. Qualquer processo traumático sendo ele vacinal ou não pode levar ao aparecimento de um sarcoma em felino predisponente, por isso, a vacinação deve ser criteriosa, mas jamais descartada. Não existem estudos ou relatos brasileiros relacionados ao sarcoma pós-vacinal. Conforme LABARTHE (2007) a critério do médico veterinário, algumas medidas preventivas podem ser recomendadas para evitar a instalação da doença ou para que, caso ela ocorra (apesar de ser comum), o tratamento sejar realizado sem prejudicar a vida do animal. Basicamente, recomenda-se a padronização dos locais onde cada vacina deve ser aplicada em felinos (Anti-rábica: face lateral do membro pélvico direito; tríplice ou quádruplo: face lateral do membro torácico direito e Felv:, face lateral do membro pélvico esquerdo). Para MEYER (2001), dentre as reações adversas pós-vacinais reconhecidas estão os casos de alergia, a ocorrência de vasculite localizada no ponto de aplicação (comumente levando à ocorrência de alopecia no local da aplicação), os danos causados aos fetos de mães vacinadas com vacinas vivas-atenuadas e, em casos mais graves, a ocorrência de sarcomas no ponto de aplicação. Estudos estimam que a incidência de desenvolvimento do fibrossarcoma vacinal está entre 1/1.000 a 1/10.000 dentre os gatos vacinados. Os sarcomas de locais de injeção são tipicamente diagnosticados em gatos mais jovens, média de oito anos do que o outro tipo de sarcoma, média de 11 anos. A razão pela qual se tem associado a ocorrência destes tumores à vacinação é o fato de que as vacinas são aplicadas em gatos com freqüência anual, seguindo as orientações dos fabricantes. Se outros produtos fossem administrados no mesmo local, anualmente, eles também poderiam estar associados à formação de sarcomas; mas o adjuvante à base de alumínio contribuiu para determinar a associação destes sarcomas com aplicações. Sem os adjuvantes à base de alumínio, demoraria muito mais para confirmar o processo desta doença. Conforme MORRISON e STARR, (2001); SOUZADANTAS e LABARTHE (2007) a plenamente compreendida, etiopatogenia dos sarcomas vacinais não é e deixa claro que envolve a estimulação celular prolongada por substâncias imunogênicas, como os adjuvantes presentes nas vacinas inativadas ou outros componentes vacinais que resultariam na inflamação que, de modo isolado ou em associação com oncogenes e carcinogenes, levariam à transformação neoplásica e desenvolvimento tumoral. A resposta inflamatória causada pelos adjuvantes pode desencadear o desenvolvimento de sarcomas vacinais nos felinos. Deste modo, diferentes pesquisadores, FORD (2001) SPICKLER e ROTH, (2003) SOUZADANTAS e LABARTHE (2007) têm recomendado a utilização preferencial de produtos biológicos (vacinas) para felinos isentos de adjuvantes . Segundo MORRISON e STARR (2001) as controvérsias sobre a origem, epidemiologia, patogenia, tratamento e prevenção dos sarcomas pós-vacinais em felinos existem há muito tempo; e em novembro de 1996 formou-se nos Estados Unidos a VAFSTF (Vaccine-Associated Feline Sarcoma Task Force), uma associação de pesquisadores com a finalidade de coordenar estudos para tentar elucidar estas questões. Segundo MACY & COUTO (2001) a Merial faz parte do grupo de empresas que dão apoio e suporte financeiro às pesquisas desenvolvidas por esta associação. A presença de uma massa em um local comumente utilizado para injeções subcutâneas e intramusculares deve alertar o clínico para a possibilidade de um sarcoma de locais de injeção. Essa neoplasia pode se desenvolver até três anos depois no local que foi utilizado para vacinação. Segundo Canine Vacine Task Force (2006), um grupo de estudiosos e pesquisadores americanos na área de imunização, imunologia e vacinação, a vacinação deve ser considerada um procedimento médico, o que implica na existência de riscos e benefícios que devem ser avaliados pelo Médico Veterinário e pelo proprietário do animal no momento da sua execução. A presença de uma massa em um local comumente utilizado para injeções subcutâneas e intramusculares deve alertar o clínico para a possibilidade de um sarcoma de locais de injeção. Essa neoplasia pode se desenvolver até três anos depois no local que foi utilizado para vacinação. 3. HIDRÓXIDO DE ALUMÍNIO Os adjuvantes, dentre eles o hidróxido de alumínio, são substâncias comumente utilizadas para a potencializarão da resposta imune gerada pelas vacinas produzidas com vírus inativos (mortos), mas são frequentemente incriminados no desenvolvimento de neoplasias malignas, tais como os fibrossarcomas vacinais. Dentre os compostos minerais utilizados como adjuvantes, os sais de alumínio (hidróxido e fosfato) são os mais utilizados. O hidróxido de alumínio possui propriedades adjuvantes que foram descobertas na segunda década do século XX, segundo GLENNYN et al. (1926), e até hoje é empregado em vacinas para seres humanos e animais. As vacinas são preparadas pela mistura da solução do antígeno com a preparação de hidróxido ou fosfato de alumínio, sob condições controladas, o que resulta na adsorção do antígeno sobre a superfície do sal insolúvel. O poder adjuvante do alumínio está baseado no conceito de "antígeno de depósito". As partículas adjuvantes do hidróxido de alumínio promovem a formação de agregados que podem ser mais facilmente fagocitados e ainda, há a formação de um foco inflamatório estéril que atrai as células imunológicas para o local que foi efetuada a vacinação. Ocorre ainda a ativação do sistema complemento (pela via alternativa), causando uma resposta inflamatória que pode estimular a resposta humoral. Adjuvantes que influenciem a apresentação antigênica podem atuar em diferentes pontos deste processo complexo que é o desenvolvimento da imunidade. durante o desenvolvimento da resposta imune, os antígenos vacinais precisam desencadear a resposta dos tecidos linfóides, usualmente os linfonodos. Acredita-se que os adjuvantes modernos utilizados nas vacinas, por persistir no local da aplicação e estimular a resposta inflamatória e a proliferação de fibroblastos locais, propiciaram a transformação blastema dessas células, de formas malignas, e a formação dos fibrossarcomas locais. Aparentemente a resposta inflamatória causada pelos adjuvantes pode levar ao desenvolvimento de sarcomas vacinais nos felinos. Diferentes pesquisadores têm recomendado a utilização preferencial de produtos biológicos (vacinas), isentos de adjuvantes, quando se trata de vacinação em felinos. Uma dúvida muito comum entre os veterinários é determinar com precisão a melhor via de aplicação de uma vacina a fim de se obter uma proteção eficiente e duradoura nos animais. Uma pratica muito comum em clinica veterinárias é a vacinação subcutânea pela facilidade na aplicação, no entanto, alguns autores recomendam a via intramuscular por acreditar que os vasos sanguíneos da região facilitam o aporte de células inflamatórias ao local de aplicação. Conforme SPICKLER e ROTH (2003) Estudos epidermiológicos têm relacionado a ação dos adjvantes à base de metais, como o Alumínio, no desenvolvimento dos sarcomas vacinais em felinos. Isto se deve em decorrência da identificação de resíduos destes adjuvantes no núcleo destas neoplasias. Os adjuvantes podem ter se tornado uma das principais cuasas, mas para este argumento não há nenhum dado científico que o sustente. Conforme HENDRICK e DUNAGAN (1991), o componente inflamatório é marcante, estando presente em 51% dos fibrossarcomas pós-vacinais, contra apenas 15% dos não-vacinais. Os macrófagos presentes nestes sarcomas contêm em geral um material estranho cinza-azulado, o qual fora identificado laboratorialmente como sendo alumínio e oxigênio. O Hidróxido de Alumínio é um dos vários adjuvantes utilizados nas vacinas comerciais inativadas para gatos. Estudos que avaliaram o perfil histológico do local de aplicação das vacinas demonstraram que o tipo de reação causada pelas vacinas com adjuvante de imunidade não necessariamente depende dos antígenos usados, mas sim da composição do adjuvante do produto. O grau de inflamação causado por produtos que utilizam o hidróxido de alumínio está correlacionado com o conteúdo de alumínio: quanto mais alumínio, mais inflamação. Para SPICKLER e ROTH ( 2003): Os adjuvantes podem ser classificados de acordo com sua origem (compostos químicos, componentes microbianos ou proteínas de mamíferos), composição e modo de ação (podem agir como veículos ou imunomoduladores). 4. PREDISPOSOÇÃO GENÉTICA Segundo FORD, R. (2001): A melhor teoria de fator de risco é que há uma forte predisposição genética para o problema. Isto explica a incidência altamente variável destes relatos e porque eles têm sido observados com todos os produtos injetáveis, vacinas ou não. Se esta predisposição genética for verdadeira, então alguns gatos têm baixo risco de formação de tumor, enquanto outros gatos terão, geneticamente, um risco muito alto. Para . SPICKER.A.R.ROTH.J.A. (2003) tanto no gato de baixo risco quanto no de alto risco, não é provável que os tipos de produtos e a maneira com que eles são usados sejam um determinante significativo. Isto não apóia o argumento de que fazer mudanças nos protocolos de uso da vacina terá um impacto significativo sobre o risco de um gato desenvolver fibrossarcoma. As estimativas atuais são que a FeLV será observada em aproximadamente 3% dos gatos, com infecção fatal próxima a 1%. Mesmo se o risco de fibrossarcomas for de 1 em 1000, será um décimo da taxa de 1 em 100 do risco de morte por FeLV. Na pior das hipóteses, a vacinação ainda é pelo menos dez vezes mais segura que apenas esperar pela exposição. 4.1 Fatores por traços genéticos: SPICKER.A.R.; ROTH.J.A. (2003) a predisposição ao desenvolvimento tumoral pode ser transmitida por traços hereditários tais como a coloração da pele. Animais com pele clara estão mais propensos a desenvolver câncer. 4.2 Hormônio: Conforme AMORIM, F. V; SOUZA, H.J.M. ( 2006) em muitos casos os hormônios exaltam a replicação e progressão das células potencialmente neoplasias, que tenham sido vertidas por fatores ambientais, e não diretamente induzindo a transformação neoplástica. 4.3 Trauma: A idéia geral que a irritação crônica é um estímulo carcinogênico não é amplamente aceito, entretanto certas inflamações crônicas ou traumas repetitivos podem predispor o sarcoma. Segundo MORRISON e STARR, 2001, na última década foram realizados estudos retrospectivos nos EUA com a finalidade de se determinar a relação de causa e efeito entre a vacinação e a formação de fibrossarcomas. Para KASS et al. (1993): Em um estudo retrospectivo com 345 gatos portadores de sarcoma pós-vacinal o risco de desenvolvimento do sarcoma foi 50% maior em animais que receberam uma única dose da vacina na região interescapular (um local não recomendado pela VAFSTF - do que em animais que não receberam nenhuma dose de vacina (KASS et al., 1993). Este mesmo estudo demonstrou que o risco de um gato desenvolver sarcoma pós-vacinal aumenta com o número de vacinas aplicadas no animal, sendo 127% maior em gatos que receberam 2 doses de vacina, e 175% maior em gatos que receberam 3 ou 4 doses de vacina. O tempo para o desenvolvimento do sarcoma pode variar de 3 meses a 3 anos após a vacinação 5. AVALIAÇÃO DE RISCO DE REAÇÃO PÓS – VACINAL AMORIM, F. V; SOUZA, H.J.M. (2006) a avaliação de risco clínico supõe que o veterinário conheça as atividades ou comportamentos que mais provavelmente levam à exposição. Embora um gato de rua seja mais exposto ao FeLV ou FIV que um estritamente caseiro, precisamos saber quando mudam os fatores de risco. ( O uso da avaliação de risco também supõe que um médico veterinário, em uma conversa concisa com o dono de um filhote, possa obter as informações necessárias para tomar estas importantes decisões.) Para AMORIM, F. V; SOUZA, H.J.M. ( 2006): Quase todas as famílias que possuem dois gatos começaram como donas de um gato. E nem todos os filhotes vieram de fontes de alta qualidade e nem foram ao veterinário antes de ir para seus novos lares. 6. ASPECTOS CLINICOS Quase a metade dos gatos acometidos possui tumores maiores do que quatro centímetros e os locais mais comuns são as áreas interescapular, paralombar ou do flanco, torácica dorsolateral, dorsal do pescoço ou tórax e femora. 7. PREVENÇÃO Conforme FORD ( 2001): Há duas avaliações de risco clínico realizadas para vacinar um animal de estimação: uma é a proteção do animal e a segunda é reduzir a transmissão do patógeno dentro de um grupo, de modo que outros indivíduos, especialmente aqueles não vacinados ou aqueles que respondem fracamente à vacinação, sejam protegidos. Os veterinários devem rever estas questões técnica cuidadosamente, e ainda mais importante, os veterinários precisam conversar com seus clientes sobre os riscos verdadeiros e os benefícios reais da administração de vacinas. Recomenda-se a orientação do proprietário para observar o local da aplicação, caso apareça um nódulo firme, que não regrida em 37 dias (DM Gel pode ser utilizado neste intervalo), procurar atendimento veterinário para o tratamento (que deve ser cirúrgico). Deverão ser aplicados nos membros ou cauda e o proprietário orientado a observar o local da aplicação posteriormente. Os clientes precisam entender que o profissional veterinário está debatendo fortemente estas questões e que as respostas verdadeiras ainda não são totalmente conhecidas. Aproximadamente 90% dos filhotes de gatos com menos de três semanas de idade tornam-se persistentemente infectados quando forem suficientemente. Além disso, quando o animal ainda é filhote, é difícil determinar o estilo de vida que o gato terá quando adulto. 8. DIAGNÓSTICO Para AMORIM, F. V; SOUZA, H.J.M. ( 2006) devido ao fato destes tumores possuírem um alto grau de inflamação ao seu redor, a interpretação da avaliação citológica pode ser dificultada. Porém, em alguns casos, a confirmação de um tumor mesenquimal pode ser verificada por meio de punção aspirativa por agulha fina e avaliação citológica. Segundo ARCHIVALDO (2004) a citologia por agulha fina é muito útil para diferenciar processo inflamatório de neoplásico. O diagnóstico de sarcoma de aplicação é obtido através do histórico clínico de vacinação ou administração prévia no local do aparecimento do nódulo/formação inicial e da colheita de material para citologia, histopatologia e/ou imunohistoquímica. No caso de neoplasia maligna de partes moles, a citologia poderá identificar tratar-se de sarcoma, mas não oferece diagnóstico preciso sobre a histogênese, ou seja, não identifica o tipo de sarcoma. Para MACY & COUTO. ( 2001) A biópsia incisional é necessária para se estabelecer o diagnóstico definitivo. O ideal é que a amostra inclua três a cinco diferentes lugares da massa tumoral para que haja material suficiente e um diagnóstico mais acurado.. A biópsia excisional deve ser vista com muita cautela, pois caso a remoção do tumor seja incompleta, a chance de recorrência local é grande. A VAFSTF recomenda que toda a massa que se desenvolva em um local de vacinação seja avaliada quanto ao tamanho e à localização, e que se realize a biópsia incisional sempre que essa massa persistir por mais de três meses e for maior do que dois centímetros ou ainda estiver crescendo um mês após a aplicação. Macroscopicamente, os tumores podem conter cavidades císticas, como resultado da presença de grandes áreas necróticas em seu interior. Freqüentemente, existem prolongamentos neoplásicos se estendendo para a musculatura e processos espinhais dorsais adjacentes. O diagnóstico de sarcoma de aplicação operável ou não é proposto pelo médico veterinário ao analisar os exames complementares, o estado geral do animal e pela avaliação das imagens da tomografia computadorizada. ESPLIN, D.G. (1993): Os felinos, nos quais o procedimento cirúrgico não é viável, podem receber como tratamento somente a aplicação de quimioterápico e para os operáveis após o procedimento cirúrgico é também recomendado o mesmo protocolo de quimioterapia. As imagens provindas da tomografia computadorizada também são utilizadas na avaliação da resposta tumoral, redução ou manutenção do volume inicial, aos protocolos de tratamento instituídos. Para que haja uma melhor delimitação das margens cirúrgicas, é importante que a avaliação do volume tumoral seja realizada através de tomografia computadorizada ou ressonância magnética. Por serem métodos de diagnósticos mais precisos, geralmente, o volume tumoral detectado é o dobro daquele estimado durante o exame físico do paciente. 9. HISTOPATOPATOLÓGIA O exame histopatológico deverá avaliar o grau de malignidade, a presença ou não de invasão hemolinfática e invasão tecidual, além da adequacidade das margens cirúrgicas. A maioria é representada pelo fibrossarcoma e com pleomorfismo celular e nuclear, alta atividade mitótica, grandes áreas de necrose, denotando seu comportamento agressivo. Há geralmente infiltrado inflamatório periférico representado por linfócitos e macrófagos. Para HENDRICK & BROOKS (1994): As características histopatológicas comuns aos sarcomas pósvacinais incluem origem mesenquimal, localização subcutânea, necrose e infiltrado inflamatório freqüentes, pleomorfismo, índice mitótico aumentado e quantidade de matriz extracelular variável. A maioria dos fibrossarcomas pós-vacinais contém fibroblastos e miofibroblastos. A maioria dos sarcomas de locais de injeção contém fibroblastos e miofibroblasto. Estes dois tipos celulares estão envolvidos com a resposta cicatricial que ocorre após as inflamações crônicas. Os sarcomas de locais de injeção são muito invasivos localmente e a presença de metástases é rara, quando pesquisada durante o estadiamento clínico do paciente. Os sarcomas são localmente invasivos, com margens pouco definidas e freqüentemente possuem pseudocápsulas que podem confundir o cirurgião no trans-operatório. 10. TRATAMENTO 10.1 TRATAMENTO CIRÚRGICO O tratamento de escolha cirúrgico vai depender do tamanho e localização do tumor e, principalmente, de sua classificação histológica, portanto o tratamento de escolha para o sarcoma de locais de injeção é cirúrgico e este deve ser realizado o mais cedo possível, de maneira que se consiga retirar todo o tumor, incluindo três a cinco centímetros de margens cirúrgicas livres, associado a quimioterapia e/ou radioterapia. O prognostico é desfavorável quando o tumor é grande, já há metástases, ou quando já houve uma cirurgia prévia sem sucesso. A excisão tumoral completa torna-se ainda mais improvável nas cirurgias subseqüentes e o insucesso provavelmente ocorre por não se estimar corretamente a extensão do tumor. 10.2 QUIMIOTERAPIA A quimioterapia é indicada nos casos de sarcomas de alto grau histológico de malignidade, para que possíveis metástases e ou recidivas sejam evitadas. Os sarcomas são considerados pouco responsivos à quimioterapia. Para a administração de quimioterapia é preciso que sejam realizados exames laboratoriais para verificar a condição clínica do felino e as alterações oriundas do uso da quimioterapia, que podem impedir a aplicação no momento. Vários quimioterápicos têm mostrado possuir alguma atividade benéfica, incluindo a doxorrubicina, mitoxantrona, carboplatina e ciclofosfamida. 10.2.1 DOXORRUBICINA A droga mais comumente utilizada é a doxorrubicina, isolada ou associada a ciclofosfamida. Outras drogas também utilizadas com relativo sucesso são a carboplatina e mitoxantron, sendo as doses e intervalos de aplicações. Os fármacos podem ser usados sozinhos ou em combinação. As combinações recomendadas incluem doxorrubicina e ciclofosfamida . 10.3 A RADIOTERAPIA A radioterapia é indicada quando a ressecção completa é impossível ou quando da presença de doença residual local pós-cirúrgica e o proprietário for contrário a um novo procedimento cirúrgico para a retirada de mais tecido. No presente momento, um tratamento múltiplo que inclua a cirurgia agressiva, radioterapia e quimioterapia, parece oferecer um melhor prognóstico aos pacientes portadores de sarcomas pós vacinal. CONCLUSÃO Tanto no gato de baixo risco quanto no de alto risco, não é provável que os tipos de produtos e a maneira com que eles são usados sejam um determinante significativo. Isto não apóia o argumento de que fazer mudanças nos protocolos de uso da vacina terá um impacto significativo sobre o risco de um gato desenvolver um sarcoma. Este risco precisa ser mantido em perspectiva. As estimativas atuais são que a FeLV deva ser observada em aproximadamente 3% dos gatos, com infecção fatal próxima a 1%. Mesmo se o risco de fibrossarcomas for de 1 em 1000, será um décimo da taxa de 1 em 100 do risco de morte por FeLV. Recomenda-se uma reavaliação dos protocolos de vacinação existentes para gatos para se evitar a vacinação desnecessária de animais contra doenças que não ofereçam riscos. Deve-se também evitar vacinas que causem reações inflamatórias que possam ser descobertas tardiamente, pois a descoberta precoce da formação do sarcoma de local de injeção facilita o tratamento mais adequado e efetivo para o paciente.l BIBLIOGRAFIA AMORIM, F. V; SOUZA, H.J.M. Sarcomas pós-vacinais em felinos - monografia vencedora do III Prêmio Merial Pet de Incentivo à Pesquisa, 2006. Acesso dia 22/12/2007. CHANDLER, e.a.; GASKELL, C. M.; GASKELL, R.M. Clínica e Terapeútica em Felinos. Editora Roca Ltda, São Paulo, 2006. FORD, R. Vaccines and vaccinations. The Veterinary Clinics of North America Small Animal Practice, v.31, n.3, p.439-453, 2001. www.qualittas.com.br. Acesso dia 01/01/2008. GLENNYN, A.T.; POPE, C.G.; WADDINGTON, H.; WALLACE, U. The antigenic value of toxoid precipitated by potassium, alum. Journal of Pathology and Bacteriology, v.29, p.38-39, 1926. www.aahanet.org. Acesso dia 12/12/2007. HAUCK, M. Feline injection site sarcomas. 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