1 Abordagem fisioterapêutica na síndrome da disfunção femoropatelar Régia Maria de Oliveira Coelho1 [email protected] Dayana Priscila Maia Mejia2 Pós-graduação em Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia com Ênfase em Terapia Manual – Faculdade Cambury Resumo Introdução: A Síndrome da Disfunção Femoropatelar (SDFP )é uma patologia bastante comum entre indivíduos jovens, atletas e população sedentária e acomete frequentemente o sexo feminino. Pode ser caracterizada por uma dor anterior no joelho, edema, crepitação retropatelar e bloqueio articular, sendo agravada durante atividades esportivas, subida e descida de escadas, caminhadas em terrenos inclinados, agachamento e ao permanecer sentado por tempo prolongado. Objetivo: Revisar a literatura e identificar as principais abordagens fisioterapêuticas utilizadas no tratamento da síndrome da disfunção femoropatelar. Metodologia: Para a realização deste estudo, foram pesquisados artigos em bases de dados indexadas Scielo, desde junho de 2014 a agosto de 2014. Discussão: Os pacientes com sintomas de dor femoropatelar permanecem como um dos maiores desafios clínicos em medicina de reabilitação e despeito dos recentes avanços no entendimento e tratamento de diversas condições do joelho. Atualmente, tem sido aceito que o tratamento conservador leva a um alívio dos sintomas na maioria dos pacientes com SDFP. Conclusão: Este estudo concluiu que a abordagem fisioterapêutica na SDFP mais indicada tem sido os tratamentos baseados no fortalecimento dos músculos, principalmente os músculos VMO e VL, alongamento muscular segmentar desses grupos e exercícios proprioceptivos. Palavras-chave: Síndrome da Disfunção Femoropatelar, Fisioterapia em Pacientes com Síndrome Femoropatelar, Reabilitação PateloFemoral. 1. Introdução A Síndrome da Disfunção Femoropatelar (SDFP) é uma deficiência bastante comum entre indivíduos jovens, atletas e população sedentária e acomete frequentemente o sexo feminino. Esta síndrome pode ser caracterizada por uma dor anterior no joelho, edema, crepitação retropatelar e bloqueio articular, sendo agravada durante atividades esportivas, subida e descida de escadas, caminhadas em terrenos inclinados, agachamento e ao permanecer sentado por tempo prolongado (SANTOS et al, 2013; BEVILAQUA-GROSSI, 2007). Apesar de não estar claramente estabelecido, o fator etiológico mais aceito para a SDFP é o deslocamento anormal da patela. Nessa situação, ocorreria um desequilíbrio entre os músculos estabilizadores primários da patela. Outros fatores são aceitos, como o aumento do ângulo Q, patela alta ou baixa, pronação subtalar excessiva, rotação lateral da tíbia, anteversão femoral, 1 Pós Graduanda em Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia Orientadora: Fisioterapeuta. Especialista em Metodologia do Ensino Superior. Mestrando em Bioética e Direito em Saúde. 2 2 joelhos valgos ou varos e encurtamento do retináculo lateral, dos músculos isquiotibiais e do trato iliotibial (SANTOS et al, 2013; SAY, 2007). O diagnóstico hoje é realizado com base no exame clínico feito por profissionais experientes, entre ele o fisioterapeuta, considerando-se que uma avaliação detalhada é extremamente importante para propor futuras intervenções (CABRAL, 2007). É de suma importância manter historia clinica minuciosa e associada ao exame clinico detalhado (SIZINIO, 2009). Esta patologia constitui 25% das lesões que comprometem o joelho e 5% de todas as lesões esportivas (SANTOS, 2011). Em uma tentativa de identificar com mais clareza as estruturas anatômicas envolvidas e as alterações biomecânicas que levam a disfunção, tem sido propostos vários sistemas de classificação, que incluem diretrizes para intervenção com base nos comprometimentos e nas limitações funcionais (KISNER, 2007). Atualmente, tem sido aceito que o tratamento conservador leva a um alívio dos sintomas na maioria dos pacientes com SDFP, porém não há dados que objetivos que determinem a melhor forma de tratamento conservador nessa síndrome (MELIM, 2007). Os dados existentes na literatura sobre protocolos de reabilitação fisioterapêutica na SDFP apresentam-se de forma inconclusiva, além disso os benefícios para a aplicação desses protocolos não são bem documentados. Dessa forma, o objetivo deste estudo é revisar a literatura e identificar as principais intervenções fisioterapêuticas utilizadas no tratamento da Síndrome da disfunção femoropatelar. 2. Revisão de literatura 2.1 Anatomia do joelho O joelho, considerada uma articulação instável, proporcionou muitos estudos, desenvolvimento de técnicas diversas e aprimoramento, diagnóstico e tratamentos cirúrgico e conservador, onde nossas técnicas fisioterapêuticas estão inclusas (SALGADO, 1995). O joelho é a articulação mais complexa do corpo e participa da flexão, extensão e de certo deslizamento e rotação medial, quando está flexionado. Na extensão total, o fêmur faz rotação medial sobre a tíbia e os ligamentos garantem a fixação (HANSEN, 2007). É uma articulação que funciona como um gonzo, permitindo uma ampla extensão de movimentos. É bastante suscetível as lesões traumáticas, primariamente por ser muito submetido a esforço, por se localizar entre dois braços de alavanca: o fêmur e a tíbia e por não ser protegido por tecido adiposo e músculos, o que contribui para a alta incidência de lesões que acometem essa articulação (HOPPENFELD, 2005). Segundo Salgado (1995), do ponto de vista funcional e anatômico o joelho pode ser dividido em articulação femorotibial, que envolve as articulações meniscofemoral e meniscotibial, femoropatelar e tibiofibular. Os ossos do joelho consistem na região distal do fêmur com seus dois côndilos, a região proximal da tíbia com seus dois platôs tibiais e o grande osso sesamoide do tendão do quadríceps, a patela (KISNER, 2007). A articulação tibiofemoral é uma articulação do joelho em dobradiça, biaxial modificada, com dois meniscos interpostos suportados por ligamentos e músculos. A estabilidade antero-posterior é dada pelos ligamentos cruzados; a estabilidade mediolateral é dada pelos ligamentos colaterais medial (tibial) e lateral (femoral), respectivamente. A articulação patelofemoral, a patela é um osso sesamóide dentro do tendão do quadríceps. Ela articula-se com a fossa intercondilar 3 (troclear) na face anterior da porção distal do femur. A patela fica embebida na porção anterior da capsula articular e é conectada a tíbia pelo ligamento patelar (KISNER, 2007). 2.1.1 Anatomia da Patela Dângello e Fattini (2006) classificam a patela como um osso sesamóide, por estar inclusa no tendão de inserção do músculo quadríceps da coxa. O osso tem forma triangular, apresentando uma base superior e um ápice dirigido inferiormente. A face articular é posterior e apresenta duas áreas separadas por uma ligeira elevação. A área lateral é maior que a medial, mas ambas se articulam com os côndilos do fêmur. Sua face anterior, convexa, é rugosa e nela se ligam o tendão quadricipital e o ligamento da patela, bem como penetra a maioria dos vasos sanguíneos perfurantes responsáveis por sua irrigação (SIZINIO, 2009). 2.2 Biomecânica É importante compreender a biomecânica patelofemoral ao prescrever exercícios para o joelho para um programa de reabilitação, seja qual for o diagnóstico (ANDREWS, 2000). Quando o joelho encontra-se totalmente estendido, a patela está localizada acima da tróclea, sem contato com a mesma. Aos 10 graus de flexão, a superfície articular da patela começa a tocar a superfície articular da tróclea, e aos 30 graus atinge a sua porção mais profunda. A cada grau de flexão do joelho, determinada região da patela entra em contato com a tróclea; esse contato é mais proximal quanto maior for o ângulo de flexão. Após os 120 graus a patela atinge a região do espaço intercondilar; o contato se faz pela faceta singular e pela região lateral da faceta lateral. Durante o movimento de flexão e extensão, a força gerada pelo quadríceps é transmitida ao ligamento da patela, produzindo um vetor de força que comprime a patela de encontro com a tróclea. Essa força de compressão é tanto maior quanto maior for o grau de flexão em que o joelho se encontra. O tendão do quadríceps e o ligamento da patela formam entre si um ângulo que tendem a posicionar a patela lateralmente, essa angulação corresponde ao ângulo quadricipital (ângulo Q) (SIZINIO, 2009). 3.0 Disfunção Patelofemoral A Síndrome da Disfunção Femoropatelar (SDFP) é uma deficiência bastante comum entre indivíduos jovens, atletas e população sedentária e acomete frequentemente o sexo feminino. Esta síndrome pode ser caracterizada por uma dor anterior no joelho, edema, crepitação retropatelar e bloqueio articular, sendo agravada durante atividades esportivas, subida e descida de escadas, caminhadas em terrenos inclinados, agachamento e ao permanecer sentado por tempo prolongado (SANTOS et al, 2013; BEVILAQUA-GROSSI, 2007). A designação dor patelofemoral é usada para descrever muitas afecções associadas com disfunção patelofemoral, incluindo condromalácea da patela e subluxação ou luxação da patela; com frequência até mesmo a tendinite patelar (ANDREWS, 2000). 4.0 Fisiopatologia A fisiopatologia da SDFP esta relacionada à fatores como: Instabilidade femoropatelar: Geralmente a instabilidade é na direção lateral. A luxação pode dever-se a trauma direto a patela ou a uma contração forcada do quadríceps quando o pé está posicionado no solo, o joelho esta flexionado e o fêmur é rodado externamente. 4 Dor patelofemoral com desalinhamento ou disfunção biomecânica: inclui problemas que causam um aumento do ângulo Q, como anteversão femoral, torção tibial externa. Há geralmente uma excursão patelar anormal, e pode haver um disparo neuromuscular sem sincronia do músculo quadríceps. Dor patelofemoral sem desalinhamento: Lesões de tecidos moles: Tendinite dos tendões patelar ou do quadríceps geralmente ocorre devido ao uso excessivo como resultado de saltos repetitivos. A sensibilidade ocorre ao longo da inserção do tendão na patela. Síndrome da fricção da banda íliotibial (IT): é a irritação da banda IT quando ela passa sobre o côndilo femoral lateral, tendo como fatores desencadeantes o encurtamento dos músculos tensor da fáscia lata e glúteo máximo. Como a banda IT se insere na patela e no retináculo lateral, pode causar dor no joelho. A bursite pré-patelar: ocorre em consequência da posição ajoelhada prolongada ou de pequenos traumas recorrentes na parte anterior do joelho. Durante o processo inflamatório pode haver restrição de mobilidade em virtude do edema e dor devido à pressão direta ou pressão proveniente do tendão patelar. Condromalácea patelar traumática: Ocorre amolecimento e surgimento de fissura da superfície cartilaginosa da patela. Isso pode acabar predispondo à articulação a artrite degenerativa ou a degeneração basal das zonas medias ou profundas da cartilagem. As causas da degeneração podem ser traumáticas, cirúrgicas, sobrecarga prolongada ou repetitiva, ou a falta de cargas normais, como ocorre durante os períodos de imobilização (KISNER, 2007). 5.0 Estabilizadores estáticos e dinâmicos A patela é mantida em sua posição anatômica durante o movimento de flexão e extensão do joelho por estruturas designadas estabilizadores. Temos dois tipos de estabilizadores: estáticos e dinâmicos. Estáticos: os estabilizadores estáticos da patela são: o tendão quadricipital, o ligamento da patela e os retináculos medial e lateral. Dinâmicos: são constituídos pelos músculos que compõem o quadríceps, em ordem de profundidade: reto femoral, vasto medial e lateral e vasto intermédio. Metodologia Para a realização deste estudo, foram pesquisados artigos em bases de dados indexadas Scielo e literatura, entre os anos de 1995 a 2013. A pesquisa foi realizada no período de junho de 2014 a agosto de 2014. A estratégia de busca correlacionava as seguintes palavras-chave: Síndrome da Disfunção Femoropatelar, Fisioterapia em Pacientes com Síndrome Femoropatelar, Reabilitação PateloFemoral. Os idiomas utilizados foram o português e o inglês. Como critérios de inclusão para a seleção dos trabalhos pesquisados, prevaleceram os que abordavam a patologia e os exercícios propostos. Critérios de exclusão foram artigos que utilizavam protocolos usados em animais. Resultados Neste estudo foram encontrados 10 artigos para serem descritos na tabela, por apresentarem os melhores resultados. ARTIGO AUTOR Tratamento CAMPOS, ANO OBJETIVO RESULTADO Apontar quais as principais Com base no levantamento das 5 fisioterapêutico na síndrome da dor patelofemoral: uma revisão de literatura. I.R.M.; et al. 2013 técnicas fisioterapêuticas no tratamento da SDFP. principais modalidades terapêuticas para o tratamento da SDFP, verifica-se a relevância e importância do fortalecimento dos membros inferiores, não somente na musculatura do joelho, como também na do quadril para diminuição da dor e aumento da forca. Estimulação elétrica neuromuscular na disfunção patelofemoral. Revisão de literatura. SANTOS, R. et al 2011 Sistematizar o conhecimento a cerca da utilização da estimulação elétrica neuromuscular no quadríceps associada a exercícios resistidos, para aumento da forca muscular e diminuição da dor em pacientes com disfunção patelofemoral. A estimulação elétrica neuromuscular de media frequência pode ser utilizada associada a exercícios resistidos como coadjuvante no tratamento da disfunção femoropatelar, tanto para se obter um reequilíbrio muscular, quanto para o alivio da dor. Comparação dos exercícios em cadeia cinética aberta e cadeia cinética fechada na reabilitação da disfunção femoropatelar. NOBRE, T. 2011 Comparar a eficácia dos exercícios em cadeia cinética aberta com os em cadeia cinética fechada, para a recuperação funcional dos portadores da disfunção patelofemoral. Exercícios em cadeia cinética aberta e fechada mostraram que podem reduzir a dor e aumentar a forca muscular dos portadores de disfunção femoropatelar. Ativação muscular estabilizadora da patela e do quadril durante exercício de agachamento em indivíduos saudáveis. FELICIO, L. et al. 2011 Comparar a ativação mioelétrica de estabilizadores da patela e pelve entre as posições de agachamento convencional e associado a contração isométrica em adução e abdução da coxa em indivíduos sem queixa de DAJ. O exercício de agachamento associado a adução da coxa promoveu uma maior ativação muscular do VMO, alem de produzir um aumento na ativação do GMed. Alongamento muscular segmentar melhora função e MIYAMOTO, G.C., et al. 2010 Avaliar os efeitos do alongamento muscular segmentar no tratamento de pacientes com SFP. Todas as variáveis apresentaram diferença significante após o tratamento (p < 0,05), exceto o momento 6 alinhamento do joelho de indivíduos com síndrome femoropatelar: estudo preliminar. de forca e trabalho total dos músculos extensores a 60graus/s, trabalho total dos extensores e flexores a 180 graus/s e a SPA a 50 e 40 graus de flexão do joelho. Repercussões do tratamento fisioterapêutico na instabilidade femoropatelar. CAMPOS, L.M.R.M.C.; et al. 2010 Evolução do tratamento fisioterapêutico, através de recursos de terapia manual e eletrotermofototerapicos em uma paciente com diagnostico de instabilidade femoropatelar no joelho esquerdo. O tratamento fisioterapêutico proposto pelo protocolo de realização de tecnicas de terapia manual e por recursos eletrotermofototerapicos promoveu uma melhora significativa nos sinais e sintomas da paciente com SDFP. Início da Atividade Elétrica dos Músculos Estabilizadores da Patela em indivíduos com SDPF. GROSSI, D. et al 2008 Avaliar a porcentagem de disparo inicial (PDI) dos músculos estabilizadores da patela durante exercícios de contração isométrica voluntária máxima (CIVM) em indivíduos com e sem sinais da síndrome da dor patelofemoral (SDPF) nos exercícios de cadeia cinética aberta (CCA) e fechada CCF). Os músculos VMO e VLO apresentaram uma maior PDI em relação ao músculo VLL durante os exercícios em CCA para ambos os grupo e para o grupo SDPF em CCF. Não foi observado diferença entre os grupos. Fisioterapia em pacientes com síndrome femoropatelar: comparação com exercícios em cadeia cinética aberta e fechada. CABRAL, C. et al. 2007 Comparar a eficácia de exercícios de fortalecimento do músculo quadríceps femoral, em CCA E CCF, na recuperação funcional de mulheres com SDP. Tratamento baseados no fortalecimento do músculo quadríceps femoral possibilitaram melhoras importantes nos principais sinais e sintomas apresentados pelos pacientes, não havendo diferenças evidentes entre os realizados em CCA e CCF. Em relação ao realinhamento dos MMII, os tratamentos não se mostraram eficientes. Efetividade dos exercícios em FEHR, G.L., et al. 2006 Analisar os efeitos terapêuticos dos exercícios Os exercícios em CCA e CCF não provocaram mudanças nos 7 cadeia cinética aberta e cadeia cinética fechada no tratamento da síndrome da dor femoropatelar. Analise funcional dos estabilizadores patelares. GROSSI, D. et al. 2004 em cadeia cinética aberta e (CCA) e cadeia cinética fechada (CCF) no tratamento da síndrome da dor femoropatelar (SDFP). padrões da ativação EMG dos VMO e VL; entretanto, promoveram melhora da funcionalidade e redução da intensidade da dor após oito semanas de intervenção, sendo que os exercícios em CCF foram superiores ao CCA. Analisar a atividade elétrica dos músculos VMO, VLL e VLO em exercícios de extensão do joelho em CCA em ângulos de 15* e 90* de flexão. O músculo VLO apresentou-se assim como o VMO igualmente ativo, independente do ângulo de flexão do joelho, sugerindo que estes músculos desempenham papel recíproco e sincrônico na estabilização patelar. Tabela 1 – Resultados dos artigos obtidos na revisão sistemática Discussão Os pacientes com sintomas de dor femoropatelar permanecem como um dos maiores desafios clínicos em medicina de reabilitação e despeito dos recentes avanços no entendimento e tratamento de diversas condições do joelho (GROSSI, 2004). Atualmente, tem sido aceito que o tratamento conservador leva a um alivio dos sintomas na maioria dos pacientes com SDFP. Existem vários protocolos de tratamento (CABRAL, 2007). Cabral e colaboradores (2007), afirmam que o tratamento conservador geralmente inclui exercícios de fortalecimento do músculo quadríceps femoral, realizados em cadeia cinética aberta (CCA) e fechada (CCF). Em um ensaio clínico realizado com 21 pacientes do gênero feminino, divididos em 02 grupos, G1 com 11 pacientes que realizaram fortalecimento do músculo quadríceps femoral em CCA na cadeia extensora e G2 com 10 pacientes realizou fortalecimento do músculo quadríceps femoral em CCF no leg-press, teve como resultados uma melhora significante na intensidade da dor apenas para o G1, o que os fazem afirmar que formas de tratamento que diminuam a dor podem ser considerados efetivos, como o fortalecimento muscular em CCA. Nobre (2011), em seus estudos, realizou uma comparação de exercícios em Cadeia Cinética Aberta (CCA) e Cadeia Cinética Fechada (CCF), Dentre os protocolos de tratamento, os exercícios em cadeia cinética aberta e fechada mostraram que podem reduzir a dor e aumentar a forca muscular dos portadores de SDFP. A abordagem terapêutica combinada com essas duas cadeias é recomendada, porem, os exercícios em CCF têm sido considerados mais funcionais para a reabilitação de indivíduos com SDFP. Grossi e colaboradores (2008) realizaram um estudo onde avaliaram 10 mulheres sem queixa de dor anterior no joelho e 12 mulheres com sinais de SDPF durante a contração isométrica máxima (CIM) em CCA e CCF com o joelho posicionado a 90º de flexão do joelho. Durante a execução dos exercícios em CCA foi utilizado um equipamento extensor no qual a voluntária permaneceu sentada com o quadril e o joelho a 90° de flexão. Os exercícios em CCF foram realizados no aparelho Leg Press com inclinação a 45° em relação ao solo e com os joelhos posicionados a 90º 8 de flexão. Para ambos os exercícios, o tronco e a cabeça das voluntárias foram estabilizados por um cinto. Não foram observadas diferenças significativas entre os grupos saudáveis e com SDPF nas atividades estudadas, entretanto, pode-se verificar que os exercícios em CCA e CCF para os grupos apresentam um sincronismo entre os principais estabilizadores patelares, VMO e VLO. Porem, o estudo sugeriu que a contração isométrica voluntaria máxima em CCA e CCF realizadas a 90 graus de flexão não apresentam diferença temporal na resposta eletromiográfica sugerindo que estes exercícios possam ser utilizados para a reabilitação dos estabilizadores patelares, podendo ser indicados no tratamento fisioterapêutico de indivíduos com SDPF. Para Nobre (2011), entre os exercícios em CCF, os de agachamento é considerado seguro e efetivo graças ao efeito estabilizador da cocontração dos músculos quadríceps e isquiotibiais e recomenda-se flexão de joelho durante o exercício de agachamento de 60 graus, estudo que concorda com o apresentado por Santos (2011), que aponta que exercícios de agachamento nas angulações entre 45 e 60 graus proporcionam equilíbrio entre as porções medial e lateral de estabilizadores dinâmicos da patela em pacientes com SDFP, e que podem ser indicados durante o programa de reabilitação. Felicio (2011) descreve que o movimento de agachamento é frequentemente prescrito em protocolos cinesioterapêuticos para diversos acometimentos do joelho, pois promove aumento da forca dos músculos da coxa e da cintura pélvica. Fehr e colaboradores (2006) realizou um estudo com 17 voluntários (17 mulheres e 7 homens) portadores de SDFP, para analisar os efeitos terapêuticos dos exercícios em cadeia cinética aberta (CCA) e cadeia cinética fechada (CCF) no tratamento da síndrome da dor femoropatelar. Os voluntários foram divididos aleatoriamente em dois grupos: grupo I (n= 12): realizou exercícios em CCA e o grupo II (n= 12), realizou exercícios em CCF. O protocolo de tratamento constituiu de três sessões de fisioterapia semanais em 8 semanas, realizadas em dias alternados. O grupo I realizou exercícios isométricos de quadríceps com joelho a 90 graus, 70 graus, 50 graus e mesa flexo-extensora (90-50 graus). O grupo II realizou exercícios isométricos de quadríceps com joelho a 20 graus, 40 graus, semi-agachamento (0–50 graus) e pressão das pernas (0-50 graus). O estudo revelou redução significativa na intensidade da dor e melhora nas atividades funcionais, porem, o grupo II apresentou melhores resultados. Os exercícios em CCA e CCF promoveram redução na intensidade da dor e melhora funcional nos portadores de SDFP. Exercícios em CCF mostraram-se mais eficazes comparados com os em CCA. Santos e colaboradores (2011) apontaram a importância do fortalecimento muscular baseado no reequilíbrio do músculo vasto medial obliquo e vasto lateral poderiam reduzir o desconforto dos pacientes para se obter um maior equilíbrio entre patela e fêmur, diminuindo os processos degenerativos e consequentemente os sintomas da dor. Segundo o estudo, a utilização da Corrente Russa associada a exercícios resistidos em pacientes com SDFP, proporciona ganho de forca e consequentemente alivio da dor, através da intensidade de ativação da musculatura aumentada com a utilização da estimulação elétrica neuromuscular, podendo ser um recurso terapêutico coadjuvante neste tratamento. O conceito de que o músculo vasto medial obliquo é mais ativo durante os últimos graus de extensão é amplamente aceito, o que subsidiou o uso destes exercícios no tratamento conservador, o que contribuiu para que o protocolo de exercícios de fortalecimento do músculo vasto medial para os pacientes com SDFP fosse baseado em exercícios realizados nos últimos graus de extensão (GROSSI, 2004). Para Nobre (2011) a propriocepção também é um fator influente na escolha de exercícios em CCF, pois acredita-se que o feed back seja mais eficiente graças as forcas de compressão do corpo e o contato do pé com o chão, alem de reproduzir movimentos funcionais comumente 9 executados nas atividades de vida diária. O agachamento unipodal realizado em uma plataforma de declínio de forma excêntrica mostrou ser de melhor eficácia para o fortalecimento da região extensora do joelho, quando comparado com o agachamento normal e em piso plano. Miyamoto et al (2010) em um estudo realizado com 13 indivíduos sedentários, de ambos os sexos, avaliou os efeitos do alongamento muscular segmentar no tratamento dos pacientes com SDP. Os voluntários realizaram o tratamento três vezes por semana, durante seis semanas. O tratamento consistia do autoalongamento dos músculos isquiotibiais, quadríceps femoral e tríceps sural, bilateralmente mantidos por 30 segundos e repousando pelo mesmo tempo com 10 repetições cada músculo. Após o tratamento, houve diferença significante no ângulo Q, que apresentou melhora significante após alongamento muscular segmentar e capacidade funcional, a intensidade da dor também apresentou diferença significante. Ocorreu melhora no alinhamento patelar devido à redução do encurtamento muscular e diminuiu o estresse articular e a dor. O estudo concluiu que o alongamento segmentar possibilitou melhoras importantes nos sinais e sintomas apresentados pelos pacientes com SDP, sendo indicados no tratamento destes pacientes. Porem, não evidencia a sua efetividade na melhora da propriocepção dos pacientes. Campos e colaboradores (2010) avaliaram a evolução do tratamento fisioterapêutico, através de terapias manuais e eletrotermofototerapicos em uma paciente de 35 anos. O protocolo realizado duas vezes na semana consistia de fortalecimento muscular, ganho de ADM, manutenção de propriocepção e quebra de aderência muscular. O estudo concluiu que o tratamento promoveu uma melhora significativa dos sinais e sintomas apresentados pela paciente, promovendo melhor qualidade de vida. Conclusão O presente estudo permitiu destacar as principais abordagens fisioterapêuticas na SDFP e evidenciar a atuação da fisioterapia na reabilitação desta patologia. Através de revisão sistemática realizada, concluiu-se que a atuação da fisioterapia demonstrou fundamental importância e contribuição para a melhora da reabilitação por meio de técnicas fisioterapêuticas. As técnicas mais indicadas têm sido os tratamentos baseados no fortalecimento dos músculos, principalmente os músculos VMO e VL, alongamento muscular segmentar desses grupos e exercícios proprioceptivos. Todas as técnicas apresentadas tem demonstrado sucesso no tratamento desses pacientes, porem os exercícios em CCA e CCF tem tido uma maior ênfase nos principais sinais e sintomas apresentados pelos pacientes, promovendo a redução na intensidade da dor e melhora da funcionalidade nos portadores da SDFP. Desta maneira, este estudo alcançou o objetivo esperado, enfatizando a importância da abordagem de técnicas fisioterapêuticas na reabilitação em portadores da SDFP. Referências ANDREWS, James R; HARRELSON, Gary L.; WILK Kevin E. Reabilitação física das lesões desportivas. 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