Títulos de livros juvenis estrangeiros: uma análise sobre as estratégias de tradução e marketing Narelle de Andrade Castro Universidade do Sagrado Coração, Bauru/ SP e-mail: [email protected] Michele Noce Camilo Universidade do Sagrado Coração, Bauru / SP e-mail: [email protected] Prof. Ms. Leila Maria Gumushian Felipini Universidade do Sagrado Coração e-mail: [email protected] Comunicação Oral Pesquisa em andamento A Tradução Literária é uma das áreas de maior ascensão atualmente devido a grande demanda de livros estrangeiros publicados no Ocidente. Segundo dados da SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livros), mais de 70% das obras publicadas em nosso país são traduzidas e o Brasil, já está entre os dez países que mais produzem livros no mundo, sendo responsável por cerca de 50% de todas as obras editadas no continente. Hoje em dia, com a Globalização e as inovações tecnológicas, os adolescentes e os jovens buscam cada vez mais diferentes entretenimentos, dentre eles os livros estrangeiros. É por essa razão que as editoras investem na tradução de séries/ livros sobre as mais variadas temáticas com o intuito de atrair o interesse desse tipo de público. Alguns fatores levados em consideração pelos leitores na escolha das obras a serem lidas são os títulos, o enredo, o tipo de fonte, além das capas com imagens simbólicas, humanas ou enigmáticas. A obra literária ao ser traduzida deve ser localizada por completo e o papel do tradutor no momento de execução desta tarefa não é fácil, pois o contexto, o público-alvo, a cultura, o período histórico, entre outros aspectos devem ser observados antes do início da tradução. Sobre Localização, Ricardo Vinícius cita a definição dada pelo site GALA (2012) como sendo o processo de adaptação de um produto para uma localidade específica. Além da tradução, tal processo inclui a adaptação de gráficos para os mercados-alvo, a modificação do layout de conteúdo para adequá-lo ao texto traduzido, a conversão para as moedas locais, o uso de formatos apropriados para datas, endereços e números telefônicos, o manejamento das regulamentações locais, entre outros, ou seja, seu objetivo é o de fornecer um produto que aparente ter sido criado para determinado mercado. Desta forma, consideramos relevante investigar como é feita a tradução de títulos de livros juvenis no mercado editorial brasileiro. Para isto, propomos a análise de oito títulos: A menina que roubava livros, As vantagens de ser invisível, Crepúsculo, Despertar, Fallen, 16 Luas, Quem é você, Alaska? e Trocada com a intenção de verificarmos mais especificamente: Quais são as estratégias utilizadas pelo tradutor e quais as estratégias de marketing utilizadas pela editora? Esta análise será realizada em dois eixos, sendo um sobre as estratégias da tradução e o segundo sobre os recursos de marketing. 1 Há duas correntes predominantes e opostas na Tradução Literária: a Naturalizadora e a Identificadora. A corrente Naturalizadora diz respeito à adaptação dos costumes, lugares, entre outros fatores de uma determinada cultura para a da língua de chegada, isto é, o contexto original sofrerá modificações, as quais farão os leitores se identificarem mais com a obra por esta possuir aspectos da sua própria cultura. Vermeer (1985) descreve esse movimento como sendo a supressão das diferenças entre as duas culturas (de chegada e de partida) por meio da conversão da cultura do outro na cultura para qual se traduz. Com relação à corrente Identificadora, ela conduz os leitores para a língua de partida, faz com que eles adentrem em um universo totalmente diferente, pois a obra manterá as suas próprias características culturais, ou seja, prioriza-se a cultura do texto traduzido. Veermer afirma que “adota-se na língua-alvo as características linguísticas e sócioculturais do texto original” (1985, p.35). Ao mesmo tempo em que o tradutor cumpre a sua função com a obra por meio do uso das estratégias tradutórias, as editoras e seus profissionais especializados realizam distintas atividades ligadas ao Marketing, o qual visa estudar e atender às necessidades dos consumidores através de um determinado produto para um público-alvo direcionado. Mais especificamente, quando se trata da venda de livros recorre-se ao Marketing Editorial, o qual possui suas peculiaridades. De acordo com a FACTO- Agência de Comunicação, o Marketing Editorial abrange a análise de cenários, a pesquisa de mercado, o diagnóstico de oportunidades e de ameaças, a análise da concorrência, assim como o marketing convencional. Possui o objetivo de garantir que o produto chegue no momento certo, com seu conteúdo e forma condizentes ao público a ser alcançado. Sendo assim, nota-se a existência de um longo e complexo processo realizado pelas editoras e pelos tradutores para oferecer uma obra de qualidade e atrativa para seus leitores. No que se refere às estratégias de tradução, ainda existe uma grande polêmica entre a Tradução literal e a Tradução livre, tendo em vista as opiniões divergentes de cada teórico. A primeira prioriza a manutenção da literalidade das palavras do texto, ou seja, o tradutor irá manter o estilo de escrita do autor, a estrutura textual, entre outras características do original (BARBOSA, 1990). Enquanto que a segunda, propicia uma maior liberdade ao tradutor para que ele possa passar o sentido do texto para seu público, isto é, considerar o contexto, a 2 época, o público e realizar adaptações condizentes de acordo com as mais diversas situações da obra. Segundo Barbosa (1990) a fim de conciliar e integrar essas posições extremistas, elas podem se complementar, pois dependendo do seu objetivo, do tipo de texto, da sua função predominante, do seu maior ou menor grau de convergência ou divergência linguística e cultural entre as duas línguas na tradução, uma tradução pode ser mais ou menos literal, ou mais ou menos livre. Em outras palavras, significa que nenhuma tradução será somente literal ou livre, tendo em vista que deve se ter discernimento para fazer uso da literalidade e/ou da adaptação conforme as necessidades textuais, culturais, do público. Conclui-se de modo parcial que os títulos analisados foram traduzidos literalmente ou pela tradução livre. Geralmente, quando se tratou dos títulos dos livros juvenis com uma temática mais sobrenatural, os tradutores mantiveram os nomes dos originais, isto é, traduziram de forma literal. Foi o caso de Twilight (Stephenie Meyer) que passou a ser Crepúsculo e de Switched ( Amanda Hocking) que se nomeou Trocada. Enquanto que os com uma temática mais dramática ou histórica optou-se pela tradução livre de acordo com o contexto da obra. Book Thief (Markus Zusak), por exemplo, traduziu-se como A menina que roubava livros e The Perks of being a wallflower (Stephen Chboski) ficou como As vantagens de ser invisível. PALAVRAS- CHAVE: Tradução; Literatura Infanto- Juvenil; Títulos. REFERENCIAIS FACTO, agencia. O Marketing no Jornalismo. Facto agencia wordpress, nov 2010. Disponível em: <https://factoagencia.wordpress.com/2010/11/28/o-marketing-no-jornalismo/>Acesso em: 06 mar.2015 MOREIRA, Márcia. Oportunidades no mercado de tradução literária. Conciso e coeso blogspot, dez 2010. Disponível em: <http://concisoecoeso.blogspot.com.br/2010/12/oportunidades-no-mercado-detraducao.html > Acesso em 05 mar.2015. RODRIGUES, Cristina Carneiro. Tradução e Práticas Político-Culturais. Revista Tradterm USP. São Paulo, v.1, p. 49-56, 1994. 3 SOUZA, José Pinheiro. Teoria da Tradução: uma visão integrada. Revista de Letras UFC. Ceará, v1/2, p-51-67, 1998. SOUZA, Ricardo Vinícius Ferraz de. Venutti e os videogames: o conceito de domesticação/estrangeirização aplicado à localização de games. In- Traduções Revista do Programa de Pós- Graduação em Estudos da Tradução da UFSC. Florianópolis, v.5, p.51-67, 2013. 4