Ponte aérea na Dow
BRASIL ENERGIA / ONLINE - ECONOMIA - 2/3/2012
Com a inauguração de seu primeiro escritório no Brasil voltado à área de petróleo e
gás, no Rio de Janeiro, a Dow pretende estreitar seus laços com as operadoras –
sobretudo a Petrobras – e a cadeia produtiva do setor. Para isso, a companhia está
desenvolvendo novas soluções para o pré-sal e a área de refino em seus
laboratórios de São Paulo.
A vinda para o Rio tem como objetivo acompanhar melhor as oportunidades no
setor petróleo. “O escritório vai dar suporte e aproveitar o bom momento que a
cidade vive. Ficando perto da Petrobras e de outros parceiros e com os desafios que
há pela frente, teremos de desenvolver novos negócios para atender a essa
demanda”, diz o diretor de Negócios da Dow, Lauro Rebouças.
Segundo o executivo, a vinda para o Rio mostra a importância que a companhia
está dando à área de óleo e gás. Além disso, evidencia a intenção da empresa de
destinar novos investimentos ao Brasil e à América Latina, onde o volume de
vendas cresceu 9% em 2011, maior taxa dentre todas as regiões onde atua. A
receita no ano foi de US$ 7,2 bilhões. “Nossos olhos estão voltados para a região,
especificamente para o Brasil e ainda mais para o Rio, devido aos investimentos da
Petrobras”, reforça Rebouças.
O Rio também é candidato a receber um novo laboratório da empresa, mas isso
ainda está sob análise. Outra possibilidade é que os laboratórios de Jundiaí, no
interior paulista, que foram recentemente ampliados, ou que as duas instalações da
Dow na capital paulista recebam novos investimentos para incrementar sua
infraestrutura.
Soluções para o CO2
É nas instalações atuais que a empresa vem desenvolvendo novas tecnologias para
o pré-sal brasileiro. Um dos focos dos trabalhos, conta Cláudia Schaeffer, diretora
Comercial da divisão Dow Oil and Gas para a América Latina, é criar soluções para
a grande quantidade de gás carbônico presente no óleo da nova fronteira, seja para
sequestro ou injeção. “O pré-sal é uma fronteira muito específica. Portanto, muito
de nosso desenvolvimento é particular ao Brasil. Em alguns casos, até fazemos
„copia-cola‟, mas em outros temos de adaptar ou desenvolver do zero”, observa.
Outra frente envolve o desenvolvimento de membranas mais eficientes e que
exijam área menor, a fim de ocupar menos espaço nos topsides das plataformas. “É
como diz a Petrobras: o pré-sal é o metro quadrado mais caro do Rio de Janeiro”,
salienta Cláudia. Ela conta ainda que a empresa já trabalha em novos
revestimentos térmicos para risers, a fim de evitar alterações na viscosidade do
óleo, e até em novas composições de tintura mais resistentes à corrosão.
Para o downstream, a empresa pretende oferecer serviços que otimizem o consumo
de energia das refinarias, aumentando sua eficiência energética, a exemplo do que
já faz nos EUA. “É algo que gostaríamos de explorar, pois sabemos que a eficiência
energética é parte importante da plataforma de desenvolvimento da Petrobras”,
esclarece Cláudia.
No momento, a Dow trabalha em soluções para tratamento de efluentes e remoção
de contaminantes nas várias etapas do refino, seja em parceria com empresas de
serviço ou fornecendo equipamentos, como membranas e filtros, diretamente à
Petrobras.
A companhia está em contato com a ANP para saber como mensurar o índice de
conteúdo local das tecnologias que vêm se desenvolvendo no país, o que, em
termos de produtos, já está bem encaminhado, conta Cláudia. Segundo ela, o
índice para esse caso já ultrapassa os 80%.
Embora o foco da Dow no Brasil seja desenvolver soluções tecnológicas, a empresa
é tida globalmente como uma companhia petroquímica. Prova disso é seu consumo
de petróleo, necessário para levar a cabo seus processos produtivos, da ordem de
600 mil barris/dia – o equivalente à produção da Colômbia e a pouco menos de um
terço da produção brasileira. “Ou seja, fornecemos soluções e tecnologia, mas, na
outra ponta, somos grandes clientes da cadeia”, ressalta Cláudia.
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