INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE / SOEBRÁS CONSIDERAÇÕES ESTÉTICAS NA ANÁLISE FACIAL FRONTAL FABRÍCIO SILVA VIANNA Monografia apresentada ao Programa de Especialização em Ortodontia do ICS – FUNORTE/SOEBRÁS NÚCLEO ALFENAS, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista. Alfenas, 2009 INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE / SOEBRÁS CONSIDERAÇÕES ESTÉTICAS NA ANÁLISE FACIAL FRONTAL FABRÍCIO SILVA VIANNA Monografia apresentada ao Programa de Especialização em Ortodontia do ICS – FUNORTE/SOEBRÁS NÚCLEO ALFENAS, como parte dos requisitos para obtenção do titulo de Especialista. ORIENTADOR: Ms. Louise Cristina C. Reis Alfenas, 2009 SUMÁRIO RESUMO SUMMARY 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1 2. PROPOSIÇÃO ..................................................................................................... 2 3. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 25 6. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 26 7. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 33 RESUMO O diagnóstico ortodôntico deve ser único, embora o plano de tratamento possa ser variável. Durante o tratamento, a estética facial deve ser preservada ou melhorada, sendo um dos maiores objetivos dos pacientes que buscam pelo tratamento ortodôntico. São várias as expressões da estética em uma face sendo a proporcionalidade a chave para a harmonia e atratividade. O presente trabalho buscou, através de uma revisão da literatura, abordar os aspectos estéticos da proporcionalidade facial. Palavras Chave: Estética Facial, Proporcionalidade Facial, Harmonia, Análise Facial. SUMMARY The orthodontic diagnosis should be unique, although the treatment plan can be variable. During the treatment, facial aesthetics must be preserved or improved; it is one of the major goals of patients seeking in orthodontic treatment. There are various expressions of aesthetics in a face and the proportionality is the key to harmony and attractiveness. This study aimed, through a review of the literature addressing the aesthetic aspects of facial proportionality. Keywords: Aesthetic Facial, Facial Proportionality, Harmony, Facial Analysis. 1. INTRODUÇÃO A análise facial, tem se tornado cada vez mais comum na prática clínica sendo de grande importância para um diagnóstico adequado. Para se atingir o objetivo do tratamento ortodôntico e a satisfação do paciente, o ortodontista deve visar à melhora ou no mínimo a permanência da estética e harmonia facial. A literatura nos mostra que devemos evitar a análise das estruturas faciais isoladamente, e sim envolver todas as estruturas para uma visualização geral. O máximo de dados através de uma avaliação criteriosa, de fácil aplicação, visualização e entendimento deve ser o foco do método de análise facial. Os métodos atuais, descritos na literatura, mostram-se divergentes e sem atuação na prática clínica. O paradigma dos tecidos moles focando o diagnóstico e tratamento de problemas dento-faciais nos tecidos moles da face preferencialmente às estruturas dento-esqueléticas emergiu entre os ortodontistas e cirurgiões. As estruturas dento-esqueléticas da face são como uma armação sobre a qual os tecidos moles estão apoiados. No entanto, são as proporções dos tecidos moles, não as proporções esqueléticas, que são os objetivos do tratamento (NAINI, 2006). 2. PROPOSIÇÃO Considerando o advento das idéias de análise facial, as várias características da atratividade e as inúmeras variantes encontradas na literatura, o presente trabalho propôs realizar, através de uma revisão da literatura, as considerações estéticas dos métodos de análise facial. As características morfológicas e subjetivas das proporções e da atratividade serão listadas juntamente com os métodos de análise facial, levando-se em conta a aplicatibilidade clínica e a eficácia na obtenção de dados auxiliares no diagnóstico das alterações nas proporções faciais. 3. REVISÃO DA LITERATURA O conceito de beleza evolui a cada década, que, por sua vez, elege diferentes faces, mas com apenas um objetivo: o equilíbrio, expressado na simetria e harmonia dos traços faciais. Vários tipos de análises têm sido sugeridos, procurando conciliar a correção do problema com a estética. A análise facial vem, então, sistematizar o diagnóstico ortodôntico, objetivando os anseios estéticos do paciente, oferecendo-lhe uma oclusão funcional com a melhor harmonia facial possível (COSTA, 2004). Orientações estéticas podem ser úteis para clínicos que podem modificar a aparência facial de seus pacientes, providenciando indicações para o melhor tratamento, atingindo metas no tratamento cirúrgico, ortodôntico e ortopédico. Além disso, oferece informações para as preferências estéticas do público em geral, possibilitando concretizar os desejos e anseios dos pacientes. As orientações não podem ser impostas em todas as faces, ou seguidas cegamente, mas deve sempre considerar as características de cada face individualmente (SFORZA, 2009). Diante da popularidade que a cirurgia plástica desfruta nos dias de hoje, a questão que se coloca é até que ponto se pode conseguir a perfeição através do bisturi. Cirurgiões Plásticos são unânimes em afirmar que a resposta mais honesta é “raramente”. Isso não decorre da falta de perícia, mas de uma verdade revelada pela experiência de consultório: a beleza não é o resultado da soma de partes do rosto bem modeladas, mas da harmonia entre elas. Quando há apenas uma característica marcante na face, como nariz grande, mas todo o resto é harmonioso, essa característica pode agir de forma positiva, ressaltando a naturalidade do rosto. (VEJA, 2008). A estética facial é um dos principais objetivos ortodônticos. O desejo de melhorar a estética dentofacial é uma das razões pelas quais os pacientes procuram tratamento. Observar as informações obtidas em uma análise morfológica de tecido mole e saber acatar as limitações que essas informações oferecem, parece ser um preceito universal para se obter os melhores resultados de um tratamento. (CÂMARA, 2006). Como a razão principal do tratamento ortodôntico é superar as dificuldades psicossociais relacionadas com a aparência facial e dental, a avaliação estética é uma parte importante do exame clínico. A estética, infelizmente, é muito mais um sentimento pessoal. Por isso, pode ser muito mais útil a avaliação clínica das proporções faciais do que a estética por si só. O antiestético é desproporcional, ou, dizendo de outra maneira, as feições desproporcionais e assimétricas constituem o problema principal da estética facial, enquanto as feições proporcionais mesmo não sendo bonitas, são aceitáveis. Um adequado objetivo do exame facial, portanto, deve ser o de detectar desproporções. Os métodos de antropometria (medidas tomadas diretamente na face durante o exame clínico) frequentemente utilizado pelos ortodontistas anteriormente ao advento dos exames cefalométricos ainda pode ajudar a estabelecer as proporções faciais e recentemente voltou a ser utilizado (PROFFIT, 1995). A crescente valorização da estética, a grande variabilidade étnica e o avanço da cirurgia ortognática criaram novos pontos de vista na Ortodontia contemporânea. Com isso, houve a necessidade de valorizar a face de cada paciente, individualmente, para a planificação do tratamento. Avaliar a beleza e a harmonia de um rosto é algo complexo, pois trata-se de uma meta de caráter subjetivo e, portanto, bastante pessoal. Além disso, uma face harmoniosa não é necessariamente agradável (FERES & VASCONCELOS, 2009). Alguns profissionais entusiasmados com a busca da correção oclusal podem incorrer no declínio do equilíbrio facial. Parte desse procedimento pode estar relacionado simplesmente à falta de compreensão do que se deseja como objetivo estético (SOUZA, 2007). Bashour, 2006 em seu estudo envolvendo psicologia evolutiva, antropologia e atratividade facial, constatou que a face bela tem tanto uma objetividade como um impacto muito maior do que imaginamos. As preferências de acordo com a regionalidade em que se encontra é uma fina camada frente tantos outros variáveis presentes na atratividade facial. A atratividade facial evoluiu devido à preferência para saudáveis e férteis companheiras. O fator ambiental-regional, a simetria, a juventude e o dimorfismo sexual são decisivos nas características faciais. O planejamento clínico deve ter em foco proporcionar uma face parecida com a população em que o indivíduo se encontra, sempre levando em conta o objetivo do paciente, a simetria e as diferenças entre homens e mulheres. A habilidade em reconhecer a beleza é inata, mas sua conversão em definições de tratamento é complexa, porque a percepção de beleza é uma preferência individual influenciada pelas diferenças culturais próprias de regiões e países (SOUZA, 2007). A percepção da beleza facial pode ter sua origem na hereditariedade, meio ambiente ou em ambos. Crianças de três meses de idade podem distinguir entre um rosto atraente ou pouco atraente, mostrando sinais de preferência pela forma. É pouco provável que crianças de três meses de idade terão sido submetidas a interferências ambientais, portanto, esta é uma prova de apoiar uma teoria genética. A base é evolutiva, inclui a simetria facial e características sexuais secundárias, sendo um requisito para a seleção natural (NAINI et al, 2006). Na atualidade, as análises faciais tegumentares têm sido objeto de estudos, não somente no diagnóstico e planejamento do tratamento de casos ortodôntico-cirúrgicos, mas também de casos puramente ortodônticos ou, ainda, com a possibilidade da associação à Ortopedia Funcional. A cefalometria radiográfica está consagrada como um exame complementar de fundamental importância para a avaliação das condições dentoesqueléticas; entretanto, o estudo das relações tegumentares da face com os perfis ósseo e dentário tem despertado interesse crescente, no sentido de aliar o tratamento ortodôntico às mudanças que envolvem a estética da face (FERES & VASCONCELOS, 2009). Tataruneit et al, 2005 em estudo avaliando fotografias de diferentes pessoas com avaliadores em diferentes estágios da vida, verificou que a atratividade parece ser menos subjetiva do que se pensa. A idade das modelos foi imprescindível para a realização desta pesquisa e mostrou avaliadores julgando mais jovens as mulheres atrativas quando comparadas com mulheres sem atratividade com a mesma idade. Já nos homens a idade não parece ser fator decisivo para o julgamento de beleza e sim outros fatores relacionados. Czarneck et al, 1993 afirmou que é necessário examinar as alterações do crescimento nos tecidos moles da face com uma consideração especial a ser dada às áreas do nariz, lábios, e queixo. Os padrões de beleza variam enormemente entre as pessoas, grupos raciais e de acordo com o nível socioeconômico. Subjetivo como é, um conceito de normal é essencial para o ortodontista para preconizar o normal a partir dos anormais. A Ortodontia como ciência ou a necessidade de estabelecer parâmetros de normalidade definidos como objetivos ortodônticos resultaram em um paradoxo entre os objetivos dos ortodontistas e de seus pacientes. Enquanto os pacientes desejam melhorar sua aparecia os ortodontistas baseiam-se principalmente nos desvios das relações físicas normativas entre dentição esquelética e tecido mole na definição do diagnóstico e do plano de tratamento (REIS et al, 2006). A perspectiva atual da prática e da pesquisa odontológica exige que o profissional se aproxime das expectativas do seu paciente ao definir a melhora da estética facial e do sorriso como principal objetivo do tratamento. A avaliação direta da face do paciente é o seu principal recurso de diagnóstico, a qual permite observar as características faciais harmoniosas e desarmoniosas. Ao paciente definitivamente não interessa que os ângulos e proporções de sua face estejam dentro de um padrão de normalidade se este padrão não se adequar as suas características étnicas e individuais. A principal aspiração do paciente é ser reconhecido com o bonito ou no mínimo normal, por sim mesmo e pela sociedade, eliminando características desagradáveis do seu sorriso e de sua face. O conceito de beleza está relacionado com uma sensação de prazer e por ser uma sensação prazerosa, o conceito de beleza é próprio de cada individuo. Sendo estabelecido a partir de valores individuais relacionados ao gênero, raça, educação e experiências pessoais; e a valores da sociedade como o ambiente e a publicidade cada vez mais responsável pela globalização do conceito de beleza (REIS et al, 2006). O conceito de beleza facial depende de vários fatores, como a opinião pessoal, a região em que o indivíduo mora, a mídia e a moda; todos eles servindo para influenciar a percepção de estética. Assim, as medidas tornamse válidas para uma determinada população, em um determinado tempo. O julgamento clínico nunca pode ser substituído por qualquer dogma estabelecido com base em valores médios, porque estes, quando muito, indicam apenas uma tendência. Em outras palavras, não se deve utilizar um único conjunto de valores como padrão universal na obtenção de resultados esteticamente prescritos, sem a devida consideração das variações faciais, antecedentes étnicos, traços familiares e preferências pessoais dos indivíduos (CÂMARA, 2006). Vedovello et al, 2001 afirmou que as discrepâncias estruturais são a maior limitação do tratamento ortodôntico, porém na realidade é o tecido tegumentar que determina mais precisamente a susceptibilidade de terapêutica. Os limites para as compensações dentárias para uma discrepância mandibular são estabelecidos por pressões exercidas sobre os dentes, lábio, bochechas e língua além das limitações das inserções periodontais, pelas influencias neuro-musculares sobre a posição mandibular e pelos contornos do perfil mole. A habilidade dos tecidos tegumentares em se adaptarem às alterações nas relações dentárias é mais restrita do que os limites anatômicos e nas correções das relações oclusais. Reis et al, 2006 afirmou que a análise facial numérica pôde nos mostrar diferenças nas medidas comumente estudadas em trabalhos internacionais onde a amostra se compõe de caucasianos leucodermas. Deve-se ressaltar a fragilidade dos números em expressar normalidade, pois como se observa na amostra de pacientes equilibrados, todas as variáveis apresentaram valores máximos e mínimos bem distantes da média sem que isso represente desarmonia. A avaliação da face deve ser, portanto, morfológica. O equilíbrio do perfil que determina o Padrão I pode estar associado a diferentes desenhos anatômicos do perfil facial. As inúmeras construções possíveis mesmo no equilíbrio são responsáveis por valores discrepantes encontrados nas medidas e possivelmente por perda na qualidade da estética facial. Maple et al, 2005 em seus estudos afirma que na realidade, a boa estética facial é resultado de uma série de componentes que combinados, produzem um rosto harmônico. Tipo de oclusão e forma do esqueleto, variações no tecido mole, formas do cabelo, expressão facial, percepção do examinador, são fatores que reunidos ou adequados, na sua maioria, tendem a produzir um rosto bonito. A complexidade da estética facial é tamanha que mesmo na presença destes fatores o resultado pode não ser favorável. Em alguns casos a presença de outras características favoráveis já é suficiente para produzir uma pessoa com rosto harmônico. Filho et al, 2002 afirma que a análise do tecido mole facial deve ser elemento fundamental para o diagnóstico ortodôntico bem sucedido. Tem-se a analise do tecido mole facial a qual deve ser utilizada para identificar as características faciais positivas e negativas do perfil mole do indivíduo e assim determinar como deve ser a correção ortodôntica da maloclusão dentária visando a melhoria do perfil facial. A análise facial e os outros exames utilizados no diagnóstico ortodôntico deveriam ser usados como métodos complementares. O ideal seria adequar uma proposta de exames facial à cefalometria convencional, o que viria enriquecer a qualidade do diagnóstico e facilitar o plano de tratamento. A formação da face humana depende de fatores genéticos e ambientais, e as características hereditárias baseadas na filogenia e na ontogenia conferem à face sua conformação final. A forma da fronte, a dimensão e a proporção do nariz e o desenvolvimento da parte inferior da face determina as características do perfil. O julgamento da atratividade facial tem sido considerado produto de preferências individuais, formados por tendências culturais e populares e influenciado por diferenças raciais e sexuais na forma facial (VEDOVELLO et al, 2001). Sforza et al, 2009 constatou que de acordo com as teorias atuais de psicologia evolucionária, a apreciação estética de faces adultas depende de várias combinações como proporção, simetria, aparência de bebê, jovialidade e dimorfismo sexual. Tanto a seleção natural com a sexual, tentou explicar as várias percepções da atratividade. Outras investigações realizadas em duas dimensões (fotografias e radiografias) ou tridimensionais confirmam essas teorias. As faces de crianças, adolescentes e mulheres adultas apresentam algumas características de bebês: uma face larga com a testa larga, terço médio mais largo e mais proeminente, desenvolvimento vertical reduzido, lábios cheios e proeminentes e perfil mais convexo que o da população em geral. Faure et al, 2002 concluiu que a técnica usada e as modificações isoladas em fotografias faciais são adequadas para o estudo da influencias dos fatores isolados na percepção da estética. Um melhor entendimento da importância dos fatores faciais separadamente pode ser obtida pela analise das mudanças graduais das diferentes partes da face. Itens de maior interesse como tamanho aumentado dos olhos e lábios volumosos nas mulheres devem ser características genéticas e são aspectos essências para estética. Bashour, 2006 afirmou que para se ter um sistema objetivo, a atratividade facial deve ser capaz de ser medida objetivamente. E é possível medir a atratividade facial objetivamente? Os resultados da investigação a partir da psicologia de campo não só mostra que os juízes concordam fortemente sobre a atratividade facial, mas também indicam que uma norma universal da atratividade facial de fato provavelmente existe. A investigação da psicologia cognitiva visual no domínio da atratividade facial apresentou numerosas e profundas descobertas nos últimos 20 anos. Não há uma opinião comum dentre os muitos cientistas contemporâneos envolvidos na área, porém, a área estética busca se beneficiar de um sistema objetivo de medida da atratividade facial. O plano de tratamento pode divergir para o mesmo individuo, porém o diagnóstico deve ser completo, preciso e único, para que se possa possam chegar aos objetivos principais do tratamento ortodôntico, que são a oclusão funcional ideal, estabilidade fisiológica e total equilíbrio e harmonia facial (GARBIN & PASSERI, 2001). A beleza facial pode ser definida como um estado de harmonia e equilíbrio das proporções faciais, estabelecidas pelas estruturas esqueléticas, dentais e tecido tegumentar. Ao ortodontista cabe preservá-la ou melhorá-la, pois o tratamento ortodôntico freqüentemente enseja mudanças visíveis nos tecidos tegumentares da face (VEDOVELLO et al, 2001). Bashour, 2006 cita como características faciais masculinas: • Aumento do osso mandibular (aumento terço inferior da face) osso zigomático mais proeminente e bochechas mais finas; • Maior crescimento lateral do zigomático, mandíbulas, e queixo, crescimento do ossos da sobrancelha e alongamento do terço inferior do facial; • Osso maxilar prominente; • Queixo grande e sobrancelhas; • Olhos pequenos, lábios finos, e mandíbula quadrada; • Sobrancelhas mais pronunciadas e mais próximas entre si; • Tanto o nariz como a boca são mais amplos no rosto masculino e o osso maxilar inferior é tanto mais amplo e maior do que a média de um rosto feminino. Bashour, 2006 cita como características faciais femininas: • Bochechas proeminentes ou altas, implantação do cabelo mais alto e pele suave; • Bochechas mais proeminentes e mais altas; • Mandíbula mais estreita e menor, olhos mais amplos, e sobrancelhas mais finas e altas; • Comprimento maxilo-mandibular menor; • Plenitude labial sendo estrógeno–dependente, depósito de gordura nos lábios. Em 1860, os anatomistas entenderam que, para a prática da craniometria, os crânios devem ser orientados de maneira a se aproximar da posição natural da cabeça dos vivos. Além disso, uma linha de referência vertical e outra horizontal extracranianas com preferência dada à linha horizontal. Contudo, foi observado que uma linha verdadeiramente horizontal pode não passar através de duas estruturas anatômicas em todos os indivíduos (SOUZA, 2007). Para uma análise frontal precisa, o paciente deve estar com a postura natural da cabeça, relação cêntrica e lábios relaxados (ARNET & BERGMAN, 1993) O paciente é instruído a sentar-se na posição ereta, olhando para a frente na linha do horizonte ou diretamente para um espelho na parede. Esta posição chamada posição natural da cabeça é a que o paciente se conduz em seu dia-a-dia (SUGUINO et al, 1996) Filho et al, 2002 constatou que para uma análise facial confiável, a maioria dos autores valorizou o posicionamento natural da cabeça, com as pupilas no centro do olho e o individuo olhando reto em direção ao horizonte. Como referencia horizontal, o plano de Frankfurt foi considerado confiável para a maioria dos autores consultados, desviando-se apenas em torno de 7 graus a partir do plano obtido pela posição natural da cabeça, havendo relativa facilidade na sua reprodutibilidade. Vedovello et al, 2001 afirmou que o exame clínico facial deve ser realizado com o paciente com a posição natural da cabeça, relação de máxima intercuspidação e postura labial relaxada. Só assim teremos dados faciaisesqueléticos confiáveis que complementarão o diagnóstico, o plano de tratamento e a qualidade dos resultados. Os modelos, a análise cefalométrica e a análise da face devem fornecer conjuntamente os fundamentos de um diagnóstico bem sucedido. Muitos trabalhos que utilizam fotografias têm seu valor científico reduzido pela falta de padronização na obtenção dessas. Na utilização do Diagrama de Referencia Estética Facial recomenda-se utilizar a Posição Natural da Cabeça (PNC) para o registro fotográfico, pois a PNC é uma posição com boa acurácia reprodutiva. Essa posição pode ser determinada pela sensação de equilíbrio do paciente, auxiliada pelo uso de um espelho, onde o paciente olha diretamente para os seus olhos, e estimada pelo próprio profissional. Qualquer tipo de rotação da cabeça na tomada fotográfica deve ser evitada, pois na foto de perfil as rotações anteriores simulam prognatismos e as posteriores podem sugerir retrognatismos. Na vista frontal, rotações laterais aparentam assimetrias (CÂMARA, 2006). Suguino et al, 1996 afirmou que a visão frontal da face deve ser examinada para avaliação da simetria bilateral, proporções de tamanho da linha mediana às estruturas laterais e proporcionalidade vertical, certamente não há face simétrica, mas a ausência de algumas assimetrias é necessária para uma boa estética facial, essa assimetria normal que é resultado de uma pequena diferença entre o tamanho dos dois lados deve ser distinguida de um grande desvio do queixo ou nariz. Um pequeno grau de assimetria bilateral da face existe essencialmente em todos os indivíduos normais. Isto se comprova mais facilmente comparando a fotografia real de face total com as composições fotográficas de dois lados direitos ou de dois lados esquerdos. Essa assimetria normal que resulta de uma pequena diferença de tamanho entre os dois lados devia ser distinguida de um queixo ou um nariz que se desvia para um dos lados (PROFFIT, 1995). A absoluta simetria não é o que se espera entre as duas metades, mas sim o equilíbrio. Por isso, pequenas diferenças entre o lado direito e esquerdo são esperadas e consideradas normais (CÂMARA, 2006). Segundo Boshour, 2006, a simetria bilateral reflete uma qualidade de desenvolvimento, especialmente na capacidade genética de resistência a perturbações ambientais. Simetria está relacionada com a heterozigosidade, sinalizando um melhor companheiro. Silva, 2005 em estudo avaliando a simetria através de fotografias manipuladas concluiu que os vários fatores que influenciam a verificação da atratividade: orelhas, pescoço, cabelo e formato geral da face, podem ter influenciado nos julgamentos devido à desconfiguração. Considerando que não se pode levar em conta aspectos isolados nesse tipo de análise e sim a interação entre as diferentes variáveis, espera-se que alguma mudança na configuração possa interferir nos resultados. Realizou então outro estudo onde a face foi apresentada em molduras ovais de maneira que os elementos faciais externos como orelhas, pescoço e cabelos fossem suprimidos. Mesmo assim, confirmou que as fotos assimétricas (naturais) tiveram maiores escores que a maioria das simétricas. Faure et al, 2002 realizou um trabalho com fotografias manipuladas onde a simetria e distancia entre os olhos era alterada através do softwear photoshop. Todas as fotografias manipuladas foram menos atrativas que as originais e a modificação da distancia entre olhos teve um efeito pior que a modificação na simetria. O efeito negativo da modificação inter-ocular pode ter sido causado pela quantidade de modificação. A manipulação da simetria pode ter resultado numa regularidade artificial com faces com menor expressividade e vivacidade. Arnet & Bergman, 1993 afirmam que as linhas médias são avaliadas com o côndilo na sua posição mais superior, com os primeiros contatos entre os dentes, caso tenha alguma interferência oclusal a linha média não será confiável. As posições relativas aos tecidos moles (ponte nasal, ponta do nariz, filtro, ponto do queixo) e as posições relativas ao arco dental (linha média do incisivo superior e linha média do incisivo inferior) são anotadas. O filtro é freqüentemente utilizado como estrutura para a referência da linha média, se a linha bipupilar estiver horizontal, é traçado uma linha perpendicular à mesma passando pelo filtro, porém se a linha bipupilar não estiver horizontal é construída uma linha horizontal como referência para essa medida. Suguino et al, 1996 preconiza que as linhas médias sejam determinadas em relação cêntrica e o primeiro contato dentário. Se os deslizamentos oclusais alteram a posição da articulação, não pode ser realizada uma determinação confiável da linha média. Filho et al, 2007, propôs um trabalho onde as proporções faciais eram manipuladas no computador, resultando em amostras com medidas obedecendo à divina proporção. Eram avaliadas medidas no sentido horizontal e vertical onde: R1: Largura da boca / largura do nariz R2: Largura dos olhos / Largura da Boca R3: Linha facial inferior-comissura labial / Canto lateral-Comissura labial R4: Base do Nariz-canto lateral / Base do nariz-comissura labial Os resultados confirmaram a relação entre a divina proporção (1:1,618) e a estética facial. Esse estudo revelou que as medidas mostraram faces mais estéticas quando estavam na divina proporção. Revelou que dentre as proporções manipuladas, largura da boca / largura do nariz (R1) e Largura dos olhos / largura da boca (R2) foram às proporções que mostraram mais favorável estética facial. Moreira et al, 2002 comparou as medidas de mulheres consideradas estéticas selecionadas em uma agência de modelos com as medidas encontradas na literatura e constatou que a proporção relacionando os terços superior, médio e inferior foram de 1,0 / 1,0 / 1,0, plenamente de acordo com a literatura. Efetivamente, essa proporcionalidade de terços faciais é um dos parâmetros mais importantes para a harmonia da face, frontal e de perfil. Garbin & Passeri, 2001 fez um estudo onde 10 pacientes submetidos à cirurgia ortognática foram avaliados. Após a correção verificou que a amostra estudada não era proporcional antes e não ficou proporcional após a cirurgia, no entanto, 97,76% das proporções estudadas sofreram uma melhora, tendendo à proporcionalidade esperada. Arnet & Bergman, 1993 afirmam que a face se divide verticalmente em terços, implantação do cabelo até sobrancelhas, sobrancelhas a base do nariz e base do nariz até tecidos moles do mento. Os terços estão a um intervalo de 55 a 65 mm. A implantação do cabelo é variável, o terço superior é freqüentemente menor. O terço inferior maior é freqüentemente encontrado em más oclusões de excesso maxilar vertical e classe III (falta de interdigitações aumenta altura vertical). O terço inferior menor está associado à deficiência maxilar e retrusão mandibular. A produção de correta proporção influencia a escolha do procedimento cirúrgico utilizado. A impactação maxilar para corrigir maloclusão Classe II associada ao terço inferior aumentado, em vez de avanço mandibular. O balanço geral da face (proporcionalidade vertical) é encontrado quando os três terços possuem aproximadamente o mesmo tamanho na direção vertical. Esses três terços estão dentro de uma variação entre 55 a 65mm, verticalmente3. Embora essas medidas possam servir de referência, na utilização do DREF a percepção de proporcionalidade entre os três terços será sempre mais importante do que qualquer medição (CÂMARA, 2006). O terço superior da face é menos importante por ser muito variável devido à linha do cabelo, contudo podem-se observar anormalidades na configuração geral (ARNET & BERGMAN, 1993; SUGUINO et al, 1996; CÂMARA, 2006). O terço médio, os olhos, as órbitas, o nariz, as bochechas e as orelhas são sistematicamente avalias. O exame dos olhos e das órbitas inicia-se com as medidas das distâncias intercantal e interpupilar. Para que ocorra uma proporção ideal da vista frontal, a largura da base do nariz deve ser aproximadamente a mesma da distancia intercantal enquanto a largura da boca deve se aproximar a distancia interpupilar. A face pode ser dividida em largura ocular direita, largura nasal e largura ocular esquerda e essas medidas devem ficar aproximadamente com o mesmo tamanho (SUGUINO et al,1996). A proporção ideal da largura da base do nariz é encontrada quando ela é a mesma da distância intercantal (CÂMARA, 2006). Reis et al, (2006) mostra que a proporção entre altura facial anterior média e altura facial anterior inferior permite comparar as alturas do terços médio e inferior da face. É consenso na literatura ortodôntica que a harmonia e o equilíbrio do perfil facial estão associados a um comprimento semelhante desses terços. A variabilidade obtida para essa medida entre os valores, mínimo e máximo, reforça a afirmação de que faces com diferentes relações anatômicas entre as estruturas podem ainda assim ser equilibradas. Arnet & Bergman, 1993 afirmam que o terço inferior facial é extremamente importante no diagnóstico e planejamento do tratamento cirúrgico-ortodôntico. O comprimento do lábio inferior e superior são medidos independentemente da posição de relaxamento. Um aumento do espaço interlabial e da exposição dos incisivos é visto em uma altura normal do terço inferior da face em repouso. Não deve ser confundido com excesso vertical de maxila (aumento do espaço interlabial), aumento da exposição incisivos superiores ou aumento da altura do terço inferior da face. A proporção normal do lábio inferior e superior é de 1:2. A harmonia proporcional labial independe do tamanho isoladamente. Lábios desproporcionais necessitam de modificação no comprimento para estarem em equilíbrio. As medições labiais identificam como normal ou anormal o comprimento do tecido mole e podem estar relacionadas com normalidade, excesso ou deficiência no comprimento dentoesquelético. Nas faces com boa estética, o terço inferior é praticamente do mesmo tamanho dos terços superior e médio. Nesse terço encontram-se, além da boca, os sulcos nasogeniano e mentolabial. Com relação à boca, a sua largura deve se aproximar da distância interpupilar. Embora exista a participação da maxila e mandíbula neste terço, é a mandíbula quem terá participação predominante na expressão tegumentar. Como o complexo naso-maxilar faz no terço médio, a mandíbula dará uma impressão na leitura facial que levará a uma perspectiva de conhecimento do crescimento e desenvolvimento do padrão morfogenético. No Diagrama de Referência Estética Facial frontal o terço inferior será sub-dividido, tomando como referência o tamanho vertical do lábio superior [subnasal (Sn) até o estômio (Es), deixando a outra parte ser preenchida pelo lábio inferior e mento. Essa relação deve guardar uma proporção de 1:2. Isto é, o comprimento do lábio superior deverá ser a metade do comprimento do lábio inferior e mento (CÂMARA, 2006). Santos et al, 2007 fez um estudo onde o objetivo foi avaliar a influência da altura do terço inferior da face na estética facial, nos gêneros masculino e feminino, por meio da manipulação desta região em fotografias faciais, utilizando a tecnologia digital. Para ambos os gêneros, o terço inferior ligeiramente aumentado é considerado mais estético. Especialmente no gênero masculino, indivíduos com o terço inferior ligeiramente aumentado apresentam melhores conceitos estéticos. Outro aspecto que deve ser salientado é que, entre todas as fotografias selecionadas, nenhuma apresentou o terço inferior diminuído em relação ao terço médio. Este resultado sugere que, em ambos os gêneros, o terço inferior diminuído compromete mais esteticamente o indivíduo que o aumentado. Suguino et al, 1996 mostra que o comprimento vertical normal do terço inferior da face é aproximadamente igual ao do terço médio da face quando existe uma boa estética. Além disso, a proporção da distância vertical do subnasal ao estômio do lábio superior, e deste ao tecido mole do mento é em torno de 1:2. A proporção da distância vertical do subnasal à margem cutânea do vermelhão do lábio inferior e deste ao tecido mole do mento é de 1:1.O mento é avaliado quanto à sua simetria, relações verticais, e morfologia ou forma, a forma é comparada com o resto da face. Muito freqüentemente o mento é mais pronunciado que o resto da face. Por fim, os ângulos mandibulares são avaliados com atenção tanto para a assimetria e volume, podendo ser deficiente, normal ou excessivo. Assim, embora existam na literatura diversos trabalhos sugerindo medidas cefalométricas e craniométricas ideais para a face e, especificamente, para a dimensão do terço inferior, deve-se sempre lembrar que a beleza é altamente subjetiva e densamente influenciada pelos aspectos sociais, raciais, étnicos, culturais e psicológicos dos indivíduos. Portanto, saber mesclar estes elementos, durante a avaliação do paciente que irá se submeter ao tratamento ortodôntico proporcionará ao profissional um diagnóstico mais preciso (SANTOS et al, 2007). Sforza et al, 2009 realizou um estudo comparando mulheres normais, com normalidade dento - esquelética com finalistas de concursos de beleza e concluiu que as finalistas apresentavam o terço superior da face mais largo, lábios mais volumosos (o lábio inferior estava mais perto da linha estética que as mulheres referência). Uma diferença na proporção dos terços faciais foi observada nas mulheres atrativas quando comparados com mulheres referência. O terço superior da face ocupava significantemente a maior parte do rosto das mulheres atrativas. A mandíbula ocupava a menor parte da face nas mulheres atrativas. A proporção de volume mandíbula–maxila foi significantemente reduzida em mulheres atrativas. As mulheres atrativas tinham uma face muito mais arredondada, com significante redução na proporção do volume do perfil. Reis et al, 2006 realizou uma pesquisa onde os avaliadores julgavam uma população em esteticamente desagradáveis, aceitáveis e agradáveis. Dos indivíduos esteticamente aceitáveis, todos tinham como característica em comum o selamento passivo, portanto se há selamento labial o individuo tem 90% de chance de ser avaliado como esteticamente aceitável ou agradável. O selamento labial passivo passar a ser considerado como um objetivo a ser alcançado durante o tratamento ortodôntico. O selamento labial passivo reduz a repercussão de discrepâncias dentarias ou esqueléticas na face e é por esse motivo um importante objetivo do tratamento ortodôntico. Arnet & Bergman, 1993 afirmam que um entendimento da posição relaxada do lábio é essencial, uma compreensão da posição fechada lábio adiciona suporte para padrões de diagnóstico. Os lábios fechados revelam também se há desarmonia entre os comprimentos esqueléticos e dos tecidos moles. Em equilíbrio esquelético e labial, os lábios devem estar, tanto na posição de vedamento como na de relaxamento, sem contração dos músculos da base do nariz, lábios e mento. Os tamanhos do nariz e do queixo produzem um grande efeito na proeminência do lábio. Para um paciente com um nariz grande e/ou mento grande, é melhor a protrusão dos incisivos, desde que não haja um aprofundamento do sulco lábio - mentual. A falta de sulco lábio - mentual bem definido não é estético, normalmente está associada com a contração da musculatura para ganhar selamento labial. Procedimentos cirúrgicos (rinoplastia, mentoplastia, liposucção submentoneana, aumento de zigomático, levantamento e aumento de lábio) terão um efeito mais dramático no contorno facial que as alterações na posição labial devido ao tratamento ortodôntico. Se for a preocupação do paciente, é apropriado levantar a possibilidade de uma cirurgia facial estética (MACEDO, 2008). Seria útil comparar a percepção da atratividade facial com a necessidade de tratamento de determinados perfis. Representar variadas origens étnicas, status sócio - econômico, e os grupos etários para permitir que os resultados possam ser generalizados para outras populações. Usando a tecnologia moderna, incluindo imagem tridimensional, animação, bem como a Internet pode-se ampliar o estudo da percepção. No entanto, o equilíbrio e a harmonia não necessariamente resultariam em um rosto atraente. Atratividade implica em outros fatores que muitas vezes são tão subjetivos que não podem ser medidos. Morfologia facial é complexa e dados quantitativos são insuficientes para a sua descrição (FERRARIO et al, 1995). A máscara de phi, arquétipo ou máscara da proporção dourada é um modelo de sobreposição facial que tem sido reivindicada como sendo adaptável para a criação de um sistema de medição objetiva atratividade facial. A máscara de phi é baseada na proporção áurea (proporção obtida num segmento ABC onde AB / AC = BC / AB), derivada da antiga Grécia, mas certamente utilizada desde tempos mais antigos (por exemplo, na arte e na arquitetura egípcia) possuindo muitas propriedades matemáticas fascinantes como a seqüência de Fibonacci e espiral de logaritmos. A máscara é baseada no uso de diversos pentagramas complexos. O pentagrama complexo é, na verdade, dois pentágonos regulares apontando em direções opostas. Marquadt utiliza um complexo sistema de linhas e pontos de referência para a criação da Máscara phi (BASHOUR, 2006). Feres & Vasconcelos, 2009 realizaram um estudo comparando a análise cefalométrica com a análise facial subjetiva nos indivíduos padrão I e II. Com os resultados obtidos e a observação dos estudos presentes na literatura, pode-se considerar que a Análise Facial Subjetiva é um método válido e eficiente na classificação do padrão facial. Existe aplicabilidade do método, desde que haja um conhecimento teórico e treinamento adequado para a classificação dos indivíduos. A utilização clínica que essa análise proporciona pode acrescentar muito ao diagnóstico e ao planejamento ortodôntico, já que a configuração facial do paciente está sendo considerada e respeitada. No âmbito científico, esse estudo contribui no sentido de fidelizar a adição de mais uma análise facial; as quais, na atualidade, são reconhecidas como de extrema importância no arsenal de recursos de diagnóstico e planejamento dos casos ortodônticos. Diagramas de Referências Estéticas Faciais (DREF) ajudam a definir um padrão de normalidade das proporções faciais em norma frontal e sagital e servem para dar uma noção simplificada das relações entre as diversas estruturas faciais, assim como suas proporções. A utilização dos diagramas como gabaritos das proporções faciais facilita ainda o entendimento entre as diversas especialidades odontológicas, sem a necessidade de memorização de tabelas, números e padrões pré-determinados (CÂMARA, 2006). Bashour, 2006 em seu trabalho, utilizou a linha bipupilar como única referencia de pontos pré determinados de análise facial, aplicou a máscara phi e com ajuda de softwears de computador, avaliou, através de jurados os desvios e a aplicabilidade da máscara em fotografias manipuladas. O trabalho obteve várias conclusões sobre a capacidade de medição da atratividade facial. Parece possível conceber um método de alta precisão para avaliação da atratividade facial. A literatura nos mostra que a hipótese da proporção facial é extremamente importante e suportada por inúmeros estudos, no entanto, a proporcionalidade não é a única pista que os humanos utilizam para determinar a atratividade facial. Diferentes estudos têm mostrado que outras pistas incluindo simetria, jovialidade, aparência neonatal e dimorfismo sexual têm um impacto no julgamento da atratividade facial. A máscara de phi tem uma desvantagem por ser totalmente simétrica e dificilmente encontra-se um rosto totalmente simétrico. Possivelmente pode-se incrementar algum tipo de desvio da assimetria mensurando uma variação da simetria tomando-se como referência, por exemplo, os olhos. 4. DISCUSSÃO Alguns profissionais entusiasmados com a busca da correção oclusal podem incorrer no declínio do equilíbrio facial. Parte desse procedimento pode estar relacionada simplesmente à falta de compreensão do que se deseja como objetivo estético. Enquanto os pacientes desejam melhorar sua aparência, os ortodontistas baseiam-se principalmente nos desvios da normalidade oclusal e funcional. (REIS, 2006; SOUZA, 2007). A análise facial vem, então, sistematizar o diagnóstico ortodôntico, objetivando os desejos estéticos do paciente, oferecendo-lhe uma oclusão funcional com a melhor harmonia facial possível (ZFORZA, 2009; COSTA, 2004). A análise facial e os outros exames utilizados no diagnóstico ortodôntico deveriam ser usados como métodos complementares, sistematizando o diagnóstico ortodôntico (COSTA, 2004; FILHO et al, 2002; FERES & VASCONCELOS, 2009). A análise facial numérica não pode nos mostrar referências nas medidas devido à fragilidade dos números em expressar normalidade. Os dados quantitativos são insuficientes para a sua descrição (REIS, et al, 2006; FERRARIO et al, 1995; FERES & VASCONCELOS, 2009, PROFFIT, 1991). No entanto, parece possível conceber um método de alta precisão para avaliação da atratividade facial (BASHOUR, 2006). Os diagramas faciais podem ser um aliado no diagnóstico das alterações faciais e suas vantagens são não haver a necessidade de memorização de tabelas, números e padrões pré-determinados (CÂMARA, 2006). A análise facial deve englobar todas as estruturas faciais para uma visualização geral, evitando a utilização de medidas isoladamente (CÂMARA, 2006; FERES & VASCONCELOS, 2009; SFORZA, 2009; SUGUINO et al, 2006, VEJA, 2008). Os padrões de beleza são subjetivos e variam enormemente entre as pessoas, grupos raciais e de acordo com o nível socioeconômico (CZARNECK et al, 1993; REIS et al, 2006; SOUZA, 2007; SFORZA et al, 2009; VEDOVELLO et al, 2001; SANTOS et al, 2007; FERRARIO et al, 1995; FERES & VASCONCELOS, 2009). No entanto, a atratividade parece ser menos subjetiva do que se pensa (TATARUNEIT et al, 2005; BOSHOUR, 1996). Proffit, 1991, afirmou que os métodos de antropometria (medidas tomadas diretamente na face durante o exame clínico) frequentemente utilizado pelos ortodontistas anteriormente ao advento dos exames cefalométricos ainda pode ajudar a estabelecer as proporções faciais e recentemente voltou a ser utilizado. A simetria é fator decisivo como característica de atratividade facial (BASHOUR, 2006; VEDOVELLO et al, 2001; SUGUINO et al, 1996; SFORZA et al, 2009; COSTA 2004, CÂMARA, 2006). O dimorfismo sexual caracteriza as diferenças nas proporções faciais sendo de grande importância na atratividade facial (VEDOVELLO et al, 2001; BASHOUR, 2006; CÂMARA, 2006; SUGUINO et al, 1996; SFORZA, 2009; COSTA; 2004; VEJA, 2008, TATARUNEIT et al, 2005) Contudo, Tataruneit et al, 2005 acrescenta a idade como referência de atratividade. A característica neonatal em mulheres também é citada como fator de atratividade (BOSHOUR, 1996; SFORZA et al, 2009). A maioria dos autores valorizou o posicionamento natural da cabeça, com as pupilas no centro do olho e o individuo olhando reto em direção ao horizonte. (FILHO et al, 2002; VEDOVELLO et al, 2001; SUGUINO et al, 1996 SOUZA, 2007; ARNET & BERGMAN, 1993; CÂMARA, 2006). Bashour, 2006 em seu trabalho, utilizou a linha bipupilar como única referencia de pontos pré determinados de análise facial. Souza, 2007 observou que uma linha verdadeiramente horizontal pode não passar através de duas estruturas anatômicas em todos os indivíduos. Na avaliação da simetria bilateral, deve-se observar as proporções de tamanho da linha mediana às estruturas laterais. Certamente não há face simétrica, mas a ausência de algumas assimetrias é necessária para uma boa estética facial, essa assimetria normal que é resultado de uma pequena diferença entre o tamanho dos dois lados deve ser distinguida de um grande desvio do queixo ou nariz (PROFFIT, 1995; SUGUINO et al, 1996; CÂMARA, 2006). A simetria bilateral reflete uma qualidade de desenvolvimento, especialmente na capacidade genética de resistência a perturbações ambientais. Simetria está relacionada com a heterozigosidade, sinalizando um melhor companheiro (BASHOUR, 2006). Estudos envolvendo fotografias manipuladas para a avaliação da simetria não se mostram confiáveis devido à desconfiguração das estruturas faciais (FAURE et al, 2002; SILVA, 2005). As linhas médias são avaliadas com o côndilo na sua posição mais superior, com os primeiros contatos entre os dentes, caso tenha alguma interferência oclusal a linha média não será confiável. (ARNET & BERGMAN, 1993; SUGUINO et al, 1996; CÂMARA, 2006). A face se divide em terços, Terço superior, médio e inferior. A produção de correta proporção influencia a escolha do procedimento cirúrgico utilizado (ARNET & BERGMAN, 1993). Embora outras medidas possam servir de referência, a percepção de proporcionalidade entre os três terços será sempre mais importante do que qualquer medição (CÂMARA, 2006). Boushour, 2006 concluiu que a proporcionalidade não é a única pista que os humanos utilizam para determinar a atratividade facial. No entanto, Profit, 1991 afirmou que as feições desproporcionais e assimétricas constituem o problema principal da estética facial, enquanto as feições proporcionais mesmo não sendo bonitas, são aceitáveis. Ferrario et al, 1995 acrescenta que a atratividade implica em outros fatores que muitas vezes são tão subjetivos que não podem ser medidos. Filho et al, 2007 realizou um estudo concluindo que as medidas mostraram faces mais estéticas quando estavam na divina proporção. Suguino et al, 1996 mostra que o comprimento vertical normal no terço inferior da face é aproximadamente igual ao do terço médio da face quando existe uma boa estética. Uma diferença na proporção dos terços faciais foi observada nas mulheres atrativas quando comparados com mulheres referência. O terço superior da face ocupava significantemente a maior parte do rosto das mulheres atrativas. A mandíbula ocupava a menor parte da face nas mulheres atrativas (ZFORZA et al, 2009). Moreira et al, 2002 comparou as medidas de mulheres consideradas estéticas, selecionadas em uma agência de modelos com as medidas encontradas na literatura e concluiu que a harmonia dos terços é um dos parâmetros mais importantes para a harmonia da face, frontal e de perfil. Garbin & Passeri, 2001 realizaram um estudo onde 10 pacientes submetidos à cirurgia ortognática foram avaliados. Após a correção verificou que a amostra estudada não era proporcional antes e não ficou proporcional após a cirurgia. O terço superior da face é menos importante por ser muito variável devido à linha do cabelo, contudo podem-se observar anormalidades na configuração geral (ARNET & BERGMAN, 1993; SUGUINO et al, 1996; CÂMARA, 2006). A proporção normal do lábio inferior e superior é de 1:2. A harmonia proporcional labial independe do tamanho isoladamente (ARNET & BERGMAN, 1993; SUGUINO et al, 1996; CÂMARA, 2006). A proporção da distância vertical do subnasal à margem cutânea do vermelhão do lábio inferior e deste ao tecido mole do mento é de 1:2 (SUGUINO et al, 1996; CÂMARA, 2006). Sforza et al, 2009 concluiu que as finalistas de concurso de beleza apresentavam o terço superior da face mais largo, lábios mais volumosos (o lábio inferior estava mais perto da linha estética que as mulheres referência). Contudo, Reis et al, 2006 realizou uma pesquisa onde os avaliadores julgavam uma população em esteticamente desagradáveis, aceitáveis e agradáveis. Dos indivíduos esteticamente aceitáveis, todos tinham como característica em comum o selamento passivo. Arnet & Bergman, 1993 afirmam que um entendimento da posição relaxada do lábio é essencial, uma compreensão da posição fechada lábio adiciona suporte para padrões de diagnóstico. Feres & Vasconcelos, 2009 afirmaram que a análise Facial Subjetiva é um método válido e eficiente na classificação do padrão facial. Câmara, 2006 concluiu que os Diagramas de Referências Estéticas Faciais (DREF) ajudam a definir um padrão de normalidade das proporções faciais em norma frontal e sagital e servem para dar uma noção simplificada das relações entre as diversas estruturas faciais, assim como suas proporções. Bashour, 2006 afirmou que máscara de phi, arquétipo ou máscara da proporção dourada é um modelo de sobreposição facial que tem sido reivindicada como sendo adaptável para a criação de um sistema de medição objetiva atratividade facial. 5. CONCLUSÕES Os métodos que utilizamos no julgamento de uma face atrativa provavelmente estão relacionados aos fatores subjetivos de beleza. Fatores que apontam para a herança genética de escolhermos saudáveis e férteis companheiros. As características de atratividade facial obedecem proporções faciais que não devem ser consideradas isoladamente. A análise facial numérica não pode ser utilizada cegamente devido a fragilidade dos números. Deve-se optar pela análise facial subjetiva atentando para os dados que remetem proporcionalidade. Os vários métodos de análise facial descritos na literatura se mostram convergentes e com pouca aplicatibilidade clínica. Tabelas e padrões numéricos são de difícil memorização dificultando a determinação da proporcionalidade. Gabaritos faciais (diagramas e gráficos) parecem ter mais fácil visualização. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARNET, G.W.; BERGMAN, R.T. Facial keys to orthodontic diagnosis and treatment planning--part II. 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