Azulejaria de fabrico coimbrão em Misericórdias da região centro: os casos de Mangualde e Pereira “Conta da receita e despeza das rendas da Santa Caza da Misericórdia do anno findo em 2 de Julho de 1784 Junho […] despendeoce com cal que se comprou em Coimbra para asentar o azuleijo seis mil e coatrocentos reis despendeo-se com os pedreiros que derubaram o reboco e endereitaram as paredes para o azulejo mil e outocentos e sesenta despendeoce com a condussao da cal da borda do rio e do azulejo e tirar o entulho da Misericordia tresentos e vinte despendeoce com o azulejo que de prezente veio e se anda asentando para parte da Igreja outenta mil outocentos e vinte “Conta da Receita e despeza das rendas da Santa Caza do anno findo em 2 de Julho de 1785 Julho […]despendeoce com Joze Leitão do reboco do remate do azulejo do anno pasado mil e duzentos e setenta reis despendeoce com aluguel da mula de Francisco Pimentel de levar o mestre do azulejo a Coimbra tresentos reis despendeoce com huma mulher que foi duas vezes a Coimbra levar azulejo para continuar mais sento e vinte reis «[…] despendeoce com a condusao do azulejo de Coimbra para qua setecentos e vinte reis «[…] despendeoce com o azulejo que faltava para concluir a obra de toda a Igreja da Santa Caza outenta e sete mil duzentos e vinte e outo reis […] 209 6400 1860 320 80820” 1270 300 120» 720» 87228”44 44 A corroborar os elementos indicados, de extrema importância para a nossa investigação e para a história da azulejaria de fabrico coimbrão, é o conteúdo da confissão de ajustamento do preço do fornecimento e assentamento do azulejo da nave feito por Dionísio José de Sousa Carvalho para com o Provedor Bernardo António Amado de Vasconcelos, datada de 11 de Março de 1784, que recolhemos também no fundo documental do Arquivo da SCMP. Este documento, elaborado pelo filho de Salvador de Sousa Carvalho45 e Teresa Rosa [neta de Agostinho de 44 45 Ver nota 41. Salvador de Sousa Carvalho, nascido em Lisboa cerca de 1727 (GARCIA, 1923: 325-328), é figura marcante para a produção azulejar coimbrã da segunda metade de Setecentos. Amadeu Ferraz de Carvalho considerou-o o mais imaginoso e de maior fôlego criador, atribuindo-lhe – com base na documentação de despesa com obras da Universidade e segundo análise formal – a autoria dos painéis cerâmicos da Sala do Senado e da Sala dos Archeiros, os quais foram assentes entre 1773 e 1775. CARVALHO, 1933: 274-276. Montada a oficina da Fábrica da Telha Vidrada, construída para prover o fornecimento de cerâmica de construção às obras de melhoramento do corpo central da Universidade, Salvador de Sousa Carvalho assumiu a sua direcção técnica em 1773, por isso recebendo 240 reis de gratificação diária, fornecendo pouco depois 1480 azulejos de orelha para os torreões do palácio, e quase três milheiros de azulejo decorado a roxo para a escadaria interior que da Galeria da Sala dos Capelos descia para o claustro. GUIMARÃES, 1932: 48. As referências ao nome deste artista abundam por entre a documentação da Universidade [principalmente nos livros de obras], aparecendo aí designado como pintor de azulejo pelo menos desde 1773. CARVALHO, 1933: 273. Feliciano Guimarães levanta ainda a hipótese de Salvador de Sousa Carvalho e Manuel da Costa Brioso terem trabalhado em parceria na mesma oficina, sendo essa a origem da dificuldade de identificação das características distintivas de ambos. GUIMARÃES, 1932. De acordo com o conteúdo dos livros de obras da Universidade, está-lhe associada a autoria dos azulejos de figura avulsa existentes nos corredores das tribunas da Sala dos Capelos, datados de cerca de 1774, e em 1776 terá também produzido o azulejo da Sala do Dossel, sendo esta a última referência documental publicada sobre este até à data.