Aspectos Geológicos do Vale do Ribeira Dobra em calcário da Formação Votuverava Grupo Açungui Michelle G Galdeano Projeto de desenvolvimento sustentável no Quilombo João Surá Março 2009 Poderia dizer que: A região de Adrianópolis, apresenta: - corpos metabasitos alongados segundo a direção EW e NESW, - metassedimentos encaixantes dos metabasitos que são rochas do Complexo Granítico Três Córregos e do Granito Itaóca. Esses metassedimentos indicam que o metamorfismo atingiu P e T das fácies xisto verde, zona da biotita e zona da granada de acordo com as associações mineralógicas (carbonato + quartzo + biotita; e clorita + biotita + sericita ± granada ± turmalina) Exibe contato litológico concordante e brusco com mármores calcíticos e calco-xistos em sua porção norte e tectônico com a Falha Quarenta Oitava em sua porção sudoeste, bem como mica xistos em contato litológico a sudeste. No entanto, para compreensão de alguns eventos atuais, cabe dizer que essa é uma significativa área dos elementos geotectônicos pre-cambrianos do Gondowana, cobertas por depósitos que foram retrabalhados; onde dados geofísicos, principalmente gravimétricos, mostram uma configuração regional para um cinturão colisional intercontinental – o cinturão Ribeira. Essa bacia evoluiu através de um completo superciclo sedimentar (Grupo Açungui), em outras palavras: BACIA SEDIMENTAR QUE FOI SOTERRADA, DOBRADA, METAMORFISADA. Recursos Minerais E essa região localizada nas porções nordeste do Estado do Paraná e sudoeste de São Paulo, hospeda as mais expressivas rochas carbonáticas do país, insumo mineral com larga e importante aplicação nos vários setores da indústria de transformação. Os mármores calcíticos, ricos em CaO, com grau de pureza elevado, são amplamente solicitados por setores da indústria, onde a composição química do minério é fator determinante. Estudos comprovam que a área estudada (Vale do Ribeira) possui uma importante ocorrência de mármores calcíticos puros. Não só de rochas carbonáticas é composto o Vale do Ribeira, que também apresenta ou apresentou quantidades consideráveis de Pb, e de rochas silicáticas com grandes proporções do mineral Fluorita. Rocha com minério de Pb Fluorita Geologia e Saúde - Fluorita - Chumbo flúor O é principalmente ingerido através do consumo de água, sendo considerado um elemento essencial para a saúde do homem, embora a ingestão em excesso deste elemento possa causar problemas nos dentes e ossos, doença conhecida como fluorose. - Águas potáveis que contêm cerca de 1 mg/L F promovem uma redução significativa das cáries em crianças. - O F- desempenha uma função remineralizadora, através de reações químicas na região superficial do esmalte. - Se um nível razoável de F- está presente na dieta durante a fase de crescimento dos dentes, uma quantidade significativa de fluorapatita (Ca10(PO4)6F2) é incorporada ao esmalte no lugar da hidroxiapatita (Ca10(PO4)6(OH)2). No entanto: - quando ingerido em excesso, durante o período de formação dos dentes, pode ocorrer uma intoxicação crônica e originar a fluorose dentária, uma patologia que se manifesta por meio de manchas esbranquiçadas a amarronzadas na superfície do esmalte dentário ou, até mesmo, por perdas em sua estrutura (Cardoso et al. 2001, UNICEF 2003). Já a fluorose esqueletal desenvolve endurecimento ou aumento anormal da densidade óssea em pessoas que ingerem, de forma continuada. Os máximos efeitos adversos são detectados nas articulações do pescoço, costas, joelho, pélvis e ombros, e também são afetadas articulações das mãos e dos pés (Gupta & Deshpande 1998). E o que isso tem haver com o Vale do Ribeira e com João Surá? Na região do Vale do Ribeira, proximidades de Cerro Azul e Adrianópolis, existem Grandes reservas de Fluorita (CaF2), mina de Mato Preto (operante) Durante várias décadas o Alto Vale do Ribeira esteve sob influência das atividades de mineração de chumbo e de uma usina de refino e beneficiamento dos minérios que eram produzidos nas minas da região, a Plumbum. A partir de 1996, todas essas atividades cessaram, mas deixaram às margens do rio Ribeira, pilhas de rejeito e de escória provenientes das atividades da refinaria. Durante o período de funcionamento da Plumbum, por 50 anos consecutivos, foi lançada na atmosfera grande quantidade de material enriquecido em chumbo, que se depositou na superfície dos solos circunvizinhos. A população da região utilizou, também, o material da pilha de escória para calçamento das ruas em Vila Mota e Capelinha, áreas rurais do município de Adrianópolis, próximas à Plumbum, no Paraná. Durante o período entre 1999 e 2001, foi desenvolvido um estudo ambiental associado a um monitoramento humano, na região do Alto Vale do Ribeira, com populações residentes em áreas próximas às minas e à Plumbum: Ribeira e Iporanga (Bairro da Serra) no Estado de São Paulo e Adrianópolis (Vila Mota, Capelinha e Porto Novo), no Estado do Paraná. Este estudo envolveu ainda a população de Cerro Azul, a montante da região mineira, no Paraná. O chumbo absorvido pelo trato gastrointestinal nas crianças mais velhas e nos adultos é proveniente principalmente da ingestão de alimentos e água, enquanto nas crianças mais novas, é da inalação de poeiras e da ingestão de pequenas partículas de solo (Who, 1995). As crianças são consideradas grupo de alto risco, porque absorvem maior quantidade do chumbo ingerido do que os adultos. e retêm O estudo configurou risco de exposição a altas doses de chumbo e conseqüente ocorrência de efeitos adversos em longo prazo (valor 10mg de chumbo/dL de sangue em crianças). Exposições crônicas em níveis acima deste valor podem levar à ocorrência de efeitos adversos à saúde comprometendo o sistema nervoso central, com efeitos irreversíveis, também causando anemia, alterações renais e alteração do metabolismo da vitamina D. Adultos com teores de 40 a 60 g/dL de chumbo no sangue podem apresentar sintomas neurocomportamentais como distúrbios de humor e neuropatias periféricas, além de sintomas gerais como cansaço, sonolência, irritabilidade, tonturas, dores nos músculos e problemas gastrointestinais. Níveis acima de 60 g/dL podem produzir sintomas de alterações mentais e neurológicas importantes, além de cólicas abdominais típicas. Geomorfologia e Solos Em função desse relevo bem acidentado, ocorrem, com frequência, deslizamentos em épocas de chuvas, principalmente onde a vegetação foi retirada, e por consequência da plantação de pinnus sp. Observa-se que em 75% da área há a possibilidade de erosão muito forte. Já os 25 % restantes pertencem a uma zona de relevo mais suave com solos mais espessos, e consequentemente mais férteis, sofrendo menos com a erosão. Relevo Cárstico x Tijuco Alto x Plantação de Pinnus x Geotecnia PROTEÇÃO AMBIENTAL Os mapas contendo as delimitações das unidades de conservação ambiental foram obtidos junto à Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo - SMA, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e do Instituto Ambiental do Paraná - IAP. A delimitação destas áreas é também do conhecimento do DNPM, com isso, há o tombamento ou mesmo a negativa de titulação para áreas situadas em Parques, onde há expressa proibição de qualquer tipo de atividade econômica, incluindo a mineral. Unidades dentro da Folha de Iporanga: Parque Estadual e Turístico do Alto Ribeira (PETAR), criado em 19/05/58 - SP Parque Estadual Jacupiranga criado em 08/08/69 - SP Parque Estadual das Lauráceas criado em 10/10/89 (Adrianópolis) - PR APA da Serra do Mar criada em 21/09/84 - SP Área de Tombamento criada em 1985 - SP Bibliografia: - Geologia Geral; Popp, José Henrique - Estrutura e Origem do Relevo no Estado do Paraná; J.J. Bigarella - Os Terrenos Antigos do Leste Paranaense; J Manoel Reis Netto - Geologia e Saúde; Cortecci