bem misturado e com macromarés. É margeado por manguezais
que são uma importante fonte de matéria orgânica, mas também
recebe aportes da bacia de drenagem e da produção autóctone, além de fontes antrópicas oriundas de fossas, lixo e esgotos
domésticos. Portanto, o ambiente estuarino tem altas concentrações de matéria orgânica particulada e dissolvida.
A matéria orgânica nos ambientes aquáticos tem, entre outras funções, a capacidade de complexar metais pesados e
atuar como uma fonte potencial de nutrientes. A maioria dos estudos, apesar de sua importância, fica restrita ao carbono orgânico dissolvido (COD) e o carbono orgânico particulado (COP) e
é bastante complexa do ponto de vista das técnicas analíticas
empregadas e quanto aos fatores que afetam sua dinâmica no
ambiente estuarino (produção, consumo, decomposição).
No Brasil, poucos estudos têm sido feitos sobre os carboidratos e, no Estado do Maranhão, até o momento não foi encontrado nenhum trabalho com este enfoque. Assim, o objetivo deste
trabalho foi determinar a variação nictimeral dos carboidratos no
estuário do rio Paciência, observando sua variação em dois ciclos de maré e no gradiente horizontal em função da salinidade
e do pH.
Parte Experimental
Área de estudo
abaixo da superfície e utilizando-se garrafas de polietileno de um
litro de capacidade. Em seguida as amostras foram colocadas
em isopor com gelo até a chegada ao laboratório.
Análises químicas
Em laboratório foram retiradas alíquotas de cada amostra
para determinação dos parâmetros pH e salinidade, em seguida
procedeu-se à filtração das amostras em membrana de acetato
de celulose (0,45µm de porosidade e 47mm de diâmetro) para
determinação do material particulado em suspensão (MPS). O
filtrado resultante foi utilizado para determinar dos nutrientes
inorgânicos dissolvidos. Para a determinação dos carboidratos
dissolvidos foi utilizado um filtro de fibra de vidro (0,7µm de porosidade e 47mm de diâmetro); o material retido sobre este foi utilizado para determinação do carbono orgânico particulado (COP).
Para os parâmetros salinidade, pH, MPS e COP utilizou a
metodologia descrita por Aminot e Chaussepied (1983). Os monossacarídeos (MCHO) foram determinados pelo método de
Myklestad et al. (1997) modificado. Trata-se de duas reações:
redução de Fe3+ para Fe2+ por açúcares redutores na presença
de uma base (Eq. 1), e, em seguida, o Fe2+ é complexado com
3-(2-Pyridyl)-5,6-diphenyl-1,2,4-triazina-4,4’- dissulfônico de sal
hidrato monossódico=FZ) (Eq. 2).
RCHO + 2Fe(CN)63-+ 3OH- → RCO2- + 2Fe(CN)64-+ 2H2O Eq.1
A bacia do rio Paciência localiza-se na porção nordeste da
ilha do Maranhão compreendida entre as coordenadas geográficas: de 2° 23’ 05’’ a 2° 36’ 42’’ S e de 44° 02’ 49’’ a 44° 15’ 49’’ W.
Tem uma área de aproximadamente 171,74 km2, distribuindo-se
pelos quatro municípios integrantes da ilha do Maranhão, apresentando uma extensão de 32 km, percorridos na direção sul–
leste (MARANHÃO, 1998).
O rio Paciência nasce na parte central da ilha do Maranhão,
entre os bairros de São Cristóvão e Santa Bárbara, no município
de São Luís. A partir da nascente, desloca-se em direção nordeste, ocasião em que, deixando São Luís, passa por parte do meio
rural dos municípios de São José de Ribamar e Paço do Lumiar.
Desemboca na baía de São José, em frente ilha do Curupu, através de um pequeno estuário numa área intensamente recortada,
daí a sua morfologia apresentar uma série de braços e canais,
resultado da influência da penetração das marés (FSADU, 2007).
Em relação às características físicas, a bacia hidrográfica
do Rio Paciência apresenta um perímetro de 69,13 km; altitude
média de 30,54 m; 0,75km/km2 de densidade de drenagem e,
além disso, apresenta cursos d’água de 4ª ordem (LABOHIDRO,
2007).
Resumidamente: foi adicionado 1mL da amostra num tubo
de ensaio e 1mL de solução de ferricianeto de potássio (0,7mM)
- hidróxido de sódio (0,1·10-4M) e a solução resultante foi aquecida a 100ºC durante 30 min. em banho-maria. Em seguida, e
imediatamente, se adicionou 1mL de solução de cloreto férrico
(2,0 mM) e 2mL de solução de ferrozina (2,5mM). Deixou-se em
repouso por 30 minutos para a formação de um complexo de cor
violeta e finalmente a leitura foi efetuada a 595nm de comprimento de onda em um espectrofotômetro UV-Vis.
Os polissacarídeos foram determinados pelo método anterior, mas precedido primeiramente de uma hidrolise ácida, ou
seja, se adicionou 1ml de ácido clorídrico 0,1M à amostra, seguida de aquecimento em banho-maria por 10 minutos. A quantificação dos carboidratos totais (TCHO) foi obtida pela seguinte
fórmula: TCHO=MCHO + PCHO.
As curvas para determinação de carboidratos foram preparadas usando solução padrão de glicose 10 mg.L-1. O coeficiente
de variação do método foi <3%.
Coletas das amostras e medidas in situ
Resultados e Discussão
As coletas de água foram realizadas em apenas uma campanha, no mês de novembro de 2011 (estiagem máxima). Foram
selecionados três pontos de amostragem, caracterizados como
Ponto 1, Ponto 2 e Ponto 3, localizados, respectivamente, na parte superior, média e inferior do sistema estuarino. O início da coleta se deu às 8h00 do dia 11 até às 8h00 do dia 12 de novembro
de 2011, com uma frequência de amostragem horária, a 30cm
R evista A nalytica • Outubro/Novembro 2014 • nº 73
2 Fe2+ + 2(CN)6- + 3(FZ) 2- → [Fe(FZ)6]4- + 2(CN)6-
Eq.2
pH e salinidade
O valor de pH variou entre 6,5 e 7,7 para o ponto 1; de 6,7
à 7,7 para o ponto 2 e de 7,2 a 8,01 para o ponto 3 (Figura 2).
Os valores ficaram praticamente iguais entre os dois primeiros
pontos (estuário superior e médio) e ligeiramente mais alcalinos
no ponto 3 (estuário inferior). Desta forma, os valores de pH que
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