A marca SEDA e o mundo pós-moderno Vitor Ramos de Lima Farias Profa. Dra. Mariza Reis Resumo Este trabalho tem como objetivo analisar as estratégias da marca SEDA utilizadas nas suas ações comunicativas a fim de se enquadrar em um mundo globalizado. Para tal serão utilizados estudos sobre Cultura de Massas, Indústria Cultural e Mass Media, sob os conceitos de globalização, individualização e desterritorialização, fundamentados em Edgar Morin, McLuhan e Bauman. PALAVRAS-CHAVE: Cultura de individualização, desterritorialização. Massa, Indústria Cultural, globalização, Introdução Ser uma empresa globalizada não é uma tarefa fácil, e pior ainda é fixar sua imagem na mente do público alvo que esta em um ambiente na qual é bombardeado por nomes, logos e informações de todos os lugares. A empresa Seda vem conquistando o mercado internacional de cosméticos e, além disso, vem firmando cada vez mais seu nome. Com os recursos da Mass Media a empresa divulga largamente seu nome e produtos, estando presente desde a televisão ate os meios digitais. Junto com a Mass Media temos a globalização, que ilustrativamente falando é o fenômeno de circulação de informação de forma rápida e globalizada, ou seja, notícias do outro lado do oceano chegam quase que instantaneamente aqui. Como consequência da globalização há a individualização. Por mais conectado que o planeta esteja, as pessoas tendem a optar pela individualização, e a busca por tal cresce constantemente. Como segunda consequência há também a desterritorialização que consiste no processo em que algo ou alguém “perde” a imagem do país de origem, incorporando assim uma imagem globalizada e sem um território. A questão que se estabelece é; qual a importância destas teorias e estudos na formação de uma empresa perante um mundo globalizado? Não há dúvidas de que a quase a totalidade das empresas utilizam tudo a seu favor, manipulando seu target e “vendendo” informação. A marca SEDA A história dos produtos SEDA 1exemplifica a evolução do mercado de cosméticos brasileiro e, como marca tradicional e popular, acompanhou a trajetória econômica não somente do país, mas também das mulheres brasileiras. A marca é pioneira na segmentação de mercado. Recentemente, em parceria com os maiores experts em cabelo do mundo, a marca lançou a linha Seda Cocriações originada da campanha Seda Cocriações, e adotou o conceito “Seu cabelo com toque de expert”.. A Seda nasceu em 1954 quando a divisão britânica da Unilever lançou no mercado uma linha de produtos para os cuidados dos cabelos com o nome de SUNSILK, composta por um xampu capaz de lavar em apenas uma aplicação, sem ressecar os fios como faziam seus antecessores. O sucesso da marca foi tamanho, que em 1959, seus produtos já estavam disponíveis em 18 países, tornando-se uma marca globalizada. A marca no mundo A SEDA, marca líder no mercado brasileiro de xampus com 32.8% de participação, e de pósxampus (cremes e condicionadores) com 28.4%, tem seus produtos vendidos em mais de 50 países ao redor do mundo sendo em alguns deles atuando sob os nomes de SEDAL e SUNSILK (fonte http://mundodasmarcas.blogspot.com.br). Somente no Brasil são mais de 70 produtos para diferentes tipos de cabelo, alguns deles desenvolvidos especialmente para o biótipo das brasileiras. O que reforça mais isso no Brasil, é que, segundo pesquisa, 52% das mulheres brasileiras usam SEDA como marca mais frequente. (fonte: http://mundodasmarcas.blogspot.com.br/) A Campanha Cocriações da SEDA é composta por produtos formulados por oito especialistas em cabelo, cada um de um lugar diferente do mundo, e consequentemente, especializado em um tipo de cabelo. Os especialistas que compõe a campanha são: Yuko Yamashita, Francesca Fusco, Ouidad, Thomas Taw, Teddy Charles, Rita Hazan, Mauro Freire e Jamal Hammadi. 1 São Paulo. Extraído em: http://www.seda.com.br/experts/jamal-hammadi São Paulo. Extraído em: http://mundodasmarcas.blogspot.com.br/ Yuko Yamashita, nascida no país em que fios lisos são praticamente lugarcomum, ficou conhecida por seus importantes estudos sobre esse tipo de cabelo. Quando se fala em lisos perfeitos, Yuko é referência mundial. Ela é perita em criar soluções que levem em conta não só a estética, mas também a saúde dos fios; sendo assim, tem espalhado sua técnica e truques pelo mundo todo. Francesca Fusco, expert em força dos cabelos e no cuidado e prevenção da queda. Deparar-se com ela em famosas emissoras, jornais e revistas é lugar-comum, já que seu prestígio atravessa fronteiras. Nascida em Nova York, é professora da NY Medical School e autora de diversas publicações médicas, sendo membro associada da American Academy of Dermatology, entre outras instituições. Ouidad é criadora e proprietária do primeiro salão de Nova York, aonde nasceu, especializado em cachos. Editores de grandes revistas de moda e beleza a chamam de “the queen of curls” (a rainha dos cachos), tendo diversas celebridades de Hollywood como clientes. Thomas Taw, expert mundial em reconstrução de cabelos secos e danificados. Nascido em Londres, é fundador do Bobsoho Salon, um salão-boutique que se sobressai a qualquer outro quando o assunto é reparação e reconstrução de cabelos. Nascido e criado em Paris, Teddy Charles é expert em cabelos com volume e o queridinho do mundo fashion que consegue manter qualquer cabelo comportado e as formas realçadas, sem perder o movimento natural, seja na passarela ou nas ruas. Sempre colaborou com o melhor da indústria fotográfica e alta costura, incluindo nomes como Mario Testino, Demarchelier, Karl Lagerfeld e Marc Jacobs. Rita Hazan é referência máxima quando se fala em cabelos com cores, mechas e muito brilho. Expert em técnicas de coloração e manutenção de cores, ela é simplesmente a pessoa de confiança de inúmeras celebridades. Fundou seu primeiro salão no estado em que nasceu, Nova York, tendo ainda outra unidade em Los Angeles. Mauro Freire, realçar o brilho e tratar cabelos quimicamente alisados é a especialidade deste expert brasileiro em Cuidados com o cabelo que conquistou celebridades. Sua experiência no cuidado da mulher brasileira que usa e abusa das químicas, foi fundamental para ajudar no desenvolvimento da linha Seda PósAlisamento Químico. Jamal Hammadi, nascido em Los Angeles, é especialista em combinar ingredientes naturais nas fórmulas de produtos para os cabelos. Ele já possui uma linha de produtos orgânicos que leva seu nome. Foi dela que partiu a inspiração para o lançamento de Seda Pro-Natural. Levantamento Conceitual Segundo Edgar Morin2 (1969) A expressão ‘cultura de massa’, posteriormente trocada por ‘indústria cultural’3, é aquela criada com um objetivo específico de atingir a massa popular, maioria no interior de uma população, transcendendo, assim, toda e qualquer distinção de natureza social, étnica, etária, sexual ou psíquica. Todo esse conteúdo é disseminado por meio dos veículos de comunicação de massa. O autor define a cultura de massa ou indústria cultural como uma elaboração do complexo industrial, um produto definido, padronizado, pronto para o consumo. Mas, ainda segundo Morin, uma industrialização secundária se forma paralelamente, que é a da alma humana, pois ela ocorre nos planos imagético e onírico (sonho). Segundo Zygmunt Bauman 4(1999) a partir da globalização, a individualização começa a ganhar força, referindo-se a processos que tornam a percepção dos problemas sociais como problemas individuais, as condutas pessoais se relacionam diretamente com os problemas globais. Mesmo em um mundo conectado o individualismo vêm sendo exaltado, assim como a exclusividade, já que para ser exclusivo precisa ser individual. Bauman (1999) também abstrai a liquidez do homem pós-moderno. A liquidez que ele se refere é justamente a instabilidade e a incerteza do “novo” mundo, o mundo globalizado. De acordo com a análise de Bauman, os valores que a nossa altura ocidental até então estabelecera como os mais nobres e elevados diluem-se cada vez mais sem que sejamos capazes de detê-la. A vida liquida é uma vida de incertezas, além disso, Bauman acrescenta que esta incerteza se estende para o dia a dia e para o mundo pós-moderno. Globalização e Mass Mídia Aliada à globalização, a Mass Media consiste nos meios de comunicação de massa. Eles são os responsáveis por vender a informação, que nós como receptores “compramos”. Mcluhan tem grande importância neste cenário de comunicação, já que ele apresenta-se como um dos primeiros a estudar detalhadamente o processo de comunicação. Em uma das suas citações mais famosas e importantes, McLuhan5 diz: “O 2 MORIN. E. Cultura de Massas no Século XX. 2e. Rio de Janeiro 1969 3 SILVA, Erica Fernandes. Indústria Cultural: mídia televisiva e constituição do sujeito 4 São Paulo. Extraído em: http://filosofiacienciaevida.uol.com.br/ESFI/Edicoes/21/artigo772801.asp 5 MCLUHAN, Herbert Marshall Edmonton, 21 de julho de 1911 - Toronto, 31 de dezembro de 1980 meio é a mensagem6”, ou seja, seu foco não são os efeitos da comunicação sobre as pessoas, mas sim a interferência deles nas sensações humanas. McLuhan cita também que os meios de comunicação devem funcionar como extensões do homem, e tal fenômeno é presenciado atualmente. Nas campanhas e peças publicitárias da Seda nota-se a forte influência da globalização. O comercial veiculado pela empresa mostra sua integração com outros países e não somente com o Brasil. A campanha “Seda Cocriações” mostra tal integração global da marca. Primeiramente nota-se que os sete experts apresentados pela empresa são advindos de vários países e não unicamente de um; o grupo conta com especialistas do Brasil, Estados Unidos, Japão, Inglaterra e França. A Seda mostrou-se sincronizada com a globalização e mostrou também que sabe usar o fenômeno ao seu favor. A globalização conta com o auxilio da Mass Media. A Mass Media possibilitou que a circulação de informação fosse mais rápida e abrangente. É possível fazer uma analogia entre globalização e Mass Media, já que quando pensamos em globalização pensamos em interação entre pessoas e nações e circulação de informação, e tal circulação é competência da Mass Media. A Seda faz boa utilização da Mass Media, indo desde mídia visual (televisão) até mídia impressa e digital (revistas e internet). É visível a grande participação da Seda no cotidiano do consumidor, e é exatamente este propósito que a Mass Media e a própria empresa desejam: estar próximo do seu target e informa- lhe sobre seus produtos. Certamente a Seda utiliza com muita habilidade os recursos trazidos pela Mass Media e pela globalização, e o resultado está expresso em números, a Seda está entre as marcas de maior Mindshare e Market share. http://mundodasmarcas.blogspot.com.br/) 6 MATTELART, Michèle e Armand. Histórias das Teorias da Comunicação. Loyola. (fonte: Desterritorialização Uma das consequências da globalização é a desterritorialização7, onde um elemento ou uma pessoa marcante inserida em determinada cultura perde sua principal essência para o mercado global. O que antes era determinado de um território, agora é mundial. A Seda é uma empresa britânica, porém está espalhada em diversos países. Inclusive suas campanhas focam exatamente em especialistas mundiais que utilizam seu conhecimento para fazer produtos para a nova campanha. Esses profissionais são de várias partes do planeta, tornando a marca ainda mais globalizada. Além disso, a Seda adapta sua mensagem ao país que realiza a comunicação, fazendo com que o receptor se identifique com a marca e crie um elo afetivo. De certa forma a desterritorialização8 tem seu ponto positivo; a marca não possui uma imagem patriota, ou seja, ela não lembra seu país de origem, desta forma fica mais fácil à aproximação ao seu target. Porém o mesmo ponto positivo se torna negativo, visto que a marca perde sua identidade territorial. Conclusão A Seda mostrou sincronia com os fenômenos do mundo pós-moderno. A transformação das relações pessoais impôs certas mudanças que deveriam ser seguidas. A globalização foi uma delas; este processo de transmissão mais rápida de informação e conhecimento possibilitou uma nova organização mundial; agora todos podem ter acesso a informações do mundo todo. Aliada a globalização, a Mass Media teve papel importante na sua formação, visto que a Mass media compreende os meios de comunicação, e estes tem um papel significante em todo este processo. Não muito distante, Bauman (1999) já citava em suas obras sobre uma consequência deste mundo pós-moderno, a liquidez. A liquidez representa as incertezas e a instabilidade deste novo mundo. 7 HAESBAERT, Rogério. Da Desterritorialização à Multiterritorialidade. 8 São Paulo. Extraído em: http://www.planificacion.geoamerica.org/textos/haesbaert_multi.pdf Certamente estes processos repercutiram na Seda. Por se tratar de uma empresa de cosméticos, ela esta mais suscetível à avaliação dos consumidores, já que o ramo da beleza é um dos que mais se modifica, e é necessário acompanhar tal mudança. Em síntese, foi possível observar as medidas que a Seda vem tomando para manter-se como uma empresa globalizada e a cima de tudo, se manter como a favorita entre as mulheres. Referências Bibliográficas HESPANHA, Pedro; Individualização, fragmentação e risco social nas sociedades globalizadas. Portugal. 2002 MATTELART, Michèle e Armand. Histórias das Teorias da Comunicação. Loyola. MCLUHAN, Herbert Marshall Edmonton, 21 de julho de 1911 - Toronto, 31 de dezembro de 1980 MORIN. E. Cultura de Massas no Século XX. 2e. Rio de Janeiro 1969 ZYGMUNT, Bauman; Globalização: As consequências humanas. Rio de Janeiro. 1999 On-line http://mundodasmarcas.blogspot.com.br/2006/08/seda-liberte-toda-beleza-dos-seus.html http://www.seda.com.br/experts/yuko-yamashita http://www.infoescola.com/sociedade/cultura-de-massa/ http://www.planificacion.geoamerica.org/textos/haesbaert_multi.pdf https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/10863/1/Individualiza%C3%A7%C3%A3 o,%20fragmenta%C3%A7%C3%A3o%20e%20risco%20social%20nas%20sociedades %20globalizadas.pdf Https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/10863/1/Individualiza%C3%A7%C3%A3 o,%20fragmenta%C3%A7%C3%A3o%20e%20risco%20social%20nas%20sociedades %20globalizadas.pdf São Paulo. Extraído em: http://www.seda.com.br/experts/jamal-hammadi São Paulo. Extraído em: http://mundodasmarcas.blogspot.com.br/ HAESBAERT, Rogério. Da Desterritorialização à Multiterritorialidade. São Paulo. Extraído em: http://www.planificacion.geoamerica.org/textos/haesbaert_multi.pdf SILVA, Erica Fernandes. Indústria Cultural: mídia televisiva e constituição do sujeito São Paulo. Extraído em: http://filosofiacienciaevida.uol.com.br/ESFI/Edicoes/21/artigo77280-1.asp